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Contexto da contabilidade internacional

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CONTABILIDADE INTERNACIONAL 
PROFESSORA: FABIANA DOS SANTOS MONTEIRO 
 
CONTEXTO DA CONTABILIDADE INTERNACIONAL 
 
Convergência, harmonização e padronização são termos que, em Contabilidade, 
especificamente, têm gerado controvérsias quanto à sua devida utilização ou aplicação, conquanto a 
compreensão desses termos não pode ser feita sem a compreensão do ambiente social e econômico 
subjacente a eles. 
A padronização significa a imposição de um conjunto rígido e estreito de regras, sem 
flexibilização, aplicando o mesmo padrão contábil a diversas situações (CHOI e MEEK, 2005; 
NIYMA, 2007). Para Choi e Meek (2005, p. 275), harmonização é um processo que aumenta a 
compatibilidade das práticas contábeis, mediante a aplicação de um conjunto de procedimentos, nos 
aspectos onde essas práticas podem ser diferentes, de maneira que os padrões harmonizados estejam 
livres de conflitos lógicos e permitam a comparabilidade da informação financeira entre diferentes 
países. Já a convergência, para os mesmos autores, envolve uma eliminação gradual das diferenças 
dos padrões nacionais e internacionais de Contabilidade, por meio de um esforço de organismos 
internacionais, nacionais emissores desses padrões e outros grupos que necessitam de melhores 
práticas e reporte da informação contábil. 
Enquanto o termo harmonização busca a acomodação das diferenças locais, reconhecendo que 
a abordagem de um mesmo padrão para todos pode não ser a mais adequada, a convergência volta-
se para o alcance de um resultado comum. 
A mudança de termos deve-se, em grande parte, a uma estratégia política visando alcançar 
melhores resultados no processo de adoção de padrões globais pelos países, especialmente no que 
se refere ao projeto conjunto do International Accounting Standards Board (Iasb) com o Financial 
Accounting Standards Board (Fasb) nesse sentido. 
Foi a partir desse contexto que em 1972 no 10º- Congresso Mundial de Contadores foi 
sugerida a criação de um comitê de pronunciamentos contábeis internacionais. Em 1973 foi criado o 
IASC – International Accounting Standards Committee , que em 2001 foi transformado no IASB – 
International Accounting Standards Board, O IASC emitia as IAS _ International Accounting 
Standards, que são pronunciamentos técnicos de contabilidade. 
O IASB – International Accounting Standards Board, emite as IFRS – International Financial 
Reporting Standard, que também são pronunciamentos técnicos de contabilidade. A partir de 2005 
todas as empresas européias abertas passaram a adotar obrigatoriamente as IFRS para publicarem as 
suas demonstrações financeiras. 
Em resumo, os Estados Unidos da América com todo o seu poderio econômico exigia a 
prática dos USGAAP, a Europa por sua vez utilizava o padrão europeu de regras contábeis e o resto 
do mundo praticava em seus territórios os seus próprios padrões. Quando da existência da 
necessidade de alguma empresa apresentar demonstrações contábeis no estrangeiro ela deparava-se 
com a incumbência de processar a conversão das suas demonstrações aos padrões exigidos no país 
de destino. 
Em junho de 2007 os Estados Unidos da América a SEC – Securities and Exchange 
Commission permitiu a apresentação de demonstrações financeiras de companhias estrangeiras 
(com algumas ressalvas) no padrão IFRS. 
Apesar da tendência à harmonização, atualmente ainda existem diferenças entre as normas 
emitidas pelo lasb e pelo Fasb. No entanto, estes dois órgãos mantêm estreito relacionamento em 
projetos que se limitam às diferenças entre suas normas, cuja convergência parece ser possível com 
alta qualidade e em pouco tempo. 
 
Convergência global do IFRS 
 
O objetivo do IASC Foundation e do IASB é desenvolver, no interesse público, um conjunto 
único de alta qualidade, normas de contabilidade global. O IASB trabalha em estreita cooperação 
com as partes interessadas de todo o mundo, incluindo investidores, reguladores, auditores, 
acadêmicos e outros que têm interesse no desenvolvimento de padrões de alta qualidade global. 
Progresso em direção a este objetivo tem sido constante. Desde 2001, mais de 100 países tem 
exigido ou permitido o uso do International Financial Reporting Standards (IFRS), enquanto as 
restantes economias importantes estabeleceram prazos para a convergência com, ou a adopção de, 
IFRS. 
Em 2006, o IASB e os E.U. Financial Accounting Standards Board (FASB) assinaram um 
memorando de entendimento que descreveu um programa para alcançar melhorias nos padrões de 
contabilidade, e substancial convergência entre as IFRS e E.U. princípios contábeis geralmente 
aceitos (GAAP). O Memorando de Entendimento foi atualizado em 2008, e em novembro de 2009, 
os dois organismos emitiram um comunicado descrevendo os passos adicionais para completar o 
seu trabalho de convergência em 2011. 
Mais recentemente, em sua reunião de setembro 2009, em Pittsburgh, E.U., o Grupo de 
Líderes 20 (G20) reafirmaram seu compromisso de convergência global das normas contábeis, 
pedindo a "organismos internacionais de contabilidade a redobrarem seus esforços para alcançar um 
conjunto único de alta qualidade, normas de contabilidade global dentro do contexto de seu padrão 
independente de processo de definição, e completar o seu projeto de convergência até Junho de 
2011‖. 
 
 
Convergência do Brasil ao IFRS 
 
No Brasil as empresas multinacionais ou mesmo aqueles que pretendiam levar seus papéis ao 
mercado financeiro dos Estados Unidos submetiam as suas demonstrações contábeis à conversão do 
padrão contábil daquele país. Quando o destino era a Europa ou qualquer outra parte do mundo, 
também se fazia necessária à respectiva conversão aos critérios do destino. 
Desde 2000 através do Projeto de Lei nº-3741/00, os nossos parlamentares e a sociedade 
através de audiências públicas estudam mudanças na matéria contábil contida na Lei das Sociedades 
Anônimas. A busca pela queda de barreiras regulatórias impeditivas da inserção do Brasil no 
processo de convergência contábil internacional é a tônica dos estudos realizados. 
A importância da elaboração de relatórios financeiros pode ser ressaltada por uma inovação 
introduzida, no Brasil, pela então Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), em dezembro de 2000, 
que definiu um conjunto de normas de conduta para as empresas, no intuito de oferecer aos 
investidores melhorias nas práticas de govemança corporativa e de transparência, pois define que a 
valorização e liquidez das ações de um mercado são influenciadas positivamente pelo grau de 
segurança que os direitos concedidos aos acionistas oferecem e pela qualidade de informação 
prestada pelas empresas (Bovespa, 2002). Cabe destacar ainda a exigência de disponibilização das 
demonstrações financeiras de acordo com os princípios de contabilidade geralmente aceitos — US-
GAAP — nos Estados Unidos ou de acordo com os IAS emitidos pelo IASB, para a adesão ao nível 
2 ou Novo Mercado junto à Bovespa. Diante disso, é evidente o destaque dado à apresentação de 
demonstrações financeiras consolidadas, bem como à utilização de normas norte-americanas ou 
internacionais, no contexto do mercado de capitais brasileiro.
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 Introdução à Contabilidade Internacional * Santos, Schmidt e Fernandes 
Finalmente, com o advento da lei 11.638/2007, que altera a Lei 6404/76, conhecemos um 
impacto muito mais societário do que tributário, trazendo a cultura internacional e novos 
paradigmas relacionados às demonstrações financeiras. 
Em 28 de Janeiro de 2010, o Conselho Federal de Contabilidade e o Comitê de 
Pronunciamentos Contábeis brasileiros assinaram um Memorando de Entendimento com o IASB 
estabelecendo o final de 2010 como a data limitepara a plena convergência com o IFRS e, também, 
estabelecendo um quadro para a cooperação futura entre as organizações. 
O movimento no sentido da convergência com as IFRS, foi iniciado pelo Banco Central do 
Brasil, refletindo a sua opinião sobre a importância de um único conjunto de normas internacionais 
de relato financeiro em uso ao redor do mundo, e os benefícios de tais normas para a economia 
brasileira. Em 2006, o Banco Mundial anunciou que as instituições financeiras sob a sua supervisão 
devem respeitar as IFRSs de Dezembro de 2010 em suas demonstrações financeiras consolidadas. 
Em 2007, a Comissão de Valores Mobiliários e do Brasil Seguros de Dados emitiu decisões 
semelhantes. Estas evoluções foram acompanhadas por uma decisão do Congresso brasileiro para 
aprovar a lei 11.638/07 alterando a lei 6404/76 passando a exigir a convergência progressiva dos 
BR GAAP com o IFRS para as contas individuais de todas as empresas cotadas e para empresas de 
grande lucro a partir de 2008. 
O memorando de entendimento compromete os signatários a usar os seus melhores esforços 
para garantir o apoio necessário para a convergência regulamentar e aguarda a aceitação do Brasil 
das IFRS para as PME. Também visa fomentar a participação brasileira no padrão internacional de 
definição de um maior envolvimento nas fases iniciais dos projetos do IASB, preparando assim o 
caminho para a rápida aceitação e adoção do IFRS no Brasil, e facilitando a sua correta aplicação. 
 
Comitê de Pronunciamentos Contábeis 
 
Aos moldes dos organismos internacionais foi criado em 2005 o Comitê de Pronunciamentos 
Contábeis (CPC). O CPC teve sua criação formalizada pela Resolução CFC nº 1.055/05 atribuindo 
um caráter privado ao organismo pelo fato do CFC fornecer toda a infra-estrutura necessária para 
seu funcionamento. 
Conforme artigo 3. da Resolução o CPC tem como objetivo: ―o estudo, o preparo e a emissão 
de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de contabilidade e a divulgação de informações 
dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à 
centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a 
convergência da contabilidade brasileira aos padrões internacionais‖. 
 O CPC é totalmente autônomo em relação às entidades representadas, deliberando por 2/3 dos 
seus membros, embora o CFC forneça a estrutura necessária. A composição do CPC é de 6 
entidades, mas outras poderão vir a ser convidadas para compô-lo futuramente. Os membros do 
CPC, dois por entidade, na maioria contadores, não auferem remuneração. 
Além dos 12 membros atuais no CPC, serão sempre convidados a participar representantes 
dos seguintes órgãos: 
- Banco Central do Brasil - BCB; 
 - Comissão de Valores Mobiliários - CVM; 
- Secretaria da Receita Federal - SRF; 
- Superintendência dos Seguros Privados - Susep; 
O processo de normatização contábil no Brasil passou a ser efetuado de maneira 
democrática por representantes dos usuários das informações contábeis (APIMEC), contadores e 
Auditores (CFC e IBRACON), preparadores das informações contábeis (ABRASCA), 
intermediários (BOVESPA) e também da academia (FIPECAFI). 
 
As entidades que compõe o CPC são: 
 
 ABRASCA - A Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), fundada 
em 1971, é uma organização civil sem fins lucrativos, cuja principal missão é a defesa das posições 
das companhias abertas junto aos centros de decisão e à opinião pública. Além disso, a Abrasca está 
permanentemente empenhada no desenvolvimento dos mecanismos do mercado de capitais e na 
disseminação de informações sobre os principais títulos, tais como ações, debêntures e notas 
comerciais. A entidade tem como princípio maior o aprimoramento das práticas de política e de 
administração empresarial, no que se refere ao mercado de capitais, base na qual devem ser 
inseridas as boas práticas de governança corporativa. Possui atualmente cerca de 170 associadas, 
entre as quais estão incluídas as maiores e melhores empresas do País, e é dirigida por um conselho 
diretor representante das associadas, com cerca de 70 membros, o qual, por sua vez, elege a 
diretoria. 
 APIMEC NACIONAL - Criada em 1970, a Associação Nacional dos Analistas e 
Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec) é uma entidade com foco no 
desenvolvimento do mercado de capitais, composto de pessoas físicas. Com aproximadamente 
1.500 associados nas categorias de profissionais de investimentos (a maioria), investidores e 
estudantes, a Apimec está distribuída em seis regionais (Sul, SP, RJ, MG, DF e NE). Os 
profissionais estão mais concentrados nas seguintes atividades: analistas de renda variável e de 
crédito; consultores financeiros; gestores de renda variável; profissionais de financiamento e de 
fundos de pensão; e relações com investidores. As principais atividades da Associação vão desde 
cursos básicos até MBAs, reuniões com empresas, visitas a parques fabris, seminários, palestras, 
mesas redondas, reuniões técnicas e participação em comitês e comissões. A Apimec oferece, ainda, 
programa de certificação nacional e internacional, Prêmios e Selos Assiduidade Apimec. 
 BMF & BOVESPA S.A. - Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros foi criada em 
2008 com a integração entre Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) e Bolsa de Valores de São 
Paulo (BOVESPA). Juntas, as companhias formam a terceira maior bolsa do mundo em valor de 
mercado, a segunda das Américas e a líder no continente latino-americano. A BM&F BOVESPA 
oferece para negociação ações, títulos e contratos referenciados em ativos financeiros, índices, 
taxas, mercadorias e moedas nas modalidades a vista e de liquidação futura. A missão da BM&F 
BOVESPA é atuar na dinâmica macroeconômica de crescimento do mercado latino-americano e 
posicionar no apenas a Bolsa, mas também o Brasil como centro financeiro internacional de 
negociação de ações, commodities e outros instrumentos financeiros, com excelência operacional e 
atitudes socialmente responsáveis. 
 CFC - Criado há 60 anos pelo Decreto-Lei nº 9.295/46, o Conselho Federal de 
Contabilidade é uma autarquia especial de caráter corporativo, sem vínculo com a Administração 
Pública Federal. O CFC possui representatividade de todos os estados da Federação e do Distrito 
Federal, representado por seus 27 conselheiros efetivos e igual número de suplentes, fato alcançado 
com a aprovação da Lei nº 11.160/05. Tem por finalidade orientar, normatizar e fiscalizar o 
exercício da profissão contábil, por intermédio dos Conselhos Regionais de Contabilidade. 
Promover o desenvolvimento da profissão contábil, primando pela ética e qualidade na prestação 
dos serviços, realizando o registro e a fiscalização de profissionais e organizações contábeis e 
atuando como fator de proteção da sociedade – tudo isso com o fim de ser reconhecido como um 
Conselho atuante e representativo da profissão contábil –, faz parte da visão e da missão da 
entidade. Entre suas diretrizes, destaque para o fortalecimento da imagem do Sistema CFC/ CRCs e 
do profissional da contabilidade, a otimização do registro e da fiscalização e ampliação política e 
social do contabilista. 
 
 IBRACON - Instituto dos Auditores Independentes do Brasil foi fundado a mais de 
35 anos, o Instituto tem atuado com ênfase nos seguintes propósitos: 
- discutir, desenvolver e aprimorar as questões éticas e técnicas da profissão de auditor e 
de contador e, ao mesmo tempo, atuar como porta-voz dessas categorias diante de organismos 
públicos e privados e da sociedade em geral; 
- auxiliar na difusão e na correta interpretação das normas que regem a profissão, 
possibilitando aos profissionais conhecê-lae aplicá-la de forma apropriada, contribuindo para a 
criação e a manutenção de um mercado sadio, regido pela ética profissional; 
- atuar, também, no conjunto das entidades de ensino colaborando para o aprimoramento 
da formação profissional, por meio da divulgação das atribuições, do campo de atuação e da 
importância do trabalho do auditor independente em nossa sociedade. 
 FIPECAFI - A Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras 
(Fipecafi), fundada em 1974 por professores do Departamento de Contabilidade e Atuária da 
FEA/USP para atuar como órgão de apoio institucional ao referido Departamento. Departamento 
esse que criou o primeiro Mestrado em Contabilidade e o primeiro Doutorado (até este ano, o único 
ainda no Brasil). Seus principais objetivos são: realizar pesquisas; desenvolver e promover a 
divulgação de conhecimentos da área contábil, financeira e atuarial; incentivar a participação de 
professores e estudantes em congressos e seminários com trabalhos científicos; produzir e 
incentivar a produção de livros, artigos, papers e material científico no seu campo; financiar 
laboratórios de pesquisa nas áreas de contabilidade, finanças, atuária, logística, tecnologia da 
informação e outros correlatos; implementar bolsas de estudo para a formação de docentes dessas 
áreas nos níveis de Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado; promover a internacionalização da Pós-
Graduação em Contabilidade da Universidade de São Paulo; promover cursos e consultorias.

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