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31/10/2015 1 Engenharia Civil Mecânica dos Solos II Mecânica dos Solos II Capítulo II Hidráulica dos Solos Mecânica dos Solos II 31/10/2015 2 Mecânica dos Solos II 1. Introdução: Como já foi visto, o solo é constituído de uma fase fluída (água e/ou ar) e uma fase sólida (os grãos de solo). A fase fluída ocupa os vazios deixados pelas partículas que compõem o esqueleto do solo. Em se tratando de água, esta pode estar presente no solo sob as mais variadas formas – água adsorvida, água capilar e água livre. Mecânica dos Solos II Nos solos grossos, em que as forças de superfície são inexpressivas, essa água se encontra livre entre as partículas sólidas podendo estar sob equilíbrio hidrostático ou podendo fluir, sob a ação da gravidade, desde que haja uma carga hidráulica. 31/10/2015 3 Mecânica dos Solos II • Nos solos finos, a situação se torna mais complexa, uma vez que passam a atuar forças de superfície de grande intensidade. Assim, nestes solos, existe uma camada de água adsorvida, a qual pode estar sujeita a pressões Mecânica dos Solos II • muito altas, por causa das forças de atração existentes entre as partículas. Próxima às partículas essa água pode se encontrar solidificada, e à medida que vai aumentando a distância, a água tende a tornar-se menos viscosa, graças ao 31/10/2015 4 Mecânica dos Solos II decréscimo de pressões Esses filmes de água adsorvida propiciam um vinculo entre as partículas, de forma que lhes confira uma resistência intrínseca chamada de coesão verdadeira. Mecânica dos Solos II O restante de água existente nos solos finos se encontra livre, podendo fluir por entre as partículas, desde que haja um potencial hidráulico para tal. Define-se: • Permeabilidade dos corpos: é a propriedade de permitir com que partículas de água, com maior ou menor facilidade, fluam por entre seus vazios. 31/10/2015 5 Mecânica dos Solos II Permeabilidade dos solos: Consiste, basicamente, em medir a velocidade da água em uma determinada amostra, considerando- se em escoamento laminar (os fluxos de água não se interferem), identificando a temperatura no momento do ensaio. Mecânica dos Solos II 2. Aplicabilidade: temos as seguintes razões pelas quais os estudos da permeabilidade são extremamente importantes nas obras de engenharia. • Ao se mover no interior de um maciço de solo a água exerce em suas partículas sólidas forças que influenciam no estado de tensões do maciço. 31/10/2015 6 Mecânica dos Solos II • Os valores de pressão neutra e com isto, os valores de pressão efetiva em cada ponto do solo são alterados em decorrência de alterações no regime de fluxo. • Na zona não saturada, mudanças nos valores de umidade do solo irão alterar de forma significativa os valores de resistência ao cisalhamento. Mecânica dos Solos II A permeabilidade se aplica na solução dos seguintes problemas: • Estimativa da vazão de água através da zona de fluxo (perca de água). • Instalação de poços de bombeamento e rebaixamento do lençol freático. • Problemas de colapso e expansão em solos não saturados. 31/10/2015 7 Mecânica dos Solos II • Dimensionamento de sistemas de drenagem. • Dimensionamento de “liners” em sistemas de contenção de rejeitos. • Previsão de recalques diferidos no tempo. • Análise da influência do fluxo de água sobre a estabilidade geral da massa de solo (est. tald). • Análise da possibilidade da água de infiltração produzir erosão – retro erosão ou piping. Mecânica dos Solos II 3. Influência do fluxo de água no solo: A pressão a qual a água está sujeita nos solos, é de natureza hidrodinâmica e isto produz várias repercussões importantes na estabilidade dos maciços de solo. 31/10/2015 8 Mecânica dos Solos II Em primeiro lugar: dependendo da direção de fluxo, a pressão hidrodinâmica pode alterar o peso específico submerso do solo: • Se a água flui em sentido descendente, o peso específico do solo é majorado; • Se a água flui em sentido ascendente, exerce- se um esforço sobre as partículas de solo o qual tende a diminuir seu peso específico submerso. Mecânica dos Solos II • Em segundo lugar: de acordo com o principio das tensões efetivas, conservando-se a tensão total atuando em um ponto na massa de solo e modificando-se o valor da tensão neutra naquele ponto, a sua tensão efetiva será modificada; e esta é a responsável pela respostas do solo, seja em termos de resistência ao cisalhamento, seja em termos de deformações. σ'v = σv - u 31/10/2015 9 Mecânica dos Solos II σ = σ’ + u • As condições de tensão em que se encontra um solo, podem ser alteradas a qualquer momento, desde que haja mudanças nas tensões atuantes neste maciço de solo, devido a mudanças no estado do solo, alterações no regime de fluxo de água pelo solo e de acréscimos de tensões. Mecânica dos Solos II O estudo dos fenômenos de fluxo de água nos solos é realizado apoiando-se em três conceitos básicos: • Conservação de energia – teoria de Bernoulli; • Permeabilidade – lei de Darcy; • Conservação da massa 31/10/2015 10 Mecânica dos Solos II 4. Conservação da energia: A lei resulta da aplicação do principio de conservação de energia ao escoamento de um fluído. A energia total ou carga total é igual a soma de três parcelas: “Carga total = carga altimétrica + carga piezométrica + carga cinética” htotal = � + � �� + �2 2 Mecânica dos Solos II Na equação apresentada, temos: • Carga altimétrica representada por z; • Carga piezométrica representada por • Carga cinética representada por Sendo pequena a velocidade da água nos solos, a parcela correspondente a carga cinética é desprezível. � �� �2 2 31/10/2015 11 Mecânica dos Solos II A equação, então, fica reduzida a: htotal = Para que haja fluxo entre dois pontos, é necessário que a energia total em cada ponto seja diferente. A água, então, fluirá do ponto de maior energia, para o ponto de menor energia total. � + � �� Mecânica dos Solos II 4.1 Forças de percolação: Define-se por energia livre da água em um determinado ponto do solo como a energia capaz de realizar trabalho (promover o fluxo). A energia livre pode ser representada pela diferença entre os valores de energia total nos dois pontos considerados da massa de solo. 31/10/2015 12 Mecânica dos Solos II • Na condição (a) temos : • F1 = ϒw . H1 . A e F2 = ϒw . H2 . A • Como F1 = F2 não haverá fluxo. Mecânica dos Solos II • Na condição (b), temos: • F1 = ϒw . H1 . A e F2 = ϒw .h2 . A • F1 ˃ F2 • Portanto haverá fluxo de F1 para F2. 31/10/2015 13 Mecânica dos Solos II • Sendo: F1 = ϒw . h1 . A e F2 = ϒw . h2 . A • Flivre = F1 – F2 então define-se: • Flivre como força de percolação = Fp: • Fp = F1 – F2 = ϒw . A . (h1 – h2) Mecânica dos Solos II Definindo-se Gradiente Hidráulico “i” como a diferença de altura da carga de água dividida pelo comprimento de solo a percolar, temos: • i = h1-h2 / L i = Δh/L • Se Vol. = A . L e Δh = i . L • Fp = ϒw . Vol . i • Adotando Vol = 1 (unidade) • Fp = ϒw . i por unidade de volume. 31/10/2015 14 Mecânica dos Solos II Finalizando, esta introdução temos dois conceitos importantes: • Gradiente hidráulico: i = Δh/L • e • Força de Percolação: Fp = ϒw . i Mecânica dos Solos II 5. Lei de Darcy: No escoamento para os fluxos, temos dois tipos : o laminare o turbulento. No regime laminar as partículas de água se movimentam em trajetórias paralelas, uma não interferindo no movimento das outras. O regime laminar é característico de deslocamentos de baixa velocidade geralmente em solos finos. 31/10/2015 15 Mecânica dos Solos II • No regime turbulento, as trajetórias são irregulares, cruzando-se umas com as outras de forma inteiramente aleatória. • Esta característica de escoamento ocorre em solos grossos (pedregulhos), onde consegue- se altas velocidade proveniente de altos gradientes hidráulicos. Mecânica dos Solos II • O eng. Francês H. Darcy montou o experimento ao lado para estudar o fluxo de água através de uma camada de filtro de areia. • No experimento os níveis de água h1 e h2 são mantidos const. e o fluxo de água ocorre na descendente. 31/10/2015 16 Mecânica dos Solos II • Medindo-se o valor da taxa de fluxo que passa através da amostra (vazão – Q), para vários valores de comprimento de “L” e de diferença de potencial total “Δh”, verificou-se que: Mecânica dos Solos II A vazão “Q” era proporcional a razão “Δh/L” – Gradiente hidráulico da água através da amostra – “i”. Q = Q = k . i .A Na equação K é uma constante denominada de Coeficiente de Permeabilidade do solo. • Quanto maior o valor de “k”, maior vai ser a facilidade encontrada pela água para fluir através dos vazios do solo. 31/10/2015 17 Mecânica dos Solos II • O Coeficiente de Permeabilidade tem dimensão de velocidade ( l/t = cm/seg) e pode ser definido como: “ A velocidade de percolação da água no solo para um gradiente hidráulico unitário”. “A” é a dimensão da seção transversal da amostra de solo perpendicular à direção do fluxo. Mecânica dos Solos II • A vazão “Q” dividido pela área transversal de descarga “A” nos fornece a velocidade com que a água percola no solo. A equação fica da seguinte maneira: v = k . I Esta formula nos fornece a velocidade de descarga, que é diferente da velocidade real, pois a velocidade de descarga utiliza-se da área transversal do solo, enquanto que a 31/10/2015 18 Mecânica dos Solos II • Velocidade real utiliza-se da área transversal de vazios do mesmo solo. • Com as noções desenvolvidas em índices físicos, pode-se admitir que a relação entre a área transversal de vazios e a área transversal total seja dada pela porosidade do solo “n”. • Então: vreal = v/n Mecânica dos Solos II Como os valores possíveis de n estão compreendidos entre 0 e 1, fica visto que a velocidade de percolação real da água no solo é maior do que a velocidade de descarga. Independente disto, a velocidade de descarga é a mais utilizada nas soluções dos problemas envolvendo fluxo de água nos solos. 31/10/2015 19 Mecânica dos Solos II 6. Coeficiente de permeabilidade dos solos: Representa a dificuldade que a água tem em percolar através de um solo. Poucas propriedades em engenharia (senão nenhuma) podem variar em tão amplas faixas para “um mesmo material”, quanto o coeficiente de permeabilidade dos solos. Mecânica dos Solos II Faixas de variação de valores do coeficiente de permeabilidade para deferentes tipos de solos 31/10/2015 20 Mecânica dos Solos II 8. Fatores que influenciam no valor de k: • O tamanho das partículas: a permeabilidade varia grosseiramente com tamanho das partículas para solos granulares; k= f(D2). • Solos finos: Apesar de ter índices de vazios maiores, os solos finos apresentam menores valores de k. Mecânica dos Solos II • Grau de saturação: quanto maior o grau de saturação de um solo, maior será a sua permeabilidade, pois a presença de ar nos vazios tende a impedir a passagem de água. • A estrutura do solo: amostra de um mesmo solo, com estruturas diferentes; a amostra no estado disperso terá uma permeabilidade menor que no estado floculado. 31/10/2015 21 Mecânica dos Solos II 8.1 Ordem de grandeza do coeficiente de permeabilidade: Solos permeáveis: k superior a 10-7 cm/s. Solos impermeáveis: k inferior a 10 -7 cm/s. Permeabilidade Tipo de solo K (cm/s) Solos permeáveis Alta Pedregulhos >10-3 Alta Areias 10-3 a 10-5 Baixa Siltes e argilas 10-5 a 10-7 Solos impermeáveis Muito baixa Argila 10-7 a 10-9 Baixíssima Argila < 10-9 Mecânica dos Solos II Resumo da aula: • Força de percolação: Fp = ϒw . i • Gradiente hidráulico: i = Δh/L • Lei de Darcy: v = k . i • Vazão de água: Q = k . I . A • K = Coeficiente de permeabilidade – varia conforme o tipo de solo = velocidade cm/seg. • K maior que 10-7 e k menor que 10-7 cm/s. 31/10/2015 22 Por hoje é só Próxima aula: Determinação de k Obrigado pela atenção Mecânica dos Solos II
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