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Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Medicina Departamento de Medicina Preventiva e Social ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Maio de 2013 Atenção Primária à Saúde - APS Conjunto de práticas de saúde individuais e coletivas de atenção ambulatorial de primeiro nível direcionados a cobrir afecções e condições mais comuns e a resolver a maioria dos problemas de saúde uma população. - Brasil – Atenção Básica - Base para um novo modelo assistencial centrado no usuário-cidadão humberto_g.santos Realce Atenção primária Atenção secundária e terciária 85% dos problemas de saúde 15 % dos problemas de saúde Giovanella & Magalhães (2008) 3 linhas de interpretação da APS: 1. Programa focalizado e seletivo – cesta restrita serviços 2. Um dos níveis de atenção de 1º contato incluindo ou não amplo espectro ações (Saúde Pública e clínicas) 3. APS de forma abrangente – uma concepção de modelo assistencial e de organização do sistema de saúde PAÍSES EUROPEUS – serviços ambulatoriais de 1º contato integrados a um sistema de saúde universal PAÍSES PERIFÉRICOS – programas seletivos, focalizados e de baixa resolutividade – APS Seletiva (programas restritos p/ determinadas necessidades definidas para grupos populacionais em extrema pobreza c/ baixa tecnologia e sem acesso níveis secundário e terciário) Interpretação da APS APS Abrangente Bases – Conferência Alma-Ata (1978) – entendido como atenção à saúde essencial, fundada em tecnologias apropriadas e custo-efetivas, primeiro componente de um processo permanente de assistência sanitária, cujo acesso deveria ser garantido a todas as pessoas e famílias da comunidade mediante sua plena participação Nasce a partir de críticas à abordagem vertical dos programas de combate enfermidades transmissíveis, ao modelo biomédico e ao modelo americano (especialização progressiva e elitismo médico) Relatório Lalonde e livro Ivan Illich APS Abrangente Considera APS como função central dos sistemas nacionais de saúde e parte do processo de desenvolvimento econômico e social (cooperação de outros setores para promover desenvolv social e enfrentar determ saúde mais amplos) Preocupação com custos crescentes assist. médica com uso novas tecnologias não apropriadas (sem avaliação adequada dos benefícios) Participação da comunidade e democratização conhecimentos – parteiras, ACS e outros praticantes Não se restringe ao primeiro nível integrando processo permanente assistência sanitária (ações de prevenção, promoção, curativas e de reabilitação) humberto_g.santos Realce humberto_g.santos Realce APS Seletiva Crítica à Declaração Alma-Ata por agências multilaterais – muito abrangente e pouco propositiva Aliado ao baixo crescimento econômico + governos conservadores = APS restrita para controle doenças em países em desenvolvimento (Fundação Rockefeller, Banco Mundial e Fundação Ford) Pacote/cesta intervenções de baixo custo para combater algumas doenças em países pobres (Crescimento e desenvolvimento, reidratação oral, aleitamento materno e imunização = GOBI* (UNICEF) + programas suplementação alimentar, alfabetização feminina e elevação nível escolar mulheres) * Growth monitoring of young children, Oral rehydration therapy, promotion of Breast feeding, and Immunization (UNICEF) APS Seletiva Críticas – tecnocratismo sem considerar determinantes sociais e políticos do processo saúde/enfermidade e sem melhorias socio-econômicas para melhoria condição saúde populações Amplo debate sobre o tema e mobilização social – políticas de desenvolvimento inclusivas para redução desigualdades sociais e equidade na saúde Domínio até década de 90 da APS seletiva Recentemente – movimento de renovação da AP com atualização da concepção abrangente. Atributos da APS Constituir-se como SERVIÇO DE 1º CONTATO – porta de entrada do sistema de saúde (acessibilidade, encaminhamento profissional APS para acesso atenção especializada) LONGITUDINALIDADE–responsabilidade longitudinal pelo paciente com continuidade da relação com equipe/unidade ao longo da vida (acolhimento e vínculo, adscrição clientela) ABRANGÊNCIA ou INTEGRALIDADE–reconhecimento pela equipe de amplo especto de necessidades e garantia de todos os tipos serviços Atributos da APS COORDENAÇÃO DO CUIDADO – responsabilidade com a coordenação das diversas ações e serviços para responder as necessidades saúde – garantia da continuidade da atenção (tecnologias gestão da clínica, mecanismo adequados comunicação e registro adequado das informações) ORIENTAÇÃO PARA A COMUNIDADE – conhecimento necessidades, problemas e recursos da comunidade e sua participação nas decisões CENTRALIDADE NA FAMÍLIA – consideração do contexto e dinâmica familiar Atributos da APS COMPETÊNCIA CULTURAL – Reconhecimento diferentes necessidades grupos populacionais, suas características (étnicas, raciais e culturais) entendendo suas representações dos processos saúde/enfermidade. APS – Experiência Européia - 1ª proposta governamental – 1920 na Grã-Bretanha - implementação só em 1960 - Um dos níveis de atenção do sistema – serviços ambulatoriais não especializados de primeiro contato, porta entrada, com diferentes profissionais e leque abrangente de ações preventivas e clínicas para toda população – Várias configurações - Financiamento: 1) SNS – impostos gerais – acesso universal e saúde como direito de cidadania 2) Seguros sociais de saúde – contribuições empregados e empregadores – restrito aos segurados APS – Experiência Européia • Ator principal – GENERALISTA (GP) apoiado ou não por outros (GO, pediatras) • PORTA ENTRADA OBRIGATÓRIA – facilita coordenação cuidados pelo generalista – gatekeeper • SISTEMA DE INSCRIÇÃO PACIENTES – liberdade de escolha e troca (1000 a 2500 pacientes) • Experiências mostrando que os sistemas de saúde orientados por APS resolutivas estão associados a melhores resultados e maior eficiência POLÍTICAS DE APS NO BRASIL Dualidade desde déc 1920 – Centro saúde com atendimentos de saúde coletiva e serviços individuais e curativos realizados CAPs e IAPs Modelo SESP – 1940 e 1950 – Centro saúde mais abrangente articulando ações coletiva e assistência médica – (Fund. Rockfeller) só Norte e Nordeste Déc 70 – algumas experiências sanitárias alternativas (DMPS das escolas médicas com práticas medicina comunitária)- base para o debate sobre crise modelo médico hegemônico e alternativas APS Com o SUS – proposta de reorganização serviços básicos – Reforma Sanitária POLÍTICAS DE APS NO BRASIL Apesar da proposta implanta-se inicialmente o PACs – programa APS seletiva (leigos sem formação na saúde e elenco restrito de ações) 1993 – PSF – 1ª fase – caráter restrito com baixa capacidade garantir continuidade atenção (pqnos municípios) 1996 – PSF como estratégia para mudança de modelo – NOB 96 – mudança financiamento (fundo a fundo, indicadores e incentivos – PAB fixo e variável) – proposta de caráter mais abrangente buscando a articulação e integração a todo o sistema POLÍTICAS DE APS NO BRASIL • AP da ESF – equipe multiprofissional que trabalha com território abrangente, adscrição de clientela, cadastramento e acompanhamento da população • ESF = 01 médico generalista + 01 enfermeiro + 02 auxiliares enfermagem + 5 a 6 ACS = 600 a 1000 famílias ou 3 a 4 mil pessoas por equipe. • BH - Definição de parâmetros de cobertura diferenciados Risco Muito elevado: 2400 a 2800 habitantes Risco Elevado: 2800 a 3400 habitantes Risco Médio: 3400 a 4000 habitantes POLÍTICAS DE APS NO BRASIL Grande diversidade nas experiências da ESF nos diferentes municípios Processo construção SUS não consolidado 2006 – Política Nacional de Atenção Básica –PNAB – ampliouo escopo e a concepção da AB ao incorporar os atributos da APS abrangente, colocando-a como porta de entrada preferencial do SUS e ponto de partida para estruturação de sistemas locais de saúde – Saúde da Família como modelo substitutivo e de reorganização da AB e reforça necessidade integração à rede municipal. Situação de Implantação de Equipes de Saúde da Família,Saúde Bucal e Agentes Comunitários de Saúde BRASIL - FEVEREIRO/2010 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE ESF NO BRASIL mais de 31 mil ESF + 300 mil ACS – cobertura de mais de 108 milhões brasileiros (58%) 20 mil ESF com ESB – mais de 80 mi de pessoas (quase 50% cobertura) Há ainda que aumentar a cobertura e qualificar a atenção prestada no sentido da integralidade, coordenação do cuidado e longitudinalidade DESAFIOS PARA A APS NO BRASIL Política adequada de RH: fixação e capacitação dos generalistas, profissionalização ACS, políticas de formação e educação permanente e iniciativas locais criativas para enfrentar a diversidade Porta entrada obrigatória Aumento leque serviços ofertados para dar conta do papel, incluindo ferramentas gestão da clínica para dar conta da coordenação do cuidado Resistir à pressão organismos multilaterais para APS focalizada e seletiva DESAFIOS PARA A APS NO BRASIL Qualificação profissional Mudança nos cursos graduação para formação de profissionais generalistas, comprometidos com SUS Mudança de modelo assistencial (dificuldade trabalho em equipe, clareza atribuições, humanização e qualidade da atenção, demanda X ações programadas, promoção à saúde, violência urbana, invasão outros municípios) Coordenação do Cuidado e Longitudinalidade Articulação com outros níveis assistenciais e em REDE Atençao Primária à Saúde - APS OS SISTEMAS DE SAÚDE DOS PAÍSES DESENVOLVIDOS (À EXCEÇÃO DOS EUA) E COM MELHORES RESULTADOS ASSISTENCIAIS INDICADORES DE MORBI- MORTALIDADE E INDICADORES SOCIAIS SÃO AQUELES QUE SÃO TEM A APS COMO EIXO ESTRUTURANTE DOS SEUS SISTEMAS. ATENÇÃO PRIMÁRIA COMO ESTRATÉGIA DE ESTRUTURAÇÃO DO SISTEMA DE SAÚDE Atenção terciária Atenção secundária A primária Atenção primária A secundária Atenção terciária OUTROS NASF FONTE: MENDES (2009) ATENÇÃO PRIMÁRIA COMO NÍVEL DE ATENÇÃO MOTIVOS PARA IMPLANTAR APS: Ética e racionalidade Promoção da Saúde + Atenção Primária à Saúde Em 2006, 12% do montante alocado para a saúde no mundo foram gastos em países de baixa e média renda (84% da população mundial e 90% da carga total de doença) 88% desses recursos foram consumidos por 16% da população mundial (10% da carga global de doença). Banco Mundial, 2006 0 0,5 1 1,5 2 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 Gasto per capita em saúde E sc or e da A P S APS FORTE APS FRACA USA FONTE: STARFIELD & SHI (2002) Rússia,Dinamarca, Finlândia,Espanha, Holanda, Canadá USA Bélgica, França, Alemanha A relação entre a APS e os gastos per capita em saúde 12:44 | France Presse - Mundo Sistema de saúde precário causa 101.000 mortes prematuras por ano nos EUA 17 de Julho de 2008 WASHINGTON (AFP) - A ineficácia do sistema de saúde americano, embora seja mais caro que o de outros grandes países industrializados, causa 101.000 mortes prematuras por ano, segundo estudo publicado nesta quinta-feira. "Os Estados Unidos gastam em saúde duas vezes mais por habitante que os outros grandes países industrializados, e os custos continuam aumentando mais rápido que a renda", destacou a organização privada Commonwealth Fund Foundation. Em 2007, 75 milhões de americanos da população ativa não tinham convênio médico ou não estavam suficientemente cobertos por convênios, contra 61 milhões em 2003, segundo o relatório. Além disso, os prazos para obter um consulta médica aumentaram: "em 2007, assim como em 2005, menos da metade dos adultos com problemas de saúde conseguiram uma consulta rapidamente". Alzira de Oliveira Jorge Departamento Medicina Preventiva e Social Faculdade de Medicina - UFMG alzira.o.jorge@gmail.com