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MEDINDO AS ATIVIDADES ECONÔMICAS

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MEDINDO AS ATIVIDADES ECONÔMICAS
Objetivos
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
definir produto interno bruto (PIB);
verificar a utilidade do PIB como indicador das atividades econômicas;
diferenciar PIB real, PIB nominal, deflator do PIB e PIB per capita.
Introdução
Quem nunca se viu, mesmo quando bem jovem, diante de um lampejo de curiosidade sobre algum fato econômico? 
Ainda que nunca tenha estudado uma única linha sobre economia, quem nunca se perguntou, por exemplo, algo tão esdrúxulo quanto “qual seria o valor somado de todos os salários ou rendas do Brasil”? 
Por trás dessas inusitadas perguntas estão outras um pouco mais técnicas: como se avalia o crescimento econômico de um país? Por que a renda de um país é exatamente igual à despesa? 
O elemento básico para responder a tais perguntas está na sigla econômica mais popular de todos os tempos: de uma forma ou de outra, não há quem nunca tenha ouvido falar do PIB.
O QUE É O PIB?
O produto interno bruto (PIB) representa a estimativa do valor de tudo que foi produzido por um país em determinado período.
Este valor é calculado com base nos preços de mercado, leva em conta apenas os bens e serviços finais (aqueles destinados diretamente ao consumidor final), o período tomado como base pode ser anual, semestral etc.
Como calcular o valor do PIB?
Tudo se passa como se contratássemos alguém para, desde o primeiro até o último dia de um ano, anotar os preços de todos os bens e serviços finais gerados dentro do território nacional.
 Nesse caso,teríamos o PIB anual do país.
Suponha que, no ano X, um país tenha produzido apenas três produtos (a, b, c), da seguinte forma:
 
Assim, o pib desse país seria:
PIB = (2 x 2) + (4 x 3) + (1 x 5) = R$ 21
A questão do Valor Adicionado
Quando falamos em bens e serviços finais, queremos mostrar que nossa conta não inclui os bens intermediários, já que estes já estão inseridos nos preços dos bens finais.
Por exemplo: o valor do trigo, que serve de matéria-prima à produção do pão, não é contabilizado no cálculo do PIB. 
Como no valor do pão já está embutido o valor do trigo, o trigo acaba sendo considerado indiretamente.
Perceba: se somássemos o valor do trigo (insumo do pão) ao do pão, estaríamos contando o trigo duas vezes. Isso acarretaria o que se chama de erro de dupla contagem no cálculo do PIB.
Exemplo:
Outros conceitos
PI X PN
( Produto Interno X Produto Nacional)
PL X PB
( Produto Líquido X Produto Bruto )
Ppm X Pcf
Produto a preço de mercado X produto à custo de fatores)
Renda Nacional X Renda disponível
Produto Real X Produto Nominal 
PI X PN
Já vimos que o PIB expressa o total da produção, a soma de toda a renda criada dentro dos limites geográficos de um país. 
Pois parte dessa renda gerada dentro do país pode ser enviada ao exterior. 
Isso acontece quando parte da renda pertence a empresas estrangeiras que estejam produzindo no país. 
Nesse caso, essas empresas podem enviar parte de seu lucro para o exterior.
O produto nacional, por sua vez, representa a produção cuja renda correspondente é de propriedade dos indivíduos residentes no país de forma definitiva. 
Ou seja: o PN é a soma de tudo o que é produzido por residentes, estando eles aqui ou não.
Portanto, a diferença entre PI e PN é a renda líquida enviada ao exterior (RLEE ou a renda que é mandada para o exterior menos aquela procedente do exterior).
PNB = PIB – RLEE
PL X PB
Parte do valor dos bens e dos serviços gerados em um determinado período pode ser perdida, seja pelo desgaste, pela perda de utilidade por uso, ação da natureza ou ainda por obsolescência. 
Pois o produto líquido é precisamente o produto bruto decrescido dessa depreciação. 
Assim, nem toda produção acrescenta uma maior quantidade de bens ou serviços à economia ou faz ela crescer. 
Com um aumento na produção, pode-se apenas estar repondo o que foi depreciado no período.
Ou ainda:
PIL = PIB – depreciações.
Ppm X Pcf
Para começo de conversa, é importante guardar que o PIB é avaliado em termos do valor de mercado, ou seja, a partir dos preços que são praticados no mercado de bens e serviços.
 Os preços que você vê nos supermercados, feiras, lojas etc.
O governo cobra impostos indiretos ( II ), tais como ICMS e IPI. Estes impostos são embutidos no preço final do bem e repassados, portanto, ao consumidor final.
Assim temos:
Ppm = Pcf + II
Renda Nacional X Renda disponível
A Renda Nacional mede a quantidades de bens e serviços produzidos na economia durante certo período de tempo.
Já a Renda Disponível é quanto as famílias tiveram a seu dispor para consumo e poupança, efetivamente.
Partindo da Renda Nacional, leva-se em consideração que os indivíduos pagam impostos diretos, contribuem para o INSS, etc.
Portanto, abatidas todas contribuições compulsórias das famílias e acrescentando transferencias do governo para os indivíduos ( Bolsa Família, etc), temos a Renda Disponível.
Produto Real X Produto Nominal 
A essa altura, você já guardou que o PIB é uma medida da atividade econômica ligada à produção de bens e serviços finais. 
Pois como este indicador é calculado com base nos preços dos bens e serviços, é coerente pensar que seu valor será influenciado pela variação de preços.
Então note que, por ser um índice relacionado à produção e ao nível dos preços no mercado, a elevação dos preços irá afetar o valor do PIB, mesmo que a quantidade produzida permaneça a mesma de um ano para o outro.
Retorne ao nosso exemplo de que um país tenha produzido apenas três produtos, totalizando um PIB de R$ 21.
Agora suponha que todos os preços tenham dobrado, mas que a quantidade produzida tenha permanecido a mesma.
Observe que, neste caso, o PIB terá dobrado (PIB = R$ 42). 
Essa discrepância causará uma grave distorção para um indicador com a função de informar a variação da produção total (agregada).
COMO ISOLAR O PIB DO NÍVEL DE PREÇOS?
Uma forma de evitar a influência da variação de preços sobre o cálculo do produto interno bruto consiste em medir o PIB em termos reais.
Daí, surgem dois conceitos de PIB: um seria o PIB nominal, que representa o PIB a preços correntes, ou o PIB baseado nos preços praticados pelos mercados.
O outro, que denominamos PIB real, consiste no valor do produto interno bruto em termos de preços constantes, a partir de um ano considerado como base de referência.
Suponha que, ao longo de três anos, um país tenha produzido apenas dois bens (bananas e veículos), os quais estão relacionados a seguir:
Inicialmente, observe que o PIB nominal aumenta de um ano para o outro. 
Essa elevação deve-se ao crescimento da produção, mas também à elevação de preços. 
Se o nosso interesse for calcular o aumento real da produção, ou seja, aquele não afetado pelo crescimento dos preços, nós temos que utilizar o conceito de PIB real.
O primeiro passo será escolher um ano-base, ou de referência.
Os preços dos produtos naquele ano é que serão utilizados como referência para o cálculo do PIB real nos anos subsequentes.
Para o cálculo do PIB real, portanto, não utilizamos os preços do ano vigente, mas sim os preços do ano de referência. 
De resto, procedemos da mesma maneira que procedíamos para o cálculo do PIB nominal (preço do produto x quantidade do produto).
Portanto o cálculo do PIB real, tendo como ano-base de referência o ano de 2002 ficaria:
Em 2002, o PIB seria (100 x 1) + (20 x 50) = 1.100; em 2003, (120 x 1) + (30 x 50) = 1.620; e em 2004, o PIB real (140 x 1) + (40 x 50) =2.140. 
Como você já viu, o PIB nominal utiliza os preços vigentes em cada ano, enquanto o PIB real fixa os preços de um ano como base para calcular apenas as variações nas quantidades produzidas a cada período.
 Assim, o PIB real torna-se uma medida mais adequada para estimar a produção total de bens e serviços finais de um país.
O DEFLATOR DO PIB
Como vimos até aqui, variaçõesnos preços dos produtos representam um importante fator a ser considerado no cálculo do PIB de um país.
Para que tenhamos uma medida da elevação média do nível de preços do final de um ano para o outro, basta que calculemos o que se denomina deflator do PIB.
Na aula anterior, você viu que o conceito de inflação se refere a uma gradual perda de valor do dinheiro, diante de um aumento generalizado de preços.
 Agora note que o deflator do PIB é o índice destinado a isolar o fator inflação do cálculo do produto interno bruto de um país, em um determinado período.
O deflator nos dirá qual parte do aumento do PIB nominal cabe somente ao crescimento dos preços e nos ajudará a perceber quanto do aumento do PIB se deve a uma elevação real no nível de produção.
A fórmula de cálculo do deflator é:
Veja como obter o deflator do PIB a partir dos valores já apresentados nas tabelas anteriores:
Por esses valores, no ano-base do PIB real (2002), o deflator do PIB é igual a 100.
 Por definição, em todo ano-base, o deflator será sempre 100 (os preços do ano corrente são os preços do ano-base).
Agora veja: de 2002 a 2003, o deflator passou de 100 para 125,92. Logo, pode-se inferir que os preços aumentaram, em média, 25,92%.
Da mesma forma, em 2004, como o nível de preços passou de 125,92 para 150,46, o nível médio de preços aumentou 19,48% em relação a 2003.
Fica claro então que o deflator do PIB pode ser interpretado como um indicador da variação do nível médio de preços de um país. 
Isto é nada mais nada menos do que dizer que o deflator do PIB consiste em uma indicação da taxa de inflação do período.
O VALOR DA RENDA É IGUAL AO VALOR DO PRODUTO
Além do valor dos bens e dos serviços produzidos na economia, o PIB também mede a renda total gerada no processo da produção. 
Na verdade, o valor da renda é exatamente igual ao valor do produto.
Como assim?
Observe que tudo o que se gasta para produzir um bem encontra sempre contrapartida em alguém que está recebendo exatamente tal valor.
Vamos a um exemplo: suponha que um refrigerante custe R$ 1,00. Nesse preço, estão embutidos o custo e o lucro. Se o custo de sua produção for de 80 centavos, o restante (20 centavos) será a renda do empresário. Os 80 centavos de custos são divididos em pagamento de funcionários (renda) e pagamento das matérias-primas. Já os 20 centavos de lucro do comerciante serão pagos por você.
Vamos explicar o mesmo fenômeno (valor da renda igual ao valor do produto) de uma maneira “macro”: em um sistema econômico simplificado, os consumidores compram bens e serviços nos mercados. 
O valor das vendas, que é recebido pelas empresas, é destinado ao pagamento dos seus funcionários, à remuneração dos indivíduos que alugaram o espaço físico das empresas e aos lucros dos empresários.
Essas somas são transferidas para os chamados MERCADOS DOS FATORES DE PRODUÇÃO.
Por outro caminho: o total da renda gerada nesse sistema econômico é reutilizado pelas famílias, por meio da compra de bens e serviços no MERCADO DE PRODUTOS – os supermercados, as lojas etc. 
Como num fluxo circular.
O PIB pode ser medido de duas formas: somando as rendas pagas pelas empresas dentro do mercado de fatores (de produção), ou pelo total dos gastos dos consumidores no mercado de bens e serviços.
Ainda que na prática haja mais complexidade, cada transação tem uma espécie de comprador e vendedor, de forma que o valor do bem ou do serviço coincida com o valor da renda.
A seguir, vê-se um diagrama do fluxo circular da renda e dos bens e serviços de um sistema econômico. 
As setas externas ilustram o fluxo circular da renda. 
As setas internas representam o fluxo de bens e serviços.
 
A RENDA PER CAPITA
A renda per capita é a quantia em reais que cada habitante receberia caso o PIB fosse dividido igualmente entre toda a população.
Note que a renda per capita é uma média, uma estimativa, uma vez que desconsidera o fator distribuição de renda.

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