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Internato APS 01 – Sarah Yumi S. Nishikawa 
Resumo para N1 Nacional 
 
Temas APS 1 – 2023/2 
 
1. Processo saúde-doença 
2. Ética médica 
3. Sistema de saúde suplementar 
4. SUS e leis orgânicas de saúde 
5. Dinâmica de transmissão e distribuição de doenças 
6. Transição epidemiológica, demográfica e nutricional 
7. Aspectos biológicos e fisiologia do envelhecimento 
8. Avaliação global do idoso 
9. Fragilidade e síndrome da imobilização em vulneráveis 
10. Instabilidade postural e quedas 
11. Violência e maus-tratos contra a população idosa 
12. Síndrome gripal 
13. Rastreamento de doenças na APS – neoplasia de colo de útero, mama, próstata e colorretal, HAS, 
DM, dislipidemia e obesidade 
 
Tema 01 – Processo Saúde-Doença 
 A saúde pública é a ciência e arte de evitar doenças, prolongar a vida e desenvolver a saúde física, 
mental e a eficiência, por esforços organizados da comunidade, para saneamento do meio ambiente, controle 
de infecções, organização de serviços médicos e paramédicos para o diagnóstico precoce e o tratamento 
preventivo de doenças e, assim, assegurar um padrão de vida adequado para a manutenção da saúde. 
 A epidemiologia é responsável por estudar o processo saúde-doença na comunidade, analisando a 
distribuição e os fatores determinantes das enfermidades e os agravos à saúde coletiva, propondo medidas 
específicas de prevenção, de controle ou de erradicação. 
 A expressão saúde-doença é usada para referir a todas as variáveis que envolvem a saúde e a doença 
de um indivíduo ou população e considera que ambas estão interligadas e são consequências dos mesmos 
fatores. De acordo com esse conceito, a determinação do estado de saúde é um processo complexo. 
 Saúde  estado de completo bem-estar físico, mental e social e não 
apenas como ausência de doença/enfermidade; resultante das 
condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, 
trabalho, lazer, acesso/posse da terra/serviço de saúde. 
 Doença  contrução teórica com base em observações objetivas que 
tentam explicar o problema. É um conjunto de manifestações específicas 
que afetam um ser vivo, alterando o seu estado normal de saúde. 
 Adoecimento  experiência pessoal e subjetiva de quem está doente e 
é diferente para cada indivíduo. 
Modelos de Atendimento Médico: 
a. MODELO MÁGICO-RELIGIOSO: doença como ação de forças alheias, por causa de desagrado dos 
deuses, uma maldição; observações empíricas sobre o uso de ervas medicinais. 
 
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b. MODELO HOLÍSTICO: proporção justa entre saúde e doença; a causa do desequilíbrio estava relacionada 
ao ambiente físico (astros, clima, insetos, etc). 
c. MODELO EMPÍRICO-RACIONAL: relação do homem com o meio; teoria dos humores/quatro fluídos 
(sangue, fleuma, bile amarela e bile negra) – a saúde é o equilíbrio dos humores e a doença, desequilíbrio. 
d. MODELO BIOMÉDICO: foca na explicação das doenças; doença x ambiente (causas da doença num fator 
externo ao organismo, tendo o homem como receptáculo da doença. A saúde é reduzida a um 
funcionamento mecânico, no qual o homem atua como máquina, o médico como mecânico e a doença 
como defeito da máquina. 
e. MODELO UNICAUSAL: os estudos se voltam à compreensão do corpo humano e das alterações 
anatômicas decorrentes da doença, concentrando-se no desenvolvimento dos sintomas clínicos. 
Revolução pausteriana com o microscópio e o descobrimento de microorganismos causadores de 
doenças (causa e intervenção). 
f. MODELO MULTICAUSAL: tríade ecológica e epidemiológica (hospedeiro  agente etiológico  meio 
ambiente). Surge para explicar questões de saúde que surgem com o processo de desenvolvimento 
científico e econômico. 
g. MODELO PROCESSUAL: as interrelações entre o agente, a pessoa suscetível e o meio ambiente, que 
afetam o processo global e o desenvolvimento da doença; desde as primeiras forças que criam o estímulo 
para o processo patológico no meio ambiente, até as alterações que levam a um defeito/invalidez, a 
recuperação ou a morte. 
h. MODELO SISTÊMICO: processo saúde-doença como processo sistêmico; o sistema sendo um conjunto 
de elementos, de tal forma relacionados, que uma mudança no estado de qualquer elemento provoca 
mudança nos demais. Sistema epidemiológico em equilíbrio dinâmico. Ideia de contribuição de diferentes 
elementos do ecossistema no processo saúde-doença (políticos, socioeconômicos, culturais, ambientais, 
agentes patogênicos etc). 
 
História Natural das Doenças: 
 O desenvolvimento do processo saúde-doença é dividido em dois momentos sequenciais: a fase pré-
patogênica (período epidemiológico) e a fase patogênica. Na 1ª fase (epidemiológica) o interesse dirigido 
para as relações entre hospedeiro e ambiente e interesse na transmissibilidade. Na 2ª fase (patogênica) o 
interesse se volta ao ser vivo acometido por determinada doença e nas suas modificações. 
 Períodos: latência (desde a exposição até se tornar infeccioso); de incubação (desde a exposição até o 
desenvolvimento de sintomas); de transmissibilidade (aquele em que o indivíduo é capaz de transmitir a 
doença, enteja ou não com sintomas); de manifestações clínicas. 
Determinantes 
Sociais de Saúde 
 
3 
Prevenção: 
 Ação antecipada com o fim de evitar interceptar e/ou anular a evolução de uma doença. Identifica 
riscos, atua sobre eles, mas não considera alcançada a gênese dos riscos. 
 Prevenção primária: proteção específica (imunizações, saúde ocupacional, higiene, proteção contra 
acidentes, aconselhamento genético, controle de vetores); promoção da saúde. 
 Prevenção secundária: diagnóstico precoce (rastreio com exames periódicos, isolamento para não 
propagar doença, tratamento para evitar a progressão da doença). 
 Prevenção terciária: reabilitação (fisioterapia, terapia ocupacional), emprego para reabilitados de CAPS. 
 Prevenção quaternária: não relacionada ao risco de doenças, mas ao risco por excesso de 
intervenções/medicações desnecessárias (para diminuição de efeitos adversos do tratamento). 
 Prevenção quinquenária: compreende o profissional de saúde como elemento dinâmico; prevenção de 
Burnout nos profissionais. 
 Prevenção primordial: vai além dos fatores físicos da doença; procura evitar o processo de instalação 
de fatores de risco. 
 
Tema 02 – Código de Ética Médica 
 O código de ética médico contém as normas que devem ser seguidas pelos médicos no exercício de 
sua profissão, inclusiva nas atividades relativas ao ensino, à pesquisa e à administração de serviços de saúde, 
bem como em quaisquer outras que utilizem o conhecimento do estudo da medicina. A transgressão das 
normas deontológicas sujeitará os infratores a penas disciplinares previstas em lei. 
Princípios Fundamentais (Capítulo I): 
 O alvo de toda atenção do médico é a saúde do ser humano; deverá agir com o máximo de zelo e o 
melhor de sua capacidade profissional. O médico guardará absoluto respeito pelo ser humano e atuará 
sempre em seu benefício, mesmo após a morte. Jamais utilizará seus conhecimentos para causar sofrimento 
físico ou moral, para extermínio do ser humano ou para permitir e acobertar tentativas contra sua dignidade 
e sua integralidade. 
 Para exercer a medicina com honra e dignidade, o médico necessita ter boas condições de trabalho e 
ser remunerado de forma justa. No processo de tomada de decisões profissionais, o médico aceitará as 
escolhas de seus pacientes relativas aos procedimentos diagnósticos e terapêuticos por eles expressos, desde 
que adequadas ao caso e cientificamente reconhecidas. Nas situações clínicas irreversíveis e terminais, o 
médico evitará a realização de procedimentos diagnósticos e terapêuticos. 
Direito dos Médicos (Capítulo II): 
 O médico deve exercer medicina sem ser discriminado. Pode recusar-se a exercer sua profissão em 
instituição onde as condições de trabalho não sejam dignas ou possam prejudicar a própriasaúde ou a do 
paciente, bem como dos demais profissionais. Pode recusar-se a realizar atos médicos que, embora 
permitidos por lei, sejam contrários aos ditames de sua consciência (por ex: não concordar com o aborto e 
não realizar, mas dar seguimento para outro profissional). 
É Vedado ao Médico: 
 Deixar de comparecer ao plantão em horário pré-estabelecido/abandoná-lo sem um substituto. 
 Deixar de obter TCLE. 
 
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 Receitar, atestar ou emitir laudos de forma secreta ou ilegível, sem a devida identificação do seu n° de 
registro no CRM da sua jurisdição, bem como assinar em branco a folhas de receituário, atestados, laudos 
ou quaisquer documentos médicos. 
 Deixar de garantir o direito de decidir livremente sobre sua pessoa/seu bem-estar. 
 Desrespeitar o direito do paciente/representante legal de decidir livremente sobre a execução de práticas 
diagnósticas e terapêuticas, salvo em risco iminente de morte do paciente. 
 Deixar de atender paciente que procure cuidados profissionais em caráter de urgência/emergência 
quando não houver outro médico em condições. 
 Abreviar a vida do paciente. 
 Participar do diagnóstico de morte ou da decisão de suspender meios artificiais para prolongar vida de 
possível doador, quando pertencente a equipe de transplante. 
 Desrespeitar a prescrição/tratamento determinado por outro médico. 
 Deixar de encaminhar paciente que lhe foi encaminhado para procedimento especializado de volta ao 
médico assistente, oferecendo-lhe as informações do que foi realizado. 
 Exercício mercantilista da medicina. 
 Revelar sigilo profissional relacionado a criança/adolescente, salvo quando acarretar em dano. 
 Expedir documento médico sem ter praticado ato profissional que justifique. 
 Usar formulários institucionais para atender, prescrever e solicitar exames ou procedimentos fora da 
instituição a que pertençam tais formulários. 
 Deixar de atestar óbito para paciente que vinha prestando assistência, salvo se indícios de morte violenta. 
 Deixar de elaborar prontuário legível. 
 Negar ao paciente ou, na sua impossibilidade, a seu representante legal, acesso ao seu prontuário. 
 Ser perito/auditor do próprio paciente, de pessoa da sua família ou de qualquer que tenha relações 
capazes de influir em seu trabalho ou da empresa que atue/atuou. 
 Participar de experimentos envolvendo seres humanos, com fins bélicos, políticos, étnicos, eugênicos e 
outros que atentem contra a dignidade humana. 
 Publicar em seu nome trabalho científico do qual não tenha participado. 
 Divulgar informações sobre assunto médico de forma sensacionalista, promocional ou inverídico. 
 O exercício profissional em casos de doenças incapacitantes, apurada pelo CRM em perícia médica. 
 
Tema 03 – Sistema de Saúde Suplementar 
O Brasil possui um sistema de saúde híbrido, financiado com recursos públicos que garantem acesso 
universal, mas o SUS acontece em um ambiente social desigual, com prestadores de dupla jornada (público 
e privado) com uma dupla porta de entrada que dá preferência àqueles que pagam com os seus recursos. 
A ANVISA e ANS são agencias com autonomia administrativa que exercem função regulatória com 
eficiência normativa e independência política sob formato de autarquias. Algumas competências da ANS são: 
detalhamento de cobertura obrigatória (rol de procedimentos), elegibilidade e carências relacionadas a 
doenças pré-existentes, configuração empresaria do mercado (autorizar novas empresas), dimensões da rede 
de serviços; acompanhamento e ajuste dos preços, contratos, punições e fiscalização de qualidade. 
O marco regulatório da ANS trouxe segurança aos clientes e legitimidade às empresas, que passam a 
ser reconhecidas como de caráter suplementar ao SUS, agregando qualificação positiva ao patrimônio de 
empresas que operam segundo uma lógica diversa a integridade do SUS. As diversas modalidades, com todas 
as suas diferentes trajetórias, são chamadas de operadoras de planos de saúde. 
 
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Modalidades de Saúde Suplementar: 
a. MEDICINA DE GRUPO: modalidade mais comum no Brasil; empresa para prestação de assistência média 
mediante pré-pagamento (paga todo mês um valor correspondente a um pacote de benefícios), podendo 
ser vendido para pessoa física ou jurídica. Por exemplo, AMIL. 
b. AUTOGESTÃO: administradas diretamente pelas empresas (cria o plano aos seus funcionários, não pode 
ser vendido; é feito para quem trabalha alí), pessoas jurídicas (serviços próprios, como ambulatórios ou 
laboratórios), credenciados e de livre escolha. Por exemplo, o CASSI. 
c. COOPERATIVAS MÉDICAS: grupos formados por médicos cooperados com participação nos resultados 
(mas não é o objetivo final), mas sem fins lucrativos; podem possuir hospitais próprios. Recebem 
preferência como instância complementar de assistência no SUS. Por exemplo, a UNIMED. 
d. SEGURADORAS DE SAÚDE: ocorre livre escolha de médicos, clínicas e hospitais, gerando reembolso 
(variáveis de acordo com o serviço contratado), regulamentado pela Superintendência de Seguros 
Privados – SUSEP. Os planos de saúde vendidos por seguradoras especializadas podem referenciar seus 
clientes para unidades assistenciais credenciadas, ao invés de apenas reembolsar sinistros relacionados 
com o adoecimento. Por exemplo, Porto Seguro. 
e. ADMINISTRADORAS DE BENEFÍCIOS: empresas especializadas em gestão de benefícios para terceiros, 
geralmente outras empresas, que contratam essa modalidade de operadoras como retaguarda na gestão 
de um pacote de benefícios voltados para seus trabalhadores de atividade fim. É uma atividade de 
intermediação ou agenciamento, em que uma administradora de benefícios oferece aos seus clientes 
uma variedade de opções em termos de operadoras de planos de saúde intercambiáveis e ajustáveis ao 
interesse de cada grupo de beneficiários. 
 
Tema 04 – Sistema Único de Saúde e Leis Orgânicas de Saúde 
História do SUS: 
 Inicialmente, a instituição que se dedicava ao atendimento de saúde gratuito eram as Santas Casas. 
Em seguida, foram instauradas as Caixas de Aposentadoria e Pensão, que se transformaram depois em 
Instituto de Aposentadoria e Pensões, que tinham como função organizar o sistema previdenciário. Com o 
passar do tempo, o sistema de saúde passou a se denominar de Instituto Nacional de Previdência Social e, 
posteriormente, Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social, que passa a atender os 
trabalhadores de carteira assinada, apenas. Com sua evolução, é implementado o Sistema Unificado e 
Descentralizado de Saúde, mais próximo da instauração do SUS. Por fim, legalizada em 1988 pela Constituição 
Federal, surge o Sistema Único de Saúde. 
 
Sistema Único de Saúde: 
 Em 1990, a lei n° 8080 (“Lei Orgânica da Saúde”) detalha o funcionamento do SUS. Atualmente o 
sistema é descentralizado, municipalizado e participativo. A Constituição de 1988 define três grandes 
diferenciais para o sistema de saúde brasileiro: conceito ampliado de saúde + saúde como direito do cidadão 
e dever do Estado + instituição de um sistema único de saúde para toda a população. 
 Todos os brasileiros utilizam o SUS de alguma maneira, pois esse não se resume apenas ao 
atendimento clínico e hospitalar. É usado como um modelo de referência internacional por conta do seu 
alcance e da sua multiplicidade de serviços. Assim, alguns serviços oferecidos pelo SUS a população, são: 
controle de qualidade da água potável; fiscalização de alimentos pela vigilância sanitária; regras de vendas 
 Santa Casa  CAP  IAP  INPS  INAMPS  SUDS  SUS  
 
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de medicamentos genéricos; campanhas de vacinação, doação de sangue, doação de leite materno; 
transplante de órgãos, entre outros. 
 SISTEMA: conjunto de órgãos e instituições, das três esferas de governo, que se integram com o objetivo 
de prestar assistência à saúde da população de forma integral. 
 ÚNICO: sóexiste ele; mesma forma de organização e funcionamento em todo o território nacional. 
 SAÚDE: deixa de ser a ausência de doença e passa a abranger fatores determinantes e condicionantes à 
saúde, como renda, atividade física, meio ambiente, saneamento e lazer. 
Princípios Doutrinários do SUS 
Garantia de atenção à saúde por parte do sistema, a todo e qualquer cidadão. 
Conjunto de ações e serviços de saúde em todos os níveis de complexidade do 
sistema. 
Todo cidadão é igual perante o SUS e será atendido conforme sua necessidade. 
Princípios Organizacionais do SUS (Diretrizes) 
O acesso da população se dá através dos serviços de nível 1° de atenção, que devem 
estar qualificados para atender e resolver os principais problemas que demandam os 
serviços de saúde; os demais, devem ser referenciados para serviços de maior 
complexidade tecnológica. 
A rede de serviços organizada de forma hierarquizada, permite um conhecimento 
maior dos problemas de saúde da população da área delimitada, favorecendo ações 
de vigilância epidemiológica, sanitária, controle de vetores, educação em saúde, além 
de ações ambulatoriais e hospitalares. 
Quando um indivíduo busca o atendimento ou quando surge um problema de 
impacto coletivo sobre a saúde, o serviço correspondente deve estar capacitado para 
enfrentar e resolver até o nível da sua complexidade. 
Redistribuição das responsabilidades quanto às ações e serviços de saúde entre os 
vários níveis de governo. 
Conselhos e conferencia de saúde; garantia pela constituição de que a população, 
por meio de suas entidades representativas, participará do processo de formulação 
de políticas de saúde e do controle da sua execução. 
A constituição define que, quando ocorrer insuficiência do setor público, pode se 
fazer necessário a contratação de serviços privados. 
Gestão do SUS: 
 A Lei Orgânica da saúde n° 8080/1990 foi elaborada para regulamentar o SUS na constituição federal 
de 1988. Já a Lei n° 8142/1990, dispõe sobre a participação da comunidade (Conselhos de Saúde) na gestão 
do SUS e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros à área da saúde. 
a. ESFERA FEDERAL: Ministério da Saúde – gestor nacional do SUS, incumbido de formular, normatizar, 
fiscalizar, monitorar e avaliar políticas e ações de saúde. Atua articulado ao conselho nacional de saúde. 
b. ESFERA ESTADUAL: Secretaria Estadual de Saúde (SES) – participa da formulação de políticas e ações de 
saúde. Deve, articulada ao conselho estadual, prestar apoio aos municípios. Participa da Comissão 
Intergestores Bipartite (CIB), objetivando aprovar e implementar o plano estadual de saúde. 
c. ESFERA MUNICIPAL: Secretaria Municipal de Saúde (SMS) – planejar, organizacionar, controlar, avaliar e 
executar políticas e ações de saúde. Articula-se ao conselho municipal e à esfera estadual, objetivando 
aprovar e implementar o plano municipal de saúde. 
 
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Atenção Primária + Secundária + Terciária: 
 A atenção primária é a porta de entrada do usuário no SUS, por meio da Unidade Básica de Saúde 
(UBS) e é de responsabilidade de gerenciamento do município, ou seja, de cada prefeitura. Assim, para facilitar 
o acesso do usuário, o município mapeia a área de atuação de cada UBS por bairro ou região. A APS é 
constituída pelas UBSs, pelos ACSs, pelas ESFs e pelo NASF. 
 A atenção secundária é formada por serviços especializados em nível ambulatorial e hospitalar, com 
densidade tecnológica intermediária entre APS e atenção terciária, historicamente interpretada como 
procedimentos de média complexidade. Esse nível de atenção compreende serviços médicos especializados, 
de apoio diagnóstico e terapêutico e atendimento de urgência e emergência. 
A atenção terciária, também denominada de alta complexidade, designa o conjunto de terapias e 
procedimentos de elevada especialização. Organiza também procedimentos que envolvem alta tecnologia 
e/ou alto custo, como: oncologia, cardiologia, oftalmologia, transplantes, parto de alto risco, traumato-
ortopedia, neurocirurgia, diálise, otologia e outros. 
 
Vigilância Sanitária: 
 Objetivo de elaborar, controlar e fiscalizar o cumprimento de normas e padrões de interesse sanitário. 
A vigilância sanitária é uma atividade multidisciplinar que regulamenta e controla a fabricação, produção, 
transporte, armazenagem, distribuição e comercialização de produtos e a prestação de serviços de interesse 
da Saúde pública. Instrumentos legais, como notificação e multa, são usados para punir e reprimir práticas 
que coloquem em risco a saúde dos cidadãos. 
Assistência Farmacêutica: 
 Atua na formulação de políticas, diretrizes e metas para as áreas e temas estratégicos necessários para 
a implementação da Política Nacional de Saúde, principalmente na regulação, distribuição e controle social 
de medicamentos oferecidos pelo SUS (medicamentos básicos, de alto custo e estratégicos). 
 
Tema 05 – Dinâmica de Transmissão e Distribuição das Doenças e Vigilância em 
Saúde (Com Enfoque em Vigilância Epidemiológica) 
 A vigilância em saúde é um conjunto de ações que visa a prevenção, o controle e a eliminação de 
doenças transmissíveis e não transmissíveis. O principal objetivo é proteger a saúde da população, 
promovendo ações de prevenção e controle de doenças e de agravos em saúde. 
Hierarquias 
de Atenção 
da Rede do 
SUS 
 
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a. VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL: conjunto de ações que proporcionam o conhecimento e a 
detecção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente que 
interferem na saúde humana, com a finalidade de identificar as medidas de prevenção e de controle dos 
fatores de risco ambientais relacionados às doenças ou outros agravos em saúde. 
b. VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR: consiste num conjunto de ações que visam promoção da 
saúde, prevenção da morbimortalidade e redução de riscos e vulnerabilidades na população trabalhadora 
e, que devem ser realizadas de forma contínua e sistemática, visando a detecção, conhecimento, pesquisa 
e análise dos fatores determinantes e condicionantes dos agravos à saúde relacionados aos processos e 
ambientes de trabalho. 
c. VIGILÂNCIA SANITÁRIA: conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de 
intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e da circulação de bens e 
da prestação de serviços de interesse da saúde. 
d. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA: conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou 
a prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou 
coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças e 
dos agravos em saúde. 
Doenças de Notificação Compulsória: 
A notificação compulsória de doenças, agravos e eventos de relevância para a saúde pública tem o 
objetivo de orientar e auxiliar as ações da vigilância epidemiológica e auxiliar o MS na coordenação de 
medidas sanitárias para controle e prevenção de doenças e agravos de impacto coletivo à saúde. É a 
comunicação obrigatória à autoridade de saúde, realizada por médicos, profissionais de saúde, responsáveis 
pelos estabelecimentos de saúde (públicos ou privados) ou população em geral, sobre a ocorrência de 
suspeita ou confirmação de doença, agravo ou evento de saúde pública. 
 IMEDIATA: notificar o caso em até 24 horas desde sua identificação (suspeita ou confirmação). 
 SEMANAL: notificar o caso em até 7 dias desde sua identificação (suspeita ou confirmação). 
Mnemônico – Doenças de Notificação Compulsória 
Peste, raiva, peçonhentos, toxoplasmose, doença de Creutzfeldt-Jacob. 
Doença de Chagas, hanseníase, esquistossomose, leishmaniose, acidentes/doenças 
do trabalho, óbito materno-infantil, violência. 
Dengue, chikungunia, zika, malária, leptospirose, hantavírus, febre tifoide, febre 
maculosa, febre hemorrágica. 
Antraz,botulismo, tularemia. 
Agrotóxicos, metais pesados, gases tóxicos. 
VIPS (varíola, influenza, poliomielite, sars). 
Só para não perder o mnemônico... 
Tuberculose, hepatite, tétano, rotavírus, coqueluche, febre amarela, sarampo (do 
calendário vacinal, exceto caxumba!) 
Sífilis, SIDA, síndrome do corrimento uretral masculino, síndrome neurológica pós-
infecção febril exantemática e “sinistra” cólera. 
Os critérios para a seleção das doenças de notificação compulsória são: magnitude (avalia a 
quantidade de pessoas acometidas), potencial de disseminação da doença, transcendência (gravidade, 
 
9 
relevância social/econômica), vulnerabilidade (capacidade de prevenção e controle), compromissos 
internacionais (avalia o cumprimento de metas continentais ou até mundiais), regulamento sanitário 
internacional, epidemias, surtos ou agravos ocasionais. 
 
Tema 06 – Transição Epidemiológica, Demográfica e Nutricional 
 O processo de transição demográfica se inicia com a queda das taxas de fecundidade e de natalidade 
e, assim, o progressivo aumento na proporção de idosos decorrente da diminuição da taxa de mortalidade, 
o que favorece o aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis – DCNT (cardiovasculares, 
respiratórias, neoplasias, diabetes mellitus). Por outro lado, ocorre concomitantemente um processo de 
transição nutricional, com diminuição expressiva da desnutrição e aumento do número de pessoas com 
excesso de peso (sobrepeso e obesidade). 
 Acompanhando os processos citados anteriormente, a transição epidemiológica, dialoga com o perfil 
de mortalidade e morbidade por adoecimento (doenças e condições em saúde). O aumento dos traumas 
decorrentes das causas externas (violência, acidentes, envenenamentos) também são fatores responsáveis 
pelo cenário de mudanças na epidemiologia médica no Brasil. 
 Na 1ª metade do século XX as doenças infecciosas eram as causas mais frequentes de morte; apenas 
em 1960, as DCNT e DANT (doenças e agravos não transmissíveis) passaram a assumir esse papel com 
progressões de crescimento das doenças cardiovasculares, neoplasias e DM. Alguns determinantes dos 
problemas de saúde no Brasil são: urbanização, demografia, trabalho e desigualdade social. 
Transição Demográfica: 
 Com o advento da revolução industrial, ocorreram mudanças significativas com a redução das taxas 
de mortalidade em geral e da mortalidade infantil, o aumento da esperança de vida na população e a redução 
das taxas de fecundidade, com famílias cada vez menores. Esse processo passa por 5 fases: 
 
a. FASE PRÉ-INDUSTRIAL/PRIMITIVA: equilíbrio entre taxas de mortalidade/natalidade (ambas elevadas). 
b. FASE INTERMEDIÁRIA 1: taxas de natalidade permanecem altas, enquanto decrescem as taxas de 
mortalidade (há crescimento populacional – “explosão populacional”). 
c. FASE INTERMEDIÁRIA 2: natalidade diminui em ritmo mais acelerado do que a mortalidade 
(envelhecimento populacional). 
d. FASE MODERNA/PÓS-TRANSIÇÃO: tendência a estabilidade populacional; os valores de fecundidade 
se aproximam dos níveis de reposição (aumento da expectativa de vida). 
e. 5ª FASE: acontecerá quando a mortalidade superar a natalidade, o que pode levar a um crescimento 
negativo da população. 
Processo de 
Transição 
Demográfica 
 
10 
No Brasil, a transição demográfica foi muito mais acelerada do que nos países desenvolvidos e com 
as características mais difíceis dos países latinos (aumento rápido da expectativa de vida, diminuição da 
fecundidade e da natalidade, diminuição das taxas de mortalidade e aumento da gravidez na adolescência). 
A transição demográfica tem impacto direto na transição epidemiológica, visto que as mudanças de faixas 
etárias refletem os padrões de adoecimento da população. Em “países jovens”, geralmente há mais moléstias 
infecto-contagiosas, enquanto em “países mais velhos”, doenças de idosos. 
Transição Epidemiológica: 
 No Brasil, houve superposição de etapas, com predomínio de doenças infecciosas e crônicas; ou seja, 
seguimos lidando com dengue, cólera, malária, hanseníase e leishmaniose e também com a demanda por 
serviços médicos e sociais intensos com o envelhecimento populacional (tripla carga de adoecimento no país 
= infecções + doenças crônicas + causas externas). Esse processo passa por cinco estágios, que são: 
a. 1° ESTÁGIO: pragas e fome, morte por doenças infecto-contagiosas. 
b. 2° ESTÁGIO: diminuição das mortes por pandemias, fome, desnutrição e por doenças infecto-contagiosas 
(acesso a saneamento, higiene e comida). 
c. 3° ESTÁGIO: aumento das mortes por DCNT provocadas pelo homem. 
d. 4° ESTÁGIO: declínio das doenças cardiovasculares e ressurgimento de doenças infecto-contagiosas. 
e. 5° ESTÁGIO: longevidade paradoxal, com a tecnologia evoluindo tanto que as pessoas vão continuar 
sobrevivendo sem inserção clara na sociedade (capacitista). 
Transição Nutricional: 
 Observa-se marcante aumento da prevalência de obesidade nos subgrupos populacionais de quase 
todos os países latino-americanos. A obesidade passa a ser problemática quando associada à alta incidência 
de doenças cardiovasculares, cânceres e DM, influenciando sobremaneira o perfil de morbimortalidade das 
populações. Os determinantes para a obesidade são o estilo de vida sedentário e o consumo de dietas 
inadequadas. A “nova” população afetada pela obesidade passa a demandar intervenções e apoio 
governamental para a implementação de ações claras para a promoção de saúde física, controle do peso e 
ingestão de alimentos saudáveis. Algumas metas em saúde para tal propósito, são: 
 Reduzir taxa de mortalidade prematura (– Avaliação Global do Idoso 
O objetivo da avaliação global não é emitir um diagnóstico de doença, mas sim, ampliar a capacidade 
de identificar problemas e evitar situações de risco e/ou que possam gerar incapacidades (imobilidade, 
quedas, etc). Na análise funcional do idoso, devem ser avaliados: visão, audição, função dos MMSS e MMII, 
estado cognitivo, humor, risco de quedas, atividades de vida diária, incontinência esfincteriana, histórico 
nutricional e suporte social. Deve ser desenvolvida por uma equipe multiprofissional. 
A ênfase da avaliação é feita na funcionalidade. É por meio dessa avaliação que se pode fazer um 
balanço entre as perdas e os recursos disponíveis para a sua compensação. Dessa maneira, são observadas 
as atividades de vida diária (AVD), e são diferenciadas entre básicas (ABVD – autocuidado, necessidade de 
cuidar ou não), instrumentais (AIVD – vida comunitária independente, capacidade de morar sozinho) e as 
avançadas (AAVD – sociais, produtivas e lazer). 
Classificação do Idoso com Relação a Dependência: 
a. INDEPENDENTE: realiza todas as atividades básicas de vida diária de forma independente. 
b. SEMI DEPENDENTE: apresenta comprometimento de uma das funções influenciadas pela cultura e 
aprendizado, como banhar-se, vestir-se, alimentar-se. 
c. DEPENDENTE INCOMPLETO: comprometimento de uma das funções vegetativas simples (transferência 
e/ou continência), além de, por decorrência lógica, ser dependente para banhar-se, vestir-se e usar o 
banheiro. A presença isolada de incontinência urinária não deve ser considerada, pois é uma função e 
não uma atividade. 
d. DEPENDENTE COMPLETO: comprometimento de todas as funções influenciadas pela cultura e 
aprendizado e, também, das funções vegetativas simples, incluindo a capacidade de alimentar-se sozinho. 
Representa o grau máximo de dependência funcional. 
Escala de Fragilidade do Idoso: 
a. IDOSO ROBUSTO: idosos que apresentam boa reserva homeostática e são capazes de gerenciar sua vida 
de forma independente e autônoma e não apresentam nenhuma incapacidade funcional ou condição 
crônica de saúde associada a maior vulnerabilidade. O foco das intervenções é a manutenção da 
 
12 
autonomia e independência, através de medidas de promoção de saúde, prevenção primária e secundária 
e manejo clínico adequado das doenças. 
b. IDOSO EM RISCO DE FRAGILIZAÇÃO: idosos capazes de gerenciar a vida de forma independente e 
autônoma, todavia, encontram-se em um estado dinâmico entre senescência e senilidade, resultando na 
presença de limitações funcionais (declínio funcional iminente), mas sem dependência funcional. 
Apresentam 1 ou + condições crônicas de saúde preditoras de desfechos adversos, como evidências de 
sarcopenia, comprometimento cognitivo leve e/ou presença de comorbidades múltiplas. O foco das 
intervenções é prevenir o declínio funcional, através da abordagem adequada da polipatologia e 
polifarmácia (suspensão de drogas inadequadas, diagnóstico/tratamento de condições de saúde 
subdiagnosticadas e/ou subtratadas, reabilitação, prevenção 1ª e 2ª). 
c. IDOSO FRÁGIL: idoso com declínio funcional estabelecido e incapaz de gerenciar sua vida, em virtude 
da presença de incapacidades únicas ou múltiplas. O foco das intervenções é recuperar a autonomia e 
independência. 
 Para isso, alguns aspectos devem ser avaliados na pessoa idosa, como: visão (acuidade visual), audição 
(acuidade auditiva), função dos membros superiores (verificar se a pessoa é capaz de tocar a nuca com ambas 
as mãos; pode haver dor, fraqueza muscular, limitação funcional e diminuição da amplitude dos movimentos), 
função dos membros inferiores (levantar da cadeira sem apoio, percorrer 3,5 m, voltar e sentar; equilíbrio, 
marcha, dor, fraqueza muscular, limitação dos movimentos), função mental (MEEM), humor e depressão 
(Escala de Depressão Geriátrica Abreviada), avaliação do domicílio (risco de quedas), capacidade de realizar 
atividades de vida diária, incontinência urinária, nutrição, suporte familiar/social e atividade sexual. 
IMC Classificação do Estado Nutricional 
27 kg/m2 Obesidade 
Alterações da Pele do Idoso e Úlcera por Pressão: 
 Com o envelhecimento ocorre perda das fibras elásticas e colágenas, perdendo a resistência. A junção 
dermato-epidermica fica mais fraca e com papilas dérmicas mais aplainadas, favorecendo o aumento do risco 
da formação de bolhas e destacamento da epiderme. Há diminuição das glândulas sebáceas/sudoríparas, 
favorecendo a xerose cutânea. Ocorre diminuição da vascularização (pele mais fria, pálida), perda do coxim 
adiposo (maior perda de calor) e menor n° de corpúsculos de Pacini e Meissner (menos sensibilidade tátil). 
 As alterações mais comuns na pele do idoso são: dermatites (nas dobras da pele e pelo uso de fraldas), 
úlceras por pressão (hiperemia fixa  lesão necrótica). Os três fatores mais importantes relacionados ao 
aparecimento de úlceras são: perda da mobilidade, estado nutricional precário e pele fragilizada. Os locais 
de lesão mais comuns são as proeminências ósseas (sacro, calcâneo, occipício, cotovelos e joelhos). Tratar as 
úlceras envolve hidratar, facilitar a granulação, absorver exsudato e debridar as necroses. Algumas 
recomendações universais para profilaxia são: mudança de decúbito a cada 2 horas, hidratação da pele 
íntegra e nutrição adequada do paciente. Abaixo está descrita a classificação da úlcera por pressão, em graus. 
 
IMC do 
Idoso 
Grau 1  
Grau 2  
 Grau 3 
 Grau 4 
 
13 
a. GRAU 1: hiperemia fixa, mas pele intacta (pré-úlcera). 
b. GRAU 2: perda parcial da pele, com úlcera superficial, abrasão, bolha e/ou ferida superficial. 
c. GRAU 3: perda total da pele, com lesão e necrose do tecido subcutâneo. 
d. GRAU 4: lesão necrótica dos planos profundos, com exposição óssea. 
Alterações Musculoesqueléticas do Idoso: 
 O repouso prolongado leva ao catabolismo, com balanço negativo de nitrogênio, cálcio e fósforo 
(hipoproteinemia). Ocorre perda muscular como uma alteração normal do envelhecimento, sendo a 
sarcopenia esperada a um sujeito de 90 anos (apresenta cerca de metade da massa muscular da sua 
juventude). Além disso, a diminuição mineral da massa óssea aumenta o risco de fraturas osteoporóticas 
(menor atividade osteoblástica, reabsorção óssea e hipercalemia). O tecido articular aumenta o n° de ligações 
cruzadas, afetando a movimentação entre as interfaces articulares (impacto funcional). 
Alterações Cardiovasculares do Idoso: 
 Há tendência a hipertrofia do VE. Pode haver perda das células do nó sinusal ou da própria bifurcação 
do feixe de His, gerando predisposições a arritmias, como as doenças do nó sinusal que causam bradiarritmias 
comuns nos pacientes entre 80 a 90 anos de idade. Ocorre diminuição da resposta cardíaca aos beta-
bloqueadores (idoso é cronicamente beta-bloqueado); FC máxima é menos no idoso (fisiológica). Com o 
aumento da rigidez das paredes das artérias (calcificação e perda das fibras elásticas), levando ao aumento 
da propagação da onda de pulso, com retorno mais rápido durante a sístole (leva a um aumento da PAS e 
da pressão de pulso e diminuição da PAD – o que gera uma possível pseudo-HAS). 
 MANOBRA DE OSLER: inflar o manguito até que ultrapasse a PAS. Caso a artéria braquial ou radial do 
membro em que o manguito está sendo insuflado permanecer palpável e sem sons de Korotkoff, tem-se 
Osler + (o que significa um provável idoso com artéria rígica; pseudo-HAS). 
O idoso é mais suscetível ao desenvolvimento de hipotensão postural por conta dos reflexos dos 
barorreceptores. Lembre-se de aferir a pressão arterial do idoso deitado e, após 3 minutos, sentado ou em 
pé. Assim, deve-se perceber se houve queda da PAS > ou = 20 mmHg e PAD > ou = 10 mmHg). 
Alterações do Sistema Nervoso do Idoso: 
As alterações mais comuns são: diminuição do volume cerebral por atrofia corticale subcortical (mais 
proeminente na região frontal e temporal); dismielinização da bainha de mielina dos axônios da substância 
branca periventricular; aumento das células da glia; microangiopatia; aumento dos depósitos de neurofibrilas 
e placas senis (maior no Alzheimer); diminuição da acetilcolina e da dopamina; sono mais fragmentado e 
superficial (cochilos mais frequentes ao longo do dia); diminuição da memória episódica e do domínio 
cognitivo/funções executivas/organização do raciocínio. 
 
Tema 09 – Fragilidade e Síndrome da Imobilização em Vulneráveis 
 A fragilidade é uma síndrome geriátrica que leva a um alto risco de declínio funcional eincapacidade. 
Pode culminar com dependência, institucionalização, quedas, lesões, doenças agudas, hospitalização de difícil 
recuperação, aumento da mortalidade por queda da reserva funcional. A base dessa síndrome é a redução 
dos eixos hormonais anabólicos, instalação de sarcopenia e estado inflamatório subliminar. A sarcopenia é a 
 
14 
manifestação central da fragilidade, quando se perde massa muscular a um ponto em que a homeostase do 
organismo está prejudicada. 
 IDENTIFICAÇÃO DA SD. DE FRAGILIDADE: presença de 3 ou mais dos critérios, que são fraqueza; perda 
de peso; diminuição da velocidade da marcha; exaustão; baixas atividades/redução das 
atividades/diminuição da tolerância ao exercício físico. 
 FATORES PREDISPONENTES DA SARCOPENIA: inapetência, perda de massa ou força muscular, 
imobilidade, desequilíbrio, aterosclerose, depressão, déficit cognitivo. 
 FATORES DESENCADEANTES DA SARCOPENIA: doença aguda, dor, depressão, múltiplas doenças 
crônicas, polifarmácia, hospitalização. 
O manejo da síndrome da fragilidade é complexo, tendo em vista a natureza dos determinantes da 
fragilidade. Assim, é necessário tratar doenças que levem ao consumo das reservas orgânicas ou contribuem 
para o processo de sarcopenia. O mais importante é a prevenção, com exercício físico, suplementação 
alimentar, combater a polifarmácia, dar seguimento ambulatorial regular envolvendo a família/cuidadores e 
toda a equipe multiprofissional (identificar riscos, visando a melhora funcional do idoso). Uma vez 
estabelecida a fragilidade, é importante preservar o conforto e a dignidade, evitando a iatrogenia. 
 
Síndrome da Imobilização ou Imobilismo: 
 Síndrome formada por sinais e sintomas resultantes da limitação ou da perda de todos os movimentos 
articulares, resultando em mudança postural, o que compromete a funcionalidade, culminando em 
fragilidade ou incapacidade. Quando um paciente se torna acamado, sofre de imobilidade e seu organismo 
começa a padecer de um processo de degeneração que afeta todos os sistemas, correspondendo a uma 
situação clínica completamente diferente do processo original que a causou. Para ser diagnosticado com a 
síndrome da imobilidade, o paciente deve apresentar 2 critérios maiores somados a 2 critérios menores, ao 
menos. Os critérios maiores para o imobilismo são: déficit cognitivo moderado ou grave, múltiplas 
contraturas; já os critérios menores, sofrimento cutâneo, disfagia, incontinência urinária e fecal, afasia. 
 
Tema 10 – Instabilidade Postural e Queda no Idoso 
 A instabilidade postural é definida como falha das funções sensoriais centrais e periféricas na 
manutenção da posição ereta e equilíbrio do indivíduo. Vários sistemas estão interligados para manter a 
Sarcopenia 
 
15 
estabilidade postural, como por exemplo: visão, propriocepção, sistema vestibular, sistema osteomuscular, 
cerebelo, núcleos da base e córtex motor. Para a avaliação do idoso, alguns testes podem ser realizados, que 
são: “timed up and go” (levanta da cadeira sem apoiar, percorre 3 metros e retorna; é normal o tempo serde 
responsáveis, familiares ou instituições. 
 ABANDONO: consiste na ausência ou deserção dos responsáveis governamentais, institucionais ou 
familiares de prestarem socorro a um idoso que necessite de proteção. É uma forma extrema de 
negligência a pessoa idosa. 
 VIOLÊNCIA FINANCEIRA: exploração imprópria, ilegal ou não consentida dos bens financeiros e 
patrimoniais do idoso. 
 AUTONEGLIGÊNCIA: conduta da pessoa idosa que ameaça a sua própria saúde ou segurança por meio 
da recusa de prover a si mesmo os cuidados necessários. 
 VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA: agressões verbais ou gestuais, aterrorizar, humilhar, restringir a liberdade ou 
isolar a pessoa idosa do convívio social. 
Notificação e Estatuto do Idoso: 
 Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra idosos serão objeto de notificação 
compulsória pelos serviços de saúde públicos ou privados à autoridade sanitária, bem como 
obrigatoriamente comunicados por eles a quaisquer dos seguintes órgãos: autoridade policial, Ministério 
Público, Conselho Municipal do Idoso, Conselho Estadual do Idoso, Conselho Nacional do Idoso. 
Situações que Sugerem Maus-Tratos: 
 Desamparo, desesperança ou ansiedade; fuga de contato físico do cuidador; visitas frequentes ao 
médico devido à piora de uma doença crônica em tratamento; descuido com a higiene; lesões físicas; 
desidratação ou desnutrição difíceis de serem explicadas; diferença entre a história contada por familiar. 
 
17 
Tema 12 – Síndrome Gripal (Sinais e Sintomas Respiratórios) 
Tosse: 
 A tosse representa o principal mecanismo de defesa das vias aéreas inferiores. Trata-se de um dos 
motivos mais comuns de consulta ao pneumologista e é o sintoma respiratório mais encontrado na prática. 
A tosse é um mecanismo de defesa do organismo e tem função de eliminar materiais inalados em grande 
quantidade e retirar o excesso de materiais inalados em grandes quantidades e retirar o excesso de muco, 
seja por aumento da produção deste ou por deficiência de depuração mucociliar. Essa manifestação clínica 
pode ser diferenciada em produtiva ou seca, diária ou episódica, e sua principal classificação se dá a partir 
do seu tempo de duração, entre aguda (até 3 semanas), subaguda (período persistente entre 3 e 8 semanas) 
e crônica (superior a 8 semanas). 
 As principais causas de tosse aguda são as infecções de vias aéreas superiores e inferiores 
(traqueobronquites agudas), sendo os vírus os agentes etiológicos mais frequentes. Outras causas comuns 
são as sinusites bacterianas agudas, exposição a alérgenos e exacerbações de doenças crônicas (asma, DPOC, 
doenças intersticiais pulmonares). Já na tosse crônica, as principais etiologias são: gotejamento pós-nasal 
(rinossinusite crônica), asma/hiper-reatividade brônquica, refluxo gastresofágico, tosse pós-infecciosa, DPOC, 
bronquiectasias, uso de medicações IECAs, tuberculose, neoplasias pulmonares, doenças pulmonares 
fibrosantes, insuficiência cardíaca, doenças pleurais ou pericárdicas, discinesia de pregas vocais, síndromes 
aspirativas pulmonares, psicogênica etc. 
Dispneia: 
 A dispneia é um sintoma respiratório que ocorre quando o paciente demonstra a sensação de que 
não está recebendo a quantidade de ar suficiente nos pulmões. O tipo mais comum é o que acompanha o 
esforço físico. Se as funções cardíaca e pulmonar estiverem anormais, mesmo um pequeno esforço poderá 
acarretar aumento acentuado da frequência respiratória e causar a dispneia. Nas formas mais graves, pode 
ocorrer até mesmo em repouso. Pode ser diferenciada como ortopneia (piora com o decúbito dorsal), 
platipneia (piora com o ortostatismo e melhora com o decúbito dorsal), trepopneia (piora ao deitar de lado), 
dispneia paroxística noturna (surge subitamente durante a noite, após ter tolerado bem o decúbito 
inicialmente, o que a diferencia da ortopneia). As principais etiologias envolvidas no quadro de dispneia são: 
asma, DPOC, doenças intersticiais pulmonares, doenças vasculares pulmonares e ICC. 
Hemoptise: 
 Consiste na expectoração de sangue originário do trato respiratório, na forma de sangue vivo ou 
como estrias de sangue. Na investigação inicial, a hemoptise deve ser diferenciada de sangramentos oriundos 
das vias aéreas superiores e do trato gastrintestinal alto. Algumas causas desse sintoma são: tuberculose, 
carcinoma brônquico, tromboembolismo com infarto pulmonar, vasculites pulmonares, infecção por fungo 
Aspergillus sp., bronquiectasias, insuficiência cardíaca, estenose de válvula mitral etc. 
Cianose: 
 Corresponde a coloração azulada da pele e decorre da concentração elevada de hemoglobina não 
ligada ao oxigênio no sangue periférico. Dois fatores concorrem para o surgimento de cianose: deficiência 
em oxigenar o sangue no território capilar pulmonar (cianose central) e extração periférica excessiva de 
oxigênio (cianose periférica). 
 
18 
Sibilos e Estridores: 
 Os sibilos são sons agudos, produzidos durante a respiração, cujos mecanismos ainda não são bem 
definidos. Ocorre por vibração das paredes das vias respiratórias, como ocorre na asma e na DPOC, por 
estreitamento localizado, como produzida por tumor ou por partícula estranha que se aloje nas vias aéreas. 
A causa mais comum de sibilos recorrentes é a asma e o sibilo é o sintoma mais específico dela. 
O estridor é uma manifestação clínica que se correlaciona com a obstrução do fluxo aéreo em vias 
respiratórias de grande calibre, frequentemente a laringe, a traqueia e os brônquios principais. É um ruído 
adventício mais facilmente detectado na inspiração. Pode ocorrer nas síndromes infecciosas agudas (laringite 
aguda, crupe), mas, quando sintoma isolado, está relacionado a discinesia de pregas vocais, estenose de 
traqueia, tumores endobrônquicos e obstrução por corpo estranho. 
 
Ruídos Adventícios 
 
 
Apresentação Clínica 
Sons produzidos por inflamação ou obstrução da via aérea superior. 
Inflamação, acúmulo de secreções nas vias aéreas calibrosas; sons 
grosseiros, graves e contínuos. 
Fluídos acumulados nos alvéolos. 
Sons respiratórios semelhantes a “assobios”, mais intensos na expiração 
e envolvem o estreitamento das vias respiratórias de pequeno calibre. 
Síndrome Gripal: 
 Os vírus influenza são compostos de RNA de hélice única, da família dos ortomixovírus, e se 
subdividem em três tipos: A, B e C, de acordo com sua diversidade antigênica. Os tipos A e B causam maiores 
morbimortalidades que o tipo C. as epidemias são mais comuns no inverno, iniciando-se tipicamente no 
começo da estação e durando em torno de quatro a cinco semanas em uma dada comunidade. O influenza 
possui alta transmissibilidade, maior gravidade entre idosos, crianças, gestantes, imunodeprimidos, 
cardiopatas e pneumopatas, rápida variação antigênica do vírus. 
 A transmissão de pessoa para pessoa pode ocorrer facilmente pela inalação de gotículas eliminadas 
pela tosse ou pelos espirros das pessoas infectadas, ou pelo contato com superfícies contaminadas com o 
vírus e, em seguida, toque nos olhos, nariz e boca. O potencial para transmissão via trato gastrintestinal e 
mucosa conjuntival não é conhecido. O período de incubação varia de um a sete dias e, em média, de um a 
quatro dias. O período de transmissão começa após 24 horas antes do início dos sintomas e estende-se até 
sete dias após. Em crianças, pode durar até 14 dias após o início dos sintomas. 
 As manifestações clínicas envolvem febre alta, mialgia, dor de garganta, artralgias, prostração, fadiga, 
cefaleia, tosse seca, diarreia e êmese. É uma doença primariamente respiratória, que causa rinorreia, dor de 
garganta, conjuntivite e tosse. O Ministério da Saúde define como critérios: febre súbita, geralmente acima 
de 38°C (obrigatório); associado a um dos seguintes – dor em orofaringe ou tosse seca; e um dos seguintes 
– cefaleia, mialgia e artralgia. Ao exame físico, a presença de estertor localizado, deve-se aventar possibilidadede complicação com pneumonia bacteriana. 
 As complicações mais esperadas pela infecção por influenza são: exacerbação de condição crônica de 
base, sinusite, otite, bronquiolite, asma, pneumonia, injúria pulmonar aguda, insuficiência respiratória, 
miocardite, pericardite, miosite, rabdomiólise com insuficiência renal, encefalite, mal epiléptico, convulsões, 
Guillain-Barré, sepse, disfunção multiorgânica. 
 
19 
 Os grupos de risco para complicações são os seguintes: crianças menores de 2 anos; adultos com 
mais de 60 anos; doenças pulmonares crônicas (incluindo asma); doenças cardiovasculares (excluindo HAS); 
doenças renais, hepáticas, neurológicas; distúrbios metabólicos (DM); obesidade (IMC > 40 em adultos); 
imunocomprometidos (em uso de drogas imunossupressoras e HIV); grávidas em qualquer IG e puérperas 
(duas semanas após parto, aborto ou perda fetal); menores de 19 anos em uso prolongado de ácido 
acetilsalicílico; população indígena. 
 O diagnóstico é feito por meio do RT-PCR de swabs de snasofaringe e orofaringe coletados de 
pacientes com quadro clínico sugestivo da infecção. São recomendações para realização do exame 
diagnóstico: pacientes que requerem hospitalização; pacientes de alto risco para doença grave; pacientes em 
protocolos individualizados de cuidado. 
 
Gripe 
 
 
Resfriado 
Febre alta, acima de 38°C Sem febre ou subfebril 
Cefaleia de forte intensidade Cefaleia leve 
Fraqueza e exaustão intensas Fraqueza leve 
Dor de garganta forte e desconforto respiratório Sem dispneia e dor de garganta infrequente 
Duração de uma a duas semanas Duração de dois a três dias 
Influenza Rinovírus, adenovírus etc 
 O tratamento é feito com o uso de oseltamivir ou zanamivir e é indicado a todos os hospitalizados 
com infecção suspeita, provável ou confirmada pelo vírus H1N1 e, também, para aqueles com síndrome gripal 
e alto risco de complicações pela infecção. A classe de medicação disponível para tratamento de influenza 
são os inibidores de neuraminidase (oseltamivir e zanamivir), que limitam o egresso do vírus na célula 
infectada. São mais efetivos quando a doença é reconhecida de forma mais precoce. Quando administrados 
rapidamente, podem acelerar de 1 a 2 dias a resolução do quadro. O tratamento é indicado para todos os 
hospitalizados com infecção suspeita, provável ou confirmada pelo H1N1 e para pacientes de alto risco para 
complicações da influenza. Se o paciente não faz parte do grupo de risco ou não está hospitalizado, em geral 
não há benefício significativo de tratamento específico antiviral. 
 A quimioprofilaxia tem duração de 10 dias após a última exposição conhecida ao vírus. A indicação 
baseia-se na ocorrência de contato próximo com pessoa que é caso confirmado, provável ou suspeito. A 
quimioprofilaxia deve ser considerada nos seguintes casos: pacientes dos grupos de alto risco que 
apresentarem contato próximo com casos confirmados, suspeitos ou prováveis; profissionais de saúde ou 
cuidadores que apresentarem contato próximo sem proteção adequada com casos confirmados, suspeitos 
ou prováveis. O oseltamivir é uma medicação segura, dotada de poucos efeitos adversos. 
 
Temas 13 – Rastreio de Doenças na APS 
Aplicação de testes ou procedimentos biomédicos em pessoas assintomáticas, de grupos 
populacionais definidos, com o propósito de dividi-las em dois subgrupos: aquelas que podem vir a ser 
beneficiadas pela intervenção diagnóstico e terapêutica precoce, e aquelas que não. Algumas estratégias de 
prevenção são: redutiva (diminuir risco e exposições), aditiva (introdução de fator de proteção), estratégia de 
alto risco (grupo restrito e selecionado), estratégia de abordagem populacional (toda a população). O 
benefício da detecção e do tratamento precoce com o rastreamento deve ser maior do que se a condição 
 
20 
fosse tratada no momento habitual do diagnóstico. Os exames que detectam a condição clínica no estágio 
assintomático devem estar disponíveis, aceitáveis e confiáveis. O rastreio deve ser continuo e sistemático. 
a. SENSIBILIDADE: capacidade de um exame ser positivo quando testado entre pessoas previamente 
doentes. Sensibilidade de 90% significa que 10% dos casos serão falsos negativos. E grande sensibilidade 
detecta o maior número possível de indivíduos com a patologia. 
b. ESPECIFICIDADE: capacidade de um exame ser negativo quando testado em pessoas previamente sadias. 
Especificidade de 90% significa que 10% dos casos serão falso-positivos. Grande especificidade exclui dos 
resultados positivos as pessoas saudáveis. 
 
 
Critérios para Programas de Rastreamento: 
 A doença deve representar um importante problema de saúde pública que seja relevante para a 
população, levando em consideração a magnitude, a transcendência e a vulnerabilidade. 
 A história natural da doença/do problema clínico deve ser muito bem conhecida medicamente. 
 Deve existir um estágio pré-clínico bem definido, durante o qual a doença possa ser diagnosticada. 
 O benefício da detecção e do tratamento precoce com o rastreamento deve ser maior do que se tratada 
no momento habitual de diagnóstico. 
 Os exames que detectam a condição clínica no estágio assintomático devem estar disponíveis, ser 
aceitáveis e confiáveis. O rastreamento deve ser contínuo e sistemático. 
 O custo do rastreamento e do tratamento de uma condição clínica deve ser razoável e compatível com o 
orçamento destinado ao sistema de saúde como um todo. 
 
Grau de Recomendação 
 
 
Indicação Clínica de Rastreamento 
Recomenda-se oferecer o serviço, pois há certeza de que o benefício é 
substancial (extrema certeza). 
Recomenda-se oferecer o serviço, pois há moderada certeza de que os 
benefícios variam de substanciais a moderados. 
Recomenda-se oferecer para pacientes individuais, pois há substancial 
a moderada evidencia de que os benefícios do rastreio são pequenos. 
Recomenda-se contra a oferta, pois o serviço não traz benefícios ou os 
danos do procedimento são maiores do que os benefícios. 
 
21 
Risco Cardiovascular: 
Combinação de informações de anamnese, exame físico e exames laboratoriais para investigar 
múltiplos fatores de RCV. Classifica o paciente em relação às chances de ele sofrer um AVC ou IAM nos 
próximos 10 anos. Todo paciente com DM é alto risco. 
Dislipidemia: 
 HOMENS: grau A – homens com > ou = 35 anos; grau B – 20 a 35 anos se grupo de alto risco para DAC. 
 MULHERES: grau A – mulheres com > ou = 45 anos; grau B – 20 a 45 anos se alto risco para DAC. 
Hipertensão Arterial Sistêmica: 
Fator de risco cardiovascular relacionado a AVC e DRC. Rastrear em maiores de 18 anos a cada dois 
anos. PA >140/90 confirmada em pelo menos 3 ocasiões distintas espaçadas em > 1 semana casa. Se foi 
utilizado MAPA ou MRPA, o diagnóstico de HAS é estabelecido com base no resultado da média da PA. 
 
Diabete Mellitus: 
Fator de risco cardiovasculares que pode levar a cegueira, amputação dos membros, DRC e doença 
cardiovascular. Rastreamento NÃO reduz risco de lesão em órgãos-alvo ou morte em 10 anos. Rastreamento 
é justificado pela possibilidade de redução na velocidade de progressão da doença. É recomendado o 
rastreamento para todos os indivíduos com 45 anos ou mais, mesmo sem fatores de risco, e para indivíduos 
com sobrepeso/obesidade que tenham pelo menos um fator de risco adicional para DM2. A repetição deve 
ser considerada em intervalos de, no mínimo, três anos. E em adultos com exames normais, porém mais de 
um fator de risco para DM2, deve ser considerado repetir o rastreamento laboratorial em intervalo não 
superior a 12 meses. 
 
Critérios 
para 
Diagnóstico 
de DM 
 
22 
Obesidade: 
É um fator de RCV modificável que pode prevenir seus pacientes de desenvolverem DVC e AVC. É 
fator de risco para DM e HAS. Encaminhamento para ambulatório de Cirurgia Bariatrica: IMC > 50; IMC 40-
49 com comorbidades e sem sucessono tratamento clinico por 2 anos realizados na atenção primaria; IMC 
35-39 com alguma comorbidade. 
 
Câncer de Mama: 
É o câncer mais frequente e de maior mortalidade entre as mulheres. Alto potencial de cura nos 
estágios iniciais. Para mulheres que estão no grupo de alto risco para câncer de mama (história familiar em 
parentes de primeiro grau) considerar indicar mamografia anual a partir dos 40 anos. Todas as mulheres 50-
69, com exames a cada dois anos. Autoexame não é recomendado. Alguns sinais e sintomas, são: retração da 
pele e do mamilo; secreção aquosa ou sanguinolenta (descarga papilar); vermelhidão da pele; nódulos 
palpáveis nas axilas e/ou pescoço. 
 BIRADS 0: inconclusiva, complementar com USG. 
 BIRADS 1 ou 2: achados benignos – seguimento de rotina. 
 BIRADS 3: provável benigno, realizar seguimento semestral durante 1 ano e, após, anual por 2 anos. Se 
normal, seguimento de rotina. 
 BIRADS 4: solicitar biopsia e encaminhar. 
 BIRADS 5: alta chance de malignidade – solicitar biopsia e encaminhar. 
 BIRADS 6: diagnostico de malignidade. 
Câncer de Cólon e Reto: 
Quanto mais cedo o diagnóstico, maior a sobrevida. Pode ser detectado por lesões benignas (pólipos) 
adenomatosos que demoram 10-15 anos para evoluírem para câncer, sendo possível prevenir ao se retirar 
os pólipos. Todos os pacientes entre 50-75 anos: teste altamente sensível de sangue oculto nas fezes a cada 
2 anos e sigmoidoscopia a cada 5 anos ou 10 anos com um dos testes de sangue oculto nas fezes anualmente. 
Se > 40 anos e 2 ou mais parentes de primeiro grau com câncer de colorretal em qualquer idade, solicite 
colonoscopia a cada 5 anos até os 75 anos. Até 80% dos testes de pesquisa de sangue oculto nas fezes 
podem ser falso-positivos: hemorroidas, diverticulose, doença inflamatória intestinal. Para minimizar falso-
positivos: coletar 3 amostras e realizar preparo: abster-se por 72h de anti-inflamatórios (ibuprofeno, 
diclofenaco, AAS), carne vermelha, ovos, banana, espinafre, antiácidos, antidiarreicos, vitamina C). 
Câncer de Próstata: 
Rastreamento usando toque retal e/ou dosagem sérica de PSA. Não há evidencias robustas de que 
os benefícios do rastreio de rotina se sobreponham aos riscos. 
Classificação 
do IMC 
 
23 
Câncer de Colo Uterino: 
Quarto câncer mais prevalente entre as mulheres brasileiras. Tem grande potencial de prevenção e 
cura. Realizado pelo método citopatológico. Início da coleta aos 25 anos para mulheres que já tiveram ou 
tem atividade sexual até os 64 anos. Primeiro, realize a coleta do Papanicolau com intervalo anual e, após 2 
exames normais, os demais devem ser realizados a cada 3 anos. Após os 64 anos, interrompa a coleta se não 
houver história prévia de doença neoplásica pré-invasiva e tiver pelo menos 2 exames negativos nos 
primeiros 5 anos. Se HIV rastreie após o início da atividade sexual (independentemente da idade), inicie com 
exames semestrais e, se normais, repetir rastreio anualmente.

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