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Tema 1 Introdução ao Estudo e Diagnóstico de Transtornos Mentais (SAVA)

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PSICOPATOLOGIA GERAL 
Tema 1 – Introdução ao Estudo e Diagnóstico de Transtornos Mentais 
Descrição 
• Introdução ao estudo da Psicopatologia e do diagnóstico de 
transtornos mentais: histórico, noções de normal e 
patológico, sofrimento subjetivo, conceituação de transtorno 
e doença mental, técnicas de exame psíquico. 
 
 
Propósito 
• Proporcionar uma visão descritiva dos fenômenos e 
comportamentos disfuncionais, tomando como ponto de 
partida o entendimento das alterações mentais, e promover 
a discussão acerca da diversidade humana, normalidade e 
patologia são pontos fundamentais para o profissional 
psicólogo ter uma visão mais integrada sobre a realidade 
humana. 
Objetivos 
• Módulo 1: Reconhecer as principais correntes teóricas da 
Psicopatologia 
• Módulo 2: Avaliar as diferentes concepções de diversidade, 
normal e patológico 
• Módulo 3: Reconhecer a conceituação de transtornos e 
doenças mentais, e os sistemas classificatórios existentes 
• Módulo 4: Avaliar o comportamento humano, a partir do 
emprego de técnicas no exame psíquico 
 
Introdução 
• O campo da Psicopatologia pode ser entendido como o conjunto de conhecimentos acerca do processo de adoecimento mental em seres 
humanos. Esses fenômenos são marcados pela especificidade psicológica relativa às vivências dos que adoecem e sua dimensão própria, 
genuína, não sendo apenas exagero do que é considerado corriqueiro e funcional. E, também, são marcados por suas conexões 
complexas com a Psicologia, no que diz respeito ao mundo da doença mental como um mundo não totalmente estranho às experiências 
psicológicas funcionais. Embora o conceito de saúde inclua as dimensões de bem-estar biológico, psíquico e social, ainda há uma forte 
influência enraizada pelo modelo biomédico no estudo da Psicopatologia. Sendo assim, cabe ao campo de conhecimento da Psicologia 
considerar, para além do modelo de observação de comportamentos disfuncionais e desadaptativos, para então considerar as 
características sociais presentes na formação da personalidade, tanto funcional como disfuncional. 
• Dessa maneira, este material se propõe a definir o campo da Psicopatologia e o problema da classificação, assim como apresentar os 
conceitos básicos da semiologia psiquiátrica, proporcionando a análise de modelos uni e multidimensionais. Para isso, são discutidas as 
contribuições das diversas áreas, o estudo sobre normal e patológico, e é apresentada uma introdução ao modelo de exame psíquico. 
Para que esse estudo tenha a base necessária para a formação do psicólogo, são também aprofundados os conceitos de normal e 
patológico, que não possuem uma demarcação fixa, mas algo tido como extremamente flexível ao longo da história da Psicopatologia. 
Assim, vamos caminhar entendendo como, historicamente, essa fronteira foi construída por meio dos conceitos técnicos e da junção 
destes com valores, tradições e crenças de determinada época e em um lugar, variando o quadro das doenças mentais. 
____________________________________________________________________________________________________________________ 
MÓDULO 1 
• Reconhecer as principais correntes teóricas da Psicopatologia 
 
O Campo da Psicopatologia 
• Em uma concepção clássica, Campbell (1986, apud Dalgalarrondo, 2000) define a Psicopatologia como um campo científico que trata a 
natureza da doença mental incluindo suas causas, mudanças de estrutura e funções, em conjunto com a forma pela qual a doença se 
manifesta. Dalgalarrondo (2000) apresenta uma definição mais complexa ao defender que nem todo estudo psicopatológico segue a rigor 
os ditames de uma ciência stricto sensu, ou seja, de uma ciência exata como a Matemática e a Física. Assim, o referido autor descreve a 
Psicopatologia como um conjunto de conhecimentos referentes ao fenômeno do adoecimento mental do ser humano. É de destaque, 
para Dalgalarrondo (2000), que no campo psicopatológico encontram-se fenômenos humanos especiais associados ao que histórica e 
observacionalmente foi associado à doença mental. Assim, ao estudarmos esse campo, estamos nos deparando com vivências, estados 
mentais e padrões de comportamento que apresentam, ao mesmo tempo, características disfuncionais (que ultrapassam exageros de 
comportamentos “ditos normais”) e conexões complexas com a existência e o funcionamento psíquico cotidiano (referenteà forma de ser 
e existir no mundo). 
• Foucault (1975), ao realizar uma historiografia do conceito de loucura, apresenta sua evolução, desde o Renascimento até a 
Modernidade, como algo diagnosticável, mas que reflete os deslocamentos de poder e os mecanismos de controle emergentes das 
produções discursivas de cada época, seja no sentido do exílio dos loucos em manicômios, que ocorreu até o estabelecimento de um 
Movimento de Reforma Psiquiátrica, por exemplo, até sua estigmatização, no sentido de associação de comportamentos socialmente 
indesejáveis à loucura. Dessa maneira, Foucault (1975, p. 55) afirma que: O internamento que o louco, juntamente com muitos outros, 
recebe na época clássica não põe em questão as relações da loucura com a doença, mas as relações da sociedade consigo própria, com o 
que ela reconhece ou não na conduta dos indivíduos. 
• Ainda que possamos reconhecer a função de assistência que as internações tiveram ao longo do tempo, não podemos negar a triste 
realidade em que essas medidas foram empregadas em muitos casos, nos quais os asilos e hospitais psiquiátricos eram locais onde 
ficavam excluídos, de modo permanente, diversas pessoas apenas por motivos morais e de controle. 
• Uma visão internacionalmente importante acerca da Psicopatologia é oferecida por Karl Jaspers (1987). Para o autor, a Psicopatologia é 
uma ciência básica que serve de auxílio à técnica clínica, tanto na Psiquiatria como na Psicologia. Como técnica, ele entende o 
conhecimento aplicado a uma prática profissional e social concreta. Desse modo, esse autor, pedra fundamental de Psicopatologia 
Fenomenológica, introduz a ideia de um limite ao campo que deriva do fato de que, embora o objeto de estudo seja o paciente em sua 
totalidade, nunca é possível reduzir por completo o ser humano a conceitos psicopatológicos. 
• Se na Psicopatologia o pensamento deve ser sistemático e rigorosamente conceitual, na prática profissional participa opiniões e intuições 
ao entender o sujeito como complexo e multifacetado e multideterminado. Com isso, é possível entender a Psicopatologia como 
multidimensional, pela diversidade de campos teóricos, indicativa da constante construção dessa ciência, mas também da complexidade 
e multidimensionalidade dos fenômenos patológicos. 
• Você está familiarizado com a definição de sujeito biopsicossocial? A Organização Mundial da Saúde definiu saúde, em 1948, determinada 
pela influência de fatores biológicos ou somáticos, psicológicos e os fatores sociais. Ora, se o sujeito é multifacetado e multideterminado, 
como o estudo de seus fenômenos mentais não seria? Por esse motivo, querer uma única explicação, uma só etiologia, uma única 
concepção teórica taxativa que determine o fenômeno psicopatológico, não só é impossível como também reducionista. 
 
História da Psicopatologia 
• Ao olhar para a história da Psiquiatria, pode-se notar que, por muito tempo, as “doenças” da mente eram vistas como algo que remetia à 
alma, algo do campo imaterial. Entretanto, no século XIX, Kraepelin traz a ideia de que existe um órgão por trás do sofrimento psíquico, e 
esse órgão seria o cérebro. Além disso, ressaltava que era importante classificar esses quadros de sofrimento, visto que cada um 
demonstrava um padrão de sintomas e de evolução da doença. Posteriormente, em meados do século XX, surge o método psicanalítico 
de Freud. 
• Bebendo da fonte de Charcot, Sigmund Freud se dedicou bastante ao estudo da histeria, que Charcot denominava como doença sine 
materiae (doença sem matéria). Freud, então, começou a considerar que haveria uma causa para as doenças da mente, e que essasdeveriam ser causas psicodinâmicas. Ele trouxe, desse modo, a ideia, já muito difundida atualmente, de que acontecimentos na vida de 
uma pessoa, principalmente os que dizem respeito aos estágios iniciais do desenvolvimento, poderiam alterar o psiquismo dela. Com isso, 
surgiu a ideia da clínica em Psicologia, na qual trazer à tona esses acontecimentos traumáticos passados poderia, de alguma forma, 
reverter suas consequências indesejadas no presente. Consequentemente, surgiu, também, a ideia de diagnóstico na clínica psicológica, 
sendo que o diagnóstico, dentro da abordagem de Freud, deveria ser feito pelo acesso ao inconsciente do sujeito, elaborado ao longo da 
análise, lançando mão do uso da transferência e da escuta do discurso do analisando. 
• A Teoria Comportamental, que até então era mais marcada pelo aspecto experimental e pela utilização em laboratórios, migra também 
para a clínica, percebendo que a compreensão do comportamento adquirido segundo o paradigma behaviorista teria muito a 
acrescentar. Logo passa a ser nomeada como Teoria Cognitiva Comportamental (e teve como figura de destaque Aaron Beck), pois deixa 
de estudar apenas o comportamento para investigar também os aspectos cognitivos. Nessa teoria, o pensamento é a base para o 
trabalho na clínica. Dessa forma, o diagnóstico para a TCC é a conceituação cognitiva com o reconhecimento dos pensamentos 
automáticos, das crenças nucleares e intermediárias. 
• Por volta dos anos 1960, surge a Abordagem Centrada na Pessoa, de Carl Rogers, seguida de outras terapias humanistas, com uma forte 
rejeição ao modelo diagnóstico médico e psicométrico. Segundo essa teoria, o adoecimento psíquico é entendido como um bloqueio na 
tendência atualizante. Além disso, surge a ideia de que ninguém poderia saber mais sobre o cliente do que ele mesmo. Desse modo, a 
terapêutica deveria direcionar o paciente para redescobrir a ele mesmo, e dessa forma ele evoluiria bem. Em outras palavras, aqui o 
diagnóstico era considerado algo que rotulava as pessoas. 
• Ainda dentro do movimento humanista, surge a Gestalt-terapia, de Fritz Perls, também com essa ideia de rejeição ao modelo diagnóstico 
médico. Para a Gestalt-terapia, o adoecimento psíquico ocorreria quando a capacidade de ajustamento criativo da pessoa fosse 
interrompida. Dessa forma, o diagnóstico veio voltado para o reconhecimento de padrões de evitação de contato. Logo, a ideia era não 
diagnosticar pessoas, mas diagnosticar padrões em que essas pessoas estão “presas”. Sendo assim, o processo de diagnóstico não é 
fechado, e se dá simultaneamente ao processo terapêutico, pois uma mesma pessoa pode apresentar determinado padrão de evitação 
de contato, e na outra sessão ela já pode manifestar outros padrões, por exemplo. Na atualidade, todos esses enfoques teóricos são 
considerados e, geralmente, não se exclui o diagnóstico sindrômico e nosológico (a nosologia no campo da saúde equivale ao conceito de 
taxonomia. Ela permite a categorização dos transtornos e doenças), assim como tampouco o diagnóstico psicodinâmico. Ao contrário, é 
possível eles caminharem juntos. Veja o resumo das três! 
➢ ABORDAGEM SINDRÔMICA - Apresenta uma visão descritiva dos sintomas e tem uma clínica pautada na eliminação dos sintomas. 
➢ ABORDAGEM NOSOLÓGICA - Busca compreender a doença pela observação e caracterização nosográfica do quadro, visando à 
intervenção mais investigativa e supostamente mais profunda. 
➢ DIAGNÓSTICO PSICODINÂMICO - Preocupa-se em compreender a origem e a dinâmica do transtorno. 
 
 
 
 
 
 
 
Correntes de Estudo da Psicopatologia 
• O campo multidimensional da Psicopatologia tem influência e contribuições de diversas correntes teóricas da Psicologia, Psiquiatria e 
Filosofia. Veja os detalhes, a seguir! 
➢ PSICOPATOLOGIA DESCRITIVA - Dedica-se, basicamente, ao estudo das alterações psíquicas e da estrutura dos sintomas. Portanto, 
busca conhecer a experiência geral e típica. Para Jaspers (1987), nesse campo, as formas importam mais para os estudiosos. Já os 
conteúdos resultantes de funções psíquicas disfuncionais têm caráter individual, sendo esses conteúdos considerados acidentais. 
➢ PSICOPATOLOGIA DINÂMICA - Tem como objeto de investigação científica o conteúdo da vivência patológica e normal, nos 
movimentos internos dos afetos, desejos, temores do indivíduo, ou seja, em sua experiência individual. Bleuler, no final do século XIX 
(apud DALGALARRONDO, 2008), ao estudar tais fenômenos, destacou que quando nos defrontamos com pessoas psiquicamente 
enfermas (termo usado na época), podemos optar por nos concentrar nos sinais e sintomas ou podemos optar pela escuta 
qualificada do sujeito, para tentar compreender uma pessoa humana em sua singularidade, suas aflições, seus temores, seus desejos 
e suas expectativas pessoais. 
➢ PSICOPATOLOGIA MÉDICA - Domina a perspectiva médico-naturalista, na qual a noção de homem é centrada no ser biológico e o 
adoecimento é visto como desregulação do cérebro (DALGALARRONDO, 2008). 
➢ PSICOPATOLOGIA EXISTENCIAL - O sujeito que adoece é entendido como uma existência singular, como um ser lançado a um mundo 
que é apenas natural e biológico na sua dimensão elementar, mas fundamentalmente histórico e humano (DALGALARRONDO, 2008). 
• O campo psicopatológico também é atravessado e influenciado pela visão cognitivo-comportamental e pela visão psicodinâmica, observe! 
• PERSPECTIVA COGNITIVA - Traz um homem visto como 
conjunto de comportamentos, que podem ser observados e 
condicionados por estímulos específicos e gerais, e entende 
que o sintoma resulta de comportamentos e representações 
disfuncionais. 
• POSTURA PSICODINÂMICA - Entende-se o homem como ser 
determinado e dominado por pulsões, desejos, e conflitos 
inconscientes; e os sinais e sintomas observados são 
considerados como forma de expressão de conflitos 
inconscientes recalcados, desejos que não podem ser 
realizados, temores aos quais o indivíduo não tem acesso. 
• Por último, mas não menos importante, na formação do campo que estamos estudando coexiste a ideia dimensional do sintoma, que 
entende as doenças como compostas por dimensões (espectros), que incluem diferentes graus de comprometimento e de alteração de 
funções psicológicas, noção presente no DSM-V com a dimensão categorial, a qual compreende “entidades nosológicas completamente 
individualizadas, com contornos e fronteiras bem-demarcados” (DALGALARRONDO, 2008, p. 37). 
____________________________________________________________________________________________________________________ 
MÓDULO 2 
• Avaliar as diferentes concepções de diversidade, normal e patológico 
 
Normatividade e Anormalidade Segundo Canguilhem 
• Em algum momento, todos nós fizemos a pergunta do que seria normal e o que seria patológico, ou pelo menos não normal. Cientistas, 
psicólogos, médicos e filósofos se debatem em tono dessa questão há muito tempo. Muitos pensam que as definições desses dois termos 
são simples e cartesianas, como 2+2=4. No entanto, a natureza humana e sua existência colocam à prova toda e qualquer possibilidade de 
pensarmos o normal e o patológico como conceitos estanques e dicotômicos. 
• Essa discussão encontra-se no centro da reflexão clínica e na base da formação dos profissionais da Psicologia. Por esse motivo, faz-se 
necessário o uso de ferramentas conceituais para pensar de forma crítica esse problema. Apenas de posse de tais reflexões poderemos 
sair da discussão na ordem no senso comum e entender os limites éticos da intervenção biotecnológica sobre a vida, bem como as 
mudanças sociais que nos levam a pensar e gerir uma linha tênue que separa comportamentos funcionais e disfuncionais. 
• Para podermos gerar uma base epistemológica sólida e clássica sobre essa reflexão em relação à definição de normal e patológico, 
usaremos o pensamento de Georges Canguilhem (1904-1995) importante filósofo e médico francês, autor de importantes obras em 
diferentes áreas. 
[...] o estado patológico em absolutonão difere radicalmente do estado fisiológico, em relação ao qual ele só poderia constituir, sob um 
aspecto qualquer, um simples prolongamento mais ou menos extenso dos limites de variações, quer superiores quer inferiores [...] sem jamais 
produzir fenômenos realmente novos [...].Em outras palavras, para esse autor, o que é dito normal é aquilo que acontece e é observado no 
âmbito da vida cotidiana e, precisamente, a patologia nos permite entender melhor o que seria saúde. 
• Canguilhem destaca que o que se observa e mensura em um comportamento acontece em grande parte da população, passando, por 
conseguinte, a ser considerado normal. Com isso, podemos entender que o conceito de normalidade tem a ver com o conceito de 
normatividade, ou seja, com as normas de funcionamento vigentes e a distribuição estatisticamente normal de comportamentos 
observáveis. A partir desse tipo de conceituação, é necessário sempre ter em mente que a definição de normal vem a partir de um valor, 
e não de um fato (CANGUILHEM, 1982, p. 95-97). 
• No que por muitos é entendida como o antônimo desse conceito está a ideia de anormalidade. Ela é definida pelo mesmo autor não 
como um dado objetivo ou um conceito, nem mesmo como medidas estatisticamente aferidas, mas a partir da implicação que esse 
desvio tem, ou seja, em função do julgamento ou o valor positivo ou negativo que se atribui, relativo à sua funcionalidade no processo de 
preservação e reprodução. Desse modo, Canguilhem (1982) comprova que uma mesma variação objetiva pode ser sinal de normalidade 
ou de patologia, dependendo do contexto em que se apresenta. 
 
 
Continuidade Entre Os Fenômenos da Saúde e Patologia 
• Com as emblemáticas considerações de Canguilhem (1982), torna-se possível entender que, para se descrever um estado ou um fato 
como normal ou patológico em si mesmo, é obrigatório realizar uma análise dos seus efeitos sobre o exercício normativo do organismo, 
ou seja, encontrar a diferença de qualidade entre o estado de saúde ou doença. 
• Se pensamos em saúde como bem-estar biopsicossocial, logo, os estados psicopatológicos serão derivados exatamente por um 
desequilíbrio nesse bem-estar, revelado por um estado de luto, por uma enfermidade biológica, pela apresentação de sinais e sintomas 
que caracterizam comportamentos disfuncionais, ou mesmo por uma reação a questões sociais. 
• Canguilhem apresenta o conceito de normatividade vital, que sugere uma continuidade entre os fenômenos da saúde e da patologia. 
[...] o ser vivo e o meio, considerados separadamente, não são normais; [...] é sua relação que os torna normais um para o outro. O meio é 
normal para uma determinada forma viva na medida em que lhe permite uma tal fecundidade e, correlativamente, uma tal variedade de 
formas que, na hipótese de ocorrerem modificações do meio, a vida possa encontrar numa dessas formas a solução para o problema da 
adaptação que, brutalmente, se vê forçada a resolver. Um ser vivo é normal num determinado meio na medida em que ele é a solução 
morfológica e funcional encontrada pela vida para responder a todas as exigências do meio. (CANGUILHEM, 1982, p. 112-113) 
• Essa citação tão importante para o campo da saúde significa que, para fins de definição da saúde ou da doença, indivíduo e meio não 
podem, de maneira alguma, ser considerados de forma única e isolada. A normalidade ou a patologia, ao contrário do que o senso 
comum aponta, não são dois polos ou conceito opostos, mas duas faces de uma mesma moeda, a moeda que na Psicologia entendemos 
como sujeito ou ser humano. 
• Canguilhem contesta os autores que se opõem à compreensão da patologia como uma variação de grau de um estado considerado sadio. 
O autor defende a tese de que uma patologia, ao ser semanticamente classificada, deve: 
➢ Não usar os prefixos a ou dis. 
➢ Usar os prefixos hipo ou hiper. 
• Assim, considerando a relação entre o sujeito e seu meio e a visão de doença como uma variação, para esse autor, uma patologia pode 
ser a expressão da presença ou ausência de uma determinada característica, que passa a ser vital para a adaptação a um determinado 
contexto. É precisamente nas condições patológicas que a Medicina pode se deparar com importantes descobertas sobre saúde. 
 
A Vida e A Saúde Como Processo Criativo 
• A saúde não pode ser pensada como mera adaptação bem-sucedida do organismo ao meio, porque a norma vital saudável implica não só 
a produção de um equilíbrio adequado às exigências da relação entre os dois polos, mas também a capacidade de recriar esse equilíbrio 
com bases em normas diferentes sempre que isso se tornar necessário. Vemos, assim, uma visão dinâmica, pois as definições de normal e 
patológico não podem ser consideradas de forma estanque. 
• A vida em si implica um processo criativo que demanda resolver a solução para o problema de adaptação, que envolve mais do que 
apenas aspectos físicos relativos ao funcionamento de um órgão, tecido ou estrutura. É nesse contexto que Canguilhem nos oferece uma 
reflexão incrivelmente importante: 
➢ O patológico não é a consequência da ausência de qualquer norma. A doença é ainda uma norma de vida, mas uma norma inferior, 
no sentido de que não tolera nenhum desvio das condições em que é válida, por ser incapaz de se transformar em outra norma. 
(CANGUILHEM, 1985, p. 146) 
• Esse pensamento, que pode parecer complicado no começo, aponta para aspectos muito importantes. Em primeiro lugar, nos permite 
refletir em relação à necessidade de procurarmos construir as ciências do cuidado em saúde livre de preconceitos. Vale lembrar que o 
que pode ser saúde em um determinado momento ou contexto pode ser entendido como doença em outras condições. 
• Quando o autor aponta a ausência de qualquer norma, isso nos permite refletir sobre a necessidade de, como psicólogos, consideremos a 
Psicopatologia como possibilidade de entendermos a experiência de sofrimento como centro do processo terapêutico e de nossa 
atuação. Esse conceito dialoga com a perspectiva e a crítica fenomenológica apresentadas anteriormente. Precisamos entender que focar 
apenas a dimensão chamada patológica e seus sinais pode sacrificar o sujeito que ali existe. Assim, independentemente de 
comportamento disfuncional, não se pode priorizar uma objetividade que não faz sentido, se não traz a promoção de bem-estar para 
quem se encontra em sofrimento psíquico. E mais ainda, não podemos apenas categorizar o sujeito sem compreender a sua condição em 
relação à sua totalidade. 
• Também é importante retomarmos o conceito de normatividade vital para o estudo da Psicopatologia. Mas o que isso quer dizer? O que 
seria essa normatividade vital? 
• Esse autor, central em nossa discussão, conceitua como aquela norma superior de sanidade, ou seja: 
➢ Um sujeito normal é aquele que está dentro das determinações sociais e constrói meios de superar os obstáculos que se oponham a 
seu funcionamento. Logo, ele é capaz de criar padrões para si, sempre que necessário. Já um órgão/organismo é considerado 
patológico por não poder exibir essa plasticidade. 
• Assim, Canguilhem propõe um conceito de normatividade vital como substituto da ideia de normalidade. Canguilhem defende um 
conceito fundamentado na adoção do vitalismo contra o mecanicismo como premissa básica para explicitação da natureza dos 
fenômenos biológicos. O objetivo do autor é, exatamente, conciliar uma visão materialista do mundo sem deslizar para um fisicalismo 
reducionista, que não seria capaz de contemplar a singularidade dos fenômenos vitais frente aos demais fenômenos do universo. O 
pensamento desse autor nos permite ter uma visão integrada do processo saúde doença como processo, promovendo a valorização da 
diversidade e o respeito à singularidade. 
 
 
 
 
MÓDULO 3 
• Reconhecer a conceituação de transtornos e doenças mentais, e os sistemas classificatórios existentes 
 
Semiologia Psicopatológica 
• Na Psicopatologia, Psiquiatria e em outras áreas da saúde, são empregados termoscomo sinais e sintomas para referência aos aspectos 
observáveis do comportamento de sujeitos em uma sociedade que determinarão classificações como funcional ou disfuncional. Dessa 
maneira, é importante ressaltar que a Psicopatologia parte de um sintoma, seja para definir a esfera existencial, seja para classificar 
comportamentos. Nesse contexto, o campo da Psicopatologia tem como influência em sua construção os seguintes conceitos: 
➢ SEMIOLOGIA MÉDICA - É o estudo dos sintomas e sinais 
das doenças, permitindo “identificar alterações físicas e 
mentais, ordenar os fenômenos observados, formular 
diagnósticos, e empreender terapêuticas” 
(DALGALARRONDO, 2008, p. 23). 
➢ SEMIOLOGIA PSICOPATOLÓGICA - É o estudo dos 
diversos sinais e sintomas relativos aos transtornos 
mentais. 
• É de destaque a importância do campo da semiologia na Psicopatologia, que pode ser definido como responsável por estudar a vida dos 
signos no seio da vida social. Essa definição, embora antiga e pertencente ao campo da linguística, é de extrema relevância para a 
Psicopatologia, uma vez que ressalta o signo como “elemento nuclear” da semiologia. Se entendermos que o signo é um sinal que contém 
em si mesmo significado, podemos concluir que essa espécie de sinal pode ser entendida como qualquer estímulo emitido pelos objetos 
ou sujeitos que nos rodeiam. Com isso, entendemos que a semiologia na Medicina e na Psicologia se encarrega de estudar 
especificamente os signos que apontam à existência de sofrimento psíquico, associados a transtornos e patologias. 
• Kaplan e Sadock (2007, p. 306) destacam que “os sinais são observações e descobertas objetivas, como os afetos constritos ou retardos 
psicomotores do paciente. Os sintomas são as experiências descritas por este, expressadas muitas vezes como suas principais queixas, 
como humor depressivo ou falta de energia”. Assim, enquanto o sinal é o comportamento observável e classificável, o sintoma se liga à 
experiência vivida e sentida pelo paciente. 
• A partir dessa visão, é possível entender que a semiologia psicopatológica determina grupos de sinais e sintomas representando 
síndromes para, dessa forma, estabelecer categorias ou definições identificáveis, que se apresentam mais ambíguas do que uma doença 
ou um transtorno determinado (KAPLAN; SADOCK, 2007). 
Na prática clínica, os sinais e os sintomas não ocorrem de forma aleatória; surgem em certas associações, certos clusters mais ou menos 
frequentes. (DALGALARRONDO, 2008, p. 26) 
Doença, Transtornos e Síndromes 
• Antes de prosseguir, é de fundamental importância explicar as diferenças existentes entre os conceitos de doença, transtorno, síndrome 
e distúrbio. 
• DOENÇA - Para entendermos melhor uso da terminologia, precisamos esclarecer a inadequação do uso do termo doença na nosologia 
psicopatológica. No passado, você já deve ter escutado falar sobre doenças mentais. No entanto, essa identificação foi descartada por 
vários motivos. Por um lado, o termo doença se refere ao prejuízo das funções de um órgão ou do organismo como um todo, resultando 
na evidência de sintomas e sinais característicos. Existem vários critérios que determinam que uma condição seja considerada doença: 
➢ Precisa ter uma causa 
conhecida. 
➢ Precisa se manifestar por meio 
de sinais e sintomas 
específicos. 
➢ Precisa provocar alterações 
também características no 
organismo. 
• TRANSTORNO - No caso dos transtornos, entendemos que eles se apresentam com uma alteração na saúde, nem sempre associada a uma 
doença propriamente dita. As diversas categorias nosológicas em Psicopatologia se comportam como transtornos porque não cumprem 
os critérios supracitados de doença: não apresentam uma etiologia determinada; e ainda contando com sinais e sintomas identificáveis, 
eles são mais variados do que no caso de uma doença, assim como a diversidade das consequências que podem acarretar. Dessa maneira, 
o termo transtorno passa a ser o usado no caso de alterações no psiquismo, inclusive porque a palavra doença, nesse meio, acarretou 
historicamente um estigma social, que buscamos eliminar em Psicopatologia. 
• SÍNDROME - A delimitação do conceito síndrome se liga ao fato de que não são identificáveis etiologias específicas de uma natureza 
essencial do processo psicopatológico (pode existir mais de uma causa, em alguns casos). Uma síndrome representa um conjunto de 
sinais e sintomas que, sem causa específica, resultam em vários processos patológicos, com manifestações clínicas de uma ou mais 
doenças e/ou transtornos. Como exemplo, temos a síndrome de Burnout, a síndrome do pânico, a síndrome de Down, entre outras. 
Nelas, não se fala de uma etiologia determinada, mas é possível observar uma série de moléstias e problemas de ordem psíquica e física 
no sujeito que padece. Por exemplo, na síndrome de Burnout existem alterações no sono, falta de concentração, alterações no s istema 
imune e outras condições diversas. 
• DISTÚRBIO - Diferentemente da síndrome, não necessariamente aponta para um diagnóstico fechado, e apresenta anormalidades 
funcionais de um órgão ou de um sistema, como, por exemplo, os distúrbios alimentares que envolvem diversas causas. Para a 
construção das características semiológicas (conjuntos de sinais e sintomas que caracterizam uma síndrome ou transtorno) são 
considerados os seguintes fatores: 
➢ etiologia; 
➢ curso temporal; 
➢ desfechos típicos; 
➢ mecanismos psicológicos e psicopatológicos; 
➢ antecedentes genéticos e de desenvolvimento; 
➢ repostas aos tratamentos mais e menos previsíveis. 
Ordenação dos Fenômenos Psicopatológicos e Sinais Patognomônicos 
• Nesse contexto, os fenômenos psicopatológicos são ordenados conforme o quadro a seguir: 
Fenômeno Descrição 
Fenômenos semelhantes Ocorrem em todas as pessoas (p. ex., medo de animais perigosos, ansiedade frente a uma situação 
social nova). 
Fenômenos parcialmente semelhantes Aqueles que em parte são semelhantes ao que o paciente vivencia (a tristeza é apenas parcialmente 
semelhante ao humor deprimido). 
Fenômenos qualitativamente novos Fenômenos que são próprios para certas doenças e estados mentais. 
Quadro de Ordenação dos Fenômenos Psicopatológicos 
• Observando o quadro, chegamos ao que autores clássicos como Dalgalarrondo (2008) e Kaplan e Sadock (2007) apontam como o 
problema da classificação. Classificar, nesse contexto, implica a complexa atividade de utilizar a observação sistemática e cuidadosa das 
manifestações psicopatológicas para classificar, interpretar e ordenar os fenômenos observados. 
• O problema reside no fato de que há muitos traços semelhantes entre fenômenos normais e patológicos, ao mesmo tempo em que há 
uma variedade de definições que se aplicam a ambos. Apenas os fenômenos qualitativamente novos nos permitem identificar melhor 
transtornos específicos, como no caso de delírios, alucinações, entre outros. Entretanto, na Psicopatologia não contamos com sinais 
chamados de patognomônicos, quer dizer, sinais que são considerados como diacríticos ou que nos permitem identificar uma doença de 
forma característica. 
EXEMPLO - No diagnóstico de doença de Chagas, temos o sinal de Romaña e que se caracteriza por oftalmia unilateral. Isso quer dizer que, na 
presença desse marcador ou indicador (sinal), a doença é diagnosticada sem sombra de dúvidas. 
• Ainda sem esses sinais, na Psicopatologia, a classificação é importante uma vez que é por meio dela que determinamos se um dado 
transtorno mental é válido e se a categoria representa de forma eficiente e uniforme as ocorrências do transtorno, para apoiar as 
inferências sobre o tratamento. Além disso, é pelos sistemas classificatórios que acessamos a história causal do transtorno e podemos 
julgar quão informativa é a categoria classificatória. 
• Como já explicamos, devemos nos lembrar de que na Psicopatologia existe um debate entre as definições do que é considerado normal e 
o que é considerado patológico, mas isso não descarta o fato de pressupor que algumasalterações comportamentais ou cognitivas são 
parte de um transtorno e não de outro. Nesse contexto, vale ressaltar: Todo sistema de classificação precisa ser confiável e descrever 
subgrupos específicos de sintomas que, especialmente para clínicos experientes, sejam evidentes e facilmente identificáveis. Além disso, 
sistemas de classificação pouco confiáveis estão sujeitos a vieses por parte dos clínicos, assim, é obrigatório que um sistema de 
classificação passe por um processo de validade (BARLOW; DURAND, 2016, p. 84). 
 
A Validade dos Sistemas Classificatórios 
• Em Psicopatologia, contamos com diferentes sistemas classificatórios que nos permitem estudar e identificar os transtornos e as 
síndromes observadas. Muitos desses sistemas são atualizados regularmente buscando a sua adequação às mudanças sócio-históricas e 
culturais associadas à saúde mental, assim como adequação a mudanças na terminologia e informações mais apropriadas. Podemos citar: 
➢ Manual Diagnóstico e Estatístico de transtornos Mentais 
(DSM-V) - Elaborado pela American Psychiatric 
Association. 
➢ Classificação Internacional de Doenças 11 (CID-11) - 
Elaborada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). 
• Barlow e Durand (2016) entendem a validade desses sistemas como valor de construto, nos quais sinais e sintomas escolhidos como 
critério para a categoria estão consistentemente associados, e o que identificam difere de outras categorias. Nesse contexto, há o valor 
preditivo/de critério, que se liga à capacidade de prever o curso e o desfecho em um paciente prototípico e o valor de conteúdo, atrelado 
a critérios diagnósticos que devem refletir a maneira como a maioria dos especialistas do campo veem a categoria. 
• Nos estudos sobre validade, também se destacam sua conceituação como um construto diagnóstico válido apenas se sua estrutura 
interna corresponde a como os sintomas são estruturados na população, o que mais uma vez remete à lógica dialógica dos conceitos de 
normalidade e patologia (ZACHAR; JABLENSKY, 2015). 
• Ao retomar a perspectiva multidimensional da Psicopatologia, é possível pensar criticamente e concluir que afirmar que uma doença 
mental é causada por uma alteração no funcionamento do cérebro, ou por condicionamento, ou por mecanismos de defesa 
inconscientes; é aceitar um modelo linear e unidimensional, que tenta traçar as origens do comportamento a uma única causa (BARLOW; 
DURAND, 2016). 
• Mesmo os modelos que afirmam se opor ao modelo biomédico têm essa característica. Assim, modelos mais contemporâneos buscam 
interpretar as alterações do comportamento como resultantes de múltiplas influências – perspectiva sistêmica – isso “implica que 
qualquer influência particular contribuindo para a Psicopatologia não pode ser considerada fora do contexto [que], nesse caso, refere-se à 
biologia e ao comportamento do indivíduo, bem como ao ambiente cognitivo, emocional, social e cultural” (BARLOW; DURAND, 2016 , p. 
29). 
• A partir de todo o conteúdo apresentado até aqui é preciso ressaltar: 
➢ Os circuitos específicos envolvidos nos transtornos mentais são sistemas complexos, identificados por vias de neurotransmissores 
que inervam várias regiões. 
➢ Fatores psicológicos e sociais influenciam fortemente esses circuitos; mais uma vez é possível remeter à questão da interrelação 
biopsicossocial se provando como estritamente importante para o estudo da psicopatologia. 
• Dessa maneira, as “experiências psicológicas precoces afetam o desenvolvimento do sistema nervoso e, portanto, determinam a 
vulnerabilidade a transtornos psicológicos na vida adulta. Parece que a própria estrutura do sistema nervoso está constantemente 
mudando como resultado da aprendizagem e da experiência, mesmo em idosos, e que algumas dessas mudanças tornam- se 
permanentes” (BARLOW; DURAND, 2016, p. 52). 
• Estudos como o de Tseng (2007) apontam de um ponto de vista conceitual que existem seis modos diferentes com os quais a cultura 
pode contribuir para os transtornos mentais: 
➢ EFEITOS PATOGÊNICOS - Ligam-se a situações nas quais 
a cultura é um fator de efeito direto na formação da 
doença. Isso se dá quando a síndrome que ocorre tende 
a ser relacionada à vivência cultural. 
➢ EFEITOS SELETIVOS - Dizem respeito à tendência de 
algumas pessoas, diante de acontecimentos vitais, de 
selecionar certos padrões de reação determinados pela 
cultura que resultam na manifestação de certos 
transtornos. 
➢ EFEITOS PLÁSTICOS - Estudam como a organização social 
contribui para a modelagem das manifestações da 
patologia (p. ex., conteúdo de sintomas). 
➢ EFEITOS ELABORADORES - São as reações exageradas 
em algumas culturas, por meio do reforçamento cultural 
(p. ex., suicídio honroso em algumas culturas orientais). 
➢ EFEITOS FACILITADORES - Incidências de transtornos por 
meio de costumes (p. ex., transtornos alimentares nas 
sociedades ocidentais pós-industriais). 
➢ EFEITOS REATIVOS - Entendimento dos membros de 
uma cultura acerca de uma síndrome e/ou transtorno. 
• A partir desses conceitos, encerramos o estudo sobre sofrimento subjetivo, conceituação de transtorno mental e sistemas classificatórios. 
Lembre-se de que sempre precisamos lançar mão de uma visão sistêmica e multidimensional acerca desses temas, com vistas a 
entendermos os sujeitos e seus acometimentos de saúde mental dentro do âmbito biopsicossocial. 
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MÓDULO 4 
• Avaliar o comportamento humano, a partir do emprego de técnicas no exame psíquico 
 
Exame Psíquico e Sua Importância 
• O exame psíquico possui como objetivo a hipotetização de 
um diagnóstico, a formulação de um prognóstico e a 
formulação de um projeto terapêutico. Esse complexo 
processo tem início a partir de uma entrevista, que além de 
permitir a observação de sinais e sintomas psicopatológicos 
deve estabelecer rapport e vínculo entre psicólogo e 
paciente. 
RAPPORT - Este termo deriva do francês rapporter, que significa trazer de 
volta. Refere-se à oportunidade de criar uma sintonia e empatia com outra 
pessoa. O rapport pode incluir elementos como, atenção mútua, 
positividade e coordenação, muito utilizado nas relações pessoais e 
profissionais. 
• O contexto no qual a entrevista acontece pode ser diverso: uma paciente que procura um serviço de psicologia voluntariamente; ou para 
ele é encaminhado; a ida a um hospital geral; uma visita domiciliar do Núcleo de Apoio à Saúde da Família etc. 
• Para que o rapport e o vínculo terapêutico sejam bem estabelecidos, é importante que a entrevista aconteça em um ambiente seguro, 
agradável e no qual a obrigação de sigilo possa ser mantida. Recomenda-se que o psicólogo se apresente e explicite de maneira clara para 
o paciente o motivo da entrevista e do exame psíquico. Além disso, esse processo só deve prosseguir após o paciente entender o objetivo 
e dar explicitamente seu consentimento. Caso necessário, familiares podem ser entrevistados também. Isso acontece, frequentemente, 
no caso de crianças e adolescentes, pois só é possível prosseguir com qualquer processo diagnóstico e terapêutico nessa população, caso 
haja autorização de pelo ao menos um dos responsáveis. 
ATENÇÃO - Fique atento a dois importantes requisitos para que um bom exame psíquico ocorra: o treino e o estudo. É preciso se preparar antes 
de cada atendimento, treinar a capacidade de observação da linguagem falada e corporal do paciente. 
• Observe uma lista com regras básicas: 
➢ No começo, deve-se deixar o paciente falar livremente, e só depois perguntar de modo mais específico temas ou pontos duvidosos. 
➢ É preciso saber quando e como interromper o paciente: sem cortar o fluxo da comunicação, mas sem deixar que a minuciosidade ou 
a prolixidade (alterações da forma do pensamento) prejudiquem a obtenção da história clínica. Sempre controlar e dirigir a 
entrevista. 
➢ Não formular as perguntas de maneira monótona ou mecânica. O diálogodeve ser tão informal quanto possível. 
➢ Evitar perguntas muito sugestivas, fechadas, que podem ser respondidas com um simples sim ou não. É melhor perguntar: Como 
você está se sentindo? Você está ansioso? 
➢ Não aceitar jargões fornecidos pelos pacientes, como nervoso, deprimido, tenho pânico: pedir que ele explique o que quer dizer com 
essas palavras. 
➢ Certificar-se de que o paciente compreende as perguntas: utilizar linguagem acessível, sem termos médicos. 
(CHENIAUX, 2015, p. 21) 
 
 
Pontos Básicos do Exame Psíquico 
• Outro procedimento muito usado na dinâmica do exame psíquico é a anamnese, um processo que significa algo como rememorar, 
relembrar. Geralmente, segue-se um roteiro preestabelecido, do qual o estudante ou profissional deve se lembrar. No entanto, o uso 
desse roteiro não deve afetar a espontaneidade e a naturalidade do processo de condução de uma entrevista clínica. 
• A seguir, serão destacados alguns itens de extrema importância para o exame psíquico em Psicopatologia. Os itens essenciais para um 
bom exame psíquico para identificação de sinais e sintomas que caracterizam síndromes e transtornos são: 
➢ Identificação; 
➢ queixa principal; 
➢ motivo do atendimento; 
➢ história da doença atual; 
➢ história patológica pregressa; 
➢ história fisiológica; 
➢ história pessoal; 
➢ história social; 
➢ história familiar. 
• Além da anamnese, incluem-se na avaliação do paciente, um completo exame psíquico e a conduta terapêutica. 
• Para fins didáticos, no quadro a seguir estão listados os itens e suas definições: 
Item Conceituação 
Identificação Composta pelos dados pessoais, auxilia no processo de formação de vínculo, bem como na coleta sobre histórico do 
paciente que pode trazer informações preciosas para a observação de sinais semiológicos e sintomas. 
Queixa 
principal 
É o foco na história da doença atual, deve ser redigida nas palavras do paciente. 
Motivo do 
atendimento 
Necessário quando não há consciência sobre a morbidade e as informações são fornecidas por outra pessoa. 
História da 
doença atual 
Relato sobre a época do início dos sintomas até o presente momento. Fornecida pelo paciente ou informantes, em caso de 
menores de idade ou pacientes psicóticos em episódios de surto. 
História 
patológica 
pregressa 
Referente a estados mórbidos anteriores que não se relacionam com a patologia atual. Deve incluir todos os 
acometimentos de saúde retratados. 
História 
fisiológica 
São investigados gestação (da mãe), nascimento, aleitamento, desenvolvimento psicomotor (andar, falar, controle 
esfincteriano), menarca, catamênios, atividade sexual, gestações, partos, abortamentos, menopausa, padrões de sono e de 
alimentação. 
História pessoal Esse tópico pode ser fundido com a história pregressa e elementos da identificação. É importante pesquisar acerca de 
infância, adolescência; sexualidade; vida laboral; personalidade em momentos anteriores ao da queixa atual. 
História social Informações relativas à moradia: condições sanitárias, pessoas com quem convive, número de cômodos, privacidade, 
características sociodemográficas da região; situação socioeconômica; características socioculturais; atividade ocupacional 
atual; situação previdenciária; vínculo com o sistema de saúde; atividades religiosas e políticas; antecedentes criminais. 
História familiar São os dados relacionados a doenças psiquiátricas e não psiquiátricas; ter sido a gravidez desejada ou não pelos pais do 
paciente, separação dos pais, quem criou o paciente; ordem de nascimento entre os irmãos, diferenças de idade; 
características de personalidade dos familiares, o relacionamento entre eles e deles com o paciente; atitude da família 
diante da doença do paciente; relacionamento com o cônjuge e filhos. 
O Exame do Estado Mental 
• Considerando os itens da anamnese, do processo de rapport 
e estabelecimento de vínculo com o paciente, chega-se à 
etapa de maturação da elaboração do exame psíquico, que 
constitui o exame do estado mental. Emprega-se aqui o 
termo maturação, visto que esse processo se inicia no 
começo do contato e na coleta de dados com o paciente e/ou 
seus familiares. Nesse processo, são descritas as alterações 
presenciadas ao longo da sequência das entrevistas. 
• Devemos ressaltar a afirmação de Jaspers (1987, p. 31): “A 
maioria das autodescrições psicopáticas deve ser considerada 
de modo bastante crítico. Os doentes relatam, para serem 
agradáveis, o que deles se espera, ou por sensação quando 
notam o interesse”. Dessa maneira, esse processo deve ser 
considerado como fluido e altamente mutável. Daí a noção 
utilizada pela Psicologia não de diagnóstico, mas de hipótese 
diagnóstica. 
• Objetivamente, descreve-se no exame psíquico apenas 
alterações presenciais e detectáveis no momento da 
entrevista. No reporte ou na redação de prontuário são 
descritas também as condições diante das quais foi realizado 
o exame, como, por exemplo, número de sessões; local; 
demanda etc. 
• O examinador deve estar atento à interseção entre as 
funções psíquicas e suas alterações, avaliando-as de forma 
simultânea e observando a presença de alterações 
qualitativas e quantitativas. 
 
 
CONCLUSÃO 
Considerações Finais 
• Neste conteúdo, estudamos a história e as principais 
correntes da Psicopatologia, entendendo suas origens, 
principais contribuições, bem como seu caráter 
multidimensional e observacional. Também nos 
aprofundamos na discussão entre normal e patológico, 
discutindo como a sociedade influencia os conceitos de 
normalidade e disfuncionalidade. Dessa maneira, procuramos 
nos distanciar da visão cartesiana do conceito de saúde como 
total ausência de doença. Também foi possível notar a 
interdependência do estudo da dimensão multidimensional 
da Psicopatologia para compreensão de tais conceitos e 
discussão. 
• Ao nos aprofundarmos nos conceitos de sofrimento 
subjetivo, conceituação de transtorno e doença mental e 
sistemas classificatórios, entramos em uma esfera técnica 
relevante para as discussões em Psicologia e Psicopatologia. 
Foram apresentados os conceitos de semiologia 
psicopatológica, sintomas e síndromes, bem como discutidos 
os dilemas dos sistemas de classificações de transtornos 
mentais. 
• Por fim, fizemos uma importante transição entre teoria e 
prática, ao nos dedicarmos ao estudo do exame psíquico, 
com características e requisitos para sua realização. 
Entendemos a diferença entre entrevista, anamnese e como 
essas técnicas compõem a totalidade de questões relativas ao exame mental. 
Verificando O Aprendizado 
• Módulo 1 
1. (Adaptado de: Prefeitura de Itambaracá - PR - 2020 - Prefeitura de Itambaracá - PR – Psicologia) Com base na 
conceituação de Psicopatologia, sua história e seus fenômenos, assinale a alternativa que define esse campo do 
conhecimento: 
a) É o ramo da ciência que trata da natureza essencial da 
doença mental, suas causas, as mudanças estruturais e 
funcionais associadas a ela e suas formas de 
manifestação. 
b) Como conhecimento que visa ser científico, baseia-se 
apenas na observação de comportamentos e normas 
sociais. 
c) A Psicopatologia pode julgar moralmente o seu objeto, 
além de buscar observar, identificar e compreender os 
diversos elementos da doença mental. 
d) A Psicopatologia não é uma ciência interdependente de 
outros saberes; é um prolongamento da neurologia ou 
da psicologia, apenas. 
e) A Psicopatologia, como ciência, exige um pensamento 
unicamente conceitual, que seja sistemático e que 
possa ser comunicado de modo inequívoco. 
A alternativa "A" está correta. A Psicopatologia baseia-se em parâmetros científicos e dedica-se ao estudo da doença mental, desde suas 
características etiológicas até suas manifestações. Por conseguinte, baseia-se para além da observação dos comportamentos de normas 
sociais, em critérios de estudos experimentais. Por se tratar de uma abordagem científica, julgamentos morais e éticos estão fora de questão. 
2. (Adaptado de MS CONCURSOS- 2021 - Prefeitura de São Francisco do Guaporé - RO – Psicólogo) Qual conceito mais se 
aproxima da Psicopatologia? 
a) É um campo clínico e de investigação teórica da psique 
humana, independente da Psicologia, com origem na 
Medicina. 
b) É uma área do conhecimento que objetiva estudar os 
estados psíquicos relacionados ao sofrimento mental. É a 
área de estudos que está na base da Psiquiatria e Psicologia 
c) É uma abordagem específica, ágil e orientada no problema 
atual do paciente. 
d) Dá ênfase às interações entre emoções, pensamentos, 
comportamentos e estados fisiológicos. 
e) Constitui o estudo unicamente clínico do comportamento 
do paciente. 
A alternativa "B" está correta. A Psicopatologia como campo de conhecimento é multidimensionalmente determinada, cujo objeto de estudo 
constitui os estados psíquicos relacionados ao sofrimento e adoecimento mental. Para tanto, leva o histórico de vida do paciente em 
consideração, não apenas o momento atual e considera aspectos biopsicossociais envolvidos no histórico do sujeito. 
 
• Módulo 2 
1. Canguilhem propõe que o estado patológico não é a ausência de uma norma, pois não existe vida sem normas de vida, e 
o estado patológico também é uma forma de se viver. Considerando essa afirmativa e seus estudos acerca do âmbito da 
Psicopatologia, assinale a afirmativa correta acerca do conceito de patologia e anomalia para o autor. 
a) A patologia constitui tudo aqui que foge do comportamento 
socialmente aceitável. 
b) Não existe diferença entre normalidade e patologia. 
c) Os estados patológicos podem ser definidos a partir da 
implicação que esse desvio tem, o valor positivo ou negativo 
que se impõe sobre o processo de preservação e reprodução 
da vida. 
d) Os estados de normalidade ou patologia não dependem de 
critérios psicopatológicos, mas, única e exclusivamente, de 
normas sociais. 
e) O estado patológico implica, invariavelmente, em desvio 
social. 
A alternativa "C" está correta. Assim como explicitado no texto: tomar o normal como normativo implica, assim, definir o patológico não como 
desvio em relação a um padrão objetivamente definido, mas como expressão de uma potência normativa constrangida, uma resposta criativa, 
mas "infeliz", não tão bem-sucedida quanto a norma saudável, as injunções da vida no meio em que o ser vivo se encontra. 
2. (Agente Técnico de Assistência à Saúde (SAP SP) /2018) O conceito de normal e patológico é extremamente relativo. Não 
é possível discutir a questão da normalidade e da patologia sem retomar as contribuições de Canguilhem para a questão. 
Para esse autor, o que é normalidade? Assinale a alternativa correta. 
a) Normalidade é a ausência de sintomas, de sinais ou de 
doenças. Nesse sentido, normal é o indivíduo não portador 
de um transtorno mental definido. 
b) Completo bem-estar físico, mental e social, e não 
simplesmente como ausência de doença. 
c) A definição se fundamenta sobre o conceito de normal e seu 
oposto, o anormal constitui um problema conceitual sem 
solução. 
d) O que em uma sociedade é considerado normal, adequado, 
aceito ou mesmo valorizado, em outra sociedade ou em 
outro momento histórico pode ser considerado anormal, 
desviante ou patológico, assim, o normal e o patológico são 
variantes históricas, apenas. 
e) É uma questão de grau e não apenas de natureza, isto é, 
nos indivíduos normais e nos anormais existem traços 
funcionais e disfuncionais de personalidade e de conteúdo, 
que, se mais ou menos ativadas, são responsáveis pelo 
desequilíbrio e abertura de quadros patológicos. 
A alternativa "E" está correta. Canguilhem define os conceitos de normalidade e patologia, a partir da contraposição ao objetivismo, colocando 
o indivíduo dentro da sua determinação biopsicossocial, como central na definição de normalidade. Dessa forma, nenhuma resposta 
determinista, que exclui a complexidade pode estar correta. 
 
• Módulo 3 
1. Assinale a alternativa que contém a conceituação de semiologia psicopatológica: 
a) É o estudo dos sinais e sintomas dos transtornos mentais. 
b) É o estudo dos sintomas e sinais das doenças tanto físicas 
como mentais. 
c) São observações e descobertas objetivas sobre transtornos 
mentais. 
d) É um campo mais amplo, que estuda “a vida dos signos no 
seio da vida social”. 
e) Estudo de sinais providos de significação. 
A alternativa "A" está correta. A semiologia psicopatológica é definida por Dalgalarrondo (2008) como o estudo dos sinais e sintomas que 
caracterizam os transtornos mentais. Você deve observar a especificidade da pergunta, diferenciando o referido conceito de semiologia médica 
e linguística. Além disso, também deve refletir sobre a diferença conceitual entre sinal semiológico e sintoma, que significa a significação 
atribuída ao sinal pelo paciente. 
2. O problema da classificação de síndromes e transtornos na Psicopatologia está ligado a uma série de variáveis, mas 
principalmente à validade. Assinale a alternativa que contém o conceito correto de validade: 
a) Subgrupos específicos de sintomas que sejam evidentes e 
facilmente identificáveis por clínicos experientes. 
b) Determinação se um transtorno mental é real. 
c) Normatividade da categoria classificatória. 
d) Verificação se os sintomas se agrupam de maneira uniforme 
por todas as ocorrências do transtorno, e se a categoria 
apoia inferências sobre o tratamento. 
e) É um construto diagnóstico cuja estrutura interna 
corresponde a como os sintomas são estruturados na 
população. 
A alternativa "E" está correta. A validade se liga à correspondência do construto diagnóstico com os sintomas estruturados pela população; já a 
confidencialidade se liga a subgrupos específicos de sintomas identificáveis por especialistas experientes. Determinação, normatividade e 
verificação estão descritas e conceituadas por si só nas próprias alternativas. 
 
• Módulo 4 
1. Assinale a alterativa que conceitua corretamente exame psíquico: 
a) É a realização da anamnese do paciente. 
b) É a realização da primeira entrevista diagnóstica com o 
paciente. 
c) É o exame do estado mental, no qual é necessário o 
estabelecimento de rapport e vínculo com o paciente. 
d) É a escuta livre do paciente, sem objetivos prévios. 
e) É a realização de um questionário estruturado com o 
paciente. 
A alternativa "C" está correta. O exame psíquico constitui um processo de avaliação do paciente que envolve desde o primeiro contato e inclui o 
processo de realização de anamnese e entrevistas iniciais. Esse processo não ocorre de maneira desestruturada e deve seguir parâmetros 
específicos. 
 
2. Os principais requisitos para que um bom exame psíquico ocorra são o treino e o estudo. É preciso se preparar antes de 
cada atendimento. Assinale a característica que descreve uma afirmativa verdadeira acerca dos requisitos para um bom 
exame psíquico: 
a) É preciso saber conduzir dinamicamente o diálogo com o 
paciente, gerenciando o fluxo da comunicação, sem deixar 
que a minuciosidade ou a prolixidade (alterações da forma 
do pensamento) prejudiquem o contexto, a narrativa ou 
discurso pertencente ao contexto clínico. Sempre 
administrar e dirigir a entrevista. 
b) O diálogo deve ser tão formal e estruturado o quanto 
possível. 
c) Optar por questões sugestivas, fechadas, que podem ser 
respondidas com um simples sim ou não. 
d) Solicitar que o paciente classifique com jargões como 
deprimido, ansioso, com síndrome do pânico. 
e) Utilizar sempre uma linguagem técnica. 
A alternativa "A" está correta. Para realização de um bom exame psíquico, a linguagem deve ser acessível e compreensível ao paciente, além 
disso, devem ser empregados termos cotidianos e se evitar tecnicismos. Também é importante que a condução do exame seja o mais informal 
possível, com vistas a deixar o paciente à vontade. Deve-se solicitar ao paciente que descreva o que sente com suas palavras, pedindo a 
clarificação do uso de jargões técnicos absorvidos pelo senso comum.

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