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Escleroterapia com etanol em malformações venosas da cabeça e pescoço (Resumo)

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Introdução
No artigo estudado o principal local de malformações venosas é na região da face. Consequentemente, essas malformações são nos ramos da veia facial que tem início onde termina a artéria facial próximo ao ângulo medial do olho, comunicando-se com o seio cavernoso através das veias oftálmicas superior e inferior. Ela percorre o comprimento da face passando superficialmente pela glândula submandibular e a veia facial emite os mesmos ramos que a artéria homônima: labial superior e inferior, submentoniana, ramos nasais. O único ramo que não apresenta correspondente arterial é a veia profunda da face. A veia facial vai se unir com o ramo anterior da veia retromandibular e formar a veia facial comum.
Também foram apresentadas lesões na região da língua afetando os ramos da veia lingual os quais são correspondentes aos ramos da artéria homônima: ramos dorsais, veia profunda da língua e sublingual.
As lesões do pescoço são correspondentes a ramos da veia jugular interna e externa. A veia jugular interna surge na base do crânio através do forame jugular, desce reto ao pescoço envolta em todo seu trajeto pela bainha carótica e atrás da clavícula se une com a veia subclávia e a união das duas vai formar a veia braquiocefálica, e no seu trajeto ela recebe o tronco tireolinguofacial que é a união das veias facial comum, tireóidea superior e veia lingual. A veia jugular externa surge da união da veia auricular posterior e do ramo posterior da veia retromandibular, e ela vai desembocar no arco formado pela veia subclávia e jugular interna.
As malformações venosas correspondem 2/3 das malformações vasculares. Se caracterizam por um enovelado de veias de calibre, vênulas e capilares, por uma formação anormal dos vasos. Apresentam lesões bem delimitadas ou difusas, podendo estar localizadas superficial ou profundamente nos tecidos. 
Podem afetar qualquer região do organismo, sendo a orelha externa o segundo lugar mais acometido.
Pode estar presente desde o nascimento e se desenvolver lentamente de acordo com o desenvolvimento do indivíduo. Diferentemente dos hemangionas que tendem a crescem rapidamente, estabilizar ou regredir espontaneamente, as malformações venosas não regridem espontaneamente. 
Ao exame físico as malformações venosas são vistas como massa purpúreas ou azuladas friáveis, semelhantes a tumores.
As malformações faciais apresentam como sintomas clínicos: deformação cosmética, dor, sangramento, compressão de nervos e tecidos adjacentes. 
Ressonância magnética
Uma técnica complementar no diagnóstico e acompanhamento de pacientes com MV.
Ultrassonografia 
Permite a diferenciação de lesões de grande e pequeno fluxo. Lesões de grande fluxo são as malformações nas artérias, e as lesões de pequeno fluxo consistem em malformações nas veias.
Tratamento de eleição 
Consiste na injeção percutânea intralesional de agentes esclorosantes líquidos sobre anestesia geral, o álcool é o melhor agente esclorosante, porém seu uso em altas doses pode acarretar efeitos sistêmicos e locais.
Já notou-se bons resultados em pacientes com MV submetidos a pequenas doses de etanol. 
Objetivo do trabalho: analisar a técnica de escleroterapia com baixas doses de etanol, em pacientes com malformações venosas na cabeça e pescoço. 
Métodos
Primeiramente o estudo foi aprovado pelo comitê de ética do hospital das Clínicas de São Paulo e o estudo foi feito em 51 pacientes que foram submetidos a escleroterapia percutânea com baixas doses de etanol. A maioria das lesões estava localizada na região da face, porém alguns pacientes ainda apresentavam lesões na língua e no pescoço. O principal sintoma apontado foi a deformação cosmética e alguns pacientes ainda apresentavam dor e sangramento na região. E a maioria não havia passado por nenhum tratamento prévio.
As lesões foram classificadas de acordo com o tamanho: 
Até 3 cm – lesões pequenas
De 3 a 15 cm – lesões médias
Acima de 15 cm – lesões grandes
Os pacientes foram submetidos a injeções percutâneas quinzenais com álcool sob efeito de anestesia local. O ponto de injeção foi selecionado por meio de palpação, selecionando o local de maior dilatação venosa.
Foi utilizada para injeção escalpe tipo borboleta calibre 21 introduzido perpendicularmente a superfície até o espaço vascular anômalo. 
Foram drenados 2 ml de cloridrato de lidocaína e 2% de etanol puro. Sendo de 1 a 3 ml para lesões pequenas e médias e até 5 ml para lesões grandes. Os pacientes foram mantidos em observação por 30 minutos e então foram liberados. 
Então foram coletadas informações sobre o desenvolvimento clínico das lesões e dos sintomas e também distribuído um questionário simples para os pacientes avaliando o seu nível de satisfação com uma escala de 1 (pouca ou nenhuma melhora) a 4 (remissão completa dos sintomas).
Resultados
Os resultados foram obtidos conforme o nível de satisfação dos pacientes e a redução dimensional das lesões. 
Dos cinquenta e um pacientes, 17 pacientes (33,3%) relataram a redução completa dos sintomas, 31 pacientes (60,8%) relataram a melhora dos sintomas e 3 pacientes (5,9%) relataram a ausência de resposta ao tratamento. Quatorze (27,4%) obtiveram a regressão completa da lesão, 34 (66,7%) obtiveram redução da lesão e três pacientes (5,9%) obtiveram a lesão inalterada.
Para o grupo de lesão pequena, houve 100% de redução completa ou parcial no tamanho da lesão. Para o grupo de média lesão, apenas um paciente (4,8%) não teve alteração da lesão. Para o grupo de lesão grande, dois pacientes não tiveram alteração da lesão. Sendo que a maioria dos pacientes responderam adequadamente ao tratamento, subtende-se a grande eficácia da escleroterapia percutânea com etanol. 
O grupo de pequena lesão foi submetida de 2 a 19 sessões, o grupo de média lesão foi submetida de 4 a 47 sessões e o grupo de grande lesão foi submetida de 6 a 36 sessões. O número de sessões de escleroterapia esteve relacionado diretamente com o tamanho da lesão, ou seja, quanto mais sessões realizadas, maior seria a redução do tamanho da lesão.
Quanto aos pacientes que não responderam ao tratamento (um paciente de média lesão e dois pacientes de grande lesão) foram submetidos a um número de sessões de escleroterapia que variou de 13 a 36.
Quarenta e dois pacientes não tiveram nenhum tipo de complicação durante o tratamento. Cinco apresentaram ulcerações cutâneas pequenas, dois pacientes apresentaram hiperpigmentação e dois pacientes apresentaram parestesia transitória (alteração da sensibilidade causada por lesão do nervo sensitivo, causando dormência, formigamento ou queimação).
Discussão
A malformação venosa ocorre quando a válvula presente nas veias se torna ineficaz na retenção do sangue, e então ocorre o refluxo sanguíneo causando um acumulo de sangue na área. As principais malformações venosas ocorrem na região da cabeça e pescoço.
Os principais tratamentos utilizados para amenizar ou eliminar a malformação venosa são: 
Crioterapia: é um tratamento que consiste na adição de uma compressa de gelo no local da lesão, fazendo com que os sintomas diminuam, mas não elimina a malformação.
Laser: é utilizado em malformação de veias mais superficiais, uma vez que o laser não consegue ter ação em partes mais profundas da pele, é muito utilizado no tratamento de varizes.
Excisão cirúrgica: consiste na remoção completa ou parcial da veia com malformação através de uma cirurgia. Deve ser utilizado em lesões de tamanho pequeno ou médio para evitar que prejudique a estética facial.
Escleroterapia: é a aplicação de um agente esclerosante na veia com malformação. Esse agente causa uma trombose seguida de fibrose e uma reabsorção da veia pelo organismo. A reabsorção de veias pequenas não é prejudicial para a circulação pois o sangue segue seu caminho normalmente por outras veias.
Agentes esclerosantes:
Pingiangmicina: é um medicamento muito utilizado no tratamento de câncer oral, mas que também está sendo empregado como agente esclerosante.
Sotradecol: é um agente com propriedades detergente,ou seja, vai agia nos lipídeos da parede dos vasos sanguíneos, causando uma destruição desse vaso sanguíneo.
Etanol: tem como principais vantagens ser um agente amplamente disponível, de baixo custo e com baixos efeitos colaterais se usado em baixas doses. Os efeitos colaterais do etanol estão diretamente ligados a dose utilizada, sendo que a dose limite sem causar efeitos colaterais é de 1,0ml/kg e se esse limiar for ultrapassado pode causar depressão respiratória, arritmia cardíaca, hipoglicemia e habdomiólise.
Em estudos feitos com altas doses de etanol (acima de 1,0ml/kg), alguns pacientes apresentaram tromboflebite, trombose venosa profunda, parada cardíaca, lesões cutâneas e em 3 casos foi relatado parestesia transitória e em um caso evoluiu para uma paralisia unilateral da corda vocal.
Em estudos feitos com baixas doses de etanol, todos os pacientes apresentaram remissão ou alivio dos sintomas e em 96% dos casos tiveram uma remissão completa dos sintomas. Os efeitos colaterais relatados foram, dor, inchaço e/ou vermelhidão no local da lesão.
Conclusão
Com os resultados obtidos, é possível concluir que a escleroterapia com baixas doses de etanol é um tratamento seguro, barato e eficiente no tratamento de malformação venosa da cabeça e pescoço.
Fonte: 
ORLANDO, José Luiz et al. Escleroterapia com etanol em malformações venosas da cabeça e pescoço. Língua, v. 6, n. 11, p. 8.
CLÁUDIA VAZ
EMANUEL MIGLIORINI
JÉSSICA SAMANTHA MARTINS DE PAULA
LAYSLLE BATISTA MACHADO
Escleroterapia com etanol em malformações 
venosas da cabeça e pescoço
PONTA GROSSA
2014

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