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Roberto - Aulas do 2º Estágio

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26.02.13
RAÍZES DO BRASIL
Sérgio Buarque de Holanda
(Ele é Weberiano)
Aula ministrada pelo monitor Wylker.
- O sistema industrial e as relações de produção
	- Mestre / Aprendiz – Empregador / Empregado
- As Virtudes “antifamiliares”
- O Patrimonialismo
	- “Tratamos o público como se fosse nosso”.
- O Funcionário Patrimonial
	- “Utiliza-se do Público para interesses particulares”.
- O homem cordial
- Positivismo à brasileira
Anotações durante a aula:
	Veremos dois sujeitos nesta segunda unidade. Sérgio Buarque (hoje) e Florestan (na próxima semana). Temos que ler dois livros, que estão no plano de curso. Do primeiro livro temos que ler “O homem cordial” e “novos tempos”. Quanto ao outro autor, o seu livro é mais complicado e precisamos ler um artigo complementar antes para facilitar a compreensão do seu livro.
	Quem foi Sérgio Buarque? É mais conhecido por ser o pai de Chico Buarque. Está presente na transição da Política do Café-Com-Leite para o Estado Novo.
	Em seu capítulo “O homem cordial” ele faz uma breve análise das mudanças ao longo da história. Quando estudamos “o que é sociologia” vimos que a sociologia representou um marco: a vitória da Revolução Industrial. Era muito comum, na época medieval, as relações serem mais próximas entre quem produz e os donos dos meios de produção. Com a Revolução Industrial estas relações foram se distanciando, gerando várias camadas hierárquicas entre o trabalhador e o seu patrão.
	Devemos visualizar a forma patriarcal de família (a família tradicional): o pai, como chefe, a mãe que lhe deve obediência e os filhos que devem obediência aos dois. A boa mãe para Buarque é a mãe que mima o filho, que resolve os seus problemas, que lhe provê. Este tipo de característica acaba amarrando o desenvolvimento da criança. Ele se tornará um sujeito acrítico, acomodado. Um adulto com dificuldades para promover mudança da ordem estabelecida. Um adulto conservador, tradicional. As virtudes antifamiliares são as ligadas à dominação legal (impessoalidade, burocracia, hierarquia, competência, etc.). Seriam como algo oposto à virtude familiar.
	O Patrimonialismo reside na ideia de que tratamos o público como se fosse privado, “nosso”. O indivíduo aqui tem a dificuldade para diferenciar o domínio público do privado. O funcionário patrimonial é o que tem essa dificuldade de estabelecer isso. Que utiliza o meio público para a realização dos seus interesses próprios, particulares. Esse tipo de funcionário é acostumado com o carinho, com a cordialidade, com a bajulação. Isso é muito fácil de visualizar, bastando analisarmos a nossa estrutura de Estado.
	Seria um elogio chamar o sujeito de “patrimonial”? Generalidade, hospitalidade, são suas características. É o sujeito que tenta estreitar as relações, tratando com respeito e com intimidade as pessoas, para conseguir os seus objetivos. Como ele vai fazer isso? Entre outras artimanhas, Buarque cita o uso do “inho” (“Pedrinho”, “Robertinho”,...). Isso porque ao tratar as pessoas com carinho, quebram-se barreiras, os laços são estreitados.
	O Positivismo à brasileira. Quando lemos o texto de Carlos Benedito, vemos que os positivistas tinham uma postura de afirmar uma realidade, para manter a ordem, para controlar a realidade. Os positivistas do Brasil, analisados por Buarque, possuem algumas características próprias. Ao invés de terem uma postura positiva, têm uma postura de negação da realidade. Preferem se ater a utopias. O autor usa o exemplo de Machado de Assis. O monitor discorda, porque em “O Alienista”, Machado de Assis já apresentava críticas à sociedade da época. Os brasileiros são negadores da realidade porque a trazem do campo da realidade para a fantasia. A intenção era legitimar o poder que estava constituído, na época dos coronéis, do Café-Com-Leite.
Aula ministrada pelo professor Roberto.
	Buarque foi o precursor das ciências sociais no nosso país. Ele estudou quais são as características básicas da cultura de nossa nação. Sérgio Buarque tomou como referência o texto de Weber sobre as formas de dominação. No nosso país, para ele, a forma legal da dominação legítima não se realiza no nosso país, porque entre nós não há um apego básico à ideia de igualdade. O pressuposto da dominação legal se daria no cumprimento da lei. Isso se daria diante de todos de forma igualitária. Buarque está tomando a categoria de dominação legal e dizendo que a nossa realidade sequer acredita nesta forma e que entre nós a dominação tradicional se realiza mais eficientemente, de forma que o Estado Moderno, que requer as virtudes familiares e a democracia moderna consistem em projetos inacabados, não se realizando, segundo o autor. A democracia que é pautada na lei não está no centro da questão, já que a dominação legal não é cumprida pela nossa sociedade.
	No começo do seu livro ele explica como é que nós chegamos a esse tipo de coisa. Ele demonstra que nós herdamos de Portugal e Espanha as características, através de algo que ele chama de culto à personalidade ou cultura da personalidade, onde há a ideia da valorização das pessoas. Não de todas. Mas dos atributos que algumas pessoas têm que causarão distinção das outras. A pessoa vip é a pessoa que reúne em torno dela características que a definem, exercendo distinção social. A cultura da personalidade promove a valorização das pessoas que se distinguem das demais. A primeira característica da dominação legal é a da impessoalidade, sendo oposta à cultura da personalidade. Portugal e Espanha nos deixaram de herança características que demonstram livre-arbítrio. Liberdade significa dizer que o indivíduo pode agir e existir a despeito da lei. A pessoa faz o que quiser. Nós, brasileiros, temos uma fragilidade no processo de coesão social, devido a isso. Nossa cultura não possibilitaria coesão. As pessoas não se agrupam de forma organizada para produzir o que quer que seja, para produzir, por exemplo, acordos. Isso possibilita certo caos na sociedade e a emergência histórica de figuras despóticas e arbitrárias. O autor analisa a nossa cultura sob o ponto de vista de como é que figuras autoritárias são colocadas à frente da nossa nação e de como elas são mantidas no poder antidemocraticamente. Ele está falando de Getúlio Vargas. Como se dá uma figura despótica como Vargas e como a nossa cultura se acostuma com isso? Exatamente pelo patrimonialismo. Valorizando as pessoas e desvalorizando a lei, a ordem, nós impossibilitamos a coesão social, a organização, gerando caos. Esse tipo de sociedade caótica permite que, em momentos extremos, figuras carismáticas, por exemplo, assumam esse lugar de liderança da nação, ainda que de forma arbitrária, despótica e antidemocrática. Essas pessoas surgem para oferecer ao caos alguma ordem. Mas essa ordem não é a da dominação legal. É a ordem, por exemplo, oferecida por uma liderança tradicional ou carismática. É o “pulso firme” do coronel ou o “pulso firme” daquele que apresenta um discurso inquestionável. O autor quer dizer desde o início que a nossa construção histórica nega os procedimentos democráticos. Daí que entre nós as formas tradicionais de dominação se perfazem. Daí as figuras do homem cordial, do patrimonialismo.
	Se eu estou numa terra onde as pessoas não estão preocupadas com a igualdade, mas com a distinção, a democracia não é possível. O que é possível, então, é a cordialidade. Ela não se trata de algo elogioso. Não está dizendo “puxa vida, como esta pessoa é cortês, doce, cordial, solidária, caridosa!”. Ao chamar de cordial, está exercendo uma crítica. Cordial vem de cordis, que é o mesmo prefixo (radical?) de coração. É aquele sujeito que se esforça para estabelecer laços de intimidade com pessoas que a priori seriam distantes. Nossas relações são construídas desta maneira cotidianamente. Por exemplo, quando um professor corrige a prova de um aluno que é cordial com ele, vai fazer distinção dentre os outros. A nossa cultura é a cultura dos homens cordiais. Ele diz homem e não mulher, porque são os homens que exercem este papel na nossacultura. O homem cordial emerge herdando a cultura da sociedade, sob a forma de dominação tradicional e a forma mais pura desta dominação é a patriarcal, logo o “homem cordial” é homem e não mulher.
O homem cordial é concebido em um determinado tipo de organização familiar. Existe um projeto de mãe, que é um projeto de cuidado; uma forma de cuidar. Exemplo do menino que vive “solto” num engenho, mas extremamente cuidado pela sua tia, pela sua família. Era alguém que recebia muita atenção. “Tudo na mão”. Esse sujeito será uma pessoa disposta à cordialidade porque foi forjada na cordialidade. O Pater é uma figura cordial. O coronel, embora espanque, bata, puna, é alguém que possui seguidores, é admirado. A violência que ele exerce é intimamente ligada ao carinho e à proteção que ele exerce sobre os seus. O pater exerce a sua dominação pela sua legitimidade. As pessoas acreditam que ele deveria estar naquele lugar. Na sua tradição, ele deverá reproduzi-la. Se ele decidir agir contra a sua tradição ele perderá o seu substrato de dominação tradicional, o respeito. Na sua tradição, o pater faz parte de uma família de respeito, de uma tradição de respeito e ele mesmo encarna o respeito. Nós, homens cordiais, seríamos uma mimetização dele. Há uma imagem daquele sujeito que é reivindicada por nós, cotidianamente.
O Estado Moderno, portanto, não se realizaria no nosso país porque nós não rompemos com as virtudes familiares, com o modelo patriarcal. Por exemplo: os Cunha Lima e os Maranhão tratam a sociedade como extensão de suas famílias.
“Gilmar Mendes, citado pelo nosso CA, é o mais dos conservadores do STF. É um latifundiário, ministro do STF, que dentre as pessoas de ‘renome nacional’ é a primeira a ser citada ou mencionada. Isso é dominação tradicional.” (Opinião do professor Roberto).
Um Estado de virtudes antifamiliares é um Estado impessoal. Esta é a solução de Sérgio Buarque. Ele crê na possibilidade da dominação legal. Marx e Engels não acreditam nessa possibilidade porque acreditam que a “dominação legal” é um discurso ideológico. Sérgio Buarque diz que nem em dissimular nós estamos preocupados, porque nós continuamos administrando o Estado como se fosse a nossa família.
O “filhinho de mamãe” é a figura que está sendo preparada para ser o futuro pater, líder, o homem da família.
Para Buarque, isso começa a mudar no nosso país com a faculdade de Direito. Os jovens começam a sair das casas paternas e começam a ter contato com outro espaço que não é o espaço do lar. Os meninos das classes dominantes começam a ocupar as bancas das faculdades de Direito e se distanciam das suas famílias e começam a lidar com a competitividade. Isso inicia uma mudança nesse cenário. Esses mesmos sujeitos que saem dos engenhos e vão para as universidades são os positivistas à brasileira. Estão bebendo dos discursos positivistas, começam a estudar novas formas de organização social, o que seria democracia, mas que não está disposta a levar à frente o projeto positivista. Eles citam, leem os autores positivistas, mas não estão interessados de fato numa ordem social, porque eles tinham temor da sociedade, ojeriza, não queriam precisar lidar com a sociedade. A realidade para eles era insuportável, sobretudo porque eles já sabiam que a miserabilidade significa o sustento da riqueza deles. Os engenhos, por exemplo, significam a pobreza de muitas pessoas. A compreensão real se tornava insuportável porque eles estavam completamente indispostos a mudar esta situação. Os positivistas franceses queriam reordenar a sua sociedade. Os nossos intelectuais conheciam a nossa realidade, mas não estavam dispostos a muda-la. O nosso primeiro herói, então, foi o Peri (o índio herói). É o extremo oposto de Aluízio de Azevedo, pois este tinha a pretensão de demonstrar como era a realidade do Brasil. Os positivistas brasileiros, portanto, eram sujeitos que estavam indispostos a mudar a sociedade. “Ordem e progresso”, de Comte, de Saint Simon era um discurso citado, mas estávamos indispostos a realizá-lo.
27.02.13
RAÍZES DO BRASIL
- Novos tempos
- Indiferença à lei geral
- A intelectualidade brasileira
	- Sua roupagem vitoriosa
- O bacharelismo – exaltação da personalidade
- Positivismo à brasileira – horror à realidade
Anotações durante a aula:
	Na aula passada começamos a estudar as contribuições de Sérgio Buarque de Holanda para a sociologia brasileira. Segundo ele nós construímos a nossa ideia de nação e de ser brasileiro, a partir da cultura da personalidade, onde as pessoas que operem formas de distinção social devem ser valorizadas. Nesta cultura herdada da península ibérica (Portugal e Espanha), algumas pessoas seriam vistas como mais importantes e os nossos esforços culturais seriam no sentido de construir essas pessoas mais importantes. Essas pessoas deveriam se esforçar para agregar em torno de si características que as fariam distintas, demonstrando o quanto são mais. Uma das formas é através dos símbolos que as pessoas ostentam. O bacharelismo foi um destes símbolos. Nessa cultura da personalidade, que nos levaria às figuras do homem cordial, do patrimonialismo, existiria uma indiferença à lei geral. Na verdade, esta é vista como um grande empecilho. Segundo o autor, há nessas culturas uma impossibilidade ao livre-arbítrio. Qualquer coisa que limitasse o livre-arbítrio seria visto por essas pessoas como algo negativo. Essa exaltação à liberdade não tem a ver com a ideia burguesa (igualdade, fraternidade, liberdade), mas com egoísmo. As pessoas estariam dispostas a exercer a sua liberdade sem limitações externas, nem sendo a lei. “Para os meus amigos tudo, para os meus inimigos, a lei”. A lei daria às pessoas organizações, limitações, que tirariam a liberdade. Livre-arbítrio, nesta ideia, é o contrário de lei. O que o autor está dizendo é que, como entre nós a dominação legal nunca se concretizou, o valor da lei sempre esteve em segunda ordem, e os valores da personalidade sempre estiveram em primeiro plano.
	Ontem conversamos sobre o positivismo à brasileira. Falamos sobre Aluízio de Azevedo, sobre Alencar. A nossa intelectualidade brasileira seria plena de contradições. Ela é capaz de acessar diversos tipos de conhecimentos, de misturar todas as formas de conhecimento por mais contraditórias que fossem e de exaltar os conhecimentos. Disso decorre apenas a superficialidade, pois “quem sabe de tudo, ao mesmo tempo não sabe é de nada”. A capacidade de juntar tudo isso diz, ao mesmo tempo, de uma incoerência intelectual e de uma exaltação pessoal. Qualquer roupagem vistosa concederia a esses intelectuais a possibilidade de identificação com o intelectual. Daí a importância dos manuais ou do manualismo. No manual há a pretensão de dar conta de um universo inteiro em poucas páginas. O manual é a “cara” da intelectualidade brasileira. “Não se entende de todas as coisas, mas não é necessário entender. Basta falar um pouco sobre tudo”. Um bacharel em Direito é aquele que acredita que sabe sobre tudo e tem opinião para falar sobre qualquer coisa. Manualismo significa a superficialidade no olhar para a realidade. A pretensão de conhecer tudo ao mesmo tempo. Isso nos forma, segundo Sérgio Buarque de Holanda. Algumas disciplinas nossas, no bacharelado, trabalham com manuais e outras não. O manualismo está intrinsecamente ligado ao bacharelismo. Nós vivemos numa cultura dos bacharéis. Isso significa que o título se converte em um símbolo que deve ser associado à pessoa para garantir a valorização dessa pessoa. As pessoas que detêm os títulos têm competência para atravessar os mais diversos lugares sociais.
	O Estado brasileiro permite que se multipliquem as faculdades de Direito, mas as faculdades não têm qualidade. O índice de reprovação na OAB é de 80%. Há faculdades que estudam apenas por apostilas e não usam sequer manuais. As universidades enriquecem, os alunos estudam e se formam nelas e saem para se submeter à OAB, sendo este o único momento avaliativo na formação dessas pessoas. (Discursão sobre o tema).
	Por fim, o autor diz quea nossa intelectualidade tem o positivismo à brasileira. Nós importamos as contribuições positivistas, o que diria sobre os nossos impulsos conservadores. O nosso positivismo se baseia na incapacidade dos intelectuais em enxergar a realidade. O positivismo europeu estaria disposto a se defrontar com a realidade e promover ajustes. O nosso positivismo tem horror à realidade, não está disposto a enfrentá-la e nem a trazer ajustes a ela. A realidade se apresentava aos nossos pensadores como uma realidade indesejada, eles não a queriam. O conservadorismo brasileiro “mistura tudo”. O filho do senhor de engenho fala sobre Comte, por exemplo, mas não para lidar com a realidade e enfrentá-la, mas para se exaltar, apenas. 
05.03.13
FLORESTAN FERNANDES E O CAPITALISMO DEPENDENTE
- A Revolução Burguesa no Brasil
	- Condições diferentes daquela do “mundo desenvolvido”
- A constituição do Estado Nacional
	a) A independência
	b) as figuras do “fazendeiro do café” e do “imigrante”
c) mudanças de padrão – relação entre capital internacional e organização da economia interna
d) expansão da ordem social competitiva
Anotações durante a aula:
	A aula de hoje inicia as contribuições de Florestan Fernandes à sociologia brasileira. Ele foi um autor importantíssimo para a nossa tradição teórica. Ele era um sujeito engajado politicamente. Foi um dos mais importantes intelectuais orgânicos do nosso país ligado às classes populares e trabalhadoras. A revolução burguesa articula contribuições de Durkheim, de Weber e de Max e Engels. O livro de Florestan é dividido em duas partes políticas. A primeira ele escreveu antes do exílio e a segunda, após. Ele foi vítima do regime militar. Foi retirado da USP, exonerado e “convidado” a se retirar do país. Foi professor de universidades nos EUA e Canadá. No primeiro momento, antes do exílio, (...) e no segundo momento vemos uma “pegada” interpretativa mais contundente, sobretudo sob a ótica do materialismo histórico-dialético. Mas a sua interpretação é criativa e renovadora. Talvez a sua principal contribuição e visão seja a do capitalismo dependente. Isso quer dizer que entre nós houve capitalismo, mas ele se dá de uma forma peculiar própria às nações latino-americanas, que só muito tardiamente conseguiram a independência, se desligaram do trabalho escravo e se ligaram à democracia. Ele quer dizer que nós fomos um país perversamente capitalista e que entre nós houve a deflagração de uma revolução burguesa que possibilitou o desenvolvimento do capitalismo dependente. À época do seu livro, havia um debate muito grande de se o Brasil era ou não capitalista. Sérgio Buarque dizia que o nosso país teve uma dificuldade radical de formulação do Estado Moderno porque entre nós haveria um déficit histórico por estarmos presos às formas tradicionais de dominação, daí a democracia seria um equívoco.
	Florestan diz que entre nós existe o patriarcalismo, mas entre nós, a despeito disso, também existe um modo capitalista em desenvolvimento e um Estado Moderno que se desenvolve. O capitalismo que existe entre nós, para ele, existe articulando o nosso capitalismo ligado a setores modernos e a setores arcaicos e tradicionais. Esse capitalismo dependente seria, em sua revolução burguesa, diferente do modo como o capitalismo do mundo desenvolvido se desenvolveu. Isso porque no mundo desenvolvido, a burguesia organizou-se ao lado das classes subalternas para promover a derrubada do antigo regime. A burguesia vinha para o Estado fundando uma dominação, e é quando, segundo Weber, surge a dominação legal. Mas entre nós não houve uma revolução como a revolução francesa (armas, derrubada do rei, assassinatos). Entre nós, os setores conservadores, arcaicos, tradicionais, se aliaram às classes que estava em ascensão. Se lá, a burguesia se aliou às classes populares para tomar o Estado, aqui no Brasil, a burguesia se aliou com os setores conservadores, impossibilitando a participação das classes populares na tomada do Estado, de modo que a aristocracia não se encontrava em oposição à burguesia. Pelo contrário, os setores conservadores se “aburguesaram”, se converteram em burgueses. Essa dinâmica histórica é inovadora e muito peculiar, porque ela desfaz aquilo que muitos setores analíticos avaliaram como a equação que formou o capitalismo. “Para haver capitalismo é necessário que uma classe em ascensão destrone a classe dominante”. Entre nós a história se deu de forma diferente e talvez até mais perversa. Isso porque entre nós os setores em ascensão, que se assemelham à burguesia, se ligaram aos setores arcaicos. Se lá, burgueses se opuseram ao antigo regime, aqui os burgueses se aliaram ao antigo regime. Os senhores “trocaram de roupa” e se mantiveram nos locais de dominância. Lá, os senhores rurais foram guilhotinados, aqui os senhores se aburguesaram. O que Florestan chama de Capitalismo Dependente, porque em sua raiz depende dos capitalismos centrais. Ele chama de Capitalismo Dependente, porque ele só se dá em dependência com os dinamismos que se desenvolvem a partir dos países centrais. Nós somos capitalistas e arcaicos à medida que isso interessa aos países centrais. Por exemplo: nós nos tornamos capitalista sem realizar a reforma agrária. Em todos os outros países isso ocorreu porque o acesso às terras era necessário à burguesia em contraponto aos senhores que não comercializavam as suas terras. Isso permitiria o fim do monopólio da aristocracia sobre as terras.
	Aqui entre nós a Reforma Agrária não aconteceu porque nós, apesar de estarmos vinculados ao capitalismo, nós requisitamos historicamente a concentração de terras, porque para os olhos da burguesia e do capitalismo internacional, seria mais interessante que produzíssemos monoculturas com tipos específicos de plantação que serviriam para produção industrial dos países ricos. Daí os ciclos do açúcar, do café, do algodão, da borracha, a produção de minerais que serviriam ao comércio exterior. Nós sempre nos enquadrávamos de forma dependente. Nós produzíamos cana e exportávamos a cana. Nem a consumíamos e nem a industrializávamos. Ela era industrializada, refinada, encarecida e retornava a nós. Isso reproduz a nossa condição de dependência. A dependência significa uma condição de subalternização na divisão internacional do trabalho.
	Já falamos da divisão sexual do trabalho e da divisão social do trabalho (intelectual e braçal), mas há também uma divisão exercida internacionalmente. Nós ocupamos um lugar subalterno, de modo que nós produzimos produtos iniciais, primários, que voltarão industrializados de forma sobre faturada, sobrevalorizada, que nós tenderemos a consumir.
	Florestan dirá que essa revolução burguesia ocorreu a partir de alguns elementos. O primeiro deles foi a independência. A nossa independência possibilita uma independência dependente. De fato, o nosso país não se realiza como uma nação independente. Permanecemos dependentes tendo em vista o capitalismo dependente. Mas a “independência” trouxe modificações à nossa realidade. De fato, a nossa independência se deu como uma independência de elites para elites, no entanto, isso produz alguns efeitos, por exemplo: pela primeira vez no nosso país inicia-se uma concepção de nação. Aqueles setores aristocráticos que compunham os estamentos dominantes no nosso país passam a ocupar os postos centrais de Estado. Isso possibilita uma mudança relevante. Aqueles senhores rurais que apenas administravam as suas terras (o senhor de engenho, o barão, o aristocrata) se deslocam desses limites e passam a ocupar postos centrais no Estado Nacional Brasileiro, setores que antes eram ocupados por Portugal. A partir daí estes setores começam a gerir o país (de modo patrimonialista, obviamente). Quando estes setores passam a ocupar o Estado, administram a nação de forma a obter os seus próprios interesses. Nos outros países onde houve revolução burguesa (havia poucos burgueses, necessitando de apoio de mais pessoas) houve a integração das classes populares à tomada do poder, ainda que elas mais tardefossem afastadas do poder. Entre nós, no entanto, a formação da Nação não articulou a participação das classes populares. Os mesmos senhores rurais passam a ocupar os postos centrais e esses postos passam a serem cuidados e geridos como se deles fosse.
	Para as classes subalternas não haverá diferenças. Para a constituição do nosso país haverá uma diferença fundamental. Pela primeira vez, o Brasil começa a se pensar como Brasil. Os senhores começam a tratar o Brasil como uma grande fazenda. Há economicamente outro impacto. Se antes, a produção nacional era gerida por mediadores da metrópole, que vendiam no mercado internacional os produtos brasileiros, com a independência, esse mediador desaparece. Os senhores rurais, antes capatazes da metrópole, agora tomam a dianteira do processo de negociação direta com o burguês internacional. O burguês industrial inglês, por exemplo, elimina o atravessador. Isso lhe traz mais lucros e há também vantagens para os senhores brasileiros, porque ele também passa a ganhar mais, o que não significa que os trabalhadores ganharão mais. A nossa independência, de fato, é política (não nos torna independentes economicamente e nem socialmente), ela é forjada pelas elites locais para as elites locais que já começam a se amalgamar com novos setores produtivos, mas é um independência que possibilita contraditoriamente a emergência do nosso Estado Nação. Isso porque a aristocracia rural começa a integrar o Estado iniciando uma noção de país (patrimonialista).
	Existe uma mudança na concepção do senhor rural. Se o senhor de engenho, por exemplo, era uma figura limitada às suas terras e à gestão de suas terras e aos seus interesses imediatos, o senhor do café, séculos depois, já é uma figura diferente. Já se tratam aqui de sujeitos com interesses diferentes. Antes eles não tinham nenhum interesse de acumular riquezas, mas apenas de manter status. Os senhores de café (agora aburguesados) já eram sujeitos com concepções diversas, porque enxergavam no café a possibilidade de investimento em setores industriais (novela “Terra Nostra” mostra essa época dos senhores do café), não mais os setores agrícolas. Isso só é possível pela articulação de dois sujeitos históricos: o senhor do café e o imigrante. O fazendeiro do café é visto nos livros como um empreendedor, e este empreendedorismo é visto de forma idealista, como se ele fosse um senhor com visão ampla, inteligente, diferente do senhor de engenho. Outra ideia errada é a de que o que favoreceu a cultura do café foi o tipo de solo, mas essa produção só se desenvolve em razão do abandono do trabalho escravo e da inclusão do imigrante. Esta troca histórica produz a ascensão do senhor do café em contradição com a figura do imigrante italiano. A figura do escravo já não era mais interessante, porque não possibilita a circulação econômica. Escravo não consome. Os imigrantes, os colonos são recepcionados como se fossem escravos, sobretudo porque eles já chegavam às terras com altas dívidas, a saber: dívidas de transporte, compravam na venda do senhor rural, gêneros alimentícios, daí que sua dívida nunca se extinguia. A relação de colonato, portanto, é uma relação quase que de servidão. Existia a necessidade do Estado Brasileiro de ocupação das suas terras. Elas são de acesso livre (para alguns) para quem detém a liberdade, logo o escravo não tem acesso a elas, e também para quem demonstre acúmulo de riqueza, ou seja, para as elites. Os imigrantes vêm para possibilitar a ocupação das novas terras. Mas vêm em condição análoga à escravidão, mas consomem e produzem dívida sobre dívida. Dessa forma, para o aristocrata, é mais interessante o trabalho do imigrante do que o trabalho escravo. Existia o discurso racista e preconceituoso de embranquecimento da nação.
	Alguns imigrantes não aceitaram estarem em condições parecidas com a escravidão. Estabeleceram, então, o colonato. Produziam café, mas permitiam que entre as filas de café houvesse produção de feijão, por exemplo. Esse feijão não era vendido com o café, mas servia para o consumo dos próprios colonos e mais tarde começaram a vender o feijão. Os senhores rurais, então, começaram a perceber que manter os colonos estava ficando caro. Os colonos estavam se organizando de tal forma que começaram a adquirir direitos. Os senhores rurais começaram a ficar obrigados pela lei a prestar assistência médica aos colonos. Nos momentos de “baixa” da produção, os senhores rurais tinham que manter os colonos. Dessa forma, os colonos passam a ser desinteressantes para os senhores rurais que passam a expulsá-los de suas terras. O café entra em crise que significa crise para os colonos também e os que resistem nas terras passam a ser empecilho para os senhores rurais, por se tornarem caros para eles. Essa imigração italiana, portanto, passa a sair do colonato e inicia o processo de urbanização. A figura do boia-fria surge, então, com uma função de trabalho parecida à do antigo colono, mas não estando preso à terra como os colonos. O boia-fria é um trabalhador temporário que, como o industrial, sofre mais-valia indiretamente. É o trabalhador que vem para a zona da mata cortar cana, que ganha pouco, tem poucos direitos e condições de trabalho precárias. Essa é a imagem que personifica o trabalhador deste momento.
12.03.13
- Não é intrínseco ao capitalismo um único padrão de desenvolvimento
	a) Nunca rompemos com a associação dependente em relação ao exterior;
	b) Nunca vivemos a desagregação completa do Antigo Regime
	c) Nunca superamos o subdesenvolvimento
1 – Eclosão de um mercado capitalista moderno
2 – Formação do capitalismo competitivo
3 – Irrupção do capitalismo monopolista
Dupla articulação: arcaico / moderno
- A importância dos Governos Militares
	- Capitalismo de Estado
	- Violência
Anotações durante a aula:
	O professor nos mandou o plano de ensino atualizado. A nossa prova será quarta-feira que vem, dia 20.03.13. Na terça faremos revisão. Os assuntos são: os dois textos e o artigo sobre Florestan, que é ainda mais importante do que o texto de Florestan, porque o seu texto é muito difícil de entender. Devemos ler o artigo antes de ler o texto. O assunto não é extenso. Temos tempo para estudar até quarta-feira. Amanhã nós veremos um documentário que fará parte da III Unidade. Faremos um trabalho em trio, que equivalerá à III nota. Será um questionário para ser respondido.
	A aula de hoje será uma aula de desenvolvimento da aula anterior. Na aula passada vimos que Florestan Fernandes provocou uma analise acerca do modo como o capitalismo se desenvolveu na América Latina. A sua tese é a de que o nosso capitalismo poderia ser chamado de “dependente”. Isso porque o nosso capitalismo não se desenvolveu como se desenvolveu nas nações centrais. Ao exemplo das revoluções burguesas. Nesses países, essa classe social se uniu a outra classe social para provocar uma revolução burguesa que muitas vezes foi violenta. Aqui, no Brasil, a classe burguesa não se uniu às classes trabalhadoras e subalternas, mas a classe burguesa EMERGIU do antigo regime. O senhor rural, o aristocrata se aburguesou. O que é o inverso do que aconteceu nos países centrais, em que a burguesia derrubou os aristocratas. Entre nós, os aristocratas se tornaram burgueses. O nosso tipo de capitalismo (dependente) tem características básicas diferentes. Existe a contradição entre capital e trabalho, claro. Mas o modo como as relações capitalistas se desenvolvem é diferente. Florestan dirá que há três rompimentos que nós nunca os completamos.
	Existe, por exemplo, uma associação dependente em relação ao exterior. Nós não construímos um processo autônomo de formulação econômica. Nós nunca deixamos de depender de uma produção exterior que se valesse do que nós exportássemos para o exterior. Exportamos matéria-prima e importamos industrializados. Permanecemos investindo em latifúndios. Somos o país com maior concentração de terras do mundo (só perdendo para o Paraguai, mas lá os latifundiários são brasileiros, então continuamos a ser omaior). O INCRA diz que 60% de nossas terras está nas mãos de 1% de proprietários. Nossas concentrações de terras são alarmantes. Precisamos disso para a produção das monoculturas. Isso porque nós continuamos ocupando no cenário internacional a função de “celeiro” do mundo. Nós continuamos produzindo o agronegócio, mas que de fato há enormes incentivos estatais e isenções tributárias sobre ele. Por exemplo, o suco Dell Vale. Essas laranjas que fazem esse suco são produzidas em nosso país, nós compramos a caixinha do suco a quase R$ 5,00. Assim como mandávamos a cana e recebíamos o açúcar. Se este produto é produzido aqui, porque a fábrica da Coca-Cola se encontra aqui Brasil (...). Há a dupla articulação de mais-valia. Os nossos trabalhadores eles são explorados. Entre nós, oferecemos uma dupla articulação de mais-valia: para o burguês nacional e para o burguês internacional. O trabalhador da Volks, por exemplo, ganha bem menos do que o trabalhador da Volks de um país central. Os burgueses diriam que isso ocorre porque o Brasil tributa muito. Mas, na verdade, há a dupla mais-valia. Os direitos dos trabalhadores nos países centrais se encontram em crise, mas nós em nossa essência somos formados por uma classe trabalhadora que usufrui menos direitos.
	Nos EUA, será que lá a exploração é menor do que a do trabalhador do Brasil? Lá o trabalhador ganha cinco vezes mais do que o nosso e o valor de compra do carro é bem menor do que aqui no Brasil.
	Nos países do capitalismo central, as classes trabalhadoras populares participaram da feitura política e conquistaram direitos de um modo que nós não vivenciamos no Brasil. A condição de nossa classe trabalhadora durante muitos anos foi essencialmente análoga à condição do escravo. A nossa lógica óbvia é a de que o nosso povo não ascende. Isso não é viável historicamente em nosso país porque as nossas classes não participaram da feitura política, da tomada do poder estatal.
	Salário mínimo, por exemplo, é algo muito recente em nossa história. A nossa classe trabalhadora não participou do processo da revolução burguesa. Ela se deu em nosso país mantendo a associação dependente com o exterior, pressupondo a não desagregação completa do antigo regime. Nós iniciamos o capitalismo com uma grande quantidade de escravos e poucos homens livres. Marilena Chauí diz que a contradição do capitalismo só se dá quando há trabalho livre, porque a mais-valia se estabelecerá sobre o trabalhador livre. Nós iniciamos o capitalismo sem abrir mão da escravatura, do latifúndio e da violência estatal.
A revolução burguesa é o processo em que determinada classe (a burguesa) forja o Estado em meio às lutas de classe e ocupa esse Estado.
	Há uma dupla articulação também entre o arcaico e o moderno. A priori eles seriam tese e antítese, mas dialeticamente nós arcaicisamos o moderno e modernizamos o arcaico. Daí o capitalismo continua se desenvolvendo em nosso país mediante a concentração de terra e não há a reforma agrária. Para Florestan, nós estruturamos o nosso modo de produção a partir do latifúndio. Ele se configura em agronegócio. O capitalismo em nosso país não abrirá mão disso. Mas Florestan não está falando apenas do Brasil, mas da América Latina. Mas a mais valia também existe em outras nações do mundo fora as latino americanas. Na divisão do processo produtivo em várias nações, qual o interesse de uma grande empresa europeia permita que grande parte de sua produção aconteça em território chinês ou indiano? Por é mais barato. Há um grande exército de mão-de-obra barata. Os trabalhadores são sobre explorados. Nesses países a revolução burguesa também não articulou a participação das classes subalternas e assim elas não conseguiram direitos, sendo mais facilmente exploradas.
MAIS VALIA E SOBREEXPLORAÇÃO DOS TRABALHADORES
	A nossa classe trabalhadora demorou muito para ser forjada porque a escravidão foi mantida durante muito tempo em nosso país.
	Não houve independência, de fato, no Brasil. O governo brasileiro, com a “independência” passa a ser governado pelos senhores rurais. A metrópole, antes mediadora, deixa de ser mediadora e desaparece do cenário mercantil. Com esse desaparecimento, os antigos senhores passam a administrar os dinamismos econômicos de nossa nação, permitindo um maior diálogo com o mercado externo e permite um maior consumo no mercado interno. Mais produtos passam a penetrar o mercado brasileiro.
	Contraditoriamente, o Brasil se torna um Estado Moderno sem trabalhadores livres em número suficiente para se estabelecer a contradição do capitalismo.
	O capitalismo competitivo levaria à formação de uma ordem social competitiva. Com ele, alguns setores pertencentes às classes medianas e a restrita parcela de trabalhadores livres começam a iniciar possibilidades de competição capitalista em nosso território. Produziam-se as primeiras manufaturas brasileiras, por exemplo. Os produtores internos começaram a competir entre si e iniciaram-se formas de ordem social competitiva. Mas isso de modo muito frágil ainda, porque a grande massa de escravos não participa dessa ordem social competitiva, mas apenas as classes sociais em condição de dominância, uma emergente e iniciante classe média (autônomos, pequenos burocratas e poucos trabalhadores livres) o que está ligado ao início do processo de urbanização do país, mas também de modo frágil.
	O capitalismo só acontecerá em nosso país, de fato, com o capitalismo monopolista (esta é a última fase, a que leremos em Florestan Fernandes). No seu artigo (que vamos estudar para a prova) ele fala das três fases, mas a terceira é mais importante para a prova.
	O capitalismo monopolista. É o capitalismo que parte da suposição da concentração do poder econômico. É monopólio, portanto, porque diz da concentração do poder econômico, mas ao mesmo tempo há concentração de poder político também. As mesmas pessoas nos mesmos lugares; os mesmos sujeitos nos mesmos postos de poder. Isso só varia de alguma forma com a redemocratização de nosso país, recentemente, “e olhe lá”. A coisa começa a mudar um pouco quando o PSDB assume o poder, por causa do sociólogo.
	Essa concentração diz de uma ascensão de uma classe burguesa nacional que se fortalece, mas ao mesmo tempo diz de um incremento de nossa dependência das classes burguesas nacionais em relação às classes burguesas internacionais. Essa articulação e a repressão às classes subalternas (...) (ME PERDI).
	Capitalismo de Estado: trata-se de um capitalismo que pressupõe a intervenção direta do Estado, tanto na regulação do capital quanto na produção. Os governos militares estatizaram e construíram empresas estatais. O interesse disso era: a produção dessas empresas serviria à movimentação do mercado interno e à transformação do nosso território em um território profícuo, adequado para os investimentos internacionais. O nosso Estado intervém para que as grandes empresas internacionais possam entrar no Brasil. Como é que se faz um carro num país que não extrai ferro? É melhor produzir no país que produz. A Vale do Rio Doce nasce assim. O capitalismo é de Estado porque ele requer a intervenção estatal. Mas não é apenas a que Dilma fez agora (“destributando” a cesta básica), apenas. É uma intervenção regulatória, mas também produtiva, que permitirá que as classes burguesas internacionais encontrem no Brasil um território fértil, inclusive para a repressão dos interesses diversos (exemplo: golpe militar de 64). Esse golpe se dá para preservar a democracia.
LARANJA PSICODÉLICA FILMES
(site)
	Os golpes exemplificam o modo em que entre nós a violência sempre se constituiu como um dos recursos dos quais as nossas classes dominantes nunca abriram mão. O golpe se caracteriza como uma violência arbitrária e sem pudor sobre as classes trabalhadoras que se estabeleceram e organizaram.
	Para Sérgio Buarque isso é uma tradição nacional. O modo como a família e as formas tradicionais de dominação se mantêm ou se produzem acarretaria a recorrência de figuras arbitrárias e despóticas, como Getúlio Vargas,contra quem Buarque elaborou suas análises.
	O golpe vem com a ameaça de reforma agrária. Essa forma arbitrária de exercício da violência e da repressão acontece porque nós somos arcaicos, mas porque somos modernos. Porque nós somos latifundiários, mas somos dependentes dos EUA. Daí que os sem-terra são meramente reformistas?
	Se o capitalismo dependente só se dá contra a reforma agrária, pleitear reforma agrária no nosso país é uma forma de revolução.
	O Estado se vale de formas ilegais de violência como artifício corriqueiro de controle das classes populares.

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