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DPC SEMESTRAL Legislação Penal Especial Gustavo Junqueira Data: 21/02/2013 Aula 2 DPC SEMESTRAL – 2013 Anotador(a): Tiago Ferreira Complexo Educacional Damásio de Jesus RESUMO SUMÁRIO 1) Lei de Execução Penal – L 7.210/84. EXECUÇÃO PENAL PROGRESSÃO: Requisitos da Progressão: 1) Requisito Objetivo: É o cumprimento de parcela da pena. Deve cumprir: -Nos crimes comuns: 1/6 da pena; -Nos crimes hediondos e equiparados: -2/5, se primário. -3/5, se reincidente. Súm. 715 STF: Os benefícios da execução penal são calculados com base na pena total aplicada, e não na unificação em 30 anos. A justificativa do STF para tal entendimento seria a sobreposição do princípio da isonomia face o princípio da individualização da pena - A individualização da pena deve ser mitigada em prol da isonomia, pois não se pode tratar penas desiguais de forma igual. Aos crimes anteriores a 29.03.2007 o lapso será de 1/6 da pena, não importando o caráter hediondo ou equiparado (S.V 26 STF e Súm. 471 STJ). Prevalece que a reincidência capaz de elevar o lapso aquisitivo para 3/5 não precisa ser específica. Interrupção do lapso aquisitivo: É pacífica a orientação das cortes superiores que a prática de falta grave interrompe o lapso aquisitivo da progressão. Exemplo: Sujeito condenado a 60 anos. No 9º ano (10 anos daria 1/6) comete falta grave. Desconsideram-se os 09 anos e deve cumprir 1/6 agora de 51 anos para ter direito a progressão. O STF justifica essa posição novamente com base na isonomia. Tratamento isonômico aos condenados em regime aberto, semiaberto e fechado. Aquele em regime fechado não regredirá, mas terá que cumprir 1/6 a partir da falta grave. Pergunta: Interrompe o período aquisitivo no livramento? NÃO - Não existe a figura da falta no livramento condicional. Quando se descumpre condição no livramento, este é revogado, sendo que não terá mais direito 2 de 4 a tal benefício, diferente da progressão, que, na falta, apesar de perder o lapso aquisitivo de então, recalcula- se, e, se cumprir sem falta, terá direito a progressão. *Lembrar que a Súm. 441 do STJ esclarece que a prática de falta grave não interrompe o lapso aquisitivo do livramento. Art. 111 da LEP - A chegada de nova condenação interrompe o período aquisitivo da progressão (zerando o anterior), pois, no entender do STF, conforme tal artigo, a unificação das penas (a nova e a que restava a cumprir) dá início a uma nova pena, reiniciando a contagem do lapso aquisitivo. Atenção: Independe se a nova condenação refere-se a fato anterior ou posterior à outra condenação. O cálculo para a nova progressão terá por base a pena que resta a cumprir mais a nova. Cálculo do lapso aquisitivo no caso de soma das penas por crime hediondo e não hediondo: As penas devem ser desmembradas, ou seja, a fração do hediondo (2/5 ou 3/5) + a fração do não hediondo (1/6). Trata-se de ficção em favor do réu, pois, na realidade, nos termos do Art. 76 do CP, o réu só cumpre a pena pelo crime não hediondo após esgotar a pena do hediondo (pena mais grave antes das mais leves). 2) Requisito Subjetivo (mérito): Nos termos do Art. 112 da LEP, em regra, o mérito será demonstrado por atestado de conduta carcerária. E o exame criminológico? Súm. 439 do STJ - O exame criminológico não está proibido, mas a sua necessidade deve ser justificada nas particularidades do caso. 3) Requisito Especial (Art. 33, §4º do CP): Nos crimes contra a administração pública a progressão fica condicionada à reparação do dano ou à devolução do produto do ilícito praticado, com acréscimos legais (a reparação é necessária - não existe a expressão “salvo impossibilidade de fazê-lo” nesse caso). REGRESSÃO: É a passagem de um regime mais ameno para outro mais grave. É possível regressão por salto (O que é vedado é a progressão por salto - vide Súm. 491 do STJ). Causas de Regressão (Art. 118 do LEP): 1) Prática de crime doloso (Atenção: Não precisa de condenação, basta a prática); 2) Prática de falta grave; 3) Superveniência de condenação por crime anterior ao cumprimento da pena, cuja soma torne insubsistente o regime. 3 de 4 Lembrar do Art. 33 do CP: PENA Reclusão Detenção Até 04 anos Regime aberto Regime aberto + 4 até 08 anos Regime semiaberto Regime semiaberto + 08 anos Regime fechado Regime semiaberto 4) Se o sujeito descumpre as condições do regime aberto; 5) Se o sujeito, solvente (tem R$ e não paga - não é pobre), não paga a multa - Controversa a constitucionalidade, pois configuraria prisão por dívida. O artigo 118, §2º da LEP obriga a oitiva do réu antes da regressão, salvo na hipótese do item 3 acima apontado (não teria argumento de defesa nessa situação). OBS: Sustação de Regime - Com base no poder geral de cautela do juiz, admite-se a suspensão do regime e imediata remoção ao regime fechado quando noticiada a falta grave. Trabalho do Preso e Remição: Trabalho é dever e direito do preso. Trabalho obrigatório X Trabalho forçado: Entende-se que trabalho forçado, proibido pela CF/88, é aquele imposto mediante grave constrangimento físico ou mental (trabalho mediante vara). No entanto, a LEP prevê o trabalho obrigatório, que é imposto mediante perda de benefícios e castigos não corporais. -Trabalho como dever do preso: Art. 39, V da LEP. -Remuneração pelo trabalho: Art. 29 da LEP. A remuneração não será inferior a 3/4 do salário mínimo vigente. Atenção: O preso tem direito a previdência social. O artigo 29, §1º prevê como destino da remuneração: 1) Indenização à vítima; 2) Assistência à família; 3) Pequenas despesas pessoais; 4) Ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com sua manutenção (Atenção: previsão desde 1984); 5) Constituição de pecúlio (poupança). Presos políticos e provisórios não são obrigados a trabalhar. A jornada de trabalho é de no mínimo 06 horas e no máximo de 08 horas. 4 de 4 REMIÇÃO: É o desconto por dias de trabalho ou estudo. Comentários Gerais: 1 - A remição conta para todos os fins como pena cumprida (antes era só para indulto e LC). 2 - No caso de falta grave pode ser decretada a perda de até 1/3 dos dias remidos (antes perdia tudo). 3 - É possível o cômputo dos dias de trabalho ou estudo durante a prisão cautelar (antes não era). 4 - É possível cumular remição pelo trabalho e estudo. As atividades devem ser compatibilizadas (antigamente devia escolher se remia pelo trabalho ou pelo estudo). Em caso de acidente de trabalho continuará a se beneficiar da remição até que se recupere. Atenção: Só o juiz reconhece a remição, ouvidos MP e defesa. O artigo 130 da LEP esclarece que constitui crime de falsidade ideológica o atestado falso para instruir pedido de remição. Remição pelo trabalho: Ocorre na razão de 01 dia de pena a cada 03 trabalhados. *Apenas o condenado em regime fechado ou semiaberto ganha remição pelo trabalho. O regime aberto tem por pena o próprio trabalho, por isso ele não contará para fins de remição.
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