Buscar

Questões de Direito Penal para Brincar - XVIII Exame de Ordem Unificado

Prévia do material em texto

QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
(Geovane Moraes) 
 
01. Ricardo, 20 anos, viajou para Lisboa/Portugal, com o intuito de visitar seu primo Fernando, 25 anos, 
que lá reside há mais de 5 (cinco) anos. Isso porque, desde quando Fernando se mudou para Portugal, 
passou a esbanjar riqueza e luxo nas redes sociais. Ricardo, portanto, objetivando ficar “rico” e “mudar 
de vida”, resolveu passar uns dias na casa de Fernando e, em sendo possível, encontrar uma 
oportunidade de trabalho, assim como Fernando havia conseguido. Dias depois de sua chegada tomou 
ciência de que, na verdade, Fernando havia enriquecido por meios ilegais, ou seja, através de prática de 
vários crimes e, inclusive, o próximo seria um assalto à Agência do Banco do Brasil localizada em 
Lisboa, que ocorreria na próxima quinta-feira (17/12/2015), durante o repouso noturno, uma vez que 
neste horário a Agência possui tão somente um segurança, ficando mais fácil de realizar a empreitada, 
com mais dois amigos. Após ouvir o alto valor que seria subtraído da agência, Ricardo resolve falar com 
seu primo e participar da empreitada criminosa. Chegado o grande dia Ricardo, Fernando e mais dois 
amigos, após colocarem em prática toda a empreitada criminosa, obtiveram êxito, sendo repartido todo 
o valor financeiro entre os quatro agentes. Diante das informações fornecidas na questão, levado em 
consideração, tão somente, o(s) crime(s) ocorrido(s) nas dependências da Agência do Banco do Brasil, 
pergunta-se: 
a) Qual(is) o(s) crime(s) praticado(s) por Ricardo, Fernando e os dois amigos? (0,65) 
b) Qual a legislação aplicada para o processamento e julgamento do(s) mencionado(s) crime(s)? (0,6) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
a) Ricardo, Fernando e seus dois amigos incorreram no crime de furto majorado pelo repouso noturno e 
qualificado por ter ocorrido mediante concurso de mais de duas pessoas, nos moldes do artigo 155, §§ 1º e 4º, 
inciso IV, do Código Penal Brasileiro. 
 O crime de furto, consiste na conduta do agente, com o intuito patrimonial, subtrair coisa alheia móvel. 
De acordo com o caso apresentado, os agentes subtraíram uma alta quantia financeira da Agência do Banco do 
Brasil, o que configura o crime em comento. 
 Será majorado, aumentando a pena em um terço, por ter sido praticado durante o repouso noturno. 
Será ainda, qualificado, pois o crime foi cometido mediante concurso de duas ou mais pessoas, nos termos do 
artigo 155, §§ 1º e 4º, inciso IV do Código Penal Brasileiro. 
 
b) Ao crime em comento, será aplicado a legislação penal brasileira, para seu processamento e julgamento, 
tendo em vista ter sido cometido em desfavor de Agência do Banco do Brasil, nos moldes do artigo 7º, inciso I, 
alínea “c”, do Código Penal Brasileiro. 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
 Isso porque, estabelece o Código Penal que ficam sujeitos à lei brasileira, dentre outros, os crimes 
praticados em detrimento de bens da União, incluídos os que pertencem a Sociedades de Economia Mista 
controladas pelo ente federal, nos termos do art. 7º, I, b, do Código Penal, ainda que ocorridos no estrangeiro. A 
esse fenômeno, dar-se-á a nomenclatura de extraterritorialidade. 
 O instituto da extraterritorialidade ocorre quando o crime é praticado fora do território brasileiro e 
ainda assim, fica submetido à tutela penal brasileira. Será incondicionada, no caso em apreço, porque é sujeito a 
aplicação da lei penal brasileira independente da manifestação ou tutela por parte do ordenamento jurídico do 
Estado Nacional onde a conduta foi efetivamente perpetrada. 
 Destaque-se que a natureza jurídica da instituição Banco do Brasil é de sociedade de economia mista 
sujeito a tutela do ente administrativo federal. 
 
 
02. Joana, maior e capaz, está submetendo-se a processo seletivo para trabalhar em uma pessoa 
jurídica de direito privado, pertencente exclusivamente a Natanael. Durante a fase final do processo de 
seleção, o proprietário informa que Joana satisfaz todos os requisitos para ingresso na atividade, mas 
que só efetuaria a contratação tendo certeza que Joana não estava grávida, pois não desejava pagar 
licença maternidade. Ato contínuo, exigiu Natanael que Joana procurasse um médico e posteriormente 
apresentasse atestado comprobatório de que não estava em estado gestacional, para que o contrato de 
trabalho fosse formalizado. Tomando por base exclusivamente as informações apresentadas, indique, 
de forma fundamentada, a possibilidade de tipificação da conduta praticada por Natanael. (Valor: 1,25) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
 Natanael incorreu no crime de exigência de atestado de gravidez e esterilização, e outras práticas 
discriminatórias, para efeitos admissionais, disciplinado ao teor do art. Art. 2º, II, da lei 9029/95, em 
decorrência de ter exigido que Joana apresentasse atestado comprobatório de estado não gestacional como 
pré-condição para proceder a formalização do contrato de trabalho. 
 O crime em tela objetiva proteger aprioristicamente a liberdade da vítima em poder exercer seus direitos 
reprodutivos de forma não condicionada a instauração, manutenção ou rompimento do contrato de trabalho, 
reconhecendo ofensa relevante ao ordenamento penal quaisquer condutas destinadas ao tolhimento desta 
liberdade. 
 Como Natanael é o proprietário da pessoa jurídica em que Joana pretendia trabalhar, este há de ser 
reconhecido como sujeito ativo do delito, por força de previsão normativa constante ao teor do Art. 2º, 
parágrafo único, II, da lei 9029/95. 
 
 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
03. André e Bento, ambos maiores, capazes e estudante de Administração, estudaram juntos todos os 
períodos da faculdade. Desde o início do curso, Bento não tinha aproximação com André, ante a má 
fama que o mesmo tem, de ser um criminoso muito perigoso. Razão pela qual, nunca trocaram 
nenhuma palavra um com o outro. Com a conclusão do curso para várias turmas da Faculdade de 
Administração de Ômega, as mesmas se uniram para realizar a tão sonhada festa de formatura. Durante 
o evento da formatura, André e Bento trocaram olhares ameaçadores, mas logo foram afastados por 
outros colegas. Ocasião em que André diz em tom alto que irá matar Bento na primeira oportunidade 
que os dois estiverem sozinhos. No decorrer da festa, cada um ficou de um lado do salão de festas e não 
se encontram. Horas depois, quando Bento vai ao banheiro, depara-se com André, que estava sozinho 
no mesmo lugar. Aquele, por sua vez, passa a olhá-lo com uma cara de raiva, faz um gesto para pegar 
algo que estava por dentro do terno e Bento acreditando que André iria sacar uma arma, pois sabia da 
má fama que André tinha, desde o início da faculdade e por tê-lo visto portando uma arma no início da 
festa, visando se proteger, pega a garrafa de bebida que estava em sua mão e o acerta primeiro, vindo a 
cortar o supercílio e, por ser uma região extremamente sensível faz uma abertura, vindo a “jorrar” uma 
grande quantidade de sangue. Depois de muitas agressões, a Polícia é acionada, conduzindo os dois à 
Delegacia de Polícia. Fica constatado que André iria pegar, naquele momento, uma taça de plástico que 
havia colocado no bolso folgado da camisa de dentro do terno e, que o mesmo não estava portando 
nenhuma arma de fogo. Ademais, pelo depoimento de Bento e de algumas testemunhas, fica claro que 
diante da situação, tudo levava a acreditar que André iria matá-lo. Diante das informações fornecidas, 
Bento poderá ser responsabilizado criminalmente,excluindo-se a possibilidade de caracterização de 
crime de ameaça? Justifique. (Valor: 1,25). 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
 Pelas informações fornecidas pela questão, a conduta de Bento possibilita a aplicação do instituto da 
descriminante putativa, previsto no artigo 20, §1º do Código Penal Brasileiro, na modalidade erro inevitável, 
não podendo, portanto, ser imputada responsabilização penal. 
Age em descriminante putativa o indivíduo que por equívoco na interpretação da situação fática supõe, 
equivocadamente, estar diante de uma casuística que era possível de se valer de uma excludente de ilicitude, 
quando efetivamente tal situação não existe. 
Neste instituto, o erro recaia sobre a percepção da ilicitude da conduta praticada. Acredita o agente que 
incorre neste equivoco, que os elementos de desnaturação da antijuridicidade estão presentes no caso 
concreto, o que de fato não ocorre. Consequentemente, não é capaz de reconhecer a potencial consciência da 
ilicitude carreada a sua conduta e não poderá ter tal conduta revestida de culpabilidade. 
Como consequência jurídica, a descriminante putativa, na casuística apresentada, por ser baseada em 
erro inevitável isentará a pena do agente, nos termos taxativos do art. 20, § 1º, do Código Penal. 
 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
 
04. Carlos é uma pessoa muito regrada e diariamente segue a mesma rotina. Trabalha em um escritório 
de contabilidade e, ainda assim, como bom marido, costuma dividir as tarefas de casa com sua esposa. 
De segunda a sexta segue o mesmo roteiro de atividades: acorda às 6h, troca a água do cachorro, 
apanha o jornal na caixa de correspondência, prepara o café-da-manhã – seu e de sua esposa –, prepara 
o mingau de seu filho Douglas, 1 (um) ano de idade, depois vai tomar banho, momento em que sua 
amada esposa Maria acorda e juntos tomam café, depois escova os dentes e vai para o trabalho. Desde o 
nascimento de Douglas, Carlos segue essa rotina. Certo dia, Maria precisou sair às 6h para realizar um 
exame de rotina, ocasião em que tinha acertado e lembrado à Carlos no dia anterior que ele iria levar 
Douglas para a creche, antes de ir para o trabalho. No outro dia, Carlos, após fazer todas as atividades 
rotineiras, coloca seu filho na cadeirinha de criança no banco de trás do seu veículo, para levá-lo à 
creche. No meio do percurso se envolve em uma discussão no trânsito, o que o deixa muito irritado e 
transtornado. Minutos depois chega ao trabalho, às 8h. Ao meio dia, quando sai para almoçar, ao abrir a 
porta do carro, percebe que seu filho estava inconsciente dentro do veículo. Desesperado, corre com 
seu filho nos braços até o outro lado da avenida do empresarial em que trabalha, pois há um hospital. 
Todavia, Douglas chegou sem vida. Minutos depois Maria chega ao hospital encontrando seu marido 
desesperado e chorando inconsolado por ter tirado a vida do seu próprio filho. Diante da situação 
narrada pergunta-se: 
a) Qual(is) crime(s) praticado(s) por Carlos? (Valor: 0,65) 
b) Qual o juízo competente para apreciar os autos do processo? (Valor: 0,3) 
c) Quais os principais argumentos que podem ser levantados em favor de Carlos? (Valor: 0,3) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
a) Carlos incorreu no crime de homicídio culposo, tipificado ao teor do artigo 121, §3º do Código Penal. 
 No homicídio culposo, o indivíduo gera a morte da vítima por negligência, imprudência ou imperícia. Na 
casuística apresentada, Carlos foi negligente ao esquecer seu filho dentro do carro por horas, vindo ele a falecer 
em decorrência disso. 
 Ademais, ficou comprovado que Carlos não tinha intenção alguma de matar seu filho e que o fato 
ocorreu por descuido. Razão pela qual, a ele será imputado o crime em comento. 
 
b) Em que pese o homicídio ser um crime contra a vida, o juízo competente para apreciar os autos do 
processo é o juiz singular. 
 Regra geral, é de competência do Tribunal do Júri processar e julgar os crimes contra a vida. Todavia, 
conforme estabelece o artigo 74, §1º do Código de Processo Penal, essa competência é para os crimes dolosos 
contra a vida. 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
 No caso em tela, estamos diante de crime culposo, razão pela qual, será competente o juiz da vara 
criminal. 
 
c) Com base na casuística apresentada e, em se tratando de homicídio culposo, o principal argumento que 
poderá ser suscitada em seu favor é o perdão judicial, nos moldes do artigo 121, §5º do Código Penal Brasileiro. 
Também poderá ser suscitado a possibilidade de suspensão condicional do processo, nos termos do art. 89 da 
lei 9099/95. 
 O instituto do perdão judicial ocorre quando o Magistrado, após analisar a casuística, entende que as 
consequências do crime já atingiram o sujeito ativo de forma tão gravosa que seria desnecessária a aplicação de 
pena. A natureza jurídica do perdão judicial é de causa extintiva de punibilidade, nos moldes do artigo 107, IX 
em combinação com o artigo 121, §5º, ambos do Código Penal Brasileiro. 
 Como a pena mínima cominada em lei para o delito é igual ou inferior a 01 ano, torna-se possível a 
suspensão condicional do processo, visto os requisitos autorizadores constantes no art. 89 da Lei 9099/95 
estarem satisfeitos na casuística apresentada. 
 
 
05. Tiago, após tentar pela décima quinta vez que sua ex-namorada reatasse o relacionamento, não 
obtendo êxito, chega em casa e ao ver seu irmão Teodoro, maior e capaz, diz que vai se matar, pois não 
consegue viver sem Letícia (ex-namorada) e não suportaria vê-la nos braços de outro homem. 
Theodoro, que nunca havia demonstrado vontade de matar seu irmão, mas pelo fato de sempre ter sido 
apaixonado por Letícia, sem que ninguém soubesse disso, com um sentimento egoísta de ver seu irmão 
morto para que pudesse investir nela, sem falar nada, imediatamente antes de sair pela porta da casa, 
deixa Tiago sozinho, entregando um frasco de veneno, que é ingerido por ele, que embora não tenha 
vindo a óbito, ficou impossibilitado de exercer suas atividades habituais por período superior a 30 dias. 
Diante das informações fornecidas, responda: 
a) Tiago poderá ser responsabilizado penalmente? (Valor: 0,5) 
b) Theodoro poderá ser responsabilizado criminalmente? (Valor: 0,75) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
a) Tiago não responderá por crime algum, tendo em vista que o suicídio, ou sua tentativa, não é punido 
pelo Ordenamento Jurídico Brasileiro, sendo, portanto, atípica a sua conduta. 
 O princípio da lesividade estabelece que o Direito Penal não pode tutelar situações que não ultrapassem 
o âmbito pessoal, não gerando lesão ou perigo de lesão a bens jurídicos de terceiros ou interesses difusos e 
coletivos. 
 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
b) Theodoro será responsabilizado pelo crime de induzimento, instigação e auxílio ao suicídio, com 
resultado em lesão corporal de natureza grave, majorado por ter sido praticado por motivo egoístico, tipificado 
ao teor do artigo 122, parágrafo único, inciso I, do Código Penal Brasileiro. Haverá a incidência da agravante 
genérica por ter cometido crime em detrimento de seu irmão, nos termos do artigo 61, inciso II, alínea “e” do 
referido dispositivo legal. 
O delito de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio presume resultado naturalístico obrigatório 
porque ele só ocorrerá se a vítima colocar efetivamente em prática condutas destinadas a ceifar a própria vida e 
dessas condutas é necessário que haja morte ou, ao menos, lesão corporal de natureza grave. 
Na casuística apresentada, Theodoro auxiliou Tiagoa se suicidar, ao entregar veneno, para que ele se 
matasse. Em que pese o óbito não ter se manifestado, decorreu o resultado lesão corporal de natureza grave, 
caracterizada pela incapacidade para o exercício das ocupações habituais por período superior a 30 dias. 
Ademais, ficou constatado na questão que sua conduta se deu por um sentimento egoísta de ver seu irmão 
morto para que pudesse investir em Letícia, o que configura a majorante do delito, sendo duplicada a sua pena. 
Por último, por ter praticado o crime em desfavor de seu irmão, aplica-se a agravante genérica prevista 
no artigo 61, inciso II, alínea “e” do Código Penal. 
 
 
06. Maria e José, ambos com 19 anos de idade, estão juntos a cerca de 11 (onze) meses. Maria, logo após 
dar à luz ao rebento, estando em estado puerperal, tem a vontade de matar seu filho, externando esse 
desejo a José, que a apoia, mesmo tendo ciência de seu estado. Diante disso, José vai até o berçário da 
maternidade, busca seu filho e o entrega à Maria, que pega uma almofada e o sufoca, vindo o rebento a 
óbito. Diante das informações apresentadas, pergunta-se: 
a) É possível tipificar a conduta de Maria? (Valor: 0,6) 
b) É possível tipificar a conduta de José? (Valor: 0,65) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
a) Maria incorreu no crime de infanticídio, tipificado ao teor do artigo 123 do Código Penal Brasileiro. 
Haverá a aplicação da atenuante genérica prevista no artigo 65, inciso I do mesmo Diploma Legal, por ser ela 
menor de 21 anos de idade. 
 O crime de infanticídio consiste na conduta da mãe que sob a influência do estado puerperal, matar seu 
filho, durante ou logo após o parto. 
 Por último, cumpre destacar a aplicação da atenuante genérica por ser Maria menor de 21 anos de idade 
na data da infração penal. 
 No caso em tela, Maria matou seu filho sufocado, estando sob a influência do estado puerperal, logo 
após o parto, conduta que caracteriza o crime em tela. 
 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
b) José foi coautor do crime, incorrendo em infanticídio, tipificado ao teor do artigo 123 do Código Penal 
Brasileiro. Haverá a aplicação da atenuante genérica prevista no artigo 65, inciso I, por ser menor de 21 anos de 
idade, do mesmo diploma legal. 
 A conduta de José enquadra-se no crime de infanticídio, apesar de ser um delito próprio, ante a 
aplicação do artigo 30 do Código Penal, ou seja, não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter 
pessoal, salvo quando elementares do crime. 
 No caso em tela, a condição de estado puerperal de Maria e pelo fato do crime ter ocorrido logo após o 
parto, circunstâncias estas conhecidas por José, permitem a comunicação, fazendo com que ele também incorra 
no presente delito. 
 
 
07. Pedro, ao chegar em casa, após um exaustivo dia de trabalho, vê sua esposa, Catarina, tomando 
banho com seu melhor amigo, Alexandre. Ao xingar sua esposa, a mesma começa a dizer que a culpa da 
traição é única e exclusivamente dele, pois ele era muito centrado no trabalho e não valorizava a 
mulher que tinha e que por isso ele era corno, vindo a gritar por diversas vezes a expressão “corno”. 
Alexandre começa a sorrir e fazer coro com Catarina, ocasião em que, Pedro, transtornado, começa a 
dar socos e pontapés em Alexandre, objetivando lesioná-lo. Ao ouvir os gritos de Catarina, os vizinhos 
arrombam a porta e adentram na casa, conseguindo render Pedro até a chegada dos policiais. Em sede 
policial, Pedro alegou que é uma pessoa muito calma e tranquila, o que foi confirmado pelos vizinhos, 
bem como, alegou que somente partiu para agredir Alexandre, diante da cena que presenciou. Diante 
das informações apresentadas, a conduta de Pedro pode ser penalmente tipificada? Justifique. (Valor: 
1,25) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
 Pedro incorreu no crime de lesão corporal privilegiada tipificada ao teor do artigo 129, §4º do Código 
Penal Brasileiro. 
 Tal delito está caracterizado quando o que motiva o agente a praticar o crime é o relevante valor moral, 
social ou domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da vítima. 
No caso em tela, Pedro agiu motivado por domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta 
provocação da vítima, visto que, Alexandre, fazendo coro com Catarina, o ofende, em um contexto de notória 
traição conjugal. 
E, como chegou a agredir fisicamente Alexandre, vindo a lesioná-lo, responderá de forma privilegiada. 
 
 
08. Jorge, estava num bar jogando sinuca com outros amigos, quando eles decidiram formar duplas, 
apostando a quantia de R$ 200,00 (duzentos reais). Com o término da rodada, Jorge irritado por ter 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
perdido, disse que a culpa do resultado negativo era de Maurício, sua dupla, por não sabe jogar. 
Objetivando ofender a honra íntima de Maurício e por ter preconceito por sua cor, e na presença de um 
grande número de pessoas, completou dizendo: “na próxima trago uma banana para alimentar esse 
macaco”. Diante das informações fornecidas, tipifique a conduta de Jorge. Justifique sua resposta. 
(Valor: 1,25) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
 Jorge incorreu no crime de injúria preconceituosa, também denominada de injúria qualificada pelo 
preconceito. O crime ainda será majorado por ter sido praticado na presença de várias pessoas, nos termos do 
artigo 140, §3º em combinação com o artigo 141, inciso III, ambos do Código Penal Brasileiro. 
 O crime de injúria preconceituosa consiste na conduta do agente ofender a vítima utilizando-se de 
elementos que são taxativos na lei, ou seja, raça, cor, etnia, religião, origem ou condição de pessoa idosa ou 
portadora de deficiência. 
 Na casuística apresentada, Jorge ofendeu a honra íntima, subjetiva de Maurício, em razão de sua cor, ao 
falar a expressão “na próxima trago uma banana para alimentar esse macaco”. 
 Por último, a conduta será majorada por ter sido praticado na presença de várias pessoas, conforme 
estabelece o artigo 141, inciso III, do Código Penal. 
 
OBSERVAÇÃO: Destaca-se ainda que a conduta de Jorge não se confunde com o crime de racismo, previsto na 
Lei nº 7.716/89. A diferença empírica entre esses institutos é que o racismo priva a vítima da possibilidade de 
exercer um direito que a todos é assegurado, seja por uma questão étnica, religiosa, racial, de procedência 
nacional ou regional, enquanto que na injúria preconceituosa, o agente ofende a vítima, utilizando-se de uma 
questão de raça, cor, etnia, religião, origem, idoso ou portador de alguma deficiência. 
 
 
09. Felipe, proprietário da Fazenda Apocalipse, localizada em região erma e não servida por transporte 
regular, na região de Beta, possui 30 (trinta) empregados. Felipe fornece o transporte de ida e volta dos 
empregados. Todavia, há cerca de quatro meses, período em que fez um alojamento na fazenda, Felipe 
rompe o contrato com o motorista do ônibus que era responsável pelo transporte dos empregados, 
visando não permitir mais que os trabalhadores saiam de sua fazenda, objetivando com isso retê-los no 
local de trabalho. Com base nas informações fornecidas pela questão, tipifique, se possível, a conduta 
de Felipe. (Valor: 1,25) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
 Felipe incorreu no crime de redução a condição análoga à de escravo, de forma equiparada, tipificado ao 
teor do artigo 149, §1º, inciso I, do Código Penal Brasileiro. 
 O crime consiste na conduta do agente reduzir a vítima a condição análoga à de escravo, através de 
condutas estabelecidas pelo CódigoPenal, como por exemplo: submetendo a trabalhos forçados ou a jornada 
exaustiva, sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, restringindo sua locomoção em razão de dívida 
contraída. Assim como, nas condutas equiparadas mencionadas no §1º deste dispositivo, dentre elas a de 
cercear o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de 
trabalho, conduta esta que foi praticada por Felipe, permitindo o reconhecimento do delito em apreço. 
 
 
10. Mônica, irritada com seus familiares por sempre ir em sua residência e deixar sua casa toda 
bagunçada, resolve informar para eles que não quer ninguém em sua casa, principalmente se ela não 
estiver. Informando ainda que já avisou na portaria do prédio que não é permitido que ninguém entre 
em sua casa, salvo a diarista. Determinado dia, seu irmão Artur, vai até o prédio em que Mônica reside, 
e fica irritado ao ser barrado pelo porteiro. No primeiro descuido do porteiro, Artur consegue entrar no 
prédio e vai até o 10º andar, onde sua irmã mora e, aproveitando-se do fato da porta estar apenas 
encostada, ingressa sozinho e durante o dia no apartamento de Mônica, com o intuito única e 
exclusivamente de mostrar que entra a hora que quiser. Mônica, ao chegar em casa fica muito irritada 
pelo fato de Artur entrar e permanecer em sua residência, vindo a acionar a polícia. Com base nas 
informações fornecidas na questão, responda: 
 
a) É possível tipificar a conduta de Artur? (Valor: 0,65) 
b) Qual o principal instituto que pode ser arguido em favor de Artur? (Valor: 0,6) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
a) Artur incorreu no crime de violação de domicílio, tipificado ao teor do artigo 150 do Código Penal 
Brasileiro. 
 O delito em tela corresponde a conduta do indivíduo entrar ou permanecer, clandestinamente ou 
astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas 
dependências. 
 Vislumbra-se no caso narrado que Artur entrou e permaneceu astuciosamente na casa de Mônica, 
contra a sua vontade, o que corresponde ao crime em análise. 
 Ademais, conforme estabelece o artigo 150, §3º do Código Penal, a expressão “casa” consiste, dentre 
outras, em qualquer compartimento habitado. 
 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
b) O principal instituto que pode ser arguido em favor de Artur é a suspensão condicional do processo, nos 
termos do artigo 89 da Lei 9.099/95 – Lei dos Juizados Especiais Criminais. 
 A suspensão condicional do processo é um instituto aplicado quando a pena mínima cominada for igual 
ou inferior a um ano. Assim sendo, por ser o crime de violação de domicílio punido com detenção de um a três 
meses, ou multa, a ele poderá ser aplicado o instituto da suspensão condicional do processo. 
 
 
11. Considere a seguinte situação hipotética. Alfa, aproveitando que seu vizinho de longa Gama 
encontrava-se dormindo, com o intuito e escopo de poupá-lo de intenso sofrimento e acentuada agonia 
decorrentes de doença de desate letal, ceifou a sua vida. Tomando exclusivamente os informações 
indicadas, tipifique, em sendo possível, a conduta de Alfa. (Valor: 1,25). 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
 Alfa incorreu no crime de homicídio privilegiado e qualificado, nos termos do art. 121, § 1º c/c § 2°, IV, 
do Código Penal Brasileiro. 
 Conforme consolidado posicionamento doutrinário e jurisprudencial, inclusive externado pelo Superior 
Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal é perfeitamente possível o reconhecimento do crime de 
homicídio que seja ao mesmo tempo privilegiado e qualificado, desde que o elemento de privilegiamento seja 
de natureza subjetiva, referindo-se aos elementos de motivação da conduta, e a qualificadora diga respeito aos 
meios ou modos de execução dessa conduta. 
 Na situação em apreço, temos o privilegiamento decorrente de relevante valor social que imputará, na 
terceira fase da dosimetria, uma redução de pena de um sexto a um terço, nos termos art. 121, § 1º do Código 
Penal. 
 O elemento de qualificação do delito, que deverá ser reconhecido na primeira fase da dosimetria, para 
fins de estabelecimento da pena base, decorre do fato da vítima ter sido morta enquanto dormia, o que tornou 
impossível a sua defesa, em consonância com a previsão do art. 121, § 2°, IV, também do diploma normativo 
penal. 
 Mister destacar que em consonância com o posicionamento jurisprudencial dos nossos Tribunais 
Superiores, situações de homicídio ao mesmo tempo privilegiado e qualificado não permitem o reconhecimento 
de natureza hedionda. 
 
 
12. Mário foi condenado a 24 (vinte e quatro) anos de reclusão no regime inicialmente fechado, com 
trânsito em julgado no dia 20/04/2005, pela prática de latrocínio (artigo 157, § 3º, parte final, do 
Código Penal). Iniciou a execução da pena no dia seguinte. No dia 22/04/2009, seu advogado, 
devidamente constituído nos autos da execução penal, ingressou com o pedido de progressão de 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
regime, com fulcro no artigo 112 da Lei de Execuções Penais. O juiz indeferiu o pedido com base no 
artigo 2º, § 2º, da Lei 8.072/90, argumentando que o condenado não preencheu o requisito objetivo 
para a progressão de regime. 
Como advogado de Mário, responda, de forma fundamentada e de acordo com o entendimento 
sumulado dos Tribunais Superiores, aos itens a seguir: 
a) Excetuando-se a possibilidade de Habeas Corpus, qual o recurso deve ser interposto pelo advogado 
de Mário e qual o respectivo fundamento legal? (Valor: 0,40) 
b) Qual a principal tese defensiva? (Valor: 0,85) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
a) O recurso cabível é o agravo em execução, nos termos do art. 197 da Lei 7.210/84 (Lei de Execuções 
Penais), a ser interposto no prazo de 5 dias, conforme Súmula 700 do STF, visto que o objetivo era a 
impugnação de decisão proferida por juízo da execução. 
 
b) A principal tese defensiva é a irretroatividade da lei penal prejudicial, devendo ser aplicado, no caso de 
Mário, o quantum objetivo de 1/6 para a progressão de regime, na forma do art. 112 da Lei 7.210/84 (Lei de 
Execuções Penais), da Súmula 471 do STJ e da Súmula Vinculante 26. Mário praticou a conduta em momento 
anterior à alteração do art. 2º, §2º da Lei 8.072/90 pela Lei 11.464/07, aplicando-se a ele o direito à progressão 
de regime em face da inconstitucionalidade de sua vedação na redação original da Lei de Crimes Hediondos. 
Contudo, não pode a ele ser aplicado o aumento do requisito objetivo para 2/5 em face do princípio da 
anterioridade da lei penal (art. 5º, XL da CF c/c art. 1º, CP). 
 
 
13. Felipe, maior de 18 anos e capaz, adentrou na Agência Franqueada dos Correios, portando o que 
aparentava ser uma pistola .380. Ato continuo, apontou o referido objeto para Daniel e Lucas, caixas do 
estabelecimento e ordenou que os mesmos deitassem no chão, no que foi prontamente atendido. Logo 
em seguida, Felipe subtraiu boa parte do numerário que conseguiu encontrar e evadiu-se do local da 
subtração. Todavia, no momento da prática dos referidos atos, Bruna, Delegada de Polícia Civil, que 
estacionava seu veículo particular na frente da Agência Franqueada, com o intuito de realizar 
pagamento de algumas contas pessoais, percebeu a movimentação e vislumbrou Felipe evadindo-se do 
local, oportunidade em que empreendeu perseguição, capturando-o a pouco mais de 150 metros da 
Agência. No momento da captura, Bruna constatou que Felipe trazia consigo uma arma de brinquedo, 
simulacro muito parecido com uma pistola verdadeira .380 e perfeitamente capaz de iludiro homem 
médio, mas absolutamente inapta a efetuar disparos. Trazia também o valor de R$ 9.600,00 fruto da 
subtração delituosa procedida. Tomando por base exclusivamente os fatos narrados, responda, de 
forma fundamentada: 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
a) Qual(ais) a(s) possível(eis) tipificação(ões) da(s) conduta(s) praticada(s) por Felipe? (valor 0,45) 
b) Em caso de lavratura de Auto de Prisão em Flagrante Delito, seria possível o estabelecimento de 
fiança em favor de Felipe? (valor 0,4) 
c) Qual o órgão jurisdicional competente para apreciar uma eventual ação penal em desfavor de Felipe? 
(valor 0,4) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
a) Felipe incorreu no crime de roubo, nos termos do caput do art. 157 do Código Penal Brasileiro, visto ter 
subtraído coisa móvel alheia com emprego de grave ameaça. 
Destaque-se que o emprego de simulacro de arma, quando completamente inapta a deflagrar disparos, 
não permite o reconhecimento de hipótese majorante ao delito, conforme posicionamento jurisprudencial 
amplamente consolidado em sede de Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal. 
Além disso, este roubo deve ser reconhecido como consumado. Em que pese o sujeito ativo não ter 
efetivamente conseguido obter a posse mansa do bem subtraído, o reconhecimento do momento consumativo 
deste crime deve ser tomado com base na Teoria da Apreensão, ainda conforme posicionamento dos nossos 
Tribunais Superiores. Tal teoria advoga ser consumado o delito no momento da efetiva subtração da coisa 
móvel alheia. 
 
b) O crime em tela é afiançável, por força de interpretação hermenêutica do disposto nos termos do art. 
323 do Código de Processo Penal. Todavia, como a pena máxima cominada em lei ao delito é superior a 04 anos, 
o arbitramento dessa fiança só poderá ser realizada por Magistrado, conforme comando normativo constante 
ao teor do art. 322, parágrafo único, também do Código de Processo Penal. 
 
c) A competência jurisdicional para apreciar a situação será da Justiça Comum Estadual do local em que 
ocorreu a subtração, mediante rito ordinário. Como trata-se de ofensa a Agência Franqueada da Empresa 
Brasileira de Correios e Telégrafos não existe manifestação de competência da Justiça Federal, conforme 
posicionamento jurisprudencial consolidado. 
 
 
14. Anderson, 19 anos de idade, namora com a jovem Carol, 14 anos de idade. Em comemoração ao mês 
de namoro, após um lindo jantar à luz de velas, o casal resolve ter relações sexuais. Dias depois, o pai de 
Carol toma conhecimento do fato e vai até a Delegacia de Polícia para que sejam tomadas as 
providências cabíveis. Em sede policial, após ouvir todos os envolvidos, fica constatado que houve 
consentimento de Carol para a realização do ato, inexistindo violência ou grave ameaça. Diante das 
informações fornecidas pela questão, tipifique, se possível, a conduta de Anderson. (Valor: 1,25) 
 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
 A conduta de Anderson é atípica, tendo em vista que Carol tem 14 anos de idade e que não houve 
constrangimento, mediante violência ou grave ameaça, para a realização da relação sexual. 
 O crime de estupro de vulnerável, tipificado ao teor do artigo 217-A do Código Penal Brasileiro 
estabelece a conduta de ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos de idade. 
Percebe-se que a Anderson não pode ser imputada a referida conduta, uma vez que Carol não era menor de 14 
anos. 
 Ademais, também não pode ser imputado a Anderson a conduta criminosa de estupro, tipificado ao teor 
do artigo 213 do Código Penal, uma vez que a relação sexual ocorreu de forma consensual. 
 Por último, cumpre destacar que estamos diante da aplicação do princípio da Reserva Legal que 
estabelece, entre outros elementos, que a tipificação de crime demanda aprioristicamente da conduta estar 
definida como delito na letra da lei. 
 
 
15. Magnus, funcionário público da prefeitura de Ômega, trabalha no setor responsável pela elaboração 
das provas e concursos do Município. Determinado dia, facilitou o acesso de Carlos, particular e pessoa 
não autorizada, que por meio de um programa de computador, conseguiu ter acesso às questões do 
concurso que seria realizado pela prefeitura, no próximo domingo, conteúdo este sigiloso e, com isso 
comprometendo a credibilidade do certame, utilizando-se indevidamente dessa informação, com o fim 
de beneficiar outros concorrentes. Após a realização do concurso, ficou constatada a fraude. Diante da 
situação apresentada, pergunta-se: 
a) Qual(is) o(s) crime(s) praticado(s) por Magnus? (Valor: 0,65) 
b) Qual(is) o(s) crime(s) praticado(s) por Carlos? (Valor: 0,6) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
a) Magnus incorreu no crime de fraude em certames de interesse público equiparado, majorado por ter 
sido praticado por funcionário público, nos termos do artigo 311-A, §§1º e 3º, ambos do Código Penal 
Brasileiro. 
 A conduta consiste em permitir ou facilitar, por qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às 
informações do certame público, de conteúdo sigiloso. 
 Percebe-se que, Magnus, por ser funcionário público, que trabalha no setor responsável pela elaboração 
das provas e concursos do Município de Ômega, facilitou o acesso de Carlos às informações sigilosas do 
concurso, vindo a comprometer a credibilidade do certame. 
 Ademais, pelo fato de ser funcionário público, a pena será majorada em um terço. 
 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
b) Carlos incorreu no crime de fraudes em certames de interesse público, tipificado ao teor do artigo 311-
A do Código Penal. 
 A conduta de Carlos corresponde a este delito, tendo em vista que o mesmo utilizou indevidamente 
informações, com o fim de beneficiar outros concorrentes de conteúdo sigiloso, comprometendo a credibilidade 
do certame. 
 
 
16. Bruno, durante audiência de instrução e julgamento na 5ª Vara Criminal do Recife, comarca de 
Pernambuco, após receber suborno, do réu que estava sendo processado pelo suposto crime de 
estelionato previdenciário, ao ser ouvido como testemunha, faz diversas afirmações falsas. Ao perceber 
as diversas alegações inverídicas de Bruno, o membro do Ministério Público que estava em audiência, 
oferece denúncia em seu desfavor. Após os trâmites legais e antes da decisão condenatória, se 
arrepende e conta a verdade acerca do crime. Diante das informações fornecidas responda: 
a) Tipifique, se possível, a conduta de Bruno. (Valor: 0,5) 
b) Qual a principal tese de mérito que pode ser alegado em defesa de Bruno? (Valor: 0,75) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
a) Bruno incorreu no crime de falso testemunho, tipificado ao teor do artigo 342 do Código Penal 
Brasileiro, e será majorado por ter sido cometido com o recebimento do suborno, conforme estabelece o §1º do 
mesmo diploma legal. 
 O crime de falso testemunho consiste na conduta do indivíduo de fazer afirmação falsa, ou negar ou 
calar a verdade como testemunha em processo judicial ou administrativo, inquérito policial ou em juízo arbitral 
 Será majorado por ter sido praticado mediante suborno, razão pela qual a pena será aumentada de um 
sexto a um terço. 
 
b) A principal tese de defesa de Bruno é a de extinção da punibilidade, nos moldes do artigo 342, §2º do 
Código Penal Brasileiro. 
 O mencionado dispositivo estabelece que o crime de falso testemunho deixa de ser punível se o 
indivíduo se retrata ou declara a verdade, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito. 
 Razão pela qual, deverá ser arguido em suadefesa a causa específica de extinção da punibilidade, 
deixando a conduta de ser crime. 
 
 
17. Alessandro, uruguaio, resolveu viajar para o Brasil de automóvel. Ao chegar na divisa entre o 
Uruguai e o Brasil, na cidade de Quaraí, município do Rio Grande do Sul, foi abordado por Policiais 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
Rodoviários Federais que, após fazer revista em seu veículo, encontraram 6 (seis) quilos de maconha e 
2 (dois) quilos de cocaína. Diante das informações, pergunta-se: 
 
a) Qual(is) crime(s) Alessandro incorreu(am)? (Valor: 0,65) 
b) Qual o órgão jurisdicional competente para processar e julgar eventual (ais) delito (s) praticado(s) 
por Alessandro? (Valor 0,6) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
 Alessandro incorreu no crime de tráfico com causa de aumento de pena por ter ocorrido em caráter 
transnacional, ou seja, crime de tráfico internacional de drogas, tipificado ao teor do artigo 33, em combinação 
com o artigo 40, inciso I, ambos da Lei de Drogas – Lei 11.343/06. 
 O crime de tráfico é disciplinado no artigo 33 da Lei mencionada, tendo em vista que Alessandro 
transportou droga ilícita – 6 (seis) quilos de maconha e 2 (dois) quilos de cocaína. Drogas estas descritas na 
Portaria 344/98 da ANVISA. 
 Ademais, o referido delito apresenta uma causa de aumento de pena por ter sido a droga trazida de 
outro país – Uruguai. Assim sendo, apresentando o caráter transnacional. 
 
b) A Justiça competente para processar e julgar o crime de tráfico internacional de drogas cometido por 
Alessandro é da Justiça Federal, nos termos da Súmula 522 do Supremo Tribunal Federal. 
 Sabe-se que, em regra, compete a Justiça Estadual processar e julgar o crime de tráfico de drogas. 
Todavia, a questão em tela apresenta transnacionalidade do delito, ou seja, ocorrência do tráfico do exterior, o 
que enseja a competência da Justiça Federal. 
 
 
18. George, maior e capaz, trabalhava na empresa Amemais, situada no mesmo bairro em que reside. 
Exercia a função de segurança e, no dia 20 de dezembro de 2015, domingo, quando estava de folga, foi 
até a empresa e efetuou diversos disparos, para o alto, com a arma de fogo de uso permitido, cuja 
propriedade era da empresa em que trabalhava, não tendo autorização para usá-la. Ademais, saiu da 
empresa levando consigo a arma de fogo. Ações estas que resultaram em temor por parte das pessoas e, 
principalmente por algumas pessoas que são suas desafetas e que residem nas proximidades de sua 
residência. Diante da situação hipotética apresentada, tipifique, se possível, a conduta de George. 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
 A conduta de George corresponde aos crimes de disparo de arma de fogo e de porte ilegal de arma de 
fogo de uso permitido, em concurso material de crimes, nos termos dos artigos 14 e 15, ambos do Estatuto do 
Desarmamento (Lei nº 10.826/03, em combinação com o artigo 69 do Código Penal Brasileiro. 
 O crime de porte ilegal de arma de fogo, tipificado ao teor do artigo 14 do Estatuto do Desarmamento 
consiste na conduta do indivíduo em portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, 
ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo de 
uso permitido. No caso em tela, George estava portando a arma de fogo de uso permitido o que corresponde ao 
delito indicado. 
 Ademais, George também incorreu no crime de disparo de arma de fogo que consiste, dentre outras 
condutas, na conduta do indivíduo disparar arma de fogo em lugar habitado ou em suas adjacências, desde que 
a conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime. Perceba que pela situação narrada, a George 
também será aplicado o mencionado crime. 
 Por fim, ambos os crimes aconteceram em concurso material, pois o agente, mediante mais de uma 
conduta praticou os dois delitos. 
 
 
19. Carlos, maior e capaz, é submetido a várias agressões físicas, tais como: pancadas, socos, pontapés, 
tapas, afogamentos simulados, dentre outras. Destaca-se ainda que este fato ocorreu no interior de uma 
penitenciária, local onde Carlos cumpre pena de reclusão, por ter praticado o delito de roubo. Os 
agentes penitenciários, empregaram violência objetivando causar sofrimento físico, e com isso, obter a 
confissão de como o seu parceiro de cela, Ricardo havia conseguido drogas e estava vendendo dentro 
do presídio. Apenas com base nas informações fornecias pela questão, tipifique a conduta dos agentes 
penitenciários. (Valor: 1,25) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
 Os agentes penitenciários incorreram no crime de tortura, tipificado ao teor do artigo 1º, inciso I, alínea 
“a” da Lei nº 9.455/97 – Lei de Tortura. Haverá aumento de pena pelo fato dos agentes serem funcionários 
públicos, nos moldes do artigo 1º, §4º, inciso I da mencionada lei. Ademais, será aplicada a agravante genérica 
por ocorrer com abuso de poder ou violação de dever inerente a profissão, conforme previsão do artigo 61, 
inciso II, alínea “g” do Código Penal Brasileiro. 
 O crime de tortura consiste, dentre outras modalidades, na conduta do agente em constranger o 
indivíduo com emprego de violência, causando sofrimento físico, e com isso obter informação, declaração ou 
confissão da vítima ou de terceira pessoa. No presente caso, os agentes penitenciários constrangeram Carlos 
com o emprego de violência, causando sofrimento físico e com isso obter informação sobre Ricardo, terceira 
pessoa. 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
 Ademais, Aplica-se a causa de aumento de pena prevista na Lei de Tortura pelo fato de ser o agente 
funcionário público. Por fim, aplica-se a agravante genérica prevista no Código Penal Brasileiro, por ter sido o 
crime praticado em decorrência de abuso de poder ou violação de dever inerente a profissão. 
 
 
20. Afonso estava conduzindo seu veículo automotor na Avenida Brasil, em São Paulo, enquanto 
conversava com sua amada namorada Rafaela no WhatsApp, momento em que, por descuido, avança o 
semáforo vermelho e acaba atropelando Fernando, um pedestre que estava atravessando em local 
apropriado, faixa de pedestre. Nervoso, Afonso aciona o SAMU, mas em decorrência da pancada, 
Fernando veio a óbito no local do acidente. Diante da casuística apresentada, tipifique, se possível a 
conduta de Afonso. (Valor: 1,25) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
 Afonso incorreu no crime de homicídio culposo de trânsito majorado pelo fato de ter sido praticado em 
faixa de pedestre, nos termos do artigo 302, §1º, inciso II do Código de Trânsito Brasileiro – Lei nº 9.503/97. 
 Na casuística apresentada, Afonso, por imprudência – culpa – atropela Fernando vindo ele a óbito, ante 
a pancada do acidente, o que configura o crime em comento. 
 Ademais, haverá aplicação da causa de aumento de pena, prevista no parágrafo 1º deste dispositivo 
legal, em um terço à metade, pelo fato de ter ocorrido na faixa de pedestre. 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
(Ana Cristina Mendonça) 
 
01. Cristiano e Paulo, maiores e capazes, fazem parte do grupo Movimento, que tem a finalidade de 
defender o fim do Estado Brasileiro e, com isso a criação de um novo Estado, com uma forma de 
governo inédita, muito diferente da atual. Dentre as manifestações, a tática mais utilizada por eles é a 
depredação de carros, ônibus e de metrôs pela cidade de Alfa. No dia 07 de setembro de 2015, durante 
uma manifestação, Cristiano e Paulo foramautuados em flagrante delito, por estarem depredando 
carros que estavam estacionados nas proximidades da Avenida Delta. Após todo o trâmite 
investigatório, a Autoridade Policial os indiciou pela prática do crime de dano em continuidade delitiva, 
nos moldes do artigo 163 em combinação com o artigo 71, ambos do Código Penal Brasileiro. Após o 
oferecimento da denúncia, foram citados, porém não constituíram defensor, tendo deixado de 
apresentar resposta à acusação, pois, uma das regras do grupo era não reconhecer nenhum órgão da 
justiça, sendo eles mesmos seus próprios defensores. Terminado o prazo para a apresentação da 
defesa, o juiz despachou no sentido de intimá-los da data da audiência de instrução e julgamento. 
Diante das informações apresentadas, pergunta-se: agiu corretamente o juiz? (Valor: 1,25) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
O juiz não agiu corretamente ao despachar tanto acerca da intimação dos réus Cristiano e Paulo , como 
ao designar a audiência de instrução e julgamento, e, assim agindo, violou o princípio da ampla defesa, 
disciplinado ao teor do artigo 5º, inciso LV da Constituição Federal. 
 O princípio da ampla defesa, no Processo Penal, somente estará consagrado se for garantido o binômio 
auto defesa e defesa técnica. 
A auto defesa consiste no direito do réu de dar diretamente ao juiz, com suas palavras, a sua versão sobre os 
fatos (direito de audiência), bem como o de participar de todos os atos processuais (direito de presença). 
Contudo, com a garantia consitucional ao silêncio e o direito de não produção de prova contra si mesmo, a auto 
defesa torna-se, para o acusado, disponível, não o sendo, entretanto, para o magistrado. 
 Já a defesa técnica é indisponível tanto para o réu quanto para o juiz, devendo este nomear defensor 
público ou dativo para o réu que não constitua um advogado, sob pena de nulidade absoluta por cerceamento 
de defesa. 
Assim, não podem os réus Cristiano e Paulo abrir mão da defesa técnica e, ultrapassado o prazo de dez dias de 
sua citação sem que a resposta à acusação fosse apresentada, deveria o juiz nomear defensor público para que 
apresentasse a referida peça processual em outros dez dias (artigos 396–A, § 2º., do Código de Processo Penal). 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
 Assim sendo, o despacho do juiz no sentido de intimar os réus para a data da audiência de instrução e 
julgamento, ao invés de nomear Defensor Público para a apresentação da resposta caracteriza nulidade 
absoluta por ausência de defesa técnica. 
 
 
2. Em 20 de junho de 2015, Jorge foi vítima de um crime de homicídio. Houve a instauração do inquérito 
policial para a identificação do autor do delito. Após diversas diligências, não foi possível identificar a 
autoria do delito, razão pela qual o inquérito policial foi arquivado, ante a ausência de justa causa. 
Cerca de dois meses depois, Alessandra, filha de Jorge, encontra o aparelho celular do pai e, ao mexer 
nos aplicativos e dispositivos, descobriu uma mensagem de texto, enviada por Fernando – amigo de 
Jorge – no dia em que ele foi assassinado. A mensagem trazia o seguinte conteúdo “ou você paga o meu 
dinheiro ou eu te mato”. Alessandra aciona a polícia, apresentando o celular de seu pai. Diante das 
informações apresentadas, poderá o inquérito policial ser desarquivado? (Valor: 1,25) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
 De acordo com as informações fornecidas pela questão, poderá o inquérito policial ser desarquivado, 
ante o surgimento de notícias de novas provas (art. 18 do Código de Processo Penal), ou ainda configurar prova 
nova, nos moldes da súmula 524 do Supremo Tribunal Federal. 
 O art. 18 do CPP dispõe que uma vez arquivado o inquérito policial, a autoridade policial poderá 
proceder a novas pesquisas se de novas provas tiver notícia. Já a súmula 524 do STF estabelece que a ação 
penal não poderá ser iniciada, após o arquivamento do inquérito policial, salvo se surgirem novas provas. 
 De acordo com a situação hipotética apresentada pela questão, Alessandra, filha da vítima, dois meses 
depois, ao mexer no celular do pai, encontrou uma mensagem de texto onde continha um aviso de Fernando, 
informando que se a vítima não pagasse o que estava devendo, seria morta por ele. 
 A referida mensagem de texto pode ser considerada prova nova, ou, no mínimo, notícia de novas provas 
a justificar o desarquivamento do inquérito policial, para que a Autoridade Policial proceda com novas 
diligências. 
Destaca-se ainda que o arquivamento do inquérito policial não faz coisa julgada, salvo quando fundado 
na atipicidade da conduta ou em causa extintiva da punibilidade. 
 
 
3. Viviane importou do exterior grande quantidade de equipamentos eletrônicos, objetivando com isso 
vendê-los no Brasil. Esses produtos não foram declarados na Alfândega, tampouco houve o 
recolhimento dos tributos devidos. Ao entrar em território nacional, por via área, fez escalas em São 
Paulo e Goiânia, mas, ao chegar em seu destino final, Brasília, foi surpreendida por uma fiscalização de 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
rotina, o que acarretou na apreensão das mercadorias. Diante das informações apresentadas, qual o 
órgão jurisdicional competente para processar e julgar o delito em apreço? (Valor: 1,25) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
 O órgão jurisdicional competente para processar e julgar o delito em apreço é a Justiça Federal do 
Distrito Federal, nos moldes da Súmula 151 do Superior Tribunal de Justiça. 
 Inicialmente, cumpre esclarecer que o crime de descaminho é crime próprio de competência da Justiça 
Federal. Da mesma forma, estabelece a súmula 151 do STJ que a competência territorial para o processamento 
e o julgamento do referido crime é definida pela prevenção do juízo federal do lugar da apreensão dos bens. 
 Assim sendo, como os produtos eletrônicos foram apreendidos em Brasília, Distrito Federal, será 
competente para julgar e processar o crime de descaminho praticado por Viviane uma das Varas Criminais 
Federais da Justiça Federal do Distrito Federal. 
 
 
4. Moisés, funcionário público do Estado de Pernambuco, exerce suas atividades na Secretaria de 
Educação, com sede na cidade do Recife. Enquanto estava no exercício de suas funções, começou a 
desviar em proveito próprio diversos bens de que tinha posse em razão do cargo que ocupa. Durante as 
investigações policiais ficou constatado que Moisés agiu em manifesta continuidade delitiva, com o 
mesmo modos operandi, durante aproximadamente 1 (um) ano, nas cidades do Recife, Jaboatão dos 
Guararapes, Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, todas cidades do Estado de Pernambuco. Foi constatado 
ainda que Moisés iniciou sua prática criminosa na cidade do Recife e praticou o último ato na cidade de 
Ipojuca. Dia em que foi preso em flagrante pelo crime de peculato, tipificado ao teor do artigo 312 do 
Código Penal, quando retornava para a cidade do Recife, pela Rodovia BR 101, na cidade de Cabo de 
Santo Agostinho. Diante das informações apresentadas, qual a competência para processar e julgar o 
mencionado delito? 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
 No caso em comento, conforme estabelece o art. 71 do CPP, a competência pelo lugar da infração será 
definida pela prevenção entre as Comarcas de Recife, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho e 
Ipojuca, uma vez que Moisés praticou o delito em continuidade delitiva no território de todas essas comarcas. 
 O instituto da prevenção será aplicado toda vez que dois ou mais juízes sejam igualmente competentes, 
sendo que um deles se antecipa aos demais na prática de algum ato processual ou de medida a este relativa, 
ainda queanterior ao oferecimento da denúncia. 
 Assim sendo, como no caso em tela, como o crime de peculato praticado por Moisés foi praticado na 
forma continuada, nos termos dos artigos 69, inciso I, 71 e 83, todos do Código de Processo Penal, a 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
competência será firmada pelo instituto da prevenção entre Recife, Jabatão dos Guararapes, Cabo de Santo 
Agostinho e Ipojuca. Como foi Moisés preso em flagrante, caso o juiz de Cabo de Santo Agostinho venha a tomar 
ciência do flagrante, estará o mesmo prevento. 
 
 
5. Rafael foi denunciado pela prática do crime furto simples, tipificado ao teor do artigo 155, caput, do 
Código Penal Brasileiro. A denúncia foi recebida em 11 de junho de 2010. O juiz de direito, por meio de 
sentença publicada em 17 de agosto de 2015, condenou o réu à pena de dois anos de reclusão, em 
regime aberto. Não foi interposto recurso de pelo Ministério Público. Todavia, a defesa interpôs 
tempestivamente sua apelação. Diante das informações apresentadas, o que deverá se pleiteado no 
intuito de beneficiar Rafael? (Valor: 1,25) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
 De acordo com o enunciado da questão, poderá ser pleiteado em favor de Rafael a extinção da 
punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva, na modalidade prescrição retroativa, conforme art. 107, IV, 
combinado com os arts. 109, IV, e 110, § 1o., todos do Código Penal Brasileiro. 
 Rafael foi condenado a uma pena de reclusão de 2 anos, por ter incorrido no crime de furto simples, 
tipificado ao teor do artigo 155, caput, do Código Penal. A acusação não interpôs recurso, o que permite que 
seja impossível a majoração da pena imposta, em face da proibição da reformatio in pejus, nos moldes do artigo 
617 do Código de Processo Penal. Assim, transitando em julgado para a acusação, os lapsos prescricionais 
passam a ser analisados pela pena concretamente aplicada (2 anos), conforme estabelece o art. 110, § 1o., do CP, 
ou seja, a prescrição deverá ter por base o prazo de 4 anos, conforme art. 109, IV, do mesmo diploma legal. 
 Assim sendo, uma vez que entre a data do recebimento da denúncia e a publicação da sentença foi 
ultrapassado o período de 04 (quatro) anos, ocorreu a prescrição da pretensão punitiva, em razão da 
prescrição retroativa, devendo ser considerada extinta a punibilidade do agente, com fundamento o artigo 107, 
inciso IV, combinado com os artigos 109, IV e 110, §1º, todos do Código Penal. 
 
 
6. Mateus foi condenado a uma pena de 05 (cinco) anos pela prática do crime de estelionato, tipificado 
ao teor do artigo 171 do Código Penal. Após ser intimado da decisão condenatória, no cartório da vara 
criminal, Mateus disse não ter interesse em interpor recurso. Todavia, Armando, advogado de defesa, 
ao constatar que o juiz não concedeu o privilegiamento previsto no §1º do referido diploma legal, por 
ser o agente primário e ser de pequeno valor o prejuízo causado, interpôs apelação, no prazo legal, sob 
a alegação de que deveria ter incidido o privilegiamento no delito cometido pelo agente. O juiz ao 
verificar o recurso de apelação, alegou que o réu já tinha manifestado interesse em não apelar, não 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
podendo o seu defensor ir de encontro à vontade do condenado, denegando, assim, o recurso. Com base 
nas informações fornecidas na questão, pergunta-se: 
a) Agiu corretamente o juiz? (Valor: 0,65) 
b) Qual a medida cabível para atacar a decisão que denegou o recurso de apelação, indicando, caso 
existente, qual o prazo para referida impugnação? (Valor: 0,6) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
 O juiz não agiu corretamente, uma vez que tanto o réu quanto seu defensor podem interpor o recurso de 
apelação, não sendo válida a renúncia do acusado sem a anuência do defensor, e vice-versa, conforme 
estabelece a súmula 705 do Supremo Tribunal Federal. 
 Referida súmula estabelece que a renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência 
do advogado de defesa/defensor, não impede o conhecimento da apelação porventura por este interposta. 
 No processo penal brasileiro, a ampla defesa depende, necessariamente, da conjugação da autodefesa 
com a defesa técnica, sendo esta última indisponível, em face da indisponibilidade da liberdade do acusado, que 
deverá ser tutelada pelo Estado ainda que contra a vontade do réu. Assim sendo, a renúncia do acusado ao 
direito de recorrer não produz efeitos se a defesa técnica interpuser, tempestivamente, o recurso cabível, o que 
ocorreu no caso narrado. 
 Portanto, o juiz deveria ter recebido o recurso interposto, não tendo agido corretamente ao denegá-lo. 
 
b) O recurso cabível para atacar a decisão que denegou a Apelação é o Recurso em Sentido Estrito, nos 
termos do artigo 581, inciso XV, do Código de Processo Penal, o qual deverá ser interposto 
 O Recuso em Sentido Estrito deverá ser interposto no prazo de 05 (cinco) dias, conforme art. 586 do 
CPP, e, sendo admitido, o recorrente será intimado para, em 02 (dois) dias, apresentar suas razões recursais 
(art. 588 do CPP). 
 
 
7. Maurício, está sendo investigado pela prática de diversos crimes. Ciente disso, vai até seu escritório 
de contabilidade e esconde vários documentos que comprovam de fato ser ele o autor dos delitos. 
Durante as investigações policiais, o Delegado de Polícia recebe uma denúncia anônima informando da 
existência desses documentos, bem como que os mesmos estariam no mencionado escritório. Por tal 
motivo, dois agentes da Polícia Civil, sem o conhecimento de Maurício, da Autoridade Policial, e sem 
ordem judicial, dirigem-se até o escritório e realizam a busca e apreensão com o intuito de obter tais 
documentos, o que de fato ocorre. Diante das informações apresentadas, pergunta-se: 
a) Os agentes policiais agiram corretamente? (Valor: 0,65) 
b) Em caso positivo, qual o amparo legal para a referida medida. Em caso negativo, indique qual seria o 
procedimento correto a ser adotado pelos policiais. (Valor: 0,6) 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
a) Os agentes da Polícia Civil não agiram corretamente, uma vez que a busca e apreensão realizada no 
escritório de contabilidade do agente, sem o competente mandado judicial, foi ilegal, constituindo a prova ali 
apreendida prova ilícita, a qual não é inadmissível conforme estabelece o art. 5º, inciso LVI, da Constituição 
Federal. 
 Conforme estabelece o art. 5o., XI, também da Constituição Federal, casa é asilo inviolável, somente 
sendo possível qualquer pessoa nela penetrar em casos de flagrante delito, para prestar socorro, com o 
consentimento do morador ou com ordem judicial. Ocorre que o escritório de contabilidade configura 
domicílio profissional de Maurício, equiparando-se, de acordo com entendimento doutrinário e jurisprudencial, 
e na forma do art. 150, § 4o, III, do Código Penal, à casa, motivo pelo qual a diligência policial somente poderia 
ter ocorrido, no caso concreto, com ordem judicial consistente no competente mandado de busca e apreensão. 
 Importante destacar que o art. 241 do CPP deve ser interpretado de acordo com o mencionado inciso XI 
do art. 5o. da Carta Magna. Assim, ainda que presente a autoridade policial, o que também não ocorrera no caso 
concreto, indispensável seria a prévia expedição do mandado de busca e apreensão judicial, que deveria ser 
determinado e cumprido durante o dia. 
 
b) Como antes mencionado, não agiram corretamente os policiais, que, diante das informações obtidas, 
deveriam proceder a outras diligências necessárias à verificaçãoda informação, permitindo à autoridade 
policial a instauração do inquérito, e, somente então, buscar junto à autoridade judiciária, a ordem judicial 
necessária ao cumprimento da busca e apreensão domiciliar. 
 Cumpre ressaltar que entendem os tribunais superiores que a chamada "denúncia anônima" não 
autoriza, por si só, a violação de garantias constitucionais. Desta forma, diante da notícia anônima recebida, 
caberia à autoridade policial, antes de proceder a violação daquele domicílio, proceder diligências no sentido de 
verificar a procedência da informação, instaurando o competente inquérito policial para, só então, diante dos 
necessários indícios de que naquele local a busca se fazia necessária, requerer a ordem judicial indispensável à 
realização da diligência, nos moldes do artigo 245 do Código de Processo Penal combinado com o art. 5o., XI, da 
Constituição Federal. 
 
 
8. Murilo, advogado, foi denunciado pela suposta prática dos crimes de tráfico de entorpecentes e de 
porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, tipificados respectivamente no artigo 33 da Lei de 
Drogas – Lei nº 11.343/06 e artigo 12 do Estatuto do Desarmamento – Lei 10.826/03. A denúncia 
lastreia-se em fatos descobertos durante cumprimento a mandado de busca e apreensão no escritório 
de advocacia do réu. O mandado tinha a finalidade de apreender, tão somente, a arma que pertenceria 
ao estagiário do escritório, Jonas, que estava sendo investigado por envolvimento em um crime de 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
homicídio. Ocorre que os policiais depararam-se com aproximadamente 900 (novecentos gramas) de 
maconha e um revólver, calibre 38, além de 10 (dez) cartuchos íntegros numa caixa de metal. 
Verificando que a substância e a arma apreendida eram, em verdade, de Murilo, o mesmo foi capturado 
em flagrante delito, sendo conduzido à Delegacia de Polícia. Toda a ocorrência deu-se na presença de 
um representante da OAB. Diante das informações apresentadas, pergunta-se: 
a) A prisão de Murilo foi legal? (Valor: 0,6) 
b) Como advogado de Murilo qual a medida privativa de advogado que pode ser intentada para 
salvaguardar sua liberdade? (Valor: 0,65) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
a) A prisão em flagrante de Murilo foi legal, tendo em vista que ambos os delitos – tráfico de drogas e porte 
ilegal de arma de fogo de uso permitido – são permanentes. 
 Isso porque, não obstante o mandado de busca e apreensão ter sido expedido para a apuração de crime 
praticado por Jonas, estagiário do escritório cuja propriedade é de Murilo, por ser a ocorrência flagrancial de 
dois delitos que possuem natureza permanente, não seria razoável exigir dos policiais envolvidos na diligência 
que não constatassem os crimes aduzidos acima, para posteriormente retornar com um mandado específico de 
busca e apreensão para o escritório de Murilo. 
 Destaca-se ainda que, pelo fato da busca e apreensão se dar em escritório de advocacia, necessário se 
faz a indicação expressa de representate da Ordem dos Advogados do Brasil no local, para o acompanhamento 
da diligência, nos termos do artigo 7º, inciso IV do Estatuto da OAB – Lei nº 8.906/94. 
 
b) A medida privativa de advogado cabível para assegurar a liberdade de Murilo é a liberdade provisória 
sem fiança, nos moldes do artigo 310, inciso III do Código de Processo Penal em combinação com o artigo 5º, 
LXVI da Constituição Federal. 
 Ademais, cumpre destacar que a liberdade provisória será sem fiança, tendo em vista que o artigo 323, 
inciso II do Código de Processo Penal veda expressamente a conceção da fiança para o crime de tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins. 
 
 
9. João está sendo investigado pelo suposto crime de roubo majorado pelo emprego de arma, nos 
termos do artigo 157, §2º, inciso I do Código Penal Brasileiro. Pela narrativa das investigações, João 
teria, supostamente, subtraído o veículo de Pamela quando saía de um supermercado, utilizando-se, 
para tanto, de ameaça com o uso de uma arma branca. Por ser uma modalidade criminosa que tem 
crescido assustadoramente na cidade, a Autoridade Policial tomou como medida urgente a 
representação pela prisão preventiva do agente. O Juiz da 1ª Vara Criminal da Cidade decretou a prisão 
preventiva de João, fundamentando a custódia cautelar na necessidade de se preservar a credibilidade 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
da Justiça e atender os anseios do clamor popular, mormente pelo fato de ter o agente empregado 
ameaça e se valido de uma arma branca para praticar a conduta delitiva. Diante das informações 
apresentadas, pergunta-se: 
a) O juiz agiu corretamente ao decretar a prisão preventiva de João? (Valor: 0,65) 
b) Como advogado de João, qual a medida cabível para restaurar a sua liberdade? (Valor: 0,6) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
a) O juiz da 1ª Vara Criminal da Cidade não agiu corretamente ao decretar a prisão preventiva, tendo em 
vista que não está eivada de legalidade. 
 A prisão preventiva de João não está eivada da necessária legalidade, configurando, portanto, prisão 
ilegal, pelo fato da decisão do juiz ao decretá-la ser baseada em possível descredibilidade da Justiça, tão pouco 
pelo clamor social, não estando rpesentes os requisitos constantes nos artigos 312 e 313, ambos do Código de 
Processo Penal. 
 Ademais, a alegação de que João utilizou uma arma branca e empreendeu violência contra a vítima 
apenas repete os elementos característicos do próprio tipo penal, que não determinam, por si só, a gravidade 
concreta da infração, muito menos o cárcere provisório. Sendo, taõ somente, majorante do delito de roubo. 
 Portanto, a decretação da prisão preventiva em desfavor de João carece de real elemento de convicção, 
não justificando a prisão preventiva. 
 
b) A medida cabível para assegurar a liberdade de João é o Habeas Corpus, ante a fundamentação inidônea 
apresentada pelo Magistrado, conforme estabelece o artigo 5º, inciso LXVIII da Constituição Federal. 
 Isso porque, da prisão preventiva ilegal é cabível o remédio constitucional do habeas corpus. 
 
 
10. Tatiana foi denunciada pelo crime de estelionato, conduta esta descrita no artigo 171 do Código 
Penal Brasileiro. Entretanto, ao final da instrução criminal e após a respectiva apresentação de 
memoriais pelas partes, em face das provas colhidas, apurou-se que a conduta típica adequada seria 
furto qualificado pela fraude, tipificado ao teor do artigo 155, § 4º, inciso II do Código Penal Brasileiro. 
Por tal motivo, abriu o juiz vista ao Ministério Público. Nesse sentido, considerando apenas as 
informações contidas no texto, pergunta-se: 
a) O Magistrado pode, de ofício, dar nova capitulação aos fatos? (Valor: 0,55) 
b) Agiu corretamente o Magistrado ao fazer remessa dos autos ao Ministério Público mesmo após a 
apresentação dos memoriais? (Valor: 0,7) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
a) O Magistrado não pode, de ofício, alterar os termos da denúncia, sob pena de violação dos princípios da 
inércia, da ampla defesa, do contraditório, do devido processo legal e da congruência ou correlação entre 
acusação e sentença. 
 A inércia decorre da figura atual do sistema acusatório, previsto no artigo 129, inciso I da Constituição 
Federal. Em função disso, estabelece que o juiz é inerte e a inércia visa garantir a imparcialidade. 
 
b) O Magistrado agiu corretamente ao fazer remessa dos autos para que o Ministério Público procedesse 
com o aditamento da denúncia, ainda que após a apresentação dos memoriais. Isso porque, estamos diantedo 
instituto da mutatio libelli, disciplinado ao teor do artigo 384 do Código de Processo Penal. 
 O instituto aplicável à hipótese é o da mutatio libelli, com fundamento no art. 384 do Código de Processo 
Penal, uma vez que a questão deixa claro o surgimento, durante a instrução criminal, de elementos distintos 
daqueles narrados na exordial, o que caracteriza mudança a ensejar a aplicação da mutatio libelli. 
Assim, a mutatio libelli ocorre quando, no curso da instrução processual, surgir prova não prevista na 
peça acusatória. Neste caso, deverá o Ministério Público aditar a exordial, com posterior oitiva da defesa, 
respeitando-se o contraditório, a ampla defesa, o sistema acusatório e o princípio da correlação entre acusação 
e sentença, não podendo fazê-lo de ofício o juiz processante. 
 
 
11. O Ministério Público ofereceu denúncia contra Tiago, integrante da torcida organizada Azulão, 
tendo-lhe imputado o crime de ato obsceno, tipificado ao teor do artigo 233 do Código Penal Brasileiro. 
O Juiz de Direito do Juizado Especial Criminal, após verificar a ausência de uma das condições da ação, 
rejeitou a peça acusatória ofertada, nos termos do artigo 395, inciso II do Código de Processo Penal. 
Diante disso, o Promotor de Justiça, ao ser intimado da decisão, interpôs Recuso em Sentido Estrito, 
com fundamento no artigo 581, inciso I, do Código de Processo Penal. O denunciado, por sua vez, não foi 
intimado, tendo em vista que não foi encontrado, estando em lugar incerto e não sabido. Esgotadas as 
diligências cabíveis para a localização do recorrido, o Ministério Público requereu sua intimação por 
edital. Diante da situação apresentada responda: 
a) Agiu corretamente o Ministério Público ao interpor o Recurso em Sentido Estrito? (Valor: 0,65) 
b) Poderá Tiago ser intimado por edital? (Valor: 0,6) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
a) O Ministério Público interpôs recurso incorreto, tendo em vista que na hipótese apresentada é cabível o 
recurso de apelação, nos termos do artigo 82 da Lei 9.099/95 – Lei dos Juizados Especiais. 
 Estabelece o artigo 82 da lei 9.099/95 que da decisão que rejeita liminarmente a peça acusatória caberá 
apelação, no prazo de 10 (dez) dias, contados da ciência da sentença. 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
 Assim sendo, o Ministério Público intentou o recurso em sentido estrito de forma incorreta, tendo em 
vista que ato obsceno é infração de menor potencial ofensivo estando sujeito a apreciação do Juizado Especial 
Criminal. 
 
b) É perfeitamente possível a intimação de Tiago por edital, tendo em vista que o que a Lei 9.099/95 – Lei 
dos Juizados Especiais – veda, tão somente, a citação por edital, nos moldes do artigo 18, §2º. 
 
 
12. Joana, empregada doméstica, trabalha na casa da família Torres há 10 anos. Num belo dia, o 
patriarca da família, Sr. Arlindo Torres, enfurecido por Joana ter quebrado um vaso de flores herdado 
de sua mãe, com a intenção de lesioná-la, pratica diversos atos de agressão física contra a mesma, de 
modo que Joana precisou ser socorrida por vizinhos, evitando consequências ainda mais graves. 
Apenas com base nas informações apresentadas, responda: 
a) A conduta do Sr. Arlindo Torres pode ser responsabilizada criminalmente? (Valor: 0,4) 
b) Qual a natureza da ação penal do(s) delito(s) cometido(s) pelo Sr. Arlindo Torres? (Valor: 0,4) 
c) Joana fará jus as medidas protetivas previstas na Lei 11.340/06 – Lei Maria da Penha? (Valor: 0,45) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
a) A conduta do Sr. Arlindo Torres pode ser responsabilizada criminalmente, vindo ele a incorrer no crime 
de violência doméstica, tipificado ao teor do artigo 129, §9º, do Código Penal Brasileiro. 
 Isso porque, com o seu animus foi de lesionar Joana, sua empregada doméstica, vindo ele a praticar 
diversos atos de agressão física, pelo fato da mesma ter quebrado um vaso de flores herdado de sua mãe. 
 Ademais, a questão deixou clara que a empregada doméstica trabalhava para a família há mais de 10 
(dez) anos, o que comprova que Joana tinha convivência e que o agente se prevaleceu das relações domésticas 
por ser patrão. 
 
b) A natureza da ação penal é pública incondicionada, nos termos da Súmula 542 do Superior Tribunal de 
Justiça, que estabelece que a ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica 
contra a mulher é pública incondicionada. 
 
c) Sim, Joana fará jus às medidas protetivas previstas na Lei 11.340/06 – Lei Maria da Penha, nos moldes 
do artigo 5º, inciso I. 
 A Lei Maria da Penha não tipifica crimes, mas estabelece medidas protetivas em favor da mulher, vítima 
de violência doméstica e familiar. 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
 No caso em tela, a relação entre o agressor (Sr. Arlindo Torres) e a vítima (Joana) está no âmbito 
doméstico, sendo este compreendido como o espaço de convívio permanente de pessoas, ainda que sem 
vínculo familiar. 
 Assim sendo, é perfeitamente possível a aplicação de medidas protetivas previstas na Lei Maria da 
Penha em detrimento de Joana. 
 
 
13. Ronaldo, Delegado de Polícia, após receber notitia criminis acerca de possíveis sonegações de 
impostos, instaura inquérito com o intuito de investigar a possível prática delitiva. No meio das 
investigações, constata que Sérgio e Armando, sócios da empresa XY LTDA, prestadora de serviços de 
informática, falsificam notas fiscais e faturas objetivando reduzir o tributo que deve declarar e pagar à 
Receita Federal. Findas as diligências, Ronaldo indicia Sérgio e Armando, sendo os mesmos, em seguida, 
denunciados pelo Ministério Público, denúncia esta que foi recebida pelo Juiz competente. Ao serem 
citados, Sérgio efetua o pagamento total, à vista, dos valores não declarados. Diante da situação 
hipotética apresentada, pergunta-se: 
a) A conduta praticada por Sérgio e Armando é considerada crime? Em caso positivo, qual a tipificação 
aplicada? (Valor: 0,4) 
b) O pagamento realizado por Sérgio, após o recebimento da denúncia, implica em algum benefício? 
(Valor: 0,4) 
c) Armando poderá se valer de algum benefício pelo fato de Sérgio ter pago o valor total da dívida? 
(Valor: 0,45) 
 
PADRÃO DE RESPSOTA 
 
a) A conduta de Sérgio e Armando é considerada crime. Ambos incorrem no delito de crime contra à 
ordem tributária, nos termos do artigo 1º, inciso III, da Lei 8.137/90. 
 O mencionado dispositivo tipifica a conduta de suprimir ou reduzir tributo falsificando ou adulterando 
nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda ou qualquer outro documento relativo à operação tributável. 
 No caso apresentado percebe-se que Sérgio e Armando, sócios da empresa XY Ltda, falsificaram notas 
fiscais e faturas objetivando reduzir o tributo que deve declarar e pagar à Receita Federal. O que acarreta na 
prática de crime contra a ordem tributária. 
 
b) O pagamento realizado por Sérgio, após o recebimento da denúncia, implica no benefício da extinção de 
punibilidade do agente, nos moldes do artigo 9º, §2º, da Lei 10.684/03, uma vez que houve o pagamento 
integral do débito. 
 
QUESTÕES PARA BRINCAR 
OAB 2ª Fase XVIII Exame de Ordem Unificado - Direito Penal 
 
 
 
c) Será estendido a Armando o benefício da extinção da punibilidade, pelo fato de Sérgio ter pago o valor 
total do débito tributário. Isso porque, independentemente de quem tenha efetuado o pagamento, a causa de 
extinção de punibilidade é aplicada ao agente ou aos agentes que estiverem envolvidos, desde que pago o 
débito em sua totalidade. 
 
 
14. Paulo, Delegado de Polícia, no curso das investigações criminais para desarticular uma

Continue navegando