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Gestão Pública MPOG Eduardo Fávero

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GEST�O+P�BLICA+MPOG+AULA+00.pdf
 
 
 
 
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Atenção. 
 
O conteúdo deste curso é de uso exclusivo do aluno matriculado, cujo 
nome e CPF constam do texto apresentado, sendo vedada, por 
quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, 
divulgação e distribuição. 
 
É vedado, também, o fornecimento de informações cadastrais 
inexatas ou incompletas – nome, endereço, CPF, e-mail - no ato da 
matrícula. 
 
O descumprimento dessas vedações implicará o imediato 
cancelamento da matrícula, sem prévio aviso e sem devolução de 
valores pagos - sem prejuízo da responsabilização civil e criminal do 
infrator. 
 
Em razão da presença da marca d’ água, identificadora do nome e 
CPF do aluno matriculado, em todas as páginas deste material, 
recomenda-se a sua impressão no modo econômico da impressora. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO PÚBLICA P/ MPOG 
ANALISTA DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO 
PROFESSOR EDUARDO FÁVERO 
 
 
 
Olá pessoal! 
 
 
É um enorme prazer poder estar com vocês nesta caminhada rumo ao Ministério do 
Planejamento, Orçamento e Gestão, para assumirem o cargo de Analista de Planejamento e 
Orçamento. Normalmente os APO são alocados na SPI (Secretaria de Planejamento e 
Investimentos Estratégicos) ou na SOF (Secretaria do Orçamento Federal), a meu ver, as mais 
interessantes do Ministério. 
 
A SPI tem como missão ―Garantir a convergência da ação de governo, orientar a 
definição de prioridades e auxiliar na promoção do desenvolvimento sustentável, através da 
coordenação e elaboração de planos de médio e longo prazos e sua respectiva gestão 
estratégica‖. Ela acompanha o planejamento, a implantação, a execução e realiza a avaliação dos 
programas de governo, incluindo o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) que está a 
toda hora na mídia. 
 
Já SOF tem como principal competência ―coordenar, consolidar e supervisionar a 
elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Proposta Orçamentária da União, 
compreendendo os Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social, em articulação com a Secretaria 
de Planejamento e Investimentos Estratégicos‖. As duas secretarias precisam interagir e o fato 
dos APO constituírem a base (e as vezes até o topo!!) da burocracia das mesmas facilita e muito o 
cumprimento dessa interessante e importante missão. 
 
Como fator motivador há o salário inicial de mais de oito mil reais e a perspectiva 
maravilhosa de ir para bem mais do que isso, caso as negociações salariais das carreiras do Ciclo 
de Gestão, da qual faz parte a carreira de APO, tenham sucesso. 
 
Algumas dicas para uma boa prova: 
 
- Muita gente boa se perde estudando materiais ―avançados‖ e esquece-se do 
principal, daquilo que as bancas realmente cobram. Além do esforço e do foco, é importantíssimo 
que vocês resolvam um grande número de questões de provas anteriores, a fim de se 
acostumarem com o estilo da banca (ESAF). 
 
- Uma estratégia adequada para a prova é fundamental, evitando-se perder tempo 
demasiadamente em questões difíceis. Nesse caso, pule para outra. Isto parece óbvio, mas na 
hora ―H‖ vocês podem cometer tal deslize se isto não ficar claro em suas mentes. Um lema 
fundamental: manter a tranqüilidade a qualquer custo. Na última prova do TCU, caiu uma questão 
de contabilidade geral que aterrorizou grande parte dos candidatos e tirou muitos deles do páreo. 
Quem manteve a calma, percebeu que era só organizar as contas no Balanço Patrimonial e 
elaborar a DRE. A dificuldade estava somente em somar os valores. Quem conseguiu manter a 
calma se deu bem. 
 
Neste curso iremos cobrir toda a matéria que está listada no edital do MPOG. Serão 5 
(cinco) aulas no total, além desta aula introdutória. Cada aula, além da parte teórica, trará uma 
boa carga de questões da ESAF, e também do CESPE, visto que este também apresenta 
questões de alto nível sobre a disciplina aqui tratada. Como recebemos diversas sugestões de 
alunos para não colocarmos a resolução das questões imediatamente após o enunciado da 
mesma, faremos sempre uma seção somente com o enunciado das questões e outra seção 
contendo novamente o enunciado e a resolução da mesma, para facilitar os estudos de vocês. 
 
As aulas serão disponibilizadas nas seguintes datas: aula 1 – 14 de abril, aula 2 – 28 
 
 
 
 
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GESTÃO PÚBLICA P/ MPOG 
ANALISTA DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO 
PROFESSOR EDUARDO FÁVERO 
 
 
de abril, aula 3 – 5 de maio, aula 4 – 15 de maio e aula 5 – 23 de maio. 
 
Os assuntos a serem tratados no curso, a princípio, serão os seguintes: 
 
0. Conceitos básicos: administração, organização, administração pública, dimensões de 
desempenho (5 ―E‖s). OBS: esse tópico é pré-requisito para se estudar Administração Pública, 
apesar de não estar explicitamente colocado no edital. 
 
1. Conceitos de Estado, sociedade e mercado. 
 
2. Evolução da administração pública no Brasil (após 1930). Reformas Administrativas. 
 
3. Modelos de gestão pública: patrimonialista, burocrático (Weber) e gerencial. 
 
4. Conceitos de Eficácia e Efetividade aplicados à Administração Pública: avaliação e 
mensuração do desempenho governamental. 
 
5. Processos participativos de gestão pública: orçamento participativo, parceria entre governo e 
sociedade, ouvidorias, governança interna e externa. 
 
6. Caracterização das organizações: tipos de estruturas organizacionais, aspectos 
comportamentais (motivação, clima e cultura). 
 
7. Desenvolvimento Institucional. Abordagens da mudança organizacional. 
 
8. Evolução dos modelos/paradigmas de gestão. 
 
9. Novas formas de gestão de serviços públicos: formas de supervisão e contratualização de 
resultados; 
 
horizontalização; pluralismo institucional; prestação de serviços públicos e novas tecnologias. 
 
10. Instrumentos gerenciais contemporâneos: gestão por processos, melhoria de processos e 
desburocratização. 
 
11. Modelos de gestão de pessoas: gestão de pessoas por competências; liderança e 
desempenho institucional. 
 
12. Gestão do conhecimento. Organizações como comunidades de conhecimento; processos de 
disseminação do conhecimento. 
 
13. Os controles interno e externo. Responsabilização e Prestação de Contas. Controle e 
Desempenho. Transparência 
 
14. Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, instituído 
pelo Decreto nº 1.171, de 22/06/94. 
 
15 Elaboração e gerenciamento de projetos. 
 
Farei tudo para proporcionar a vocês um curso de qualidade, a fim de que possam ter 
em mãos a base necessária para se darem bem na parte de Gestão Pública. Além disso, o sítio 
do Ponto dos Concursos tem o grande diferencial de permitir que vocês tirem suas dúvidas, desde 
as simples até as mais complexas, por meio do fórum. Isto adiciona um ingrediente fenomenal ao 
ensino, visto que permite aos mais tímidos, os quais têm receio de levantarem a mão e fazerem 
perguntas numa sala de aula presencial, exporem seus raciocínios à vontade. Portanto, usem e 
abusem deste fantástico recurso e cheguem no dia da prova prontos para arrebentar! 
 
Bem, ainda não me apresentei. Meu nome é Eduardo Fávero, engenheiro formado pela 
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
e oficial da reserva não remunerada da Marinha 
do Brasil. Nesta permaneci durante 18 (dezoito) anos, desde minha entrada no Colégio Naval, 
 
 
 
 
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ANALISTA DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO 
PROFESSOR EDUARDO FÁVERO 
 
onde fui Comandante-Aluno (1º da turma) e ganhei o prêmio ―Honra ao Mérito Excepcional‖, 
passando pela Escola Naval e outras organizações militares, até minha saída, em 2006. No ano 
anterior (2005) havia sido aprovado em 1º lugar no concurso para Especialista em Políticas 
Públicas e Gestão Governamental – Área Gestão e Políticas Públicas e tomei posse no cargo em 
junho de 2006, após o Curso de Formação na Escola Nacional de Administração Pública (ENAP). 
Neste, pude ter aulas com os célebres mestres Francisco Gaetani (atual Secretário de Gestão do 
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão) e Fernando Abruccio (cientista político famoso) 
sobre Administração Pública. Como gestor governamental, atuei na área de formulação e 
implementação de políticas na área de tecnologia da informação e sistemas para a Administração 
Pública Federal, tendo trabalhado no processo de modernização do SIAPE (sistema de pessoal 
civil do Poder Executivo Federal) e do SIAPA (sistema de patrimônio da União). Finalmente, no 
ano de 2007 fui aprovado em 4º lugar no concurso de Analista de Controle Externo do Tribunal de 
Contas da União – TCU – Auditoria Governamental - DF, tendo tomado posse no cargo em janeiro 
de 2008. Atualmente, sou o professor da disciplina de Administração Pública do Curso Cathedra 
em Brasília/DF, especializado na preparação para os concursos do TCU, da CGU e MPOG (APO e 
EPPGG). Também já dei aulas em Belo Horizonte/MG, na Turma de Estudos, preparando o 
pessoal para o concurso da CGU 2008. 
 
Bem pessoal, vamos começar a trabalhar porque temos muita coisa pela frente! 
 
 
0. CONCEITOS BÁSICOS: ADMINISTRAÇÃO, ORGANIZAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 
DIMENSÕES DE DESEMPENHO (5 ―E‖s) 
 
 
 
0.1 ADMINISTRAÇÃO E ORGANIZAÇÃO 
 
O primeiro conceito que temos de Administração é o estudo das organizações. Mas o 
que seriam essas organizações? Para entender tal conceito, precisamos saber o que significam 
as palavras RECURSOS e OBJETIVOS: 
 
RECURSOS: são entidades reais ou virtuais que possuem um valor que pode ser 
avaliado. Por exemplo: pessoas, conhecimento, tempo, dinheiro, informação, espaço, instalações, 
matéria-prima, etc. 
 
OBJETIVOS: são resultados específicos que se pretende atingir. Por exemplo: uma 
situação ou estado futuro desejado, a construção de um produto físico ou conceitual ou a 
realização de um determinado evento. 
 
Juntando as duas palavras acima, obtemos a definição de organização: 
 
ORGANIZAÇÃO: SISTEMA DE RECURSOS estruturado com a finalidade de alcançar 
OBJETIVOS. A Sociedade Humana é formada por organizações, as quais fornecem as condições 
para o atendimento das necessidades das pessoas. Como exemplo, podemos citar os serviços de 
água, energia, telefone, alimentação, saúde, educação, etc. Todos têm pelo menos uma 
organização preocupada em prestar os serviços citados com qualidade mínima (objetivo) e para 
isso emprega os recursos que possui. Na verdade, podemos dizer que há poucos aspectos da 
vida contemporânea que não sejam influenciados por alguma espécie de organização e por isso 
nossa sociedade é chamada de ORGANIZACIONAL. 
 
Os objetivos, normalmente, envolvem a entrega de produtos e/ou serviços que 
resolvam o(s) problema(s) do usuário (também chamado ―cliente‖) da organização. Para isso, a 
organização emprega os recursos disponíveis, transformando-os inclusive, para atingir o objetivo. 
 
 
 
 
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E como ela faz isso? Por meio dos PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÃO e da DIVISÃO DO 
TRABALHO, que são outros componentes importantes da organização, além dos RECURSOS e 
dos OBJETIVOS. 
 
Mas como juntar todos esses componentes e fazer a organização atingir o resultado 
esperado? Antes disso, como definir quais os objetivos da organização? Como alocar os recursos 
da melhor forma possível? Como verificar se a organização está se comportando de acordo com o 
esperado? Quem pode fornecer essas respostas é a ADMINISTRAÇÃO! 
 
ADMINISTRAÇÃO: processo de tomada de decisão sobre OBJETIVOS e utilização de 
RECURSOS. Viram como tudo está interligado? Ela é que faz com que as pessoas que dirigem as 
ORGANIZAÇÕES (e aquelas que as auxiliam nessa tarefa) tenham o embasamento necessário 
para tomar as decisões mais apropriadas para cada situação a fim de melhorar o desempenho da 
organização. 
 
Muitos pensam que a Administração é uma ciência moderna, surgida no final do século 
XX. Na verdade ela já é praticada desde a Antiguidade, na civilização suméria (primeiros livros de 
contabilidade), nos egípcios (construção das pirâmides!), babilônios (código de Hamurabi) e 
romanos (organização e administração de um império multinacional, com o estabelecimento de 
administradores provinciais, fundação de colônias e construção de estradas). 
 
Todavia, foi com o advento da Revolução Industrial e com a necessidade de se 
melhorar o desempenho das indústrias, que começaram a surgir os primeiros conceitos e técnicas 
administrativas que possibilitaram à Administração se consolidar como uma disciplina. Surgiu um 
novo profissional: o administrador de organizações. Ele precisava de treinamento especializado e 
por isso surge, em 1881, nos EUA, a primeira escola de Administração do mundo. Na virada para o 
século XX, surge a Administração Científica e outras importantes tendências da moderna 
administração. Iremos estudar superficialmente tais tendências durante nosso curso, pois não 
estão mencionadas explicitamente no edital do TCU, mas é importante ter conhecimento do que 
elas tratam. 
 
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: 
 
- a palavra ―Administração‖ possui ainda outros significados, sendo empregada 
também para se referir aos dirigentes de uma organização e ao local nas organizações onde se 
tomam providências administrativas. 
 
- a palavra ―Organização‖ também pode significar qualquer empreendimento humano 
criado e moldado intencionalmente para atingir determinados objetivos, como uma unidade ou 
entidade social, podendo ser visualizado sobre dois aspectos: organização formal (planejada, que 
está oficialmente no papel) e a informal (que emerge espontânea e naturalmente entre as pessoas a 
partir dos relacionamentos interpessoais). Há também outro significado para essa palavra: 
função administrativa de organizar, parte integrante do processo administrativo, ato de organizar, 
estruturar e integrar os recursos e órgãos incumbidos de sua administração e estabelecer 
relações entre eles e suas atribuições. 
 
 
 
0.2 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
A Administração Pública pode ser encarada de duas formas distintas: em sentido 
subjetivo (formal) ou em sentido objetivo (material). No primeiro, é o conjunto de entes (pessoas 
jurídicas, órgãos e agentes públicos) que tem a incumbência de exercer uma das funções do 
Estado: a função administrativa. No segundo, a função administrativa é a própria definição de 
Administração Pública. Segundo Di Pietro, Administração Pública ―em sentido subjetivo, formal 
 
 
 
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ou orgânico, designa os entes que exercem
a atividade administrativa; compreende pessoas 
jurídicas, órgãos e agentes públicos incumbidos de exercer uma das funções em que se triparte a 
atividade estatal: a função administrativa‖. Ou seja, é o conjunto de organizações públicas 
(órgãos e entidades) instituídos para consecução dos objetivos do Governo. Por isso definimos 
organização no item anterior, perceberam? E a ciência da administração ajuda a melhor 
conduzir tais organizações. É claro que temos que levar em consideração as peculiaridades do 
setor públicos e isto será bem explorado neste curso. 
 
Di Pietro também afirma que ―em sentido objetivo, material ou funcional, designa a 
natureza da atividade exercida pelos referidos entes; nesse sentido, a Administração Pública é a 
própria função administrativa que incumbe, predominantemente, ao Poder Executivo‖. Falando de 
outra forma, é o conjunto das funções necessárias aos serviços públicos em geral; em acepção 
operacional, é o desempenho perene e sistemático, legal e técnico, dos serviços próprios do 
Estado ou por ele assumidos em beneficio da coletividade. Numa visão global, a Administração 
Pública é, pois, todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização de seus serviços, 
visando à satisfação das necessidades coletivas. 
 
 
 
0.3 DIMENSÕES DE DESEMPENHO 
 
Agora, para podermos ir adiante, temos que definir novos conceitos, pois um dos 
objetivos da administração é melhorar o desempenho da organização. Por isso, vamos definir os 
conceitos de eficácia, eficiência e efetividade. Acredito ser importante que vocês conheçam 
também a definição de economicidade e eqüidade, termos muito usados em Administração 
Pública, que são algumas das dimensões adotadas para se avaliar os desempenhos das 
organizações. Bem, vamos lá. 
 
O desempenho das organizações e seus processos podem ser avaliados de diversas 
formas segundo o enfoque adotado. Se formos empregar o enfoque da EFICÁCIA, iremos verificar 
qual o grau de realização de objetivos da organização. Exemplo: se o objetivo da Secretaria de 
Educação do Município de Taylorandia é construir 10 escolas no ano de 2008, bastará verificar se, 
no final deste ano, as 10 escolas estão construídas de acordo com o especificado. Caso 
afirmativo, a Secretaria terá sido EFICAZ. Não são levados em consideração os custos 
envolvidos, os processos adotados na construção. Portanto: 
 
EFICÁCIA: grau de alcance das METAS programadas em um determinado período de 
tempo, independentemente dos custos implicados. Quanto mais alto o grau de realização dos 
objetivos e metas, mais a organização é eficaz. 
 
Ops, que estória é essa de METAS? Não estávamos falando de OBJETIVOS? Pois é, 
se adicionarmos um prazo e uma quantificação associada a indicadores de desempenho ao 
objetivo, ele se torna uma meta. No nosso caso, o objetivo mais amplo da Secretaria de Educação 
seria reduzir o índice de analfabetismo para 10% ou menos até o final de 2010. Há um prazo e 
uma quantificação. Logo, é uma meta. Para conseguir cumpri-la, estabeleceu um sub-objetivo de 
aumentar o número de escolas. Escolheu construir 10 escolas no ano de 2008. Também há um 
prazo e há uma quantificação. Logo também é uma meta. 
 
Vamos supor que os servidores públicos da Secretaria se esmeraram, especificaram 
bem a realização da obra, promoveram a concorrência entre as diversas empresas e 
conseguiram, com o mesmo orçamento inicial, construir 12 escolas em 2008. Conseguiram reduzir 
os custos e melhorar o processo. Desta forma, foram EFICIENTES. 
 
EFICIÊNCIA: relação entre PRODUTOS (bens e serviços) gerados por uma atividade e 
 
 
 
 
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os CUSTOS dos insumos empregados, em um determinado período de tempo. Uma organização é 
eficiente quando utiliza seus recursos da forma mais produtiva e econômica possível, também 
conhecida como forma racional de utilização. Este conceito envolve os processos de trabalho e o 
custo dos insumos. 
 
Agora, será que a construção das escolas efetivamente conseguiu reduzir o 
analfabetismo para 10% ou menos? Caso afirmativo, a Secretaria de Educação foi efetiva. 
 
EFETIVIDADE: relação entre os resultados de uma ação ou programa, em termos de 
efeitos sobre a POPULAÇÃO-ALVO (IMPACTOS OBSERVADOS) e OBJETIVOS PRETENDIDOS 
(IMPACTOS ESPERADOS). Alguns autores consideram EFETIVIDADE como a união da 
EFICÁCIA com a EFICIÊNCIA e a ESAF cobrou assim na última prova. Portanto tenham atenção! 
Outro conceito bastante cobrado em prova e que poderá vir a ser inserido no edital 
deste ano é o de Economicidade, que implica a minimização dos custos dos recursos utilizados na 
consecução de uma atividade, sem comprometimento dos padrões de qualidade. Muita gente 
pensa que economicidade consiste simplesmente em comprar mais barato. Não é só isso. É 
comprar mais barato mantendo as especificações estabelecidas. Se o projeto original da escola 
continha uma biblioteca e uma quadra de esportes, estaríamos obedecendo ao princípio da 
economicidade construindo as dez escolas sem tais itens? Certamente cada escola sairia mais 
em conta. Mas não estaríamos obedecendo ao princípio. 
 
Para fecharmos os chamados 5 ―E‖s, falta abordar o conceito de eqüidade. A 
Secretaria de Educação estaria obedecendo a tal princípio se fornecesse aos diversos segmentos 
da população em idade escolar condições para que pudessem aproveitar, as escolas construídas. 
Desta forma, as crianças mais pobres teriam todo o apoio necessário para que pudessem 
freqüentar as aulas, em igualdade de condições com as crianças mais bem aquinhoadas. 
 
EQÜIDADE: tratar da mesma forma aos indivíduos com iguais necessidades e 
proporcionar tratamentos diferenciados a indivíduos com necessidades diferentes, objetivando 
justiça social. 
 
 
 
EFETIVIDADE 
 
 
ECONOMICIDADE 
 
 
 
 
OBJETIVOS 
 
 
 
 
INSUMOS / 
RECURSOS 
 
 
 
 
AÇÃO PRODUTO 
 
 
 
 
IMPACTOS / 
RESULTADO 
 
 
EFICIÊNCIA 
 
 
 
EFICÁCIA 
 
 
 
 
A figura acima resume bem os conceitos dos 4 primeiros ―E‖s, para vocês nunca mais 
errarem em prova! 
 
 
 
 
 
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EFICÁCIA: relação entre OBJETIVO e PRODUTO. Se o produto atendeu o objetivo, a 
organização foi eficaz. 
 
 
EFICIÊNCIA: relação entre os INSUMOS/RECURSOS e o PRODUTO. Se o produto foi 
conseguido com uma alocação racional dos recursos e empregando processos otimizados de 
trabalho a organização foi eficiente. 
 
 
EFETIVIDADE: relação entre os OBJETIVOS estabelecidos e os 
IMPACTOS/RESULTADOS observados. Se estes estão de acordo com aqueles, a organização foi 
efetiva. 
 
 
ECONOMICIDADE: relação entre os INSUMOS/RECURSOS e a AÇÃO que foi 
desenvolvida. Se para desenvolver a ação planejada com a qualidade necessária foram 
empregados os insumos com o menor custo possível , a organização foi econômica. 
 
 
 
 
0.4 QUESTÕES 
 
I - (CESPE- INSS2008): Acerca de instituição, organização e empresa, julgue o item subseqüente: 
No âmbito da ciência da administração, o conceito de organização pode ser visto sob dois 
prismas: o primeiro como um grupo de indivíduos associados, com um objetivo comum, e o 
segundo como uma das atividades administrativas,
relativa à função de organizar, isto é, 
estruturar, dividir e seqüenciar o trabalho. 
 
 
II – (CESPE – CEF2006 – ENG. AMBIENTAL) Em relação às organizações formais modernas e 
aos conceitos de administração, julgue o item a seguir: 
Pode-se conceituar administração como a forma de orientar, dirigir e controlar os esforços de um 
grupo de indivíduos para a consecução de um objetivo comum. 
 
 
III – (CESPE – EPPGG/ES 2007) A respeito de novas tecnologias, modelos e excelência nos 
serviços públicos, julgue o seguinte item. 
Considerando-se que, conforme critérios correntes de avaliação, a escola pública no Brasil venha 
formando grande quantidade de alunos, mas que a qualidade do ensino seja baixa, pois as 
pessoas não saem capacitadas para enfrentar os desafios do mercado de trabalho e as 
dificuldades de inserção social, é correto concluir que o sistema de ensino tem efetividade, mas 
não é eficaz. 
 
 
IV - (ESAF- CGU2006): Correlacione a coluna A com a coluna B e escolha a opção correta. 
 
Coluna A Coluna B 
A1 Administração B1 Conjunto de pessoas e de recursos deliberadamente 
estruturado para alcançar objetivos. 
A2 Organização B2 Alcance das metas predefinidas 
 
 
 
 
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A3 Eficiência B3 Processo de tomar decisões e realizar ações 
A4 Eficácia 
 
 
 
A5 Efetividade 
 
 
B4 Uso racional dos recursos 
 
B5 Capacidade de alcançar resultados por meio de pessoas e da 
alocação eficiente de recursos 
B6 Avaliação dos resultados 
 
B7 Estudo das organizações 
 
a) A1-B7; A2-B1; A3-B4 
b) A3-B6; A4-B3; A5-B2 
c) A1-B5; A2-B7; A4-B4 
d) A2-B3; A4-B4; A5-B6 
e) A1-B3; A3-B2; A5-B4 
 
 
V - Julgue como verdadeira (V) ou falsa (F) cada uma das definições de administração e 
assinale a opção que responde corretamente à questão: 
 
( ) Campo de estudo em que se analisa o funcionamento das organizações e se busca 
formas de melhorar seu desempenho 
 
( ) Ação de alocar recursos, orientar e supervisionar pessoas com objetivo de alcançar 
um fim ou fins que garantam a sobrevivência de uma organização. 
 
( ) Designação dada aos dirigentes de uma organização 
 
( ) Local nas organizações onde se tomam providências administrativas, como as 
relativas a aspectos legais e registros. 
a) V-V-V-V 
b) V-V-V-F 
c) F-V-F-V 
d) V-F-V-F 
e) V-F-V-V 
 
 
 
0.5 QUESTÕES COMENTADAS 
 
I - (CESPE- INSS2008): Acerca de instituição, organização e empresa, julgue o item 
subseqüente: No âmbito da ciência da administração, o conceito de organização pode ser 
visto sob dois prismas: o primeiro como um grupo de indivíduos associados, com um 
objetivo comum, e o segundo como uma das atividades administrativas, relativa à função 
de organizar, isto é, estruturar, dividir e seqüenciar o trabalho. 
 
Gabarito: CERTA. Segundo Chiavenato, a palavra ―Organização‖ pode significar qualquer 
empreendimento humano criado e moldado intencionalmente para atingir determinados objetivos, 
como uma unidade ou entidade social. É uma outra forma de dizer que organização pode ser 
entendida como um grupo de indivíduos associados, com um objetivo comum. 
 
 
 
 
 
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Há também outro significado para essa palavra: função administrativa de organizar, parte 
integrante do processo administrativo, ato de organizar, estruturar e integrar os recursos e órgãos 
incumbidos de sua administração e estabelecer relações entre eles e suas atribuições. Ou seja, a 
organização é uma das atividades administrativas, relativa à função de organizar, isto é, 
estruturar, dividir e seqüenciar o trabalho. 
 
 
II – (CESPE – CEF2006 – ENG. AMBIENTAL) Em relação às organizações formais modernas e 
aos conceitos de administração, julgue o item a seguir: 
Pode-se conceituar administração como a forma de orientar, dirigir e controlar os esforços de um 
grupo de indivíduos para a consecução de um objetivo comum. 
 
 
Gabarito: CERTA. A questão apresenta o conceito de administração como a forma de guiar um 
grupo a atingir seus objetivos. Para isso, o administrador se valerá de recursos humanos, 
financeiros, tempo, etc. 
 
 
III – (CESPE – EPPGG/ES 2007) A respeito de novas tecnologias, modelos e excelência nos 
serviços públicos, julgue o seguinte item. 
Considerando-se que, conforme critérios correntes de avaliação, a escola pública no Brasil venha 
formando grande quantidade de alunos, mas que a qualidade do ensino seja baixa, pois as 
pessoas não saem capacitadas para enfrentar os desafios do mercado de trabalho e as 
dificuldades de inserção social, é correto concluir que o sistema de ensino tem efetividade, mas 
não é eficaz. 
 
 
Gabarito: ERRADA. É justamente o contrário. Como o produto da ação é a pessoa formada, e o 
sistema educacional consegue formar as pessoas, ele é eficaz. Todavia, a ação não consegue 
produzir o impacto esperado, que seria a inserção dessas pessoas no mercado de trabalho, ou 
seja, ela não é efetiva. 
 
 
 
IV - (ESAF- CGU2006): Correlacione a coluna A com a coluna B e escolha a opção correta. 
 
Coluna A Coluna B 
A1 Administração B1 Conjunto de pessoas e de recursos deliberadamente 
estruturado para alcançar objetivos. 
A2 Organização B2 Alcance das metas predefinidas 
A3 Eficiência B3 Processo de tomar decisões e realizar ações 
A4 Eficácia 
 
 
 
A5 Efetividade 
 
 
B4 Uso racional dos recursos 
 
B5 Capacidade de alcançar resultados por meio de pessoas e da 
alocação eficiente de recursos 
B6 Avaliação dos resultados 
 
B7 Estudo das organizações 
 
a) A1-B7; A2-B1; A3-B4 
b) A3-B6; A4-B3; A5-B2 
c) A1-B5; A2-B7; A4-B4 
d) A2-B3; A4-B4; A5-B6 
 
 
 
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e) A1-B3; A3-B2; A5-B4 
 
Resolução: Comecemos pela coluna B, que detém as possíveis definições para os termos da 
coluna A. 
 
− B1 é a definição de ORGANIZAÇÃO 
 
− B2 está relacionado com a definição de EFICÁCIA 
 
− B3 é uma das definições de ADMINISTRAÇÃO 
 
− B4 está relacionado com a definição de EFICIÊNCIA 
 
− B5 une os conceitos de EFICÁCIA (alcance de resultados) e de EFICIÊNCIA (alocação 
eficiente de recursos). Deseja que o candidato perceba que este é um dos conceitos de 
EFETIVIDADE. 
 
− B6 fala em avaliação dos resultados. Este é um processo necessário para se verificar se a 
organização foi eficaz, mas não está diretamente relacionado com um termo na coluna A. 
Consideraria EFICÁCIA se não houvesse outra melhor. 
 
− B7 traz outra definição de ADMINISTRAÇÃO. 
 
 
Desta forma vemos logo que a ALTERNATIVA ―A‖ ESTÁ CORRETA. Os erros nas 
outras são: 
 
b) Avaliação dos resultados tem a ver com EFICÁCIA e não com EFICIÊNCIA. É 
importante que o processo de tomar decisões e realizar ações seja eficaz, mas não nenhuma 
correlação direta entre termo (A4) e definição (B3). Efetividade é um termo bem mais abrangente 
do que simplesmente alcançar metas predefinidas. 
 
c) Administração pode ser efetiva, mas não obrigatoriamente. A organização
não pode 
ser o estudo das organizações. O uso racional dos recursos tem a ver com EFICIÊNCIA. 
 
d) O processo de tomar decisões e realizar ações tem a ver com administrar a 
organização, mas não é a organização em si. O uso racional dos recursos tem a ver com 
EFICIÊNCIA. Efetividade é um termo muito mais abrangente que simplesmente avaliar os 
resultados (EFICÁCIA). 
 
e) O alcance das metas tem a ver com EFICÁCIA. Efetividade é um termo muito mais 
abrangente que simplesmente utilizar racionalmente os recursos (EFICIÊNCIA). 
 
 
V - Julgue como verdadeira (V) ou falsa (F) cada uma das definições de administração e 
assinale a opção que responde corretamente à questão: 
 
( ) Campo de estudo em que se analisa o funcionamento das organizações e se busca 
formas de melhorar seu desempenho 
 
( ) Ação de alocar recursos, orientar e supervisionar pessoas com objetivo de alcançar 
um fim ou fins que garantam a sobrevivência de uma organização. 
 
( ) Designação dada aos dirigentes de uma organização 
 
( ) Local nas organizações onde se tomam providências administrativas, como as 
relativas a aspectos legais e registros. 
 
 
 
 
 
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a) V-V-V-V 
b) V-V-V-F 
c) F-V-F-V 
d) V-F-V-F 
e) V-F-V-V 
 
Resolução: A ALTERNATIVA CORRETA É A ―A‖, tendo em vista que todas as sentenças trazem 
os diversos significados para a palavra ―administração‖. 
 
Vamos agora entrar no conteúdo propriamente dito do edital, por um tópico que cai em 
todas as provas de Administração Pública e é de grande importância no entendimento do assunto. 
Irei manter a numeração do edital, para facilitar os estudos de vocês. 
 
 
3. MODELOS DE GESTÃO PÚBLICA: PATRIMONIALISTA, BUROCRÁTICO (WEBER) E 
GERENCIAL 
 
3.1 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PATRIMONIALISTA 
 
O aparelhamento do Estado evoluiu de acordo com a História, sendo inicialmente 
adotado o modelo patrimonialista, que definiu as monarquias absolutas. A característica que 
definia o governo nas sociedades pré-capitalistas e pré-democráticas era a privatização do 
Estado, ou a interpermeabilidade dos patrimônios público e privado. 
 
―Patrimonialismo‖ significa a incapacidade ou a relutância de o governante distinguir 
entre o patrimônio público e seus bens privados. No patrimonialismo, o aparelho do Estado 
funciona como uma extensão do poder do soberano, o qual utiliza os bens públicos da forma que 
achar conveniente, particularmente em seu próprio benefício. Seus auxiliares, servidores, 
possuem status de nobreza real. A ―res publica‖, ou seja, ―a coisa pública‖ não é diferenciada da 
―res principis‖, quer dizer, do patrimônio do príncipe ou do soberano. Logo, o patrimônio público e o 
privado são confundidos, havendo uma ligação ou interdependência entre os dois. Como a 
autoridade deriva do poder do soberano, este usa da ―res publica‖ da forma que bem entende, 
sem prestar contas a quem quer que seja. 
 
Os cargos públicos são considerados prebendas ou sinecuras, ou seja, empregos 
rendosos que exigem pouco ou nenhum trabalho de quem o exerce, e são distribuídos da forma 
que for mais adequada ao soberano. O nepotismo, o empreguismo e a corrupção eram a norma. 
Logo, a administração do Estado pré-capitalista era uma administração patrimonialista. 
 
Todavia, em tal estado de coisas o capitalismo encontrava grande dificuldade para se 
desenvolver, visto que não havia estabilidade das normas e das decisões dos governantes. Havia a 
necessidade da implantação de um Estado de Direito para que a nova economia liberal 
pudesse florescer e se desenvolver. É essencial para o capitalismo a clara separação entre o 
Estado e o mercado. 
 
As Revoluções Liberais ocorridas na França e nos Estados Unidos prepararam o 
terreno para que um novo tipo de Administração Pública pudesse ser implantada, inicialmente 
nos países europeus na segunda metade do século XIX e depois se espalhasse por outros 
países em desenvolvimento. As democracias parlamentares que surgiram nesse século não 
toleravam mais o modelo patrimonialista de administração pública. Só pode existir democracia 
quando a sociedade civil, formada por cidadãos, distingue-se do Estado ao mesmo tempo em 
que o controla. Desta forma, tornou-se necessário desenvolver um tipo de administração que 
 
 
 
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partisse não só da clara distinção entre o público e o privado, mas também da separação entre o 
político e o administrador público. Surge, então, a administração pública burocrática moderna, 
racional-legal. 
 
No Brasil, tal revolução só viria a ocorrer nos anos 30 do século passado. 
 
 
 
3.2 O ESTADO OLIGÁRQUICO BRASILEIRO. 
 
O Estado brasileiro de 1900 é ainda um Estado oligárquico em que uma pequena elite 
de senhores de terra e de políticos patrimonialistas dominavam amplamente o país. Para Faoro o 
poder político do Estado está concentrado em um estamento aristocrático-burocrático de juristas, 
letrados, e militares, que derivam seu poder e sua renda do próprio Estado. Enquanto os senhores 
de terra e os grandes comerciantes e traficantes de escravos (até 1850) se ocupavam da 
economia, este estamento dominava com relativa autonomia o Estado e a política. Havia a 
formação de uma nova classe média, uma classe burocrática, composta por um estamento de 
políticos e burocratas patrimonialistas, que se apropriavam do excedente econômico no seio do 
próprio Estado, e não diretamente através da atividade econômica. 
 
O mais importante naquele momento, porém, era a ainda a marca da colonização 
portuguesa. Manoel Bomfim escolheu como subtítulo a expressão ―Males de Origem‖ para 
salientar que nosso subdesenvolvimento – ou, nas suas palavras, o nosso ―atraso geral‖ , assim 
como o atraso dos demais países latino-americanos, estava diretamente ligado ao caráter 
decadente das duas nações colonizadoras, Portugal e Espanha. É tradicional a idéia de que uma 
função fundamental do Estado nessa época era garantir empregos para a classe média pobre 
ligada por laços de família ou de agregação aos proprietários rurais. No Império, seguindo uma 
tradição portuguesa secular, formara-se uma elite dirigente patrimonialista, que vivia das rendas 
do Estado ao invés de das rendas da terra, e detinha com razoável autonomia um imenso poder 
político. Em um primeiro momento eles, a partir de sua base estamental ou de suas relações com o 
patriciado rural, estudavam em Coimbra, depois, nas faculdades de direito da Olinda e São 
Paulo. Apoiados nesse conhecimento vinham a ocupar os altos postos do Império. 
 
Havia no Brasil uma aliança do estamento patrimonialista com burguesia mercantil de 
senhores de terra e grandes comerciantes. Esta burguesia transformou-se, no decorrer do século 
XIX, de uma oligarquia principalmente de senhores de engenho para uma oligarquia cafeeira 
paulista. Tivemos assim um Estado Patrimonial-Mercantil no Império, que se estendeu ainda pela 
Primeira República. 
 
A elite patrimonialista imperial é caracterizada pelo o saber jurídico formal, 
transformado em ferramenta de trabalho e instrumento de poder. A absoluta maioria dos ministros, 
conselheiros, e presidentes de província, e deputados é formada em direito. São todos 
burocratas porque sua renda deriva essencialmente do Estado; são patrimonialistas 
porque
os critérios de sua escolha não são racional-legais, e porque constroem um 
complexo sistema de agregados e clientes em torno de si, sustentado pelo Estado, 
confundindo o patrimônio privado com o estatal. 
 
Sérgio Buarque de Holanda foi quem pela primeira vez utilizou o conceito de 
patrimonialismo para caracterizar as elites políticas brasileiras. Diz ele que ―não era fácil aos 
detentores das posições públicas de responsabilidades, formados por tal ambiente (família 
patriarcal), compreenderem a distinção fundamental entre os domínios do privado e do público‖. 
 
 
 
 
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É essa elite política letrada e conservadora que manda de forma autoritária ou 
oligárquica. Não há democracia. As eleições são uma farsa. A distância educacional e social 
entre a elite política e o restante da população, imensa. E no meio dela temos uma camada de 
funcionários públicos, donos antes de sinecuras do que de funções, dada a função do Estado 
patrimonial de lhes garantir emprego e sobrevivência. O emprego público, embora não garantisse 
plena estabilidade, dada a prática das ―derrubadas‖ quando mudavam ministérios de um partido 
para o outro, era o único emprego possível para uma ampla classe média desempregada. 
 
Desta forma percebe-se que os critérios administrativos eram pessoais, e a 
preocupação com a eficiência da máquina estatal, nula. 
 
Aos poucos, a burocracia estamental, de caráter aristocrático, começa a ser infiltrada 
por elementos externos, de origem social mais baixa, como aconteceu com o clero e, dentro do 
aparelho do Estado propriamente dito, com os militares do Exército. Começa a surgir 
administração pública burocrática e o autoritarismo burocrático-capitalista emerge através 
principalmente dos militares e das revoluções que promovem em nome de uma abstrata ―razão‖, 
cujas fontes capitalistas e burocráticas clássicas são claras. 
 
 
 
3.3 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BUROCRÁTICA 
 
Baseada nos princípios de administração do exército prussiano, a administração 
pública burocrática constituía-se numa alternativa muito superior à administração patrimonialista 
do Estado. Tal modelo foi adotado inicialmente nas empresas, principalmente em organizações 
industriais, em decorrência da necessidade de ordem e exatidão e das reivindicações dos 
trabalhadores por um tratamento justo e imparcial. Segundo Chiavenato, o modelo burocrático de 
organização surgiu como uma reação contra a crueldade e o nepotismo e contra os julgamentos 
tendenciosos e parciais, típicos das práticas administrativas desumanas e injustas do início da 
Revolução Industrial. Veio com a finalidade de organizar detalhadamente e de dirigir rigidamente 
as atividades das empresas com a maior eficiência possível. 
 
Quem melhor definiu o modelo burocrático de organização foi Max Weber (1864- 
1920), por meio de estudos sobre as organizações formais identificando-lhes características 
comuns. Segundo ele, tais organizações baseiam-se em leis escritas, que as pessoas aceitam 
por acreditarem que são racionais1 e que definem antecipadamente como a organização irá 
funcionar. A autoridade não mais tem origem no soberano e sim no cargo que a pessoa ocupa na 
organização e a obediência é devida às leis e aos regulamentos, formalmente definidos. 
 
A administração pública burocrática utiliza, como instrumento para combater o 
nepotismo e a corrupção, os princípios de um serviço público profissional e de um sistema 
administrativo impessoal, formal e racional. Foi um grande progresso o surgimento, no século 
XIX, de uma administração pública burocrática em oposição às formas patrimonialistas de se 
administrar o Estado. 
 
O tipo ideal de burocracia, segundo Weber, apresenta como características principais: 
 
- FORMALIDADE: organizações são formadas baseadas em estatutos, normas e 
regulamentos explícitos, que estipulam direitos e deveres dos ocupantes de cada cargo e 
regulam sua conduta e atividades, que devem ser executadas de acordo com as rotinas e 
procedimentos fixados pelas regras e normas técnicas. As comunicações são sempre feitas por 
escrito, a fim de proporcionar comprovação e documentação adequadas. A empresa em que 
 
 
 
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você trabalha ou a escola/universidade em que você estuda ou estudou está regulada por 
normas racionais. Seu comportamento como aluno ou profissional da empresa não depende dos 
caprichos pessoais dos administradores, como era no modelo patrimonialista. Desta forma, na 
burocracia, todos são iguais perante a lei. 
 
- IMPESSOALIDADE: a obediência dos subordinados ao chefe é devida pelo cargo 
que este ocupa, não pela tradição ou pelo carisma deste2. As normas instituídas racionalmente 
são aplicadas a todos. As relações profissionais são isentas de ódios ou paixões, possuindo 
caráter impessoal. 
 
- PROFISSIONALISMO: as burocracias são formadas por funcionários especializados 
remunerados, ocupantes de cargos, e oferecem a estes uma carreira profissional. 
 
- MÉRITO: os funcionários são selecionados por suas qualificações (mérito), às quais 
são aperfeiçoadas por treinamento especializado. A atribuição de responsabilidades e a evolução 
na carreira são realizadas por critérios de mérito. 
 
- HIERARQUIA e DISCIPLINA: a burocracia é uma organização que tem seus cargos 
previamente estabelecidos segundo os princípios da hierarquia. Cada cargo inferior deve estar 
sob controle e supervisão de um superior, ou seja, as relações de trabalho possuem caráter 
hierárquico. 
 
- DIVISÃO DO TRABALHO: a fim de se atingir a eficiência da organização, há uma 
sistemática divisão do trabalho, que estabelece as atribuições de cada participante, suas funções 
específicas e sua esfera de competência e responsabilidade. 
 
- SEPARAÇÃO DA PROPRIEDADE: os administradores da burocracia não 
necessariamente seus donos ou proprietários, surgindo a figura do profissional que se 
especializa em gerenciar a organização. Os meios de produção não são propriedade dos 
burocratas, mas estão acima destes. 
 
Para Weber, a burocracia é a organização eficiente por excelência e para conseguir 
essa eficiência, precisa detalhar antecipadamente e nos mínimos detalhes como as coisas 
deverão ser feitas. A conseqüência desejada é a previsibilidade do comportamento dos seus 
membros, ou seja, a forma como os funcionários irão agir será perfeitamente previsível, pois está 
prescrita nos regulamentos. Sabemos que aí Weber cometeu um pecado capital: não considerou 
nenhuma diferenciação no comportamento humano na organização, nem as chamadas 
organizações informais3, que influenciam o desempenho do funcionário. 
 
A forma burocrática de Administração foi implantada nos principais países europeus 
no final do século, nos EUA no começo do século XX e no Brasil em 1936, com a reforma 
administrativa promovida por Maurício Nabuco e Luiz Simões Lopes. 
 
A implantação da burocracia teve como pano de fundo inicial o liberalismo 
econômico, que pregava que o Estado deveria se restringir a suas funções típicas (defesa 
nacional, aplicação da justiça, elaboração de leis, diplomacia, etc) sem intervir na economia, 
deixando para o mercado a tarefa de resolver os problemas do desemprego e da pobreza. 
Posteriormente, atingiu seu apogeu
com o Estado de Bem-Estar Social, onde a burocracia 
deveria atender às demandas crescentes da população. 
 
É importante citar que a administração pública burocrática não conseguiu eliminar 
completamente o Patrimonialismo, passando os dois modelos a subsistirem juntos. 
 
OBSERVAÇÃO: atenção aqui! É muito comum cair em prova que o modelo 
burocrático eliminou o modelo patrimonialista. Não caiam nessa! 
 
 
 
 
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3.4 DISFUNÇÕES DA BUROCRACIA 
 
Será que as organizacionais reais são realmente como Weber as retratou em seu tipo 
ideal? Este não será uma abstração por demais idealizada? Essas questões estimularam o 
trabalho de vários autores, dentre os quais citamos CHARLES PERROW e ROBERT MERTON, 
os quais se puseram a expor as chamadas ―disfunções da burocracia‖. 
 
Perrow afirmava que ―o tipo ideal de Weber nunca é alcançado, porque as 
organizações são essencialmente sistemas sociais, feitos de pessoas, e as pessoas não existem 
apenas para as organizações. Estas têm interesses independentes e levam para dentro das 
organizações em que trabalham toda sua vida externa. Além disso, a organização burocrática que 
Weber idealizou parece servir melhor para lidar com tarefas estáveis e rotinizadas. Não trata as 
organizações dinâmicas, para quais a mudança é constante, somente as organizações 
mecanicistas, orientadas basicamente para as atividades padronizadas e repetitivas.‖ Perrow 
apontou 4 disfunções da burocracia: 
 
- PARTICULARISMO: as pessoas levam para dentro das organizações os interesses 
dos grupos de que participam fora dela. 
 
- SATISFAÇÃO DE INTERESSES PESSOAIS: utilização da organização para fins 
pessoais do funcionário. 
 
- EXCESSO DE REGRAS: as burocracias exageram na tentativa de regulamentar tudo o 
que for possível a respeito do comportamento humano, criando regras em excesso e muitos 
funcionários ficam encarregados de fiscalizar o cumprimento das mesmas. 
 
- HIERARQUIA: para Perrow, seria a negação da autonomia, liberdade, iniciativa, 
criatividade, dignidade e independência. Seria a maior responsável pela RESISTÊNCIA ÀS 
MUDANÇAS, as quais atrapalham o comodismo dos que estão no topo da hierarquia. 
 
Merton também critica o modelo weberiano que, em sua opinião, negligencia o peso 
do fator humano e não são racionais como ele retrata. Para ele, as principais disfunções da 
burocracia são: 
 
- EXAGERADO APEGO AOS REGULAMENTOS E SUPERCONFORMIDADE ÀS 
ROTINAS E PROCEDIMENTOS: as regras passam a se transformar de meios em objetivos. O 
funcionário esquece que a flexibilidade é uma das principais características de qualquer atividade 
racional. Trabalha em função do regulamento e não em função dos objetivos organizacionais. 
 
- EXCESSO DE FORMALISMO E PAPELÓRIO: devido à necessidade de se 
documentar por escrito todas as comunicações e procedimentos. 
 
- RESISTÊNCIA ÀS MUDANÇAS: o funcionário, por se tornar um mero executor de 
rotinas e procedimentos definidos, passa a dominar seu trabalho com segurança e tranqüilidade. 
Qualquer possibilidade de mudança que surja no horizonte passa a ser interpretada como ameaça à 
sua posição e, portanto, altamente indesejável. Tal resistência pode ser manifestada de forma 
velada e discreta ou ativa e agressiva. 
 
- DESPERSONALIZAÇÃO DO RELACIONAMENTO: o chefe não considera mais os 
funcionários como indivíduos, mas sim como ocupantes de cargos, sendo conhecidos pelo título 
do cargo e até mesmo pelo número interno que a organização lhes fornecem. 
 
- CATEGORIZAÇÃO COMO BASE DO PROCESSO DECISORIAL: A burocracia se 
assenta em uma rígida hierarquização da autoridade, ou seja, na burocracia quem toma as 
 
 
 
 
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decisões são as pessoas que estão no mais alto nível da hierarquia, mesmo que não saibam nada 
do assunto, visto que são os únicos com real poder de decisão. 
 
No momento em que o ―pequeno‖ Estado liberal do século XIX, onde o Estado só 
se preocupava com a justiça, defesa, fazenda e relações exteriores, cedeu definitivamente lugar 
ao ―grande― Estado social e econômico do século XX, verificou-se que ela não garantia nem 
rapidez, nem boa qualidade, nem custo baixo para os serviços prestados ao público. A 
administração pública burocrática é lenta, cara, auto-referida, pouco ou nada orientada para o 
atendimento das demandas dos cidadãos. Agora, ao invés de três ou quatro ministros, era preciso 
ter 15 ou 20. 
 
 
 
3.5 O ESTADO BUROCRÁTICO BRASILEIRO 
 
A Primeira República pretendia ser uma revolução de classe média, como seriam 
depois as outras três revoluções militares no Brasil – 1930, 1945, e 1964 – mas o regime militar 
teve vida breve, com apenas os governos de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Com a 
eleição, em novembro de 1894, de Prudente de Morais, a oligarquia cafeeira volta ao poder, 
restabelecendo-se a aliança dos tempos do Segundo Império do estamento burocrático- 
aristocrático com a oligarquia principalmente cafeeira. Todavia, a presença efetiva dos militares do 
Exército na aliança de poder era um fato novo, porque estes militares, diferentemente dos da 
Marinha, não podiam ser legitimamente incluídos no estamento burocrático-aristocrático do 
Império. Os representantes da classe média tecnoburocrática, de uma classe média burocrática 
moderna, que, no século XX, teria enorme expansão e diversificação, apareciam, assim, pela 
primeira vez na história brasileira por intermédio do Exército. 
 
O golpe militar não tinha base real na sociedade, de forma que não envolveu de fato a 
população que, segundo Aristides Lobo(*), assistiu bestializada à proclamação da República. 
Passado o entusiasmo inicial provocado pela proclamação da República, no campo das idéias 
nem mesmo a elite conseguia chegar a um certo acordo quanto à definição de qual deveria ser a 
relação entre o cidadão com o Estado. No campo da ação política fracassaram sistematicamente 
as tentativas de mobilizar e organizar a população de acordo com os padrões conhecidos nos 
sistemas liberais. O regime continuava oligárquico, as eleições, fraudulentas; o eleitorado subira 
apenas de um para dois por cento da população com a República. A estrutura econômica e a 
estrutura de poder não haviam mudado. Pelo contrário, com o estabelecimento da federação na 
Constituição de 1891, e a decorrente descentralização política de um Estado que no Império fora 
altamente centralizado, o poder dos governadores e das oligarquias locais aumentara ao invés de 
diminuir. 
 
Surge a política dos governadores, que definiria os rumos políticos do país até 1930. 
Mas o aumento do poder dos governadores era contraditório: se de um lado tinham mais poder 
em relação à União, tinham menos em relação aos coronéis locais, dos quais passavam a 
depender. Estes problemas estavam na base da insatisfação crescente dos militares, que 
demandavam a ordem e o progresso anunciados na bandeira republicana, e da indignação de 
liberais clamando por democracia. O resultado é a aliança política instável de 1930, que levou não 
ao Estado liberal sonhado pelos últimos, mas ao Estado burocrático e autoritário do primeiro 
Vargas. 
 
O movimento revolucionário, que desembocará na Revolução de 1930 e no governo 
Vargas, era intrinsecamente contraditório. De um lado, no seu componente principalmente civil,
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era liberal: protestava contra a farsa das eleições, propondo ampliar-se o eleitorado e instituir-se o 
voto secreto, demandava anistia dos condenados por razões políticas, queria terminar com o 
poder das oligarquias locais, de coronéis e jagunços, e regionais, de presidentes de província. De 
outro, era um movimento conservador, na medida em que muitos dos seus aderentes constituíam 
as próprias oligarquias estaduais, principalmente nos Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba. 
De um terceiro lado, entretanto, possuía um forte componente militar, tenentista, burocrático e 
autoritário. Seu objetivo maior era centralizar o poder nacional, colocando sob controle os coronéis 
locais e dos estados federados. 
 
O terceiro aspecto do movimento sagra-se vencedor, e durante quinze anos Getúlio 
Vargas permanece no poder, sendo que nos últimos oito anos, nos quadros de um regime 
estritamente autoritário. Estabelece o poder da União sobre os estados federados e as oligarquias 
locais, e dá impulso ao processo de industrialização. 
 
A República fora descentralizadora e oligárquica. O novo Estado fundado pela 
Revolução de 1930, ainda que conserve elementos da velha aristocracia, será um Estado antes 
do que qualquer coisa autoritário e burocrático no seio de uma sociedade em que o capitalismo 
industrial se torna afinal dominante. Duas classes novas sobem ao poder: a burguesia industrial e 
a nova classe média tecnoburocrática. Ambas eram originárias de classes ou estamentos 
antigos: a burguesia industrial originava-se da burguesia mercantil; a moderna burocracia evoluiu 
do estamento burocrático patrimonialista. Diferentemente da sua antecessora, a burocracia não 
tinha caráter aristocrático, nem estava circunscrita ao Estado. 
 
Além da clássica tarefa política e administrativa, a nova burocracia passava a ter uma 
função econômica essencial: a coordenação das grandes empresas produtoras de bens e 
serviços, fossem elas estatais ou privadas. Enquanto no setor público Getúlio Vargas realizava, 
nos anos 30, a reforma burocrática, a ―civil service reform”, que na França, Inglaterra e Alemanha, 
acontecera na segunda metade do século anterior, e nos Estados Unidos, na primeira década 
deste século, no setor privado o surgimento de grandes organizações empresariais públicas e 
privadas promovia o surgimento de uma burocracia moderna, voltada para a voltada para 
produção. 
 
O Estado Patrimonial teve longa duração no seio da Sociedade Mercantil e Senhorial, o 
Estado Burocrático, na Sociedade Capitalista, Industrial teve vida curta. Curta porque a 
industrialização chegou tarde e logo começou a ser substituída pela sociedade pós-industrial do 
conhecimento e dos serviços, curta porque a Reforma Burocrática de 1936 também chegou tarde e 
foi atropelada pela reforma gerencial, que a globalização imporia e a democracia tornaria 
possível. 
 
 
 
 
3.6 O ESTADO DE BEM ESTAR 
 
No momento em que o Estado se converteu no grande Estado social e econômico do 
século XX, assumindo um número crescente de serviços sociais – educação, saúde, cultura, 
previdência e assistência social, pesquisa científica – e de papéis econômicos – regulação do 
sistema econômico interno, das relações econômicas internacionais, estabilidade da moeda e do 
sistema financeiro, provisão de serviços públicos e de infra-estrutura, o problema da eficiência 
tornou-se essencial. 
 
 
 
 
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Esse estado tinha três dimensões: 
 
- ECONÔMICA: caracterizada pela influência keynesiana, que pregava a ativa 
intervenção estatal na economia, procurando garantir o pleno emprego e atuar em setores 
considerados estratégicos para o desenvolvimento nacional — telecomunicações e petróleo,por 
exemplo. No Brasil, através da autonomia dada às empresas de economia mista viabilizava-se o 
grande projeto de industrialização com base em grandes empresas estatais de infra-estrutura e 
serviços públicos que já havia sido iniciado nos anos 40, com a criação da Companhia Siderúrgica 
Nacional, e acelerado nos anos 50, com a criação da Petrobrás, da Eletrobrás, e da Telebrás, e 
do BNDES. Por outro lado, são então criadas ou desenvolvidas novas agências reguladoras, 
como o Banco Central, que regulam também com autonomia as atividades econômicas, tendo 
sempre como critério a promoção do desenvolvimento industrial. 
 
- SOCIAL: correspondente ao ―Welfare State‖ ou ―Estado do Bem-Estar‖, adotado em 
maior ou menor grau nos países desenvolvidos, tinha como objetivo primordial a produção de 
políticas públicas na área social (educação, saúde, previdência social, habitação, etc.) para 
garantir o suprimento das necessidades básicas da população. É uma conseqüência do modelo 
intervencionista adotado a partir da década de 30 por causa da grave crise financeira que assolou o 
mundo no final dos anos 20, tendo como ápice a quebra da bolsa de Nova York em 1929. Suas 
características são baseadas na concepção de que o Estado deve prover todas as necessidades 
do cidadão, e assim fornecer direta ou indiretamente todos os serviços necessários ao bem-estar 
social, inclusive o fornecimento direto de renda ao cidadão, caso este necessite, sem haver 
nenhuma necessidade de contraprestação por parte deste. 
 
- ADMINISTRATIVA: relativa ao funcionamento interno do Estado, o chamado modelo 
burocrático weberiano tinha a missão de manter a impessoalidade, a neutralidade e a 
racionalidade do aparato governamental. 
 
No Brasil e nos países latino-americanos da periferia do mundo capitalista, a dimensão 
social não foi aplicada da mesma forma que nos países desenvolvidos. O Estado nacional- 
desenvolvimentista é característico desse grupo nessa época, e se preocupava em promover a 
industrialização por meio da ação direta do Estado, como criador e impulsionador de empresas 
estatais industriais. Nesses países, ocorreu a industrialização POR SUBSTITUIÇÃO DE 
IMPORTAÇÕES (SI), que, segundo Maria Conceição Tavares, é um processo de 
desenvolvimento parcial e fechado que, respondendo às restrições de comércio exterior, procurou 
repetir aceleradamente (nos países em desenvolvimento), em condições históricas distintas, a 
experiência de industrialização dos países desenvolvidos. 
 
Isto porque os países em desenvolvimento eram exportadores de matérias-primas e 
importadores de produtos manufaturados, de maior valor agregado. Desta forma, a política residia 
em criar condições para que a indústria nacional produzisse internamente o que antes era 
importado lá fora. Visava a possibilitar o surgimento de um setor industrial, produtor de 
manufaturados, que permitisse uma acumulação de capital suficiente para desencadear um 
processo de desenvolvimento econômico auto-sustentável e duradouro. 
 
O problema era que, ao mesmo tempo em que se substituía, se criava novas 
necessidades de importações qualitativamente distintas, o que terminava por exigir novas rodadas 
de substituição. Além disso, o surto de substituição de importações na América Latina se deu 
 
 
 
 
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através da implantação de atividades produtoras de bens de consumo duráveis, o que requereria a 
aquisição
no exterior de determinadas peças, componentes e equipamentos (bens de capital), de 
alto custo. 
 
Nessa fase, o Estado desempenha um papel decisivo em apoiar a indústria nascente, 
realizando inclusive políticas cambiais e alfandegárias altamente favoráveis a importação, mas 
prejudiciais às contas públicas, em virtude do aumento do endividamento externo. No caso 
particular do Brasil, o processo de SI teve seu início efetivo no segundo governo de Getúlio 
Vargas, atingindo seu ápice no chamado ―milagre econômico‖. 
 
Todavia, as duas crises do petróleo (1973 e 1979) colocaram em xeque o modelo de 
intervenção estatal. Uma grande crise econômica mundial pôs fim a ―era dourada‖, como afirma o 
historiador Eric Hobsbawn, período em que não só os países capitalistas desenvolvidos, mas até 
países do bloco socialista e parte do Terceiro Mundo apresentaram elevadas taxas de 
crescimento econômico. Tal crise constitui-se no primeiro de quatro fatores que 
desencadearam a CRISE DO ESTADO montado no pós-guerra, o estado de bem-estar. 
 
A CRISE FISCAL, entendida como a perda em maior grau de crédito público e 
incapacidade crescente do Estado de realizar uma poupança pública que lhe permitisse financiar 
políticas públicas, foi causada principalmente pela grave crise econômica mundial citada 
anteriormente. Os países não tinham mais como financiar seus crescentes ―déficits‖, surgindo a 
necessidade imperativa de corte de gastos públicos. E os problemas fiscais tendiam a se agravar, 
na medida em que se iniciava, principalmente nos EUA e na Grã-Bretanha, uma revolta dos 
contribuintes contra a cobrança de mais tributos, devido ao fato de que estes não conseguiam 
enxergar uma relação direta entre o acréscimo de recursos governamentais e a melhoria de 
serviços públicos. A crise fiscal é o segundo fator que desencadeou a crise do Estado. 
 
O ESGOTAMENTO DAS FORMAS DE INTERVENÇÃO DO ESTADO, pela crise do 
―Estado de Bem Estar Social‖ ou ―Welfare State‖ no primeiro mundo, o esgotamento da 
industrialização por substituição de importações nos países em desenvolvimento e o colapso do 
estatismo nos países comunistas formam o terceiro fator. Os governos estavam, ainda, 
sobrecarregados de atividades — acumuladas ao longo do pós-guerra —, ―com muito a fazer e 
com poucos recursos para cumprir todos os seus compromissos‖. Estava caracterizada uma 
situação de ―ingovernabilidade‖: os governos estavam inaptos para resolver seus problemas. 
 
Com a globalização e as inovações tecnológicas (quarto fator) que transformaram a 
lógica do setor produtivo, o Estado também foi afetado. Os governos não mais conseguiam 
controlar os fluxos financeiros e comerciais. Este fato, somado ao aumento do poder das grandes 
multinacionais, resultou na perda de parcela significativa do poder dos Estados nacionais de ditar 
políticas macroeconômicas. 
 
A crise do Estado afetou diretamente a organização das burocracias públicas. Os 
governos tinham menos recursos e mais déficits. O corte de custos virou prioridade, o que 
produziu dois efeitos: 
- REDUÇÃO DE GASTOS COM PESSOAL; 
- NECESSIDADE DE AUMENTAR A EFICIÊNCIA GOVERNAMENTAL. 
 
Voltado cada vez mais para si mesmo, o modelo burocrático tradicional vinha 
caminhando para um sentido contrário aos anseios dos cidadãos. A incapacidade de responder às 
 
 
 
 
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demandas destes, a baixa eficiência de suas estruturas, aliadas a captura do Estado por 
interesses privados, obrigavam a realização de modificações profundas no modelo weberiano, 
considerado como lento e excessivamente apegado a normas. A burocracia era classificada mais 
como um grupo de interesse do que como um corpo técnico neutro a serviço dos cidadãos. 
Teorias extremamente críticas à burocracia estatal, tais como a public choice4 nos EUA, abriu 
espaço para a crítica ao modelo de organização do setor público. 
 
Os serviços sociais eram prestados com baixa qualidade, ineficientes e com custos 
crescentes. Os cidadãos tornam-se cada vez mais conscientes de que a administração pública 
burocrática não corresponde às demandas que a sociedade civil apresenta aos governos no 
capitalismo contemporâneo. Era preciso urgentemente aumentar a eficiência governamental. 
Segundo Abrucio, ―o aparato governamental precisava ser mais ágil e mais flexível, tanto em sua 
dinâmica interna como em sua capacidade de adaptação às mudanças externas‖. 
 
Este cenário impulsionou o surgimento de uma novo modelo de administração pública, 
mais preocupado com os resultados e não com procedimentos e que levava em consideração 
sobretudo a eficiência: produzir mais aproveitando ao máximo os recursos disponíveis, com a 
maior produtividade possível. O Estado teria que inovar, ser criativo, e se aproximar mais dos 
princípios que regem a Administração de Empresas Privadas, reduzindo custos e maximizando 
resultados. 
 
Desta forma, iremos estudar, em seguida, a Administração Pública Gerencial. 
 
 
 
3.7 A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL 
 
Para responder ao esgotamento do modelo burocrático weberiano, foram introduzidos, 
em larga escala, padrões gerenciais na administração pública, inicialmente e com mais vigor em 
alguns países do mundo anglo-saxão (Grã-Bretanha, Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia), e 
depois, gradualmente, na Europa continental e Canadá. 
 
No começo da década de 80, o modelo gerencial puro, denominado ―managerialism‖ 
ou gerencialismo sugeriu 3 providências básicas: 
- CORTE DE GASTOS – inclusive de pessoal; 
- AUMENTO DA EFICIÊNCIA – com a introdução da lógica da produtividade existente 
no setor privado; 
- ATUAÇÃO MAIS FLEXÍVEL DO APARATO BUROCRÁTICO. 
 
3.7.1 O GERENCIALISMO INGLÊS 
 
O primeiro passo do modelo gerencial puro foi o corte de gastos e de pessoal, sendo o 
exemplo mais contundente o inglês, no governo de Margareth Thatcher. O ponto principal deste 
modelo é a busca da eficiência. Abrucio relata que ―contra essa visão de administração pública 
(modelo burocrático), o governo Thatcher propunha: 
a) definição clara das responsabilidades de cada funcionário dentro das agências 
governamentais; 
b) clara definição dos objetivos organizacionais, analisados em sua substância e não 
enquanto processo administrativo; 
c) aumento da consciência a respeito do ―valor dos recursos‖ (value money) públicos, 
 
 
 
 
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procurando maximizar a relação financeira entre os recursos iniciais e os gastos realizados para a 
produção de políticas, ou seja, incorporando o valor da eficiência na lógica de funcionamento da 
burocracia.‖ 
 
A busca pela qualidade na prestação de serviços, por meio de uma perspectiva 
voltada à satisfação do público, intitulada paradigma do consumidor, deu origem ao 
CONSUMERISM, evolução do modelo gerencial puro. Abruccio ainda nos dá uma palhinha sobre o 
PUBLIC SERVICE ORIENTATION, terceiro estágio do modelo gerencial, onde o cidadão não 
mais é encarado como simples consumidor de serviços, mas sim como cidadão e a preocupação 
com a eqüidade é levada em consideração. É importante ressaltar que cada estágio não elimina o 
anterior e sim acrescenta melhoramentos a ele. 
 
A tabela abaixo resume o que vocês devem saber sobre os 3 estágios do modelo 
gerencial, inicialmente adotado na Inglaterra:
Fase do Gerencialismo Ênfase em: Beneficiários encarados como: 
Managerialism Economia/eficiência Contribuintes 
Consumerism Efetividade/qualidade Consumidores/ Clientes 
Public service Orientation Accountability/Eqüidade Cidadãos 
 
 
 
3.7.2 O MOVIMENTO ―REINVENTANDO O GOVERNO‖ 
 
Nos EUA, surge no início da década de 1990, a obra de David Osborne e Ted 
Gaebler, "Reinventando o Governo", que deu origem a um movimento de modernização e de 
mudança de postura da administração pública, após o fracasso da tentativa de implantar o 
gerencialismo puro da forma inglesa no governo Reagan. 
 
Abrucio refere-se à obra como um marco na nova discussão da administração pública 
americana, tratando-se de rediscutir os fundamentos do governo no que se refere à administração 
pública. Para tanto, é estruturado um modelo híbrido e eclético de análise, incorporando conceitos 
que estiveram separados no desenvolvimento do modelo gerencial inglês, tais como a 
implantação de uma administração por objetivos — ou por missões —, a mensuração do 
desempenho das agências através dos resultados, a busca da qualidade total como método 
administrativo, a ênfase no cliente, a transferência do poder aos cidadãos e a tentativa de 
garantir a eqüidade. 
 
A discussão de Osborne e Gaebler começa subvertendo o ideal que impulsionou o 
gerencialismo na Grã-Bretanha no início da década. Em vez de propor o ―rolling back the state‖ 
thatcheriano, os autores propõem uma redefinição da atividade governamental.‖ ―Aqui está o 
grande problema do livro de Osborne e Gaebler. Eles conseguem enunciar uma conjugação de 
valores importantes para reinventar o governo, mas não criam um arcabouço teórico que explique e 
possibilite a implementação de reformas no setor público. 
 
A reforma do sistema significa, ao mesmo tempo, a introdução de métodos voltados 
para a produção qualitativa de serviços públicos com a prioridade dada aos clientes e cidadãos 
como razões últimas do setor público, o que quer dizer não só que eles devem ser bem 
atendidos, mas que devem ser também chamados a participar do governo, definindo os 
destinos de suas comunidades. A maioria dos exemplos do livro de Osborne e Gaebler mostra 
que a melhor resposta para tornar melhor um serviço público é chamar a comunidade a 
 
 
 
 
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participar de sua gestão, seja fiscalizando, seja trabalhando voluntariamente na prestação 
de serviços — constituindo-se numa resposta adequada tanto para a questão da eficiência como 
para o problema da transparência. Portanto, a modernização do setor público deve caminhar pari 
passu com o aumento da accountability. 
 
Mas a reinvenção do governo deve ser realizada ainda garantindo o princípio da 
eqüidade. Desta maneira, a introdução de mecanismos gerenciais, tais como são propostos 
no livro, não é incompatível com a busca de justiça redistributiva, um conceito que por muito 
tempo foi abandonado no debate sobre reforma administrativa. 
Osborne e Gaebler propõem dez princípios básicos para reinventar o governo, 
listados a seguir: 
1 — Competição entre os prestadores de serviço; 
2 — Poder aos cidadãos, transferindo o controle das atividades à comunidade; 
3 — Medir a atuação das agências governamentais através dos resultados; 
4 — Orientar-se por objetivos, e não por regras e regulamentos; 
5 — Redefinir os usuários como clientes; 
6 — Atuar na prevenção dos problemas mais do que no tratamento; 
7 — Priorizar o investimento na produção de recursos, e não em seu gasto; 
8 — Descentralização da autoridade; 
9 — Preferir os mecanismos de mercado às soluções burocráticas; 
10 — Catalisar a ação do setores público, privado e voluntário.‖ 
 
Bresser Pereira também faz sua análise sobre o movimento, quando afirma que "... 
Em conseqüência, nos anos 80 iniciou-se uma grande revolução na administração pública dos 
países centrais em direção a uma administração pública gerencial. ... Nos Estados Unidos, 
essa revolução ocorreu principalmente nos municípios e condados - revolução que o livro de 
Osborne e Gaebler, Reinventando o Governo, descreve de forma tão expressiva. Era a 
administração pública gerencial que estava surgindo, inspirada nos avanços realizados pela 
administração de empresas." 
 
 
 
3.7.3 O GERENCIALISMO BRASILEIRO 
 
No Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE), Bresser Pereira 
discorre sobre a Administração Pública Gerencial:―A administração pública gerencial constitui um 
avanço e até um certo ponto um rompimento com a administração pública burocrática. Isto não 
significa, entretanto, que negue todos os seus princípios. Pelo contrário, a administração pública 
gerencial está apoiada na anterior, da qual conserva, embora flexibilizando, alguns dos seus 
princípios fundamentais, como a admissão segundo rígidos critérios de mérito, a existência de um 
sistema estruturado e universal de remuneração, as carreiras, a avaliação constante de 
desempenho, o treinamento sistemático. A diferença fundamental está na forma de controle, que 
deixa de basear-se nos processos para concentrar-se nos resultados, e não na rigorosa 
profissionalização da administração pública, que continua um princípio fundamental.‖ 
 
― Na administração pública gerencial a estratégia volta-se (1) para a definição precisa 
dos objetivos que o administrador público deverá atingir em sua unidade, (2) para a garantia de 
autonomia do administrador na gestão dos recursos humanos, materiais e financeiros que lhe 
forem colocados à disposição para que possa atingir os objetivos contratados, e (3) para o 
controle ou cobrança a posteriori dos resultados. Adicionalmente, pratica-se a competição 
 
 
 
 
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administrada no interior do próprio Estado, quando há a possibilidade de estabelecer concorrência 
entre unidades internas. No plano da estrutura organizacional, a descentralização e a redução dos 
níveis hierárquicos tornam-se essenciais. Em suma, afirma-se que a administração pública deve 
ser permeável à maior participação dos agentes privados e/ou das organizações da sociedade 
civil e deslocar a ênfase dos procedimentos (meios) para os resultados (fins).' 
 
―Na burocracia pública clássica existe uma noção muito clara e forte do interesse 
público. A diferença, porém, está no entendimento do significado do interesse público, que não 
pode ser confundido com o interesse do próprio Estado. Para a administração pública burocrática, o 
interesse público é freqüentemente identificado com a afirmação do poder do Estado. Ao 
atuarem sob este princípio, os administradores públicos terminam por direcionar uma parte 
substancial das atividades e dos recursos do Estado para o atendimento das necessidades da 
própria burocracia, identificada com o poder do Estado. O conteúdo das políticas públicas é 
relegado a um segundo plano. A administração pública gerencial nega essa visão do interesse 
público, relacionando-o com o interesse da coletividade e não com o do aparato do Estado.‖ 
 
―A administração pública gerencial vê o cidadão como contribuinte de impostos e 
como cliente dos seus serviços. Os resultados da ação do Estado são considerados bons não 
porque os processos administrativos estão sob controle e são seguros, como quer a 
administração pública burocrática, mas porque

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