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CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 27 *MÓDULO 1* Geologia – Planeta Terra Movimento e choque Os terremotos são consequência direta de um dos fenômenos mais antigos da Terra: a lenta movimentação das placas tectônicas. Essas imensas camadas sólidas, que sustentam o território de países, continentes e oceanos, deslizam sobre o magma, o material em estado líquido pastoso que compõe o interior do planeta. Como uma casca de ovo rachada, as placas formam a Iitosfera, parte dura e externa da Terra. Há milhões de anos, as placas tectônicas se movem alguns milímetros por ano: vão uma contra a outra, distanciam-se ou movem-se lado a lado. Esse movimento é a origem de diversos fenômenos geológicos, como os terremotos, os vulcões, a formação de cadeias de montanhas, como os Andes, e até mesmo os tsunamis, as enormes ondas que arrasam populações litorâneas. O movimento tectônico faz com que os limites das placas se engatem, como botões de uma camisa, o que provoca acúmulo de energia. Com o passar de décadas e séculos, pedaços das placas não sustentam tanta energia acumulada e racham de repente, causando os abalos sísmicos. O foco dos tremores ocorre entre 10 e 800 quilômetros de profundidade, já nas rochas superiores do manto terrestre. Os mais rasos costumam causar maior impacto na superfície, derrubando edifícios, pontes e provocando pânico. As regiões mais vulneráveis a terremotos são justamente as que ficam no limite das placas, como toda a costa oeste da América e leste da Ásia. Grandes tragédias da história foram causadas por terremotos no Chile, Equador, Colômbia, na Califórnia (EUA), no Japão e na Nova Zelândia. A placa do Pacífico, mais pesada, é forçada a mergulhar sob a placa Sul-Americana, que se enruga, criando cordilheiras como os Andes. A placa que fica por baixo acaba se fundindo ao magma, que pode subir à superfície em forma de vulcões. É por isso que as áreas ao redor da placa do Pacífico formam o Cinturão de Fogo, região que concentra não só terremotos como a maioria dos vulcões do planeta, como os do Chile, Peru, México, Japão e Filipinas. O mesmo fenômeno que forma os Andes na América do Sul cria a fossa das Marianas no leste da Ásia. A placa do Pacífico se afunda sobre outra placa oceânica, a das Filipinas, formando uma região em que o mar ultrapassa 11 quilômetros de profundidade. ________________________________________________ *Anotações* EDITORA ABRIL *1* PLACA DA AMÉRICA DO NORTE E DO CARIBE Com 70 milhões de quilômetros quadrados, seu deslocamento horizontal em relação à placa do Pacífico cria uma fronteira turbulenta. Em um dos limites, na Califórnia, está a falha de San Andreas, famosa pelos terremotos arrasadores. *2* PLACA EURO-ASIÁTICA OCIDENTAL Com 60 milhões de quilômetros quadrados, sustenta a Europa, parte da Ásia, do Atlântico Norte e do mar Mediterrâneo. *3* PLACA EURO-ASIÁTICA ORIENTAL Em seu movimento para o leste, esse bloco de 40 milhões de quilômetros quadrados se choca contra a placa das Filipinas e com a do Pacífico. *4* PLACA DAS FILIPINAS Essa placa de “apenas” 7 milhões de quilômetros quadrados concentra em seus limites quase a metade dos vulcões ativos do planeta. *5* PLACA INDO-AUSTRALIANA O bloco de 45 milhões de quilômetros quadrados que sustenta a Índia, a Austrália e a Nova Zelândia ruma velozmente para o norte. *6* PLACA DA ANTÁRTIDA É o bloco que dá suporte à Antártida e a uma parte do Atlântico Sul, em um total de 25 milhões de quilômetros quadrados. *7* PLACA DA ÁFRICA No meio do Atlântico, uma falha submersa abre caminho para o magma do manto inferior, fazendo com que esse bloco se afaste progressivamente da placa Sul-Americana e cresça de tamanho. Atualmente, tem 65 milhões de quilômetros quadrados. *8* PLACA SUL-AMERICANA Como o Brasil está bem no meio desse bloco de 32 milhões de quilômetros quadrados, sente pouco os efeitos de terremotos e vulcões. No centro do continente, a placa mede 200 quilômetros de espessura. *9* PLACA DE NAZCA A cada ano, essa placa de 10 milhões de quilômetros quadrados no leste do oceano Pacífico fica 10 centímetros menor pelas trombadas com a placa Sul- Americana. Esta desliza por cima da placa de Nazca, colocando vulcões em atividade e elevando mais as montanhas dos Andes. *10* PLACA DO PACÍFICO Com cerca de 70 milhões de quilômetros quadrados, está em constante renovação na região do Havaí, onde o magma sobe e cria ilhas vulcânicas. CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 28 Os terremotos são consequência direta de um dos fenômenos mais antigos da Terra: a lenta movimentação das placas tectônicas. Há centenas de milhões de anos, as placas se aproximam, distanciam-se uma da outra ou deslizam lado a lado, fazendo com que suas bordas se engatem. Com o passar do tempo, pedaços das placas não sustentam a energia acumulada e racham de repente, provocando os abalos sísmicos. Por isso, as regiões mais vulneráveis a terremotos são as que ficam no limite das placas, como toda a costa oeste da América e leste da Ásia. O movimento das placas também cria a maior parte dos vulcões. Quando uma placa continental encontra uma placa oceânica, como ocorre com a placa Sul- -Americana e a do Pacífico, a oceânica é forçada a mergulhar sob a primeira. Acaba se fundindo ao magma, que pode subir à superfície na forma de vulcões. Por isso, as áreas ao redor da placa do Pacífico formam o Cinturão de Fogo, região que concentra não só terremotos como também a maioria dos vulcões do planeta. A superfície da Terra, chamada de crosta terrestre ou litosfera, é apenas uma fina camada do planeta, com cerca de 100 quilômetros. Abaixo dela, há o manto terrestre, com quase 3.000 quilômetros de espessura,formado por rochas pastosas a uma temperatura que vai de 100 ºC a 3.500 ºC. O núcleo tem mais 3.000 quilômetros de materiais densos, como ferro e níquel, a mais de 4.000 ºC de temperatura. Até 200 milhões de anos atrás, as placas tectônicas formavam um único continente, a Pangeia. Esse continente foi se dividindo – ao ritmo de poucos centímetros por ano. No decorrer de milhões de anos, formou-se o relevo que conhecemos hoje. As maiores cordilheiras da Terra, como a dos Andes e a do Himalaia, foram formadas pelo choque das placas tectônicas. Com o passar dos milhões de anos, a ação do Sol, da chuva e da água do mar fragmenta e decompõe as rochas. Esse processo, chamado de intemperismo, dá origem ao solo e à água. A erosão faz o material decomposto das rochas preencher depressões, que se transformam nas bacias sedimentares. O solo dessas bacias se formou com o lento e contínuo acúmulo de sedimentos de rochas mais antigas e materiais orgânicos. ________________________________________________ *Anotações* ********** ATIVIDADES 1 ********** Texto para as questões de 1 a 3. Tragédia anunciada Geólogos sabiam que a terra ia tremer no Haiti. E é provável que, nos próximos anos, mais terremotos sacudam o país, como já ocorreu sucessivas vezes no século XVIII Durante 30 segundos do dia 12 de janeiro de 2010, a terra tremeu no Haiti e destruiu 70% dos prédios de Porto Príncipe, a capital. O terremoto, de magnitude 7 na escala Richter, agravou ainda mais a miséria do Haiti, o país mais pobre da América. Foram semanas de caos, saques e falta de água. Ao fim de um mês, mais de 150.000 pessoas tinham morrido. O pior é que um tremor desses já havia acontecido antes – e os geólogos sabiam que ele estava prestes a se repetir. O Haiti ocupa o terço ocidental da ilha de HispanioIa, que repousa sobre a fronteira de duas placas tectônicas – a placa do Caribe e a Norte-Americana. As duas se distanciam entre si cerca de 2 centímetros por ano. A placa Norte-Americana se desloca para o oeste e a do Caribe, para o leste. Nesse movimento, alguns pontos ficam presos uns aos outros, como botões esticados numa camisa, acumulando energia. Quando as placas cedem, a energia é liberada, provocando um imenso tremor. Isso já ocorreu diversas vezes no Haiti. O país viveu grandes terremotos em 1751, 1761 e 1770, e depois disso entrou num período relativamente calmo. Pelo que se viu em janeiro, essa calmaria das placas tectônicas acabou. A tragédia no Haiti teve duas agravantes. A primeira é que o epicentro foi a apenas 15 quilômetros da zona central de Porto Príncipe, que tem quase 3 milhões de habitantes. A segunda é que contribuiu para elevar o número de vítimas: as construções da cidade não estavam preparadas para terremotos e o país não tinha planos de emergência. Dois meses depois do terremoto do Haiti, um sismo mais forte, de 8,5 graus, sacudiu o Chile. Apesar da destruição de casas, pontes e viadutos, o número de mortos foi bem menor que o do Haiti – cerca de 500 pessoas. Prova de que o Chile está mais bem preparado para as surpresas da natureza. Superinteressante, São Paulo, fev. 2010. FRED DUFOUR / AFP Terremoto no Haiti em janeiro de 2010: o abalo destruiu 70% dos prédios da capital e deixou mais de 150.000 mortos CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 29 INFOGRÁFICO ESTÚDIO PINGADO O epicentro foi a 10 km de profundidade, e foi liberada energia equivalente a 32 milhões de TNT ou 25 bombas nucleares .1. (AED-SP) Por que os geólogos previam que haveria um terremoto no Haiti? ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ .2. (AED-SP) Que movimento de placas tectônicas iniciou o terremoto? ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ .3. (AED-SP) Quais fatores aumentaram a tragédia iniciada com o tremor? ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ .4. (ENEM-MEC) A tragédia do Haiti não é apenas produto de uma natureza insondável. É o resultado da incúria humana; da corrupção; da miséria material; e da tirania. Eis a tese apresentada em ensaio fundamental para entender a contabilidade macabra dos desastres naturais. Foi publicado em 2005 por Matthew Kahn em revista do prestigiado MIT. Observando e comparando 73 países (pobres, médios e ricos), a conclusão de Kahn é arrepiante: os grandes desastres naturais distribuem-se equitativamente pelo globo. O que não se distribui equitativamente pelo globo é o número de mortos: países com um PIB per capita de US$ 2.000 apresentam uma média de 944 mortos por ano. Países com um PIB per capita de US$ 14.000, uma média de 180 mortes. Entre 1980 e 2000, a Índia teve 14 grandes terremotos. Morreram 32.117 pessoas. No mesmo período, os Estados Unidos tiveram 18 grandes terremotos. Morreram 143 pessoas. A disparidade dos mortos também é imensa entre países democráticos e não democráticos. O número de mortos em países democráticos é, mostra Kahn, incomparavelmente inferior aos mortos anônimos dos regimes ditatoriais/autoritários. Adaptado de João Pereira Coutinho, O terremoto da pobreza, Folha de S. Paulo, 19/1/2010. Conforme o texto, qual afirmação está correta? (A) O número de mortos por terremoto na Índia entre 1980 e 2000 é até 300% maior que nos Estados Unidos no mesmo período. (B) Nos paísespobres, onde se constrói sem planejamento e segurança, os terremotos são mais comuns. (C) Países ricos e democráticos são os que, segundo Matthew Kahn, apresentaram menos terremotos entre 1980 e 2000. (D) Existe uma relação diretamente proporcional entre PIB per capita e mortes decorrentes de terremotos. (E) Seguindo os cálculos de Khan, a cada 1.000 dólares de aumento do PIB per capita, há 63 menos mortes decorrentes de terremotos por ano. CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 30 .5. (INEP-MEC) Com base na tabela abaixo, analise as afirmações a seguir. Era Anos (aprox.) Evolução geológica Evolução biológica 4 bilhões Surgem as rochas mais antigas 3,5 bilhões Primeiros vestígios de vida Pré- Cambriana 1,8 bilhão Oxigênio na atmosfera 400 milhões Primeiras árvores gimnospermas 300 milhões Florestas são soterradas e começam a virar carvão mineral Répteis aparecem 220 milhões A Pangeia começa a se dividir Surgem dinossauros e aves Mesozoica 145 milhões Formação de diversas bacias sedimentares 65 milhões Extinção dos dinossauros 60 milhões O Himalaia e os Alpes ganham forma Primeiros primatas Cenozoica 4 milhões Surgimento dos hominídeos 1,8 milhão Primeiros utensílios de pedra 20 mil anos Término da última Idade do Gelo Extinção da megafauna I. Existem bacias sedimentares originadas há menos tempo que espécies de répteis, aves e dinossauros. II. O surgimento dos Alpes favoreceu a extinção dos grandes mamíferos. III. Os primeiros humanos chegaram ao território brasileiro há cerca de 1,8 milhão de anos. IV. Não havia vertebrados quando a Pangeia começou a se dividir. V. Durante o período de existência dos dinossauros, o monte Everest não existia. Quais dessas afirmações são verdadeiras? (A) I, ll e lV. (B) I e ll. (C) l e V. (D) lll e IV. (E) Nenhuma está correta. ********** ATIVIDADES 2 ********** C2 Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder. H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos. .6. (ENEM-MEC) O desenho do artista uruguaio Joaquín Torres-García trabalha com uma representação diferente da usual da América Latina. Em artigo publicado em 1941, em que apresenta a imagem e trata do assunto, Joaquín afirma: “Quem e com que interesse dita o que é o norte e o sul? Defendo a chamada Escola do Sul porque, na realidade, nosso norte é o Sul. Não deve haver norte, senão em oposição ao nosso sul. Por isso colocamos o mapa ao revés, desde já, e então teremos a justa ideia de nossa posição, e não como querem no resto do mundo. A ponta da América assinala insistentemente o Sul, nosso norte.” TORRES-GARCÍA, J. Universalismo constructivo. Buenos Aires: Poseidón, 1941 (com adaptações). O referido autor, no texto e imagem acima, (A) privilegiou a visão dos colonizadores da América. (B) questionou as noções eurocêntricas sobre o mundo. (C) resgatou a imagem da América como centro do mundo. (D) defendeu a Doutrina Monroe expressa no lema “América para os americanos”. (E) propôs que o sul fosse chamado de norte e vice- -versa. ________________________________________________ *Anotações* CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 31 H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações. .7. (ENEM-MEC) Observe os quadrinhos. QUINO. Toda Mafalda. 5.ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 221. Os quadrinhos relacionam-se a um momento histórico que marcou o século XX. Considerando o contexto geopolítico, é correto afirmar que o momento em destaque refere-se (A) ao avanço da ideologia socialista nos países ocidentais, que sobrepôs a cultura consumista do capitalismo. (B) à decadência dos grandes grupos econômicos nos países ricos após a crise da bolsa de Nova York em 1929. (C) à equiparação de poder existente entre o líder do bloco capitalista (Estados Unidos) e o líder socialista (União Soviética) durante a Guerra Fria. (D) à ascensão do capitalismo nos países periféricos após o fim do socialismo e o equilíbrio criado entre Estados Unidos e os países da América Latina. (E) ao declínio da influência soviética, após a queda do Muro da Vergonha, em Berlim. H8 Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social. .8. (ENEM-MEC) O texto refere-se a uma propaganda veiculada pelo governo de um estado brasileiro. Terra virgem. Terra que precisa ser possuída. Agora. Urgente. Terra que dá arroz, algodão, soja, feijão, milho e tudo mais. Terra que é veio sem fim de amianto, níquel, ouro, diamante, cristal de rocha, manganês, mica – minérios que todo mundo está de olho neles. Terra que engorda gado bom o ano inteiro. Terra para você trabalhar toda a vida e ganhar sempre. Trabalhar, ganhar e viver no conforto. Quem busca lucro e paz o negócio é Goiás. Matéria-prima farta, mão de obra barata. Energia elétrica à vontade. Estradas asfaltadas. Crédito fácil e a longo prazo. (...) Revista Realidade/Amazônia, Editora Abril. A propaganda refere-se (A) ao processo de colonização desencadeadopor ingleses e portugueses no continente americano durante os séculos XVIII e XIX. (B) à expansão das fronteiras agrícolas incentivadas pelo governo nos anos de 1970. (C) à ocupação do planalto central durante a colonização portuguesa no Brasil. (D) à política de criação e desenvolvimento da Amazônia Legal no Brasil. (E) ao incentivo de ocupação do Nordeste, no século XX. .9. (ENEM-MEC) Quando acontece uma seca, no Nordeste toda a estrutura sofre, mas o peso maior é suportado pelos que estão embaixo. A seca, na verdade, é o colapso da produção agrícola e esse colapso se traduz em fome [...] quando ocorre, se lança mão de uma ajuda de emergência [...] mas é preciso estar preparado [...]. É preciso que esses projetos não fiquem sendo manipulados pelos grupos locais. Celso Furtado. In: OLlVA, Jaime; GIANSANTI, Roberto. Temas da geografia do Brasil. São Paulo: Atual, 1999, p. 196. Levando em consideração o texto, sobre o problema da seca no Nordeste brasileiro, é correto afirmar que (A) os projetos para evitar as secas têm sido implantados corretamente pelos políticos locais. (B) o pequeno agricultor foi beneficiado pela ajuda dos vários níveis de governo e das elites locais. (C) a manipulação do dinheiro público pela elite local provoca a chamada indústria da seca. (D) a dinâmica climática leva as secas ao Nordeste, mas permite o desenvolvimento agrícola. (E) existem projetos permanentes de ajuda aos agricultores, mantidos pelos grupos locais, uma vez que as secas são previsíveis. ________________________________________________ *Anotações* CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 32 *MÓDULO 2* Natureza brasileira – Biodiversidade Beleza sob risco A serra do Mar é uma cadeia de montanhas antigas que se estende por cerca de 1.000 quilômetros do Espírito Santo a Santa Catarina. Ela corre mais ou menos paralelamente à costa brasileira. Em algumas regiões, suas montanhas são mais próximas ao mar, como em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, ou Ubatuba, litoral norte de São Paulo. Em outras, como no sul de São Paulo, a serra fica mais distante, dando espaço para uma planície com dezenas de quilômetros entre o mar e as montanhas. A altura dos morros varia de 1.200 a 2.000 metros, tornando as áreas capazes de abrigar diversos tipos da mata Atlântica. O conjunto de morros recebe nomes diferentes em cada região, como serra do Tabuleiro, em Santa Catarina, serra da Graciosa, no Paraná, serra da Bocaina ou dos Órgãos, no Rio de Janeiro. Uma das regiões mais belas do Brasil, a serra do Mar é também um local perigoso. O solo das encostas é uma camada fina, de 1 a 2 metros de terra e fragmentos de rocha que se desprenderam do maciço rochoso. Quando chove, a água se infiltra nas frestas das rochas que estão expostas, tornando a base escorregadia. A água da chuva também fica retida nos arbustos e árvores, que muitas vezes passam de 5 metros de altura. Como a maioria deles tem raízes curtas, a vegetação acaba fazendo peso sobre as rochas, potencializando o deslizamento. Quanto maior o declive das montanhas, mais raso é o solo, pois o material decomposto por intemperismo das rochas é rapidamente levado, pela ação da chuva ou mesmo do vento, para as regiões mais baixas. Por isso, no pico das montanhas a rocha costuma ficar exposta, como o Dedo de Deus, no Rio de Janeiro, e o Marumbi, no Paraná. O relevo íngreme faz da serra do Mar a região com o maior risco de erosão em todo o Brasil (veja o mapa abaixo). Esse fenômeno natural, que ocorre há milhões de anos, é potencializado pelo corte das árvores e pela construção de casas nas encostas. Sem a cobertura vegetal para absorver e reter a água, a erosão (ou seja, o transporte de terra morro abaixo) se multiplica, alterando o relevo e causando mais deslizamentos. A lama erodida acaba em rios – que deixam de ter água cristalina e ganham tons de lama. Por isso, quando o crescimento das grandes cidades chega à serra, o resultado nem sempre é harmônico. No verão, época de mais chuvas no Sul e no Sudeste, a água leva o solo, as árvores e muitas casas. CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 33 A serra do Mar é a região brasileira mais propensa à erosão. O solo das montanhas é uma camada fina, de 1 a 2 metros de terra, sobre uma rocha maciça e lisa. Os deslizamentos acontecem nas épocas de chuva porque a água torna as rochas mais lisas e faz a vegetação e as construções pesar sobre a rocha. Os rios que cortam a Amazônia formam a bacia hidrográfica do Amazonas, a maior do mundo, onde circula cerca de 60% da água doce do Brasil. Esses rios são formados pela água que desce da cordilheira dos Andes, do planalto das Guianas e do planalto central. O principal deles, o rio Amazonas, percorre, dos Andes até o oceano Atlântico, 7.000 quilômetros. A Amazônia é a região mais poluidora do Brasil. Dos mais de 2 bilhões de gases do efeito estufa que o Brasil emite a cada ano, cerca de 60% vêm de lá. Isso ocorre por causa do desmatamento, que libera na atmosfera o carbono que constitui as plantas. Outro motivo é a geração de energia por meio de termelétricas movidas, sobretudo, a óleo diesel. Esse tipo de fonte energética é muito mais poluidor que as hidrelétricas. O desmatamento da Amazônia diminuiu nos últimos anos. Em 2004, 27.000 quilômetros quadrados da floresta foram derrubados. Entre agosto de 2007 e julho de 2008, a taxa havia caído para menos da metade: 12.000 quilômetros quadrados. Mesmo assim, a situação ainda preocupa. Estima-se que 17% da vegetação amazônicajá tenha sido desmatada. As áreas mais propensas à exploração humana são as bordas da floresta: Rondônia, o norte de Mato Grosso, o sul do Pará e o norte do Maranhão, que formam o que os ambientalistas chamam de Arco do Desmatamento. Quase 80% das áreas que sofreram desmatamento se situam a até 5 quilômetros das estradas. A transposição do rio São Francisco consiste em desviar parte da água do maior rio do Nordeste por meio de dutos e canais. Essa água alimentaria rios menores e açudes que secam durante a estiagem na região do semiárido. O empreendimento pode dar mais um empurrão à agricultura nordestina, que vem crescendo com a exportação de frutas. Mas a obra de transposição é alvo de críticas. Opositores dizem que o projeto trará grandes impactos ambientais à região. ________________________________________________ *Anotações* ********** ATIVIDADES 1 ********** Texto para as questões 1 e 2. Filme antigo A cada verão, a falta de planejamento no Brasil causa desastres que poderiam ser evitados Enchente em São Paulo: entre o fim de 2009 e o início de 2010, a cidade registrou o maior índice de chuvas em dez anos MAURÍCIO LIMA / AFP Todos os anos, chuvas de verão derrubam pontes, fecham estradas, deixam milhares de brasileiros desabrigados, matam. Em seguida, autoridades partem em romaria para os locais afetados, fazem discursos compadecidos e prometem verbas ou obras emergenciais, como se tivessem sido colhidas de surpresa pela catástrofe. Na virada de 2010, 126 pessoas morreram no Rio de Janeiro, em São Paulo e no Rio Grande do Sul, os estados mais atingidos pela chuva. Entre eles, a cidade de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, é o caso mais dramático e, também, o retrato mais preciso do conjunto de fatores que desencadeia esse tipo de tragédia. Ali, morreram 52 pessoas na virada do ano, vítimas de deslizamentos de encostas. Tudo era previsível. Na bela região em torno da baía de Angra, com suas 365 ilhas e mais de 2.000 praias, chove quase o dobro da média do Rio de Janeiro, e a instabilidade das encostas é conhecida. Em 2002, 39 pessoas morreram em Angra num deslizamento com características semelhantes às de agora. Apesar disso, nunca foi feito um mapa geológico para verificar quais terrenos são impróprios para construção. É verdade que, do começo de dezembro até a primeira semana de janeiro, caiu o dobro de água do que se esperava. Foi o maior índice em dez anos. Mas não é essa a principal explicação para o que aconteceu na cidade, que experimentou um vertiginoso crescimento populacional a partir dos anos 1970. A construção da Rodovia Rio-Santos aumentou o fluxo de turistas, e grandes obras, como a usina nuclear de Angra 1, levaram multidões de trabalhadores à região. A população do município teve um crescimento de quase três vezes a média brasileira no período. E num local onde o problema de espaço é crônico. Espremida entre a serra e o mar, a cidade não tem para onde crescer. Casas e casebres foram se aglomerando no pé dos morros e, quando não havia espaço, em cima deles. Hoje, 60% dos moradores vivem em áreas de encosta, uma área que, há muito tempo se sabe, tem alto risco de deslizamento. CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 34 Em Ilha Grande, morreram 31 pessoas soterradas. Elas estavam na pousada Sankay e em cinco outras residências engolidas por uma avalanche na madrugada do dia 1.º de janeiro. A pousada tinha licença de funcionamento da prefeitura, mas não a licença ambiental do estado. Mesmo se tivesse, o risco de deslizamento da encosta não teria sido analisado. As casas atingidas no morro da Carioca, no centro de Angra, onde morreram 21 pessoas, tampouco tinham licença. Antes da tragédia, porém, a prefeitura dispunha de um programa para levar saneamento e iluminação pública para aquela área, como se não houvesse um grave problema de segurança. Como se não bastasse, existe um impressionante histórico de corrupção nos órgãos responsáveis pela fiscalização da ocupação do solo em Angra dos Reis. Entre 2006 e 2007, 44 funcionários da prefeitura, do governo estadual e do Ibama foram presos por vender pareceres técnicos favoráveis às construções. Veja, 13/1/2010 (adaptado). .1. (AED-SP) Os deslizamentos nas encostas de Angra dos Reis eram previsíveis? Por quê? ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ .2. (AED-SP) De acordo com o texto, o que aconteceu com a população de Angra dos Reis nos últimos anos? ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ .3. (INEP-MEC) Com base na figura abaixo, analise as afirmações a seguir. INFOGRÁFICO ESTÚDIO PINGADO I. A figura mostra três formas comuns de relevo brasileiro: várzea (vale), montanha e planície. II. Nas cidades brasileiras, é comum as populações mais pobres ocuparem a várzea, área menos valorizada e sujeita a enchentes. III. As áreas mais baixas, na várzea do rio, abrigaram diversas cidades antigas e medievais na Europa e na Ásia. Quais afirmações estão corretas? (A) I e II, apenas. (B) I e III, apenas. (C) II e III, apenas. (D) Nenhuma está correta. (E) Todas estão corretas. .4. (ENEM-MEC) Ministério do Meio Ambiente. Cadastro Nacional de Unidades de Conservação. Analisando-se os dados do gráfico acima, que remetem a critérios e objetivos no estabelecimento de unidades de conservação no Brasil, constata-se que (A) o equilíbrio entre unidades de conservação de proteção integral e de uso sustentável já atingido garante a preservação presente e futura da Amazônia. (B) as condições de aridez e a pequena diversidade biológica observadas na Caatinga explicam por que a área destinada à proteção integral desse bioma é menor que a dos demais biomas brasileiros. (C) o Cerrado, a Mata Atlântica e o Pampa, biomas mais intensamente modificados pela ação humana, apresentam proporção maior de unidades de proteção integral que de unidades de uso sustentável. (D) o estabelecimento de unidades de conservação deve ser incentivado para a preservação dos recursos hídricos e a manutenção da biodiversidade. (E) a sustentabilidade doPantanal é inatingível, razão pela qual não foram criadas unidades de uso sustentável nesse bioma. .5. (FUVEST-SP) Numa casa localizada em uma encosta, o terreno onde é construída a moradia fica completamente encharcado em épocas de chuvas, em razão das águas que descem do telhado e do talude adjacente. A encosta assim exposta, sujeita à alta taxa de infiltração, põe a casa em risco, pelo risco de deslizamentos em períodos de chuva. É possível atenuar os deslizamentos nos morros por meio de microdrenagem, um sistema de canaletas e tubulações. Calhas são instaladas no telhado da casa para recolher a água da chuva, e o excedente de água é conduzido para uma canaleta ao pé do talude. Manual de Ocupação de Morros na Região Metropolitana de Recife (adaptado). CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 35 Sobre o sistema de microdrenagem, é incorreto afirmar que: (A) A maioria dos deslizamentos acontece na época das chuvas porque a água pesa sobre a terra, que não consegue se sustentar sobre as rochas e desliza. (B) A água que cai dos telhados das casas aumenta a possibilidade de deslizamentos. (C) A drenagem contém a água da chuva nos morros, como faz a vegetação em encostas ainda não ocupadas pelo homem. (D) Os sistemas de microdrenagem podem vir acompanhados de outras obras de pavimentação, como calçadas e escadarias nos morros. (E) Cada casa precisa ter canaletas de drenagem conectadas ao sistema principal. .6. (INEP-MEC) Em janeiro de 2008, o Ministério do Meio Ambiente divulgou uma relação contendo os 36 municípios apontados como os campeões no desmatamento da Amazônia. Na lista, estão 19 municípios de Mato Grosso, 12 do Pará, quatro de Rondônia e um do Amazonas. As informações sobre o desmatamento na Amazônia demonstram, em uma primeira análise, que sua ocorrência é predominante, sobretudo, nas regiões: (A) de expansão da fronteira agrícola e da atividade pecuária. (B) de forte expansão urbana e industrial. (C) com elevados índices de crescimento da indústria da construção civil. (D) com maior potencial de consumo local da madeira. (E) nas áreas de fronteira com o Peru e a Colômbia. .7. (ENEM-MEC) O gráfico abaixo mostra a área desmatada da Amazônia, em km2, a cada ano, no período de 1988 a 2008. Fonte: Ministério do Meio Ambiente. As informações do gráfico indicam que (A) o maior desmatamento ocorreu em 2004. (B) a área desmatada foi menor em 1997 que em 2007. (C) a área desmatada a cada ano manteve-se constante entre 1998 e 2001. (D) a área desmatada por ano foi maior entre 1994 e 1995 que entre 1997 e 1998. (E) o total de área desmatada em 1992, 1993 e 1994 é maior que 60.000 km2. ********** ATIVIDADES 2 ********** H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial. .8. (ENEM-MEC) Uma característica do mundo atual é a formação de blocos com o objetivo de integração. Por exemplo, a UE (União Europeia), o Nafta (integrando Estados Unidos, Canadá e México) e o Mercosul (envolvendo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai). A principal característica da formação dos blocos citados no texto é de natureza (A) religiosa. (B) política. (C) econômica. (D) geográfica. (E) social. H10 Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade histórico-geográfica. .9. (ENEM-MEC) No Brasil [...] os escravos foram os ombros, as costas e as pernas que fizeram andar a Colônia e, mais tarde, o Império. Foram o ventre que gerou uma imensa população mestiça e o seio que amamentou os filhos dos senhores. Deixaram uma herança profunda: em 500 anos de história, o Brasil teve três séculos e meio de regime escravocrata contra apenas um de trabalho livre. Eduardo Bueno. Brasil: uma história. 2.ª ed. São Paulo: Ática, 2003, p. 118-119. Analisando o fragmento, é correto afirmar que (A) o Brasil é fruto de um processo de exploração e miscigenação relacionado com a escravização de africanos. (B) a cultura africana enraizou-se na Colônia brasileira e tornou-se padrão dominante a partir do século XVI. (C) em 150 anos de trabalho livre, o negro ascendeu socialmente, anulando as consequências da escravidão. (D) por meio do sacrifício dos africanos e indígenas escravizados, o Brasil adquiriu status de nação desenvolvida. (E) a escravidão de africanos foi a única forma de trabalho compulsório existente na época colonial. CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 36 *MÓDULO 3* Recursos naturais – Água A globalização da água Você já ouviu falar de água virtual? Não se trata de nenhum líquido que corre entre os sites da internet, mas aquela água que consumimos sem saber quando compramos roupas, alimentos e qualquer outro produto industrializado. A água virtual, somada à água consumida diretamente por um indivíduo ou uma população, recebe o nome de pegada hídrica. A pegada hídrica leva em conta não apenas a água agregada aos produtos, mas também o volume poluído na cadeia produtiva. Nem todos os países deixam uma pegada hídrica equivalente à disponibilidade de água em seu território. A razão desse descompasso nas contas é a importação de bens: as nações pobres em água compram do estrangeiro alimentos e produtos industriais e, com eles, importam – na forma de água virtual – o recurso coletado de bacias hidrográficas de outras regiões do globo. A Jordânia, por exemplo, retira a cada anoapenas 1 bilhão de metros cúbicos de água de seus rios e aquíferos. Mas consome até sete vezes mais água (na forma virtual) contida nos produtos que importa. É por esse mecanismo que os chineses afetam as bacias hidrográficas brasileiras quando compram nosso frango e, no sentido inverso, os brasileiros consomem parte da água das bacias chinesas em cada eletroeletrônico made in China. A globalização, que tornou interdependentes os mercados espalhados pelo planeta, reforçou, também, o comércio internacional de água virtual. Entre 1997 e 2001, o comércio internacional transferiu de um país a outro algo em torno de 1 trilhão de metros cúbicos de água virtual por ano, apenas em produtos agropecuários. Se incluirmos aí os produtos industriais, o fluxo anual de água virtual superou o 1,6 trilhão de metros cúbicos. Desse total, 61% do volume viaja invisivelmente em grãos, e outros produtos vegetais, animais e derivados representam 17%. Os produtos industriais utilizam 22% – ou seja, 88% da água virtual transferida entre nações diz respeito diretamente à alimentação da humanidade. O Brasil está entre os maiores exportadores de água virtual do mundo, ao lado dos Estados Unidos, do Canadá e da França. Mas, como todas as demais nações, também importamos água virtual. No saldo final – a diferença entre exportação e importação –, algumas ganham mais do que transferem. Os EUA, por exemplo, perderam entre 1997 e 2001 mais de 53 bilhões de metros cúbicos por ano. Já a Alemanha ganhou 35 bilhões. No mesmo período, o Brasil exportou a cada ano 67,8 bilhões de metros cúbicos – 97% na forma de produtos agropecuários – e teve um saldo negativo de quase 45 bilhões de metros cúbicos. O comércio de água virtual tem um lado bom e outro nem tanto. O aspecto positivo é que essa transferência de água entre as nações alivia a escassez hídrica nos países mais carentes de mananciais. A exportação, nesse caso, funciona como uma espécie de instrumento de democratização do bem natural. Por outro lado, a produção de mais alimentos para vender a outras nações exerce pressão sobre os mananciais dos países exportadores. INFOGRÁFICO ESTÚDIO PINGADO CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 37 A água utilizada pelas residências, para as pessoas matarem a sede ou tomarem banho, significa apenas 10% do consumo mundial. Os restantes 90% são utilizados em processos industriais e no campo. Cerca de 70% do que é extraído dos rios e aquíferos se destina à produção agropecuária. Chama-se água virtual a quantidade hídrica consumida em produtos industrializados e alimentos. Desse modo, a água virtual pode ser exportada na forma de produtos. A soma da água virtual, da água de consumo residencial e daquela que foi poluída durante o consumo ganha o nome de pegada hídrica. As chuvas acima da média na região Sudeste do Brasil, no início de 2010, relacionam-se ao fenômeno climático EI Niño. Trata-se do aquecimento anormal (3 ºC a 7 ºC acima da média) nas águas da superfície do oceano Pacífico próximas à costa da América do Sul, combinado com o enfraquecimento dos ventos alísios. Em vez da velocidade habitual de 15 metros por segundo (m/s) de leste para oeste, os ventos sopram a 2 m/s. Isso faz com que a água aquecida na região equatorial não seja levada em direção à Indonésia, como normalmente ocorre. As massas de ar quentes e úmidas acabaram chegando ao Sudeste brasileiro. Os mananciais são rios, lagos, represas e lençóis freáticos que asseguram a água para o abastecimento público. Merecem um cuidado especial, já que, quando malconservados, exigem gastos muito maiores no tratamento de água. Em grandes metrópoles, a explosão da população provocou a construção de casas até mesmo em áreas de mananciais protegidas por leis ambientais. O vaso sanitário é o campeão do consumo doméstico. Mais da metade do consumo residencial se dá com o chuveiro, a descarga e com simples vazamentos. Somente em São Paulo, a água que escorre por canos antigos ou malconservados poderia abastecer mais de 2 milhões de pessoas. ********** ATIVIDADES 1 ********** Texto para as questões de 1 a 3. Líquido de comer O consumo doméstico representa apenas 10% do total. A maior parte dos gastos de água ocorre na produção de alimentos Bastam 50 litros de água por dia para que uma pessoa mantenha a higiene, mate a sede e prepare as refeições. Mas, quando se inclui no cálculo a água necessária para produzir os alimentos básicos que chegam à nossa mesa, cada cidadão precisa de muito mais – algo em torno de 3.600 litros por dia. Isso significa que, no decorrer de um ano, uma pessoa precisa de mais de 1 milhão de litros, cerca de dois quintos do volume de uma piscina olímpica. Mas a água que se usa em casa, aquela que sai de torneiras e chuveiros, representa uma pequena parcela de tudo o que cada cidadão consome – no total, apenas 10% do consumo mundial. Para o consumidor doméstico, os restantes 90% vêm na forma de água invisível, dissolvida nos mais diferentes produtos e atividades. A agricultura e a pecuária são, de longe, as atividades responsáveis pela maior parte do consumo de água. Cerca de 70% do que é extraído dos rios e aquíferos se destina à produção agropecuária. Para garantir safras de arroz, trigo e leite, o homem reduziu a vazão de grandes rios. Considere o seguinte café da manhã reforçado: uma xícara de café, um copo de leite, uma fatia de pão, outra de queijo, um ovo quente e um copo de suco de laranja. Quem ingerir essa refeição consumirá indiretamente mais de 600 litros de água – o volume utilizado para irrigar as plantações de café, de laranja e de trigo e para matar a sede do gado que deu o leite e alimentar com ração a ave que botou o ovo. Se nosso convidado para o café da manhã estiver usando uma camiseta de algodão e um tênis de couro, a dívida para com as fontes hídricas mundiais subirá mais 10.000 litros. Isso sem contar a água empregada na fabricação da mesa e das cadeiras da sala, a eletricidade consumida pela geladeira na qual os alimentos foram conservados, o combustível utilizado no transporte dos alimentos do campo para as prateleiras do supermercado etc. Enfim, tudo o que a sociedade moderna consome, de alimentos e ligas metálicas a eletricidade e petróleo, só existe porque a água foi utilizada, como matéria-prima ou como insumo, na produção do bem ou do serviço. Superinteressante, São Paulo, dez. 2009. .1. (AED-SP) Em que atividade é gasta a maior parte da água doce do mundo?___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ .2. (AED-SP) Ao todo, quanto de água um cidadão necessita por dia, em média? ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ .3. (AED-SP) É correto afirmar que a água é uma matéria-prima? Justifique sua resposta. ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 38 .4. (FUVEST-SP) Observe os dados contidos na tabela a seguir: UFSCar 2004 – Adaptado de Pearson apud Sene & Moreira, 2002 e World Bank Atlas, 2000. Considere as afirmações: I. Geleiras e neve são a segunda fonte de água potável mais utilizada pelo homem. II. Duas regiões chamam atenção pela pouca disponibilidade de água e presença de climas áridos: o Oriente Médio e o norte da África. III. As chamadas águas de superfície representam uma fração mínima da água doce disponível no mundo. São corretas as afirmações: (A) I e ll, apenas. (D) I, II e III. (B) l e lll, apenas. (E) n. d. a. (C) ll e lll, apenas. .5. (ENEM-MEC) A situação atual das bacias hidrográficas de São Paulo tem sido alvo de preocupações ambientais: a demanda hídrica é maior que a oferta de água e ocorre excesso de poluição industrial e residencial. Um dos casos mais graves de poluição da água é o da bacia do alto Tietê, onde se localiza a região metropolitana de São Paulo. Os rios Tietê e Pinheiros estão muito poluídos, o que compromete o uso da água pela população. Avalie se as ações apresentadas abaixo são adequadas para se reduzir a poluição desses rios. I. Investir em mecanismos de reciclagem da água utilizada nos processos industriais. II. Investir em obras que viabilizem a transposição de águas de mananciais adjacentes para os rios poluídos. III. Implementar obras de saneamento básico e construir estações de tratamento de esgotos. É adequado o que se propõe (A) apenas em I. (D) apenas em II e III. (B) apenas em II. (E) em I, II e III. (C) apenas em I e III. .6. (INEP-MEC) Consumo mundial de água por setor, segundo a renda dos países (em%) O consumo de água é maior: (A) Na agricultura mundial, devido à produção de biocombustíveis. (B) Nos domicílios que na agricultura, nos países de industrialização tardia. (C) No setor domiciliar, em países de renda média com altos índices de urbanização. (D) Na indústria que na agricultura, em países da primeira revolução industrial. (E) Na agricultura, em países com uso intensivo do solo e de renda elevada. .7. (INEP-MEC) INFOGRÁFICO ESTÚDIO PINGADO Fonte: Veja, 10/2/2010. CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 39 O verão 2009/2010 bateu recordes de índices pluviométricos no Sudeste brasileiro, com sérias consequências para a população da região. No infográfico apresentado, podemos observar as principais causas desse excesso de chuva. De acordo com os mecanismos descritos, não podemos afirmar que: (A) O fenômeno do EI Niño tem relação com a oscilação de temperatura do oceano Pacífico. (B) A média de temperatura de São Paulo em 2010 excedeu em 1,4 grau a média considerada normal para o estado. (C) A grande evaporação das águas do Atlântico contribui para a alta pluviosidade. (D) A umidade que chegou a São Paulo foi gerada em diversas regiões, exceto na Amazônia, que se situa muito distante da região Sudeste. (E) As chuvas que caíram no inverno também contribuíram, indiretamente, para o aumento da pluviosidade no verão. .8. (ENEM-MEC) Os ingredientes que compõem uma gotícula de nuvem são o vapor de água e um núcleo de condensação de nuvens (NCN). Em torno desse núcleo, que consiste em uma minúscula partícula em suspensão no ar, o vapor de água se condensa, formando uma gotícula microscópica, que, devido a uma série de processos físicos, cresce até precipitar-se como chuva. Na floresta Amazônica, a principal fonte natural de NCN é a própria vegetação. As chuvas de nuvens baixas, na estação chuvosa, devolvem os NCNs, aerossóis, à superfície, praticamente no mesmo lugar em que foram gerados pela floresta. As nuvens altas são carregadas por ventos mais intensos, de altitude, e viajam centenas de quilômetros de seu local de origem, exportando as partículas contidas no interior das gotas de chuva. Na Amazônia, cuja taxa de precipitação é uma das mais altas do mundo, o ciclo de evaporação e precipitação natural é altamente eficiente. Com a chegada, em larga escala, dos seres humanos à Amazônia, ao longo dos últimos 30 anos, parte dos ciclos naturais está sendo alterada. As emissões de poluentes atmosféricos pelas queimadas, na época da seca, modificam as características físicas e químicas da atmosfera amazônica, provocando o seu aquecimento, com modificação do perfil natural da variação da temperatura com a altura, o que torna mais difícil a formação de nuvens. Paulo Artaxo et al. O mecanismo da floresta para fazer chover. In: Scientific American Brasil, ano 1, n.º 11, abr./2003, p. 38-45 (com adaptações). Na Amazônia, o ciclo hidrológico depende fundamentalmente (A) da produção de CO2 oriundo da respiração das árvores. (B) da evaporação, da transpiração e da liberação de aerossóis que atuam como NCNs. (C) das queimadas, queproduzem gotículas microscópicas de água, as quais crescem até se precipitarem como chuva. (D) das nuvens de maior altitude, que trazem para a floresta NCNs produzidos a centenas de quilômetros de seu local de origem. (E) da intervenção humana, mediante ações que modificam as características físicas e químicas da atmosfera da região. .9. (ENEM-MEC) O aquífero Guarani, megarreservatório hídrico subterrâneo da América do Sul, com 1,2 milhão de km2, não é o “mar de água doce” que se pensava existir. Enquanto em algumas áreas a água é excelente, em outras, é inacessível, escassa ou não potável. O aquífero pode ser dividido em quatro grandes compartimentos. No compartimento Oeste, há boas condições estruturais que proporcionam recarga rápida a partir das chuvas e as águas são, em geral, de boa qualidade e potáveis. Já no compartimento Norte-Alto Uruguai, o sistema encontra-se coberto por rochas vulcânicas, a profundidades que variam de 350 m a 1.200 m. Suas águas são muito antigas, datando da Era Mesozoica, e não são potáveis em grande parte da área, com elevada salinidade, sendo que os altos teores de fluoretos e de sódio podem causar alcalinização do solo. Scientific American Brasil, n.º 47, abr./2006 (com adaptações). Em relação ao aquífero Guarani, é correto afirmar que (A) seus depósitos não participam do ciclo da água. (B) águas provenientes de qualquer um de seus compartimentos solidificam-se a 0 ºC. (C) é necessário, para utilização de seu potencial como reservatório de água potável, conhecer detalhadamente o aquífero. (D) a água é adequada ao consumo humano direto em grande parte da área do compartimento Norte-Alto Uruguai. (E) o uso das águas do compartimento Norte-Alto Uruguai para irrigação deixaria ácido o solo. CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 40 ********** ATIVIDADES 2 ********** C4 Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social. H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social. .10. (ENEM-MEC) Depois de lutar contra a exploração capitalista, os trabalhadores têm agora que lutar contra a falta dela. Do sistema de exploração passiva para uma situação de exclusão porque os grandes centros capitalistas precisam cada vez menos do trabalho... Adaptado de KURZ, R. O Colapso da Modernização. São Paulo: Paz e Terra, 1992. Ao mencionar, no texto, a situação de exclusão dos trabalhadores, o autor refere-se (A) ao crescimento dos governos socialistas que, tomando para o Estado as empresas privadas, despedem os trabalhadores para empregar funcionários públicos. (B) ao crescimento de forças sindicais muito mais representativas dos interesses das empresas do que dos direitos dos trabalhadores. (C) à redução da participação da mão de obra nas indústrias como resultado da utilização de tecnologias modernas de produção. (D) ao contrato de aumento salarial para uma parte dos trabalhadores em troca da demissão dos operários mais qualificados. (E) aos baixos salários pagos aos trabalhadores, impossibilitados de competir com as máquinas. H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção. .11. (ENEM-MEC) O texto trata de um exemplo da atual distribuição espacial das indústrias. (...) Um carro esporte Mazda é desenhado na Califórnia, financiado por Tóquio; o protótipo é criado em Worthing (Inglaterra) e a montagem é feita nos Estados Unidos e no México, usando componentes eletrônicos inventados em Nova Jersey e fabricados no Japão (...) ORTIZ, Renato. Mundialização e Cultura. In O trabalho na Economia Global. CARMO, Paulo Sérgio do, Coleção Polêmica. Editora Moderna, 1998. A principal característica das indústrias, abordada no texto, é (A) a centralização de todos os setores da indústria em áreas de grande disponibilidade de matérias-primas. (B) a dispersão dos setores da indústria para países da América do Sul com grande mercado consumidor. (C) a concentração dos setores da indústria em países ricos, de alta tecnologia e mão de obra barata. (D) a descentralização dos setores da indústria como resultado da ampliação dos meios de transporte e comunicação, barateando os custos. (E) a independência dos setores industriais, dificultando a globalização. .12. (ENEM-MEC) (...) O cidadão norte-americano desperta num leito construído segundo padrão originário do Oriente Próximo, mas modificado na Europa setentrional, antes de ser transmitido à América. Sai de baixo de cobertas feitas de algodão, cuja planta se tornou doméstica na Índia; ou de linho ou de lã de carneiro, um e outro domesticados no Oriente Próximo; ou de seda cujo emprego foi descoberto na China. Todos esses materiais foram fiados e tecidos por processos inventados no Oriente Próximo. Ao levantar da cama faz uso dos mocassins que foram inventados pelos índios das florestas do leste dos EUA e entra no quarto de banho cujos aparelhos são uma mistura de invenções europeias e norte-americanas, uma e outras recentes (...) LlNTON, Ralph. O Homem: Uma Introdução à Antropologia. 8.ª ed. São Paulo: Martins, 1971. Pode-se afirmar que os diversos produtos destacados no texto foram (A) incorporados e consumidos apenas nos países ricos. (B) incorporados sucessivamente por diversos povos ao longo do tempo. (C) criados por muitos povos e industrializados apenas nos Estados Unidos. (D) incorporados apenas pelo cidadão norte-americano. (E) a superioridade dos EUA com relação ao conforto dos cidadãos. ________________________________________________ *Anotações* CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 41 *MÓDULO 4* Meio ambiente – Aquecimento global Fenômeno útil Muita gente até se arrepia quando ouve falar em efeito estufa. E não é de frio – até porque o efeito estufa está relacionado a calor –, mas de susto mesmo. Afinal, sempre se diz que ele é o grande vilão do aquecimento global. Mas uma coisa precisa ficar clara: é graças a ele que existe vida em nosso planeta. O efeito estufa é um fenômeno natural que faz com que a temperatura média do globo se conserve nos limites necessários para a manutenção da vida, em torno de 14,5 ºC. Ele ocorre graças a gases como o carbono, que existem naturalmente na atmosfera e impedem a dissipação para o espaço de parte da radiação vinda do Sol que é absorvida e refletida pela Terra (veja o infográfico abaixo). O problema é que, devido à ação do homem – sobretudo por meio da emissão de gases poluentes e da queima de florestas –, esse benéfico cobertor atmosférico está se transformando num forno. Há tempos o uso maciço de combustíveis fósseis (carvão e petróleo) e a utilização predatória da terra (desmatamentos, queimadas, depósitos de lixo) vêm liberando na atmosfera uma imensa quantidade de gases que retêm calor. Acredita-se que, por isso, a temperatura do planeta tem aumentado progressivamente. Essa foi a principal conclusão do 4.º Painel lntergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado pela ONU em 2007. A principal evidência que sustentou o relatório foi a relação direta entre o aumento da temperatura global e o aumento da concentração de CO2 na atmosfera. Rebatendo o relatório do IPCC, outros cientistas afirmam que a Terra já teria passado por diversas mudanças climáticas no decorrer dos séculos, independentemente da ação do homem. Mesmo assim, fenômenos explícitos, como o derretimento de geleiras e a morte de ursos-polares em blocos de gelo despedaçados, contribuíram, em 2007, para um alarme generalizado sobre o aquecimento global. Soluções para estancar o problema consistem em utilizar aparelhos e equipamentos que consumam menos energia, cortar a emissão de carbono das queimadas de florestas e o uso de combustíveis fósseis. Nesse sentido, um exemplo bem-sucedido foi a redução da emissão mundial de gases clorofluorclorados (CFC), que atacavam a camada de ozônio. Estudos recentes já apontam uma redução significativa no tamanho do buraco. Fonte: Guia do Estudante – Geografia, Vestibular + ENEM 2009. CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 42 O efeito estufa é um fenômeno natural que faz com que a temperatura média do globo se conserve nos limites necessários para a manutenção da vida, em torno de 14,5 ºC. Ele ocorre graças a gases como o carbono, que existem naturalmente na atmosfera e impedem a dissipação para o espaço de parte da radiação vinda do Sol que é absorvida e refletida pela Terra. O problema é que, devido à ação do homem – sobretudo por meio da emissão de gases poluentes e da queima de florestas –, esse benéfico cobertor atmosférico está se transformando num forno. Os clamores sobre o aquecimento global ganharam eco em 2007, quando o derretimento de geleiras e as imagens de ursos-polares em blocos de gelo despedaçados deram sinais evidentes de que o planeta estava esquentando. O 4.º Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), daquele ano, vinculou o aumento da temperatura global ao aumento da concentração de CO2 na atmosfera. Entre o fim de 2009 e o começo de 2010, o IPCC sofreu um revés quanto à validade de suas informações. A liberação de uma série de e-mails trocados por cientistas da Unidade de Pesquisa Climática de East Anglia, na Grã-Bretanha, mostrou que eles exageravam nos números sobre o aumento da temperatura. Os cientistas que negam o aquecimento global ou seus riscos afirmam que não há base científica para prever, com antecedência de décadas, como será o clima da Terra. Defendem também a ideia de que não se pode confiar nos dados climáticos que mostram o aquecimento global: eles foram influenciados pela opinião pessoal dos cientistas. Também acreditam ser muito difícil provar a responsabilidade do homem: o clima seria muito mais influenciado pelas glaciações, pelo vulcanismo, pela quantidade de nuvens e por fenômenos astronômicos, como as manchas solares. A maior parte do carbono da atmosfera é captada não pelas florestas, mas pelos oceanos. Quando se combina com a água do mar, o dióxido de carbono se transforma em ácido carbônico, dissolve-se no mar e forma carbonatos. Esses materiais constituem animais marinhos e também se depositam lentamente no fundo do mar, formando, com a passagem do tempo, as rochas calcárias. ________________________________________________ *Anotações* ********** ATIVIDADES 1 ********** Texto para as questões 1 e 2. O desafio de crescer sem poluir As nações emergentes assumem o posto de vilãs do aquecimento global Quando se fala em aquecimento global, logo vem ao debate a importância de diminuir a poluição dos gases de efeito estufa. Dióxido de carbono, óxido nitroso e metano, os principais gases que prendem o calor na atmosfera, são liberados tanto por plantas e animais quanto pela indústria, pelos sistemas de transporte e por grande parte das usinas de energia elétrica. O esforço em cortar as emissões é mais polêmico para nações emergentes e populosas que estão se desenvolvendo, como a Índia e, principalmente, a China. Esses dois países se esforçam para crescer e acabar com a miséria. Segundo a Unicef, a China tem pelo menos 100 milhões de miseráveis e a Índia, cerca de 250 milhões – uma população maior que a do Brasil. Tirar esse enorme contingente da miséria é um desafio dos governos que, à primeira vista, vai contra a luta pelo corte das emissões de carbono na atmosfera. Quanto mais a economia crescer, mais a população vai consumir – e consumir implica emitir carbono na atmosfera. Desde os anos 1990, quando começaram as pressões pela redução da poluição, as emissões na China aumentaram 40%. Analistas preveem que só em 2050 poderá ser possível falar de uma redução concreta dos gases de efeito estufa. Com 1,3 bilhão de habitantes, a China ganhou recentemente o posto de o país mais poluidor do mundo, ocupando a posição que por décadas foi dos Estados Unidos. Apesar disso, cada chinês, em média, polui
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