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P R O F . P A U L A C O R D E I R O Discussões da análise do comportamento acerca dos transtornos psiquiátricos Seleção natural Darwin Seleção por consequências Skinner Aquisição e manutenção do comportamento. Diferenças de comportamento deveriam ser explicadas pelos mesmos processos básicos que explicam a existência das diferentes espécies: variação e seleção. AC Não vê os comportamentos humanos problemáticos como “doenças” ou “psicopatologias”. Comportamentos têm causas e naturezas iguais aos demais comportamentos. “Existem os fenômenos comportamentais chamados de transtornos mentais?”; “Por que esses padrões comportamentais são chamados e classificados como transtornos mentais?”; “O que distingue a normalidade da anormalidade?”. Problemas clínicos Motivos que levam um indivíduo a procurar ajuda de um psicólogo clínico: Busca de autoconhecimento e/ou Dificuldade em enfrentar um problema sozinho (transtornos psiquiátricos) Autoconhecimento engajamento em um comportamento que produz maior acesso a reforçadores. Conhecer melhor seus comportamentos gera como consequência, mais reforço ou reforçadores mais potentes. Ex: Bom relacionamento amoroso. Maior parcela dos clientes que procuram um clínico o faz porque “está com problemas”. Problemas seus comportamentos não produzem aquilo de que ele gostaria ou, quando produzem, trazem consigo sofrimento. Dificuldades em emitir respostas que diminuam estimulações aversivas ou que dêem acesso a reforçadores. Dificuldade em produzir reforçadores ou eliminar ou atrasar aversivos pode se dar por diferentes motivos: Falta de repertório; Falhas no controle discriminativo; Dificuldade em relação à intensidade (excesso ou insuficiência) da resposta; Psicólogo Identificar estes comportamentos e auxiliar o cliente na mudança destas relações, permitindo maior acesso a reforçadores e/ou menor exposição a eventos aversivos. O outro motivo que alguns psicólogos atribuiriam como determinante na busca por um trabalho clínico (análise) é “estar acometido por um transtorno psiquiátrico”. Seriam os “transtornos psiquiátricos” diferentes dos demais “problemas clínicos”? Avanço dos estudos da psiquiatria e das ciências do comportamento “Transtornos psiquiátricos” como qualquer outro comportamento sofrem influência em três níveis: Filogenético, Ontogenético e Cultural Biopsicossocial. Não existem diferenças entre “transtornos psiquiátricos” e outros “problemas clínicos”. Há aqueles que defendem que apesar de os “transtornos psiquiátricos” sofrerem influências múltiplas, sua diferenciação dos outros problemas se dá pela sua presumida origem orgânica. Para a AC, a psicologia é uma ciência natural, alinhada com a biologia (modelo de seleção natural). O comportamento é entendido como algo que é natural e variável e passa por um processo de seleção pelos efeitos que produz no ambiente, o que chamamos de seleção por consequências. Comportamento é produto de variação e seleção em três níveis: Filogenético Predisposição a responder de determinada maneira, a qual foi herdada através de seleção de genes; Ontogenético Indivíduo naturalmente age de forma variável produzindo mudanças no ambiente, sendo essas selecionadoras de repertório; Cultural Sensibilidade ao ambiente social que integra, sendo este selecionador de padrões comportamentais típicos daquele grupo. Não se dá a uma das instâncias selecionadoras tratamento diferencial ou maior importância. Importante observar o entrelaçamento entre elas. Problemas psiquiátricos vs. Problemas clínicos Causas “orgânicas” (físicas) Causas “psicológicas” (metafísicas) Todo comportamento resulta da história do indivíduo Entrelaçamento de mutações genéticas, experiências diretas ou transmitidas pelo grupo social que integra. Transtornos psiquiátricos também são produtos dessa história, recebendo maior ou menor influência de cada um destes aspectos da história. “Transtornos psiquiátricos” são comportamentos multideterminados em suas origens e em sua manutenção. Ex1: Criança com desenvolvimento atípico (autismo). Forte determinação no nível filogenético. Influências nos níveis ontogenético e cultural. Ex2: Transtorno de ansiedade generalizada. Não apresenta influência filogenética. Apresenta padrão comportamental específico com fortes influências nos níveis ontogenético e cultural. Psicólogo clínico deve compreendendo o fenômeno por esta perspectiva e deverá buscar identificar as contingências que influenciaram o desenvolvimento deste repertório e, mais ainda, as contingências que o mantêm. Encontrar meios eficientes de intervir sobre tais padrões comportamentais, resultando em menor sofrimento para o cliente. Normalidade: um conceito definido por práticas culturais “Normalidade” vs. “anormalidade” A classificação de padrões comportamentais como transtornos mentais é determinada por práticas culturais que estabelecem os padrões socialmente aceitos ou não Padrões comportamentais que violam expectativas sociais são tratados, frequentemente, como “anormais” ou “psicopatológicos”. 1ª Classificação entre “sadio” e “acometido por psicopatologias”, é resquício de um dualismo metafísico da Idade Média. Inconsistente com uma visão natural de homem vigente na biologia. Seus seguidores ficam buscando em suas mentes a “causa” e a “cura” desses padrões comportamentais, quando deveriam buscar as “causas” nas histórias desses indivíduos e as “curas”, na maneira como esse indivíduo interage com seu ambiente. 2ª Modelo estatístico de normalidade - trata de uma distorção do modelo de seleção natural de Darwin. Seu método para a definição de um “transtorno” é a comparação entre pessoas. Critérios estatísticos de determinação. De acordo com essa concepção, a natureza produziria a variabilidade entre os organismos; Formas mais perfeitas do que outras se repetiriam mais frequentemente, em uma distribuição que obedeceria à “curva normal”. Dois problemas devem ser identificados neste critério de normalidade: Intencionalidade da natureza e Divisão dos indivíduos em categorias de diferentes qualidades. O modelo de seleção natural de Darwin não fala de relações intencionais entre os organismos e a natureza. O modelo estatístico desvirtua a teoria darwiniana ao atribuir ao ambiente um papel de selecionador da perfeição e, ao mesmo tempo, abre caminho para as visões segregacionistas, que defendem que o mundo é feito para os melhores, ao atribuir às diferenças qualidades – valores como: melhores e piores, perfeitos e imperfeitos, bons e ruins, adequados e inadequados, adaptados e desadaptados, etc. Modelo estatístico de classificação é utilizado até hoje para dizer quem é “normal” e/ou “anormal” ou “transtornado”. CID e DSM expressões dessa visão. AC não compreende nenhuma forma de comportamento como “psicopatológico”, “desadaptativo” ou “anormal”. Se os comportamentos são selecionados por suas consequências, diz-se que todo comportamento é normal. “Análise do comportamento dá ênfase à análise de contingências (avaliação funcional), entendendo que alguns comportamentos merecem maior atenção do clínico ou do profissional de saúde não porque sejam “patológicos” ou “anormais”, mas porque violam expectativas sociais e, consequentemente, trazem maior sofrimento àqueles que os apresentam ou àqueles que com eles convivem”. Padrões comportamentais devem ser analisados como déficits ou excessoscomportamentais. “... mantidos por contingências de reforçamento em um nível que justificaria sua manutenção, mas produzindo, ao mesmo tempo, punição, com manifestações emocionais intensas, gerando sofrimento para a pessoa que se comporta”. (Ferster, 1973) Critério do sofrimento para definir se um comportamento merece ou não uma atenção “especial”. É o sofrimento que a pessoa que se comporta/manifesta, ou os que estão ao seu redor estão submetidos, que justificaria o seu estudo e a busca do seu controle. Sidman (1989/2003) os “transtornos psiquiátricos” são produtos de uma sociedade coercitiva, que puniria alguns tipos de comportamento que lhe são adversos. Algumas formas de adaptação à coerção seriam caracterizadas por respostas de fuga e esquiva que interferem no funcionamento cotidiano da pessoa, o que leva ao desajustamento social e à capacidade reduzida para engajamento construtivo, implicando em custos pessoais e sociais severos.
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