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1 PRÉ-VESTIBULAR CANAÃ ALUNO: __________________________________ PROFª LUIZA HISTÓRIA GERAL/NOITE DOUTRINAS SOCIAIS, MOVIMENTOS SOCIAIS E REVOLUÇÕES LIBERAIS NA EUROPA NO SÉCULO XIX CONTEXTO: Surgiram na Europa do século XIX diversas doutrinas sociais e ideologias. Mediante a desigualdade social e as duras condições de vida de boa parte da população, estabelecida à margem do sistema capitalista, começaram a aparecer propostas políticas tratando da questão operária. Essas novas idéias se relacionavam com o novo contexto político-econômico vivido na Europa. A industrialização, a urbanização, a desigualdade social, a miséria e outros problemas sociais comuns à sociedade capitalista, permitiram a emergência de novas formas de pensar que legitimassem e confrontassem tais mudanças. Essas idéias não se restringem ao pensamento político, mas abarcam também o pensamento científico, social, econômico, artístico e filosófico. AS DOUTRINAS E PENSAMENTOS SOCIAIS: Liberalismo: o Liberalismo Político: reação ao poder absolutista. Doutrina que defende os direitos naturais do homem como, por exemplo, o direito de viver, ser feliz, liberdade etc. Cabe ao Estado Liberal respeitar tais direitos, ou seja, respeitar a independência do homem. O liberalismo delimita as funções do Estado, cuja instituição teria os poderes públicos regulados por normas gerais e seriam subordinados às leis. Em linhas gerais, a doutrina liberal defende o direito de representação dos indivíduos, sustentando que neles, e não no poder dos reis, se encontra a soberania. Esta é entendida como o direito de organizar a nação a partir de uma lei básica – a Constituição 1 . Principal pensador: John Locke o Liberalismo Econômico: defesa da não-intervenção do Estado na economia. Segundo esta doutrina, o próprio mercado dispõe de mecanismos fortes e próprios de regulação como, por exemplo, a ―mão invisível‖ que regularia os preços, taxas, inflações; a defesa da livre- 1 Neste momento você deve estar pensando ―Ah... Entendi! Então Liberalismo é sinônimo de democracia, certo!?‖. NÃO. Liberalismo e Democracia são coisas bastante distintas. Mas como? As correntes democráticas defendiam o sufrágio universal, ou seja, o direito de representação conferido a todos os cidadãos de um país, independentemente de condição social, sexo, religião ou cor. Já os liberais trataram em regra de restringir a representação, segundo critérios, sobretudo, econômicos: para eles, só os proprietários, com um certo nível de renda, poderiam votar ou ser votados, pois às demais pessoas faltava a independência para o exercício desses direitos. É importante pensarmos que o século XIX todo foi moldado para representar os interesses da alta burguesia (dos grandes proprietários, dos grandes industriais, dos grandes latifundiários) e não das classes populares. O direito ao voto, as melhores condições de vida e de trabalho, o respeito ao direito dos operários e etc foram resultados de inúmeras lutas, à custa de sangues derramados e mortes travadas ao longo do século XIX. 2 concorrência; e lei da oferta e da procura. Em síntese, o Estado não deve interferir na iniciativa individual, limitando-se a garantir a segurança e a educação dos cidadãos. A concorrência e as aptidões pessoais se encarregariam de harmonizar, como uma mão invisível, a vida em sociedade. Principal teórico: Adam Smith. Socialismo utópico: objetivo a criação de uma sociedade ideal, defendendo a transformação da sociedade em outra mais igualitária e solidária. De acordo com os socialistas utópicos, o sistema socialista se instalaria de forma lenta e gradual. O socialismo utópico foi criticado por Marx por não conter um projeto, um plano de ação para alcançar a sociedade igualitária. Principais teóricos: Robert Owen, Saint-Simon e Charles Fourier Socialismo científico: ideia criada por Karl Marx e Friedrich Engels a partir da obra ―O Manifesto do Partido Comunista‖ (1848). A proposta era fazer com que os proletários conquistassem o poder político e econômico para definir uma nova sociedade. As principais características eram: a ideia de que o bem comum está acima do indivíduo; o controle governamental sobre as atividades econômicas; a eliminação das classes sociais; transformação do conceito de propriedade para coletiva ou estatal; uma sociedade mais igualitária e benéfica para todos. Comunismo: o comunismo é o estágio posterior do socialismo, isto é, o comunismo é a etapa final do socialismo. Karl Marx postulou que o comunismo seria a fase final na sociedade humana e que isso seria alcançado através de uma revolução proletária. O comunismo refere-se a uma sociedade sem classes, sem Estado e livre de opressão, onde as decisões sobre o que produzir e quais as políticas devem prosseguir são tomadas democraticamente. Doutrina social cristã ou Socialismo cristão: Diante das mudanças sociais ocorridas na Europa do século XIX, das péssimas condições de vida dos trabalhadores e da radicalização dos movimentos sociais, a Igreja também se posicionou em relação às questões sociais, criando uma doutrina, o catolicismo social. Não defendia a luta, mas o entendimento entre os grupos opostos, a união entre as classes sociais, a melhoria das condições dos trabalhadores e a caridade. De acordo com a sua Doutrina Social, a Igreja defendia a dignidade intrínseca e inalienável da pessoa humana, a primazia do bem comum, a destinação universal dos bens, a superioridade do trabalho sobre o capital e o princípio da solidariedade. 3 Anarquismo: movimento político que defende a supressão de todas as formas de dominação e opressão (religião, Estado e casamento, por exemplo) vigentes na sociedade moderna, dando lugar a uma comunidade mais fraterna e igualitária. Os anarquistas entendiam que era imprescindível destruir todas as condicionantes mentais que possam impedir o indivíduo de ser livre e de se assumir como tal. Embora recusem qualquer forma de poder, inclusive a destruição do Estado, a maioria dos anarquistas estabelece organizações próprias, que devem, contudo, ser resultado de uma ação consciente e voluntária dos seus membros, mantendo uma total igualdade de forma a impedir a formação de relações de poder. Entre os seus teóricos contam-se pensadores tão diversos como William Godwin (1773-1836), P.J.Proudhon (1809-1865), Bakunin (1814-1870), Kropotkin (1842- 1921) ou o português Silva Mendes. Ludismo (1811-1812): O nome do movimento deriva de um dos seus líderes, Ned Ludd. Contrários aos avanços tecnológicos ocorridos na Revolução Industrial na Inglaterra, os ludistas protestavam contra a substituição da mão-de-obra humana por máquinas. Com a participação de operários das fábricas, os "quebradores de máquinas", como eram chamados os ludistas, fizeram protestos e revoltas radicais. Invadiram diversas fábricas e quebraram máquinas e outros equipamentos que consideram os responsáveis pelo desemprego e as péssimas condições de trabalho no período. É importante observar que os ludistas quebravam as máquinas como uma forma de protesto contra o desemprego em massa, resultado da substituição da mão de obra humana por máquinas. Por este motivo é errado pensarmos que os ludistas quebravam as máquinas para dar prejuízo aos seus patrões. Cartismo (década de 1830 e década de 1840): Não é novidade o cenário lastimável das fábricas inglesas e das péssimas condições de trabalho da classe operária na Inglaterra. Diante deste cenário os trabalhadores ingleses pediam um conjunto de reformas junto ao Parlamento, reunido na chamada Carta do Povo. Nesse documento,o movimento defendeu a substituição do voto censitário pelo sufrágio universal 2 , a instituição do voto secreto e a remuneração parlamentar. Em 1848, uma grande marcha foi programada para exigir o atendimento às mudanças pedidas na Carta. Dessa forma, os trabalhadores lutaram pelo fim das adversidades do ambiente urbano e fabril desenvolvidos nos séculos XVIII e XIX. Ao clamarem por participação política, o operariado se definia enquanto uma 2 Sufrágio Universal significa a extensão do direito ao voto a todas as pessoas. No caso do Cartismo, a principal exigência era o sufrágio universal masculino, ou seja, o direito ao voto a todos os homens. O sufrágio universal feminino foi uma luta que teve início nos últimos anos do século XIX, mas que teve sua conquista efetivada no início do século XX, bastante recente em termos históricos. No Brasil, o sufrágio universal feminino foi conquistado durante o Governo Vargas em 1934. Na Inglaterra, em 1918. Nos EUA, 1912. Na Índia, em 1950 (após a independência da Inglaterra). Alemanha, 1918. No entanto, o direito ao voto da mulher ainda é uma bandeira de luta no século XXI em países do Oriente Médio. 4 classe socioeconômica portadora de interesses específicos. Após essas primeiras manifestações da classe trabalhadora britânica, vários outros movimentos – majoritariamente influenciados pelo ideário comunista e socialista – participaram de movimentos em prol da questão trabalhadora. Em outras palavras, a maior das reivindicações do movimento Cartista foi o direito de participação política da classe operária na política parlamentar britânica. Sindicalismo: Teve origem no Cartismo dos operários ingleses e tem como objetivo a união dos trabalhadores assalariados na luta pela conquista de direitos políticos, trabalhistas, pela transformação da sociedade e do regime de propriedade. O Sindicalismo também se constitui numa doutrina política, segundo a qual os trabalhadores reunidos em sindicatos de categorias profissionais deveriam exercer um papel ativo nos rumos tomados pela sociedade. Nacionalismo: Princípio burguês de defesa dos interesses de uma elite local sobre uma dada região – nação –, que ressalta supostos traços de união de um povo comum. Para o nacionalismo, a nação seria constituída por uma língua, uma religião, um território e cultura comuns. Defende os interesses do comércio e da indústria nacionais – protecionismo – e louva os símbolos e a cultura nacional frente aos das outras nações. Na Europa do século XIX esse ideal passou a suscitar na população um sentimento que fez com que começassem a lutar pela unificação de seus supostos países, para assim vê-los transformados em nações soberanas. No campo das ações históricas, o nacionalismo serviu de inspiração para importantes eventos do século XIX. Em 1848, durante a chamada ―Primavera dos Povos‖, várias ações revolucionárias tomaram a Europa. Em muitas dessas ocasiões, a defesa dos ―interesses nacionais‖ acabou servindo de mola propulsora contra as injustiças e os resquícios do regime absolutista. Não se restringindo a esse movimento específico, podemos ver que o pensamento nacionalista também influenciou no acirramento das rivalidades entre diferentes países. Durante a era imperialista, a disputa por zonas de exploração econômica acabou alimentando a rivalidade entre diferentes países. Chegando ao século XX, podemos ver as guerras mundiais e os movimentos totalitários como outras experiências ligadas à perspectiva nacionalista. Romantismo: Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o romantismo toma mais tarde a forma de um movimento, e o espírito romântico passa a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. Se o século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo iluminismo e pela razão, o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela emoção e pelo eu. O ponto central da visão romântica 5 do mundo é o sujeito, sua personalidade e suas paixões. O romantismo levou o homem a repensar seu lugar no mundo. Enquanto o iluminismo inaugurou a ideia do homem universal e racional o romantismo valorizou o tema das particularidades e das subjetividades. Darwinismo social ou Evolucionismo: Descreve o uso dos conceitos de luta pela existência e sobrevivência dos mais aptos, para justificar políticas que não fazem distinção entre aqueles capazes de sustentar a si e aqueles incapazes de se sustentar. É um pensamento sociológico que surgiu no final do século XIX, que tentava explicar a evolução da sociedade humana se baseando na teoria da evolução proposta por Charles Darwin. O darwinismo social acreditava que existiam sociedades humanas superiores a outras, e que estas deveriam "dominar" as inferiores com o objetivo de "civilizá-las" e ajudá-las no seu "desenvolvimento". Os pensadores pró-darwinismo social alegavam que as populações europeias, por exemplo, tinham capacidades de evolução superiores ao povo da África, por causa da revolução tecnológica e científica que estava ocorrendo na Europa. 3 Este conceito foi bastante utilizado para tentar explicar a pobreza durante o período pós-Revolução Industrial. Os que permaneceram ou ficaram pobres seriam os menos aptos na linha evolutiva, de acordo com o darwinismo social. Marxismo: é o conjunto de ideias filosóficas, econômicas, políticas e sociais elaboradas primariamente por Karl Marx (1818-1883) com apoio de Friedrich Engels (1820-1895). Ambos os pensadores sistematizam os diferentes aspectos, históricos, econômicos e sociais da então nova concepção de mundo do século XIX 4 . O marxismo parte da premissa de que o caráter geral dos processos da vida social é fundamentalmente determinado pelo modo de produção da vida material. Em outras palavras, Marx afirmava que o rumo dos acontecimentos de uma determinada sociedade era determinado pelo fator econômico. Sua vida foi dedicada a buscar uma solução para que a situação de exploração, de alienação da maioria chegasse ao fim. Na busca por esta resposta, analisou de forma metódica e científica toda a trajetória da humanidade até a sociedade capitalista, a estrutura dessa sociedade, chamada sociedade de classes. Aliás, segundo Marx, a luta de classes é o motor da 3 O Darwinismo social será utilizado para legitimar as investidas européias no continente Africano e Asiático ao longo do século XIX. Estas investidas Europeias serão chamadas de Imperialismo ou Neocolonialismo 4 Lembre-se que as bases do século XIX foram estabelecidas com a Revolução Industrial (final do século XVIII) e com a Revolução Francesa (1789). A Revolução Industrial forneceu um novo modelo para a produção econômica (como os maquinários, as fábricas, as ferrovias e etc) e a Revolução Francesa forneceu um novo vocabulário político e os temas da política liberal. Juntas, a Revolução Francesa e a Revolução Industrial lançaram as bases da economia e da política do mundo em que vivemos hoje. 6 história. A partir desta introdução, vamos conhecer alguns conceitos fundamentais do pensamento de Karl Marx: o Materialismo Histórico: Segundo o materialismo histórico, toda sociedade é determinada, em última instância, por suas condições socioeconômicas, a chamada infra-estrutura. A infra- estrutura compreende as forças e relações de produção — condições de trabalho entre empregador-empregado, a divisão do trabalho e relações de propriedade— na qual as pessoas entram para produzir as necessidades e comodidades da vida. Essas relações determinam outras relações e ideias da sociedade, que são descritas como a sua superestrutura. A superestrutura de uma sociedade inclui a cultura, instituições, estruturas de poder político, papel social, rituais e o Estado. Para Marx, a infra-estrutura (relações socioeconômicas) determina a superestrutura (nossa cultura, nossa política, nossa ação no mundo) o Luta de classe: na análise marxista, a luta de classes é o agente transformador da sociedade. O antagonismo entre dominadores e dominados – como, por exemplo, senhores e servos na Idade Média e operários e burgueses no mundo contemporâneo – induz às lutas e às transformações sociais. Segundo Marx, a luta de classes é o motor da história. o Mais-valia: corresponde ao valor da riqueza produzida pelo operário além do valor remunerado de sua força de trabalho e que é apropriado pelos capitalistas. Caracteriza a exploração operária como um fator crescente e imprescindível de capitalização da burguesia. Vejamos o seguinte exemplo: em uma indústria têxtil, um trabalhador precisa apenas de 4 horas por dia para produzir bens no valor do seu salário mensal. Assim, partindo do princípio que a jornada diária de trabalho tem 8 horas, em um mês com 22 dias de trabalho, o trabalhador precisa apenas de 11 dias para produzir o valor equivalente ao seu salário. Apesar disso, ele não pode trabalhar apenas 11 dias por mês ou 4 horas por dia, e deve continuar produzindo. O lucro obtido com o seu trabalho nas restantes horas vai para o seu patrão e é designada como mais-valia. Em outras palavras, em 8h de trabalho, o operário trabalha 4h que é o equivalente à sua diária e as outras 4h é o lucro do patrão. o Exército da reserva de mão-de-obra ou Exército Industrial da Reserva: é um termo utilizado para o desemprego estrutural, ou seja, a força de trabalho que excede as necessidades da produção. Foi um conceito desenvolvido por Max onde ele critica o desemprego necessário para o capitalismo. Para Max, esse exército atua como um inibidor de manifestações e contribui para o rebaixamento dos salários. Agora imagine se você estivesse trabalhando em uma grande indústria de calçados. Você não está satisfeito com 5min de descanso, de ter que trabalhar em pé e com um salário abaixo da média. Sendo assim, você resolve reivindicar essas questões com o patrão: - Sr. Fulano, não estou satisfeito com essas condições, quero 7 melhorias e não é somente eu que quero, são TODOS! O Sr. Fulano, gentilmente, fala: - Não está satisfeito? Problema seu, há muitos lá fora querendo esse emprego, querendo esse salário que você está reivindicando. Viu? É assim que o exército de reserva influência no desemprego e no controle contra greves e manifestações por melhorias no emprego. o Revolução Socialista e Ditadura do Proletariado: contra a ordem capitalista e a sociedade burguesa, Marx considerava inevitável a ação política do operariado, a revolução socialista, que inauguraria a construção de uma nova sociedade. Num primeiro momento, seriam instalados o controle do Estado pela ditadura do proletariado e a socialização dos meios de produção, eliminando a propriedade privada. Numa etapa posterior, a meta seria o comunismo, que representaria o fim de todas as desigualdades sociais e econômicas, inclusive o fim do próprio Estado. o Acumulação Primitva de Capital: Acumulação primitiva do capital foi o processo de acumulação de riquezas ocorrido na Europa entre os séculos XV e XVIII 5 , que possibilitou as grandes transformações econômicas da Revolução Industrial. A acumulação primitiva de capital para Marx se desenvolveu a partir de dois pressupostos: um foi a concentração de grande massa de recursos (dinheiro, ouro, prata, terras) nas mãos de um pequeno número de proprietários; outro foi a formação de um grande contingente de indivíduos despossuídos de bens e obrigados a vender sua força de trabalho aos senhores de terra e donos de manufaturas. Historicamente, isso foi possível graças às riquezas acumuladas pelos negociantes europeus com o tráfico de escravos africanos, com o saque colonial e a apropriação privada das terras comunais dos camponeses, com o protecionismo às 5 Lembre-se de que o período entre os séculos XV – XVIII foi a fase conhecida como Capitalismo Mercantil ou Comercial. O Capitalismo possui três fases: 1º fase: Capitalismo Mercantil ou Comercial (XV-XVIII): fase marcada pelo desenvolvimento da burguesia comercial européia; o comércio inaugurado com as grandes navegações e conquistas marítimas para se chegar às Índias; colonização da América. 2º fase: Capitalismo Industrial (XVIII - XIX): Teve início com a Primeira Revolução Industrial do século XVIII, avançando até o século XIX com a Segunda Revolução Industrial. A Inglaterra é considerada o berço desta fase do capitalismo, pois foi neste país que teve início o processo de revolução industrial. Fase marcada pelo desenvolvimento da indústria, alta concentração de renda, forte desigualdade social, uso nas indústrias de mão de obra assalariada, uso de máquinas, desenvolvimento de transporte 3º fase: Capitalismo Financeiro ou Monopolista (XX-XXI): apresenta como característica principal a subordinação dos meios de produção para a acumulação de dinheiro e obtenção de lucros através do mercado financeiro (ações, produtos financeiros, títulos, derivativos e mercado de câmbio). Em outras palavras, o capitalismo financeiro representa a síntese da associação entre o Capital Industrial associado ao Capital Financeiro (dos bancos e bolsas de valores); Fortalecimento do sistema de empréstimos e financiamentos; Fortalecimento das bolsas de valores; Surgimento de empresas multinacionais; Surgimento, uso e dependência de sistemas tecnológicos nas operações financeiras 8 manufaturas nacionais e com o confisco e venda a baixo preço das terras da Igreja por governos revolucionários. o Método dialético: As transformações da sociedade ocorrem por conseqüência do choque, pela oposição de contrários. A dialética em Marx permite compreender a história em seu movimento, em que cada etapa é vista não como algo estático e definitivo, mas como algo transitório, que pode ser transformado pela ação humana. De acordo com Marx, a história é feita pelos seres humanos, que interferem no processo histórico e podem, dessa forma, transformar a realidade social. Por exemplo: os privilégios feudais ainda existentes no século XVIII desembocaram na Revolução Francesa. Os privilégios feudais impediam o livre florescer da almejada economia burguesa capitalista. Portanto, os resquícios do feudalismo (ideia 1) não condiziam com a vontade de prosperar da burguesia capitalista (ideia 2) no final do século XVIII. Há uma contradição entre privilégios feudais (ideia 1) com a economia capitalista (ideia 2), pois um não pode conviver com o outro por serem opostas. Desta contradição, resultou a Revolução Francesa, a síntese do confronto entre a ideia 1 com a ideia 2. A síntese do confronto é o que permite que a História se transforme. REVOLUÇÕES LIBERAIS DO SÉCULO XIX Revoluções de 1830: Com o fim da Era Napoleônica, a França assistiu a supremacia dos regimes absolutistas lhe impor o retorno da dinastia Bourbon, sob a tutela do rei Luís XVIII (1814 - 1824). Dessa maneira, todos os ideais e anseios gerados pela experiência revolucionária francesa seriam sepultados por um governo elitista que combinava elementos liberais e monárquicos. Em 1824, a morte de Luís XVIII acabou agravando as rivalidades políticas. Naquele ano, com o expressoapoio das alas políticas mais conservadoras de todo o país, o rei Carlos X passou a fomentar medidas que restaurassem o absolutismo do Antigo Regime. Como reação a isto, em 1830 eclodiu na França imediata reação contra o desenvolvimento de um governo tão conservador quanto o do rei Carlos X. Sob a liderança do duque Luís Felipe, jornais, estudantes, burgueses e trabalhadores iniciaram manifestações e levantes que conduziriam a Revolução de 1830. Por meio da intensa ação de populares que organizaram as chamadas ―jornadas gloriosas‖, o rei Carlos X abdicou o trono e assumiu Luís Filipe de Orleans (conhecido como o ―Rei Burguês‖), fortemente apoiado pela burguesia francesa. Em razão desta associação, o novo monarca estabeleceu o fim de várias ações e leis de natureza absolutista, fez questão de preservar a excludente barreira política do voto censitário, não atendeu as reivindicações populares. Em pouco tempo, a disseminação dos acontecimentos franceses inspirou outros levantes nacionalistas pela Europa. Um exemplo disso se deu na Bélgica, que acabou alcançando sua independência em relação à Holanda; Alemanha, a Itália e a Polônia iniciaram as lutas nacionais contra a dominação estrangeira. O que precisamos saber em relação às revoluções liberais de 1830? 9 1º Após o fim da era Napoleônica os resquícios absolutistas e tirânicas voltaram a assombrar a França, aliada a uma forte política liberal burguesa que privilegiava uns e desprestigiava a maioria popular, o que ativou a agitação político-social, a oposição generalizada. 2º A revolução liberal de 1830 na França foi uma luta decepcionante, pois com a abdicação do rei Carlos X assumiu Luis Felipe, o rei burguês, que atendia aos pedidos da burguesia e deixava de lado os anseios populares, o que resultará em 1848 em uma nova Revolução Liberal. No entanto, foi bem sucedida para outros países como na Bélgica, Alemanha, Itália e Polônia (como mencionamos anteriormente no corpo do texto). Por outro lado, ela acabou com as pretensões da Dinastia Bourbon (a mesma dinastia do rei Luis XVI – o mesmo rei decapitado na Revolução Francesa) reascender ao poder, objetivo do Congresso de Viena. 3º A Revolução Liberal de 1830, também chamada de Jornadas de Julho, acabou de vez com o avanço reacionário iniciado com o Congresso de Viena de 1815, cuja pretensão era ―organizar‖ a bagunça feita por Napoleão na Europa. O congresso de Viena tinha como principal objetivo fazer com que as dinastias reinantes na Europa antes da Revolução Francesa tivessem o governo e seus territórios reintegrados. 4º Quais efeitos das revoluções liberais de 1830 no Brasil? Em 1824, D. Pedro I impusera um governo autoritário com base na Constituição outorgada de 1824. A retomada liberal europeia, que culminou na Revolução de 1830, tinha no Brasil como representante o jornalista Libero Badaró, assassinado em novembro de 1830 por partidários de D. Pedro I. Esse acontecimento, somado aos ventos liberais da Europa, levaram à "Noite das Garrafadas" de 1831, enfrentamento de brasileiros contra partidários do Imperador, que levaram à abdicação de D. Pedro, a 7 de abril de 1831. Revoluções de 1848 (Primavera do Povos): Lembram do Luís Filipe, o rei burguês? Ele governou a França entre 1830 e 1848. Seu reinado foi marcado por forte oposição política, pois além de ser autoritário ele atendia as necessidades da classe burguesa em detrimento das classes populares, gerando forte oposição dos socialistas, bonapartistas e republicanos durante os 18 anos que se manteve no poder. Visando sua estabilidade no poder, o rei Luis Filipe desintegrou e colocou na ilegalidade a oposição política, além de não ceder a nenhuma reivindicação política. Contudo, a insensibilidade do governo acabou sendo estopim para que um grande movimento popular se formasse em fevereiro de 1848. Um pouco antes que tais levantes acontecessem, entre os anos de 1846 e 1848, uma seqüência de péssimas colheitas provocou uma crise econômica responsável pela elevação súbita do preço dos alimentos. Além disso, a queda no consumo dos produtos industrializados motivou a demissão de operários nos centros urbanos. De fato, toda a economia capitalista européia enfrentava um delicado processo de estagnação que daria origem aos levantes que marcaram a chamada ―Primavera dos Povos‖. Reagindo a esse quadro desfavorável, membros do 10 operariado e do campesinato passaram a exigir melhores condições de vida e trabalho. Aproveitando das novas tendências que surgiam, fizeram uma forte oposição ao regime monárquico por meio de uma série de levantes. É importante destacar que 1848 foi o ano da publicação da obra ―Manifesto Comunista‖, de Marx e Engels, que ofereciam um grande aporte ideológico para aquela luta contra a hegemonia burguesa e alimentando mais e mais o desejo de mudança. Comungando da união exprimida por esse livro, várias cidades foram tomadas por barricadas de trabalhadores que se espalhavam por cidades da França, dos Estados Alemães, da Áustria e outros grandes centros urbanos. Apesar dos ideais românticos e das bandeiras coloridas em favor de uma sociedade mais justa (forte presença do Nacionalismo), a ―Primavera‖ não conseguiu transformar definitivamente a Europa. Contudo, demonstraram a nova articulação política que estava sendo engendrada. Na França, o rei foi exilado e a França tornou-se república. O que precisamos saber em relação às revoluções liberais de 1848? 1º Mesmo não instalando um regime socialista, a Revolução de 1848 teve grande importância para que uma nova polarização política ganhasse vida. A partir daquele momento, as lutas entre burguesia e proletariado seriam vigentes em diversas nações da Europa. Não por acaso, naquele mesmo ano de 1848, outras rebeliões de traço liberal e socialista abalaram as arcaicas estruturas de Velho Mundo. Costumeiramente, esse conjunto de revoluções ficou conhecido como a ―Primavera dos Povos‖6. 2º Forte presença do Nacionalismo como bandeira de luta desses povos em busca de sua auto- afirmação. 3º Demonstrava para a nova ordem burguesa o potencial de mobilização das classes trabalhadoras em torno de seus interesses e projetos políticos próprios. 4º Quais foram os ecos das revoluções liberais de 1848 no Brasil? A Revolução Praieira (1848-1850) foi uma revolta de caráter liberal e federalista ocorrida na província de Pernambuco. Em nível local foi influenciada pelas ideias liberais dos que se queixavam da falta de liberdade de imprensa, falta de autonomia provincial, sendo marcada pelo repúdio à monarquia, com manifestações a favor da independência política, da república e por um reformismo radical. Em síntese, a Praieira foi uma grande luta contra a centralização monárquica, contra a falta de autonomia da província de Pernambuco, contra o partido conservado do Brasil (os Saquaremas) em nome da liberdade e da República. 6 O termo ―Primavera dos Povos‖ também foi utilizado para designar as ondas de protestos, revoltas e revoluções populares contra governos do mundo árabe em 2011. A raiz dos protestos foi o agravamento da situação dos países, provocado pela crise econômica e pela falta de democracia. A população sofre com as elevadas taxas de desemprego e o alto custo dos alimentos e pede melhores condições de vida. A Primavera dos Povos Árabes significou a transição das ditaduras para a democracia. É importante ressaltarmos que os Estados Unidos eram aliados de ditaduras árabes, buscando garantir interesses geopolíticos e econômicos na região, que abriga as maiores reservas de petróleo do planeta. A Primavera Árabe pôs em cheque a política externa de Washington paraa região.
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