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DOUTRINAS SOCIAIS E REVOLUÇÕES LIBERAIS NA EUROPA NO SÉCULO XIX (1)

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1 
 
PRÉ-VESTIBULAR CANAÃ 
ALUNO: __________________________________ PROFª LUIZA HISTÓRIA GERAL/NOITE 
DOUTRINAS SOCIAIS, MOVIMENTOS SOCIAIS E REVOLUÇÕES 
LIBERAIS NA EUROPA NO SÉCULO XIX 
CONTEXTO: Surgiram na Europa do século XIX diversas doutrinas sociais e ideologias. Mediante a 
desigualdade social e as duras condições de vida de boa parte da população, estabelecida à margem do 
sistema capitalista, começaram a aparecer propostas políticas tratando da questão operária. Essas novas 
idéias se relacionavam com o novo contexto político-econômico vivido na Europa. A industrialização, a 
urbanização, a desigualdade social, a miséria e outros problemas sociais comuns à sociedade capitalista, 
permitiram a emergência de novas formas de pensar que legitimassem e confrontassem tais mudanças. Essas 
idéias não se restringem ao pensamento político, mas abarcam também o pensamento científico, social, 
econômico, artístico e filosófico. 
AS DOUTRINAS E PENSAMENTOS SOCIAIS: 
 Liberalismo: 
o Liberalismo Político: reação ao poder absolutista. Doutrina que defende os direitos naturais 
do homem como, por exemplo, o direito de viver, ser feliz, liberdade etc. Cabe ao Estado 
Liberal respeitar tais direitos, ou seja, respeitar a independência do homem. O liberalismo 
delimita as funções do Estado, cuja instituição teria os poderes públicos regulados por normas 
gerais e seriam subordinados às leis. Em linhas gerais, a doutrina liberal defende o direito de 
representação dos indivíduos, sustentando que neles, e não no poder dos reis, se encontra a 
soberania. Esta é entendida como o direito de organizar a nação a partir de uma lei básica – a 
Constituição
1
. Principal pensador: John Locke 
o Liberalismo Econômico: defesa da não-intervenção do Estado na economia. Segundo esta 
doutrina, o próprio mercado dispõe de mecanismos fortes e próprios de regulação como, por 
exemplo, a ―mão invisível‖ que regularia os preços, taxas, inflações; a defesa da livre-
 
1
 Neste momento você deve estar pensando ―Ah... Entendi! Então Liberalismo é sinônimo de democracia, certo!?‖. NÃO. 
Liberalismo e Democracia são coisas bastante distintas. Mas como? As correntes democráticas defendiam o sufrágio universal, ou 
seja, o direito de representação conferido a todos os cidadãos de um país, independentemente de condição social, sexo, religião ou 
cor. Já os liberais trataram em regra de restringir a representação, segundo critérios, sobretudo, econômicos: para eles, só os 
proprietários, com um certo nível de renda, poderiam votar ou ser votados, pois às demais pessoas faltava a independência para o 
exercício desses direitos. É importante pensarmos que o século XIX todo foi moldado para representar os interesses da alta 
burguesia (dos grandes proprietários, dos grandes industriais, dos grandes latifundiários) e não das classes populares. O direito ao 
voto, as melhores condições de vida e de trabalho, o respeito ao direito dos operários e etc foram resultados de inúmeras lutas, à 
custa de sangues derramados e mortes travadas ao longo do século XIX. 
2 
 
concorrência; e lei da oferta e da procura. Em síntese, o Estado não deve interferir na 
iniciativa individual, limitando-se a garantir a segurança e a educação dos cidadãos. A 
concorrência e as aptidões pessoais se encarregariam de harmonizar, como uma mão 
invisível, a vida em sociedade. Principal teórico: Adam Smith. 
 
 Socialismo utópico: objetivo a criação de uma sociedade ideal, defendendo a transformação da 
sociedade em outra mais igualitária e solidária. De acordo com os socialistas utópicos, o sistema 
socialista se instalaria de forma lenta e gradual. O socialismo utópico foi criticado por Marx por não 
conter um projeto, um plano de ação para alcançar a sociedade igualitária. Principais teóricos: Robert 
Owen, Saint-Simon e Charles Fourier 
 
 Socialismo científico: ideia criada por Karl Marx e Friedrich Engels a partir da obra ―O Manifesto do 
Partido Comunista‖ (1848). A proposta era fazer com que os proletários conquistassem o poder 
político e econômico para definir uma nova sociedade. As principais características eram: a ideia de 
que o bem comum está acima do indivíduo; o controle governamental sobre as atividades 
econômicas; a eliminação das classes sociais; transformação do conceito de propriedade para 
coletiva ou estatal; uma sociedade mais igualitária e benéfica para todos. 
 
 Comunismo: o comunismo é o estágio posterior do socialismo, isto é, o comunismo é a etapa final do 
socialismo. Karl Marx postulou que o comunismo seria a fase final na sociedade humana e que isso 
seria alcançado através de uma revolução proletária. O comunismo refere-se a uma sociedade 
sem classes, sem Estado e livre de opressão, onde as decisões sobre o que produzir e quais as 
políticas devem prosseguir são tomadas democraticamente. 
 
 Doutrina social cristã ou Socialismo cristão: Diante das mudanças sociais ocorridas na Europa do 
século XIX, das péssimas condições de vida dos trabalhadores e da radicalização dos movimentos 
sociais, a Igreja também se posicionou em relação às questões sociais, criando uma doutrina, o 
catolicismo social. Não defendia a luta, mas o entendimento entre os grupos opostos, a união entre 
as classes sociais, a melhoria das condições dos trabalhadores e a caridade. De acordo com a sua 
Doutrina Social, a Igreja defendia a dignidade intrínseca e inalienável da pessoa humana, a primazia 
do bem comum, a destinação universal dos bens, a superioridade do trabalho sobre o capital e o 
princípio da solidariedade. 
 
 
3 
 
 Anarquismo: movimento político que defende a supressão de todas as formas de dominação e 
opressão (religião, Estado e casamento, por exemplo) vigentes na sociedade moderna, dando lugar a 
uma comunidade mais fraterna e igualitária. Os anarquistas entendiam que era imprescindível 
destruir todas as condicionantes mentais que possam impedir o indivíduo de ser livre e de se assumir 
como tal. Embora recusem qualquer forma de poder, inclusive a destruição do Estado, a maioria dos 
anarquistas estabelece organizações próprias, que devem, contudo, ser resultado de uma ação 
consciente e voluntária dos seus membros, mantendo uma total igualdade de forma a impedir a 
formação de relações de poder. Entre os seus teóricos contam-se pensadores tão diversos como 
William Godwin (1773-1836), P.J.Proudhon (1809-1865), Bakunin (1814-1870), Kropotkin (1842-
1921) ou o português Silva Mendes. 
 
 Ludismo (1811-1812): O nome do movimento deriva de um dos seus líderes, Ned Ludd. Contrários 
aos avanços tecnológicos ocorridos na Revolução Industrial na Inglaterra, os ludistas protestavam 
contra a substituição da mão-de-obra humana por máquinas. Com a participação de operários das 
fábricas, os "quebradores de máquinas", como eram chamados os ludistas, fizeram protestos e 
revoltas radicais. Invadiram diversas fábricas e quebraram máquinas e outros equipamentos que 
consideram os responsáveis pelo desemprego e as péssimas condições de trabalho no período. É 
importante observar que os ludistas quebravam as máquinas como uma forma de protesto contra o 
desemprego em massa, resultado da substituição da mão de obra humana por máquinas. Por este 
motivo é errado pensarmos que os ludistas quebravam as máquinas para dar prejuízo aos seus 
patrões. 
 
 Cartismo (década de 1830 e década de 1840): Não é novidade o cenário lastimável das fábricas 
inglesas e das péssimas condições de trabalho da classe operária na Inglaterra. Diante deste cenário 
os trabalhadores ingleses pediam um conjunto de reformas junto ao Parlamento, reunido na chamada 
Carta do Povo. Nesse documento,o movimento defendeu a substituição do voto censitário pelo 
sufrágio universal
2
, a instituição do voto secreto e a remuneração parlamentar. Em 1848, uma grande 
marcha foi programada para exigir o atendimento às mudanças pedidas na Carta. Dessa forma, os 
trabalhadores lutaram pelo fim das adversidades do ambiente urbano e fabril desenvolvidos nos 
séculos XVIII e XIX. Ao clamarem por participação política, o operariado se definia enquanto uma 
 
2
 Sufrágio Universal significa a extensão do direito ao voto a todas as pessoas. No caso do Cartismo, a principal exigência era o 
sufrágio universal masculino, ou seja, o direito ao voto a todos os homens. O sufrágio universal feminino foi uma luta que teve 
início nos últimos anos do século XIX, mas que teve sua conquista efetivada no início do século XX, bastante recente em termos 
históricos. No Brasil, o sufrágio universal feminino foi conquistado durante o Governo Vargas em 1934. Na Inglaterra, em 1918. 
Nos EUA, 1912. Na Índia, em 1950 (após a independência da Inglaterra). Alemanha, 1918. No entanto, o direito ao voto da 
mulher ainda é uma bandeira de luta no século XXI em países do Oriente Médio. 
4 
 
classe socioeconômica portadora de interesses específicos. Após essas primeiras manifestações da 
classe trabalhadora britânica, vários outros movimentos – majoritariamente influenciados pelo 
ideário comunista e socialista – participaram de movimentos em prol da questão trabalhadora. Em 
outras palavras, a maior das reivindicações do movimento Cartista foi o direito de participação 
política da classe operária na política parlamentar britânica. 
 
 Sindicalismo: Teve origem no Cartismo dos operários ingleses e tem como objetivo a união dos 
trabalhadores assalariados na luta pela conquista de direitos políticos, trabalhistas, pela 
transformação da sociedade e do regime de propriedade. O Sindicalismo também se constitui numa 
doutrina política, segundo a qual os trabalhadores reunidos em sindicatos de categorias profissionais 
deveriam exercer um papel ativo nos rumos tomados pela sociedade. 
 
 Nacionalismo: Princípio burguês de defesa dos interesses de uma elite local sobre uma dada região – 
nação –, que ressalta supostos traços de união de um povo comum. Para o nacionalismo, a nação 
seria constituída por uma língua, uma religião, um território e cultura comuns. Defende os interesses 
do comércio e da indústria nacionais – protecionismo – e louva os símbolos e a cultura nacional 
frente aos das outras nações. Na Europa do século XIX esse ideal passou a suscitar na população um 
sentimento que fez com que começassem a lutar pela unificação de seus supostos países, para assim 
vê-los transformados em nações soberanas. No campo das ações históricas, o nacionalismo serviu de 
inspiração para importantes eventos do século XIX. Em 1848, durante a chamada ―Primavera dos 
Povos‖, várias ações revolucionárias tomaram a Europa. Em muitas dessas ocasiões, a defesa dos 
―interesses nacionais‖ acabou servindo de mola propulsora contra as injustiças e os resquícios do 
regime absolutista. Não se restringindo a esse movimento específico, podemos ver que o pensamento 
nacionalista também influenciou no acirramento das rivalidades entre diferentes países. Durante a era 
imperialista, a disputa por zonas de exploração econômica acabou alimentando a rivalidade entre 
diferentes países. Chegando ao século XX, podemos ver as guerras mundiais e os movimentos 
totalitários como outras experiências ligadas à perspectiva nacionalista. 
 
 Romantismo: Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o romantismo toma mais tarde 
a forma de um movimento, e o espírito romântico passa a designar toda uma visão de 
mundo centrada no indivíduo. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, 
retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. Se o século 
XVIII foi marcado pela objetividade, pelo iluminismo e pela razão, o início do século XIX seria 
marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela emoção e pelo eu. O ponto central da visão romântica 
5 
 
do mundo é o sujeito, sua personalidade e suas paixões. O romantismo levou o homem a repensar 
seu lugar no mundo. Enquanto o iluminismo inaugurou a ideia do homem universal e racional o 
romantismo valorizou o tema das particularidades e das subjetividades. 
 
 Darwinismo social ou Evolucionismo: Descreve o uso dos conceitos de luta pela existência e 
sobrevivência dos mais aptos, para justificar políticas que não fazem distinção entre aqueles capazes 
de sustentar a si e aqueles incapazes de se sustentar. É um pensamento sociológico que surgiu no 
final do século XIX, que tentava explicar a evolução da sociedade humana se baseando na teoria da 
evolução proposta por Charles Darwin. O darwinismo social acreditava que existiam sociedades 
humanas superiores a outras, e que estas deveriam "dominar" as inferiores com o objetivo de 
"civilizá-las" e ajudá-las no seu "desenvolvimento". Os pensadores pró-darwinismo social alegavam 
que as populações europeias, por exemplo, tinham capacidades de evolução superiores ao povo da 
África, por causa da revolução tecnológica e científica que estava ocorrendo na Europa.
3
 Este 
conceito foi bastante utilizado para tentar explicar a pobreza durante o período pós-Revolução 
Industrial. Os que permaneceram ou ficaram pobres seriam os menos aptos na linha evolutiva, de 
acordo com o darwinismo social. 
 
 Marxismo: é o conjunto de ideias filosóficas, econômicas, políticas e sociais elaboradas 
primariamente por Karl Marx (1818-1883) com apoio de Friedrich Engels (1820-1895). Ambos os 
pensadores sistematizam os diferentes aspectos, históricos, econômicos e sociais da então nova 
concepção de mundo do século XIX
4
. O marxismo parte da premissa de que o caráter geral dos 
processos da vida social é fundamentalmente determinado pelo modo de produção da vida material. 
Em outras palavras, Marx afirmava que o rumo dos acontecimentos de uma determinada sociedade 
era determinado pelo fator econômico. Sua vida foi dedicada a buscar uma solução para que a 
situação de exploração, de alienação da maioria chegasse ao fim. Na busca por esta resposta, analisou 
de forma metódica e científica toda a trajetória da humanidade até a sociedade capitalista, a estrutura 
dessa sociedade, chamada sociedade de classes. Aliás, segundo Marx, a luta de classes é o motor da 
 
3
 O Darwinismo social será utilizado para legitimar as investidas européias no continente Africano e Asiático ao longo do século 
XIX. Estas investidas Europeias serão chamadas de Imperialismo ou Neocolonialismo 
 
4
 Lembre-se que as bases do século XIX foram estabelecidas com a Revolução Industrial (final do século XVIII) e com a 
Revolução Francesa (1789). A Revolução Industrial forneceu um novo modelo para a produção econômica (como os maquinários, 
as fábricas, as ferrovias e etc) e a Revolução Francesa forneceu um novo vocabulário político e os temas da política liberal. 
Juntas, a Revolução Francesa e a Revolução Industrial lançaram as bases da economia e da política do mundo em que vivemos 
hoje. 
6 
 
história. A partir desta introdução, vamos conhecer alguns conceitos fundamentais do pensamento de 
Karl Marx: 
o Materialismo Histórico: Segundo o materialismo histórico, toda sociedade é determinada, em 
última instância, por suas condições socioeconômicas, a chamada infra-estrutura. A infra-
estrutura compreende as forças e relações de produção — condições de trabalho entre 
empregador-empregado, a divisão do trabalho e relações de propriedade— na qual as pessoas 
entram para produzir as necessidades e comodidades da vida. Essas relações determinam 
outras relações e ideias da sociedade, que são descritas como a sua superestrutura. A 
superestrutura de uma sociedade inclui a cultura, instituições, estruturas de poder 
político, papel social, rituais e o Estado. Para Marx, a infra-estrutura (relações 
socioeconômicas) determina a superestrutura (nossa cultura, nossa política, nossa ação no 
mundo) 
o Luta de classe: na análise marxista, a luta de classes é o agente transformador da sociedade. 
O antagonismo entre dominadores e dominados – como, por exemplo, senhores e servos na 
Idade Média e operários e burgueses no mundo contemporâneo – induz às lutas e às 
transformações sociais. Segundo Marx, a luta de classes é o motor da história. 
o Mais-valia: corresponde ao valor da riqueza produzida pelo operário além do valor 
remunerado de sua força de trabalho e que é apropriado pelos capitalistas. Caracteriza a 
exploração operária como um fator crescente e imprescindível de capitalização da burguesia. 
Vejamos o seguinte exemplo: em uma indústria têxtil, um trabalhador precisa apenas de 4 
horas por dia para produzir bens no valor do seu salário mensal. Assim, partindo do princípio 
que a jornada diária de trabalho tem 8 horas, em um mês com 22 dias de trabalho, o 
trabalhador precisa apenas de 11 dias para produzir o valor equivalente ao seu salário. Apesar 
disso, ele não pode trabalhar apenas 11 dias por mês ou 4 horas por dia, e deve continuar 
produzindo. O lucro obtido com o seu trabalho nas restantes horas vai para o seu patrão e é 
designada como mais-valia. Em outras palavras, em 8h de trabalho, o operário trabalha 4h 
que é o equivalente à sua diária e as outras 4h é o lucro do patrão. 
o Exército da reserva de mão-de-obra ou Exército Industrial da Reserva: é um termo utilizado 
para o desemprego estrutural, ou seja, a força de trabalho que excede as necessidades da 
produção. Foi um conceito desenvolvido por Max onde ele critica o desemprego necessário 
para o capitalismo. Para Max, esse exército atua como um inibidor de manifestações e 
contribui para o rebaixamento dos salários. Agora imagine se você estivesse trabalhando em 
uma grande indústria de calçados. Você não está satisfeito com 5min de descanso, de ter que 
trabalhar em pé e com um salário abaixo da média. Sendo assim, você resolve reivindicar 
essas questões com o patrão: - Sr. Fulano, não estou satisfeito com essas condições, quero 
7 
 
melhorias e não é somente eu que quero, são TODOS! O Sr. Fulano, gentilmente, fala: - Não 
está satisfeito? Problema seu, há muitos lá fora querendo esse emprego, querendo esse salário 
que você está reivindicando. Viu? É assim que o exército de reserva influência no 
desemprego e no controle contra greves e manifestações por melhorias no emprego. 
o Revolução Socialista e Ditadura do Proletariado: contra a ordem capitalista e a sociedade 
burguesa, Marx considerava inevitável a ação política do operariado, a revolução socialista, 
que inauguraria a construção de uma nova sociedade. Num primeiro momento, seriam 
instalados o controle do Estado pela ditadura do proletariado e a socialização dos meios de 
produção, eliminando a propriedade privada. Numa etapa posterior, a meta seria o 
comunismo, que representaria o fim de todas as desigualdades sociais e econômicas, inclusive 
o fim do próprio Estado. 
o Acumulação Primitva de Capital: Acumulação primitiva do capital foi o processo de 
acumulação de riquezas ocorrido na Europa entre os séculos XV e XVIII
5
, que possibilitou as 
grandes transformações econômicas da Revolução Industrial. A acumulação primitiva de 
capital para Marx se desenvolveu a partir de dois pressupostos: um foi a concentração de 
grande massa de recursos (dinheiro, ouro, prata, terras) nas mãos de um pequeno número de 
proprietários; outro foi a formação de um grande contingente de indivíduos despossuídos de 
bens e obrigados a vender sua força de trabalho aos senhores de terra e donos de 
manufaturas. Historicamente, isso foi possível graças às riquezas acumuladas pelos 
negociantes europeus com o tráfico de escravos africanos, com o saque colonial e a 
apropriação privada das terras comunais dos camponeses, com o protecionismo às 
 
5
 Lembre-se de que o período entre os séculos XV – XVIII foi a fase conhecida como Capitalismo Mercantil ou Comercial. O 
Capitalismo possui três fases: 
1º fase: Capitalismo Mercantil ou Comercial (XV-XVIII): fase marcada pelo desenvolvimento da burguesia comercial 
européia; o comércio inaugurado com as grandes navegações e conquistas marítimas para se chegar às Índias; colonização da 
América. 
2º fase: Capitalismo Industrial (XVIII - XIX): Teve início com a Primeira Revolução Industrial do século XVIII, 
avançando até o século XIX com a Segunda Revolução Industrial. A Inglaterra é considerada o berço desta fase do capitalismo, 
pois foi neste país que teve início o processo de revolução industrial. Fase marcada pelo desenvolvimento da indústria, alta 
concentração de renda, forte desigualdade social, uso nas indústrias de mão de obra assalariada, uso de máquinas, 
desenvolvimento de transporte 
3º fase: Capitalismo Financeiro ou Monopolista (XX-XXI): apresenta como característica principal a subordinação dos 
meios de produção para a acumulação de dinheiro e obtenção de lucros através do mercado financeiro (ações, produtos 
financeiros, títulos, derivativos e mercado de câmbio). Em outras palavras, o capitalismo financeiro representa a síntese da 
associação entre o Capital Industrial associado ao Capital Financeiro (dos bancos e bolsas de valores); Fortalecimento do sistema 
de empréstimos e financiamentos; Fortalecimento das bolsas de valores; Surgimento de empresas multinacionais; Surgimento, uso 
e dependência de sistemas tecnológicos nas operações financeiras 
8 
 
manufaturas nacionais e com o confisco e venda a baixo preço das terras da Igreja por 
governos revolucionários. 
o Método dialético: As transformações da sociedade ocorrem por conseqüência do choque, pela 
oposição de contrários. A dialética em Marx permite compreender a história em seu movimento, em 
que cada etapa é vista não como algo estático e definitivo, mas como algo transitório, que pode ser 
transformado pela ação humana. De acordo com Marx, a história é feita pelos seres humanos, que 
interferem no processo histórico e podem, dessa forma, transformar a realidade social. Por exemplo: 
os privilégios feudais ainda existentes no século XVIII desembocaram na Revolução Francesa. Os 
privilégios feudais impediam o livre florescer da almejada economia burguesa capitalista. Portanto, os 
resquícios do feudalismo (ideia 1) não condiziam com a vontade de prosperar da burguesia capitalista 
(ideia 2) no final do século XVIII. Há uma contradição entre privilégios feudais (ideia 1) com a 
economia capitalista (ideia 2), pois um não pode conviver com o outro por serem opostas. Desta 
contradição, resultou a Revolução Francesa, a síntese do confronto entre a ideia 1 com a ideia 2. A 
síntese do confronto é o que permite que a História se transforme. 
 
REVOLUÇÕES LIBERAIS DO SÉCULO XIX 
 Revoluções de 1830: Com o fim da Era Napoleônica, a França assistiu a supremacia dos regimes 
absolutistas lhe impor o retorno da dinastia Bourbon, sob a tutela do rei Luís XVIII (1814 - 1824). 
Dessa maneira, todos os ideais e anseios gerados pela experiência revolucionária francesa seriam 
sepultados por um governo elitista que combinava elementos liberais e monárquicos. Em 1824, a 
morte de Luís XVIII acabou agravando as rivalidades políticas. Naquele ano, com o expressoapoio 
das alas políticas mais conservadoras de todo o país, o rei Carlos X passou a fomentar medidas que 
restaurassem o absolutismo do Antigo Regime. Como reação a isto, em 1830 eclodiu na França 
imediata reação contra o desenvolvimento de um governo tão conservador quanto o do rei Carlos X. 
Sob a liderança do duque Luís Felipe, jornais, estudantes, burgueses e trabalhadores iniciaram 
manifestações e levantes que conduziriam a Revolução de 1830. 
Por meio da intensa ação de populares que organizaram as chamadas ―jornadas gloriosas‖, o rei 
Carlos X abdicou o trono e assumiu Luís Filipe de Orleans (conhecido como o ―Rei Burguês‖), 
fortemente apoiado pela burguesia francesa. Em razão desta associação, o novo monarca estabeleceu 
o fim de várias ações e leis de natureza absolutista, fez questão de preservar a excludente barreira 
política do voto censitário, não atendeu as reivindicações populares. Em pouco tempo, a 
disseminação dos acontecimentos franceses inspirou outros levantes nacionalistas pela Europa. Um 
exemplo disso se deu na Bélgica, que acabou alcançando sua independência em relação à Holanda; 
Alemanha, a Itália e a Polônia iniciaram as lutas nacionais contra a dominação estrangeira. 
 O que precisamos saber em relação às revoluções liberais de 1830? 
9 
 
1º Após o fim da era Napoleônica os resquícios absolutistas e tirânicas voltaram a assombrar a 
França, aliada a uma forte política liberal burguesa que privilegiava uns e desprestigiava a maioria 
popular, o que ativou a agitação político-social, a oposição generalizada. 
2º A revolução liberal de 1830 na França foi uma luta decepcionante, pois com a abdicação do rei 
Carlos X assumiu Luis Felipe, o rei burguês, que atendia aos pedidos da burguesia e deixava de lado 
os anseios populares, o que resultará em 1848 em uma nova Revolução Liberal. No entanto, foi bem 
sucedida para outros países como na Bélgica, Alemanha, Itália e Polônia (como mencionamos 
anteriormente no corpo do texto). Por outro lado, ela acabou com as pretensões da Dinastia Bourbon 
(a mesma dinastia do rei Luis XVI – o mesmo rei decapitado na Revolução Francesa) reascender ao 
poder, objetivo do Congresso de Viena. 
3º A Revolução Liberal de 1830, também chamada de Jornadas de Julho, acabou de vez com o 
avanço reacionário iniciado com o Congresso de Viena de 1815, cuja pretensão era ―organizar‖ a 
bagunça feita por Napoleão na Europa. O congresso de Viena tinha como principal objetivo fazer 
com que as dinastias reinantes na Europa antes da Revolução Francesa tivessem o governo e seus 
territórios reintegrados. 
4º Quais efeitos das revoluções liberais de 1830 no Brasil? Em 1824, D. Pedro I impusera um 
governo autoritário com base na Constituição outorgada de 1824. A retomada liberal europeia, que 
culminou na Revolução de 1830, tinha no Brasil como representante o jornalista Libero Badaró, 
assassinado em novembro de 1830 por partidários de D. Pedro I. Esse acontecimento, somado aos 
ventos liberais da Europa, levaram à "Noite das Garrafadas" de 1831, enfrentamento de brasileiros 
contra partidários do Imperador, que levaram à abdicação de D. Pedro, a 7 de abril de 1831. 
 
 Revoluções de 1848 (Primavera do Povos): Lembram do Luís Filipe, o rei burguês? Ele governou a 
França entre 1830 e 1848. Seu reinado foi marcado por forte oposição política, pois além de ser 
autoritário ele atendia as necessidades da classe burguesa em detrimento das classes populares, 
gerando forte oposição dos socialistas, bonapartistas e republicanos durante os 18 anos que se 
manteve no poder. Visando sua estabilidade no poder, o rei Luis Filipe desintegrou e colocou na 
ilegalidade a oposição política, além de não ceder a nenhuma reivindicação política. Contudo, a 
insensibilidade do governo acabou sendo estopim para que um grande movimento popular se 
formasse em fevereiro de 1848. Um pouco antes que tais levantes acontecessem, entre os anos de 
1846 e 1848, uma seqüência de péssimas colheitas provocou uma crise econômica responsável pela 
elevação súbita do preço dos alimentos. Além disso, a queda no consumo dos produtos 
industrializados motivou a demissão de operários nos centros urbanos. De fato, toda a economia 
capitalista européia enfrentava um delicado processo de estagnação que daria origem aos levantes 
que marcaram a chamada ―Primavera dos Povos‖. Reagindo a esse quadro desfavorável, membros do 
10 
 
operariado e do campesinato passaram a exigir melhores condições de vida e trabalho. Aproveitando 
das novas tendências que surgiam, fizeram uma forte oposição ao regime monárquico por meio de 
uma série de levantes. É importante destacar que 1848 foi o ano da publicação da obra ―Manifesto 
Comunista‖, de Marx e Engels, que ofereciam um grande aporte ideológico para aquela luta contra a 
hegemonia burguesa e alimentando mais e mais o desejo de mudança. Comungando da união 
exprimida por esse livro, várias cidades foram tomadas por barricadas de trabalhadores que se 
espalhavam por cidades da França, dos Estados Alemães, da Áustria e outros grandes centros 
urbanos. Apesar dos ideais românticos e das bandeiras coloridas em favor de uma sociedade mais 
justa (forte presença do Nacionalismo), a ―Primavera‖ não conseguiu transformar definitivamente a 
Europa. Contudo, demonstraram a nova articulação política que estava sendo engendrada. Na França, 
o rei foi exilado e a França tornou-se república. 
O que precisamos saber em relação às revoluções liberais de 1848? 
1º Mesmo não instalando um regime socialista, a Revolução de 1848 teve grande importância para 
que uma nova polarização política ganhasse vida. A partir daquele momento, as lutas entre burguesia 
e proletariado seriam vigentes em diversas nações da Europa. Não por acaso, naquele mesmo ano de 
1848, outras rebeliões de traço liberal e socialista abalaram as arcaicas estruturas de Velho Mundo. 
Costumeiramente, esse conjunto de revoluções ficou conhecido como a ―Primavera dos Povos‖6. 
2º Forte presença do Nacionalismo como bandeira de luta desses povos em busca de sua auto-
afirmação. 
3º Demonstrava para a nova ordem burguesa o potencial de mobilização das classes trabalhadoras em 
torno de seus interesses e projetos políticos próprios. 
4º Quais foram os ecos das revoluções liberais de 1848 no Brasil? A Revolução Praieira (1848-1850) 
foi uma revolta de caráter liberal e federalista ocorrida na província de Pernambuco. Em nível local 
foi influenciada pelas ideias liberais dos que se queixavam da falta de liberdade de imprensa, falta de 
autonomia provincial, sendo marcada pelo repúdio à monarquia, com manifestações a favor da 
independência política, da república e por um reformismo radical. Em síntese, a Praieira foi uma 
grande luta contra a centralização monárquica, contra a falta de autonomia da província de 
Pernambuco, contra o partido conservado do Brasil (os Saquaremas) em nome da liberdade e da 
República. 
 
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 O termo ―Primavera dos Povos‖ também foi utilizado para designar as ondas de protestos, revoltas e revoluções populares contra 
governos do mundo árabe em 2011. A raiz dos protestos foi o agravamento da situação dos países, provocado pela crise 
econômica e pela falta de democracia. A população sofre com as elevadas taxas de desemprego e o alto custo dos alimentos e 
pede melhores condições de vida. A Primavera dos Povos Árabes significou a transição das ditaduras para a democracia. É 
importante ressaltarmos que os Estados Unidos eram aliados de ditaduras árabes, buscando garantir interesses geopolíticos e 
econômicos na região, que abriga as maiores reservas de petróleo do planeta. A Primavera Árabe pôs em cheque a política externa 
de Washington paraa região.

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