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3/9/2015 1 CLIMATOLOGIA E METEOROLOGIA Evaporação, Evapotranspiração e Balanço Hídrico UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL Prof. ALBERT WELZEL EVAPOTRANSPIRAÇÃO A evaporação consiste na perda de água da vegetação, na forma de vapor para a atmosfera. O conhecimento da evapotranspiração (ET), associado com o ganho de água através das precipitações, permite determinar a disponibilidade hídrica de uma região. É portanto um parâmetro de grande importância na ecologia vegetal e no planejamento agrícola. 3/9/2015 2 EVAPOTRANSPIRAÇÃO Fotomicrografia de uma superfícia foliar ilustrando um estômato. (Fonte: Dr. Jeremy Burgess/Science – segundo Dingman, 1994) Em uma escala intermediária, a ET assume papel fundamental no balanço hídrico de micro-bacias hidrográficas, juntamente com a precipitação. O balanço entre a água que entra na microbacia pela chuva e que sai por ET, irá resultar na vazão (Q) do sistema de drenagem. Em uma escala local, no caso de uma cultura, a ET da cultura se restringe aos processos de evaporação da água do solo e da vegetação úmida e de transpiração das plantas. O balanço entre a água que entra na cultura pela chuva e a que sai por ET, resulta na variação do armazenamento de água no solo, que por sua vez condicionará o crescimento, o desenvolvimento e o rendimento da cultura. Precipitação Evapotranspiração 3/9/2015 3 DEFINIÇÃO A evapotranspiração resume todos os processos de retorno da água para o estado de vapor. 3/9/2015 4 DEFINIÇÃO - Evaporação (E): transferência direta de água de corpos d'água abertas ou superfícies de solo - Transpiração (T): transferência indireta da água do sistema de raiz- estomato Da água absorvida pelas plantas, ~ 95% é devolvido à atmosfera através de seus estômatos, sendo que apenas 5% é transformada em biomassa. Antes que possa ocorrer a E e T, deve ocorrer: • Um fluxo de energia para as superfícies de evaporação ou transpiração • Um fluxo de água em estado líquido para essas superfícies, e • Um fluxo de remoção de vapor dessas superfícies Evapotranspiração Potencial (ETP) é a mudança como resultado de quaisquer alterações. DEFINIÇÃO A transpiração (T) é um processo biofísico pelo qual a água que passou pela planta, fazendo parte de seu metabolismo, é transferida para a atmosfera preferencialmente pelos estômatos, obedecendo uma série de resistências desde o solo, passando pelos vasos condutores (xilema), mesófilo, estômatos e finalmente para a atmosfera. Evaporação O abaixamento do potencial hídrico da atmosfera (ar) promove a evaporação das paredes celulares. Isso promove a redução do potencial hídrico nas paredes celulares e no citoplasma Coesão (no xilema) A coluna de água no xilema é mantida por coesão das moléculas de água nos vasos. Bolhas de ar bloqueiam o movimento. Absorção de água (do solo) O menor potencial hídrico das raízes provoca a entrada de água. A área de absorção depende da quantidade de radículas. A água se move através da endoderme por osmose. 3/9/2015 5 Como é praticamente impossível se distinguir o vapor d´água proveniente da evaporação da água no solo e da transpiração das plantas, a evapotranspiração é definida como sendo o processo simultâneo de transferência de água para a atmosfera por evaporação da água do solo e da vegetação úmida e por transpiração das plantas. DEFINIÇÃO Fatores Meteorológicos/Climáticos • Saldo de radiação (Rn) • Temperatura do ar (Tar) • Umidade do ar (UR ou De) • Velocidade do vento (U) Fatores determinantes da Evaporação e da Evapotranspiração 3/9/2015 6 a) Superfície de água livre - Pureza da água - Extensão e Profundidade - Tipo (formato e material) - Exposição à radiação solar e ao vento Fatores dependentes do sistema evaporante b) Solo Desnudo - Textura e Estrutura - Disponibilidade hídrica Estágio 1 – Evaporação depende apenas das condições meteorológicas Estágio 2 – Evaporação depende das condições intrínsecas do solo O processo de evaporação, na condição de solo não saturado ou nível freático a grande profundidade, passa a depender das propriedades do perfil de solo, principalmente da condutividade hidráulica, que é função da estrutura e da textura do solo. c) Solo vegetado (evapotranspiração) - Fatores da Cultura • Altura das plantas • Área foliar • Tipo de cultura • Albedo • Profundidade das raízes - Fatores de Manejo e do Solo • Espaçamento/densidade de plantio • Orientação de plantio • Plantio direto • Capacidade de água disponível (CAD) • Impedimentos físicos/químicos • Uso de quebra-ventos Fatores dependentes do sistema evaporante 3/9/2015 7 Em virtude das condições ambientais em que ocorre a evaporação é necessário utilizar-se algumas denominações: • Evaporação de Lago – é a altura de água evaporada por uma superfície de água de grandes dimensões, livremente exposta às condições atmosféricas reinantes. • Evaporação Potencial – é a altura de água que seria evaporada por uma extensa superfície de água pura, livremente exposta às condições atmosféricas reinantes do local. • Evaporação à Sombra – é a altura de água que seria evaporada por uma extensa superfície de água pura, livremente exposta às condições atmosféricas reinantes, protegida da radiação solar e do céu. Denominações em evaporação A medida de evaporação é feita através de evaporímetros e atmômetros. Os evaporímetros são tanques que contém água diretamente sujeita a evaporação. Os atmômetros fazem uso de superfície porosa através da qual ocorre a evaporação. Medição em evaporação 3/9/2015 8 Conceitos de Evapotranspiração Evapotranspiração Potencial (ETP) ou de Referência (ETo) ETP ou ETo é a evapotranspiração de uma extensa superfície vegetada com vegetação rasteira (normalmente gramado), em crescimento ativo, cobrindo totalmente o solo, com altura entre 8 e 15cm (IAF ~ 3), sem restrição hídrica e com ampla área de bordadura para evitar a advecção de calor sensível (H) de áreas adjacentes. Nesse caso a ET depende apenas das variáveis meteorológicas, sendo portanto ETP uma variável meteorológica, que expressa o potencial de evapotranspiração para as condições meteorológicas vigentes. Evapotranspiração – Lisímetros Lisímetro com cobertura de soja (USDA, 1995) 3/9/2015 9 Conceitos de Evapotranspiração Evapotranspiração Real (ETR) ETR é a evapotranspiração nas mesmas condições de contorno de ETP, porém, com ou sem restrição hídrica. Nesse caso: ETR ≤ ETP Pode-se dizer que: ETR = ETP * Ks Se Ks = 1 – ETR = ETP Se Ks < 1 – ETR < ETP • Usando apenas a temperatura • Usando a temperatura e a umidade do ar • Usando a temperatura e a radiação solar • Equações de Penmann (insolação, temperatura, umidade relativa, velocidade do vento) Equações de Cálculo da Evapotranspiração 3/9/2015 10 Cálculo da Evapotranspiração (mm) Métodos baseados na temperatura: Thornthwaite: empírica, caracterizada por um único fator, a temperatura média. Foi desenvolvida para climas temperados (inverno úmido e verão seco). E = c Ta t = temperatura de cada mês ºC; T = temperatura média ºC; Blaney-Criddle: também utiliza a temperatura média e horas do dia com insolação, para regiões semi-áridas. ETP=(0,457 T + 8,13) p ; p % luz diária ET = ETP . Kc Kc = é o coeficiente de cultura. Equações de Cálculo da evapotranspiração a I T10 16ET ⋅⋅⋅⋅⋅⋅⋅⋅==== ∑∑∑∑ ==== ==== 12 1j 514.1 j 5 T I Para estimar evapotranspiração potencial mensal T = temperatura média do mês (oC) a = parâmetro que depende daregião I = índice de temperatura 4923901079211071710756 22537 .I.I.I.a +⋅⋅+⋅⋅−⋅⋅= −−− Thornthwaite 3/9/2015 11 Métodos de Estimativa da ETP ou Eto Método de Thornthwaite Método empírico baseado apenas na temperatura média do ar, sendo esta sua principal vantagem. Foi desenvolvido para condições de clima úmido e, por isso, normalmente apresenta sub- estimativa da ETP em condições de clima seco. Apesar dessa limitação, é um método bastante empregado para fins climatológicos, na escala mensal. Esse método parte de uma ET padrão (ETp), a qual é a ET para um mês de 30 dias e com N = 12h. A formulação do método é a seguinte: ETp = 16 (10 Tm/I)a ; (0 ≤ Tm < 26,5oC) ETp = -415,85 + 32,24 Tm – 0,43 Tm2 ; (Tm ≥ 26,5oC) I = 12 (0,2 Ta)1,514 ; sendo Ta = temp. média anual normal a = 0,49239 + 1,7912 10-2 I – 7,71 10-5 I2 + 6,75 10-7 I3 ETP = ETp * COR (mm/mês) COR = N/12 * NDP/30 sendo N = fotoperíodo do mês em questão NDP = dias do período em questão Método de Thornthwaite Exemplo Local: Piracicaba (SP) – latitude 22o42´S Janeiro – Tmed = 24,4oC, N = 13,4h, NDP = 31 dias, Ta = 21,1oC I = 12 ∗ (0,2 ∗ 21,1)1,514 = 106,15 a = 0,49239 + 1,7912∗10-2 (106,15) – 7,71∗10-5 (106,15)2 + 6,75∗10-7 (106,15)3 = 2,33 ETp = 16 (10∗24,4/106,15)2,33 = 111,3 mm/mês ETP = 111,3 ∗ COR COR = 13,4/12 ∗ 31/30 ETP = 111,3 ∗ 13,4/12 ∗ 31/30 = 128,4 mm/mês de Janeiro ETP = 128,4 mm/mês ou 4,14 mm/dia 3/9/2015 12 • Jensen Haise • Turc • Grassi • Stephens – Stewart • Makkink Métodos baseados na temperatura e radiação Métodos baseados na temperatura do ar e na umidade • Blaney-Morin • Hamon • Hargreaves • Papadakis 3/9/2015 13 Equações combinadas • Penman • Christiansen • Van Bavel • Penman-Monteith (((( )))) (((( )))) W a s a ds pAL 1 r r 1 r ee cGR E ρρρρ⋅⋅⋅⋅λλλλ ⋅⋅⋅⋅ ++++⋅⋅⋅⋅γγγγ++++∆∆∆∆ −−−− ⋅⋅⋅⋅⋅⋅⋅⋅ρρρρ++++−−−−⋅⋅⋅⋅∆∆∆∆ ==== Penman - Monteith água; da específica massa ][kg.m ar; do específica massa ][kg.m solo; o para energia de fluxo ]s.[MJ.m G ;superfície na líquida radiação ]s.[MJ.m R vapor; do saturação de pressão da variação de taxa ]C[kPa. o;vaporizaçã de latentecalor ][MJ.kg água; da evaporação de taxa ][m.s E 3- W 3- A -12- -12- L -1 -1 -1 ρρρρ ρρρρ °°°°∆∆∆∆ λλλλ Penman - Monteith 3/9/2015 14 Penman - Monteith ca;aerodinâmo aresistênci ]s.m[ r vegetação; da lsuperficia aresistênci ]s.m[ r 0,66);( icapsicrométr constante ]C[kPa. vapor; do pressão ][kPa e vapor; do saturação de pressão ][kPa e );C.MJ.kg 10.013,1(C úmidoar do específicocalor ]C.[MJ.kg C -1 a -1 s -1 s s 113 p -1-1 p ====γγγγ°°°°γγγγ °°°°====°°°° −−−−−−−−−−−− 3/9/2015 15 BALANÇO HÍDRICO Consiste em um método para se estimar a disponibilidade de água do solo para a vegetação. Contabiliza a precipitação perante a evapotranspiração potencial, considerando a capacidade de armazenamento de água no solo. A disponibilidade de água no solo é um fator ecológico mais correlacionado com a distribuição geográfica das espécies vegetais do que com a precipitação. Vegetação Método mm Milho, algodão, café, laranja, cana de açúcar, mamona e mandioca Thorntwaite 100 Cana de açúcar, amendoim, girassol, soja, algodão, abacaxi, banana, citrus, cacau e café Thorntwaite-Mather 125 Eucaliptus, coníferas, latifoliadas nativas, salicáceas e seringueira Thorntwaite-Mather 300 Capacidade de armazenamento de água no solo para algumas espécies vegetais 3/9/2015 16 Capacidade de armazenamento de água no solo para algumas espécies vegetais CAD – Capacidade de Água Disponível FAD – Fração de Água Disponível Capacidade de campo Ponto de Murcha Permanente Déficit Hídrico Abreviaturas PP – Precipitação ETP – Evapotranspiração Potencial ARM – Armazenamento VAL – Valor ALT – Alteração ETR – Evapotranspiração Real DEF – Deficiência (Déficit) EXC – Excedente ESC - Escoamento 3/9/2015 17 VAL(m) = VAL (m-1) + [(PP-ETP) (m)] ALT(m) = VAL (m) – VAL (m-1) ETR (m) = PP (m) + |ALT (m)| DEF (m) = ETP (m) – ETR (m) EXC (m) = [(PP-ETP) (m) – ALT (m)] ESC (m) = ½ [EXC (m) + ESC (m-1)] Equações para Cálculo do Balanço Hídrico Climático ΣPP = Σ ETP + Σ(PP-ETP) ΣPP = Σ ETR + Σ EXC ΣETP = Σ ETR + Σ DEF Σ ALT = 0 Aferição do Balanço Hídrico Climático
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