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Curso de Direito Administrativo para TRT GO 
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AULA 09: CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO 
Olá pessoal, tudo bem? 
Essa aula será prático-teórica. Explico. 
Esse é um dos itens menos importante do Edital. Não é 
costume das organizadoras cobrar em provas, e, quando nos 
provoca, é com questões mais tranquilas, com menor grau de 
dificuldade. A não ser, obviamente, que se trate de concurso para a 
área de Controle, como é o TCU e a CGU. E, por falar em TCU, 
tivemos a autorização de novas vagas. Mas, por enquanto, força total 
para o TRT GO. 
Desejo muito disposição a todos, 
Vamos que vamos, 
Cyonil Borges. 
 
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Parte I – Controle da Administração 
 
1. Fundamento 
O interesse coletivo é a finalidade maior da Administração 
Pública, que trabalha para garantir que a sua atuação corresponda ao 
que espera o titular do patrimônio público: o povo. Por esse motivo a 
atuação da administração deve ser pautada pela indisponibilidade 
do interesse público, pelos princípios da administração pública, 
pela eficiência, pela legalidade, pela legitimidade dos atos, entre 
outros, e são esses aspectos que são observados pelo controle. 
Afinal, há de se dar conta ao titular da coisa pública, o povo, para 
que esse possa verificar se a coisa pública está sendo administrada 
da forma mais eficiente. 
Não só o Poder Executivo sofre controle, mas também o 
Poder Legislativo e o Poder Judiciário sofrem quando atuam 
atipicamente, ou seja, administrando. 
A existência de mecanismos de controle do Estado, a contenção 
deste pelos cidadãos, remonta o Estado de Direito (as leis são 
elaboradas pelo Estado, e pelo Estado, observadas). Assim, apesar de 
os Poderes da República ser independentes, a atuação entre eles 
deve ser harmônica, de maneira que são comuns, nas democracias 
modernas (como é a brasileira), os sistemas e modelos efetivos de 
acompanhamento e fiscalização da atividade administrativa do 
Estado: controle judicial, controle legislativo e controle 
administrativo. 
É oportuno registrar que as atividades da Administração 
Federal obedecerão aos seguintes princípios fundamentais: 
planejamento, coordenação, descentralização, delegação de 
competência e controle. Isso mesmo. Ao lado de outros princípios, o 
legislador fez destaque expresso ao princípio do controle. Tais 
princípios acham-se expressos no “vetusto” Decreto Lei 200, de 
1967, que dispõe sobre a organização da Administração Federal, o 
qual, apesar de adstrito à União, serve para fixar as diretrizes gerais 
para os demais entes políticos (Estados, Distrito Federal e 
Municípios). 
É certo que a não imunização dos atos e atividades do 
Estado-administrador contribui para a proteção dos cidadãos, 
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equilíbrio entre os Poderes estruturais do Estado e, por conseguinte, 
para a melhoria dos serviços prestados pelo Estado. 
2. Conceito, finalidade e abrangência 
2.1. Conceito 
O Controle da Administração é então o poder de 
fiscalização e correção que sobre ela exercem os órgãos dos 
Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo, com o objetivo de 
garantir a conformidade de sua atuação com os princípios que lhe 
são impostos pelo ordenamento jurídico. (Di Pietro). 
Enfim, é a prerrogativa de que dispõe os organismos estatais 
e, por vezes, os cidadãos, de verificar e corrigir os atos ou 
atividades do Estado. Esse poder de fiscalização, de vigilância, 
de orientação, e de correção incide sobre a Administração 
Pública em seu sentido amplo, isto é, sobre todos os atos 
produzidos pelos Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo, 
enquanto atuem no exercício da atividade administrativa. 
2.2. Finalidade 
 Os mecanismos de controle, interno ou externo à 
Administração, visam assegurar que o Estado-administrador 
conduza seus atos em conformidade com a lei e ajustada com os 
princípios gerais, bem como, que a atuação não desvie da margem 
de conveniência e de oportunidade garantida, expressa ou 
implicitamente, pelo legislador aos administradores públicos. 
2.3. Abrangência 
O controle pode vir sob as mais variadas formas, sob os 
enfoques interno e externo. Um bom exemplo de controle interno 
é o efetuado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), art. 103-B 
da CF, de 1988. Já o controle externo, em que a verificação ocorre 
por órgão ou Poder estranho à Administração, pode ser realizado 
pelo Ministério Público, Poder Judiciário, Congresso Nacional e 
por cidadãos. 
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3. Espécies 
3.1. Quanto ao órgão 
 - Administrativo ou interno (art. 74 da CF). 
 - Legislativo ou Parlamentar (art. 70 da CF, por exemplo). 
 - Judicial (Mandado de Segurança e Habeas Corpus, por 
exemplo). 
3.2. Quanto ao momento 
- Controle prévio ou preventivo ou “a priori” – o controle 
prévio se dá antes mesmo da formação do ato em si, ele é 
requisito formação do ato, de validade do ato, e também de 
eficácia do ato. Sem esse controle o ato nem mesmo integrará o 
mundo jurídico. Exemplos deste tipo de controle são as 
autorizações, as aprovações, a liquidação de despesas mediante 
prévia nota de empenho. 
O mais simples exemplo, e do qual todos nos lembramos 
facilmente, é quando o Senado Federal aprova a escolha do 
Presidente da República para uma determinada nomeação, exemplos: 
Ministros dos Tribunais, Procurador Geral da República, dirigentes de 
Agências Reguladoras. Mas esse exemplo de controle é do 
Legislativo sobre o Executivo, podemos falar de controle do 
Judiciário dentro do Legislativo, ou do Judiciário dentro do 
Executivo. No primeiro caso, a concessão de mandato de segurança 
para deputado que queira garantir a participação em processo 
legislativo legítimo pode ser dado pelo Judiciário. No segundo caso a 
concessão de liminar em mandato de segurança preventivo concedido 
a qualquer administrado que queira garantir direito líquido e certo 
contra ato administrativo que ainda não tenha sido concluído. 
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 - Controle Concomitante ou sucessivo – é aquele que 
acontece “ao mesmo tempo” em que está sendo praticado o ato. 
Fazendo “link” com a gramática o controle concomitante é o controle 
que acontece no gerúndio ! Podemos dizer que os 
“acompanhamentos” são uma espécie de controle concomitante, uma 
licitação, a assinatura de um contrato administrativo, a auditoria nas 
obras do PAN , nas obras da COPA de 2014, nas obras das 
OLIMPÍADAS de 2016 (ei, parece que a comissão é a mesma do PAN! 
(tsc, tsc)). Também o controle sobre o serviço público é dessa 
categoria. Tudo isso é controle concomitante, aquele que se tem ao 
tempo da prática do ato para se evitar maiores prejuízos. O 
controle concomitante é principalmente fiscalizador. 
 Controle Posterior ou corretivo ou “a posteriori” – é 
principalmente corretivo, isso porque o ato já aconteceu, está 
concluído. O objetivo é anular atos ilegais e corrigir defeitos sanáveis 
de alguns atos ou ainda dareficácia a outros atos. Envolve institutos 
como a revogação de atos inconveniente e inoportuno, e a 
anulação de atos ilegais, homologação e aprovação de atos para 
conferir-lhe eficácia, convalidação de atos para correção de 
defeitos. 
 No artigo 71 da CF temos um dos exemplos mais conhecidos 
desse tipo de ato: 
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será 
exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual 
compete: 
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão 
de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, 
incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, 
excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, 
bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, 
ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento 
legal do ato concessório; 
O exemplo acima é o tipo de controle que confere eficácia ao 
ato administrativo, ou pode ainda recusá-lo. 
Dos controles, o efetuado pelo judiciário é tipicamente “a 
posteriori”, salvo, por exemplo, quando concede liminares em 
mandato de segurança antes da conclusão dos atos, como 
sobredito, isso porque, geralmente, são demandados a rever atos que 
já aconteceram, já fazem parte do mundo jurídico. 
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3.3. Quanto ao alcance 
Como o próprio nome denuncia, o controle interno é aquele 
exercido pela própria Administração sobre os seus atos. 
Encontramos nos arts. 70 e 74 da CF, de 1988, previsão do referido 
controle, a seguir: 
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, 
operacional e patrimonial da União e das entidades da 
administração direta e indireta, quanto à legalidade, 
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e 
renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso 
Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de 
controle interno de cada Poder. 
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário 
manterão, de forma integrada, sistema de controle 
interno com a finalidade de: 
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano 
plurianual, a execução dos programas de governo e dos 
orçamentos da União; 
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, 
quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, 
financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da 
administração federal, bem como da aplicação de 
recursos públicos por entidades de direito privado; 
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e 
garantias, bem como dos direitos e haveres da União; 
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão 
institucional. 
§ 1º - Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem 
conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, 
dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob 
pena de responsabilidade solidária. 
§ 2º - Qualquer cidadão, partido político, associação ou 
sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar 
irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de 
Contas da União. 
Percebam que os responsáveis pelo controle interno, caso 
tomem ciência de qualquer irregularidade e não representem 
contra o fato diante do Tribunal de Contas, serão considerados 
responsáveis solidários. Fixem isso na memória, pois as banca 
adoram dizer que a responsabilidade é subsidiária, NÃO É, a 
responsabilidade é SOLIDÁRIA. Como exemplos de órgãos de 
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controle interno podemos citar os CNJ e CNMP, respectivamente, 
Conselho Nacional de Justiça e Conselho Nacional do Ministério 
Público. 
Ainda podemos falar do controle hierárquico e do controle 
finalístico. O controle hierárquico é o que sofrem os órgãos do 
poder executivo, esse controle revê atos, avoca competência, fiscaliza 
atividades, tudo para garantir a finalidade pública. Esse controle está 
ligado à autotutela. Em caso de o superior hierárquico ser 
demandado a rever alguma decisão, esse será um recurso 
hierárquico próprio. 
 
Já o controle finalístico é a tutela administrativa. Que 
controla os entes ligados a sua estrutura, entenda-se que, nesse 
caso, não há subordinação, apenas vinculação. O controle 
observa se as finalidades do ente, as finalidades para as quais foi 
criado o ente, estão sendo atendidas. No caso da necessidade de 
rever decisões o recurso para o órgão que tem a tutela será um 
recurso impróprio. 
 
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Apenas um adendo. Coloco o controle finalístico dentro do 
item controle interno porque é assim a classificação de Antônio 
Bandeira de Mello (se bem que o autor chama de interno-
externo!), entretanto, autores respeitados, como a professora Di 
Pietro, classificam o controle sobre entes da administração indireta 
como controle externo. A classificação do autor Celso Antônio 
foi objeto de concurso de acesso aos quadros do Superior 
Tribunal Militar (STM), logo atentos, afinal não existem 
verdades absolutas nos atuais concursos. 
(2011/Cespe – STM – Cargo 8) O termo controle interno exterior 
pode ser utilizada para designar o controle efetuado pela 
administração sobre as entidades da administração indireta. 
(Certo/Errado) CERTO 
O professor Celso Antônio ensina que há na verdade um “duplo 
controle interno”, ou seja, aquele que o órgão exerce sobre si 
mesmo, atos de superiores hierárquicos, por exemplo, e controle 
exercido no âmbito da administração direta por órgão estranho 
a sua atuação – o controle interno externo. 
O controle externo é feito fora do âmbito do poder que 
praticou o ato, p. ex., o Tribunal de Contas da União controlando 
um ato do poder Executivo. O controle nesse caso é de legalidade, 
pode ainda ser de mérito – entretanto, é bom que fique claro que o 
controle de mérito é limitado, afinal a conveniência e oportunidade 
é aspecto inerente à atuação do administrador. Há quem defenda 
que, quanto aos quesitos da legitimidade e economicidade, há 
certa discricionariedade por parte dos Tribunais de Contas. Fiquem de 
olho! 
Podemos colher exemplos de autorização de controle 
externo ao longo da Constituição da República, vamos pegar apenas 
alguns exemplos contidos nos artigos 49 e 71 da CF, de 1988: 
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: 
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem 
do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; 
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da 
República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de 
governo; 
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, 
os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta; 
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Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, 
será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao 
qual compete: 
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da 
República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em 
sessenta dias a contar de seu recebimento; 
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis pordinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, 
incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder 
Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, 
extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário 
público; 
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão 
de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, 
incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, 
excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, 
bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, 
ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento 
legal do ato concessório; 
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do 
Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e 
auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional 
e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, 
Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II; 
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de 
cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos 
termos do tratado constitutivo; 
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela 
União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos 
congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município; 
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por 
qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, 
sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e 
patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; 
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou 
irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que 
estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano 
causado ao erário; 
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as 
providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada 
ilegalidade; 
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X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, 
comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado 
Federal; 
XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou 
abusos apurados. 
§ 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será adotado 
diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao 
Poder Executivo as medidas cabíveis. 
§ 2º - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de 
noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo 
anterior, o Tribunal decidirá a respeito. 
§ 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou 
multa terão eficácia de título executivo. 
§ 4º - O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e 
anualmente, relatório de suas atividades. 
Mais uma vez vamos retomar o que foi dito até agora: Controle 
tem objetivo de corrigir e fiscalizar a atuação da administração 
pública para garantir o interesse coletivo. Ele pode ser externo ou 
interno, tem como objeto a verificação de legalidade e, com 
limitações, o mérito. Pode ser hierárquico ou finalístico. Pode 
ser prévio, concomitante ou posterior. 
No controle externo de legalidade, caso o ato impugnado 
encontre o seu fim, teremos a anulação ou a sustação, conforme o 
caso, porém não cabe a revogação. Afinal, apenas a partir do 
controle interno é que os atos podem ser revogados. Não se 
trata de novidade, mas é um aspecto que não podemos esquecer. 
Não poderia deixar de citar o controle social ou popular, 
enquanto espécie de controle externo. A atual Constituição é 
recheada de exemplos em que os cidadãos participam ativamente no 
controle dos atos da Administração. São exemplos: inc. LXXIII do art. 
5º; §3º do art. 31; §3º do art. 37; §2º do art. 74; inc. VII do art. 
194; e inc. III do art. 198. No campo infraconstitucional, remeto à 
leitura dos arts. 31 e 32 da Lei 9.784, de 1999 (Lei de Processo 
Administrativo Federal), os quais, respectivamente, tratam da 
consulta e audiência públicas. 
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3.4. Quanto à natureza 
 O controle pode ser de legalidade, em que se verifica a 
conformidade do ato com a lei e com os princípios, e de mérito. 
O controle de mérito é exercido, primordialmente, no âmbito 
do poder que gerou o ato, mas eventualmente pode ser exercido 
pelo Poder Legislativo. Quando exercido pelo Legislativo, trata-se 
de controle político do qual já falamos e demos exemplo de 
aprovação pelo Senado das nomeações do Presidente da República. 
Mas quando falamos do controle de mérito, a purpurina brilha 
mais forte, quando o assunto é o Judiciário controlando atos 
administrativos. Isso porque a doutrina adora lembrar que é possível 
o controle do ato discricionário sob o aspecto da razoabilidade, 
da proporcionalidade. É, em tese, o controle da 
discricionariedade administrativa, um efetivo controle da 
legitimidade do ato. 
 
Por fim, esclareço que tais classificações não devem ser 
consideradas isoladamente. Por exemplo, o controle judicial, em 
sede de MS repressivo, é, concomitantemente, posterior/corretivo, 
externo, de legalidade e judicial. 
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4. Controle Administrativo 
 Decorrente do poder de autotutela, do poder-dever, 
autoriza a administração rever seus próprios atos, por iniciativa 
própria ou quando provocada, distintamente do Poder Judiciário, 
por exemplo, que só atua se provocado (princípio da demanda ou da 
inércia). 
 Da atuação da Administração, podem resultar: a 
revogação do ato, quando considerado inconveniente ou inoportuno, 
ou a anulação do ato, quando ilegal; ou a convalidação do ato, 
quando necessária correção do ato; ou a homologação do ato, 
quando, por exemplo, a Administração reconhece a lisura, a 
legitimidade, de um concurso público. Abro um parêntese para 
informar que a homologação é ato de controle sempre “a 
posteriori”, o que não ocorre, necessariamente, com a aprovação, a 
qual, enquanto ato de controle, pode ser prévio ou “a posteriori”. 
 Assim, podemos dizer que o controle administrativo tanto 
é de legalidade como de mérito. O Supremo Tribunal Federal editou 
inclusive Súmula que trata do assunto, a de nº 473. Vejamos: 
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A administração pode anular seus próprios atos, quando 
eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se 
originam direitos; ou revogá-los, por motivo de 
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos 
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação 
judicial. 
 Enfatizo que o poder de autotutela decorre da hierarquia, 
da subordinação entre os órgãos, por exemplo, o controle exercido 
pelo Ministério da Fazenda sobre a Receita Federal, órgãos da 
Administração Direta. No entanto, o controle incidente sobre a 
Administração Indireta ou Descentralizada pela Administração 
central não é autotutela, afinal inexiste hierarquia, o que existe 
é vinculação. Por isso, a doutrina chama de supervisão 
ministerial ou controle finalístico ou tutela administrativa. A 
diferençaé básica. Enquanto na autotutela o controle é pleno e 
ilimitado, na tutela, restrito e limitado. 
AUTOTUTELA TUTELA 
Decorre de hierarquia Inexiste hierarquia 
Subordinação 
Vinculação ou supervisão 
ministerial ou controle 
finalístico 
Controle pleno e 
ilimitado 
Controle restrito e limitado 
No controle externo, podem ser destacados os seguintes 
instrumentos a cargo da Administração: os recursos hierárquicos 
próprios e impróprios e o direito de petição (CF, art. 5º, inciso 
XXXIV, alínea “a”). 
Os institutos que encontramos para se exercer o direito de 
petição (concepção ampla) serão listados abaixo: 
Representação, que “é a denúncia formal e assinada de 
irregularidades internas ou de abuso de poder na prática de atos da 
Administração feita por quem quer que seja à autoridade competente 
para conhecer e coibir a ilegalidade apontada.” (Hely Lopes) 
Reclamação, que “é a oposição expressa a atos da 
Administração que afetem direitos ou interesses legítimos do 
administrado. O direito de reclamar é amplo e se estende a toda 
pessoa física ou jurídica que se sentir lesada ou ameaçada de lesão 
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pessoal ou patrimonial por atos ou fatos administrativos.” (Hely 
Lopes) 
Pedido de reconsideração: que “é a solicitação da parte 
dirigida à mesma autoridade que expediu o ato, para que o 
invalide ou o modifique nos termos da pretensão do requerente. 
Deferido ou indeferido total ou parcialmente, não admite novo 
pedido, nem possibilita nova modificação pela autoridade que já 
reapreciou o ato.” (Hely Lopes) 
Os meios de reexame em concepção restrita são: 
Recursos hierárquicos são interpostos à autoridade 
superior a que praticou o ato, é o pedido de reexame do ato 
original. Acontece dentro da mesma pessoa ou órgão. 
Recursos hierárquicos impróprios são interpostos ao órgão 
ou autoridade estranha, a qual se acha vinculado o ente que editou 
o ato objeto de impugnação. Diz-se impróprio porque não há 
hierarquia entre a autoridade ou órgão e o ente da administração 
indireta, o qual é alvo do recurso. 
Ainda devemos nos lembrar da revisão de processo que entra 
em cena quando há fato superveniente, algo desconhecido até o 
julgamento do primeiro processo. A revisão pode acontecer de 
ofício ou a pedido e não pode resultar em agravamento da 
sanção. No entanto, o instituto do “reformatio in pejus” não é 
vedado em sede de recursos, fiquem atentos a isso! 
 
A partir de agora, vamos aprofundar, um pouco mais, a 
disciplina sobre os recursos administrativos. 
O recurso em um processo, qualquer um, relaciona-se a nossa 
própria natureza, de seres humanos. Um exemplo ilustra melhor: 
uma pessoa que nos é querida está doente. Na consulta com o 
médico, o profissional nos diz que a situação é muito grave. O que 
fazemos, então? Recorremos a uma segunda opinião, pois temos uma 
tendência natural de não acreditarmos naquilo que não é o “melhor 
dos mundos”. Com o direito não é diferente. 
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Os recursos podem ser interpostos por razões de legalidade e 
de mérito. De rega, o prazo a interposição de recursos 
administrativos é de dez dias, salvo disposição legal específica 
em sentido diverso. O prazo é contado a partir da ciência ou da 
divulgação oficial do ato. 
Agora, prestem atenção: vejam que são possíveis recursos 
administrativos com outros prazos, desde que lei específica assim 
estabeleça. Exemplo disso: os prazos recursais contidos no art. 109 
da Lei 8.666/1993, que cuida especificamente de recursos em 
processos licitatórios. Então, ficamos assim quanto aos prazos para 
recursos administrativos, É DE DEZ DIAS, SALVO SE LEI 
ESPECÍFICA ESTABELECER PRAZO DIVERSO. 
Cabe à autoridade decidir o recurso no prazo de trinta dias, a 
partir do recebimento da peça recursal, o qual pode ser prorrogado 
por igual período, desde que justificado pela autoridade. Exponha-se 
que o descumprimento pela Administração do prazo para decidir 
(julgamento a destempo) não implicará nulidade da decisão, mas 
poderá resultar na responsabilidade funcional de quem houver, de 
maneira injustificada, dado vazão ao atraso. 
Também por regra, o recurso não tem efeito suspensivo, 
isto é, não suspende a executoriedade da decisão recorrida. 
Costuma-se dizer, então, que, em regra, os recursos administrativos 
possuem efeito apenas devolutivo, mas não suspensivo. Ah – como 
funcionam um e outro? Vejamos. 
O efeito suspensivo é como se fosse um efeito “para tudo”, o 
que deve ser entendido como exceção para os recursos 
administrativos. De fato, a Administração Pública deve empreender, 
dentro do possível, celeridade à sua atuação. Daí, fato raro o efeito 
suspensivo aos recursos administrativos, uma vez que tal situação 
acabaria obstando dita celeridade. Todavia, a autoridade competente 
(ou aquela imediatamente superior) para apreciação do recurso 
administrativo poderá, de ofício ou a pedido, de modo 
excepcional, conceder efeito suspensivo ao expediente 
recursal, se houver justo receio de prejuízo de difícil ou incerta 
reparação decorrente da decisão recorrida. 
Por oportuno, cito que, em alguns casos, a Legislação 
reconhece a necessidade de efeito suspensivo para alguns 
recursos administrativos, em razão do potencial prejuízo que 
poderia ser resultante da não atribuição de tal efeito. É o que ocorre, 
por exemplo, quanto aos recursos administrativos quanto às fases 
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de habilitação e julgamento, os quais têm efeitos suspensivos 
por determinação expressa da Lei 8.666/93 (§ 2º do art. 109 da 
Lei 8.666/93). 
Destaque-se que, de modo preliminar à apreciação do recurso 
pela autoridade superior, a Lei estatui a possibilidade de 
reconsideração, no prazo de cinco dias, por parte da autoridade 
que tenha proferido a decisão recorrida (art. 61). O pedido de 
reconsideração é uma aplicação direta do princípio da eficiência, 
pois, acaso reconhecido o eventual erro na decisão, o administrador 
evitará que instâncias superiores sejam acionadas, gerando 
desperdícios desnecessários de tempo e, por conseguinte, de verbas 
públicas. 
Interessante regra é a de que órgão competente para decidir o 
recurso poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total 
ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua 
competência. Existe a possibilidade de agravamento da 
situação inicial, no caso de RECURSO intentado. Admite-se, como 
sobredito, a reforma em prejuízo (“reformatio in pejus”) do 
recorrente, o que não é permitido na revisão. 
A revisão, possível a qualquer tempo, a pedido ou de 
ofício, ocorre quando há fatos novos ou circunstâncias 
relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção 
aplicada, não podendo resultar em agravamento da sanção 
inicial. Veda-se na revisão, portanto, a “reformatio in pejus”. 
Quanto ao princípio da gratuidade (salvo exigência legal, a 
interposição independe de recurso administrativo), esclareço que o 
STF tratou da gratuidade em processos administrativos em duas 
ADIN apreciadas em conjunto, a 1.976 e a 1.922. A questão essencial 
tratava da possibilidade ou necessidade de depósito de valores ou 
arrolamento de bens para que um interessado pudesse recorreradministrativamente. 
Na oportunidade, o STF entendeu que tal providência, a 
exigência de bens arrolados ou de depósito de recursos, criaria um 
obstáculo injustificável para a impetração do recurso 
administrativo. O entendimento foi se consolidando e culminou na 
Súmula Vinculante nº 21, assim traduzida: 
é inconstitucional a exigência de depósito ou 
arrolamento prévios de dinheiro ou bens para 
admissibilidade de recurso administrativo. 
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Dessa forma, devemos levar para a prova que, de acordo com o 
STF, É INCONSTITUCIONAL A EXIGÊNCIA DE DEPÓSITO DE 
RECURSOS FINANCEIROS OU ARROLAMENTO DE BENS PARA 
QUE ALGUÉM POSSA APRESENTAR UM RECURSO 
ADMINISTRATIVO. 
PERGUNTA: há despesas processuais cuja cobrança é 
permitida? SIM. Exemplo: as referentes a cópias do processo e outras 
assemelhadas. Mas não a cobrança de depósito de recursos 
financeiros ou a necessidade de arrolamento de bens. É isso. 
Último detalhe. O Brasil adota o sistema inglês ou de 
jurisdição una ou única, para controle judicial de atos jurídicos, no 
sentido de que todos os atos administrativos, guardados certos 
limites, podem ser apreciados judicialmente. 
No entanto, a adoção da jurisdição una não impede que a 
Administração Pública instaure processos administrativos 
visando à tomada de decisões dessa natureza (administrativas), as 
quais, contudo, não serão dotadas da definitividade típica das 
decisões judiciais, em razão da unicidade (ou inafastabilidade) 
da jurisdição do Poder Judiciário. 
Também foi destacado que a qualquer instante uma matéria 
pode ser levada à apreciação judicial, ainda que já instaurado, 
ou já decidido, um processo administrativo. Isso se dá em razão 
da unicidade de jurisdição, própria do Poder Judiciário. Todavia, há 
situações em que, primeiro, a via administrativa deve ser exaurida, 
para que se possa levar a matéria para a via judicial. 
O primeiro caso é a justiça desportiva, lembram? Esse já tá 
sem graça. Já vimos. O outro é mais interessante. Vamos ver. 
No contexto da reforma do judiciário, deflagrada a partir da 
Emenda Constitucional 45/2004, foi aprovada a Lei 11.417/2006, 
para a regulamentação das (já famosas) Súmulas Vinculantes. No 
art. 7º da norma assim está estabelecido: 
Art. 7º Da decisão judicial ou do ato administrativo que 
contrariar enunciado de súmula vinculante, negar-lhe 
vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao 
Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo dos recursos ou 
outros meios admissíveis de impugnação. 
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§ 1o Contra omissão ou ato da administração pública, o 
uso da reclamação só será admitido após esgotamento 
das vias administrativas. 
§ 2o Ao julgar procedente a reclamação, o Supremo Tribunal 
Federal anulará o ato administrativo ou cassará a decisão 
judicial impugnada, determinando que outra seja proferida com 
ou sem aplicação da súmula, conforme o caso. 
Para esclarecimento: a reclamação é o instrumento de 
previsão constitucional (alínea “l” do inc. I do art. 102 da CF) 
utilizado para preservação da competência e garantia da 
autoridade das decisões do STF. 
Assim, mais um caso de necessidade de esgotamento da 
instância administrativa para acrescentarmos a nossa vida 
“concursística”: para impetração de Reclamação junto ao STF em 
razão de uma ação/omissão da Administração Pública só após o 
exaurimento da via administrativa. 
Ah! Em pesquisa ao sítio eletrônico do STF, encontramos outra 
forma de necessidade de exaurimento das vias administrativas. Na visão 
do STF, para que se receba a acusação penal pelo ilícito tributário 
capitulado no art. 1º da Lei 8.137/90, é de se aplicar o entendimento 
no HC 81.611, no sentido de se aguardar o esgotamento da via 
administrativa. 
A ilustre FCC, por exemplo, em prova para APO SP, no ano de 
2010, trouxe a aplicação do habeas data. Eu não concordo que o habeas 
data seja uma aplicação de instância administrativa de curso forçado, 
porém, depois do entendimento firmado pela banca, rendo-me à 
orientação da banca. Portanto, doravante, marquem que, 
para o ingresso de habeas data, existe a necessidade de 
esgotamente das vias administrativas. 
Para finalizar, lembrem-se das três situações colocadas à disposição 
para “brigar” por seus direitos: 
 I) Partir direto para uma ação judicial; 
 II) Provocar a instauração de um processo administrativo 
e aguardar a solução do feito para, se for o caso, ir ao judiciário; 
 III) Provocar a instauração de um processo administrativo 
e, no curso deste, ir ao Judiciário, provocando também lá uma 
discussão. 
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5. Controle Legislativo 
É o controle a cargo do Poder Legislativo, sendo exercido pelo 
Congresso Nacional, pelas Assembleias Legislativas, pelas 
Câmaras de Vereadores e pelas comissões parlamentares 
formadas dentro destes. 
Referido controle é principalmente político, objetivando o 
controle do interesse da coletividade e não, propriamente, os 
direitos individuais. 
A disciplina desse controle nós encontramos na própria 
Constituição da República no artigo 49 (já citado acima), por 
exemplo. O artigo fala em sustação de atos normativos que 
exorbitem o poder regulamentar ou os limites de delegação dada 
ao executivo pelo legislativo. Entendo, entretanto, que essa parte da 
matéria é um objetivo maior do Direito Constitucional e menor no 
Direito Administrativo. 
Vamos então falar do controle de fiscalização contábil, 
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, sob os 
aspectos de legalidade, legitimidade, economicidade, que está a 
cargo também do Congresso Nacional, mas que a exerce com auxílio 
do Tribunal de Contas da União. Assunto esse muito cobrado em 
prova, verdadeira menina dos olhos dos examinadores. 
 
Claro que o Congresso Nacional tem de efetivamente fiscalizar 
essas ações executivas, mas como diríamos se tem quem possa fazer 
melhor, que faça, e a gente só confere. Por isso a atribuição do 
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Tribunal de Contas, ele é especialista em fiscalizar, em auditar 
contas públicas, e por isso aqui é a bola da vez. 
As atividades do TCU, originariamente na Constituição Federal, 
nós já listamos lá em cima, artigo 71. 
Vamos agora abrir esse artigo. 
O controle é exercido sobre a administração financeira, 
orçamentária e fiscal. 
TODOS, todos, sem exceção, que administrem dinheiros 
públicos, bens, valores, mesmo que sejam dinheiros repassados (!), 
estão no alvo do Tribunal. 
Olha o parágrafo único do artigo 70: 
Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública 
ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou 
administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos 
quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma 
obrigações de natureza pecuniária. 
Não nos resta dúvida de que todos estão nesse balaio: 
administração direta e indireta, Estados, Municípios, Distrito Federal, 
estes últimos (E, M, DF) quando recebem recursos repassados 
através de convênios, acordos, ou outros instrumentos. 
 
A atividadedo Tribunal consiste principalmente em apreciar 
contas, realizar auditorias, julgar contas, fiscalizar aplicação 
dos recursos e, claro, prestar informações ao Legislativo, além 
de representar as irregularidades ao Poder Competente. Cabe 
ainda ao Tribunal sustar a execução de ato impugnado, caso o 
responsável pelo ato não o faça, comunicando a decisão à Câmara e 
ao Senado. Quando tratar-se de contrato, a sustação será proposta 
ao Congresso Nacional, que solicitará ao Executivo a sustação. 
Que se esclareça que o Tribunal apenas APRECIA as contas 
do Presidente da República, quem as julga é o Congresso 
Nacional. 
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Ah! O Tribunal pode multar! É verdade! Caso o Tribunal opte 
por multar ou por imputar débito ao fiscalizado, a multa ou débito 
imputado terá eficácia de titulo executivo extrajudicial. 
No que se refere o controle de legalidade, dizemos que é 
efetivamente a observação do ato praticado quanto à aplicação 
correta da norma jurídica que deu origem ao ato. 
O controle da legitimidade diz respeito à observância do 
ato quanto a sua consonância com os princípios da 
administração pública. 
No que tange o aspecto da economicidade, a avaliação é 
quanto ao procedimento mais eficaz, observando se a despesa 
pública atingiu adequadamente o fim proposto. 
 Queridas(os), vamos passar para outras questões de fixação. 
 Forte abraço, 
 Cyonil Borges. 
 
 
 
 
 
 
 
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QUESTÕES COMENTADAS 
Com relação aos controles interno, externo, parlamentar, 
administrativo e judicial, julgue o item subsequente. 
1. Cabe ao controle parlamentar apreciar a legalidade dos atos de 
natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial 
do Poder Executivo, e não avaliar a economicidade de tais gastos e 
contas. 
Comentários: 
O art. 71 da CF diz ser do Congresso Nacional a titularidade da 
atividade de controle externo da Administração, a ser exercido com o 
auxílio do Tribunal de Contas da União. Tal controle é nominado, 
doutrinariamente, de controle parlamentar (ou legislativo). 
 
Já o art. 70 da CF estabelece que a fiscalização contábil, financeira, 
orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da 
administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, 
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será 
exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo 
sistema de controle interno de cada Poder. 
 
Assim, na atividade de controle deve-se avaliar, sim, a 
economicidade dos gastos públicos. Daí o erro da questão. 
 
Com relação aos controles interno, externo, parlamentar, 
administrativo e judicial, julgue o item subsequente. 
2. De acordo com o princípio de autotutela e o sistema de controle 
existente, o Tribunal de Contas da União e o TCDF estão vinculados 
por uma relação de hierarquia, visando garantir o emprego efetivo do 
recurso público. 
 
Comentários: 
Não há qualquer espécie de vínculo entre os tribunais de contas 
estaduais, de municípios, municipais, e, no caso do item, do Distrito 
Federal, e o TCU. 
 
De fato, por conta da autonomia de cada uma dessas Cortes, não se 
cogita de tal tipo de relação (hierarquizada). 
 
Evidentemente, o TCU, por ser federal, serve, muitas vezes, de 
inspiração para os demais Tribunais de Contas. Mas, insista-se, não 
existe nenhum tipo de hierarquia entre os Tribunais de Contas, ok? 
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Com relação aos controles interno, externo, parlamentar, 
administrativo e judicial, julgue o item subsequente. 
3. Caso não seja empregado o mínimo de recursos destinados a 
saúde e educação no DF, poderá ocorrer o controle judicial de ofício 
com vistas a garantir − mediante medida cautelar − a ocorrência dos 
atos administrativos necessários para o direcionamento dessa parcela 
do orçamento. 
 
Comentários: 
Alguns alunos não perceberam a singeleza do item: por mais que seja 
admitido o controle judicial das políticas públicas (o Supremo Tribunal 
Federal vem dizendo ser possível - vide Ação de Descumprimento 
Fundamental 45), ele não ocorrerá DE OFÍCIO (leia o item com 
atenção). 
Deverá haver PROVOCAÇÃO do Poder Judiciário, para que isso possa 
ocorrer. 
 
4. O controle exercido pelos Tribunais de Contas, na qualidade de 
auxiliar o controle externo, a cargo do Poder Legislativo, alcança, de 
acordo com a Constituição Federal, 
a) as contas dos administradores de entidades integrantes da 
Administração direta e indireta e daqueles que derem causa a 
qualquer irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público. 
b) a legalidade dos atos de admissão de pessoal, da Administração 
direta e indireta, inclusive as nomeações para cargos de provimento 
em comissão. 
c) as concessões de aposentadorias, reformas e pensões, bem como 
as melhorias posteriores, ainda que não alterem o fundamento legal 
do ato concessório. 
d) os recursos repassados a entidades privadas mediante convênios, 
acordos, ou outros ajustes, exceto se a entidade não possuir 
finalidade lucrativa. 
e) os contratos celebrados pela Administração direta e indireta, 
exceto aqueles decorrentes de regular procedimento licitatório. 
 
Comentários: 
Mais uma questão direta. Abaixo, façamos a leitura do parágrafo 
único do art. 70 da CF, de 1988: 
 
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Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, 
operacional e patrimonial da União e das entidades da 
administração direta e indireta, quanto à legalidade, 
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e 
renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, 
mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno 
de cada Poder. 
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou 
jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, 
gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou 
pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma 
obrigações de natureza pecuniária. 
 
Daí a correção da alternativa A. 
 
Abaixo, os erros nos demais itens. 
(B) a legalidade dos atos de admissão de pessoal, da Administração 
direta e indireta, inclusive EXCETO as nomeações para cargos de 
provimento em comissão. 
(C) as concessões de aposentadorias, reformas e pensões, bem como 
as melhorias posteriores, ainda que não DESDE QUE alterem o 
fundamento legal do ato concessório. 
(D) os recursos PÚBLICOS repassados a entidades privadas 
mediante convênios, acordos, ou outros ajustes, exceto INCLUSIVE 
se a entidade não possuir finalidade lucrativa. 
(E) os contratos celebrados pela Administração direta e indireta, 
exceto INCLUSIVE aqueles decorrentes de regular procedimento 
licitatório. 
 
5. Considere a hipótese de um servidor da Administração Pública que 
deixa de se manifestar em um requerimento administrativo e acaba, 
com tal atitude, negando vigência a enunciado de súmula vinculante. 
Nesse caso, e estando esgotadas as instâncias administrativas, ao 
interessado caberá, por força de lei, apresentar a seguinte peça junto 
aoSupremo Tribunal Federal: 
a) reiteração 
b) reclamação 
c) ação civil pública 
d) obrigação de fazer 
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e) obrigação de reparar 
Comentários: 
Questão bem formulada. 
 
No caso, o servidor da Administração Pública deixou de se manifestar 
em um requerimento administrativo, e, com tal atitude, negou 
aplicabilidade ao enunciado de súmula vinculante. Perceba que a 
banca esclarece, no enunciado, que as instâncias administrativas 
estão esgotadas. 
 
Nos termos da Lei 11.417, de 2006, que regulamentou o instituto da 
Súmula Vinculante, é previsto que a inobservância do teor da 
Súmula, por ação ou inação, permite o ingresso de reclamação 
[alternativa B] perante o STF, desde que o interessando tenha 
esgotado a instância administrativa (§1º do art. 7º da Lei 11.417, de 
2006). 
 
Referência doutrinária: 
 
Pedro Lenza 
Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar 
enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo 
indevidamente caberá reclamação ao STF, sem prejuízo dos 
recursos ou outros meios admissíveis de impugnação. 
Em se tratando de omissão ou ato da Administração Pública, o 
uso da reclamação só será admitido após esgotamento das vias 
administrativas. Trata-se de instituição, por parte da lei, de 
contencioso administrativo atenuado e sem violar o princípio do 
livre acesso ao Judiciário (art. 5°, XXXV), na medida em que o 
que se veda é somente o ajuizamento da reclamação e não de 
qualquer outra medida cabível, como a ação ordinária, o 
mandando de segurança etc. 
Julgando procedente a reclamação, o STF anulará o ato 
administrativo ou cassará a decisão judicial impugnada, 
determinando que outra seja proferida com ou sem aplicação 
da súmula, conforme o caso. 
 
6. O tipo de controle exercido pela Câmara Municipal, com o auxílio 
do Tribunal de Contas, assegura ao Legislativo, quanto à matéria de 
sua competência, o poder de adotar corretamente a seguinte conduta 
em relação ao ente público envolvido: 
a) realizar, por iniciativa própria, auditoria de natureza contábil, 
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades 
administrativas do Poder Judiciário 
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b) fiscalizar a execução de convênio, acordo, ajuste, ou outros 
instrumentos congêneres, com a União e o Estado para a aplicação de 
programas comuns 
c) permitir o processamento e julgamento dos crimes comuns 
praticados pelo Chefe do Poder Executivo Municipal perante o 
Superior Tribunal de Justiça 
d) determinar ao Ministério Público Estadual o ajuizamento de ação 
penal por ilícito praticado pelo Chefe do Poder Executivo em prejuízo 
ao erário 
e) impedir qualquer pagamento de firma contratada pelo Poder 
Executivo submetida à investigação por Comissão Parlamentar de 
Inquérito 
 
Comentários: 
O art. 75 da CF, de 1988, estabelece: 
 
Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no 
que couber, à organização, composição e fiscalização dos 
Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem 
como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios. 
Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os 
Tribunais de Contas respectivos, que serão integrados por sete 
Conselheiros. 
 
Tem-se a aplicação do princípio da simetria, de tal sorte que as 
regras atinentes ao Tribunal de Contas da União (TCU) serão 
aplicáveis, no que couber, aos demais Tribunais de Contas. 
Nos termos do inc. VI do art. 71 da CF, de 1988, compete 
exclusivamente ao TCU fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos 
repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros 
instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a 
Município. 
Portanto, por simetria, competirá ao Tribunal de Contas do Estado de 
MG, por inexistir Tribunal de Contas em BH, fiscalizar a execução de 
convênio, acordo, ajuste, ou outros instrumentos congêneres, com a 
União e o Estado para a aplicação de programas comuns. Daí a 
correção da alternativa B. 
Apesar de essa ter sido a alternativa correta, há uma pequena 
impropriedade, provavelmente não percebida pela organizadora. Veja 
que, no enunciado, a banca alude à competência do Legislativo (no 
caso, da Câmara Municipal), quando, em verdade, a competência é 
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privativa do Tribunal de Contas. A fiscalização não pode ser efetuada 
pela Câmara Municipal, para tanto conta com o auxílio do Tribunal de 
Contas, que detém competência exclusiva, e, portanto, indelegável. 
Os demais itens estão mais incorretos. 
O erro da letra A é que o Município não tem Poder Judiciário. 
O erro da letra C é que o Tribunal de Contas não é órgão do 
Judiciário, detendo competência exclusivamente administrativa. 
Assim não é competente para julgar os crimes. O julgamento técnico 
do Tribunal recai sobre as contas das pessoas físicas ou jurídicas. 
O erro da letra D é que o MPE é órgão independente, não sujeito, de 
forma vinculada, às determinações do Tribunal. Quando verificado 
determinado ilícito penal, é dever de o Tribunal comunicar ao MP, no 
entanto, cabe a este a formação da convicção sobre o ajuizamento ou 
não da ação penal. 
O erro da letra E é que o Tribunal até pode sustar a execução de 
determinados atos, como o pagamento às empresas contratadas. 
Porém, no item, fala-se em "qualquer" pagamento. Os serviços já 
efetuados, por exemplo, não podem ter o pagamento sustado, sob 
pena de enriquecimento sem causa por parte do Estado. 
 
7. Fundamentada no seu poder de autotutela administrativa, a 
Administração pública Federal procedeu à revisão nas vantagens 
concedidas a servidor público que repercutiu diretamente na sua 
esfera patrimonial, ocasionando-lhe diminuição remuneratória. 
A partir do caso concreto acima narrado, assinale a opção que 
exprime a posição do Supremo Tribunal Federal − STF acerca do 
tema. 
a) A autotutela administrativa, per si, afasta a necessidade de 
abertura de procedimento administrativo garantidor do contraditório. 
b) O devido processo legal administrativo é exigível tanto nos casos 
de anulação quanto de revogação do ato administrativo. 
c) O acesso ao Poder Judiciário já representa a garantia do 
contraditório e da ampla defesa, estando a Administração 
desincumbida de fazê-lo. 
d) Somente nos casos de revogação do ato administrativo a 
Administração deve garantir o contraditório e a ampla defesa. 
e) Considerando-se que o ato da administração retirava do servidor 
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pagamento indevido, a executoriedade autorizava-lhe a suspender o 
referido pagamento sem o devido processo legal. 
Comentários: 
Questão bastante interessante. 
 
A súmula 473 do STF veicula o princípio da autotutela, o qual permite 
à Administração o controle de seus próprios atos. Vejamos: 
 
A Administração pode anular seus próprios atos, quando 
eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se 
originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou 
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, 
em todos os casos, a apreciação judicial. 
 
No entanto,para o STF, quando forem afetados interesses 
individuais, o desfazimento do ato administrativo (por revogação ou 
por anulação) não dispensa a aplicação do contraditório, enfim, da 
abertura de processo administrativo, no qual os eventuais 
prejudicados possam ser ouvidos. 
 
Abaixo, vejamos o posicionamento do STF, no RE 292586/CE: 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. 
CUMULAÇÃO DE CARGOS. BLOQUEIO DE VENCIMENTOS. DEFESA 
PRÉVIA. OBRIGATORIEDADE. 1. Ato do Secretário de Saúde do 
Estado do Ceará que determinou o bloqueio dos vencimentos da 
recorrida, por entender que ela acumulava ilegalmente dois cargos 
públicos. 2. A jurisprudência desta Corte sempre reconheceu o poder 
da Administração rever seus atos para, observada alguma 
irregularidade, anulá-los (Súmulas STF nº 346 e 473). Essa 
capacidade, todavia, não pode ser exercida de forma arbitrária, 
devendo respeitar os ditames constitucionais e garantir aos 
atingidos a devida defesa. 3. Recurso extraordinário conhecido e 
improvido. 
 
Esse entendimento do STF é compartilhado (e não poderia ser 
diferente) pelo STJ. Vejamos (RMS 141195): 
 
RECURSO ORDINÁRIO - MANDADO DE SEGURANÇA - 
SERVIDOR PÚBLICO - INVALIDAÇÃO DE ATOS DE 
TRANSPOSIÇÃO PARA CARGOS DIVERSOS - INOBSERVÂNCIA 
DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA - INVALIDADE DO 
PROCEDIMENTO DE ANULAÇÃO - RECURSO PROVIDO. 1. Se 
ilegal os atos de transposição dos Recorrentes, por se tratar de 
ato administrativo ampliativo, sua invalidação, repercutindo 
de forma negativa na esfera patrimonial do servidor, 
depende da instauração do devido processo administrativo. 2. É 
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imprescindível a instauração do contraditório e observância do 
direito de ampla defesa para se subtrair direitos concedidos aos 
servidores públicos. 3. O exercício do poder de autotutela, 
sedimentado na Súmula 473 do STF, urge se dar de forma 
consentânea à garantia prevista art. 5º, inciso LV, da 
Constituição da República de 88, sob pena de nulidade. 
Precedentes. 4. Recurso provido. 
 
Assim, embora a Administração Pública possa anular seus próprios 
atos, deve sempre se orientar nos princípios constitucionais do devido 
processo legal, do contraditório e da ampla defesa, especialmente 
quando seus atos afetam situações jurídicas já consolidadas, como é 
o caso das vantagens remuneratórias concedidas aos servidores. 
 
Daí a correção da letra B. 
 
8. Determinado cidadão ostenta a condição de anistiado político, vez 
que fora beneficiado por ato administrativo, praticado em 
05/10/2005, que lhe atribuiu tal condição, bem como determinou a 
reparação econômica dela decorrente. 
 
Mediante acompanhamento das atividades da Administração Pública e 
usufruindo da transparência imposta pela Lei do Acesso à 
Informação, o cidadão descobre, em consulta ao sítio eletrônico do 
Ministério da Justiça, que havia sido formado grupo de trabalho para 
a realização de estudos preliminares acerca das anistias políticas até 
então concedidas. 
 
Irresignado e temeroso de que as futuras decisões do referido grupo 
de trabalho viessem a afetar sua esfera patrimonial, o cidadão 
impetra mandado de segurança preventivo para desconstituir o ato 
que instaurou o grupo de trabalho. 
 
Acerca do caso concreto acima narrado, assinale a opção incorreta, 
considerando a jurisprudência dos Tribunais Superiores sobre a 
questão. 
a) A criação do mencionado grupo de trabalho insere-se no poder de 
autotutela administrativa. 
b) Por força do art. 54 da Lei n. 9.784/99, há prazo decadencial para 
que a Administração revise seus atos. 
c) Caso o grupo de trabalho encontre ilegalidades na concessão da 
anistia, será preciso ouvir o cidadão por ela beneficiado, garantindo-
lhe o contraditório e a ampla defesa. 
d) Não houve ato ilegal ou abusivo da Administração passível de 
correção pela via do mandado de segurança. 
e) A Administração conduzirá os processos submetidos ao grupo de 
trabalho baseada no princípio da oficialidade. 
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Comentários: 
- Letra A: CORRETA. Pela autotutela, consagrada na Súmula 473, a 
Administração Pública pode anular um ato, no caso de ilegalidade, ou 
revogá-lo, no caso de inconveniência ou inoportunidade. A 
Administração deve, portanto, zelar pelo seu correto funcionamento. 
Bem por isso, a criação do grupo de trabalho vem a atender a tal 
princípio. 
 
- Letra B: INCORRETA. De fato, há prazo decadencial na Lei 
9.784/1999 (ART. 54). Entretanto, isso não se aplica à revisão. Veja 
o artigo da norma de referência: 
 
Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções 
poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, 
quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes 
suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada. 
 
Como a revisão se faz por fato novo, não há que se cogitar de 
decadência, em tal circunstância. Importante anotar, ainda, que a 
revisão administrativa não pode levar ao agravamento da situação 
inicial do sujeito que a pleiteia, ainda conforme com a Lei 9.784 (art. 
65, parágrafo único). 
- Letra C: CORRETA. A bem do cumprimento da CF (inc. LV do art. 
5º), que garante o direito ao contraditório em todas as situações em 
que houver litígio, ainda que potencial, é preciso, no caso descrito no 
comando da questão, que se garanta tal direito. 
- Letra D: CORRETA. Para a concessão do mandado de segurança, é 
necessário que haja liquidez e certeza no direito discutido. Ou seja, 
seria necessária "provas pré-constituídas" (indiscutíveis, por assim 
dizer), para que se concedesse o MS. Não é o caso. O grupo de 
trabalho mal fora constituído. Não houve qualquer tipo de decisão 
prejudicial ao cidadão interessado. E mesmo que houvesse, a via do 
MS não seria, pelos fatos descritos no item, a mais adequada para a 
discussão. Não há, portanto, situação que permita o uso do MS. 
- Letra E: CORRETA. Cumpre à Administração, de modo geral, a 
condução de ofício de seus processos administrativos. Noutras 
palavras: na via administrativa, o Poder Público não precisa ser 
demandado, para que possa instaurar, e conduzir, seus processos 
administrativos. 
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9. A respeito do controle da administração e da prescrição na 
administração pública federal, assinale a opção correta. 
a) As normas a respeito de fiscalização contábil, financeira e 
orçamentária previstas na CF aplicam-se à esfera federal, mas não 
aos estados, ao DF e aos municípios, pois estes podem, no exercício 
de sua autonomia político-legislativa, estabelecer normas próprias 
acerca da organização das suas cortes de contas. 
b) A legislação estabelece prazo peremptório de dez anos para a 
administração pública anular seus próprios atos quando deles 
decorram efeitos favoráveis para os administrados. 
c) A ação punitiva da administração pública, no exercício do poder de 
polícia, com o propósito de apurar infração à legislação, prescreve em 
cinco anos. 
d) O Poder Legislativo exerce controle político sobre os atos ligados à 
função administrativa e de organização do Poder Executivo, mas não 
sobre os atos praticados no âmbito do Poder Judiciário. 
e) O controle judicial sobre os atos da administração, além de ser 
exclusivamente de legalidade, é semprea posteriori, pois o Poder 
Judiciário somente pode atuar depois da produção desses atos e de 
seu ingresso no mundo jurídico. 
 
Comentários: 
A resposta é letra C. 
A ação punitiva da Administração Pública Federal direta e indireta, no 
exercício do poder de polícia, objetivando apurar infrações à 
legislação em vigor, prescreve em cinco anos, a contar da data da 
prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do 
dia em que tiver cessado. Esse prazo prescricional está fixado na Lei 
9.873, de 1999 (art. 1º). 
Quando o fato objeto da ação punitiva da Administração também 
constituir crime, a prescrição reger-se-á pelo prazo previsto na lei 
penal (art. 1º, § 2º). 
As demais alternativas estão incorretas. Vejamos. 
Na letra A, o art. 75 da CF, de 1988, prevê: 
 
Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no 
que couber, à organização, composição e fiscalização dos 
Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem 
como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios. 
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Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os 
Tribunais de Contas respectivos, que serão integrados por sete 
Conselheiros. 
 
Aplica-se, portanto, o princípio da simetria. 
Na letra B, nos termos do art. 54 da Lei 9.784, de 1999 (Lei de 
Processo Administrativo Federal), decai em cinco anos o direito de 
a Administração anular seus próprios atos, perante terceiros que 
agiram de boa-fé. Vejamos: 
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos 
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os 
destinatários decai em cinco anos, contados da data em que 
foram praticados, salvo comprovada má-fé. 
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de 
decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. 
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer 
medida de autoridade administrativa que importe impugnação à 
validade do ato. 
 
Na letra D, o controle político do Poder Legislativo atinge todos os 
Poderes da República, sobretudo o Poder Judiciário. O sistema de 
freios e contrapesos, no entanto, só é realizado dentro das balizas 
constantes no texto constitucional. Vejamos: 
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, 
operacional e patrimonial da União e das entidades da 
administração direta e indireta, quanto à legalidade, 
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e 
renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, 
mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno 
de cada Poder. 
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou 
jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, 
gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou 
pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma 
obrigações de natureza pecuniária. 
 
Na letra E, temos que, no Brasil, vigora o sistema de jurisdição UNA 
ou Única, também chamado de sistema inglês, em que nenhuma 
lesão [controle repressivo] ou ameaça [controle preventivo] a 
direito poderão ser afastada da apreciação do Poder Judiciário (art. 
5º, XXXV, da CF, de 1988, princípio da inafastabilidade da tutela 
jurisdicional). 
 
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Julgue o item seguinte, referente ao controle da administração 
pública. 
10. Os atos discricionários praticados pela administração pública 
submetem-se ao controle do Poder Judiciário, tanto sob o aspecto da 
legalidade como sob o da moralidade. 
 
Comentários: 
O item está CERTO. 
Não é difícil perceber que é impossível a Lei prever todas as condutas 
a serem adotadas pelo administrador em face das situações concretas 
que se lhe apresentam e que exigem pronta solução. Dessa maneira, 
por vezes, a Lei faculta ao administrador a possibilidade de 
adotar uma dentre várias (ou pelo menos mais de uma) condutas 
possíveis, a qual deve estar alinhada ao melhor atendimento do 
interesse público, o que resulta num juízo discricionário por parte 
do responsável pelo ato. 
A discricionariedade é resumida em um binômio: CONVENIÊNCIA 
E OPORTUNIDADE. A primeira indica em que condições vai se 
conduzir o agente (o modo de agir deste), a segunda diz respeito 
ao momento em que a atividade deve ser produzida. 
Por exemplo: o Poder Legislativo do Município de Divinópolis de 
Minas autorizou despesas orçamentárias na ordem de 200 
milhões de reais, verba distribuída pelas mais diversas rubricas, 
como, por exemplo, saúde, educação, saneamento. O Prefeito 
da edilidade, portanto, durante o exercício financeiro, pode 
executar o orçamento, ressalvadas as vinculações 
constitucionais. Em que momento o Prefeito determinará a 
construção da creche? Será que o Prefeito precisa construir 
escolas ou é preferível a pavimentação das vias públicas? 
Perceba que, no caso da creche, o Prefeito tem o mês de 
janeiro, fevereiro, março, (...). Isso mesmo. Ele é quem escolhe 
o momento, a oportunidade. Já, no caso das escolas e 
pavimentação, há dois objetos possíveis, cabendo ao Prefeito 
escolher se é mais conveniente a execução das escolas, da 
pavimentação, ou dos dois programas de trabalho, enfim, o que 
lhe é mais conveniente. 
 
Muito bem, a discricionariedade, portanto, diz respeito à 
possibilidade de avaliação por parte do agente público quanto à 
conveniência e à oportunidade de agir. 
 
O exercício da função administrativa, no entanto, é sempre 
relativo e parcial, isso porque atos discricionários praticados por 
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agentes incompetentes e informados por finalidades estranhas ao 
interesse público, por arbitrários, são nulos e ilegítimos. Assim, a 
discricionariedade administrativa não é ilimitada, havendo 
restrições advindas dos princípios gerais do Direito e das regras de 
boa administração, as quais deságuam nos preceitos da moralidade 
administrativa. 
 
O Poder Judiciário fica impedido de analisar o mérito administrativo 
[conveniência e oportunidade]. As questões de legalidade e 
moralidade não são relativas ao mérito. Assim, se o Poder Judiciário 
for provocado, não haverá impedimento de se manifestar sobre a 
legalidade e moralidade dos atos discricionários, daí a correção do 
quesito. 
 
Julgue o item seguinte, referente ao controle da administração 
pública. 
11. O administrado pode provocar o reexame de ato praticado pela 
administração pública por intermédio dos recursos administrativos, 
independentemente do prévio pagamento de taxa. 
 
Comentários: 
O item está CERTO. 
Vejamos o disposto na alínea ‘a’ do inc. XXXIV do art. 5º da CF: 
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do 
pagamento de taxas: 
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de 
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; 
 
Vou aproveitar o quesito para fazer algumas rápidas considerações 
sobre o direito de petição. 
 
No controle externo da Administração, pode ser destacado o 
direito de petição (CF, art. 5º, inciso XXXIV, alínea “a”). Os 
institutos que encontramos para se exercer o direito de petição 
(concepção ampla) são: representação, reclamação e pedido de 
reconsideração. 
 
A representação “é a denúncia formal e assinada de 
irregularidades internas ou de abuso de poder na prática de atos da 
Administraçãofeita por quem quer que seja à autoridade competente 
para conhecer e coibir a ilegalidade apontada.” (Hely Lopes) 
 
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Por sua vez, a reclamação “é a oposição expressa a atos da 
Administração que afetem direitos ou interesses legítimos do 
administrado. O direito de reclamar é amplo e se estende a toda 
pessoa física ou jurídica que se sentir lesada ou ameaçada de lesão 
pessoal ou patrimonial por atos ou fatos administrativos.” (Hely 
Lopes) 
 
Por fim, o pedido de reconsideração “é a solicitação da parte 
dirigida à mesma autoridade que expediu o ato, para que o invalide 
ou o modifique nos termos da pretensão do requerente. Deferido ou 
indeferido total ou parcialmente, não admite novo pedido, nem 
possibilita nova modificação pela autoridade que já reapreciou o ato.” 
(Hely Lopes) 
 
Com relação ao exercício do controle na administração pública, julgue 
o item subsequente. 
12. Organização não governamental dotada de personalidade de 
direito privado que preste serviço de interesse público e social está 
automaticamente sujeita à jurisdição do Tribunal de Contas da União 
(TCU). 
 
Comentários: 
O item está ERRADO. 
 
O Tribunal de Contas da União (TCU) é órgão administrativo de 
controle externo da União, desincumbindo-se da boa e regular 
aplicação dos recursos públicos FEDERAIS. 
 
As Organizações Não Governamentais (vulgarmente conhecidas como 
ONGs) são pessoas de direito privado, sem fins lucrativos, que 
desempenham atividades sociais de forma voluntária. Tais entidades 
podem ou não ser fomentadas pelo Estado. Muitas das vezes, essas 
pessoas captam seus recursos estritamente de particulares. 
 
Ora, se a ONG não tiver qualquer vínculo com o Estado, qual é 
a lógica de estar jurisdicionada ao TCU? Nesse caso, o TCU, 
obviamente, não fiscalizará a aplicação dos recursos privados. 
 
E mais: e se a ONG [exemplo de Organização Social] tiver 
formalizado contrato de gestão com Estado da Federação, e, 
portanto, estiver apta a receber recursos estaduais. Nesse caso, 
qual será o papel o TCU? Nenhum, o TCU é fiscal de recursos 
federais!

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