Buscar

Segue o material de Direito Civil V.

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

RelatorioPlanoAula (34).zip
RelatorioPlanoAula (34).pdf
DIREITO CIVIL V - CCJ0111
Semana Aula: 12
Reconhecimento de Filhos
Tema
Reconhecimento de Filhos
Palavras-chave
Objetivos
1. Compreender as formas de reconhecimento de filhos previstas no Código Civil.
 
2. Reconhecer os efeitos do reconhecimento de filhos.
 
3. Estudar o procedimento de reconhecimento judicial dos filhos.
 
4. Compreender a averiguação oficiosa da paternidade.
Estrutura de Conteúdo
1. Reconhecimento de Filhos
a. Conceito
b. Formas de reconhecimento
 
2. Reconhecimento Voluntário (art. 1.609, CC)
a. Oposição ao reconhecimento voluntário
 
3. Reconhecimento Judicial
a. Ação de investigação de paternidade
b. Ação de investigação de maternidade
c. Contestação da paternidade ou da maternidade
 
4. Efeitos do reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento
 
5. Averiguação oficiosa da paternidade (Lei n. 8.562/92)
Procedimentos de Ensino
O presente conteúdo pode ser trabalhado em uma aula, podendo o professor dosá-lo de acordo com as 
condições (objetivas e subjetivas) apresentadas pela turma. 
 
Viu-se na aula anterior que os filhos de pais casados não precisam ser reconhecidos, pois a parentalidade 
decorre do próprio casamento. Então, o reconhecimento de filhos destina-se a determinar a filiação de 
pessoas nascidas fora de relacionamentos matrimoniais (como por ex., da união estável), inexistindo, para 
tanto, qualquer limitação legal.
 
O reconhecimento de filhos estabelece o parentesco em linha reta de primeiro grau e pode ser: a) 
voluntário (ou perfilhação); b) judicial (coativo ou forçado). Independente da forma utilizada, o ato de 
reconhecimento é declaratório, sendo seus efeitos imediatos e ?ex tunc?.
 
RECONHECIMENTO VOLUNTÁRIO DOS FILHOS
 
O reconhecimento voluntário dos filhos decorre da própria vontade do(s) genitor(es) (ato personalíssimo), 
podendo ocorrer em conjunto ou sucessivamente (art. 1607, CC e art. 26, ECA).
 
O art. 1.609, CC, estabelece quatro formas de reconhecimento voluntário[1]1 dos filhos, todas 
irrevogáveis e irretratáveis[2]2 (não podendo estar submetidas a termo ou encargo ? art. 1.613, CC) e de 
eficácia declaratória e ?erga omnes? (confissão do vínculo):
 i. No registro do nascimento por declaração pessoal do genitor. 
 Ressalte-se que o relativamente incapaz pode declarar a paternidade 
perante o Oficial, independente de assistência; no entanto, 
necessitará de assistência para a lavratura de escritura pública.
 Apenas em caso de dúvida sobre a seriedade da declaração se ouvirá o 
genitor cujo nome já consta no registro.
 ii. Por escritura pública ou escrito particular a ser averbado em cartório. 
Trata-se de meio indireto de reconhecimento[3]3.
 A escritura pode ser feita exclusivamente para este fim ou pode ser o 
reconhecimento incidentalmente feito em escritura que tenha outros 
objetos (desde que a declaração seja inequívoca).
 Como o escrito particular vale por si só, o reconhecimento pode ser 
feito também em codicilo (art. 1.881, CC).
 iii. Por testamento, ainda que incidentalmente manifestado. Neste caso, o 
reconhecimento é irrevogável (ainda que se revogue o testamento, art. 1.610, 
CC) e o filho reconhecido assume a posição de herdeiro necessário. 
 O reconhecimento feito por relativamente incapaz em testamento não 
exige assistência (art. 1.860, parágrafo único, CC), mas só produzirá 
efeitos após a sua morte.
 iv. Por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o 
reconhecimento não haja sido o único objeto do ato que o contém. O juiz deve 
reduzir a declaração a termo e encaminhar ao juiz de Registros Públicos para as 
providências necessárias.
 
O ato de reconhecimento voluntário de filhos pode preceder[4]4 o nascimento (art. 26, parágrafo único, 
ECA; art. 1.609, parágrafo único, CC) e, em qualquer hipótese, deve ser considerado ato jurídico (stricto 
sensu, art. 185, CC) unilateral e personalíssimo[5]5 uma vez que seus efeitos não decorrem da vontade 
das partes, mas sim, da lei.
 
Debate-se, no entanto, se o ato de reconhecimento de filhos maiores é ato jurídico ou negócio jurídico. 
Boa parte da doutrina afirma que ainda que seja bilateral, não perde a característica de ato jurídico em 
sentido estrito. O reconhecimento de filhos maiores, embora decorra de necessário acordo de vontades 
(art. 4º., Lei n. 8.560/92; art. 1.614, CC) tem seus efeitos determinados também pela lei. 
 
RECONHECIMENTO INVOLUNTÁRIO OU FORÇADO
 
Antes de falar propriamente das formas de reconhecimento involuntário de filhos é preciso tecer algumas 
considerações sobre o exame de DNA e a importância da filiação sócio-afetiva.
 
A importância do exame de DNA[6]6 nas questões referentes à filiação é inquestionável. Tal é seu papel 
que a Súmula 301, STJ, determina que ?em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao 
exame de DNA induz presunção ?juris tantum? de paternidade?, o que não implica afirmar que em todo e 
qualquer caso a recusa implicará a determinação da filiação (tudo dependerá do caso concreto).
 
No entanto, o exame de DNA não deve ser considerado prova absoluta sobreponde-se em todos os casos 
à verdade sócio-afetiva, lastreada por princípios éticos que têm por fundamento o respeito e afeição 
mútuos (este movimento denomina-se desbiologização da filiação). O critério científico é frio e, por isso, 
por si só, não pode afastar outras análises que se fizerem necessárias no caso concreto[7]7. Nesse sentido, 
afirmam Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2009, p. 514) que ?isto não implica, sublinhe-se, a 
imprestabilidade do método biológico de determinação da filiação. Definitivamente, não! Apenas é 
preciso chamar a atenção para a insuficiência do acolhimento do critério biológico, sem promover a 
perquirição de outros fatores, identicamente relevantes, na determinação da paternidade e da 
maternidade?. Os autores apontam como exemplos (2009, p. 519) da necessária prevalência do critério 
sócio-afetivo: ?i) na adoção obtida judicialmente; ii) no fenômeno de acolhimento de um ?filho de 
criação?, quando demonstrada a presença da posse do estado de filho; iii) na chamada ?adoção à 
brasileira? (reconhecer voluntariamente como seu um filho que sabe não ser); iv) no reconhecimento 
voluntário ou judicial da filiação de um filho de outra pessoa (quando um homem, enganado pela mãe ou 
por ter sido vencido em processo judicial, é reconhecido como pai e, a partir daí, cuida deste filho, 
dedicando amor e atenção); [... v) a hipótese prevista no art. 1.597, V, CC]?. 
 
Feitas estas considerações, o professor deve lembrar que os critérios estudados na aula 11 estabelecem 
tão-somente as presunções de filiação decorrentes do casamento, sendo para os demais casos atos 
voluntários ou forçados de reconhecimento.
 
AVERIGUAÇÃO OFICIOSA DA PATERNIDADE
 
A averiguação oficiosa da paternidade foi estabelecida pelo art. 2º., da Lei n. 8.560/92. Trata-se de 
procedimento administrativo que tem início com a remessa (obrigatoriamente[8]8) feita pelo oficial do 
Registro ao juiz da Vara de Registros, de certidão integral do
registro de nascimento feito apenas em 
nome da mãe, mas com dados de identificação do suposto pai. 
 
Após a ouvida da mãe, o juiz deve determinar a notificação (em regra por via postal) do suposto pai para 
que se manifeste (pode ser determinado o segredo de justiça para preservar a privacidade do 
investigado). 
 
Uma vez notificado, o suposto pai em trinta dias (contados da juntada do comprovante de notificação) 
poderá: a) confirmar a paternidade, da qual, então, será lavrado termo, remetendo-se a certidão ao oficial 
do Registro para a respectiva averbação; b) não atender à notificação e não se manifestar; c) negar a 
paternidade. Nas últimas duas hipóteses os autos devem ser remetidos ao Ministério Público (ou outra 
pessoa com legítimo interesse) para promoção da respectiva ação de investigação, quando presentes 
elementos de convencimento suficientes sobre a paternidade. Procedente a ação, far-se-á o registro.
 
INVESTIGAÇÃO DE PARENTALIDADE[9]9
 
A investigação de parentalidade será necessária quando: impossível utilizar as presunções ?pater is est? e 
?mater semper certa es?; infrutífero o reconhecimento voluntário ou a averiguação oficiosa. Nestes 
casos, então, a filiação será determinada por sentença.
 
O reconhecimento do estado de filiação é direito fundamental, personalíssimo e imprescritível[10]10 (art. 
27, ECA e art. 1.606, CC).
 
São ações de investigação de parentalidade[11]11: ação de investigação de paternidade e ação de 
investigação de maternidade, sobre as quais não mais prevalecem limitações das hipóteses de cabimento 
(como existiam no malfadado art. 363, CC/16), tendo, portanto, por fundamento geral a determinação do 
estado de filiação, independente das razões ou fundamentos.
 
São características das ações de investigação da parentalidade:
 
1) Legitimidade:
o Ativa: o filho (quando menor representado ou assistido, em regra, por sua genitora ou tutor 
conforme art. 8º., CPC. Pode ser nomeado curador especial quando os interesses entre o filho e 
seu representante legal forem conflitantes ou se inexistir representante legal ? art. 9º., CPC); 
herdeiros do filho poderão dar continuidade a ação já iniciada por seu pai quando sobrevier seu 
óbito ou incapacidade (art. 1.606, parágrafo único, CC).
o O nascituro também pode propor ação investigatória de parentalidade (art. 26, ECA e 
art. 2º, CC).
o Entende-se ser possível a investigação avoenga que é aquela iniciada pelos netos em 
face de seu suposto avô, independente de ter o investigante falecido no gozo de sua 
capacidade (art. 1.606, CC).
o As ações investigatórias de parentalidade em regra são manejadas pelos filhos, mas não há 
proibição[12]12 de sua utilização por parte dos pais que pretendem discutir a existência (ou não) 
do estado de filiação.
o Passiva: recai sobre o suposto pai/mãe ou seus herdeiros (legítimos ou testamentários). Note-se 
que o espólio é parte ilegítima para figurar no polo passivo uma vez que se trata de mera 
universalidade de direito.
o Os herdeiros, embora tenham legitimidade passiva, não podem realizar o 
reconhecimento voluntário, porque este ato é personalíssimo.
o Ministério Público: tem legitimidade (art.2º., §§ 4º. e 5º., LIP) para propor ação de investigação 
(trata-se de legitimidade concorrente), bem como, atuará em todas as causas como ?custos 
legis? (art. 82, II, CPC).
o A contestação pode ser oferecida por qualquer pessoa que tenha justo interesse (art. 1.615, CC), 
como por exemplo, o pai registral, os herdeiros...
 2) Litisconsórcio: 
o Pode ocorrer quando o filho não tem certeza de quem é o pai, podendo propor a ação de 
investigação em face de várias pessoas. Trata-se de litisconsórcio passivo alternativo eventual.
o Havendo registro, aquele que consta no assento deve ser citado para integrar a demanda. Neste 
caso, o litisconsórcio é unitário necessário.
o Não há necessidade de citação da genitora do investigante e sequer deve ser admitida sua 
participação voluntária (como assistente), pois não possui interesse jurídico na demanda.
3) Competência: Varas de Família, ainda que a investigação seja ?post mortem?.
o Art. 94, CPC ? foro do domicílio do réu.
o Quando for cumulada com pedido de alimentos, deve-se aplicar a regra do art. 100, II, CPC ? foro 
do domicílio do alimentando.
o Parte da doutrina entende que o pedido de alimentos é implícito (cumulação implícita 
sucessiva) à investigação por interpretação do art. 7º., da Lei n. 8.560/92. Então, ainda 
que não houvesse pedido de cumulação expressa, a competência seria do foro do 
alimentando.
o Súmula 1, STJ ? O foro do domicílio ou da residência do alimentando é o competente para a ação 
de investigação de paternidade, quando cumulada com a de alimentos.
o Lembre-se que se trata de caso de competência relativa e que, portanto, pode ser afastada pela 
vontade das partes.
 4) Prazos:
o Tratando-se de ações que versam sobre o estado de pessoa, devem ser consideradas 
imprescritíveis. Por isso, deve-se entender que a existência de registro não impede a pessoa, a 
qualquer tempo, de buscar sua identidade genética.
o Art. 1.601, CC ? é imprescritível a ação do marido para contestar a paternidade dos filhos 
nascidos de sua mulher.
o Súmula 149, STF ? É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a de 
petição de herança.
o Súmula 301, STJ ? Em ação investigatória de paternidade, a recusa do suposto pai a submeter-se 
ao exame de DNA induz presunção ?juris tantum? de paternidade.
o A ?exceptio plurium concubentium? (exceção de múltiplos relacionamentos) é meio de defesa de 
mérito indireto comumente utilizado para negar a paternidade, mas que não goza de nenhum 
respaldo legal e que não é suficiente para afastar de plano a parentalidade.
5) Desistência da ação: sendo o autor maior de idade, poderá desistir da ação, ensejando a extinção do 
processo sem julgamento do mérito (art. 267, VIII, CPC). Frise-se que a desistência da ação não implica a 
renúncia ao direito.
o Tendo sido a ação proposta por menor de idade assistido ou representado, inexiste possibilidade 
de desistência, podendo dar seguimento à ação o próprio Ministério Público.
6) Ônus da prova: não se aplicam as regras probatórias do art. 333, CPC, uma vez que difícil ao 
investigante demonstrar a existência de relacionamento sexual entre o genitor e o investigado. O exame 
de DNA facilitou a produção de prova, embora sua utilização não seja compulsória. Então, inverte-se o 
ônus, cabendo ao suposto pai/mãe provar a sua não parentalidade.
o As ações investigatórias de parentalidade admitem todo meio de prova (art. 332, CPC), devendo 
o juiz, inclusive, determiná-las de ofício quando necessário.
o Assim, são meios de prova: o exame de DNA[13]13 (a principal das provas, mas não a única); o 
exame prosopográfico; o exame comparativo de papilas digitais; o exame sanguíneo; exame 
comparativo do pavilhão auricular; provas documentais (certidão de batismo, troca de 
mensagens,...); prova testemunhal (de especial importância quando se pretende o 
reconhecimento de paternidade sócio-afetiva); etc.
7) Revelia: como se trata de ação de estado não se operam os efeitos da revelia (arts. 319 e 320, II, CPC), 
sendo necessária a produção de provas. Conforme a Súmula 301, STJ, apenas a negativa do suposto pai 
em se submeter ao exame de DNA produzirá os efeitos da revelia.
 
8) Sentença: trata-se de sentença declaratória com efeitos
?ex tunc? (até o nascimento).
o Art. 1.616, CC ? ?a sentença que julgar procedente a ação de investigação produzirá os mesmos 
efeitos do reconhecimento; mas poderá ordenar que o filho se crie e eduque fora da companhia 
dos pais ou daquele que contestou essa qualidade?.
o Determina o art. 7º., LIP, que na sentença devem ser fixados, quando necessários, alimentos 
provisionais ou definitivos, independente de pedido expresso na exordial. Conforme 
entendimento fixado pelo STJ os alimentos serão devidos desde a citação.
o A sentença procedente deve determinar a averbação no registro de nascimento do nome do 
demandado, bem como, pode autorizar o demandante (se assim quiser) a acrescentar o 
patronímico do genitor.
o Da sentença cabe apelação que será recebida em seu duplo efeito quando não fixar alimentos; 
quando além de determinar a paternidade a sentença fixar os alimentos, com relação àquela 
será a apelação recebida em seu duplo efeito, mas com relação a estes só poderá ser recebida 
com efeito devolutivo.
o Quando a improcedência da ação de investigação da parentalidade decorre de falta ou 
insuficiência de provas tem-se entendido que há certa relativização da coisa julgada uma vez que 
a sentença não nega a filiação, mas reconhece tão-somente que não se logrou êxito em produzir 
provas que demonstrariam este estado. Assim, poderá o filho intentar nova ação quando na 
posse de novos elementos probatórios.
o Com relação à coisa julgada nas ações de filiação, afirmam Cristiano Chaves de Farias e Nelson 
Rosenvald (2009, p. 575-576) que ?se dará sob a técnica secundum eventum probationes. Ou 
seja, a coisa julgada se forma a depender do resultado da produção probatória, identicamente ao 
que se tem nas ações coletivas. [...]. Pensar diferente é voltar no tempo, para entender que o 
processo deveria prevalecer sobre o próprio direito material. Assim, avulta afirmar a necessária 
relativização da coisa julgada pela jurisprudência, evitando tormentos e indevidas negações do 
direito à filiação?.
Ao final da aula o professor deve perguntar se ainda existem dúvidas com relação aos tópicos abordados. 
Após, deve realizar breve síntese dos principais aspectos sobre o reconhecimento de filhos, preparando o 
aluno para o tema da próxima aula: poder familiar.
NOTAS
[1] Lembre-se que não é possível reconhecer filho que já tenha filiação estabelecida. Neste caso, será 
necessária a propositura de ação para desconstituição do registro e declaração da nova filiação (art. 
1.604, CC).
[2] Considerá-lo irrevogável e irretratável não significa que não possa ser declarado inválido.
[3] O reconhecimento não pode ser feito em pacto antenupcial para evitar referência à sua origem 
extramatrimonial.
[4] Reconhecimento póstumo - o filho já falecido só pode ser reconhecido se tiver deixado herdeiros, não 
se gerando ao reconhecente direitos sucessórios (art. 1.609, parágrafo único, CC).
[5] O fato de ser personalíssimo não exclui a possibilidade de ser feito por procurador com poderes 
especiais outorgados em escritura pública ou instrumento particular (art. 59, Lei n. 6.015/73). É ato que 
pode inclusive ser praticado por relativamente incapazes independente de assistência (exceto quando 
feito por escritura pública em virtude das formalidades a ela impostas), já que se trata de mera 
declaração.
[6] A precisão do exame é de 99,999%. No entanto, fácil é perceber que a verdade biológica, após a 
CF/88, não deve prevalecer (de forma absoluta) sobre a verdade sócio-afetiva, sob pena de determinar 
injustiças e uma constante instabilidade na relação paterno-filial.
[7] Destacam Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2009, p. 519) que ?o laço sócio-afetivo 
depende, por óbvio, da comprovação da convivência respeitosa, pública e firmemente estabelecida. 
Todavia, não é necessário que o afeto esteja presente no instante em que é discutida a filiação em juízo. 
[...]. O importante é provar que o afeto esteve presente durante a convivência, que o afeto foi o elo que 
entrelaçou aquelas pessoas ao longo de suas existências?. Destaca-se, por fim, que o critério sócio-afetivo 
só pode ser utilizado para determinar o estado de filiação, nunca para negá-lo.
[8] Vale dizer que, embora seja um ato obrigatório para o Oficial do Registro, para realizá-lo depende da 
vontade da mãe, em razão do direito à privacidade.
[9] Ensina Maria Berenice Dias (2007, p. 345) que ?chamar de investigação de paternidade as demandas 
que procuram a identificação dos vínculos de filiação demonstra certo ranço cultural. Lembra a época em 
que só se cogitava a hipótese de o filho buscar o reconhecimento de sua paternidade, como se não 
houvesse possibilidade de identificação da verdade biológica por meio de ações de investigação de 
maternidade, anulatória de registro, declaratória de filiação, negatória de paternidade, investigatória de 
ascendência genética, etc. Redimensionado o leque de possibilidade de socorro ao Judiciário, em face da 
diversidade de demandas em que se busca a definição de vínculos paterno-filiais, faz-se necessário 
ampliar também a expressão que identifica as diversas ações. Daí, investigação de parentalidade?.
[10] Embora haja certa polêmica na doutrina, o STJ já se posicionou afirmando ser imprescritível a ação de 
investigação da parentalidade, ainda quando haja pai ou mãe registral ou que haja decorrido o prazo para 
impugnação ao reconhecimento. Nestes casos, o autor deverá não só demonstrar o vínculo biológico, 
como também, a inexistência de vínculo anterior com outra pessoa gerador da posse de estado de filho. 
Assim, demonstrada a existência de filiação sócio-afetiva, o autor só poderá buscar a verdade biológica, 
não lhe sendo lícito pleitear alteração no assento de nascimento.
[11] Não se confundem com as ações de investigação de ancestralidade que não visam determinar o 
estado de filiação, mas sim, definir a origem genética (direito de personalidade), declarando-se tão-
somente a sua ascendência, não implicando efeitos patrimoniais ou filiatório.
[12] Neste sentido, ensinam Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2009, p. 539) que ?o pai e a 
mãe possuem o direito personalíssimo de negar a existência de um vínculo filiatório que se formou por 
força de uma presunção legal (CC, art. 1.597) ou mesmo por espontânea declaração de vontade. Em tal 
hipótese, há o manejo de ação negatória de paternidade, também imprescritível. Se a pretensão é de ver 
reconhecida a relação vinculatória, trata-se de ação vindicatória do estado de filho. Todas elas, 
submetidas, sob o prisma processual, ao procedimento comum ordinário?.
[13] Art. 3º, Lei n. 1.060/50 ? ?as despesas com a realização do exame do código genético ? DNA que for 
requisitado pela autoridade judiciária nas ações de investigação de paternidade ou maternidade? são 
abrangidas pelo benefício da gratuidade judiciária. Tem-se entendido que cabe ao Estado custear as 
despesas com o exame, pagando remuneração arbitrada para os respectivos peritos.
Estratégias de Aprendizagem
Indicação de Leitura Específica
Recursos
quadro e pincel; datashow.
Aplicação: articulação teoria e prática
Caso Concreto
Leonardo e Paula tiveram um relacionamento amoroso passageiro. Em 2004 Paula, 
enquanto ainda mantinham encontros esporádicos, Paula descobriu estar grávida e 
comunicou Leonardo. Diante da fragilidade emocional de Paula, Leonardo resolveu ir 
morar com ela. Após o nascimento, convencido por Paula de que a criança era sua filha 
Leonardo realizou o registro declarando a paternidade. No entanto, passado um ano após 
o nascimento, Leonardo não aguentando os ataques de ciúmes de Paula, resolve sair de 
casa.
Comunicada a decisão Paula afirma que a criança não era sua filha, mas sim, de 
outro homem com quem ela havia tido um único encontro. Leonardo, então, propôs em 
2008 anulatória de declaração de paternidade produzindo como provas: a) a confissão da 
mãe; b) o fato de não ter nenhum vínculo afetivo com a criança desde 2005, quando saiu 
de casa; c) que foi emocionalmente coagido pela mãe da criança a reconhecer a 
paternidade. Requerido o exame de DNA confirmou-se que a criança não é filha de 
Leonardo. Pergunta-se: diante das provas produzidas a paternidade deve ser 
desconstituída? Explique sua resposta em no máximo seis linhas.
Questão objetiva 1
(MPAP 2012) Mauro e José contam, respectivamente, com dezoito e treze anos de idade. 
Paulo declara-se pai de Mauro e José neste ano de 2012 e pretende reconhecê-los como 
filhos, pois ambos seriam frutos de um relacionamento de oito anos que manteve com 
Ana, genitora de Mauro e José. Nesta hipótese, de acordo com o Código Civil, Paulo: 
a. não precisará do consentimento expresso de Mauro para o reconhecimento e José 
poderá impugnar o reconhecimento nos quatro anos que se seguirem à maioridade ou à 
emancipação. 
b. não precisará do consentimento expresso de Mauro para o reconhecimento e José 
poderá impugnar o reconhecimento nos dois anos que se seguirem à maioridade ou à 
emancipação. 
c. precisará do consentimento expresso de Mauro para o reconhecimento e José poderá 
impugnar o reconhecimento no prazo de até dois anos após à maioridade ou à 
emancipação. 
d. precisará do consentimento expresso de Mauro para o reconhecimento e José poderá 
impugnar o reconhecimento nos quatro anos que se seguirem à maioridade ou à 
emancipação. 
e. precisará do consentimento expresso de Mauro para o reconhecimento e José poderá 
impugnar o reconhecimento no prazo de até três anos após à maioridade ou à 
emancipação.
Questão objetiva 2
(OAB X Exame 2013) Rogério, solteiro, maior e capaz, estando acometido por grave 
enfermidade, descobre que é pai biológico de Mateus, de dez anos de idade, embora não 
conste a filiação paterna no registro de nascimento. Diante disso, Rogério decide lavrar 
testamento público, em que reconhece ser pai de Mateus e deixa para este a totalidade 
de seus bens. Sobrevindo a morte de Rogério, Renato, maior e capaz, até então o único 
filho reconhecido por Rogério, é surpreendido com as disposições testamentárias e 
resolve consultar um advogado a respeito da questão. A partir do fato narrado, assinale 
a afirmativa correta. 
a. Todas as disposições testamentárias são inválidas, tendo em vista que, em seu 
testamento, Rogério deixou de observar a parte legítima legalmente reconhecida a 
Renato, o que inquina todo o testamento público, por ser este um ato único.
b. A disposição testamentária que reconhece a paternidade de Mateus é válida, 
devendo ser incluída a filiação paterna no registro de nascimento; a disposição 
testamentária relativa aos bens deverá ser reduzida ao limite da parte disponível, razão 
pela qual Mateus receberá o quinhão equivalente a 75% da herança e Renato o quinhão 
equivalente a 25% da herança.
c. Todas as disposições testamentárias são inválidas, uma vez que Rogério não poderia 
reconhecer a paternidade de Mateus em testamento e, ainda, foi desconsiderada a parte 
legítima de seu filho Renato.
d. A disposição testamentária que reconhece a paternidade de Mateus é válida, 
devendo ser incluída a filiação paterna no registro de nascimento; é, contudo, inválida a 
disposição testamentária relativa aos bens, razão pela qual caberá a cada filho herdar 
metade da herança de Rogério.
Avaliação
Caso Concreto
Leonardo e Paula tiveram um relacionamento amoroso passageiro. Em 2004 Paula, 
enquanto ainda mantinham encontros esporádicos, Paula descobriu estar grávida e 
comunicou Leonardo. Diante da fragilidade emocional de Paula, Leonardo resolveu ir 
morar com ela. Após o nascimento, convencido por Paula de que a criança era sua filha 
Leonardo realizou o registro declarando a paternidade. No entanto, passado um ano após 
o nascimento, Leonardo não aguentando os ataques de ciúmes de Paula, resolve sair de 
casa. Comunicada a decisão Paula afirma que a criança não era sua filha, mas sim, de 
outro homem com quem ela havia tido um único encontro. Leonardo, então, propôs em 
2008 anulatória de declaração de paternidade produzindo como provas: a) a confissão da 
mãe; b) o fato de não ter nenhum vínculo afetivo com a criança desde 2005, quando saiu 
de casa; c) que foi emocionalmente coagido pela mãe da criança a reconhecer a 
paternidade. Requerido o exame de DNA confirmou-se que a criança não é filha de 
Leonardo. Pergunta-se: diante das provas produzidas a paternidade deve ser 
desconstituída? Explique sua resposta em no máximo seis linhas.
Gabarito: A confissão de adultério por si só não é suficiente para afastar a 
paternidade (art. 1602, CC). A simples alegação de coação, sem provas, não é 
suficiente para viciar o ato de reconhecimento. O fato do vínculo afetivo ter sido 
rompido não é suficiente para extinguir a paternidade, ainda que não haja vínculo 
biológico, vez que presente a posse do estado de filho. O fato do reconhecimento ter 
sido voluntário, torna-o irrevogável e irretratável e, portanto, Leonardo não poderá 
afastar a paternidade.
Vide: APELAÇÃO. NEGATÓRIA DE PATERNIDADE. ANULAÇÃO DE 
RECONHECIMENTO DE FILHO. VÍCIO DE VONTADE NÃO COMPROVADO. 
IRREVOGABILIDADE. PATERNIDADE SOCIOAFETIVA CONFIGURADA. 1. O 
reconhecimento voluntário de paternidade é irrevogável e irretratável, e não cede diante 
da inexistência de vínculo biológico. A ausência da origem genética, por si só, não basta 
para desconstituir o vínculo voluntariamente assumido. 2. A relação jurídica de filiação é 
construída também a partir de laços afetivos e de solidariedade entre pessoas 
geneticamente estranhas que estabelecem vínculos que em... (TJ-RS - AC: 70041923061 
RS , Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Data de Julgamento: 28/07/2011, Oitava Câmara 
Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 03/08/2011)
Questão objetiva 1
(MPAP 2012) Mauro e José contam, respectivamente, com dezoito e treze anos de idade. 
Paulo declara-se pai de Mauro e José neste ano de 2012 e pretende reconhecê-los como 
filhos, pois ambos seriam frutos de um relacionamento de oito anos que manteve com 
Ana, genitora de Mauro e José. Nesta hipótese, de acordo com o Código Civil, Paulo: 
a. não precisará do consentimento expresso de Mauro para o reconhecimento e José 
poderá impugnar o reconhecimento nos quatro anos que se seguirem à maioridade ou à 
emancipação. 
b. não precisará do consentimento expresso de Mauro para o reconhecimento e José 
poderá impugnar o reconhecimento nos dois anos que se seguirem à maioridade ou à 
emancipação. 
c. precisará do consentimento expresso de Mauro para o reconhecimento e José poderá 
impugnar o reconhecimento no prazo de até dois anos após à maioridade ou à 
emancipação. 
d. precisará do consentimento expresso de Mauro para o reconhecimento e José poderá 
impugnar o reconhecimento nos quatro anos que se seguirem à maioridade ou à 
emancipação. 
e. precisará do consentimento expresso de Mauro para o reconhecimento e José poderá 
impugnar o reconhecimento no prazo de até três anos após à maioridade ou à 
emancipação.
Gabarito: D - art. 1614, CC
Questão objetiva 2
(OAB X Exame 2013) Rogério, solteiro, maior e capaz, estando acometido por grave 
enfermidade, descobre que é pai biológico de Mateus, de dez anos de idade, embora não 
conste a filiação paterna no registro de nascimento. Diante disso, Rogério decide lavrar 
testamento público,
em que reconhece ser pai de Mateus e deixa para este a totalidade 
de seus bens. Sobrevindo a morte de Rogério, Renato, maior e capaz, até então o único 
filho reconhecido por Rogério, é surpreendido com as disposições testamentárias e 
resolve consultar um advogado a respeito da questão. A partir do fato narrado, assinale 
a afirmativa correta. 
a. Todas as disposições testamentárias são inválidas, tendo em vista que, em seu 
testamento, Rogério deixou de observar a parte legítima legalmente reconhecida a 
Renato, o que inquina todo o testamento público, por ser este um ato único.
b. A disposição testamentária que reconhece a paternidade de Mateus é válida, 
devendo ser incluída a filiação paterna no registro de nascimento; a disposição 
testamentária relativa aos bens deverá ser reduzida ao limite da parte disponível, razão 
pela qual Mateus receberá o quinhão equivalente a 75% da herança e Renato o quinhão 
equivalente a 25% da herança.
c. Todas as disposições testamentárias são inválidas, uma vez que Rogério não poderia 
reconhecer a paternidade de Mateus em testamento e, ainda, foi desconsiderada a parte 
legítima de seu filho Renato.
d. A disposição testamentária que reconhece a paternidade de Mateus é válida, 
devendo ser incluída a filiação paterna no registro de nascimento; é, contudo, inválida a 
disposição testamentária relativa aos bens, razão pela qual caberá a cada filho herdar 
metade da herança de Rogério.
Gabarito: B - art. 1609 e 1610, CC.
Considerações Adicionais
Referências Bibliográficas: 
Nome do livro: Direito das Famílias
Nome do autor: FARIAS, Cristiano Chaves; ROSENVALD, Nelson
Editora: Lumen Juris
Nome do capítulo: Capítulo VII A Filiação e o Reconhecimento de Filhos 
Número de páginas do capítulo: 112
RelatorioPlanoAula (35).pdf
DIREITO CIVIL V - CCJ0111
Semana Aula: 13
Poder Familiar e Proteção dos Filhos
Tema
Poder Familiar e Proteção dos Filhos
Palavras-chave
Objetivos
1. Compreender o conceito de poder familiar e sua evolução no ordenamento brasileiro.
 
2. Entender os efeitos do poder familiar.
 
3. Analisar as causas de suspensão e de destituição do poder familiar.
 
4. Conceituar a guarda.
 
5. Identificar as espécies de guarda e seus efeitos.
Estrutura de Conteúdo
1. Poder Familiar
a. Breve histórico
b. Conceito
c. Efeitos do poder familiar
d. Causas de suspensão
e. Causas de destituição 
 
2. Guarda
a. Conceito
b. Características
c. Espécies: unilateral e compartilhada
Procedimentos de Ensino
O presente conteúdo pode ser trabalhado em uma aula, podendo o professor dosá-lo de acordo com as 
condições (objetivas e subjetivas) apresentadas pela turma. 
 
DO PODER FAMILIAR
 
A Constituição Federal de 1988 ao igualar homem e mulher (arts. 5º., I e 226, CF) alterou 
significativamente, também, a relação paterno-filial até então pautada pelo pátrio poder (art. 380, CC/16 - 
concentrado na figura do pai, considerado chefe da sociedade conjugal) e em relação hierárquica.
 
A Constituição derrogou, então, vários artigos do CC/16 que deferiam a condução da sociedade conjugal e 
familiar apenas ao pai. A partir de então o termo pátrio poder passa a ser substituído pelas expressões 
poder familiar, poder parental[1]1, responsabilidade parental ou autoridade[2]2 parental. Explica Eduardo 
de Oliveira Lei (1997, p. 192) que ?o termo autoridade parental ao termo pátrio poder, de conotação 
romana e que privilegia a ?potestas? masculina, inadmissível no atual estágio de evolução no direito 
brasileiro. Na realidade, hoje é unânime o entendimento de que o pátrio poder é muito mais pátrio dever, 
mas não só pátrio, na ótica do Constituinte de 1988, mas sim parental, isto é, dos pais, do marido e da 
mulher, igualados em direitos e deveres, pelo art. 226, §5º., da Constituição Federal?.
 
Paulo Nader (2009, p. 401-402) afirma que o poder familiar ?é o instituto de ordem pública que atribui 
aos pais a função de criar, prover a educação de filhos menores não emancipados e administrar eventuais 
bens. [...]. O poder familiar, modernamente, é concebido como instituto de proteção e assistência à 
criança e ao adolescente e não como fórmula autoritária de mando para benefício pessoal.? 
 
Embora ainda haja certa polêmica com relação à adequação das expressões, certamente, pode-se afirmar 
que não se trata apenas de um poder conferido ao pai e à mãe, mas sim, de um dever que deve ser 
exercido em igualdade de condições e no interesse dos filhos. Sobre a natureza jurídica do poder familiar, 
conclui Arnaldo Rizzardo (2010, p. 355) que ?o pátrio poder não é uma ?auctoritas?, é um ?munus?. 
Trata-se de uma conduta dos pais relativamente aos filhos, de um acompanhamento para conseguir uma 
abertura dos mesmos, que se processará progressivamente, à medida que evoluem na idade e no 
desenvolvimento físico e mental, de modo a dirigi-los a alcançarem a sua própria capacidade para se 
dirigirem e administrarem seus bens. Não haveria tão-somente um encargo, ou um ?munus?, mas um 
encaminhamento com poder para impor uma certa conduta, em especial antes da capacidade relativa. 
Não há mais de se falar praticamente em poder dos pais, mas em conduta de proteção, de orientação e 
acompanhamento dos pais?. 
 
Trata-se, portanto, de função de ordem pública que não pode ser afastada ou negligenciada pelos pais, 
neste sentido, dispõe o art. 1.634, CC: ?compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores: I- dirigir-
lhes a criação e educação [vide art. 19, ECA]; II- tê-los em companhia e guarda [vide art. 22, ECA]; III- 
conceder-lhe ou negar-lhes consentimento para casarem [vide art. 1.517, CC]; IV- nomear-lhes tutor por 
testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder 
exercer o poder familiar [vide arts. 1.729 e 1.730, CC]; V- representá-los, até aos 16 (dezesseis) anos, nos 
atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o 
consentimento [vide art. 1.690, CC]; VI- reclamá-los de quem ilegalmente os detenha [vide arts. 33 e 237, 
ECA]; VII- exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição?. 
 
No entanto, os deveres-poderes dos pais não se esgotam apenas no elenco do art. 1.634, CC, abrangendo 
também a condução moral e espiritual capaz de promover o desenvolvimento das personalidades dos 
filhos; usufruto e administração dos bens (arts. 1.689 a 1.693, CC), etc. Por isso, pode-se afirmar, que é 
instituto personalíssimo marcado pela temporariedade[3]3 (art. 1.630, CC), pela irrenunciabilidade, pela 
indivisibilidade da titularidade[4]4-[5]5, pela imprescritibilidade, podendo ser exercido desde a gestação 
(art. 8º., ECA), uma vez que a lei não fixa termo inicial.
 
Suspensão, modificação, perda e extinção do poder familiar
 
O poder familiar é função (?munus?) irrenunciável, intransmissível e indelegável instituído em favor dos 
filhos e, por isso, sujeito a fiscalização e controle do Estado.
 
A suspensão ou modificação do poder familiar pode ocorrer quando por ordem judicial se priva um ou 
ambos os pais, temporariamente, do exercício (total ou parcial) do poder familiar, em benefício do filho a 
quem poderá ser nomeado curador especial. Ensina Ana Carolina Silveira Akel (2009, p. 44) que ?havendo 
total
restrição em relação ao exercício do poder familiar, a hipótese será de suspensão e, atingindo 
apenas determinadas faculdades ou deveres, de modificação. [...]. Ambas as hipóteses caracterizam uma 
sanção imposta àquele que deixar de cumprir, ou cumprir indevidamente, seu poder perante os filhos, 
devendo ser adotadas somente quando outra medida não tenha eficácia [...]?. 
 
Tratam-se, portanto, de restrições impostas ao poder familiar visando-se a proteção do bem-estar do filho 
menor ou incapaz, conforme dispõe o art. 1.637, CC (abuso de autoridade; prática de atos ruinosos ao 
patrimônio dos filhos; condenação dos pais por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena 
exceda dois anos de prisão) e art. 22, ECA. As medidas de suspensão e modificação são sempre 
temporárias e perdurarão enquanto durar as causas que lhe deram origem.
 
Perda e extinção do poder familiar
 
A perda ou destituição do poder familiar decorre de graves sanções impostas aos pais pela quebra no 
correto seu exercício. Dispõe taxativamente o art. 1.638, CC, que: ?perderá por ato judicial o poder 
familiar o pai ou a mãe que: I- castigar imoderadamente o filho [vide art. 227, CF]; II- deixar o filho em 
abandono [material e intelectual, vide arts. 244, 245, 247 e 133, CP]; III- praticar atos contrários à moral e 
aos bons costumes; IV- incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente?.
 
A perda do poder familiar, em regra, é permanente e imperativa. No entanto, tem entendido a 
jurisprudência que embora permanente, não é definitiva, podendo o seu exercício ser restabelecido, se 
demonstrado judicialmente a regeneração do pai ou mãe ou o desaparecimento da causa que lhe deu 
origem. Frise-se, também, que a perda do poder familiar não exonera o destituído da obrigação 
alimentar.
 
As causas de extinção do poder familiar vêm determinadas no art. 1.635, CC: a) morte dos pais ou do 
filho; b) emancipação; c) pela maioridade; d) pela adoção; e) por decisão judicial, nos casos de castigo 
imoderado, abandono do filho, prática de atos contrários à moral e aos bons costumes; f) prática 
reiterada de atos que levam à suspensão do poder familiar.
 
Conclui Ana Carolina Silveira Akel (2009, p. 44) que ?[...] a extinção do poder familiar não se confunde 
com a sua destituição. A primeira marca o término do exercício do direito potestativo sobre o filho, 
enquanto a segunda significa o impedimento definitivo de seu exercício por decisão judicial?.
 
DA GUARDA
 
O termo guarda tem origem no termo alemão em ?wargen? que significa guarda, espera. Ensina o 
dicionário Plácido e Silva (2000, p. 365-366) que a guarda de filhos é ?locução indicativa, seja do direito 
ou do dever, que compete aos pais ou a um dos cônjuges, de ter em sua companhia ou de protegê-los, 
nas diversas circunstâncias indicadas na lei civil. E ?guarda? neste sentido, tanto significa custódia como a 
proteção que é devida aos filhos pelos pais?.
 
Pode-se, então, afirmar que embora o vocábulo tenha significados plúrimos a guarda dos filhos é uma das 
atribuições do poder familiar e a dissolução da sociedade e do vínculo conjugal não modifica os direitos e 
deveres dos pais em relação aos filhos (art. 1.579, CC).
 
Gustavo Tepedino (2004, p. 311) afirma que várias são as espécies de guarda adotadas nas decisões 
judiciais ou recepcionadas pela doutrina, podendo-se afirmar estar-se diante de um problema menos 
jurídico e mais psicológico, atinente ao comportamento, a personalidade, ao caráter e ao temperamento 
de cada genitor após a separação judicial [leia-se dissolução da sociedade ou do vínculo]?.
 
O Código Civil brasileiro cuida da guarda em dois momentos: de filhos havidos fora do casamento (arts. 
1.611 e 1.612, CC) e quando decorrente da dissolução matrimonial (arts. 1.583 a 1.590, CC).
 
Os filhos havidos fora do casamento ficarão sob a guarda do genitor que o houver reconhecido (guarda 
unilateral); se ambos o houverem reconhecido e não houver acordo sobre a guarda, entende o art. 1.612, 
CC, que deverá ser decidido conforme o melhor interesse do menor ou incapaz. No entanto, se o 
reconhecimento for feito por pessoa casada, não poderá o filho residir no lar conjugal sem a autorização 
do outro cônjuge (art. 1.611, CC), norma, que segundo Maria Berenice Dias (2007, p. 394) é 
inconstitucional e discriminatória.
 
Quando a guarda decorre de dissolução do casamento, o Código Civil prevê as seguintes modalidades (art. 
1.583, CC):
 
1- Guarda Unilateral (exclusiva ou monoparental): é atribuída ao genitor que 
aparente melhores condições de exercê-la, observado o melhor interesse do 
filho [6]6. Embora unilateral, não prevê a cisão ou a diminuição dos atributos 
do poder familiar (art. 1.583, §3º., CC), mas acaba facilitando a degradação 
do laço familiar com o genitor que não a detém, bem como, facilita a 
alienação parental (Lei n. 12.318/10). 
2- Guarda Compartilhada ou conjunta[7]7: foi instituída pela Lei n. 11.698/08, 
mas já era aceita e praticada pelos Tribunais brasileiros há significativo 
tempo. É modalidade que estabelece o exercício conjunto e igualitário do 
poder parental, embora o menor ou incapaz permaneça residindo com 
apenas um dos pais. Exige, portanto, relacionamento harmonioso entre os 
genitores. Gustavo Tepedino (2009, p. 18) afirma ser vantajosa esse tipo de 
guarda porque evita ?a desresponsabilização do genitor que não permanece 
com a guarda, além de assegurar a continuidade da relação de cuidado por 
parte de ambos os pais?, prevenindo ou impedido a prática da alienação 
parental (Lei n. 12.318/10).
 
Qualquer das formas de guarda pode ser requerida[8]8 por consenso ou por qualquer dos genitores em 
ação de separação ou divórcio ou de forma autônoma (inclusive por meio de cautelar). Não havendo 
consenso, deve ser determinada pelo juiz[9]9 em atenção aos interesses e necessidades dos filhos, 
devendo, se possível, optar pela guarda compartilhada ? art. 1.584, CC.
 
Alterações não autorizadas ou descumprimento imotivado dos deveres decorrentes da guarda importam 
sua perda e inversão ou compartilhamento, implicando a redução de prerrogativas atribuídas ao genitor 
faltoso. 
 
Vale por fim lembrar que: 1- as novas núpcias do genitor não lhe fazem perder o direito de ter consigo os 
filhos (art. 1.588, CC); 2- que o direito de (ou a) visita[10]10 é conferido ao genitor que não possui a 
guarda, mas, para além de um direito do pai, é um direito dos filhos em manter a convivência afetiva com 
o seu genitor (art. 1.589, CC); 3- o fator determinante na fixação de qualquer das modalidades de guarda 
deve ser o melhor interesse do menor ou incapaz, não sendo decisivos fatores econômicos ou eventual 
culpa apurada em processo de separação. 
 
Ao final da aula o professor deve perguntar se ainda existem dúvidas com relação aos tópicos abordados. 
Após, deve realizar breve síntese dos principais aspectos do poder familiar e da guarda trabalhados na 
aula, preparando o aluno para o tema da próxima aula: alimentos.
NOTAS
[1] Nesse sentido, destaca Eduardo de Oliveira Leite (2007, p. 277): ?poder parental (e não o poder 
familiar, como equivocadamente, consta no CC/02) é a expressão que revela com intensidade esta nova 
ordem de valores que passa a invadir o ambiente familiar. Poder parental, dos pais, e não mais pátrio 
poder que, inevitavelmente, sugeria o
conjunto de prerrogativas conferidas ao pai (pater) na qualidade de 
chefe da sociedade conjugal?.
[2] Alguns autores como Paulo Lôbo afirmam ser a expressão autoridade parental a que melhor se adequa 
ao sentido que se espera: exercício, função e dever exercido pelos pais no interesse dos filhos.
[3] Vale lembrar que a dissolução do casamento não põe fim nem alteram o poder familiar ? art. 1.632, 
CC.
[4] Lembre-se que havendo divergência entre os pais pode-se recorrer ao Judiciário para dirimi-la (art. 21, 
ECA e art. 1.631, CC).
[5] No caso de filhos de pai não conhecido o poder familiar se concentrará nas mãos da mãe, salvo se 
incapaz quando se nomeará tutor ao menor (art. 1.633, CC). O filho havido fora do casamento fica sob o 
poder familiar do genitor que o reconheceu. Se ambos o tiverem reconhecido, serão igualmente titulares, 
mas a guarda ficará com aquele que revelar melhores condições de exercê-la.
[6] Em levantamento realizado pelo IBGE no ano de 2007 em 89% dos divórcios a guarda foi atribuída à 
mãe (para maiores detalhes vide <http//www.ibge.gov.br>.
[7] Não se confunde com a guarda alternada que, segundo ensina Maria Berenice Dias (2007, p. 397) ?é 
modalidade de guarda que não é bem vista pela doutrina e pela jurisprudência, sendo evitada pelos 
tribunais, porquanto atende muito mais ao interesse dos pais do que dos filhos, ocorrendo praticamente 
uma divisão da criança?. A criança reside por períodos pré-determinados com um dos pais de depois 
reside com o outro e assim vai se alterando, impedindo o estabelecimento de rotinas essenciais ao sadio 
desenvolvimento do menor ou incapaz.
[8] A competência é das Varas de Família, em regra. Mas, será competente a Vara da Infância e Juventude 
se a criança ou adolescente tiver direitos fundamentais ameaçados ou violados por omissão ou abuso dos 
pais ou responsáveis em razão de sua conduta (art. 98, ECA).
[9] Pode ocorrer de o juiz observar que nenhum dos pais tem condições de exercer a guarda. Nestes 
casos, deve determiná-la a quem revele melhor compatibilidade com a natureza da medida, 
considerados, de preferência, o grau de parentesco (observar o conceito de família extensa no art. 25, 
parágrafo único, ECA) e a relações de afinidade e afetividade.
[10] O direito de visita é praticamente ignorado pela legislação codificada. Destaca Maria Berenice Dias 
(2007, p. 398) que ?o direito a visitas é um direito de personalidade na categoria do direito à liberdade, 
pelo qual o indivíduo, no seu exercício, recebe as pessoas com quem quer conviver. Funda-se em 
elementares princípios de direito natural, na necessidade de cultivar o afeto, de firmar os vínculos 
familiares à subsistência real, efetiva e eficaz. É direito da criança de manter contato com o genitor com o 
qual não convive cotidianamente, havendo o dever do pai de concretizar esse direito?.
Estratégias de Aprendizagem
Indicação de Leitura Específica
Recursos
quadro e pincel; datashow.
Aplicação: articulação teoria e prática
Caso Concreto
(X Exame OAB) Luzia sempre desconfiou que seu neto Ricardo, fruto do casamento do 
seu filho Antônio com e Josefa, não era filho biológico de Antônio, ante as características 
físicas por ele exibidas. Vindo Antonio a falecer, Luzia pretende ajuizar uma ação 
negatória de paternidade. A respeito do fato apresentado, responda aos seguintes itens.
a. Tem Luzia legitimidade para propor a referida ação? 
b. Caso Antonio tivesse proposto a ação negatória e falecido no curso do 
processo, poderia Luzia prosseguir com a demanda? Qual o instituto processual 
aplicável ao caso? 
Questão objetiva 1
(TJPR 2013) No que concerne ao poder familiar, assinale a alternativa correta. 
a. O pai ou a mãe que estabelecer nova união estável, não perde, quanto aos filhos do 
relacionamento anterior, os direitos do poder familiar, exercendo-os sem qualquer 
interferência do novo companheiro. 
b. Os pais, quanto à pessoa dos filhos menores, podem recomendar, não porém exigir, 
que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios da sua idade e condição. 
c. Durante o casamento ou a união estável, aos pais compete o poder familiar; na falta 
ou impedimento de um deles, dará o juiz tutor ou curador, conforme o caso. 
d. Os filhos estão sujeitos ao poder familiar, enquanto permanecem seus vínculos de 
dependência econômica. 
Questão objetiva 2
(Defensor Público RR 2013) No que se refere à guarda e ao direito de convivência entre 
familiares, assinale a opção correta.
a. A guarda compartilhada não impede a fixação de alimentos em favor do filho.
b. De acordo com a jurisprudência do STJ, a fixação da guarda compartilhada 
pressupõe, necessariamente, o consenso entre os pais.
c. A guarda compartilhada está vinculada à repartição de tempo de permanência dos 
pais separados para com seus filhos comuns, conferindo-se de forma exclusiva o poder 
parental por períodos preestabelecidos, geralmente de forma equânime, entre as casas dos 
genitores.
d. Atendendo à doutrina da preferência materna, o Código Civil prioriza a guarda 
unilateral em favor da mãe do menor.
e. O inadimplemento da pensão alimentícia fixada em favor do menor impede o 
exercício do direito de visitar pelo genitor que não detiver a guarda.
Avaliação
Caso Concreto
(X Exame OAB) Luzia sempre desconfiou que seu neto Ricardo, fruto do casamento do 
seu filho Antônio com e Josefa, não era filho biológico de Antônio, ante as características 
físicas por ele exibidas. Vindo Antonio a falecer, Luzia pretende ajuizar uma ação 
negatória de paternidade. A respeito do fato apresentado, responda aos seguintes itens.
a. Tem Luzia legitimidade para propor a referida ação? 
b. Caso Antonio tivesse proposto a ação negatória e falecido no curso do 
processo, poderia Luzia prosseguir com a demanda? Qual o instituto processual 
aplica´vel ao caso? 
 Gabarito (sugerido pela OAB):
a. Luzia não tem legitimidade para propor a ação negatória de paternidade, pois se 
trata de ação personalíssima, conforme dispõe o Art. 1.601, caput, do Código Civil. 
b. Luzia poderia prosseguir com a ação negatória de paternidade ajuizada por seu 
filho, caso este viesse a falecer no curso da demanda por sucessão processual, nos 
termos dos artigos 1.601, parágrafo único, do Código Civil e/ou 6o, e/ou 43, e/ou 
1055, e/ou 1056, e/ou 1060, do CPC. 
Questão objetiva 1
(TJPR 2013) No que concerne ao poder familiar, assinale a alternativa correta. 
a. O pai ou a mãe que estabelecer nova união estável, não perde, quanto aos filhos do 
relacionamento anterior, os direitos do poder familiar, exercendo-os sem qualquer 
interferência do novo companheiro. 
b. Os pais, quanto à pessoa dos filhos menores, podem recomendar, não porém exigir, 
que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios da sua idade e condição. 
c. Durante o casamento ou a união estável, aos pais compete o poder familiar; na falta 
ou impedimento de um deles, dará o juiz tutor ou curador, conforme o caso. 
d. Os filhos estão sujeitos ao poder familiar, enquanto permanecem seus vínculos de 
dependência econômica.
Gabarito: A - art. 1632, CC.
Questão objetiva 2
(Defensor Público RR 2013) No que se refere à guarda e ao direito de convivência entre 
familiares, assinale a opção correta.
a. A guarda compartilhada não impede a fixação de alimentos em favor do filho.
b. De acordo com a jurisprudência do STJ, a fixação da guarda compartilhada 
pressupõe, necessariamente, o consenso entre os pais.
c. A guarda compartilhada está vinculada à repartição de tempo de permanência dos 
pais
separados para com seus filhos comuns, conferindo-se de forma exclusiva o poder 
parental por períodos preestabelecidos, geralmente de forma equânime, entre as casas dos 
genitores.
d. Atendendo à doutrina da preferência materna, o Código Civil prioriza a guarda 
unilateral em favor da mãe do menor.
e. O inadimplemento da pensão alimentícia fixada em favor do menor impede o 
exercício do direito de visitar pelo genitor que não detiver a guarda.
Gabarito: A - art. 1703, CC
Considerações Adicionais
Referências Bibliográficas: 
Nome do livro: Manual de Direito das Famílias
Nome do autor: DIAS, MARIA BERENICE
Editora: Revista dos Tribunais
Nome do capítulo: Poder Familiar
Número de páginas do capítulo: 35
RelatorioPlanoAula (36).pdf
DIREITO CIVIL V - CCJ0111
Semana Aula: 14
Alimentos
Tema
Alimentos
Palavras-chave
Objetivos
1. Conceituar alimentos e identificar suas características.
 
2. Identificar as espécies de alimentos.
 
3. Diferenciar obrigação alimentar de direito a alimentos.
 
4. Compreender as regras de quantificação dos alimentos.
 
5. Discorrer sobre os princípios informadores dos alimentos.
 
6. Estudar os pressupostos da obrigação alimentar.
Estrutura de Conteúdo
1. Alimentos.
a. Conceito.
b. Natureza Jurídica.
c. Características.
 
2. Espécies de Alimentos.
a. Quanto à natureza: naturais e civis.
b. Quanto à causa jurídica: legais ou legítimos; voluntários e indenizatórios.
c. Quanto à finalidade: definitivos; provisórios e provisionais.
d. Quanto ao momento em que são reclamados: pretéritos; atuais e futuros.
 
3. Obrigação alimentar e direito a alimentos.
 
4. Quantificação dos alimentos.
 
5. Princípios:
a. Da reciprocidade.
b. Da preferência.
c. Da complementaridade.
d. Da mutabilidade.
e. Da transmissibilidade.
f. Da alternatividade.
g. Da divisibilidade.
h. Da condicionalidade.
i. Da irrenunciabilidade.
 
6. Pressupostos da obrigação alimentar.
Procedimentos de Ensino
O presente conteúdo pode ser trabalhado em uma aula (considerando-se que a parte processual será 
apenas pontuada porque o seu conteúdo pertence ao Direito Processual Civil e à Prática Simulada), 
podendo o professor dosá-lo de acordo com as condições (objetivas e subjetivas) apresentadas pela 
turma. 
 
No sentido amplo do termo, ?alimentos? compreende além dos alimentos ?in natura?, o vestuário, a 
educação, a habitação, o lazer, a saúde, etc., ou seja, engloba tudo aquilo tido como necessário à vida.
 
Ensina Orlando Gomes (2006, p. 427) que alimentos são prestações para satisfação das necessidades 
vitais de quem não pode provê-las por si. Têm por finalidade fornecer a um parente, cônjuge ou 
companheiro o necessário à sua subsistência. Então, os alimentos são uma modalidade de assistência 
imposta pela lei e, nesse sentido, afirma Silvio Rodrigues (2008) que ?a tendência moderna é a de impor 
ao Estado o dever de socorro dos necessitados, tarefa que ele se desincumbe, ou deve desincumbir-se, 
por meio de sua atividade assistencial. Mas, no intuito de aliviar-se desse encargo, ou na inviabilidade de 
cumpri-lo, o Estado transfere, por determinação legal, aos parentes, cônjuges ou companheiro do 
necessitado, cada vez que aqueles possam atender a tal incumbência?.
 
No Código Civil de 2002 o tema alimentos é tratado sob um único subtítulo (arts. 1.694 a 1.710, CC) que 
tem por principal ponto de partida a necessidade do alimentando informada pelo princípio da 
solidariedade familiar. Embora haja certa controvérsia na doutrina, tem-se entendido que o direito a 
alimentos tem natureza jurídica mista (ou eclética), ou seja, é direito de conteúdo patrimonial e finalidade 
pessoal, cujo foro para a propositura da ação é o do domicílio ou residência do alimentando (art. 100, II, 
CPC). No entanto, ainda que assim considerado, o direito a alimentos é, antes e acima de tudo, um direito 
de personalidade.
 
São diversas as espécies de alimentos, das quais se destacam:
1- Quanto à natureza:
a. Naturais (?alimenta naturalia?): compreendem, segundo os 
arts. 1.694, §2º. e 1.704, parágrafo único, CC, tudo o que é 
necessário e indispensável à manutenção da vida: alimentos 
?in natura?, vestuário, medicamentos...
b. Civis (?alimenta civilia? ou côngruos): abrangem as 
necessidades intelectuais e morais da pessoa, destinando-se 
a manter sua condição social, como o lazer e a educação.
 
2- Quanto à causa jurídica:
a. Legítimos ou legais: são os devidos em virtude de uma 
obrigação legal que pode decorrer do parentesco, do 
casamento ou da união estável (art. 1.694, CC).
b. Voluntários: decorrem de declaração de vontade ?inter vivos? 
ou ?causa mortis?. Ex.: constituição de renda; de usufruto; de 
capital vinculado...
c. Indenizatórios (ou ressarcitórios): decorrem da obrigação 
imposta ao causador do dano em reparar o prejuízo causado 
por meio do pagamento de indenização (arts. 948, II e 950, 
CC). 
 
3- Quanto à finalidade:
a. Definitivos ou regulares: são os de caráter permanente 
estabelecidos em sentença ou em acordo de vontades 
devidamente homologado.
b. Provisórios: são os fixados liminarmente em ação de 
alimentos que segue o rito especial fixado no art. 4º., da Lei 
n. 5.478/68 (Lei de Alimentos). Exigem prova pré-constituída 
do parentesco, casamento ou união estável.
c. Provisionais (?ad litem? ou ?alimenta in litem?): são fixados 
em medida cautelar preparatória ou incidental (art. 852, I a 
III, CPC) de ação de separação, divórcio, nulidade ou anulação 
do casamento ou alimentos. Destinam-se a manter o 
alimentando enquanto perdurar a lide[1]1. Não exige prova 
pré-constituída do parentesco, mas exige a comprovação dos 
requisitos inerentes a toda medida cautelar, como ocorre nos 
casos de alimentos gravídicos (Lei n. 11.804/08).
 
4- Quanto ao momento em que são reclamados: afirma Carlos Roberto 
Gonçalves (2010, p. 446) que ?essa classificação não se amolda 
perfeitamente ao direito brasileiro, uma vez que os alimentos futuros 
(?alimenta futura?) independem de trânsito em julgado da decisão que os 
concedem, sendo devidos a partir da citação ou do acordo. E, na prática, os 
alimentos pretéritos (?alimenta praeterita?) têm sido confundidos com 
prestações pretéritas, que são as fixadas em sentença ou no acordo, estando 
há muito vencidas e não cobradas, a ponto de não se poder tê-las mais por 
indisipensáveis à própria sobrevivência do alimentando, não significando 
mais que um crédito como outro qualquer, a ser cobrado pela forma de 
execução por quantia certa, com supedâneo no art. 732 do CPC?.
a. Pretéritos (?alimenta praeterita?): quando o pedido retroage 
a período anterior ao ajuizamento da ação. 
b. Atuais: quando postulados a partir do ajuizamento da ação[2]2.
c. Futuros (?alimenta futura?): são os devidos a partir da 
sentença.
 
Vale lembrar que obrigação alimentar e direito a alimentos não se confundem[3]3. Assim, entre pais e 
filhos não existe propriamente uma obrigação alimentar, mas sim, um dever de sustento e mútua 
assistência
(art. 229, CF)[4]4; diferente da obrigação alimentar que decorre das relações de parentesco. 
 Então, afirma Orlando Gomes (2006), ?não se deve, realmente, confundir a obrigação de prestar 
alimentos, com certos deveres familiares [...]. A obrigação de prestar alimentos ?stricto sensu? tem 
pressupostos diversos, é recíproca e depende das possibilidades do devedor, somente sendo exigível se o 
credor potencial estiver necessitado?. Conforme ensina Yussef Cahali (2009, p. 338):
 
1- O dever de sustento tem sua causa no poder familiar, pelo qual os pais têm o dever de sustentar, 
criar e educar os filhos enquanto menores e na obrigação alimentar os pais não são mais 
obrigados a sustentar os filhos, a obrigação decorre do parentesco;
2- O dever de sustento é unilateral, apenas os pais devem aos filhos enquanto perdurar a 
menoridade ou a incapacidade; enquanto a obrigação alimentar é recíproca;
3- A obrigação alimentar é proporcional às necessidades do alimentando e aos recursos do 
alimentante. O dever de sustento é incondicional.
4- O dever de sustento se extingue com a maioridade[5]5 enquanto que a obrigação alimentar 
perdura enquanto durar a sua necessidade.
5- A obrigação alimentar constitui-se por uma obrigação de dar; enquanto o dever de sustento em 
uma obrigação de fazer.
 
OBRIGAÇÃO ALIMENTAR
 
A obrigação alimentar decorre de relações de parentesco e tem por características ser um direito: 
personalíssimo; incessível (art. 1.707, CC ? quanto aos alimentos vincendos); impenhorável (art. 1.707, 
CC); incompensável (art. 1.707, CC); imprescritível (art. 206, §2º., CC[6]6); irrepetível (provisionais e 
definitivos[7]7); irrenunciável[8]8 (art. 1.707, CC); transmissível (art. 1.700, CC[9]9); recíproco[10]10 (art. 
1.696, CC); intransacionável (art. 841, CC) e mutável[11]11 (variabilidade das prestações - art. 1.699, CC e 
art. 15, Lei de Alimentos). A obrigação alimentar é divisível (não há, em regra, solidariedade - a exceção 
fica por conta do art. 12 do Estatuto do Idoso), devendo-se observar a ordem de preferência para o seu 
pagamento prevista no art. 1.697, CC (rol taxativo) e a possibilidade de complementaridade estabelecida 
pelo art. 1.698, CC (novidade do CC/02[12]12). Por fim, destaque-se que os alimentos podem ser pagos 
em moeda ou em espécie, cabendo a faculdade de escolha ao devedor (art. 1.701, CC).
 
São pressupostos da obrigação alimentar: vínculo jurídico familiar (art. 1.694, CC); necessidade do 
alimentando (independente da causa que lhe deu origem; art. 1.695, CC); possibilidade de fornecer os 
alimentos (art. 1.695, CC); proporcionalidade da prestação (art. 1.694, §1º., CC). Ensina Silvio Rodrigues 
(2004, p. 384) que ?são dois vetores a serem analisados: necessidade e possibilidade. A regra é vaga e 
representa apenas um ?standard? jurídico. Assim, abre ao juiz extenso campo de ação, capaz de 
possibilitar o enquadramento dos mais variados casos individuais?, não havendo possibilidade de fixar um 
único parâmetro para a fixação da pensão[13]13 como pretendem alguns julgados. O quantum, portanto, 
é mutável (art. 1.699, CC) e passível de correção monetária (art. 1.710, CC).
 
Diante das disposições constitucionais sobre família, Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2009, 
p. 585) concluem que ?a fixação de alimentos deve obediência a uma perspectiva solidária (CF, art. 3º.), 
norteada pela cooperação, pela isonomia e pela justiça social ? como modos de consubstanciar a 
imprescindível dignidade humana (CF, art. 1º., III). [...]. Ou seja, a obrigação alimentar é, sem dúvida, 
expressão da solidariedade social e familiar (enraizada em sentimentos humanitários) 
constitucionalmente impostas como diretriz a nossa ordem pública?.
 
 
Alimentos entre cônjuges e companheiros
 
Dos efeitos patrimoniais e pessoais do casamento decorre o dever de assistência (espiritual e material) 
mútua. Findo o casamento ou a união estável, esse dever converte-se em obrigação alimentar recíproca, 
cuja fixação do ?quantum? deverá observar as características do caso concreto.
 
No entanto, a obrigação alimentar pode ser afastada quando se tratar de separação culposa[14]14. Nestes 
casos, determina o art. 1.704, CC, que o cônjuge declarado culpado, em regra, perde o direito a alimentos, 
exceto aqueles necessários à própria subsistência, quando não houver parentes em condições de prestá-
lo, nem possuir aptidão para o trabalho. 
 
A declaração de nulidade ou anulação do casamento faz extinguir a obrigação alimentar, uma vez que 
reconhecido que não houve formação de vínculo válido, não há que se falar em alimentos decorrentes de 
vínculo. O dever de mútua assistência imposto pelo casamento cessa com o trânsito em julgado da ação, 
mas os alimentos pagos no curso da ação não são repetíveis. No entanto, reconhecida a putatividade do 
casamento para um ou ambos os cônjuges, os alimentos poderão ser fixados para aquele considerado de 
boa-fé.
 
Quanto ao divórcio, há certa controvérsia na doutrina sobre a possibilidade de se pleitear alimentos após 
a sua efetivação. Parte da doutrina (como Sérgio Grischkow Pereira e Paulo Lôbo) inclinam-se em afirmar 
a possibilidade, quando inexistente renúncia do direito e demonstrada superveniente necessidade.
 
Todas as regras sobre alimentos aplicáveis ao casamento estendem-se à união estável.
 
Alimentos decorrentes de parentesco
 
Os alimentos decorrentes de parentesco são a expressão do princípio constitucional da solidariedade 
familiar, sendo dever considerado recíproco (art. 1.696, CC). Os alimentos são devidos entre os parentes 
em linha reta (sem limitação) e entre os colaterais até segundo grau. De qualquer forma, os mais 
próximos preferem os mais distantes no momento de determinação do dever. Destas relações, destaca-se 
que:
 
1- Os alimentos devidos pelos pais (independente da origem do vínculo) aos filhos menores não se 
extinguem automaticamente com o mero advento da maioridade.
2- A miserabilidade dos pais não é causa de exclusão do dever de sustento dos filhos menores ou 
incapazes.
3- A destituição ou suspensão do poder familiar não extingue o dever de sustento.
4- A emancipação voluntária também não extingue o dever de sustento.
5- Os filhos maiores[15]15 podem ser credores de alimentos quando: incapazes; quando ainda em 
formação escolar; quando encontram-se em situação de indigência não proposital; quando 
necessita de medicamentos, não descartadas outras hipóteses aferíveis no caso concreto. 
6- Em virtude da reciprocidade, ascendentes idosos ou incapazes também têm direito de pleitear 
alimentos de seus descendentes (art. 12, Estatuto do Idoso).
7- O nascituro pode ser beneficiado por alimentos pleiteados por sua mãe no curso da gestação. 
Tratam-se dos alimentos gravídicos estabelecidos pela Lei n. 11.804/08.
8- Não havendo parentes em linha reta de primeiro grau aptos a prestar alimentos, admite-se a 
cobrança nos graus subsequentes, sendo a mais comum conhecida como obrigação alimentar 
avoenga, cujo dever é subsidiário ou complementar.
9- Havendo guarda, os alimentos podem ser prestados pelos pais, pelo guardião ou por ambos.
10- O tutelado pode pleitear alimentos do tutor ou de parentes próximos, podendo cobrá-los de seus 
pais, mesmo que tenham perdido o poder familiar, não sendo esta última a melhor alternativa 
(art. 1.740, CC).
11- Os alimentos entre irmãos (unilaterais ou bilaterais) são admitidos, desde que subsidiariamente.
12- Parentes por afinidade, por falta de expressa previsão legal, não tem direito a alimentos.
 
Conclui-se que, independente da origem, os alimentos devem ser considerados direitos de personalidade 
e decorrência natural do princípio da solidariedade familiar e da proteção da dignidade humana, sendo 
estes os maiores critérios a serem observados em sua fixação.
 
Ao final da aula o professor deve perguntar se ainda existem dúvidas com relação aos tópicos abordados. 
Após, deve realizar breve síntese dos principais aspectos sobre os alimentos, preparando o aluno para o 
tema da próxima aula: bem de família.
NOTAS
[1] Súmula 277, STJ: ?Julgada procedente a investigação de paternidade, os alimentos são devidos a partir 
da citação?.
[2] Súmula 309, STJ: ?O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende 
as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo?. 
Abrange a prisão, portanto, apenas os alimentos atuais.
[3] Ensinam Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2009, p. 609-610) que ?em linguagem clara, a 
obrigação alimentícia ou obrigação de sustento (de manutenção) consiste na fixação de alimentos com 
base no poder familiar imposto, de maneira irrestrita, aos pais (biológicos ou afetivos). Naturalmente, 
como se funda no poder familiar, é ilimitada. A outro giro, o dever alimentar ou de prestar alimentos é 
obrigação recíproca entre cônjuges, companheiros e entre os demais parentes (que não sejam pai e filho), 
em linha reta ou colateral, exprimindo a solidariedade familiar existente entre eles?.
[4] Afirma Yussef Cahali (2009, p. 337) que ?incumbe aos genitores ? a cada qual e a ambos 
conjuntamente ? sustentar os filhos, provendo-lhes a subsistência material e moral, fornecendo-lhes 
alimentação, vestuário, abrigo, medicamentos, educação, enfim, tudo aquilo que se faça necessário à 
manutenção e a sobrevivência dos mesmos? (art. 229, CF e art. 21, ECA). E complementa Arnaldo Rizzardo 
(2006, p. 755) afirmando que ?por mais pobres que eles [os pais] sejam, devem contribuir com alguma 
parcela para o sustento dos filhos. Fator determinante para se obrigar é a percepção de rendimentos. O 
dever de sustentar, aqui, sobrepõe-se ao direito de terem os pais o suficiente para si. É que, diante do 
incapaz de se sustentar por ser menor e não haver desenvolvido qualquer habilidade ou capacidade, cede 
o direito aos pais?. 
[5] Súmula 358, STJ ? ?O cancelamento da pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está 
sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos?
DIREITO CIVIL. FAMÍLIA. ALIMENTOS. EXONERAÇÃO AUTOMÁTICA COM A MAIORIDADE DO 
ALIMENTANDO. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. 1. Com a maioridade cessa o poder familiar, mas não 
se extingue, ipso facto, o dever de prestar alimentos, que passam a ser devidos por força da relação de 
parentesco. Precedentes. 2. Antes da extinção do encargo, mister se faz propiciar ao alimentando 
oportunidade para comprovar se continua necessitando dos alimentos. 3. Recurso especial não 
conhecido. (REsp 688902/DF ? Rel. Min. Fernando Gonçalves ? T4 ? 16/08/07).
[6] As prestações alimentícias (já fixadas em sentença ou acordo) prescrevem em dois anos a partir da 
data em que se venceram (exceção art. 198, CC). No entanto, deve-se lembrar, que o direito alimentar é 
imprescritível.
[7] A jurisprudência tem admitido a repetibilidade nos casos em que é evidente a má-fé ou 
enriquecimento sem causa do alimentando.
[8] Súmula 397, STJ: ?no acordo de desquite não se admite renúncia aos alimentos, que poderão ser 
pleiteados ulteriormente, verificados os pressupostos legais?. Não se aplica ao divórcio, mas entende-se 
ser aplicável à separação.
[9] O que se transmite é a obrigação alimentar já estabelecida e não o dever de prestar alimentos. A 
transmissibilidade é regra que atinge qualquer espécie de alimentos, mas está restrita às forças da 
herança (art. 1.792, CC).
[10] Isso não significa que duas pessoas devam alimentos entre si simultaneamente, mas indica que o 
devedor de hoje pode se tornar o credor alimentar amanhã.
[11] A decisão que fixa os alimentos não faz coisa julgada formal, mas faz coisa julgada material.
[12] Não há possibilidade de denunciação da lide porque inexiste direito de regresso entre as partes. Há 
entre as pessoas obrigadas a prestar alimentos litisconsórcio passivo facultativo ulterior simples, por 
provocação do autor. Afirma Carlos Roberto Gonçalves (2010, p. 454) que ?a inovação, além de ensejar 
um incidente que pode atrasar a decisão, tem o grave inconveniente de obrigar uma pessoa a litigar 
contra quem, por motivos que só a ela interessa, não deseja litigar. Pode, por isso, deixar de executar a 
sentença contra ela, tornando inócua a intervenção de terceiro requerida pelo devedor escolhido pelo 
credor?. O legislador não deveria ter ampliado o pólo passivo dessas ações.
[13] Pensão é a soma em dinheiro destinada ao provento dos alimentos.
[14] O professor deve resgatar as considerações feitas sobre a permanência das noções de culpa na 
dissolução da sociedade conjugal tecidas na aula 9.
[15] Ensinam Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2009, p. 623) que ?durante a menoridade 
presume-se a necessidade do filho de receber alimentos; adquirida a plena capacidade, a presunção é 
flexibilizada, incumbindo ao alimentando demonstrar a necessidade de continuar percebendo a pensão?.
Estratégias de Aprendizagem
Indicação de Leitura Específica
Recursos
quadro e pincel; datashow.
Aplicação: articulação teoria e prática
Caso Concreto 
(IX Exame OAB adaptada) Moema, brasileira, solteira, natural e residente em 
Fortaleza, no Ceara´, maior e capaz, conheceu Toma´s, brasileiro, solteiro, natural do 
Rio de Janeiro, tambe´m maior e capaz. Toma´s era um pro´spero empresa´rio que 
visitava o Ceara´ semanalmente para tratar de nego´cios, durante o ano de 2010. Desde 
enta~o passaram a namorar e Moema passou a frequentar todos os lugares com Toma´s 
que sempre a apresentou como sua namorada. Apo´s algum tempo, Moema engravidou 
de Toma´s. Este, ao receber a noti´cia, se recusou a reconhecer o filho, dizendo que o 
relacionamento estava acabado, que na~o queria ser pai naquele momento, raza~o pela 
qual na~o reconheceria a paternidade da crianc¸a e tampouco iria contribuir 
economicamente para o bom curso da gestac¸a~o e subsiste^ncia da crianc¸a, que 
deveria ser criada por Moema sozinha. 
Moema ficou desesperada com a reac¸a~o de Toma´s, pois quando da descoberta da 
gravidez estava desempregada e sem condic¸o~es de custear seu plano de sau´de e todas 
as despesas da gestac¸a~o que, conforme atestado por seu me´dico, era de risco. 
Como sua condic¸a~o financeira tambe´m na~o permitia custear as despesas necessa´rias 
para a sobrevive^ncia da futura crianc¸a, Moema decidiu procurar orientac¸a~o juri´dica. 
E´ certo que as fotografias, declarac¸o~es de amigos e alguns documentos fornecidos por 
Moema conferiam indi´cios suficientes da paternidade de Toma´s. 
Diante desses fatos, e cabendo a voce^ pleitear em jui´zo a tutela dos interesses de 
Moema como poderia ela garantir condic¸o~es financeiras de levar a termo sua 
gravidez e de assegurar que a futura crianc¸a, ao nascer, tenha condic¸o~es de 
sobrevida? Justifique (em no máximo dez linhas) sua resposta e nela destaque o que 
aconteceria com eventuais alimentos pagos se após o nascimento, feito o exame de 
DNA, restasse consta que Tomás não é o pai da criança.
 
Questão objetiva 1
(IX Exame OAB) Henrique e Nata´lia, casados sob o

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando