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NOME DO CURSO SUELI DE OLIVEIRA EDUCAÇÃO INFANTIL COM ÊNFASE EM EDUCAÇÃO ESPECIAL UM OLHAR PARA O AUTISMO NA EDUCAÇÃO INFANTIL CORONEL SAPUCAIA/MS - 2025 NOME DO CURSO EDUCAÇÃO INFANTIL COM ÊNFASE EM EDUCAÇÃO ESPECIAL SUELI DE OLIVEIRA UM OLHAR PARA O AUTISMO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Pós Graduação em Educação Infantil com Ênfase em Educação Especial. CORONEL SAPUCAIA/MS – 2025 UM OLHAR PARA O AUTISMO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Autor[footnoteRef:1], Sueli de Oliveira. [1: E-mail do autora: suelideoliveira584@gmail.com ] Declaro que sou autor (a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho. Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços). RESUMO - Atualmente, existe uma reflexão sobre a qualidade do conhecimento que é transmitido no Ensino Fundamental, principalmente no que se refere à Educação Especial e Inclusiva, cujo compromisso maior, é incluir, não separar, aceitar as diferenças. Especialistas, cientistas e educadores têm se buscado nas pesquisas e produções científicas, todos eles apontando para a imperiosa necessidade de se trabalhar a qualificação dentro de uma pedagogia que inclua competência como resultante da vontade e do comprometimento, o que leva ao entendimento de que o ensino, mais especificamente quando se trata de Educação Inclusiva, está carente de um enfoque que se volte, de forma mais abrangente, para o desenvolvimento da inteligência, favorecendo, em decorrência, a relação pedagógica, situação esta que motivou o interesse em desenvolver, neste artigo, o tema referente ao tratamento dado à Síndrome do Autismo, considerados os princípios básicos inseridos na Inclusão, assunto praticamente novo no Brasil, que suscita mudança e, como tudo o que é novo, gera dúvidas e incertezas em muitas pessoas, ainda não preparadas para enfrentar diferenças. A inclusão escolar de deficientes vai muito além de um modismo: trata-se de uma prioridade, daí a relevância incontestável do tema, sobretudo quando aliada a outra temática de superior importância: o Autismo e suas características. Optou-se pela pesquisa bibliográfica, respeitadas as opiniões dos autores consultados durante a fase de revisão de literatura. Os resultados obtidos demonstram que trabalhar com Inclusão é responsabilidade do professor consciente, aquele que aceita, entende e procura desenvolver a criatividade do aluno diagnosticado como autista. Palavras-chave: Pedagogia. Educação Especial e Inclusiva. Síndrome do Autismo. Atuação do professor. 1- INTRODUÇÃO Não se tem podido negar que a campanha da Inclusão Já, desencadeada em todo o Brasil, é um grito de alerta para a sociedade enxergar a realidade das pessoas com deficiência. A campanha demonstra que todas as pessoas são iguais e têm direitos e obrigações garantidos na Constituição Federal Brasileira (CFB). Logo, mesmo que em respeito à Lei Maior, ninguém pode aceitar que a pessoa com deficiência seja estigmatizada como alguém incapaz. É imprescindível que o ser humano viva em harmonia e integrado à sociedade e todos, sem exceção, merecem ocupar seu espaço dentro dela, livres de preconceitos. Não se pode desrespeitar o deficiente, seja qual for sua síndrome. (BRASIL, 2018). Nas últimas décadas, o Brasil colocou nas salas de aula uma grande quantidade de crianças e jovens antes excluídos do sistema de educação. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), a média nacional da taxa de atendimento escolar a crianças entre sete e 14 anos, em 1980, era de 80,9% em 2000, ano em que foram registradas 35,7 milhões de matrículas no Ensino Fundamental. Alguns Estados apresentaram números ainda mais expressivos. Frequentemente, os péssimos resultados obtidos pelos alunos brasileiros no Sistema de Avaliação do Ensino Básico (SAEB) é atribuído ao ingresso maciço desses jovens, que vêm de famílias de baixa renda e pouco instruídas. (MACEDO, 2004). Entende-se, pois, ser necessário mais do que criar condições para os deficientes, é preciso dar a eles a oportunidade imprescindível de conviver em sociedade. A Inclusão é um desafio que implica mudar a escola como um todo, no Projeto pedagógico, na postura diante dos alunos, na filosofia que se pretende assumir, enfim, a importância da Inclusão é incontestável, daí o objetivo que se traça neste artigo, no sentido de caracterizá-la como forma democrática de ensino, enfatizando a necessidade de tratamento igualitário para todas as pessoas, sem exceção. E o deficiente, a criança diagnosticada como Autista há que ser atendida, através de educação de qualidade. 2- DESENVOLVIMENTO As pessoas deficientes chegam a representar 10% da população brasileira. É fato que possuem, em sua grande maioria, ampla experiência de exclusão social – são limitações nas possibilidades de convívio e usufruto dos equipamentos sociais e, sem dúvida, têm sido submetidas a diversos tipos de discriminação. Porém, tanto exclusão como a discriminação são instrumentos perversos que representam entraves à plenitude da cidadania para todos - e comprometem, portanto, os princípios básicos da Democracia. Assim, a integração desta parcela da população à vida social - o que inclui o acesso à educação e atendimento especializado em função de necessidades próprias - e o resgate de seus direitos básicos de cidadania são um imperativo para o próprio fortalecimento do sistema democrático. Os deficientes, não raro, apresentam dificuldades em aprendizados e conscientizam-se de suas inabilidades, sentindo-se, por vezes, excluídos, o que pode causar maior comprometimento intelectual. Neste direcionamento, torna-se imprescindível a cooperação dos familiares no sentido de facilitar a esses indivíduos um amadurecimento equilibrado e uma convivência prazerosa com seus familiares e parentes, colegas de escola e em sociedade. Também é responsabilidade da escola, seja ela inclusiva ou não, facilitar a apreensão do conhecimento através de métodos adequados e dinâmicos, importando destacar que o diagnóstico precoce aumenta a chance de adaptação à aprendizagem significativa, sendo que aquele que se refere ao funcionamento cognitivo depende da avaliação de técnicos devidamente habilitados (psicólogos, neurologistas, fonoaudiólogos etc.), mas a avaliação adaptativa estará sempre na dependência da observação dos pais e da família. Diante do exposto, necessário se faz que todos se conscientizem de que, como bem colocado por Emílio Figueira: Atitudes preconceituosas sobre as pessoas deficientes, podem gerar problemas maiores que os reais. Ao ser discriminado negativamente dentro de seu grupo social, o deficiente - notando tais atitudes -. passa a se sentir "um estranho no mundo", o que pode lhe trazer um conflito psíquico e originar um problema ainda maior, além dos que já carrega devido a sua limitação. (FIGUEIRA, 2018, p. 4) Afinal, faz parte da cidadania responsável dar atenção diferenciada ao vasto contingente de brasileiros afetados por deficiências inatas ou adquiridas. Esta, a finalidade da Educação Inclusiva, na prática do cotidiano. Uma ação educativa comprometida com a cidadania e com a formação de uma sociedade democrática e não excludente deve, necessariamente promover o convívio com a diversidade, que é marca da vida social brasileira. Essa diversidade inclui não somente asdiversas culturas, os hábitos, os costumes, mas também as competências, as particularidades de cada um. Aprender a conviver com o diferente, relacionar-se com pessoas que possuem habilidades e competências diferentes, que possuem expressões culturais e marcas sociais diferentes, é condição necessária para o desenvolvimento de valores éticos, como a dignidade do ser humano, o respeito ao outro, a igualdade e a equidade e a solidariedade. (BRASIL, MEC/SEF, 1998). A educação é prioridade, sempre. Ensinar e ensinar bem também é prioridade, em todo mundo. Priorizar a Inclusão e ensinar bem em classes inclusivas é prioridade no Brasil, sem dúvida. É necessário que todos os professores estejam cientes que, numa Escola Inclusiva, a qualidade do ensino ministrado aos alunos é o ponto central. Segundo estabelece o artigo terceiro do Decreto nº. 3.298, de 20 de dezembro de 1999, que atualizou a Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (PNPPD)2: [...] pessoa portadora deficiente é aquela que apresenta, em caráter permanente3, perdas ou anormalidades de sua estrutura ou função. A Política Nacional para Integração da Pessoa Deficiente foi instituída pelo Decreto nº. 914, de 6 de setembro de 1993. Psicológica, fisiológica ou anatômica, que gerem incapacidade4 para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano. (BRASIL, 1999) Entende-se que, apesar das limitações, essas pessoas devem, cada vez mais, participar da sociedade na qual estão inseridas, tendo garantido seu acesso à educação, ao trabalho, à saúde, a fim de que as dificuldades da deficiência não se somem às vulnerabilidades decorrentes da pobreza, exclusão, segregação. Nesse sentido, o objetivo de um governo popular e democrático como o brasileiro é propiciar aos cidadãos oportunidades de inclusão social, para que todos tenham igualdade de direitos. A inclusão social foi a idéia que guiou a elaboração de políticas e leis na criação de programas e serviços voltados ao atendimento das necessidades educacionais e especiais dos deficientes nos últimos 50 anos. Este parâmetro consiste em criar mecanismos que os adaptem aos sistemas sociais comuns e, em caso de incapacidade por parte de alguns deles, criar-lhes sistemas especiais separados. Assim a sociedade como um todo, e sobretudo as escolas, deverão envidar esforços para que ocorram modificações nas estruturas e serviços oferecidos, abrindo espaços conforme as necessidades de adaptação específicas para essas pessoas providenciando para que sejam elas capazes de interagir naturalmente em seus contatos, passando a serem vistas pelo seu potencial, suas habilidades e aptidões. Trata-se de promover a inclusão social, que consiste em tornar toda a sociedade um lugar viável para a convivência entre pessoas de todos os tipos e inteligências na realização de seus direitos, necessidades e potencialidades. 3 Deficiência permanente é aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos. 4 Incapacidade é uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais, para que a pessoa deficiente possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida. Por este motivo, os inclusivistas têm trabalhado para mudar a sociedade, no sentido de possibilitar a todos, a inclusão e, nesse contexto, se insere a Educação, como prioridade. Necessário se faz, portanto, caracterizar as necessidades educacionais especiais. A verdade é que a deficiência, segundo comenta Júlio Romero Ferreira “é uma e são várias”. Em sua opinião: Ao longo da história, nas diferentes organizações sociais, mesmo num dado momento e em dada cultura, há uma grande variação nos critérios qualitativos (tipo de características) e quantitativos (grau de diferença) que definem um indivíduo como excepcional: como alguém que se distancia dos padrões de normalidade, a ponto de requerer ou justificar cuidados especiais. O que se percebe pela literatura é a presença constante, na evolução da civilização, da definição de excepcionalidade ou anormalidade em casos mais evidentes de deficiência, nos quadros hoje classificados como de deficiências severas ou múltiplas. (FERREIRA, 1994, p. 13) O autor supracitado entende que “o próprio conceito de excepcionalidade é contemporâneo, controvertido e não universal”. Segundo Júlio Romero Ferreira (1994, p. 14), “é deste século a noção de agrupar sob o mesmo rótulo pessoas com habilidades intelectuais destacadas e com atrasos intelectuais, cegos e até idosos”. No Brasil, segundo as definições oficialmente vigentes, a deficiência incluiria os deficientes da visão (cegos e parcialmente cegos); da audição (surdos e parcialmente surdos); os deficientes físicos (não sensoriais); os deficientes mentais (educáveis, treináveis, dependentes); as pessoas com deficiência múltipla; aquelas diagnosticadas com problemas de conduta e os superdotados. Entretanto, segundo o entendimento de Júlio Romero Ferreira: A existência de um déficit no organismo, mesmo sensorial, não significa necessariamente excepcionalidade para as decisões de classificação e atendimento. Nem todas as deficiências constitucionais do organismo traduzem-se em classificações de excepcionalidade. Tipicamente, a diferença ou deficiência que transforma o deficiente em excepcional tem a ver com os processos de autonomia e independência pessoal, e, principalmente, produtividade. Assim, destacam-se itens que se relacionam com demandas específicas de adequação às normas sociais, em termos de interação social, de atuação escolar, de adaptação ao mercado de trabalho. (FERREIRA, 1994, p. 14) Segundo indica Júlio Romero Ferreira (1994, p. 15): “existe uma grande variação de uma para outra área profissional, de uma para outra abordagem científica, de uma para outra instituição social, com relação ao que se define como excepcionalidade”. O mesmo autor, ao analisar a dificuldade em se encontrar uma definição exata para caracterizar essas pessoas comenta que, “independentemente dos critérios ou dos sistemas classificatórios, contudo, não há como mascarar o fato de que a definição da anormalidade está profundamente condicionada pelas conveniências da normalidade”. Contudo, deficiência tem como conceito bastante difundido aquele da Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes (DDPD) aprovado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1975, e citado por João Baptista Cintra Ribas: O termo pessoas deficientes refere-se a qualquer pessoa incapaz de assegurar por si mesma, total ou parcialmente, as necessidades de uma vida individual ou social normal, em decorrência de uma deficiência congênita ou não, em suas capacidades físicas, ou mentais. (RIBAS, 1997, p. 10). Na opinião de Maria Regina Cazzaniga Maciel: Cada deficiência acaba acarretando um tipo de comportamento e suscitando diferentes formas de reações, preconceitos e inquietações. As deficiências físicas, tais como paralisias, ausência de visão ou de membros, causam imediatamente apreensão mais intensa por terem maior visibilidade. Já a deficiência mental e auditiva, por sua vez, são pouco percebidas inicialmente pelas pessoas, mas causam mais estresse, à medida que se toma consciência da realidade das mesmas. A falta de conhecimento da sociedade, em geral, faz com que a deficiência seja considerada uma doença crônica, um peso ou um problema. O estigma da deficiência é grave, transformando as pessoas cegas, surdas e com deficiências mentais ou físicas em seres incapazes, indefesos, sem direitos, sempre deixados para o segundo lugar na ordem das coisas. É necessário muito esforço para superar este estigma. (MACIEL, 2000, p. 2) É preciso, e constitucionalmente, deixar posto que cada pessoa tem direito igual à dignidade, à cortesia, ao respeito e aos meios possíveis máximos para que desenvolva qualquerpotencial de que disponha, não porque isso a torne um ser mais produtivo e uma pessoa mais aceitável socialmente, mas porque esses são seus direitos de nascimento como ser humano. Logo, é necessário que se reflita sobre a importância da autoimagem e da autoestima também para o indivíduo que possui limitações. É preciso entender que o autoconceito se estrutura a partir da percepção de como se é visto e avaliado pelo outro. Como foi bem posicionado por Maria Regina Cazzaniga Maciel: Em nome da igualdade de atendimentos, muitos teóricos radicais defendem a inclusão escolar de forma simplista: é só colocar esse aluno na classe comum e tudo se resolve. Entretanto, suas teses não refletem a realidade de que as pessoas com deficiência possuem necessidades educativas especiais e, assim, pouca contribuição tem trazido para todos os envolvidos na questão. Também em nome da igualdade de atendimentos, muitos deles negam veementemente as experiências positivas de escolas e de classes especiais, que souberam desenvolver o potencial de seus alunos e, dessa forma, contribuíram para a sua inclusão junto à sociedade. Negar os trabalhos positivos do passado é esquecer que a construção do conhecimento está baseada no acúmulo de experiência adquirida. (MACIEL, 2000, p. 18) A autora supracitada, em seu comentário, reforça que a construção do conhecimento está fundamentada no acúmulo de experiência adquirida, de modo que a evolução histórica tem importância maior. Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, em estudo intitulado O Trabalho Protegido do Portador de Deficiência (1999), referindo-se à educação dos deficientes, considera que: [...] houve tempos em que estas pessoas eram sacrificadas, pois a sociedade alegava que estas não tinham qualquer tipo de utilidade para viver em meio ao povo considerado “normal. Só no ano de 1972 foi criado o atendimento pedagógico e educacional para os PNE, em virtude da formulação do I Plano Setorial de Educação, pelo qual o governo elegeu por área prioritária a Educação Especial. Apenas em 1981, a questão relacionada aos PNE ganhou maior importância em nível internacional. Neste mesmo ano, o Brasil promoveu um congresso que trouxe grandes reflexões e troca de experiências entre os vários países participantes. Neste momento desencadearam-se algumas diretrizes e deveres das pessoas deficientes. (FONSECA, 1997, p. 135-9) Durante muitos anos, o processo histórico referente à deficiência e à Educação Especial continuou praticamente paralisado e, somente a partir de 1981, é que o brasileiro foi, efetivamente, tomando consciência da necessidade de atender individual e socialmente o deficiente. Na expressão de Moacir Alves Carneiro: Somente quando o direito à igualdade e à cidadania tornaram-se pontos de preocupação dos pensadores, a história da Educação Especial começou a mudar, principalmente com a legislação brasileira, que deixa claro na Lei nº. 7.853/1989, no art. 5º, que dá ao Ministério Público “a responsabilidade da defesa dos interesses coletivos e difusos dos Portadores de Necessidades Especiais. (CARNEIRO, 2010, p. 38) O autismo, ou Transtorno do Espectro Autista (TEA), é uma condição do desenvolvimento que afeta a comunicação, o comportamento e a interação social. Nos últimos anos, vem crescendo a conscientização sobre a importância de um olhar atento e sensível para a inclusão de crianças autistas no ambiente educacional. A educação infantil, sendo um período crucial para o desenvolvimento das competências sociais e emocionais, torna-se um espaço privilegiado para promover a inclusão e a valorização da diversidade. Compreender o autismo na educação infantil requer uma abordagem multidisciplinar que abarca aspectos psicológicos, pedagógicos e sociais. O papel da família, das instituições e dos educadores é fundamental nesse processo. A colaboração entre esses agentes educativos é essencial para oferecer um ambiente que favoreça o aprendizado e a socialização das crianças com TEA. O convívio em sala de aula com colegas neurotípicos proporciona experiências enriquecedoras que ajudam na construção de habilidades sociais e emocionais. As diretrizes brasileiras, como a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, estabelecem que a escola deve ser um espaço inclusivo, que respeite as particularidades de cada aluno. Porém, para que isso se concretize, é fundamental que as instituições de ensino adotem práticas pedagógicas diferenciadas que levem em conta as necessidades específicas dos alunos autistas. Isso inclui a formação de educadores, que precisam estar preparados para lidar com as diversidades que encontrarão em sala de aula. Estratégias como o uso de recursos visuais, a realização de atividades sensoriais e a adaptação do ambiente escolar são algumas das abordagens que podem ser implementadas. A comunicação também desempenha um papel fundamental. Para muitas crianças autistas, a comunicação verbal pode ser um desafio. Portanto, utilizar métodos alternativos, como o uso de sistemas de comunicação aumentativa, pode ser eficaz para facilitar a interação e a expressão das necessidades e pensamentos dessas crianças. Além disso, a inclusão de crianças autistas na educação infantil envolve não apenas estratégias didáticas, mas também a promoção de um ambiente acolhedor e respeitoso. É essencial trabalhar a empatia e a sensibilização entre os alunos, de modo que a diversidade seja vista como uma riqueza, e não como uma barreira. Atividades que promovam a convivência e o respeito às diferenças são fundamentais para cultivar um clima escolar saudável. Por outro lado, os desafios de incluir alunos autistas nas salas de aula regulares não podem ser ignorados. Educadores frequentemente se deparam com a falta de recursos, espaços inadequados e formação insuficiente. A realidade das escolas ainda apresenta lacunas significativas na implementação de uma educação verdadeiramente inclusiva. Portanto, é crucial que haja políticas públicas que garantam recursos adequados e capacitação contínua para educadores, além de um suporte psicológico e social para os alunos e suas famílias. Em conclusão, um olhar atento para o autismo na educação infantil implica em reconhecer as especificidades de cada criança e promover um ambiente inclusivo que favoreça o seu desenvolvimento integral. A construção de uma educação inclusiva demanda um compromisso coletivo, envolvendo educadores, famílias e a sociedade como um todo. Ao valorizar a diversidade e proporcionar condições adequadas para o aprendizado, estaremos contribuindo para a formação de cidadãos mais empáticos e conscientes das diferenças que enriquecem nosso convívio social. Existe resposta para o questionamento feito anteriormente. Não mais se leva à criança autista mensagens de fora para dentro, impondo aprendizagens que favoreçam, cada vez mais o estigma de seu quadro, deixando de lado a percepção de suas habilidades espontâneas, que são as normais, consideradas suas condições e ignoradas suas motivações intrínsecas, sem resgatá-las, significativamente. É preciso facilitar a intervenção terapêutica com pessoas que possam estar limitadas em seu modo de existir temporal. É importante entender o Autismo Infantil em suas características relevantes, inserido o favorecimento que a família, se adequadamente trabalhada pelos profissionais, sobretudo orientada pelo professor de uma escola inclusiva, que passa boa parte do tempo convivendo com a criança Autista pode proporcionar à criança que tem essa deficiência. Assim, emerge a necessidade de Indivíduos-cidadão, sabedores e conscientes de seus valores e de seus direitos e deveres, crescendo, portanto, a relevância da Educação e, mais ainda, a importância da inserção de todos num programa educacional que, pelo menos, lhes tire da condição de ignorância. Em consequência, cresce, também, a necessidade de se planejar programas educacionais flexíveis que possam abranger o mais variado tipo de alunado e que possam, ao mesmo tempo, oferecer o mesmo conteúdo curricular sem perda da qualidadedo ensino e da aprendizagem. (SANTOS, 2000). Na opinião de Ana Maria Morales Crespo: No Brasil, a demolição das antigas visões e a lenta, mas firme, construção de uma imagem mais real tiveram início quando, no final da década de 70, pela primeira vez, as pessoas com deficiência desautorizaram seus antigos porta-vozes – ou seja, os religiosos, os médicos, os psicólogos, enfim, os profissionais e beneméritos de plantão – de falarem por eles. Os deficientes passaram a falar por si mesmos e exigiram ser ouvidos. Ombro a ombro, com os demais cidadãos, as pessoas com deficiência iniciaram e disseminaram por todo País uma nova imagem. Tomaram em suas próprias mãos o seu destino. (CRESPO, 2018, p. 4) Importa salientar que, muito embora o texto legal brasileiro venha cada vez mais afirmando sua concordância com uma linha inclusiva de educação (ver, por exemplo, o artigo 208, III8 da Constituição em vigor-1988), na prática verifica-se ainda uma grande discrepância em relação ao que diz a Lei, ou ao que manifestam as falas de professores, e a prática. Essa nova postura requer, sobretudo, o repensar da Educação geral. A Educação Inclusiva desta é uma vertente, como modalidade de atendimento, inserida no contexto do ensino regular. A este compete operar as necessárias modificações e adaptações, com flexibilidade para a abertura de pluralidade de estratégias. Hoje, a situação de segregação parece estar superada. Compreender as crianças deficientes significa, em primeiro lugar, compreendê-las como crianças, e só então compreender os aspectos em que seus desvios podem influenciar seu desenvolvimento e comportamento. As necessidades básicas sociais, psicológicas e educacionais das crianças que apresentam necessidades especiais são idênticas às de todas as crianças e podem ser satisfeitas praticamente da mesma maneira geral, somente os aspectos específicos diferem. As motivações básicas de afeto, aceitação e aprovação existem, quer o corpo seja belo ou caricato, quer os movimentos sejam graciosos ou tornados desajeitados e desordenados por uma doença ou por um acidente, e quer a fala seja melodiosa ou gutural. Encontram-se pontos fortes e fracos em graus variados, em todas as categorias de pessoas, nas favorecidas tanto quanto nas desfavorecidas, nas normais e nas anormais, nas desviantes e em todos os grupos étnicos. Cada pessoa tem direito igual à dignidade, à cortesia, ao respeito e aos meios possíveis máximos para que desenvolva qualquer potencial que disponha, não porque isso a torne um ser mais produtivo e uma pessoa mais aceitável socialmente, mas porque esses são seus direitos de nascimento como ser humano. Pelo exposto anteriormente, prioritariamente compreende-se que o professor deve considerar seu aluno como um todo: afetividade, emoções, movimento e espaço físico se encontram num mesmo plano. Sendo assim, os temas e as disciplinas não devem se restringir a trabalhar o conteúdo, mas a ajudar a descobrir o eu no outro. 3- CONCLUSÃO Certamente, muitas pessoas podem ficar surpresas ao saberem que as pessoas deficientes perfazem cerca de 10% da população brasileira. Muitas delas são autistas. Deve-se ter em conta, primeiramente, o drama humano que tal situação representa, ao infligir sofrimento inimaginável às vítimas do problema e atingir, de forma analogamente dolorosa, suas famílias, fatos por si mesmos suficientes para atrair nossas preocupações e aconselhar que não mais se relegue a questão a plano secundário. Além disso, não podemos nos furtar, sobretudo se temos a responsabilidade de exercer cidadania, de considerar o pesado ônus social que advém dessa realidade. São milhões de brasileiros condenados à inutilidade social, deixados à margem da cidadania; são milhões de seres humanos praticamente abandonados, em desigual competição com seus colegas sadios, por faltar-lhes ensino especial; e, finalmente, são outros poucos que têm a sorte de encontrar, em instituições adequadas, o atendimento que requerem – e ainda assim para transformarem-se, mais uma vez em vítimas da incompreensão e preconceito. Acreditamos que a maior parte de nós haveria de se surpreender, também, se nos detivéssemos a pensar no quanto o preconceito é capaz de atuar como fator de inibição do muito que poderíamos fazer nesse campo. E o preconceito, bem sabemos, não se origina de instinto inerente ao ser humano, pois que é hábito adquirido, aleijão moral que se instala solenemente, sem que nos avisemos, sequer, de sua presença – pois ninguém, exceto possuidores de irremediáveis vícios de caráter, admite-se ou deseja-se preconceituoso. A pesquisa encetada serviu, sobretudo, além de caracterizar a Inclusão e destacar sua importância, para deixar posto que o atendimento do deficiente precisa ser tão diferenciado quanto possível, de modo a corresponder adequadamente à idade cronológica em conexão com a idade mental do educando, bem como aos graus de insuficiência em meio à diversidade da excepcionalidade. Este, o papel do educador na Educação Inclusiva. Este é o papel do educador que convive cotidianamente com o Autista em sala de aula. Possibilitar progresso em termos de aprendizado e convivência social. Possibilitar o prazer de aprender. Sem dúvida, é a educação do deficiente, como a educação em geral, um direito do cidadão e um dever do Estado. E aí está a Inclusão e sua importância para constatar a veracidade desta premissa. E de fato, os próprios alunos que apresentam algum tipo de deficiência devem ser tidos como motivação para os professores que, a partir da observação diária em sala de aula devem também passar a aprofundar-se nas deficiências e nas metodologias adequadas a elas. 4- REFERÊNCIAS ANDRADE, Maria Margarida de; MEDEIROS, João Bosco. Manual de elaboração de referências bibliográficas. São Paulo: Atlas, 2001. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS E TÉCNICAS. NBR 6023. Informação e documentação – Referências – Elaboração. Rio de Janeiro, ago. 2002. Informação e documentação – Citações em documentos – Apresentação. Rio de Janeiro, ago. 2002. BEUST, Marina Lima. O autismo aponta o dedo para o Brasil. Folha da Região, Araçatuba-SP, 8 maio 2009, p. E-2. BONORA, Lucilene Maria Batista. A intervenção psicopedagógica em casos de autismo. Disponível em: . Acesso em 12 fev. 2025. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 59. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. (Col. Saraiva de Legislação) . Decreto n. 3.298, de 20 dez. 1999. Regulamenta a lei n. 7.853, de 24 out. 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção e dá outras providências. Brasília-DF, DOU de 21.12.1999. . Lei n. 7.853, de 24 de outubro de 1989. Dispõe sobre o apoio às pessoas deficientes, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - Corde, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes, e dá outras providências. Brasília-DF: DOU, 25 out. 1989 . Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. v. 1. Brasília-DF, MEC/SEF, 1998. CARNEIRO, Moacir Alves. LDB fácil: leitura crítico-compreensiva, artigo a artigo. Petrópolis-RJ: Vozes, 2010. CRESPO, Ana Maria Morales. Pessoas com deficiência e a construção da cidadania. Disponível em: Acesso em 12 fev. 2025. FACULDADE NOVA ATENEU/IPEMIG. Orientação do trabalho de conclusão de curso (TCC). Pós-graduação/núcleo comum. São Paulo, 2014. image1.png