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Curso de Toxicologia Ambiental - Portal Educação Módulo I

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AN02FREV001/REV 4.0 
 1 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
TOXICOLOGIA AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
 
TOXICOLOGIA AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição 
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido 
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 3 
 
SUMÁRIO 
 
 
MÓDULO I 
1 SUBSTÂNCIAS TÓXICAS EM PERSPECTIVA 
1.1 INTRODUÇÃO À TOXICOLOGIA AMBIENTAL 
1.2 ORIGEM DA CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL. 
1.3 OS RISCOS DAS SUBSTÂNCIAS TÓXICAS – DESTINO DOS 
CONTAMINANTES NOS ECOSSISTEMAS E NOS ORGANISMOS 
1.4 CAUSAS DE MORTE E ENFERMIDADES 
2 A LINGUAGEM DOS TÓXICOS 
2.1 UNIDADES PARA COMPOSTOS TÓXICOS 
2.2 AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS COMPOSTOS TÓXICOS 
2.3 OS TÓXICOS NO ORGANISMO E SEUS EFEITOS NA SAÚDE HUMANA 
2.4 AS QUATRO MAIORES PRODUTORAS DE TÓXICOS 
2.4.1 Os tóxicos no ar 
2.4.2 Os tóxicos na água 
2.4.3 Tóxicos nos alimentos 
2.4.4 Tóxicos nos produtos de consumo 
 
MÓDULO II 
3 OS TÓXICOS E O MEIO AMBIENTE 
3.1 MOVIMENTOS DOS TÓXICOS POR MEIO DO MEIO AMBIENTE 
3.2 OS EFEITOS GLOBAIS DOS TÓXICOS 
3.2.1 O efeito estufa 
3.2.2 A destruição da camada de ozônio 
3.2.3 A chuva ácida 
3.3 INTERAÇÃO DE POLUENTES OU BIOTOXINAS COM A BIOTA 
3.3.1 Bioconcentração 
3.3.2 Bioacumulação 
3.3.3 Biomagnificação 
3.3.4 Biotransformação 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 4 
3.3.5 Biodegradação 
3.3.6 Detoxificação 
3.3.7 Eliminação 
3.4 ORGANISMOS COMO INDICADORES DE QUALIDADE AMBIENTAL 
3.4.1 Bioindicadores 
3.4.2 Biomonitores 
3.4.3 Biomarcadores 
3.5 MONITORAMENTO ECOLÓGICO 
3.6 AVALIAÇÃO DO RISCO ECOLÓGICO E PARA POPULAÇÕES HUMANAS 
 
MÓDULO III 
4 OS PRINCIPAIS GRUPOS TÓXICOS – XENOBIÓTICOS E TOXINAS 
4.1 OS METAIS PESADOS 
4.2 OS PRODUTOS INDUSTRIAIS 
4.2.1 Os solventes 
4.2.2 Os defensivos agrícolas 
4.2.3 Petróleo e seus derivados 
4.3 AS DIOXINAS E OS FURANOS 
4.4 A RADIOATIVIDADE 
5 FASES TOXODINÂMICA E TOXOCINÉTICA 
5.1 CLASSIFICAÇÃO DOS EFEITOS TÓXICOS 
5.2 VIAS DE ENTRADA DOS PRODUTOS TÓXICOS 
5.3 BIOMONITORAMENTO 
5.4 TESTES DE TOXICIDADE EM OGANISMOS AQUÁTICOS 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 5 
 
 
MÓDULO I 
 
 
1 SUBSTÂNCIAS TÓXICAS EM PERSPECTIVA 
 
 
1.1 INTRODUÇÃO À TOXICOLOGIA AMBIENTAL 
 
 
Os problemas relacionados ao ambiente é uma preocupação 
contemporânea da humanidade, fato jamais assumido ao longo da história. Dessa 
forma, tal preocupação cresce a cada dia, uma vez que a disponibilidade de muitos 
recursos naturais já se encontra comprometida devido à contaminação ambiental. 
A contaminação ambiental ocorre de forma intencional ou acidental em 
decorrência das atividades humanas. Substâncias químicas são lançadas nos 
diversos compartimentos do ambiente, favorecendo o desequilíbrio ambiental, 
causando danos a diversas espécies, incluindo a espécie humana; consequência 
direta do crescimento populacional, da industrialização, do desenvolvimento 
tecnológico e do uso de agrotóxicos na agropecuária. 
A compreensão do processo de contaminação ambiental é representada 
pela análise da interação entre as ecologias natural e humana. Assim que houve o 
surgimento da biosfera, o ser humano pôde conquistar novos habitats, criar novos 
nichos e nesse processo de evolução, passou a considerar o ambiente como sendo 
parte externa e não como elemento componente. Já como consumidor, o homem 
criou o ciclo humano de materiais, ciclo este à parte dos ciclos naturais. Porém, a 
manutenção desse ciclo humano depende da manutenção dos ciclos naturais, pois 
todas as “entradas” no ciclo de produção de bens para satisfazer o consumo 
humano vêm dos ecossistemas naturais e todas as “saídas” do ciclo humano se 
convertem em “entradas” no ciclo natural de materiais (Figura 1). 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 6 
 
 
FIGURA 1 - INTERAÇÃO DAS ESCOLOGIAS NATURAL E HUMANA 
 
FONTE: EDMUNDS & LETEY, 1975. 
 
 
Analisando o ciclo natural, na figura 1, constata-se que além dos resíduos 
naturais que retornam a sua base biológica, estão os manufaturados, advindos da 
atividade produtiva do homem, acrescidos daqueles provenientes do seu próprio 
metabolismo. Esses resíduos, para voltarem ao processo produtivo dependem da 
capacidade de reciclagem dos ciclos naturais. Muitos deles são substâncias 
inorgânicas e o resto são compostos orgânicos, alguns dos quais não 
biodegradáveis, que se convertem em contaminantes da base biogeoquímica e, seja 
pela quantidade ou pela qualidade, contribuem para a degradação do ambiente. Por 
outro lado, as “saídas” dos ciclos naturais para abastecer os ciclos humanos por 
meio da mineração, desmatamento, queimada, construção de hidrelétricas, 
agricultura e pecuária intensiva, etc., causam pressões que contribuem para a 
degradação do ambiente. Como resultado da soma das pressões sobre o meio 
ambiente tem-se a poluição ambiental. 
O nível de contaminação ambiental pode ser medido por meio de análises 
físicas ou químicas sensíveis, dependendo do nível de observação do ambiente. A 
dificuldade é que alguns contaminantes são substâncias estranhas ao sistema 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 7 
natural, porém outros estão presentes naturalmente no ambiente e são tóxicos 
apenas quando presentes na forma errada, lugar ou concentração. O que torna 
ainda mais complicado o estudo da contaminação ambiental. 
A Toxicologia Ambiental é a ciência que estuda os efeitos nocivos das 
substâncias químicas presentes no ambiente nos organismos vivos. Ou seja, estuda 
os seus efeitos nas espécies, em especial, na espécie humana. O termo toxicologia 
ambiental é muitas vezes confundido com Ecotoxicologia. A ecotoxicologia é a 
ciência responsável pelo estudo dos impactos das substâncias químicas sobre as 
espécies que constituem os ecossistemas. Como podemos observar, há uma grande 
diferença nesses conceitos e a partir de agora não será permitido esse tipo de 
confusão. 
Para garantir um estudo toxicológico eficiente do ambiente é necessário 
conhecer as fontes de contaminação, ou seja, é imprescindível o conhecimento das 
fontes poluidoras; conhecer a interação dos contaminantes com os componentes da 
atmosfera; conhecer os mecanismos naturais de remoção e fatores geográficos que 
aumentam ou diminuem o risco. 
Na toxicologia ambiental, métodos bioquímicos e fisiológicos são 
ferramentas indispensáveis, uma vez que servem como alerta antecipado de 
alterações ambientais induzidas por poluentes. 
O crescente conhecimento adquirido a respeito da questão de poluição 
ambiental vem influenciando mudanças de atitudes para com o meio ambiente em 
muitos países. Esse novo comportamento foi favorecido por legislações, as quais 
reforçam as exigências de estudos de impactos ambientais e um constante 
monitoramento ambiental com relação à emissão de poluentes. 
Praticamente toda atividade humana constitui uma fonte potencial de 
contaminantes aos ecossistemas. Há muito ainda que se descobrir a respeito desse 
assunto. Muito pouco se sabe sobre as relações dose/respostae de apenas poucos 
agentes tóxicos e organismos chaves, e somente com pesquisas científicas avanços 
poderão ser feitos na direção do estado ideal de conhecimento. O avanço do 
conhecimento sobre o efeito dos poluentes nos ecossistemas construíra uma base 
mais sólida para a avaliação, o entendimento e a predição dos impactos ambientais. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 8 
 
 
Definições: poluentes e contaminantes e inter-relações dos contaminantes entre os 
diversos compartimentos do meio ambiente 
 
 
A diferenciação entre os conceitos de poluição e contaminação é de 
fundamental importância para o entendimento das questões ambientais. 
Originalmente, poluição significa sujeira (do latim poluere = sujar). Porém, 
atualmente, é mais que isso. Segundo a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 
Federal nº 6.938/81), é a degradação da qualidade ambiental resultante de 
atividades que direta ou indiretamente prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-
estar da população; criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 
afetem desfavoravelmente a biota; afetem as condições estéticas ou sanitárias do 
meio ambiente e lancem matérias ou energias em desacordo com os padrões 
ambientais estabelecidos. 
Como pode ser observado, o conceito atual de poluição é bem 
antropocêntrico, visto que coloca o homem como centro, já que a utilização do 
ambiente está intimamente relacionada à manutenção do ciclo humano de materiais. 
Por outro lado, é um conceito bem prático, já que a composição e características do 
ambiente podem ser avaliadas conferindo um nível de qualidade ao ambiente ou a 
um dado recurso ambiental, assegurando seu uso. 
Em uma análise minuciosa da figura 1, observa-se que quanto maior a 
população, maior o consumo de alimentos, energia, água, minerais, etc., e, 
consequentemente, maior a pressão sobre os ecossistemas naturais, além da maior 
degradação da bioesfera, ou seja, maior a poluição ambiental. Portanto, conclui-se 
que o crescimento populacional pode ser considerado como a maior causa da 
degradação ambiental. A população não pode crescer indefinidamente, pois está 
limitada à capacidade de suporte do planeta. A capacidade suporte para a vida 
humana varia de acordo com a forma como o homem maneja os recursos naturais, 
podendo ser melhorada ou piorada pelas atividades antrópicas. Cria-se assim um 
ciclo vicioso, em que a população crescente polui o ambiente e o ambiente assim 
degradado vai perdendo a sua capacidade de suporte. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 9 
 
A poluição pode ser dividida em três fases distintas: 
 1ª fase: fase de geração e emissão de poluentes pelas diversas fontes 
poluidoras existentes; 
 2ª fase: fase de transporte e difusão de poluentes no ambiente. Nesta 
fase, as águas e os ventos, dentre outros fatores, têm papel preponderante; 
 3ª fase: fase em que ocorre o contato dos poluentes com o homem, os 
animais, os vegetais, os bens materiais, etc. 
Vários são os programas relacionados ao controle da poluição. Estes 
programas devem, sempre que possível, atacar o problema da poluição em sua 
primeira fase, ou seja, devem sempre tentar controlar as fontes poluidoras. Fonte 
poluidora é qualquer equipamento, processo ou atividade capaz de gerar ou emitir 
poluentes. 
Portanto, poluição ambiental é considerada sinônimo de impacto ambiental. 
De acordo com esse conceito, inúmeras atividades antrópicas resultam em poluição 
do meio ambiente. Porém, nem toda poluição representa necessariamente um risco 
ambiental. Nesse contexto, para que haja risco, a concentração do poluente deve 
exceder determinado nível, considerado nível de toxicidade, representativo do 
padrão de qualidade. Por exemplo, um lançamento de uma pequena carga de 
esgoto doméstico em um rio provoca a diminuição do teor de oxigênio de suas 
águas. Mas se esta diminuição de oxigênio não afetar a vida dos peixes nem dos 
seres que lhes servem de alimento, então o impacto ambiental provocado pelo 
esgoto lançado no rio não é uma poluição; caso afete, esse fato torna-se uma 
poluição. 
Portanto, um poluente é caracterizado como toda substância de origem 
natural (metais, petróleo, nitrato) ou antrópica (solventes, agrotóxicos) que, quando 
em concentrações superiores aos níveis aceitáveis, modifica o equilíbrio natural do 
ambiente. Há vários tipos de poluição, como: poluição atmosférica, poluição hídrica, 
poluição do solo, poluição sonora, poluição visual, poluição térmica, poluição 
luminosa e poluição radioativa. 
Muitas vezes, utiliza-se a palavra contaminação de forma equivocada no 
sentido de poluição. A contaminação ocorre quando a concentração de poluentes 
atinge níveis tóxicos à fauna, flora e ao homem. Porém, se essas substâncias não 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 10 
alterarem as relações ecológicas existentes ao longo do tempo, esta contaminação 
não é considerada uma forma de poluição. Diante do exposto, nem sempre 
contaminação é considerado sinônimo de impacto ambiental. Por exemplo, se 
estivermos falando em contaminação da atmosfera: o ar contaminado tem 
consequências diretas na vida do homem, devendo, neste caso, ser considerada 
também como poluição. Outro exemplo é o aumento da concentração de gás 
carbônico na atmosfera. Neste caso, é apenas poluição, já que este gás não é 
potencialmente tóxico. 
Como pode ser observado, o impacto ambiental está relacionado 
diretamente com os níveis de toxicidade dos contaminantes/poluentes. 
Toxicidade é quando o nível ultrapassa os valores aceitáveis aos padrões 
ambientais, acarretando em riscos para a saúde da flora, fauna e, principalmente, 
acarretando riscos à saúde humana. 
O meio ambiente é caracterizado por cinco compartimentos distintos, porém 
intimamente interligados. São eles: a atmosfera, a hidrosfera, a litosfera, a biosfera e 
os sedimentos. O termo compartimento é largamente utilizado na Ecologia como 
parte de um ecossistema complexo que pode ser descrito e definido por meio de 
concentrações materiais, processos de transformação e mecanismos de transporte 
entre áreas-limite. Geralmente, há equilíbrio entre as diversas substâncias que 
compõem um compartimento. 
Embora para fins de didática, muitas vezes as questões ambientais são 
discutidas levando em consideração essa compartimentalização, porém, não se 
deve esquecer que há um dinamismo neste processo, ou seja, há uma constante 
troca de energia e matéria entre esses compartimentos (Figura 2). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 11 
 
 
FIGURA 2. VIAS DE TRANSFERÊNCIA ENTRE COMPARTIMENTOS AMBIENTAIS 
 
FONTE: Azevedo & Chasin, 2003. 
 
 
Portanto, como há um constante fluxo de energia e matérias entre os 
diversos compartimentos ambientais, é plausível que os contaminantes também 
façam parte desse dinamismo. Assim, há uma grande inter-relação entre os 
contaminantes nos diferentes compartimentos do ambiente, pois estes podem ser 
transportados e propagados por diversas vias. Essa migração pode alterar as 
características naturais ou qualidades do meio ambiente, determinando impactos 
negativos e/ou graves riscos. 
Diante do exposto, para que se tenham condições de entender as questões 
relacionadas ao meio ambiente, é necessário que haja conhecimentos básicos dos 
meios físicos e biológicos, para que sejam possíveis suas inter-relações com o meio 
antrópico. 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 12 
 
 
1.1 ORIGEM DA CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL. 
 
 
A poluição ambiental tem origem no tempo em que o homem começou a 
utilizar a agricultura para a sua sobrevivência. Inicialmente, essa relação era 
equilibrada.O homem era apenas coletor e caçador, vivendo de forma integrada aos 
ecossistemas. Dessa forma, os recursos naturais eram mantidos intactos sob a ótica 
da intervenção humana, ficando apenas a mercê dos fenômenos naturais. 
Com o passar do tempo, a atividade da agricultura tomou novas proporções. 
Era necessário mais que o básico para garantir a subsistência e, assim, o homem 
passou a interferir no equilíbrio ambiental. Para garantir mais produção, era 
necessário mais espaço físico, o que levou o homem às práticas de queimadas e 
derrubadas de florestas. 
Juntamente com a agricultura, a criação de gado (pecuária) também 
contribuiu para a instalação do desequilíbrio ambiental. O que o ambiente oferecia já 
não era suficiente. Adicionalmente, mais florestas foram derrubadas, a fim de plantar 
grãos necessários à alimentação desses rebanhos. 
Porém, foi com a Revolução Industrial, que a influência do homem sobre os 
recursos naturais atingiu níveis preocupantes. A Revolução Industrial permitiu o 
crescimento das diversas indústrias, que não só contribuíram para aumentar a 
qualidade de vida das pessoas, mas também permitiu o crescimento populacional, 
influenciando de forma negativa o meio ambiente. Nesse contexto, a explosão 
demográfica e seus decorrentes problemas sociais fizeram com que a poluição 
ambiental emergisse de forma acentuada e perigosa. São sérios problemas e 
desastres ambientais, provocados principalmente pela forma de produção humana, 
ou seja, pela maneira com que a sociedade passou a se relacionar com os recursos 
naturais após a Revolução Industrial. 
No estudo da poluição ambiental, são vários os poluentes ambientais, 
porém, alguns se destacam pela sua presença em todo mundo e também pelas suas 
consequências. Os poluentes são relacionados com a sua respectiva origem na 
Tabela 1. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 13 
 
 
TABELA 1. PRINCIPAIS POLUENTES AMBIENTAIS 
 
Poluentes Origem 
Dióxido de Carbono Combustão de produtos carbonados diversos, em usinas 
termoelétricas, indústrias e aquecedores domésticos. 
 
Monóxido de Carbono Resultante da combustão incompleta de materiais fósseis, 
tais como petróleo e carvão, em metalúrgicas, refinarias de 
petróleo e veículos automotores. 
Dióxido de Enxofre Emanações de centrais elétricas, indústrias, veículos 
automotores e combustíveis domésticos frequentemente 
carregados de ácido sulfúrico. 
 
Óxidos de Nitrogênio Provêm de motores a combustão, aviões, incineradores, do 
emprego excessivo de certos fertilizantes, de queimadas e 
de instalações industriais. 
 
Fosfatos Encontrados em esgotos, provenientes principalmente de 
detergentes. Encontrados também em águas que escoam 
de terras excessivamente tratadas com fertilizantes e de 
terras onde se pratica a pecuária intensiva. Fator principal 
(eutrofizante) da degradação das águas de lagos e rios. 
 
Mercúrio Provém de combustíveis fósseis, da indústria de cloro-
álcalis, de fábricas de aparelhos elétricos e de tintas, de 
atividades de mineração e refino e da indústria de papel. O 
mercúrio é forte contaminante de alimentos, principalmente 
peixes e crustáceos. 
 
Chumbo Proveniente principalmente de usinas de refinação de 
chumbo, de aditivos antidetonantes da gasolina, de 
indústrias químicas e de pesticidas. 
 
Petróleo Poluente originado, principalmente, de descargas ou 
acidentes com navios petroleiros e, da extração e do refino 
de petróleo. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 14 
 
DDT e outros pesticidas Proveniente, principalmente, do uso na agricultura e em 
campanhas de saúde pública. 
 
Radiações Produzidas principalmente pela utilização da energia 
nuclear, tanto para fins industriais como bélicos. 
 
CF (clorofluorcarbono) – 
FREON 
Provém de produtos em spray (inseticidas, desodorantes, 
tintas, etc.), circuitos de refrigeração (geladeiras, ar 
condicionado), indústria de embalagens (isopor) e da 
indústria eletrônica (solvente). 
FONTE: Organização Mundial da Saúde (OMS). 
 
 
A poluição ambiental é uma questão bastante discutida na atualidade e pode 
ser estudada sob diversos aspectos e perspectivas. A poluição é classificada de 
acordo com o meio em que ocorre. Assim, as alterações que ocorrem na água, no ar 
e no solo, classificam-se, respectivamente, como poluição da água ou hídrica, do ar 
ou atmosférica e do solo. Nos vários ambientes em que a poluição pode ocorrer, 
essa pode ser variável, de acordo com o tipo de contaminante presente o que a 
classifica em: Química, Térmica, Biológica, Radioativa e Mecânica. 
 
a) Poluição Química 
A Poluição Química é dividida em Poluição Química Brutal e Poluição 
Química Insidiosa ou Crônica. 
A Poluição Química Brutal ocorre pelos lançamentos maciços de dejetos 
industriais no meio ambiente, tais como ácidos, álcalis, metais pesados, 
hidrocarbonetos, fenóis, detergentes, dentre outros. Caracteriza-se pelos seus 
efeitos brutais sobre ao ambiente. Já a Poluição Química Insidiosa ou Crônica 
ocorre de maneira mais ou menos sistemática, com menor quantidade de poluentes. 
Seus efeitos são frequentemente intensificados devido à mistura de vários tipos de 
poluentes, que são bem mais nocivos quando agem sinergicamente com outros do 
que quando agem separadamente. Nesta categoria, estão incluídos os detergentes 
sintéticos, os subprodutos do petróleo, os pesticidas e resíduos químicos diversos. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 15 
b) Poluição Biológica ou Orgânica 
A Poluição Biológica ou Orgânica é o tipo de poluição cujos poluentes se 
caracterizam por serem materiais orgânicos fermentáveis. Nesta categoria, são 
fontes poluidoras, principalmente, os esgotos domésticos, as indústrias de 
lacticínios, os curtumes, os matadouros, as indústrias têxteis e de celulose. 
 
c) Poluição Térmica 
A Poluição Térmica decorre da elevação da temperatura média do ambiente. 
Mais comum nos ambientes aquáticos, tem sua origem no aquecimento das águas 
utilizadas no resfriamento de reatores de usinas térmicas, nas centrais elétricas, nas 
refinarias de petróleo, destilarias, etc. 
 
d) Poluição Mecânica 
A Poluição Mecânica é decorrente de grandes quantidades de argila, areia, 
calcário e escórias derivadas da dragagem de corpos d’água, da indústria de 
mineração, da abertura de estradas. 
 
e) Poluição Radioativa 
A Poluição Radioativa origina-se nas explosões atômicas, em acidentes de 
usinas nucleares e no lixo atômico. As águas utilizadas no resfriamento dos reatores 
atômicos, além de poluírem termicamente, são capazes de arrastar resíduos 
radioativos para rios e mares. Esse tipo de poluição é caracterizado por promover 
riscos irreversíveis aos organismos e meio ambiente. 
A poluição é um problema mundial e também reflete o aspecto 
socioeconômico de uma região. Por exemplo, em regiões com baixos índices de 
desenvolvimento, o tipo de poluição frequente é a chamada poluição “da miséria”, ou 
seja, aquela relacionada à deficiência de saneamento básico. Já em regiões 
desenvolvidas, dotadas de uma economia estável, outro tipo de poluição está 
presente, é aquela denominada poluição “tecnológica”. A poluição tecnológica, 
considerada bem mais violenta, é representada pelo uso indiscriminado de 
pesticidas e muitos outros produtos industriais responsáveis por enormes danos ao 
ambiente. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 16 
Atualmente, devido à preocupação crescente da sociedade com relação às 
questões ambientais, principalmente às questões de poluição, várias estratégias têm 
sido utilizadas na precaução dos riscos, uma delas é a avaliação da poluição 
ambiental. Nesse contexto, dois conceitos devem serressaltados: o indicador de 
poluição e o padrão de qualidade ambiental. 
 
 Indicador de poluição 
O indicador de poluição é caracterizado como um parâmetro ou um conjunto 
de parâmetros utilizado para mensurar o nível de poluição, quer seja da fonte 
poluidora ou do ambiente. Para a realização desse procedimento são utilizados 
diversos tipos de indicadores. Um exemplo é a utilização de liquens como 
indicadores de poluição atmosférica em alguns países. 
 
 Padrão de qualidade 
É um parâmetro ou grupo de parâmetros utilizado para diagnosticar a 
poluição ambiental. 
Essa ferramenta é responsável por fixar a quantidade ou a concentração 
aceitável de determinado poluente no ambiente. Esses valores são fixados por 
órgãos internacionais e também por órgãos de controle ambiental nacional. 
Como forma de facilitar os estudos de avaliação da poluição ambiental 
propõe-se o seguinte roteiro básico: 
1. Identificar as fontes poluidoras; 
2. Associar poluentes às fontes poluidoras; 
3. Escolher os indicadores de poluição que melhor representem os 
poluentes; 
4. Comparar os indicadores de poluição com os padrões de qualidade 
ambiental esperado ou desejado para aquele ambiente; 
5. Estabelecer o parecer sobre as condições ambientais avaliadas, isto é, 
sobre o grau de poluição no ambiente estudado. 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 17 
 
 
1.3 OS RISCOS DAS SUBSTÂNCIAS TÓXICAS – DESTINO DOS 
CONTAMINANTES NOS ECOSSISTEMAS E NOS ORGANISMOS 
 
 
O risco se expressa a partir do ponto de vista da probabilidade, 
primeiramente porque os organismos não são idênticos e, portanto, não respondem 
da mesma forma a exposições semelhantes. Isso ocorre pelo fato desses 
organismos apresentarem idades diferentes, formas de vida diferentes, 
metabolismos diferentes e também viverem em ambientes diferentes. Por exemplo, 
os níveis de poluição do ar podem variar conforme o local da cidade, os 
contaminantes da água podem não estar uniformemente misturados, fatos que 
acarretariam em uma diferença de exposição aos riscos. 
No momento em que determinada substância tóxica entra em contato com o 
organismo pelas vias de exposição e atingem os seus epitélios de revestimento, 
considerados barreiras físicas aos agentes estranhos, chegando à corrente 
sanguínea, diz-se que o tóxico penetrou no organismo. O sangue é o veículo 
responsável pelo transporte dessas substâncias aos diversos órgãos, podendo 
acarretar danos permanentes a vários deles. 
Uma questão importante a ser considerada é que a quantidade da 
substância penetrante nem sempre coincide com a quantidade da ingerida e/ou 
inalada. Isso ocorre porque nem sempre o tóxico é 100% biodisponível. Por 
exemplo, é o que acontece com a contaminação de solo e de água por arsênico. O 
arsênico apresenta maior biodisponibilidade em água, ou seja, ele é mais bem 
absorvido quando dissolvido em água. Portanto, para um melhor entendimento e 
conhecimento do transporte, das modificações e do destino das substâncias que 
causam danos, é necessário determinar suas concentrações e mensurar a 
magnitude dos danos causados por elas. 
Outra questão que influencia bastante a viabilidade das substâncias tóxicas 
é a velocidade com que estas penetram no organismo. De acordo com estudos, a 
velocidade de penetração depende das propriedades físico-químicas das 
substâncias, das condições presentes na área de contato (tamanho da área, 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 18 
permeabilidade da membrana) e também da magnitude do fluxo sanguíneo da 
região. A substância, ao penetrar no organismo, começa a ser transformada por 
diferentes tipos de enzimas; o tempo de contato e a concentração influenciam 
fortemente na magnitude dos danos causados aos diferentes órgãos. 
Os danos causados pelas substâncias tóxicas podem ser de dois tipos: os 
reversíveis e os irreversíveis. Os reversíveis contam com a capacidade que as 
células apresentam de repará-los e os irreversíveis, produzem uma transformação 
permanente, incluindo a morte celular, representando, neste caso, uma resposta 
tóxica. 
 
 
1.4 CAUSAS DE MORTE E ENFERMIDADES 
 
 
O Meio Ambiente sempre foi essencial para a vida. Porém, a preocupação 
com as questões ambientais só assumiu dimensões internacionais a partir da 
década de 50. 
As substâncias tóxicas são responsáveis por inúmeros danos ao meio 
ambiente e, principalmente, aos seres humanos. Nas últimas décadas, devido ao 
processo de industrialização e crescimento populacional, tem sido possível observar 
uma crescente presença dessas substâncias no meio ambiente, que provocam, por 
exemplo, a poluição atmosférica nos grandes centros urbanos e a poluição das 
águas pela degradação dos rios e mares devido ao lançamento de efluentes não 
tratados, ao vazamento de petróleo, etc. 
Como pode ser observado, a poluição está cada vez mais frequente no 
cotidiano humano e várias são as suas consequências, desde alergias até a 
ocorrência de mortes. São vários os tipos de poluição e consequentemente dos 
danos causados ao ambiente e aos seres que nele habitam. 
Nas últimas décadas, vários avanços relacionados ao controle da poluição 
foram obtidos, principalmente referentes à poluição atmosférica nos países 
desenvolvidos. Porém, ainda são altos os níveis de poluição. 
Em muitos estudos, foram associados níveis diários de inalação de 
contaminantes aos efeitos na saúde que vão desde mortalidade total da população 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 19 
até malformações congênitas ou menor ganho de peso durante a gestação. 
Atualmente, vários estudos são realizados na busca de um entendimento entre a 
existência de poluição e a ocorrência de doenças. Abaixo estão relacionados alguns 
trabalhos referentes aos vários tipos de poluição e suas relações com a saúde 
humana. 
 
 
Neste trabalho, buscou-se analisar a associação entre a exposição à 
poluição atmosférica e internações hospitalares para causas específicas de doenças 
respiratórias e cardiovasculares em idosos e crianças na cidade de São Paulo. 
Como resultados, pôde ser observado que houve uma associação estatística 
significativa entre o aumento do nível de poluentes na atmosfera e o número de 
hospitalizações nos dois grupos etários estudados. Esse estudo permitiu confirmar a 
influência da qualidade do ar na qualidade de vida da população. 
 
 
 
Neste outro trabalho, também realizado na cidade de São Paulo, várias 
conclusões foram tiradas a respeito da influência da poluição atmosférica na 
qualidade de vida da população. Dentre elas, as mais importantes foram: 
 
 
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 20 
 As concentrações de poluentes dos grandes centros urbanos provocam 
afecções agudas e crônicas no trato respiratório, mesmo quando as concentrações 
estão abaixo do padrão de qualidade do ar; 
 A poluição do ar em São Paulo induz a mutações no DNA, favorecendo 
o surgimento de tumores pulmonares malignos em humanos e animais, podendo 
levar esses organismos à morte; 
 Nos períodos de inversão térmica, por ocorrer o acúmulo de poluentes, 
ocorre aumento de morbidade e mortalidade por doenças respiratórias e 
cardiovasculares; 
 O material particulado PM10 e PM2,5 são os dois poluentes mais 
associados com danos à saúde, e frequentemente são associados com casos de 
mortalidade por doenças cardiovasculares. 
 Verificou-se a associação existente entre o consumo de combustíveis 
(etanol, gasolina e diesel) com a mortalidade por doenças respiratórias em idosos. 
 Constatou-se a inexistência de um nível de segurança para os 
poluentes, um nível seguro de poluição, abaixo do qual não se tenha efeitos sobre o 
ser humano.Os índices de qualidade do ar preservam sim, de certa maneira, a 
saúde, mas somente da média da população. 
 Houve constatação de que o aumento na mortalidade intrauterina está 
de certa forma, associada com aumentos de concentrações de dióxido de nitrogênio 
e de monóxido de carbono. 
 Quanto mais poluída é a cidade, maior é o risco de abreviação da vida. 
 
 
 
Neste outro estudo, várias conclusões foram tiradas a respeito da qualidade 
do ar como influência na saúde do ambiente: 
 
 
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 21 
 As emissões feitas por veículos são consideradas como maior fonte 
causadora da mortalidade por enfermidades cardiovasculares, pulmonares 
obstrutivas crônicas (bronquite crônica, asma e enfisema pulmonar) e por câncer do 
pulmão; 
 O material particulado além de ser prejudicial por si só é um agente 
potencializador de danos ao aparelho respiratório, na medida em que pode ter a ele 
incorporado outros poluentes como sulfatos, nitratos, metais pesados e 
hidrocarbonetos policíclicos; sendo já atestada a correlação entre problemas de 
bronquite e asma com concentrações de sulfatos e nitratos em partículas 
respiráveis; 
 
 
 
Neste estudo, as conclusões foram as seguintes: 
 
 Todos os poluentes atmosféricos estão positivamente correlacionados 
entre si. 
 Há uma relação inversamente proporcional entre os poluentes, à 
temperatura mínima e a umidade relativa do ar; 
 Há um efeito cumulativo da exposição aos poluentes do ar; 
 O NO2 foi o único poluente atmosférico que não ultrapassou os limites 
estabelecidos da qualidade do ar, embora tenha sido correlacionado positivamente 
com as doenças respiratórias. Esse fato reforça a hipótese de que mesmo quando 
os poluentes não ultrapassam o limite permitido podem provocar efeitos nocivos à 
saúde; 
 
 
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 22 
 Os níveis de poluição do ar em Curitiba, apesar de não serem tão altos 
ou mesmo quando não ultrapassam o padrão de qualidade do ar, como no caso do 
NO2, interferem no perfil da morbidade respiratória da população infantil da cidade. 
 
 
 
 
Neste estudo realizado em São José dos Campos – SP, os autores puderam 
concluir que: 
 
 A distribuição dos poluentes atmosféricos apresenta aspectos 
sazonais; 
 A modelagem do ozônio é mais complexa, pois apresenta picos de 
concentração tanto nos períodos quentes como frios. Tal fato explica-se pela maior 
insolação dos dias de verão e pela maior permanência de precursores oxidantes na 
atmosfera no inverno, devido às piores condições de dispersão. 
 Os municípios de médio porte, com grande parque industrial podem ser 
afetados pelas variações da poluição atmosférica, interferindo no perfil de morbidade 
respiratória infantil. Portanto, este não é um problema específico das grandes 
regiões metropolitanas. 
 
 
 
 
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 23 
Neste, as conclusões foram as seguintes: 
 
 Há efeitos da poluição do ar, especialmente do material particulado 
fino, na morbidade e mortalidade por doenças cardiovasculares (cardíacas, arteriais 
e cerebrovasculares). 
 O aumento da poluição do ar tem sido associado ao aumento da 
viscosidade sanguínea, de marcadores inflamatórios (proteína C reativa, 
fibrinogênio) e da progressão da arteriosclerose, a alterações da coagulação, à 
redução da variabilidade da frequência cardíaca (indicador de risco para arritmia e 
morte súbita), à vasoconstricção e ao aumento da pressão arterial, todos os fatores 
de risco para doenças cardiovasculares. 
 Indivíduos idosos e portadores de doenças cardiovasculares prévias, 
situações cada vez mais frequentes na sociedade contemporânea, constituem 
populações mais suscetíveis, reforçando que, além do tabagismo, sedentarismo e 
dieta, a poluição do ar é um importante fator de risco a ser controlado. 
 
 
 
O câncer é umas das mais graves doenças da atualidade. Neste estudo, os 
autores investigaram a influência da poluição do ar na cidade do Rio de Janeiro na 
ocorrência do câncer de pulmão. A conclusão foi a seguinte: 
 A exposição ao monóxido de carbono se mostrou associada ao 
aumento de óbitos por câncer de pulmão; 
Da mesma forma que a poluição atmosférica, a poluição hídrica também traz 
inúmeras consequências devido aos múltiplos usos da água pelo homem, os quais 
geram degradação ambiental significativa e diminuição considerável na 
disponibilidade de água de qualidade. 
 
 
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 24 
Cada uma das atividades exercidas pelo homem, seja doméstica, comercial 
ou industrial, gera poluentes característicos que implicarão na alteração da 
qualidade do corpo receptor. 
De acordo com a legislação atual em vigor, poluição hídrica é “qualquer 
alteração nas características físicas, químicas e/ou biológicas das águas, que 
acarrete em prejuízos à saúde, à segurança e ao bem-estar da população e, ainda, 
possa comprometer a fauna, a flora e a utilização das águas para fins comerciais, 
industriais, recreativos e de geração de energia.” 
A poluição hídrica apresenta várias causas: 
 Alto grau de urbanização; 
 Falta de saneamento básico; 
 Lançamentos de dejetos industriais; 
 Maior produção agrícola – maiores níveis de pesticidas e fertilizantes 
utilizados; 
Vários estudos mostram as consequências da poluição dos corpos d’água 
na saúde dos ecossistemas e seres humanos. Dentre eles, alguns podem ser 
discutidos abaixo: 
 
 
 
Neste trabalho, os autores buscaram definir os impactos ambientais 
causados pelo lançamento de inseticidas agrícolas, um dos principais fatores de 
intoxicação humana. As conclusões foram as seguintes: 
 
 O nível de intoxicação por esse tipo de substância química está 
diretamente relacionado à idade, assistência técnica e ao desconhecimento da 
tecnologia utilizada. Portanto, os agricultores mais velhos, que não detinham de 
assistência técnica e conhecimento das formas de utilização e atuação do produto, 
foram os mais intoxicados; 
 
 
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 25 
 
 
 
Neste estudo, os autores relataram as principais consequências da 
toxicidade dos agrotóxicos em ambientes aquáticos. Dentre essas, destacam-se: 
 Os peixes e invertebrados presentes nos corpos d’água podem 
acumular os agrotóxicos em concentrações muito acima daquelas encontradas nas 
quais eles vivem, pois esses compostos podem se ligar ao material particulado em 
suspensão se ingeridos pelos organismos aquáticos; 
 Indivíduos jovens ou imaturos geralmente são mais suscetíveis aos 
agentes químicos do que os adultos; 
 Os agrotóxicos contaminam os alimentos, ocasionando intoxicações 
sérias nos seres humanos; intoxicações que podem ser agudas ou lentas. 
 Os principais sintomas de uma intoxicação são: perda da visão, 
mutações, câncer, asfixia, paralisias, dores de cabeça, enjoos, tonteiras e até a 
morte. 
 
 
2 A LINGUAGEM DOS TÓXICOS 
 
 
2.1 UNIDADES PARA COMPOSTOS TÓXICOS 
 
 
As unidades utilizadas para expressar as quantidades das substâncias 
tóxicas não são complicadas, apenas menos familiares. As unidades usadas 
dependem se a substância está dissolvida em água, em um tecido do corpo ou se a 
substância está no estado líquido, gasoso ou sólido. Dependem também se o 
contaminante está sendo emitido diretamente de uma fonte, se está no ambiente ou 
se está sendo absorvido pelo corpo. 
 
 
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 26 
Por exemplo, contaminantes atmosféricos são medidos em toneladas por 
dia (t/dia), gramas (g) e quilogramas (Kg). Os contaminantes dissolvidos em água 
são normalmente expressos pelo peso do contaminante dividido pelo volume da 
água ou pelo pesodo contaminante dividido pelo peso da água. As unidades mais 
utilizadas neste caso são: os centímetros cúbicos (cm3), litro (L), mililitro (ml), o 
metro cúbico (m3), miligrama por m3 (mg/m3) e o micrograma por litro (µg/L). São 
utilizadas também as partes por milhão (ppm), as partes por bilhão (ppb). 
 
 
2.2 AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS COMPOSTOS TÓXICOS 
 
 
A avaliação dos compostos tóxicos e de seus riscos tem-se demonstrado 
uma importante estratégia no controle e exposição dos organismos aos agentes 
tóxicos presentes no ambiente. 
A avaliação consiste em um conjunto de ações que possibilitam avaliar e 
estimar o potencial de danos causados por determinados agentes químicos, 
constituindo uma forma de aprofundamento do conhecimento dos problemas 
ambientais responsáveis pelos efeitos indesejáveis sobre a saúde. 
A avaliação inicia-se quando dados ambientais e/ou dados de saúde indicam 
a presença de compostos tóxicos no ambiente. A avaliação é necessária, pois 
permite ao responsável garantir estratégias de gerenciamento dos riscos causados 
por esses agentes tóxicos. 
A compreensão das inter-relações entre os níveis de exposição dos agentes 
e seus efeitos na saúde é de fundamental importância. São necessários 
conhecimentos acerca das vias de exposição, da população exposta e dos efeitos 
na saúde. 
As substâncias tóxicas podem ser classificadas de acordo com várias 
características. Abaixo serão descritas as classificações mais relevantes: 
 
 
 
 
 
 
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 27 
 
a) Quanto às características físicas 
A classificação de acordo com a característica física é feita com base na 
forma física que a substância se encontra. De acordo com esta classificação, as 
substâncias podem ser: 
 Gases: correspondem a fluidos que não possuem forma e que 
permanecem em estado gasoso em condições normais de temperatura e pressão. 
Exemplos: Monóxido de carbono (Co); ozônio (03). 
 Vapores: representam as formas gasosas das substâncias líquidas e 
sólidas. 
Exemplos: Vapores resultantes da volatilização de solventes orgânicos 
como: benzeno, tolueno, etc. 
 Partículas ou aerodispersoides: representadas por partículas de 
tamanho microscópico, no estado sólido ou líquido, dispersos no ar atmosférico. 
Exemplos: Poeiras, fumos, fumaças e névoas. 
 
b) Quanto às características químicas 
Neste tipo de classificação as substâncias são agrupadas de acordo com as 
suas estruturas químicas. Desse modo, as categorias são: 
 Compostos Inorgânicos de O, N e C; 
 Hidrocarbonetos alicíclicos, alifáticos, aromáticos e halogenados; 
 Fenóis e compostos fenólicos; 
 Álcoois, glicóis e derivados; 
 Compostos epóxi; 
 Éteres; 
 Cetonas; 
 Aldeídos; 
 Ácidos orgânicos e anidridos; 
 Ésteres; 
 Fosfatos orgânicos; 
 Cianetos e nitrilas; 
 Compostos de Nitrogênio; 
 
 
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 28 
 Metais. 
 
c) Quanto às características tóxicas (toxicidade) 
Quanto à toxicidade, as substâncias tóxicas podem ser: muito tóxica, tóxica, 
pouco tóxica e praticamente não tóxica. Essa classificação é feita de acordo com a 
DL50 para toxicidade aguda, em laboratório, que pode ser oral, dérmica e por 
inalação. 
A DL50 para toxicidade aguda oral é a dose de substância tóxica ministrada 
oralmente e que tenha a maior probabilidade de causar, num período de quatorze 
dias, a morte de metade de um grupo de cobaias testadas. O resultado é expresso 
em miligramas por quilograma de massa corporal. 
A DL50 para toxicidade aguda dérmica é a dose de substância tóxica que 
ministrada por contato contínuo com a pele de cobaias testadas por um período de 
24 horas, tenha a maior probabilidade de causar, em um prazo de quatorze dias, a 
morte de metade das cobaias testadas. O resultado é expresso da mesma forma 
que no item anterior. 
Já a CL50 para toxicidade aguda por inalação é a concentração de vapor, 
neblina ou pó que, ministrada por inalação contínua, durante uma hora, às cobaias, 
tenha a maior probabilidade de provocar em um prazo de quatorze dias, a morte de 
metade das cobaias testadas. Nesse caso, o resultado é expresso em miligramas 
por litro de ar para pós e neblinas, ou em mililitros por metro cúbico de ar (partes por 
milhão) para vapores. 
De acordo com o exposto, a classificação das substâncias tóxicas é descrita 
na Tabela 2. 
 
TABELA 2. CLASSIFICAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS TÓXICAS 
 
Categoria de toxicidade DL50 oral 
(mg/Kg) 
DL50 dérmica 
(mg/Kg) 
CL50 por inalação 
 (mg/l de poeira 
2 
2 - 20 
20 - 200 
> 200 
(ppm/ vapor ou 
gás) 
200 
200 - 2000 
2000 - 20000 
> 20000 
Muito Tóxica 50 50 
Tóxica 50 - 500 200 - 2000 
Pouco Tóxica 500 - 5000 2000 - 20000 
Praticamente Não Tóxicas > 5000 > 20000 
 
 
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 29 
 
d) Quanto aos seus efeitos 
As substâncias tóxicas são classificadas de acordo com os seus efeitos em: 
 Irritantes ou corrosivas: causam ação inflamatória nas vias 
respiratórias. 
 Asfixiantes: provocam uma deficiência de oxigenação sem interferirem 
no mecanismo de ventilação. 
 Anestésicos e narcóticos: provocam ação depressora do Sistema 
Nervoso Central. 
 Neurotóxicos: ação no sistema nervoso. 
 Carcinogênicos: provocam o aparecimento de tumores. 
 Alergizantes: promovem reações alérgicas. 
 Mutagênicos: causam mutações em nível de DNA. 
 Teratogênicos: provocam o aparecimento de malformações congênitas. 
 Inflamáveis ou explosivos: provocam queimaduras. 
 
 
2.3 OS TÓXICOS NO ORGANISMO E SEUS EFEITOS NA SAÚDE HUMANA 
 
 
O organismo humano representa, na atualidade, um repositório de 
substâncias tóxicas. Acredita-se que cada um tem a possibilidade de estar 
contaminado com até 200 dessas substâncias, sendo que a cada ano novas 
substâncias são acrescentadas a essa mistura. 
As substâncias tóxicas podem causar danos à saúde humana quando 
ingeridas, inaladas ou quando em contato com a pele. Quando um tóxico corrosivo 
entra em contato com a pele, seu efeito é visível. Os vapores gerados por essas 
substâncias corrosivas também afetam diretamente os tecidos pulmonares, 
causando inúmeros danos à saúde humana. Porém, os efeitos causados por tóxicos 
que são transferidos pela corrente sanguínea são mais difíceis de serem 
quantificados, pois se deve levar em consideração a suscetibilidade de cada órgão a 
determinado tipo de substância. O órgão suscetível é chamado de órgão-alvo. O 
 
 
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 30 
órgão-alvo não é o local onde se encontra grande quantidade da substância, mas 
sim o local onde essa substância causa maiores danos. 
A quantidade de substância tóxica que entra em contato com o organismo 
vai depender da via de exposição desse organismo às substâncias. Como já foi dito 
anteriormente, os tóxicos entram em contato com o organismo humano por três vias 
diferentes: por inalação, pelo contato com a pele e pela ingestão. Neste capítulo 
daremos apenas uma breve introdução das vias de exposição. Mais detalhes serão 
vistos no módulo V. 
 
a) Exposição via inalação 
A inalação é considerada uma importante via de exposição às substâncias 
tóxicas. Os gases, vapores, partículas sólidas e aerossóis são facilmente inalados 
pela boca e nariz. Nem todos os tóxicos causarão danos aos pulmões, porém a 
maioria deles causam sérios danos. 
A quantidade de substância tóxica absorvida pelos pulmões vai depender 
das características de cada substância, por exemplo, sua capacidade de dissolver 
na gordura do corpo humano, e também da duração da exposição (tempo de 
exposição ao tóxico). Os danos podem ser causados desde as viasrespiratórias até 
os alvéolos pulmonares. Esse processo é bastante rápido e responsável por 
diversos danos ao aparato respiratório. 
As partículas finas inaladas, na maioria das vezes, são rapidamente 
exaladas. Mas pode ocorrer de algumas ficarem agregadas às paredes dos alvéolos, 
causando infecções graves. Exemplos são as doenças causadas pela presença nos 
alvéolos de sílica fina polvilhada e fibras de amianto. 
A quantidade de substância tóxica inalada vai depender da quantidade de ar 
inalado pela pessoa e da concentração da substância no ar. 
 
b) Exposição via ingestão 
A absorção de substâncias tóxicas ingeridas depende das suas 
características e do estado do sistema gastrointestinal (por exemplo, se a pessoa se 
encontra em jejum, a absorção é maior). Portanto, a absorção pode ocorrer 
rapidamente, lentamente ou também não ocorrer. Alguns tóxicos são rapidamente 
absorvidos sem sofrer qualquer tipo de modificação no estômago, outros não são 
 
 
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 31 
absorvidos em nenhum local do trato gastrointestinal, sendo então, eliminados 
juntamente com as excreções. 
Todas as substâncias que são absorvidas pelo sistema gastrointestinal, 
entram em contato direto com o fígado antes de cair na corrente sanguínea. Por 
exemplo, se uma determinada substância química for altamente tóxica ao fígado e 
for inalada ao invés de ingerida, seus danos serão menores, pois ao ser inalada, 
ocorre sua diluição na corrente sanguínea e consequentemente poderá ser 
eliminada pela ação dos rins. Já quando ingerida, pela ação direta, causará danos 
maiores e possivelmente irreversíveis ao fígado. 
Muitas vezes, quando ocorre ingestão de tóxicos acidentalmente, os danos 
podem ser impedidos ou minimizados pela indução de vômito ou mesmo uma 
lavagem estomacal. Porém, essas estratégias somente serão válidas se o tóxico 
ingerido não apresentar capacidade corrosiva. 
A absorção das substâncias tóxicas é diretamente influenciada pelo tipo de 
alimentação. Por exemplo, em uma dieta rica em água e fibras, a velocidade com 
que o bolo alimentar chega ao intestino é bem maior, reduzindo assim a quantidade 
de substâncias tóxicas que podem ser absorvidas. 
 
c) Via de exposição pela pele 
A pele, considerado o maior órgão do corpo humano, representa uma 
barreira física bastante eficiente contra danos causados ao corpo humano, porém, 
apresenta falhas. A pele apresenta um suprimento de sangue bastante rico, o que 
acarreta, em caso de contato com substâncias tóxicas, seu rápido transporte para 
todo o corpo. Quando uma substância química entra em contato com a pele e 
acarreta alguma inflamação em alguma extremidade do corpo, significa que o 
produto foi absorvido pela corrente sanguínea e produziu uma reação no sistema. 
Principais reações da pele causadas por substâncias tóxicas são: 
1) Queimação; 
2) Queimaduras; 
3) Lesão; 
4) Perda de pelos; 
5) Inchaços; 
6) Mudanças de pigmentação. 
 
 
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 32 
 
 
2.4 AS QUATRO MAIORES PRODUTORAS DE TÓXICOS 
 
 
2.4.1 Os tóxicos no ar 
 
 
A contaminação do ar tornou-se um dos maiores problemas ambientais no 
mundo todo, causando danos irreparáveis à saúde humana e ao meio ambiente. 
De acordo com o CONAMA, um contaminante atmosférico é qualquer forma 
de matéria ou energia, com intensidade, concentração, tempo e características 
diferentes aos níveis estabelecidos, tornando o ar impróprio, nocivo ou ofensivo à 
saúde; inconveniente ao bem-estar público; danoso aos materiais, à fauna e à flora e 
prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da 
população. Cidades como São Paulo, Belo Horizonte, Tóquio e Nova Iorque estão 
na relação das mais poluídas do mundo. 
Os agentes contaminantes do ar são lançados na atmosfera, principalmente, 
por automóveis, motocicletas, aviões, indústrias, queimadas, centrais termoelétricas, 
geradores movidos a combustíveis fósseis, vulcões, cigarros e diversas outras 
fontes. Dentre os diversos poluentes, encontramos o carvão mineral e os derivados 
do petróleo. A queima desses produtos libera um alto nível de monóxido de carbono 
e dióxido de carbono na atmosfera, responsáveis pelos diversos danos ao meio 
ambiente e à saúde humana. 
Os maiores responsáveis pelos altos níveis de poluentes lançados na 
atmosfera são os automóveis. Esses liberam, durante a combustão, grandes 
quantidades de monóxido de carbono (CO) e dióxido de enxofre (SO2), além de 
diversos outros gases tóxicos responsáveis desde danos aos pulmões humanos ao 
retardamento do crescimento das plantas (Tabela 3). 
São várias as doenças respiratórias causadas por este tipo de poluição. 
Além de danos à saúde, a poluição atmosférica tem causado diversos danos ao 
meio ambiente como, por exemplo, aos fenômenos de chuva ácida, efeito estufa, 
dentre outros, que serão abordados no capítulo seguinte. 
 
 
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 33 
Na época do inverno, este tipo de poluição aumenta assustadoramente por 
causa da inversão térmica, fenômeno responsável pela dissipação dos poluentes na 
atmosfera. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, as milhares de mortes 
anuais, 800 mil têm como causas os problemas respiratórios e cardiovasculares 
advindos da poluição do ar. 
 
 
TABELA 3. PRINCIPAIS TÓXICOS LIBERADOS PELOS AUTOMÓVEIS 
 
 
Os efeitos da poluição do ar na saúde humana podem ser divididos em 
quatro grupos: 
 
a) Efeitos agudos 
Os efeitos agudos são aqueles que ocorrem de forma repentina, sendo de 
curta duração (horas ou dias). 
São efeitos agudos alguns exemplos citados abaixo: 
- Ataques asmáticos; 
- Infecções respiratórias; 
- Mudanças reversíveis nas funções pulmonares; 
- Hiperatividade das vias respiratórias. 
 
b) Efeitos crônicos 
Os efeitos crônicos são aqueles que persistem por longos períodos de 
tempo (meses, anos). São influenciados pelo período de tempo que o ser humano 
fica exposto ao contaminante. 
São exemplos de efeitos crônicos: 
 
 
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 34 
 Síndrome de Obstrução Crônica Pulmonar: caracterizada por um 
conjunto de enfermidades que causam dificuldades para respirar. 
Exemplos: Bronquite crônica; 
Enfisema pulmonar crônico; 
 Mudanças no desenvolvimento e no envelhecimento dos pulmões; 
 
c) O câncer de pulmão 
O câncer de pulmão é uma doença que acomete tanto homens quanto 
mulheres e é o tipo de câncer que mais mata, segundo a Organização Mundial de 
Saúde (OMS/2009). 
Fatores determinantes para a ocorrência do câncer de pulmão são: a 
exposição a tóxicos presentes na atmosfera e o ato de fumar. 
Exemplos de tóxicos causadores do câncer: 
 Cádmio; 
 Arsênio; 
 Fibras de amianto etc. 
 
d) Efeitos não respiratórios 
Alguns contaminantes do ar podem causar efeitos em outros órgãos do 
corpo ao alcançarem a corrente sanguínea. 
Exemplos: benzeno: causador da leucemia. 
 
 
2.4.2 Os tóxicos na água 
 
 
A água é um recurso natural de caráter renovável e indispensável à 
existência de vida na Terra. A água será considerada poluída quando sofrer 
qualquer tipo de alteração, sendo ela física, química ou biológica, tornando imprópria 
para o consumo. 
As consequências do contato das substâncias tóxicas junto ao ambiente 
aquático variam de acordo com as propriedades físicas e químicas dessas 
substâncias e dos produtos resultantes de sua transformação; da concentração dos 
 
 
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 35 
contaminantes no ecossistema; do tempo de exposição e do tipo de descarga 
desses contaminantes; das propriedades intrínsecas do ecossistema e da distância 
da fonte poluidora, ou seja,da fonte de lançamentos das substâncias tóxicas. 
Os principais contaminantes do meio aquático são: 
 Metais pesados; 
 Herbicidas e pesticidas; 
 Sulfuretos; 
 Cianetos; 
 Dioxinas; 
 Matéria Orgânica. 
 
 
2.4.3 Tóxicos nos alimentos 
 
 
Diversos estudos revelam a presença de substâncias tóxicas nos alimentos 
consumidos no dia a dia da população mundial. A falta de algum nutriente e o 
excesso de substâncias tóxicas é responsável por grandes riscos à saúde humana. 
No Brasil, o órgão responsável pela fiscalização e registro de aditivos, 
pesticidas, drogas veterinárias e demais substâncias tóxicas é a Agência Nacional 
de Vigilância Sanitária (ANVISA). 
Os contaminantes alimentares podem ser divididos em categorias de acordo 
com suas propriedades em: 
 
a) Contaminantes inorgânicos 
Exemplos: Metais pesados 
b) Contaminantes orgânicos 
Exemplos: Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos; 
Dioxinas 
Compostos Bifenilos Clorados (PCB’s). 
c) Contaminantes produzidos por organismos vivos 
 
 
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Exemplos: Micotoxinas – produzidas por fungos (Aflatoxina, Ocratoxina, 
tricotecenos, Zearalenona, Fumonisinas, Patulina etc. 
Um grande problema de saúde pública na atualidade é o uso indiscriminado 
de agrotóxicos e a contaminação dos alimentos por essas substâncias tóxicas. 
De acordo com ANVISA (2010), os alimentos mais contaminados por 
agrotóxicos são: 
1) Pimentão; 
2) Uva; 
3) Pepino; 
4) Morango; 
5) Couve; 
6) Abacaxi; 
7) Mamão; 
8) Alface; 
9) Tomate; 
10) Beterraba. 
Nos últimos anos, várias notícias tomaram a mídia relacionada à 
contaminação de alimentos com diversos tipos de substâncias tóxicas. Algumas 
delas estão relacionadas abaixo: 
 
 Benzeno é encontrado em refrigerantes: 
O benzeno causa prejuízos à saúde por causa de uma reação que pode 
ocorrer dentro do organismo. Vários estudos relacionaram a exposição ao benzeno 
à elevação potencial do câncer. De acordo com esses estudos, o efeito do benzeno 
é lento, varia de acordo com o tempo de exposição e a quantidade do composto no 
organismo. 
 
 Bisfenol-A utilizado nas embalagens de alimentos pode ser tóxico ao 
organismo: 
Foi comprovado em vários estudos que o Bisfenol-A, utilizado em 
embalagens de alimentos para evitar a ferrugem, se desprende das embalagens, 
contaminando os alimentos. Nesses estudos, comprovaram que a substância pode 
alterar o funcionamento da tireoide, causar problemas neurológicos, câncer de 
 
 
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mama, crescimento da próstata, anomalias no sistema reprodutor e no 
comportamento sexual, pode afetar o coração, provocar aborto etc. Em 2011, a 
ANVISA proibiu a venda de mamadeira contendo o Bisfenol-A, porém vários 
produtos ainda contêm a substância. 
 
 
2.4.4 Tóxicos nos produtos de consumo 
 
 
O desenvolvimento tecnológico trouxe uma infinidade de problemas 
ambientais, devido à presença de substâncias tóxicas em diversos produtos de 
consumo humano. Tais substâncias são responsáveis por alterações na natureza e, 
principalmente, a danos à saúde humana. 
Um dos exemplos mais marcantes é o aumento crescente no consumo de 
pilhas e baterias, que são compostas por substâncias tóxicas como o mercúrio, o 
cádmio, o chumbo, o zinco, dentre outros. Essas substâncias representam um 
grande risco à natureza em geral, pelas suas capacidades de migração, 
bioacumulação e biomagnificação, conceitos que serão discutidos no próximo 
capítulo. Essas características inerentes aos metais pesados são responsáveis por 
diversos danos causados ao homem (Tabela 4). 
 
 
TABELA 4. EFEITOS À SAUDE HUMANA DECORRENTES DA EXPOSIÇÃO AOS 
METAIS PESADOS PRESENTES EM PILHAS E BATERIAS. 
 
Metal Efeitos à saúde humana 
Cádmio (Cd) Câncer 
Disfunção renal 
Disfunções digestivas (náuseas, vômitos e diarreia) 
Problemas pulmonares 
Pneumonite (quando inalado) 
 
 
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Mercúrio (Hg) Congestão, inapetência, indigestão 
Dermatite 
Diarreia (com sangramento) 
Dores abdominais 
Elevação da pressão arterial 
 
 Estomatites, inflamação da mucosa da boca, ulceração da faringe e do esôfago. 
Lesões renais 
Lesões no tubo digestivo 
Gengivite 
Salivação 
Insônia 
Dores de cabeça 
Colapsos 
Delírio 
Convulsões 
Lesões cerebrais e neurológicas provocando desordens psicológicas 
Chumbo (Pb) Anemia 
Disfunção renal 
Dores abdominais (cólica, espasmos e rigidez) 
Encefalopatia 
Manias 
Delírio 
Sonolência 
Manganês (Mn) Disfunção do sistema neurológico 
Efeitos neurológicos diversos 
Gagueira 
Insônia 
Zinco (Zn) Alterações no quadro sanguíneo 
Problemas pulmonares 
FONTE: Agência Ambiental dos Estados Unidos (EPA). 
 
 
 
 
 
 
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Outro exemplo de contaminação de produtos de consumo é a presença de 
substâncias tóxicas em cosméticos (xampu, condicionador, desodorantes, 
hidratantes, perfumes, maquiagens etc). 
Nos Estados Unidos, uma pesquisa realizada pela FDA (Food and Drud 
Administration), verificou a presença de chumbo em 20 marcas de batom. O chumbo 
é responsável por danos à saúde humana como: distúrbios de aprendizagem, 
linguagem e problemas comportamentais. Outra substância bastante tóxica 
encontrada em protetores solares, hidratantes é a oxibenzona, responsável por 
disfunções hormonais graves. A presença de Fluoreto em pastas de dente e na água 
tratada, forma iônica do Flúor, tem efeito neurotóxico e potencialmente tumorigênico 
se engolido. 
Outro estudo realizado pelo The Mount Sinai School of Medicine, de Nova 
Iorque, testou o sangue e a urina de voluntários e verificou a presença de 167 
componentes químicos industriais, aproximadamente 91 por pessoa. Esse fato 
indica a grande capacidade de acumulação, no organismo humano, dessas 
substâncias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIM DO MÓDULO I

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