Buscar

SUSPENSÃO DE SEGURANÇA A SAÚDE 47

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

SUSPENSÃO DE SEGURANÇA A SAÚDE 47
1 – CONTEXTUALIZAÇÃO DA QUESTÃO
Trata-se do julgamento de um agravo regimental interposto pelo Estado de Pernambuco contra decisão proferida pelo Ministro Nelson Jobim, a qual houve por não suspender os efeitos da liminar proferida pelo juízo de primeiro grau. A decisão concessiva de liminar houve por determinar ao Estado de Pernambuco a adoção de meios necessários a auxiliar o Município de Petrolina na realização de oito medidas necessárias a melhoria do hospital municipal Dom Malan, a saber:
I - regularização da escala médica do ambulatório e dos plantonistas, principalmente os da UTI, com a imediata instituição e utilização de livro de ponto;
II - a imediata vedação do modelo de sobreaviso;
III - normalização do atendimento das especialidades de neurologia, traumatologia e ortopedia;
IV - regularização dos serviços laboratoriais, passando a realizar todos os exames;
V - instalação de novos leitos;
VI - elaboração de inventário e tombamento de todo o patrimônio do HDM, a ser atualizado anualmente;
VII - adoção de gestão de material organizada e efetiva, principalmente de medicamentos, ou seja, a decisão impôs ao requerente apenas uma participação subsidiária, dentro dos limites de sua competência; 
VIII - a substituição dos equipamentos danificados (assim entendidos os obsoletos e irrecuperáveis) por novos.
Com efeito, a decisão impôs ao requerente apenas uma participação subsidiária, dentro dos limites de sua competência, mas o agravante alegara, em síntese, que o caso era de “manifesto interesse público”; que o cumprimento das medidas determinadas pela liminar provocaria grave lesão à sua estrutura administrativa e a seu orçamento; e que a execução de tais medidas era de competência do Município de Petrolina, ou seja, a alegação do agravante foi no sentido de que a referida liminar ofenderia o princípio da interdependência dos poderes, causando situação de grave lesão bem como implicando em deslocamento de esforço com a provável descontinuidade do atendimento de saúde em outros postos de atendimento. 
Aberta vista ao Ministério Público, foi dado parecer no sentido do indeferimento do pedido. 
2 – RELACIONA-LO A QUAL DIREITO FUNDAMENTAL ESTÁ LIGADO
O processo em comento é embasado no Direito à Saúde (artigo 196 da Constituição Federal), mas - levando em consideração a noção predominante nos dias atuais que confere aos direitos fundamentais diferentes dimensões, de acordo com os variados momentos históricos - podemos correlacioná-lo aos direitos fundamentais de segunda dimensão (ou geração), já que os direitos fundamentais de segunda dimensão normalmente traduzidos enquanto direitos econômicos, sociais e culturais – acentuam o princípio da igualdade entre os homens (igualdade material). São, usualmente, denominados "direitos do bem-estar", uma vez que pretendem ofertar os meios materiais imprescindíveis para a efetivação dos direitos individuais. Para tanto, exigem do Estado uma atuação positiva, um fazer (daí a identificação desses direitos enquanto liberdade positivas), o que significa que sua realização depende da implementação de políticas públicas estatais, do cumprimento de certas prestações sociais por parte do Estado, tais como: saúde, educação, trabalho, habitação, previdência e assistência social.
Segundo o ministro GILMAR MENDES as divergências doutrinárias quanto ao efetivo âmbito de proteção da norma constitucional do direito à saúde decorrem, especialmente, da natureza prestacional desse direito e da necessidade de compatibilização do que se convencionou denominar “mínimo existencial” e “reserva do possível”. MENDES assevera que nessa dimensão objetiva, também assume relevo a perspectiva dos direitos à organização e ao procedimento que são aqueles direitos fundamentais que dependem, na sua realização, de providências estatais com vistas à criação e à conformação de órgãos e procedimentos indispensáveis à sua efetivação.
Vale ressaltar que o art. 196 da CF/88 da ensejo ao princípio do “acesso universal e igualitário” na óptica do direito à saúde como um direito público subjetivo assegurado à generalidade das pessoas, que conduz o indivíduo e o Estado a uma relação jurídica obrigacional.
A propósito o referido artigo deixa isso bem claro quando afirma que:
 “ A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação". 
Faz-se necessário e oportuno mencionar aqui alguns conceitos sobre direitos fundamentais.
Ora, segundo o constitucionalista português JORGE MIRANDA (1993, p. 7), direitos fundamentais são “direitos ou posições jurídicas subjetivas das pessoas enquanto tais, individual ou institucionalmente consideradas, assentes na Constituição, seja na Constituição formal, seja na Constituição material”.. (grifo nosso).
CANOTILHO (2002, P. 404), por sua vez, enfatizando o sentido material dos direitos fundamentais, afirma que seriam aqueles que “conferem subjetivamente um espaço de liberdade de decisão e de auto-realização, servindo simultaneamente para assegurar ou garantir a defesa desta subjetividade pessoal”. 
Destarte, concluímos que seja qual for a ênfase dada pelo Estado por meio de suas políticas públicas, este “não pode desobrigar-se do seu papel de indutor, promotor e garantidor dos direitos fundamentais”, ou seja, sua atuação tem sempre que observar a realização de um dos principais direitos fundamentais que se traduz no princípio constitucional da dignidade da pessoa humana que está intimamente ligado ao Direito à Saúde.
3 – EM QUE PANORAMA SE ENQUADRA AQUELA DECISÃO
A controvérsia sobre a possibilidade, ou não, de o Poder Judiciário determinar ao Poder Executivo a adoção de providências administrativas visando a melhoria da qualidade da prestação do serviço de saúde por hospital da rede pública – foi submetida à apreciação do Pleno do Supremo Tribunal Federal na SL 47-AgR em tela, tendo como relator o Ministro Gilmar Mendes. Nesse julgamento, o STF, ponderando os princípios do “mínimo existencial” e da “reserva do possível”, decidiu que, em se tratando de direito à saúde, a intervenção judicial é possível em hipóteses como a dos autos processuais, nos quais o Poder Judiciário não está inovando na ordem jurídica, mas apenas determinando que o Poder Executivo cumpra políticas públicas previamente estabelecidas. 
4 – QUAL FOI A DECISÃO DO STF
O recurso foi indeferido pela unanimidade dos votos do plenário, nos termos consignados pelo relator, Ministro Gilmar Mendes.
5 QUAIS OS FUNDAMENTO QUE LEVARAM ESSA DECISÃO
Os fundamentados trazidos à baila pelos ministros do STF no julgamento em voga seguiram basicamente a mesma linha de raciocínio, os quais, de forma sucinta, discorreremos a seguir: 
Voto do Min. Gilmar Mendes – Principais pontos e argumentos:
O Ministro GILMAR MENDES inicia seu voto à luz do artigo 196 da Constituição Federal, procurando trazer à tona as divergências doutrinárias quanto ao âmbito de proteção das normas de direito a saúde. Nesse sentido, entende que diante da ausência de recursos suficientes para concretização dos direitos sociais, o atendimento às necessidades se daria segundo critérios da justiça distributiva, estando ai inserida a problemática da intervenção do poder judiciário. Analisando a abrangência do direito à saúde em nossa Constituição, o ministro destaca os diversos significados que tal direito revela assumir. Diante da complexidade da questão, o Ministro afirma que realizou uma audiência pública para ouvir especialistas sobre a questão da saúde pública, tendo-se concluído que, em verdade, a determinação judicial apenas promoveria o efetivo cumprimento de políticas públicas já existentes. Nessa ocasião, conta, teria se concluído também pela necessidade de instrução das demandas de saúde com o fulcro de evitar-se uma padronização processual em detrimentodas especificações casuísticas. Retornando ao caso em apreço, Gilmar Mendes, destaca a improcedência da alegação apresentada Agravante de que a liminar concedida invadiria a competência administrativa. Nesse sentido, sustenta o Ministro que a decisão agravada determinaria tão somente que os réus tomassem providências no âmbito de suas competências. O Ministro conclui afirmando que ao deferir uma prestação de saúde incluída entre as políticas do SUS, o Judiciário não estaria criando políticas, mas apenas determinando seu cumprimento. Por fim, nega provimento ao recurso. 
Voto do Min. Ellen Gracie – Principais pontos e argumentos:
A Ministra Ellen Gracie nega provimento ao Agravo Regimental, fazendo, no entanto, uma ponderação acerca da possibilidade de se dar uma repercussão geral a matéria. Questiona aos demais ministros nesse sentido, afirmando não estar convicta da viabilidade de tal possibilidade. 
Voto do Min. Celso de Mello – Principais pontos e argumentos:
O Ministro Celso de Mello inicia seu voto apresentando o direito à saúde como dotado de alto significado social e valor constitucional, sendo a ausência de sua proteção caracterizada como inconstitucionalidade por omissão imputável ao Poder Público. Afirma que a busca de efetivação pelo STF visa, inclusive, garantir a integridade e a eficácia da Constituição. Enfatiza que o Poder Judiciário não possui as funções de formular e implementar políticas públicas, mas excepcionalmente – quando os órgãos competentes comprometerem a eficácia e integridade dos direitos – é plenamente legítima a intervenção, sem que haja um violação à separação dos poderes. O Ministro aborda a questão da “reserva do possível”, expondo que a manipulação, pelo Poder Público, da atividade financeira ou político-administrativa prejudicando o estabelecimento e preservação das condições mínimas de existência é ilícita. Acrescenta que, por se tratar de proteção à saúde, não dispõe o Poder Público de ampla discricionariedade e não é pertinente a simples alegação de conveniência e oportunidade para tornar nula a realização do comando constitucional; considerando impostergável a efetivação do dever constitucional presente no artigo 196. Ainda defende a necessidade da posição afirmativa do Judiciário, dado que a inércia estatal promove processos informais de alteração constitucional prejudiciais aos interesses dos cidadãos; podendo-se observar o fenômeno da erosão da consciência constitucional. Por fim, analisa o princípio da proibição do retrocesso, que impede a desconstituição de conquistas de direitos fundamentais sociais, visto que representaria uma violação da proteção da segurança e da confiança dos cidadãos, bem como do núcleo essencial da existência mínima de acordo com a dignidade da pessoa humana. Assim, nega provimento ao recurso de agravo. 
Voto do Min. Eros Grau – Principais pontos e argumentos:
O Ministro Eros Grau também nega provimento, comentando a respeito da frequente falta de seriedade no tratamento da implementação de políticas públicas e da separação dos poderes. 
Voto do Min. Ayres Brito – Principais pontos e argumentos:
O Ministro Ayres Brito ao referir-se ao juízo da ponderação (na linha de Dworking) assevera que este situa-se não no campo da pura racionalidade, mas no da razoabilidade que é necessariamente contextual ou empírica e, assim, ressalta que a decisão judicial é necessariamente empírica. Acompanha o voto do ministro relator, ou seja, nega provimento ao agravo.
Voto do Min. Marco Aurélio – Principais pontos e argumentos:
O Ministro Marco Aurélio nega provimento, afirmando que sobressaiu a necessidade daqueles que precisavam de medicamentos. Dessa forma, por unanimidade de votos, o Tribunal negou provimento ao recurso de agravo. 
ROTEIRO: Acórdão SL 47 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes

Continue navegando