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Fichamento: O Narrador Walter Benjamin O autor começa o texto falando do papel do narrador nos dias atuais e introduz Leskov dentro dessa perspectiva. Ele diz que embora o narrador seja uma figura familiar, não está mais totalmente presente entre nós. Leskov, com seus traços de narrador, em vez de mais ficar mais próximo, afastase da gente. As características que nos afastam de Leskov enquanto narrador nos são apresentadas no cotidiano. Tornouse raro encontrar quem saiba narrar. Estamos sendo privados da faculdade de intercambiar experiências. Então, Walter Benjamin nos apresenta algumas causas desse fenômeno. Entre elas, a mais evidente é que as ações da experiência estão em baixa. Um exemplo está no jornal, que nos mostra que as imagens do mundo exterior e moral sofreram transformações nunca antes imaginadas. A guerra mundial fez com que as soldados retornassem mudos para casa, e não cheios de experiências a contar. Ele também fala sobre a relação entre as narrativas escrita e oral. Ele diz que as melhores narrativas escritas são as que pouco se distinguem das orais. Entre os narradores orais, existem diversos anônimos, que são separados em dois grupos: “Quem viaja muito tem o que contar”, que é o homem viajado e que vem de longe, mas também respeitamos o narrador que nunca saiu de seu local de origem e conhece suas tradições. Para compararmos com duas figuras arcaicas, um poderia ser o marinheiro comerciante, e outro o camponês sedentário. Com o tempo, porém, ambas figuras passam a se juntas, pois compartilham de um mesmo espaço de trabalho, em especial nas oficinas durante a idade medieval A terceira parte nos informa brevemente sobre a vida de Leskov, que era da Igreja Ortodoxa grega. Teve um emprego como agente em uma firma inglesa, que o ajudou a produzir mais obras, pois teve a oportunidade de conviver com seitas rurais e adquirir mais conhecimento sobre suas narrativas. Benjamin aborda, então, o costume de dar conselhos e como ele é visto nos dias de hoje. Aconselhar alguém, hoje, parece antiquado, pois as experiências estão deixando de ser comunicáveis. “A arte de narrar está definhando porque a sabedoria o lado épico da verdade está em extinção.” (BENJAMIN, Walter. 2012). Ele afirma também que o primeiro indício da morte da narrativa é o surgimento do romance no início do período moderno. O romance só é possível após a invenção da prensa. A narrativa, por outro lado, tem sua base na oralidade. O romance não procede e não alimenta a tradição oral. Ele se distingue, principalmente, da narrativa. O narrador retira da experiência o que ele conta, seja de sua mesma ou de alguém que relatou a ele. O romancista é um escritor isolado, que não mais relata sua experiência. Quando o romance encontrou na burguesia o que precisava para ascender, a narrativa passou a tornarse cada vez mais arcaica. Com o estabelecimento da burguesia e a prensa como um dos instrumentos mais importantes da época, toma espaço uma forma de comunicação que já era antiga, mas que agora tornase uma ameaça ainda maior à narrativa: a informação. Hoje em dia, recebemos informação a todo instante. Histórias surpreendentes, no entanto, nos são raras. A arte da narrativa consiste em evitar explicações, e nisso Leskov se destaca. Ele narra o extraordinário e o miraculoso de forma magistral. Ao compararmos informação e narrativa, notamos que a informação só é válida enquanto nova, enquanto a narrativa perdura e ganha mais valor com o tempo e com a quantidade de vezes que é contada. A narrativa, diz o autor, é também uma forma artesanal de comunicação. Ela não está interessada em contar “a coisa em si”, e sim em mergulhas na experiência e transformála em história. Na parte 10, Benjamin explora algo muito interessante, e que faz total sentido. Ele diz que a narrativa tem seu valor dentro da ideia da morte, e dos mais velhos, moribundos, contando suas experiências. Em um mundo em que essa ideia de finitude perde valor, o narrador, que antes narrava suas experiências no leito de morte, não mais tem tanta importância dentro dos lares e, consequentemente, a narrativa também não. É da morte e do leito de morte que o narrador retira sua autoridade. Em seguida, nas seções 11 e 12, Benjamin fala sobre a historiografia, as formas épicas e as crônicas, e suas relações com a narrativa. O historiador é obrigado a explicar as formas com que lida, de alguma maneira, ele deve informar o receptor e fazêlo entender. Na seção 13, Benjamin afirma que até hoje não percebemos qual é a verdadeira intenção do narrador e do ouvinte: preservar o objeto narrado. “A memória é a mais épica de todas as faculdades”, diz ele. Voltando a Leskov, Benjamin afirma que poucos narradores tiveram uma relação tão próximas com os contos de fadas quanto ele. Ele teve essas tendências favorecidas pelos dogmas da Igreja Ortodoxa grega. Por fim, o autor afirma que os narradores estão entre os mestres e os sábios. Isso por quê ele sabe dar conselhos para diversas pessoas, como os sábios. Tem o dom de contar sua vida, e a dignidade de contála inteira. É na narração que o justo encontrase consigo mesmo, conclui Walter Benjamin. Seu texto nos atenta à importância da narrativa em nosso cotidiano, tendo em Leskov seu exemplo, e nos esclarece com as evidências e consequências disso.
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