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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO CAMPUS SÃO PAULO ALEXANDRE ISSAMU IMANISHI HARA EDNALDO DE ARAUJO CRUZ CORREIA IGOR SATANA DA SILVA NELSON FERRER FRANCO DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO: RELÉS SÃO PAULO 2015 ALEXANDRE ISSAMU IMANISHI HARA EDNALDO DE ARAUJO CRUZ CORREIA IGOR SATANA DA SILVA NELSON FERRER FRANCO DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO: RELÉS Trabalho apresentado Professor Rogério Lúcio como requisito parcial para aprovação na disciplina, Proteção de Sistemas Elétricos no curso de Tecnologia em Sistemas Elétricos do Instituto Federal de Educação, ciência e Tecnologia de São Paulo – Campus São Paulo. SÃO PAULO 2015 Sumário 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 4 2. PROTEÇÃO DIFERENCIAL .................................................................... 5 2.1. Relés Diferenciais ............................................................................. 5 2.2. Relé Diferencial Amperimétrico ......................................................... 5 2.3. Relé Diferencial com Restrição Porcentual ....................................... 6 2.4. Proteção de Maquinas Rotativas ...................................................... 6 2.4.1. Proteção Diferencial do Estator Contra Curto-Circuito ...................... 8 2.4.2. Proteção Diferencial do Estator Contra Curto-Circuito entre Espiras 8 2.4.3. Proteção Diferencial do Estator Contra Falta a Terra ....................... 9 2.4.4. Proteção de Retaguarda do Estator Por Meio de Relés de Sobrecorrente ........................................................................................................ 10 2.4.5. Proteção Contra Circuito Aberto no Estator .................................... 11 2.4.6. Proteção Contra Sobreaquecimento do Estator .............................. 11 2.4.7. Proteção Contra Sobretensão ......................................................... 12 2.4.8. Proteção Contra Perda de Sincronismo .......................................... 12 2.4.9. Proteção do Rotor Contra Curto-Circuito no Campo ....................... 13 2.4.10. Proteção Contra Aquecimento do Rotor Devido a Correntes Desequilibradas do Estator .................................................................................... 14 2.4.11. Proteção Contra Perda de Excitação ou de Campo ..................... 15 2.4.12. Proteção Contra Aquecimento do Rotor Devido Sobreexcitação .. 17 2.4.13. Proteção Contra Vibração ............................................................. 17 2.4.14. Proteção Contra Motorização ....................................................... 17 2.4.15. Proteção Contra Sobrevelocidade ................................................ 17 2.4.16. Proteção Contra Sobreaquecimento dos Mancais ........................ 18 2.4.17. Proteção de Retaguarda Contra Falta Externa ............................. 18 3 3. RELÉS DE FREQUÊNCIA .................................................................... 19 4. RELÉS DE TENSÃO ............................................................................. 21 4.1. Relé de Sobretensão 59 ................................................................. 21 4.1.1. Relé de Sobretensão Eletromecânico ............................................. 21 4.1.2. Relé de Sobretensão – Unidade Temporizada ............................... 22 4.1.3. Relé de Sobretensão – Unidade Instantânea ................................. 23 4.1.4. Relé de Sobretensão Digital ........................................................... 24 4.2. Relé de Subtensão 27 ..................................................................... 24 4.2.1. Relé de Subtensão Eletromecânico ................................................ 24 4.2.2. Relé de Subtensão Digital ............................................................... 25 4.2.3. Relé de Subtensão - Unidade Instantânea ..................................... 25 4.2.4. Relé de Subtensão – Unidade Temporizada .................................. 26 4.2.5. Equação de Curvas de Operação ................................................... 26 5. RELÉ DE DISTANCIA ........................................................................... 28 5.1. Relé de Impedância ou OHM .......................................................... 29 5.2. Relé de Reatância ........................................................................... 31 5.3. Relé MHO ou Admitância ................................................................ 33 6. REDUTORES DE MEDIDAS ................................................................. 35 6.1. Transformador de Corrente ............................................................. 35 6.1.1. Tipos de TC .................................................................................... 35 6.2. Transformador de Potencial ............................................................ 40 6.2.1. Erros de Transformação ................................................................. 41 6.2.1.1. Erro de Relação de Transformação ............................................. 41 6.2.1.2. Erro do Angulo de Fase ............................................................... 41 6.2.2. Principais Características do Transformador de Potencial.............. 42 6.2.3. Características Construtivas ........................................................... 43 7. BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 45 4 1. INTRODUÇÃO Quando se trata de proteção de sistemas elétricos de qualquer natureza, existem dois elementos básicos: os relés e os fusíveis. Este trabalho trata somente dos relés, que são um conglomerado de dispositivos de proteção que protegem um sistema de diversas formas: tais como sobretensão, curto circuito etc. O relé tem uma série de características técnicas que definem seus limites para o exercer suas funções básicas, podem ser classificados de acordo com a grandeza com a qual atuam, como: tensão, corrente ou frequência etc. Podem-se classificar também quanto ao princípio de atuação: eletromecânicos, eletromagnéticos, térmicos, de indução, estáticos ou digitais. Neste trabalho, é apresentado um breve resumo das características de operação e funcionamento de alguns tipos de relés. 5 2. PROTEÇÃO DIFERENCIAL A proteção diferencial é fundamentada em comparação entre as correntes que entram e saem da área delimitada pela proteção e opera quando a diferença entre essas duas correntes excede um valor pré-determinado. Esta função de proteção é usada para a proteção de linhas, barras e transformadores. 2.1. Relés Diferenciais A proteção diferencial é fundada em comparação de correntes que circulam em um equipamento ou sistema que se quer proteger, se houve uma diferença entre o modulo destas correntes o relé envia um sinal de atuação para o disjuntor, em um sistema de potência essas correntes são obtidas através de transformadores de corrente nestes pontos. 2.2. Relé Diferencial Amperimétrico Este tipo de relé é um relé de sobrecorrente conectado á um TC, cujo dá delimita a zona de proteção do relé. Neste tipo de arranjo existem alguns erros sistemáticos: como um casamento de impedâncias inadequado entre os TC’s, exatidão do próprio TC além da automação requerida ao TC, para atroca de derivações e também a corrente de magnetizações, estes “erros” tornam esse tipo de sistema pouco viável. 6 2.3. Relé Diferencial com Restrição Porcentual Para evitar interrupções em transformadores deve-se utilizar restrições ao relé para falha externas, permitindo um ajuste mais preciso e rápido nas operações de falta internas no esquema diferencial. Portanto é adotado uma bobina de restrição cuja a função é limitar a operação do relé. 2.4. Proteção de Maquinas Rotativas Neste trabalho será dada ênfase em proteção dos geradores síncronos de corrente alternada, localizados em centrais geradoras com operadores. A proteção é feita, em geral, contra dois tipos de faltas, sendo a primeira contra falhas de isolamento, conduzindo a curtos-circuitos, devidos a sobretensões, sobreaquecimentos (corrente desequilibrada, ventilação deficiente, etc.) ou movimentos do condutor (força do curto-circuito, perda de sincronismo.). Figura 1 - Relé diferencial na condição de não operação [1] 7 A segunda é contra condições anormais de funcionamento como perda de campo, carga desequilibrada do estator, sobrevelocidade, vibrações, sobrecarga, etc. A proteção do gerador deve possuir algumas características, sendo elas: Funcionar rápido para faltas internas, reduzindo os estragos; Ser insensível às faltas externas à zona de proteção estabelecida; Limitar o valor da corrente de defeito para a terra; Assinalar condições anormais e mesmo elimina-las quando se tornarem perigosas. Para que seja garantida a proteção do gerador é necessário um conjunto de vários tipos de proteção: Estator Contra curtos-circuitos entre fases, entre espiras e à massa; Retaguarda; Contra sobreaquecimento; Contra circuito aberto. Rotor Contra curto-circuito no campo; Contra sobreaquecimento do rotor, devido à carga desequilibrada no estator. Sobretensões; Perda de excitação e/ou perda de sincronismo; Superexcitação; Vibrações; Antimotorização; Sobrevelocidade; Subfrequencia. 8 2.4.1. Proteção Diferencial do Estator Contra Curto-Circuito Esta proteção diferencial longitudinal é recomendada para maquinas acima de 1 MVA e obrigatória acima de 10 MVA. Este tipo de proteção atua na ocorrência de curto-circuito entre duas fases. Para geradores com neutro aterrado diretamente ou com resistência de baixo valor, a proteção funciona igualmente para faltas à terra. Para casos em que a impedância de aterramento possui um valor grande, normalmente, preveem-se dispositivos de proteção particular contra defeitos á terra. 2.4.2. Proteção Diferencial do Estator Contra Curto-Circuito entre Espiras Proteção aconselhável em arranjos bloco-gerador-transformador, porem em desuso nas unidades não em blocos devido ao melhoramento do isolamento moderno e o defeito tende rapidamente para fase-fase sendo detectável pela proteção longitudinal. Utilizado em grandes maquinas com fases subdivididas por motivos construtivos, tendo o defeito de curto-circuito entre espiras detectado pelo reles de sobrecorrente. Figura 2 - Proteção de fase dividida de gerador 9 2.4.3. Proteção Diferencial do Estator Contra Falta a Terra Em geradores com o neutro aterrado através de alta impedância, os relés diferenciais não são suficientemente sensíveis e seguros contra desligamentos intempestivos devido a faltas externas à sua zona de proteção. Blocos geradores em que o enrolamento do estator termina no enrolamento de baixa tensão do transformador é utilizado um sensível relé de sequencia zero para a proteção de todas as faltas a terra. Em casos em que o gerador é isolado da terra, usam-se detectores eletroestáticos para a proteção por causa da corrente de falta a terra ser de baixos valores de correntes capacitivas alimentadas pelas fases sadias. A corrente de falta é imitada através de uma impedância no neutro do gerador, podendo ser uma resistência, transformador de distribuição com resistor de carga, uma reatância ou um transformador de potencial. Esta pratica limita a corrente na ordem de 250 A, sendo requeridos relés e disjuntores de alta velocidade. Outra ordem de limitação é a de 5 – 20 A ou menos, sendo suficientes relés de ação mais lenta. Figura 3 - Proteção do estator à terra com transformador de distribuição no neutro. 10 2.4.4. Proteção de Retaguarda do Estator Por Meio de Relés de Sobrecorrente Em casos em que não há TC nas extremidades do neutro dos enrolamentos do estator em estrela ou o neutro não é acessível, os dispositivos de proteção podem ser atuados pela corrente de curto-circuito suprida pelo sistema, somente sendo efetiva quando o disjuntor está fechado ou existe outra fonte externa. Quando o neutro não for aterrado providencia uma sensível e rápida proteção de sobrecorrente, mas com o neutro aterrado é necessário um releamento de sobrecorrente direcional para uma maior sensibilidade e velocidade. Quando relés de sobrecorrente com restrição de tensão, não direcionais, são utilizados para proteção de retaguarda contra falta externa, também protegem contra faltas nas fases do gerador. A melhor forma de proteção são com os relés diferenciais percentuais sendo a exceção de seu uso quando o custo para tornar visível os terminais do neutro e a instalação de TC e relés diferenciais não puder ser justificado. Figura 4 - Proteção de retaguarda por meio de relés de sobrecorrente. 11 2.4.5. Proteção Contra Circuito Aberto no Estator Um circuito aberto em muitas vezes somente é detectado após considerável dano tenha ocorrido. Como dificilmente ocorre em maquinas bem construídas não é comum a pratica da proteção. Para a proteção utiliza-se o releamento de sequencia negativa para proteção contra correntes desequilibradas para conter um sensível alarme para avisar o operador. 2.4.6. Proteção Contra Sobreaquecimento do Estator Pode ser devido à sobrecarga ou falha no sistema de refrigeração, por isso utiliza-se proteção de sobrecarga temporizada e bobinas detetoras de temperatura ou termopares nas ranhuras do enrolamento do estator em maquinas maiores de 1500 kVA para o acionamento de um sistema de alarme ou de redução de carga. Em geradores até 30 MW são utilizados relés tipo replica ou de imagem térmica, sendo energizados a partir de TC que transformam a corrente do estator, e através da variação da resistência atuam os alarmes. Figura 5 - Proteção contra sobreaquecimento do estator-detetor em ponte de Wheatstone 12 2.4.7. Proteção Contra Sobretensão Recomendadas em geradores acionados por turbinas hidráulicas ou a gás, que em perda de carga são sujeitos a sobrevelocidade e sobretensão. A proteção é feita pelo regulador de tensão ou por um relé de sobretensão temporizado com picape de 1,10 Un e a unidade instantânea com picape entre 1,3- 1,5 Un. O relé deve ser alimentado por um TP que não seja o alimentador do regulador de tensão. A sua operação consiste em introduzir resistência adicional no circuito de campo. Se a sobretensão persistir devem ser atuados os disjuntores principais e do campo do gerador.2.4.8. Proteção Contra Perda de Sincronismo É causada por um defeito de excitação (abertura involuntária do disjuntor de campo, rompimento de um condutor ou defeito no sistema de regulação) ou por uma causa exterior (curto-circuito na rede, desligamento de um importante consumidor de Figura 6 - Proteção contra sobretensão no gerador. 13 carga indutiva ou conexão a uma longa linha em vazio). A proteção não é usual devido a ela já ser assegurada pela proteção de perda de campo. 2.4.9. Proteção do Rotor Contra Curto-Circuito no Campo Devido ao circuito de campo operar não aterrado, a primeira falha não causa danos ou afeta a operação do gerador. Mas há uma maior probabilidade de acontecer um segundo aterramento por causa da primeira falta aumentar o esforço para a terra em outros pontos do campo quando tensões são induzidas no campo devido a transitórios no estator. A segunda falha faz com que o enrolamento do campo seja curto-circuitado, criando um desequilíbrio de fluxo no entreferro e gerando forças magnéticas desequilibradas no rotor e através das vibrações, a quebra dos mancais. A proteção consiste de um relé de sobretensão com injeção por fonte auxiliar colocado entre o circuito de campo e terra. Figura 7 - Proteção no campo do gerador 14 2.4.10. Proteção Contra Aquecimento do Rotor Devido a Correntes Desequilibradas do Estator As principais causas das correntes desequilibradas no estator são: Abertura de uma fase de uma linha ou falta de contato de um polo do disjuntor; Falta desequilibrada próxima a central e não prontamente removida pelos relés normais; Falta no enrolamento do estator. A componente de sequencia negativa da corrente desequilibrada induz uma corrente de frequência dupla no rotor. Se esse grau de desequilíbrio for grande suficiente, pode acarretar em um severo sobreaquecimento nas partes estruturais do rotor, provocando o afrouxamento das cunhas e anéis de retenção do enrolamento. O tempo em que o rotor pode suportar esta situação é de: 𝑘 = 𝐼2 2𝑡 Onde: K = 7-30, para turbinas a vapor; K = 40-60, para turbina hidráulica. O fabricante fornece a curva (𝑘 = 𝐼2 2𝑡) do gerador, assim sendo possível o ajuste da característica do relé de tempo inverso (alimentado por filtro de sequencia negativa) imediatamente abaixo da curva. O relé atua o disjuntor ou opera um alarme em pequenos desequilíbrios, sendo regulado para I2 = 8-40% I1, com retardo para prever desequilíbrios de pequena duração. 15 2.4.11. Proteção Contra Perda de Excitação ou de Campo O gerador síncrono ao perder a excitação, acelera ligeiramente e começa a operar como um gerador de indução, puxando corrente reativa da rede. Isso resulta em um desequilíbrio magnético, levando ao sobreaquecimento perigoso. Essa corrente reativa puxada da rede cria um estado de sobrecorrente no estator, podendo atingir 2-4 I durante a marcha assíncrona causando o seu aquecimento, no entanto sendo mais lento do que no rotor. Figura 8 - Proteção do rotor contra corrente desequilibrada do estator. Figura 9 - Proteção contra carga desequilibrada do estator (sequencia negativa) 16 Para essas situações é necessário equipamentos de proteção rápidos e automáticos que atuem sobre os disjuntores principal e de campo do gerador faltoso. Os relés de subcorrente conectados ao circuito de campo foram usados extensamente, no entanto o mais seletivo para essa proteção é o relé direcional de distancia alimentado pela tensão e corrente alternadas do gerador principal. A figura b representa a ligação de um relé contra perda de excitação do tipo PUM da Brown-Boveri. No diagrama R-X (a) acima estão representadas características de perda de excitação e a operação de um tipo de relé de perda de excitação. Quando a há perda da excitação, uma impedância equivalente à da carga vista pelo gerador, traça um percurso do primeiro para o quarto quadrante que é penetrado caso ocorra uma severa redução ou a perda da excitação. O relé começará a operar quando o gerador começar a deslisar e irá desliga-lo antes que ocorra algum dano. Caso o gerador seja desligado rapidamente, poderá retornar ao serviço, porem se trabalhou por um tempo sem a excitação, será necessário examina-lo cuidadosamente antes de religa-lo na rede. Figura 10 - Proteção contra perda de excitação no gerador 17 2.4.12. Proteção Contra Aquecimento do Rotor Devido Sobreexcitação O equipamento de proteção contra sobreaquecimento do estator ou a característica de limitação da excitação do equipamento regulador de tensão realizam esta proteção indiretamente. 2.4.13. Proteção Contra Vibração Essa proteção pode ser dispensada devido à vibração ser minimizada ou ate mesmo eliminada através da proteção do rotor contra sobreaquecimento devido a correntes desequilibradas no estator. 2.4.14. Proteção Contra Motorização A proteção é feita com vistas à turbina, assim sendo necessário que o fabricante indique os tempos críticos de operação após os quais há a possibilidade do risco para a turbina (em turbinas a vapor acontece o aquecimento do rotor; na hidráulica, cavitação; em motores diesel pode incendiar o óleo não queimado) ou indesejável carga para a rede devido do gerador operar como motor. A proteção é feita com relés monofásicos de potencia inversa, regulados para cerca de 0,5-3% da potencia nominal e temporizados até minutos. 2.4.15. Proteção Contra Sobrevelocidade É feita através da turbina, reguladores de velocidade ou de relés de sobrefrequencia, sendo o ajuste feito na ordem de 110%, para turbinas a vapor, a 140% para turbinas hidráulicas, conforme instruções do fabricante. 18 A proteção atua sobre o fluxo de agua ou de vapor, freios e disjuntores do gerador. 2.4.16. Proteção Contra Sobreaquecimento dos Mancais A proteção é feita por um relé que em caso de sobreaquecimento irá atuar através de um bulbo termométrico colocado em um orifício do mancal ou por detetor de temperatura tipo resistência, embutido no mancal. Geralmente somente atua um alarme em centrais com operadores. 2.4.17. Proteção de Retaguarda Contra Falta Externa Geradores devem ter provisão contra continuidade de fornecimento de corrente de curto-circuito a uma falta em elemento do sistema adjacente, caso não seja eliminada por falha do releamento primário. São utilizado para faltas à terra os relés de sobrecorrente e para as de fase- fase utiliza-se relé de sobrecorrente om restrição por tensão ou relé de distancia. Normalmente utilizam-se os mesmos tipos do relé primário para o da retaguarda. 19 3. RELÉS DE FREQUÊNCIA Se a frequência em um gerador acionado por turbinas a vapor cair para um valor abaixo de 56 Hz, há um grande risco de acontecer à quebra das palhetas causada pela rotação na faixa de ressonância mecânica. Com isso, começou a ser uma rotina de operação para a recuperação as operações da rejeição de carga pela eliminação de cargas não prioritárias. Para a proteção atualmente são utilizados relés estáticos por serem independentes da tensão para a faixa normal de queda de tensão.O relé é constituído por duas bobinas (indutor fixo e quadro móvel), tendo o indutor alimentado a partir do circuito de tensão por meio de um resistor R, formando um circuito oscilante paralelo (isso resulta em que na frequência de ressonância ajustada oferece máxima impedância a circulação de corrente), em que possuiu um capacitor C em um dos braços e no outro braço possuiu um enrolamento indutivo bipartido e uma bobina ou indutor ajustável. A corrente percorrida pelo quadro móvel será a somatória IE das correntes IC (capacitor C) e IS (indutor L). O indutor variável possibilita o ajuste conveniente do circuito oscilante, em que quando IS e IE são defasadas de 90º, o comparador tem o conjugado nulo. Figura 11 - Relé de frequência eletrodinâmico tipo RF2 ASEA 20 𝐶 = 𝐼𝑆𝐼𝐸 cos(𝐼𝑆, 𝐼𝐸) = 𝐼𝑆𝑁𝐼𝐸𝑁 cos 90° = 0 Pelo diagrama vetorial, isso ocorre para a frequência de regulagem, denominada nominal N, quando IEN for perpendicular a ISN. Quando a frequência (F) for menor que a de regulagem (N) (F < N), a corrente do ramo indutivo (IS1) possuiu uma maior influencia em relação ao ramo capacitivo (IC1), resultando em IE1 defasado de IS1 de um ângulo menor de 90º, o que resulta em um conjugado que deslocará a bobina em certo sentido. Se a frequência for maior que a de regulagem (F > N), a corrente no ramo capacitivo (IC1) possuiu maior influência em relação ao ramo indutivo (IS1), resultando na defasagem entre IE1 e IS1 sendo maior que 90º, causando o deslocamento da bobina em sentido contrario da anterior. Assim tendo um detetor convenientemente regulado é possível ser usado para indicar variações acima e/ou abaixo de uma frequência escolhida e dispondo de contatos na bobina móvel, podem-se estabelecer circuitos de controle de frequência. 21 4. RELÉS DE TENSÃO São denominados de tensão os relés dotados das unidades de sub e sobretensão (funções 27 e 59). Estes tipos de relés são destinados à proteção de sistemas elétricos submetidos a níveis de tensão inferiores ou superiores aos valores mínimos que garantam a integridade dos equipamentos em operação. Os níveis mínimos de tensão admitidos em um sistema são de 80 a 120% do valor nominal. Para unidades de subtensão deve-se admitir como ajuste do relé valores não inferiores a 90% para unidades temporizadas e 80% para unidades instantâneas. E para unidades de sobretensão admite-se valores de ajuste não inferiores a 115% para unidades temporizadas e 120% para unidades instantâneas. 4.1. Relé de Sobretensão 59 A sobretensão pode provocar diversas anomalias sobre o sistema elétrico, sendo os principais: Arcos elétricos entre condutores de uma LT; Esforços maiores na isolação dos transformadores; Esforços maiores na isolação dos geradores síncronos; Aumento dos esforços na isolação dos equipamentos. 4.1.1. Relé de Sobretensão Eletromecânico São dispositivos simples constituídos de bobinas, contatos e peças móveis e bastante robustos, não são mais fabricados hoje, porém ainda existem em grande quantidade em SE’s industriais e de potência. 22 Protegem o circuito para um excesso de tensão em condições operacionais ou em defeitos fase-terra, uma das principais aplicações é na proteção de sistemas isolados ou aterrados com alta impedância, quando da ocorrência de um defeito para a terra. 4.1.2. Relé de Sobretensão – Unidade Temporizada São ajustados para operar somente com a elevação da tensão, fechando os seus contatos para a tensão determinada por uma percentagem do valor do tape. Atuam de acordo com uma curva tempo x tensão. Esse ajuste do seletor de tempo permite que se afaste o contato fixo do contato móvel a certa distância, que determina o tempo de atuação do relé. Figura 12 - Diagrama do relé de sobretensão – unidade temporizada 23 4.1.3. Relé de Sobretensão – Unidade Instantânea É constituída de uma armadura articulada e atua quando a tensão aumenta de um valor determinado na regulagem. Quando ocorre uma sobretensão, por meio do seu TP, as bobinas das unidades temporizada (BT) e instantânea (BI) são acionadas. BT fechará seu contato permitindo o fechamento do disjuntor. Se a sobretensão for em uma das fases, BI fechará o contato da fase defeituosa, porém a bobina do disjuntor não é energizada pois os outros dois contatos não fecharam. Um exemplo de sua aplicações é a de calcular o ajuste do relé de sobretensão instalado no lado secundário de uma subestação de 69/13,8 kV, sabendo que o tempo de disparo não deve superar 9,3 segundos quando a tensão subir além de 25% da tensão nominal. As características técnicas do relé são: Valor da sobretensão: 𝑉𝑠𝑡 = 1,25 × 𝑉𝑛 = 1,25 × 13800 = 17250 𝑉 Onde: 𝑉𝑛 é a tensão nominal no ponto onde está instalado o dispositivo. Relação de Transformação do TP (RTP): 𝑅𝑇𝑃 = 𝑉𝑛 𝑉𝑠 = 13800 115 = 120 Valor da Sobretensão no Secundário do TP: 𝑉𝑠 = 𝑉𝑠𝑡 𝑅𝑇𝑃 = 17250 120 = 143,7 𝑉 24 Tape adotado: 𝑉𝑡 = 120 𝑉 Percentagem da tensão em relação ao valor do tape: 𝑉𝑝𝑒𝑟 = 143,7 120 × 100 = 119,7% 4.1.4. Relé de Sobretensão Digital Apresentam os mesmos princípios fundamentais dos relés eletromecânicos (indução) e eletrônicos (estáticos), devido a tecnologia digital, apresentam características adicionais de proteção para transformadores, motores e geradores. Possuem função de auto verificação (autocheck), ou seja, o próprio relé reconhece qualquer deficiência operacional informando à sala de controle essa anormalidade, ao mesmo tempo em que bloqueia sua operação em campo. 4.2. Relé de Subtensão 27 4.2.1. Relé de Subtensão Eletromecânico Seu campo de aplicação compreende, entre outros, a atuação em casos de subtensão por afundamento da tensão de serviço, transferências de carga, etc., existem versões temporizadas e instantâneas. São aplicados ao sistema que não deve funcionar em condições de tensão inferior a um dado valor. É comum a sua aplicação no caso de motores de grande porte, quando quer impedir seu funcionamento a partir de uma queda de tensão. 25 O ajuste da tensão de disparo é feito pela determinação da posição do tape na régua de tapes do dispositivo: I. 55 a 140 V: para relés de modelo 115 V; II. 70 a 140 V: para relés de modelo 199 V; III. 110 a 280 V: para relés de modelo 208, 230 e 240 V; IV. 220 a 560 V: para relés de modelo 460 V. 4.2.2. Relé de Subtensão Digital Os relés digitais de subtensão recebem o sinal analógico de subtensão e os convertem para valores digitais, trabalham com autoverificação e ajuste da relação de transformação. Em geral em sua parte frontal existe um display para indicação automática de tensão secundária e primaria, os mesmos podem ser conectados a um canal de comunicação assim permitindo sua monitoração e comando a distância através de redes de supervisionadas. 4.2.3. Relé de Subtensão - Unidade Instantânea Essa unidade dá a partida quando o valor da tensão presente no sistema for inferior a tensão ajustada fazendo fechar instantaneamente os seus contatos de saída, que permanecem fechados até a tensão atingir o valor de rearme ou tensão de dropout. A atuação do relé é anunciada pela unidade de sinalização localizada no painel frontal através de leds. A faixa de ajuste está compreendida entre14 e 250 Vca. 26 4.2.4. Relé de Subtensão – Unidade Temporizada Essa proteção atua quando a tensão no sistema for inferior à tensão ajustada, realizando o fechamento temporizadamente dos seus contatos de saída, permanecendo fechados até que a tensão atinja o valor de rearme ou a tensão dropout. A sua atuação é anunciada pela unidade de sinalização no painel frontal por meio de LED’s e possuiu uma faixa de ajuste de 40 e 600 Vca. 4.2.5. Equação de Curvas de Operação Tempo de atuação depende do valor da tensão no sistema 𝑇 = 𝑘 (2 − 𝑉𝑠𝑢 𝑉𝑎𝑗 ) 𝛼 − 1 × 𝑇𝑚𝑠 Onde: 𝑉𝑠𝑢: Subtensão mínima admitida; 𝑉𝑎𝑗: Tensão ajustada no relé; 𝑘: Constante que caracteriza o relé (varia entre 0,1 e 100); 𝛼: Constante de formação da curva (varia entre 0,01 e 20); 𝑇𝑚𝑠: Multiplicador de tempo (varia entre 0,01 e 2,0). Curva normalmente inversa Resolução da equação anterior com 𝛼 = 0,02 e 𝑘 = 0,14. 27 Curva muito inversa Resolução da equação anterior com 𝛼 = 1 e 𝑘 = 13,5. Curva extremamente inversa Resolução da equação anterior com 𝛼 = 2 e 𝑘 = 80. 28 5. RELÉ DE DISTANCIA Relés de distancia realizam a proteção através da comparação entre a corrente no local de instalação do relé (inicio da linha de transmissão) com a tensão, no mesmo local, na fase correspondente ou convenientes componentes delas. O nome para esse relé é devido a essa comparação entre V e I, resultando em Z=V/I. Na pratica ocorrem alguns erros de medida que podem provocar falhas na proteção, sendo devidos a razões como: Insuficiência ou mesmo inexistência de transposição dos condutores da linha (5-10% de erro esperado); Variação da impedância ao longo das linhas em paralelo, especialmente refletida nas componentes de sequencia zero devida á não homogeneidade do solo, vias férreas paralelas ao percurso da linha, etc.; Erros redutores de medida de corrente e tensão, em consequência da saturação de seus núcleos sob as fortes intensidades das correntes de defeito (erro de 3% ou mais); Erros consequentes das variações de temperatura ambiente, condições de resfriamento dos condutores (direção e velocidade do vento); Própria construção do relé. Por isso esse tipo de relés precisam ter compensações intrínsecas que permitam levar em considerações esses erros inevitáveis para que se possa proceder a uma medida confiável. 29 5.1. Relé de Impedância ou OHM O relé de impedância por definição é um relé de sobrecorrente com restrição por tensão, com isso a sua equação de conjugado será: 𝐶 = 𝐾1𝐼 2 − 𝐾2𝑉 2 − 𝐾3 Para que se passe do estado de não operação (região de conjugado negativo) para um estado de operação (região de conjugado positivo), tem que obrigatoriamente passar pelo limiar de operação (C = 0). Assim tendo o C = 0, resulta na seguinte equação: 𝐾2𝑉 2 = 𝐾1𝐼 2 − 𝐾3 Ou dividindo por 𝐾2𝐼 2: 𝑉2 𝐼2 = 𝐾1 𝐾2 − 𝐾3 𝐾2𝐼2 𝑉 𝐼 = 𝑍 = √ 𝐾1 𝐾2 − 𝐾3 𝐾2𝐼2 Inicialmente, desprezando o efeito da mola (𝐾3 = 0) resulta em: 𝑍 = √ 𝐾1 𝐾2 = 𝑐𝑡𝑒 A equação acima é a de um circulo com o centro na origem representado em um plano Z=R+jX. Figura 13 - Plano Z=R+jX 30 Considerando 𝐾3 = 0, tem-se: 𝑉 𝐼 = 𝑍 = √ 𝐾1 𝐾2 𝐼 = 𝑉 𝑍 = 1 𝑍 × 𝑉 = 𝑉 × √ 𝐾2 𝐾1 Considerando o efeito da mola que auxilia a restrição fornecida pela tensão e que no instante do defeito a tensão (V) diminuiu sensivelmente tendendo a zero e a corrente aumenta razoavelmente, supõe-se que no limite V/I=Z tende a zero, resultando em: 0 = √ 𝐾1 𝐾2 − 𝐾3 𝐾2𝐼2 Ou seja: 𝐼 = √ 𝐾3 𝐾1 Analisando a imagem do plano Z=R+jX, verificamos que a região de conjugado positivo é interior ao circulo, devido a ser traçado desprezando-se a parcela √𝐾3/𝐾2𝐼2 . Resultando em um relé ajustado para um certo valor de impedância (Z), operando sempre que enxergar um valor menor ou igual ao ajustado. 31 5.2. Relé de Reatância O relé de reatância por definição é um relé de sobrecorrente com restrição direcional, tendo a sua equação de conjugado a seguir: 𝐶 = 𝐾1𝐼 2 − 𝐾2𝑉𝐼 cos(𝜃 − 𝑇) − 𝐾3 Utilizando inicialmente T=90º, resulta em: 𝐶 = 𝐾1𝐼 2 − 𝐾2𝑉𝐼 sin 𝜃 − 𝐾3 N iminência de operação (C=0) e desprezando o efeito da mola (𝐾3 = 0), tem- se: 𝐾1𝐼 2 = 𝐾2𝑉𝐼 sin 𝜃 Dividindo por 𝐾2𝐼 2: 𝐾1 𝐾2 = 𝑉 𝐼 sin 𝜃 = 𝑍 × sin 𝜃 = 𝑋 𝑋 = 𝐾1 𝐾2 = 𝑐𝑡𝑒 A equação acima representa uma reta paralela ao eixo dos R em um plano R- X. Figura 14 - Plano R-X 32 Esse relé por ser de característica aberta possuiu algumas restrições, tornando-o sensível ás oscilações do sistema, sendo utilizado muitas vezes devido a sua independência quanto ao valor da resistência de arco. Admitindo um valor ôhmico puro para representar essa resistência, o relé ainda verá o defeito, o que não acontece com relés de características fechada, como o relé de impedância. Considerando os relés de características angular, tendo C=0 e 𝐾3 = 0, resulta em: 𝐾1𝐼 2 = 𝐾2𝑉𝐼 cos(𝜃 − 𝑇) 𝐾1 𝐾2 = 𝑉 𝐼 × cos(𝜃 − 𝑇) = 𝑍 × cos(𝜃 − 𝑇) A equação acima é uma reta da forma 2𝑎 = 𝑟 cos(𝜃 − 𝑇). Dependendo do valor de K1/K2, resulta em uma família de retas inclinadas no plano R-X, e muito uteis no caso de reles de bloqueio quando ocorrem oscilações estáveis no sistema. Ao ocorrer uma perturbação no sistema, o ponto figurativo da carga movimenta-se no plano R-X, podendo penetrar na zona de atuação do relé ohm causando um desligamento indevido. Para evitar isso, utiliza-se características angulares que atuam como antolhos, determinando bloqueio do relé de distancia sob certas condições de oscilação, mas não sob condição de defeito de curto-circuito. 33 5.3. Relé MHO ou Admitância O relé MHO ou admitância por definição é um relé direcional com restrição por tensão, sendo a sua equação de conjugado a seguinte: 𝐶 = 𝐾1𝑉𝐼 cos(𝜃 − 𝑇) − 𝐾2𝑉 2 − 𝐾3 Na iminência de operação (C = 0) e desprezando o efeito da mola (K3 = 0), resulta em: 𝐾1𝑉𝐼 cos(𝜃 − 𝑇) = 𝐾2𝑉 2 Dividindo por K2VI: 𝐾1 𝐾2 cos(𝜃 − 𝑇) = 𝑉 𝐼 = 𝑍 A equação acima representa um circulo passando pela origem dos eixos e com diâmetro (K1/K2), inclinado de T (condição de fabricação do relé), o que dá inerente direcionalidade à característica, uma vantagem em relação ao relé de impedância ou ohm. Figura 15 - Relé de distancia tipo MHO 34 Outra vantagem é que há melhor acomodação de uma possível resistência de arco do que no relé de impedância. Para proteger um mesmo comprimento de linha e uma dada resistência de arco, o relé abrange uma área menor no plano R-X, o que é vantajoso por causa de uma menor sensibilidade a possíveis oscilações do sistema. Sob o ponto de vista da direcionalidade intrínseca, temos a seguinte equação de conjugado: 𝐶 = 𝐾1𝑉𝐼 cos(𝜃 − 𝑇) − 𝐾2 Onde temos que C = 0,resultando em: 𝑍 = 𝐾1 𝐾2 𝑉2 cos(𝜃 − 𝑇) Essa equação mostra que o diâmetro do circulo característico é proporcional a ( 𝐾1 𝐾2 𝑉2), assim para faltas muito próximas a fonte e V um valor pequeno no instante do defeito (V = Z x ICC), é possível ocorrer um mau funcionamento ou falha de funcionamento do relé, criando uma “zona morta”. Com isso para que ele funcione confiavelmente é necessário um comprimento mínimo de linha. Na pratica utiliza-se a forma construtiva tipo copo, sendo leve, rápido e de alto conjugado intrínseco. O fabricante ajusta um valor (K1/K2) de modo a ver um certo valor mínimo de impedância que é indicado no catalogo. Também se utiliza a disposição construtiva chamada “ação de memoria”, em que a energia é constantemente armazenada em um capacitor em um circuito paralelo ao da bobina de tensão para que quando a tensão caia para zero no lado de alta-tensão do transformador, ainda fluirá na bobina de tensão do relé uma corrente proveniente do capacitor. 35 6. REDUTORES DE MEDIDAS 6.1. Transformador de Corrente O transformador de corrente (ou TC) tem a finalidade de detectar ou medir a corrente elétrica que circula em um cabo ou barra de alimentação, e transformá-la em outra corrente de valor menor, para ser transmitida a um instrumento de medição ou circuito eletrônico. Os transformadores de corrente são utilizados para suprir aparelhos que apresentam baixa resistência elétrica, tais como amperímetros, relés de indução, bobinas de corrente de relés diferenciais, medidores de energia, de potência, etc. Os TC transformam, através do fenômeno de conversão eletromagnética, correntes elevadas, que circulam no seu primário, em pequenas correntes secundárias, segundo uma relação de transformação. A corrente primária a ser medida, circulando nos enrolamentos primários, cria um fluxo magnético alternado que faz induzir as forças eletromotrizes Ep e Es, respectivamente, nos enrolamentos primário e secundário. Dessa forma, se nos terminais primários de um TC, cuja relação de transformação nominal é de 20, circular uma corrente de 100 A, obtém-se no secundário a corrente de 5A, ou seja: 100/20 = 5A. 6.1.1. Tipos de TC TC tipo barra: O enrolamento primário é constituído por uma barra fixada através do núcleo transformador. 36 TC tipo enrolado: O enrolamento primário é constituído de uma ou mais espiras envolvendo o núcleo do transformador, conforme ilustrado abaixo. TC tipo janela: não possui um primário fixo no transformador e é constituído de uma abertura através do núcleo, por onde passa o condutor que forma o circuito primário. Figura 16 - Transformador de Corrente tipo Barra Figura 17 - Transformador de Corrente tipo Enrolado Figura 18 - Transformador de Corrente tipo Janela 37 TC tipo bucha: As características são semelhantes ao TC do tipo barra, porém sua instalação é feita na bucha dos equipamentos (transformadores, disjuntores, etc.), que funcionam como enrolamento primário. TC tipo núcleo dividido: As características são semelhantes às do TC do tipo janela, em que o núcleo pode ser separado para permitir envolver o condutor que funciona como enrolamento primário. Figura 19 - Transformador de Corrente tipo Bucha Figura 20 - Transformador de Corrente tipo Núcleo Dividido 38 TC tipo com vários enrolamentos primários: É aquele constituído de vários enrolamentos primários montados isoladamente e apenas um enrolamento secundário. TC tipo com vários núcleos secundários: Constituído de dois ou mais enrolamentos secundários montados isoladamente, sendo que cada um possui individualmente o seu núcleo, formando, juntamente com o enrolamento primário, um só conjunto. Neste tipo de transformador de corrente, a seção do condutor primário deve ser dimensionada tendo em vista a maior das relações de transformação dos núcleos considerados. Figura 21 - Transformador de Corrente tipo com Vários Enrolamentos Primários Figura 22 - Transformador de Corrente tipo com Vários Núcleos Secundários 39 TC com vários enrolamentos secundários: constituído de um único núcleo envolvido pelo enrolamento primário e vários enrolamentos secundários, conforme se mostra na figura abaixo, e que podem ser ligados em série ou paralelo. TC tipo derivação no secundário: constituído de um único núcleo envolvido pelos enrolamentos primário e secundário, sendo este provido de uma ou mais derivações. Entretanto o primário pode ser constituído de um ou mais enrolamentos, conforme se mostra na figura a seguir. Como os amperes-espiras variam em cada relação de transformação considerada, somente é garantida a classe de exatidão do equipamento para a derivação que estiver o maior número de espiras. A versão deste tipo de TC é dada na figura abaixo. Figura 23 - Transformador de Corrente tipo com Vários Enrolamentos Secundários Figura 24 - Transformador de Corrente tipo Derivação no Secundário 40 6.2. Transformador de Potencial Transformador de potencial (TP) é um transformador para instrumento cujo enrolamento primário é ligado em derivação a um circuito elétrico e cujo enrolamento secundário se destina a alimentar bobinas de potencial de instrumentos elétricos de medição e proteção ou controle. Na sua forma mais simples, os transformadores de potencial possuem um enrolamento primário de muitas espiras e um enrolamento secundário através do qual a tensão desejada, normalmente padronizada em 115 v ou 115/√3 V. Dessa forma os instrumentos de proteção e medição são dimensionados em tamanhos reduzidos com bobinas e demais componentes de baixa isolação. Os transformadores de potencial são equipamentos utilizados para suprir aparelhos que apresentam elevada impedância, tais como voltímetros, reles de tensão, bobinas de tensão de medidores de energia, etc. Figura 25 - Esquema de ligação de um Transformador de Potencial 41 6.2.1. Erros de Transformação Os transformadores de potencial são caracterizados por dois erros que cometem ao reproduzir no secundário a tensão a que estão submetidos no primário. Estes erros são: erro de relação de transformação e o erro do ângulo de fase. 6.2.1.1. Erro de Relação de Transformação Esse tipo de erro é registrado na medição de tensão com TP, onde a tensão primária não corresponde exatamente ao produto da tensão lida no secundário pela relação de transformação de potencial nominal. Este erro pode ser corrigido pelo fator de correção (FCR). O produto entre a relação de transformação de potencial nominal (RTP) e o fator de correção de relação resulta na relação de transformação de potencial real (RTP). 𝐹𝐶𝑅 = 𝑅𝑇𝑃𝑟 𝑅𝑇𝑃 Logo o erro pode ser calculado pela seguinte equação: 𝜀𝑝 = 𝑅𝑇𝑃 × 𝑉𝑠 − 𝑉𝑝 𝑉𝑝 × 100% 6.2.1.2. Erro do Angulo de Fase É o ângulo que mede a defasagem entre a tensão vetorial primária ea tensão secundaria de um transformador de potencial. 𝛾 = 26 × (𝐹𝐶𝑇𝑃 − 𝐹𝐶𝑅𝑃) 42 6.2.2. Principais Características do Transformador de Potencial Tensão Primária Nominal: Estabelecida de acordo com a tensão do circuito no qual o TP será instalado. Tensão Secundária Nominal: É padronizada em 115 V ou 115/ 3 V. Classe de Exatidão: Valor máximo do erro (expresso em percentagem) que poderá ser causado pelo transformador aos instrumentos a ele conectados. A classe de exatidão exprime normalmente o erro do transformador de potencial, levando em conta o erro de relação de transformação e o erro de defazamento angular entre as tensões primaria e secundaria. Este erro é medido pelo fator de correção de transformação. Considera-se que um TP está dentro de sua classe de exatidão quando os pontos determinados pelos fatores de correção de relação (FCR) e pelos ângulos de fase estiverem dentro do paralelogramo de exatidão. Para determinar essa exatidão são realizados ensaios, cada ensaio corresponde à carga padronizada sendo efetuado para as seguintes condições: Ensaio sobre tensão nominal; Ensaio a 90 % da tensão nominal; Ensaio a 110% da tensão nominal. TP Alimentando Instrumentos Classe de Exatidão Recomendada Aceitavel Medidores 0,3 0,6 Indicadores 0,6 1,2 43 Carga Nominal: Carga na qual se baseiam os requisitos de exatidão do TP segundo a ABNT e a ANSI. Designação ABNT Designação ANSI P 12,5 W P 25 X P 75 Y P 200 Z P 400 ZZ Grupos de Ligação: De acordo com a ABNT, os TP’s classificam-se em três grupos: Grupo 1: TP projetado para ligação entre fases; Grupo 2: TP projetado para ligação entre fase e neutro de sistemas diretamente aterrados; Grupo 3: TP projetado para ligação entre fase e neutro de sistema onde não se garanta a eficácia da aterramento. 6.2.3. Características Construtivas O enrolamento primário é constituído de uma bobina de varias camadas de fio, submetida a uma esmaltação em geral dupla, enrolada em um núcleo de ferro magnético sobre o qual também se envolve o enrolamento secundário. Já o enrolamento secundário é de fio de cobre duplamente esmaltado e isolado do núcleo e do enrolamento primário por meio de fitas de papel especial. Se o transformador é constituído em epóxi, o núcleo com as respectivas bobinas é encapsulado através de processos especiais de modo a evitar a formação de bolhas no seu interior, o que, para tensões elevadas, se constitui num fator de 44 defeito grave. Nestas condições, esse transformador torna-se compacto, de peso relativamente pequeno, porem descartável ao ser danificado. Se o transformador for de construção em óleo o núcleo comas respectivas bobinas são secos sob vácuo e calor. O transformador, ao ser completamente montado é tratado a vácuo para em seguida ser preenchido com óleo isolante. 45 7. BIBLIOGRAFIA CAMINHA, Amadeu Casal. Introdução a Proteção dos Sistemas Elétricos. São Paulo. Editora Edgard Blücher, 1977. 211 p. LIMA, Luís Henrique Lopes. Aula 8: Relé de Proteção de Tensão (27/59) – Relé Auxiliar (86). Universidade Federal de Juiz de Fora. Disponível em: < http://www.ufjf.br/luishenrique_lima/files/2013/09/Aula-08-ENE095.pdf>. Acesso em: 28 nov. 2015.
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