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Provas 
anteriores
Padrões de respostas
2ª FASE PENAL XXXIII EXAME
Sumário
INSTRUÇÃO..............................................................................................................................
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL - XXV EXAME........................................................................ 
QUESTÃO 01 – XXV EXAME.................................................................................................... 
QUESTÃO 02 – XXV EXAME.................................................................................................... 
QUESTÃO 03 – XXV EXAME...................................................................................................
QUESTÃO 04 – XXV EXAME................................................................................................... 
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – XXVI EXAME..................................................................... 
QUESTÃO 01 – XXVI EXAME.................................................................................................. 
QUESTÃO 02 – XXVI EXAME..................................................................................................
QUESTÃO 03 – XXVI EXAME (desatualizada)........................................................................
QUESTÃO 04 – XXVI EXAME..................................................................................................
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – XXVII EXAME................................................................... 
QUESTÃO 01 – XXVII EXAME................................................................................................. 
QUESTÃO 02 – XXVII EXAME................................................................................................. 
QUESTÃO 03 – XXVII EXAME................................................................................................. 
QUESTÃO 04 – XXVII EXAME................................................................................................. 
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – XXVIII EXAME.................................................................. 
QUESTÃO 01 – XXVIII EXAME................................................................................................ 
QUESTÃO 02 – XXVIII EXAME................................................................................................
QUESTÃO 03 – XXVIII EXAME (desatualizada) ..................................................................... 
QUESTÃO 04 – XXVIII EXAME............................................................................................... 
PRÁTICO-PROFISSIONAL – XXIX EXAME.............................................................................. 
QUESTÃO 01 – XXIX EXAME................................................................................................. 
QUESTÃO 02 – XXIX EXAME................................................................................................. 
QUESTÃO 03 – XXIX EXAME.................................................................................................. 
QUESTÃO 04 – XXIX EXAME.................................................................................................
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – XXX EXAME..................................................................... 
QUESTÃO 01 – XXX EXAME.................................................................................................. 
QUESTÃO 02 – XXX EXAME..................................................................................................
QUESTÃO 03 – XXX EXAME.................................................................................................. 
QUESTÃO 04 – XXX EXAME. ................................................................................................
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – XXXI EXAME................................................................... 
QUESTÃO 01 – XXXI EXAME................................................................................................. 
QUESTÃO 02 – XXXI EXAME................................................................................................ 
QUESTÃO 03 – XXXI EXAME................................................................................................ 
QUESTÃO 04 – XXXI EXAME................................................................................................
3
 
4
13
17
 
20
23
 
26
36
40
43
45
 
48
60
64
67
70
 
73
83
87
91
93
 
96
104
107
111
115
 
 
118
128
131
134
138
 
142
152
155
159
163
Provas anteriores
2ª Fase Penal
Provas anteriores
2ª Fase Penal
03
Este caderno de provas anteriores ficará disponível no Portal Ceisc apenas durante o
período de estudos da Repescagem. Indicamos que você não o imprima, apenas utilize
ele como forma de consultar os padrões de respostas.
Abaixo de cada peça prático-profissional há um botão. Ao clicá-lo, você será
direcionado para o vídeo em que os professores de penal comentam a prova.
Bons estudos!
Instrução
Patrick, nascido em 04/06/1960, tio de Natália, jovem de 18 anos, estava na varanda
de sua casa em Araruama, em 05/03/2017, no interior do Estado do Rio de Janeiro,
quando vê o namorado de sua sobrinha, Lauro, agredindo-a de maneira violenta, em
razão de ciúmes.
Verificando o risco que sua sobrinha corria com a agressão, Patrick gritou com Lauro,
que não parou de agredi-la. Patrick não tinha outra forma de intervir, porque estava
com uma perna enfaixada devido a um acidente de trânsito.
Ao ver que as agressões não cessavam, foi até o interior de sua residência e pegou
uma arma de fogo, de uso permitido, que mantinha no imóvel, devidamente
registrada, tendo ele autorização para tanto. Com intenção de causar lesão corporal
que garantisse a debilidade permanente de membro de Lauro, apertou o gatilho para
efetuar disparo na direção de sua perna. Por circunstâncias alheias à vontade de
Patrick, a arma não funcionou, mas o barulho da arma de fogo causou temor em Lauro,
que empreendeu fuga e compareceu à Delegacia para narrar a conduta de Patrick.
Após meses de investigações, com oitiva dos envolvidos e das testemunhas
presenciais do fato, quais sejam, Natália, Maria e José, estes dois últimos sendo
vizinhos que conversavam no portão da residência, o inquérito foi concluído, e o
Ministério Público ofereceu denúncia, perante o juízo competente, em face de Patrick
como incurso nas sanções penais do Art. 129, § 1º, inciso III, c/c o Art. 14, inciso II,
ambos do Código Penal. Juntamente com a denúncia, vieram as principais peças que
constavam do inquérito, inclusive a Folha de Antecedentes Criminais, na qual constava
outra anotação por ação penal em curso pela suposta prática do crime do Art. 168 do
Código Penal, bem como o laudo de exame pericial na arma de Patrick apreendida, o
qual concluiu pela total incapacidade de efetuar disparos.
Em busca do cumprimento do mandado de citação, o oficial de justiça comparece à
residência de Patrick e verifica que o imóvel se encontrava trancado. Apenas em razão
desse único comparecimento no dia 26/02/2018, certifica que o réu estava se
ocultando para não ser citado e realiza, no dia seguinte, citação por hora certa,
juntando o resultado do mandado de citação e intimação para defesa aos autos no
mesmo dia. Maria, vizinha que presenciou a conduta do oficial de justiça, se assusta e
liga para o advogado de Patrick, informando o ocorrido e esclarecendo que ele se
encontra trabalhando e ficará embarcado por 15 dias. O advogado entra em contato
com Patrick por e-mail e este apenas consegue encaminhar uma procuração para
adoção das medidas cabíveis, fazendo uma pequena síntese do ocorrido por escrito.
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL - XXV EXAME
04
Provas anteriores
2ª Fase Penal
Considerando a situação narrada, apresente, na qualidade do advogado de Patrick, a
peça jurídica cabível, diferente do habeas corpus, apresentando todas as teses
jurídicas de direito material e processual pertinentes. A peça deverá ser datada do
último dia do prazo. (Valor:5,00)
Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados
para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal
não confere pontuação.
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL - XXV EXAME
Provas anteriores
2ª Fase Penal
O vídeo de correção da prova está disponível no card 
"Provas Anteriores" no Portal Ceisc ou no botão acima.
05
https://ceisc.com.br/ead/aula/586/90919/225
https://ceisc.com.br/ead/aula/586/90919/225
https://ceisc.com.br/ead/aula/586/90919/225
https://ceisc.com.br/ead/aula/677/114271
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL
DA COMARCA DE ARARUAMA/RJ (0,10)
 
 
 
 
 
 
 
 PATRICK, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-
assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença
de Vossa Excelência apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com base no
artigo 396 e 396-A do Código de Processo Penal (0,10), pelos fatos e
fundamentos a seguir expostos:
 
I) DOS FATOS
 
 No dia 05/03/2017, o réu Patrick viu Lauro, namorado de sua
sobrinha, agredindo-a de maneira violenta, em razão de ciúmes. 
 Ao perceber que as agressões não cessavam foi até o interior de
sua residência e pegou uma arma de fogo, de uso permitido, que
mantinha no imóvel, devidamente registrada, e, com intenção de causar
lesão corporal em Lauro, apertou o gatilho, mas a arma não funcionou.
 Após conclusão do Inquérito Policial, o Ministério Público
ofereceu denúncia contra o réu como incurso nas sanções penais do
artigo 129, § 1º, inciso III, c/c. o Art. 14, inciso II, ambos do Código Penal.
Foi juntado laudo de exame pericial da arma apreendida, o qual concluiu
pela total incapacidade de efetuar disparos.
Provas anteriores
2ª Fase Penal
06
 O oficial de justiça, considerando que o réu se ocultava para não ser
citado, procedeu à citação por hora certa. 
 
II) DO DIREITO 
A) PRELIMINAR
A.1) DA NULIDADE DA CITAÇÃO
 O oficial de justiça compareceu à residência do réu e, em razão do único
comparecimento realizado no dia 26/02/2018, certificou que o réu estava
se ocultando para não ser citado, realizando, no dia seguinte, a citação
por hora certa.
 Todavia, Patrick não estava se ocultando para ser citado, pois sua
residência estava fechada porque ele estava trabalhando em embarcação
e o oficial de justiça somente compareceu em uma oportunidade (0,15).
 Além disso, o oficial de justiça compareceu apenas uma vez na residência
do réu, sendo necessário procurar o réu duas vezes sem o encontrar para
efetivar a citação por hora certa, nos termos do artigo 362 do Código de
Processo Penal c/c o artigo 252 do Código de Processo Civil. 
 Assim, verifica-se a nulidade da citação (0,40), nos termos do art. 564,
inciso III, “e”, do Código de Processo Penal (0,10).
 
B) MÉRITO
B.1) DO CRIME IMPOSSÍVEL
 O réu foi denunciado pela prática do crime de lesão corporal grave
tentado. Todavia, a arma de fogo utilizada não era apta a efetuar disparos,
conforme laudo pericial acostado (0,30). Logo, o meio utilizado era
absolutamente ineficaz para produzir qualquer resultado (0,20).
 Nos termos do artigo 17 do Código Penal, não se pune a tentativa quando,
por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto,
é impossível consumar-se o delito. Trata-se, portanto, de crime impossível.
07
Provas anteriores
2ª Fase Penal
08
 O reconhecimento do crime impossível gera a atipicidade da conduta e,
consequentemente, cabível a absolvição sumária pelo fato
evidentemente não constituir crime (0,40), com base no artigo 397,
inciso III, do Código de Processo Penal.
 
B.2) DA LEGÍTIMA DEFESA
 O réu visualizou o namorado da sua sobrinha agredindo-a de maneira
violenta. Ao verificar que as agressões não cessavam, resolveu pegar sua
arma de fogo, devidamente registrada, para defender a sua sobrinha
(0,10) 
 Logo, Patrick agiu amparado pela legítima defesa (0,70), prevista nos
artigos 25 e 23, inciso II, ambos do Código Penal (0,10).
 No caso, o réu usou moderadamente dos meios que tinha à sua
disposição, já que estava com a perna enfaixada devido a um acidente de
trânsito (0,10), para repelir injusta agressão praticada contra a sua
sobrinha (0,15).
 Além disso, Patrick não pretendia matar Lauro, mas apenas lesionar.
Assim, diante da legítima defesa, requer a Absolvição sumária, tendo em
vista que há manifesta causa excludente da ilicitude (0,40), com
fundamento no artigo 397, inciso I, do Código de Processo Penal.
 
III) DO PEDIDO
 Ante o exposto, requer:
a) Reconhecimento da nulidade do ato de citação, nos termos do art.
564, inciso III, “e”, do Código de Processo Penal.
b) Absolvição sumária (0,30), com base no artigo 397, inciso I, do Código
de Processo Penal (0,10).
c) Absolvição sumária, com base no artigo 397, inciso III, do Código de
Processo Penal (0,10).
Provas anteriores
2ª Fase Penal
09
d) A produção de todas as provas admitidas em direito, principalmente
prova testemunhal.
ROL DE TESTEMUNHAS (0,10):
1. Maria, qualificação;
2. José, qualificação;
3. Natália, qualificação.
 
Local..., 09 de março de 2018 (0,10).
 
Advogado...
OAB..
Provas anteriores
2ª Fase Penal
10
Gabarito comentado
Considerando a situação narrada, o examinando deveria apresentar Resposta à
Acusação, com fundamento no Art. 396-A do Código de Processo Penal, em busca de
evitar o prosseguimento do processo em desfavor de Patrick. A peça deveria ser
encaminhada para a Vara Criminal da Comarca de Araruama, Rio de Janeiro, local onde
o delito imputado teria sido praticado.
Já de início, preliminarmente, deveria o advogado requerer o reconhecimento da
nulidade do ato de citação. O Código de Processo Penal, em seu Art. 362, prevê a
chamada “citação por hora certa”, que será admitida na hipótese de o réu estar se
ocultando para não ser citado, devendo tal informação ser devidamente certificada
por oficial de justiça. Ocorre que, no caso, não seria possível a citação por hora certa,
já que não havia nenhum indício concreto de que o acusado estaria se ocultando para
não ser citado. Simplesmente a residência de Patrick encontrava-se fechada porque
ele estava trabalhando em embarcação, sendo prematura a conclusão do oficial de
justiça apenas com base em um único comparecimento na residência daquele que
pretendia citar. Dessa forma, a citação foi inválida e certamente houve prejuízo ao
exercício do direito de defesa, tendo em vista que o advogado não conseguiu
conversar com o réu sobre os fatos antes de apresentar resposta à acusação.
Superada tal questão, diante das informações constantes do enunciado, caberia ao
advogado do denunciado pleitear a absolvição sumária de seu cliente, tendo em vista
que o fato evidentemente não constitui infração penal e ocorreu causa manifesta de
exclusão da ilicitude.
O fato narrado evidentemente não constitui crime.
De acordo com o Art. 17 do Código Penal, não se pune a tentativa quando, por
ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível
consumar-se o delito. Trata-se de aplicação do instituto do crime impossível, onde se
valoriza mais a vertente objetiva em detrimento da subjetiva. No crime impossível, o
agente age com dolo na prática do crime e efetivamente este não se consuma por
circunstâncias alheias à sua vontade.
Todavia, a tentativa não é punida pelo fato de ser impossível a consumação, logo o
bem jurídico não seria colocado em risco suficiente para justificar a intervenção do
Direito Penal.
Na situação apresentada, Patrick buscou praticar um crime de lesão corporal grave
mediante disparo de arma de fogo. Ocorre que aquela arma era totalmente incapaz de
efetuar disparos, conforme consta do laudo pericial acostado, logo houve ineficácia
absoluta do meio utilizado, impedindo a punição da tentativa. O reconhecimento do
crime impossível gera a atipicidade da conduta e, consequentemente, cabível a
absolvição sumária pelo fato evidentemente não constituircrime, com fulcro no Art.
397, inciso III, do CPP.
Provas anteriores
2ª Fase Penal
11
Gabarito comentado
Por outro lado, diante da legítima defesa, deveria ser formulado pedido de absolvição
sumária com fundamento no Art. 397, inciso I, do CPP.
Consta do enunciado que Patrick somente agiu com intenção de lesionar Lauro para
resguardar a integridade física de sua sobrinha. De acordo com o Art. 25 do Código
Penal, haverá legítima defesa quando alguém, usando moderadamente dos meios
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem,
sendo esta causa de exclusão da ilicitude, nos termos do Art. 23, inciso II, do Código
Penal.
Patrick agiu para proteger direito de terceiro (sua sobrinha) e para repelir injusta
agressão, já que Lauro estava agredindo Natália de maneira relevante e exagerada em
razão de ciúmes. Os meios utilizados foram moderados e necessários, já que Patrick
encontrava-se imobilizado na perna e no braço, impedindo que entrasse em luta
corporal sem utilizar outro meio que não a arma de fogo. Ademais, Patrick não
pretendia matar Lauro, mas apenas lesionar.
Após os pedidos de absolvição sumária e de nulidade, deveria o examinando
apresentar rol de testemunhas indicando Maria, José e Natália, no máximo de 08.
O prazo para elaboração da peça processual, nos termos do Art. 396 do CPP, é de 10
dias, sendo que a intimação do réu ocorreu em 27 de fevereiro de 2018, iniciando-se o
prazo em 28 de fevereiro de 2018 e terminando em 09 de março de 2018.
A petição deveria ter indicação de local, data, assinatura e advogado OAB n.
Provas anteriores
2ª Fase Penal
12
Distribuição de pontos
Provas anteriores
2ª Fase Penal
Lucas, jovem de 22 anos, primário, foi denunciado pela prática do crime de extorsão
simples, tendo o magistrado, em 05/05/2016, recebido a denúncia e decretado a
prisão preventiva do acusado. Cumprido o mandado de prisão no dia seguinte, Lucas
permaneceu acautelado durante toda a instrução de seu processo, vindo a ser
condenado, em 24 de janeiro de 2017, à pena de 04 anos e 03 meses de reclusão,
além de 12 dias-multa, sendo certo que o aumento da pena-base foi fundamentado de
maneira correta pelo magistrado em razão das circunstâncias do crime. Foi, ainda,
aplicado o regime semiaberto para início do cumprimento da sanção, exclusivamente
diante do quantum de pena aplicada, e o valor do dia-multa foi fixado em 3 vezes o
salário mínimo, em razão das circunstâncias do fato.
Apesar de não se opor à condenação, nem à pena aplicada, Lucas, ainda preso,
pergunta a seu advogado sobre a possibilidade de recurso para aplicação de regime
de cumprimento de pena menos gravoso, ainda que mantido o quantum de pena.
Também informa ao patrono que não tem condições de arcar com a multa aplicada,
pois mora em comunidade carente e recebia, antes dos fatos, remuneração de meio
salário mínimo pela prestação de serviços informais.
Considerando apenas as informações narradas, na condição de advogado de Lucas,
responda aos itens a seguir.
A) Qual o argumento a ser formulado em sede de recurso para alteração do regime
prisional de início de cumprimento de pena aplicado, mantida a pena final em 04
anos e 03 meses de reclusão? Justifique. (Valor: 0,65)
B) Qual argumento a ser apresentado em sede de recurso em busca da redução do
valor do dia-multa aplicado? Justifique. (Valor: 0,60)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo
legal não confere pontuação.
QUESTÃO 01 – XXV EXAME
Provas anteriores
2ª Fase Penal
13
14
A) No caso, o magistrado decretou a prisão preventiva do réu no dia
05/05/2016, tendo permanecido preso durante toda a instrução do
processo, sendo condenado em 24/01/2017. Logo, o réu ficou preso por
mais de 08 meses. Considerando que a pena aplicada foi de 04 anos e 03
meses de reclusão, bem como o período em que ficou preso
provisoriamente, o período de pena restante ficaria abaixo de 04 anos,
comportando o regime aberto.
Isso porque o tempo de prisão provisória deve ser computado no
momento da determinação do regime inicial de cumprimento de pena
(0,55), nos termos do Art. 387, § 2º do Código de Processo Penal (0,10),
de modo que o regime a ser fixado é o aberto.
 
B) O valor do dia-multa deverá considerar a capacidade econômica do
acusado e, no caso, Lucas revelou ser pessoa humilde, já que reside em
comunidade carente e sua remuneração correspondia a meio salário
mínimo, de modo que incompatível com sua situação econômica o valor
do dia-multa aplicado de 3 (três) vezes o salário mínimo (0,50), na forma
do art. 60 do Código Penal (0,10).
Provas anteriores
2ª Fase Penal
15
Gabarito comentado
A) O argumento a ser apresentado pela defesa de Lucas é que o período de pena
provisória cumprido deverá ser computado para aplicação do regime inicial do
cumprimento de pena, nos termos do Art. 387, § 2º do Código de Processo Penal, de
modo que o regime a ser fixado é o aberto. De início, destaca-se que a questão não
apresentava elementos suficientes para justificar um pedido de redução de pena, de
modo que a pena final aplicada fosse de até 04 anos e permitisse a aplicação do
regime aberto. Ademais, o próprio enunciado da questão requer que o patrono de
Lucas apresente argumento para alteração do regime ainda que mantida a pena de 04
anos e 03 meses de reclusão. Em princípio, estabelece o Art. 33, § 2º, alínea b, do
Código Penal, que cabível o regime semiaberto ao condenado não reincidente,
quando a pena aplicada for superior a 04 anos ou não exceda a oito, como é a
situação de Lucas. Ao mesmo tempo, estabelece o Art. 42 do Código Penal que será
computado, na pena privativa de liberdade, o tempo de prisão provisória,
disciplinando, assim, o instituto conhecido como detração. Outrossim, o Art. 387, § 2º,
do Código de Processo Penal, acrescentado pela Lei nº 12.736/12, prevê
expressamente que o tempo de prisão provisória será computado para fins de
determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade. No caso, Lucas ficou
preso por período superior a 08 meses, período esse que deve ser computado como
pena cumprida, na forma da detração, para determinação do regime inicial. Assim,
considerando os oitos meses apenas para fins de aplicação do regime inicial, seria
possível a aplicação do regime aberto.
B) Na sentença condenatória, entendeu o magistrado que os dias-multa deveriam ser
fixados no valor de 3 vezes o salário mínimo em razão das circunstâncias do fato.
Ocorre que é pacificado o entendimento jurisprudencial, em especial diante da
previsão do Art. 60 do Código Penal, que o critério para fixação do VALOR do dia-
multa será o da capacidade econômica do réu. Na situação apresentada, Lucas era
pessoa humilde, que recebia, antes da prisão, remuneração de meio salário mínimo em
razão da prestação de serviços informais, logo não se justifica o fundamento
apresentado pelo magistrado para fixação do valor do dia-multa.
Provas anteriores
2ª Fase Penal
16
Distribuição de pontos
Provas anteriores
2ª Fase Penal
Rodrigo, pela primeira vez envolvido com o aparato judicial, foi condenado
definitivamente, pela prática do crime de rixa, ao pagamento de pena exclusivamente
de multa. Para pensar sobre as consequências de seu ato, vai para local que acredita
ser deserto, onde há uma linda lagoa. Ao chegar ao local, após longa caminhada,
depara-se com uma criança, sozinha, banhando-se, mas verifica que ela tem
dificuldades para deixar a água e, então, começa a se afogar.
Apesar de ter conhecimento sobre a situação da criança, Rodrigo nada faz, pois não
sabia nadar, logo acreditando que não era possível prestar assistência sem risco
pessoal. Ao mesmo tempo, o local era isolado e não havia autoridades públicas nas
proximidades, além de Rodrigo estar sem celular ou outro meio de comunicação para
avisar sobre a situação. Cerca de 10 minutos depois, chega ao local Marcus, que, ao
ver o corpo da criança na lagoa, entra na água e retira a criança já falecida. Nesse
momento, Rodrigoverifica que a lagoa não era profunda e que a água bateria na altura
de sua cintura, não havendo risco pessoal para a prestação da assistência.
Após a perícia constatar a profundidade da lagoa, Rodrigo é denunciado pela prática
do crime previsto no Art. 135, parágrafo único, do Código Penal. Não houve
composição dos danos civis, e o Ministério Público não ofereceu proposta de
transação penal, sob o argumento de que havia vedação legal diante da condenação
de Rodrigo pela prática do crime de rixa.
Considerando apenas as informações narradas, responda, na condição de
advogado(a) de Rodrigo, aos itens a seguir.
A) Existe argumento a ser apresentado pela defesa para combater o fundamento
utilizado pelo Ministério Público para não oferecer proposta de transação penal?
Justifique. (Valor: 0,60)
B) Qual argumento de direito material poderia ser apresentado em busca da
absolvição do denunciado? Justifique. (Valor: 0,65)
QUESTÃO 02 – XXV EXAME
Provas anteriores
2ª Fase Penal
17
18
A) Sim. Nos termos do artigo 76, § 2º, I, da Lei 9099/95, não caberá
proposta de transação penal se o autor da infração tiver sido condenado,
pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença
definitiva. 
No caso, não há vedação legal para oferecimento de transação, porque a
condenação anterior de Rodrigo foi apenas ao cumprimento de pena de
multa e não de pena privativa de liberdade (0,50), nos termos do Art. 76,
§2º, inciso I, da Lei 9.099/95 (0,10).
 
B) No caso, Rodrigo errou sobre o elemento “sem risco pessoal” (0,40),
que integra o tipo penal que define o crime de omissão de socorro,
previsto no artigo 135 do Código Penal, já que não sabia nadar,
acreditando, por isso, não ser possível prestar assistência à criança sem
risco pessoal. Logo, não tinha conhecimento que a lagoa não era
profunda.
Assim, Rodrigo deve ser absolvido pois sua omissão ocorreu em erro de
tipo, nos termos do artigo 20, “caput”, do Código Penal (0,10), havendo a
exclusão do dolo e da culpa. Além disso, o crime do Art. 135 do Código
Penal não prevê a modalidade culposa, logo a sua conduta é atípica
(0,15).
Provas anteriores
2ª Fase Penal
19
Gabarito comentado
A) Sim, existe argumento. Inicialmente deve ser destacado que o delito imputado a
Rodrigo, ainda que considerando a aplicação da pena de maneira triplificada em razão
do resultado morte, é de menor potencial ofensivo. Prevê o Art. 76 da Lei 9.099/95
que o Ministério Público poderá oferecer proposta de aplicação imediata de pena
restritiva de direitos ou multa, caso não haja composição dos danos e não seja
hipótese de arquivamento. Todavia, o próprio Art. 76, em seu parágrafo 2º, traz
hipóteses em que a proposta de transação penal não poderá ser realizada. O inciso I
do dispositivo mencionado afirma que não caberá a proposta quando o autor da
infração já tiver sido condenado, pela prática de crime, por sentença definitiva, à pena
privativa de liberdade. Na hipótese apresentada, Rodrigo possuía condenação anterior
com trânsito em julgado, mas apenas ao cumprimento de pena de multa e não pena
privativa de liberdade. Assim, não há vedação legal, podendo o Ministério Público
oferecer proposta de transação penal.
B) Rodrigo deve ser absolvido pois sua omissão ocorreu em erro de tipo. Para
configuração do delito de omissão de socorro, previsto no Art. 135 do Código Penal, é
preciso que a omissão tenha ocorrido quando era possível ao agente prestar
assistência sem risco pessoal. Rodrigo somente não agiu porque acreditava que existia
risco para si, já que não sabia nadar e a criança estava se afogando na lagoa. Em que
pese a lagoa fosse rasa e não apresentasse risco para Rodrigo, ele não tinha
conhecimento de tal situação, logo agiu em erro sobre a elementar “sem risco
pessoal”. Havendo erro sobre elementar do tipo, a consequência é o afastamento do
dolo, somente podendo o agente ser responsabilizado se o erro for evitável e prevista
a modalidade culposa do delito, nos termos do Art. 20 do Código Penal. No caso, o
crime do Art. 135 do Código Penal não traz a modalidade culposa, logo o fato é atípico.
Distribuição de pontos
Provas anteriores
2ª Fase Penal
Na cidade de Goiânia funciona a boate Noite Cheia, onde ocorrem shows de música ao
vivo toda sexta-feira. Em razão da grande quantidade de frequentadores, os
proprietários João e Maria estabeleceram que somente poderia ingressar na boate
aquele que colocasse o nome na lista de convidados, até 24 horas antes do evento.
Em determinada sexta-feira, Eduardo, morador de São Paulo, comparece ao local com
a intenção de assistir ao show, mas foi informado sobre a impossibilidade de ingresso,
já que seu nome não constava na lista.
Pretendendo ingressar ainda assim, Eduardo ofereceu vantagem indevida, qual seja,
R$ 500,00, a Natan, integrante da segurança privada do evento, em troca de este
permitir seu ingresso no local sem que os proprietários soubessem. Ocorre que a
conduta foi filmada pelas câmeras de segurança e, de imediato, Natan recusou a
vantagem, sendo Eduardo encaminhado à Delegacia mais próxima.
O Ministério Público ofereceu denúncia em face de Eduardo pela prática do crime de
corrupção ativa consumada, previsto no Art. 333 do Código Penal. Durante a
instrução, foi expedida carta precatória para determinada cidade de Minas Gerais, para
oitiva de Natan, única testemunha, tendo em vista a mudança de endereço residencial
do antigo segurança do estabelecimento, não sendo a defesa de Eduardo intimada do
ato, uma vez que consta expressamente do Código de Processo Penal que a
expedição de carta precatória não suspende o feito. Após o interrogatório, a defesa de
Eduardo é intimada a apresentar alegações finais. Considerando as informações
narradas, na condição de advogado(a) de Eduardo, responda aos itens a seguir.
A) Para questionar a prova testemunhal produzida durante a instrução, qual o
argumento de direito processual a ser apresentado pela defesa? Justifique. (Valor:
0,65)
B) Em busca da absolvição de Eduardo pelo delito imputado, qual o argumento de
direito material a ser apresentado? Justifique. (Valor: 0,60)
QUESTÃO 03 – XXV EXAME
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2ª Fase Penal
20
21
A) Durante a instrução foi expedida carta precatória para ouvir a
testemunha Natan, sem que a defesa fosse intimada do ato. Todavia,
verifica-se cerceamento de defesa, havendo violação aos princípios do
contraditório e da ampla defesa (0,15), nos termos do artigo 5º, inciso LV,
da Constituição Federal (0,10), tendo em vista que não houve intimação
em relação à expedição da carta precatória (0,30), conforme determina o
CPP, que prevê expressamente, em seu Art. 222, que as partes deverão
ser intimadas (0,10). 
Embora a expedição da carta precatória não gere a suspensão do
processo, de acordo com o Art. 222, §1º, do CPP, não é possível dispensar
a intimação da defesa em relação à sua expedição. 
Convém ressaltar que, nos termos da Súmula 273 do Superior Tribunal de
Justiça, somente seria desnecessária a intimação da expedição da carta
precatória, se a defesa for intimada da data da audiência no juízo
deprecado, o que não ocorreu no caso.
 
B) Nos termos do artigo 333 do Código Penal, o crime de corrupção ativa
se configura quando o agente oferecer ou prometer vantagem indevida a
funcionário público. No caso, Eduardo ofereceu vantagem indevida para
Natan, integrante de segurança privada do evento, não se tratando,
portanto, de funcionário público.
Logo, trata-se de fato atípico, já que a conduta de Eduardo não se
enquadra na descrita no artigo 333 do Código Penal. (0,60).
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2ª Fase Penal
22
Gabarito comentado
A) O advogado de Eduardo deve alegar que ocorreu cerceamento de defesa, havendo
violação aos princípios do contraditório e da ampla defesa, tendo em vista que não
houve intimação em relação à expedição da carta precatória, conforme determina o
CPP, que prevê expressamente, em seu Art. 222, que as partes deverão ser intimadas.
De fato, conforme constado enunciado, a expedição de carta precatória, de acordo
com o Art. 222, § 1º, do CPP, não gera suspensão do processo. Todavia, essa
informação não se confunde com a necessidade de intimação da defesa em relação à
expedição. A jurisprudência admite que não ocorra intimação da defesa em relação à
data da audiência a ser realizada no juízo deprecado somente no caso de ter ocorrido
a devida intimação em relação à expedição da carta precatória, nos termos da Súmula
273 do Superior Tribunal de Justiça, o que não ocorreu na hipótese.
B) O argumento a ser apresentado é o de que, apesar de Eduardo ter oferecido
vantagem indevida para o segurança do estabelecimento para que ele não praticasse
ato de seu ofício, não há que se falar em crime de corrupção ativa. O crime de
corrupção ativa, previsto no Art. 333 do Código Penal, é crime praticado por particular
contra a Administração Pública em Geral. Ocorre que, no caso, a vantagem foi
oferecida para particular e não funcionário público, logo o fato é atípico.
Distribuição de pontos
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2ª Fase Penal
Vitor, 23 anos, decide emprestar sua motocicleta, que é seu instrumento de trabalho,
para seu pai, Francisco, 45 anos, por um mês, já que este se encontrava em
dificuldade financeira. Após o prazo do empréstimo, Vitor, que não residia com
Francisco, solicitou a devolução da motocicleta, mas este se recusou a devolver e
passou a atuar como se proprietário do bem fosse, inclusive anunciando sua venda.
Diante do registro dos fatos em sede policial, o Ministério Público ofereceu denúncia
em face de Francisco, imputando-lhe a prática do crime previsto no Art. 168, § 1º,
inciso II, do Código Penal.
Após a confirmação dos fatos em juízo e a juntada da Folha de Antecedentes Criminais
sem qualquer outra anotação, o magistrado julgou parcialmente procedente a
pretensão punitiva, afastando a causa de aumento, mas condenando Francisco, pela
prática do crime de apropriação indébita simples, à pena mínima prevista para o delito
em questão (01 ano), substituindo a pena privativa de liberdade por restritiva de
direito.
Considerando apenas as informações narradas no enunciado, na condição de
advogado(a) de Francisco, responda aos itens a seguir.
A) Para combater a decisão do magistrado, que, após afastar a causa de aumento,
imediatamente decidiu por condenar o réu pela prática do crime de apropriação
indébita simples, qual argumento de direito processual poderia ser apresentado?
Justifique. (Valor: 0,60)
B) Qual argumento de direito material, em sede de apelação, poderia ser
apresentado em busca de evitar a punição de Francisco? Justifique. (Valor: 0,65)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo
legal não confere pontuação.
QUESTÃO 04 – XXV EXAME
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2ª Fase Penal
23
24
A) O réu foi denunciado pela prática do crime do artigo 168, § 1º, inciso II,
do Código Penal. O Juiz julgou parcialmente procedente a pretensão
punitiva, afastando a causa de aumento de pena, condenando o réu pela
prática do crime de apropriação indébita simples, previsto no artigo 168,
“caput”, do Código Penal.
Assim, considerando que o crime de apropriação indébita simples prevê
pena mínima de 01 ano, admitindo, portanto, a suspensão condicional do
processo, deveria o magistrado ter encaminhado os autos ao Ministério
Público para manifestação sobre o previsto no Art. 89 da Lei nº 9.099/95
(0,50).
Ressalta-se que todos os demais requisitos previstos no dispositivo estão
preenchidos, já que Francisco era primário, de bons antecedentes e as
circunstâncias do crime eram favoráveis. Ademais, o Superior Tribunal de
Justiça, na Súmula 337, prevê expressamente que é cabível a suspensão
condicional do processo na desclassificação do crime ou na procedência
parcial do pedido. (0,10)
 
B) Embora a conduta de Francisco esteja prevista como crime de
apropriação indébita, por ser ascendente da vítima será isento de pena,
nos termos do artigo 181, II, do Código Penal (0,10), que prevê a escusa
absolutória quando o crime é praticado por ascendente contra
descendente (0,40). Além disso, não incide, no caso, nenhuma das
exceções trazidas pelo Art. 183 do Código Penal.
Assim, em sendo o autor do fato pai da vítima (0,15) e não havendo
violência ou grave ameaça à pessoa, é ele isento de pena, não podendo
ser criminalmente punido.
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2ª Fase Penal
25
Gabarito comentado
A) O argumento de direito processual a ser apresentado seria no sentido de que não
poderia o magistrado, de imediato, condenar o réu pela prática do crime de
apropriação indébita simples, tendo em vista que com o afastamento da causa de
aumento, a pena mínima prevista para o delito do Art. 168, caput, do Código Penal
admite o oferecimento de proposta de suspensão condicional do processo, de modo
que deveria o magistrado ter encaminhado os autos ao Ministério Público para
manifestação sobre o previsto no Art. 89 da Lei nº 9.099/95. Ressalta-se que todos os
demais requesitos previstos no dispositivo estão preenchidos, já que Francisco era
primário, de bons antecedentes e as circunstâncias do crime eram favoráveis.
Ademais, o Superior Tribunal de Justiça, na Súmula 337, prevê expressamente que é
cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do crime ou na
procedência parcial do pedido.
B) O argumento de direito material a ser apresentado em busca de evitar a punição de
Francisco é da aplicação da previsões do Art. 181, inciso II, do Código Penal, que traz o
instituto conhecido como escusa absolutória. Em que pese a conduta praticada por
Francisco abstratamente se adeque as previsões do Art. 168, caput, do Código Penal,
de acordo com o dispositivo antes mencionado, é isento de pena quem comete crime
previsto no título contra descendente, sendo certo que nenhuma das exceções
trazidas pelo Art. 183 do Código Penal ocorreu. Assim, em sendo o autor do fato pai da
vítima e não havendo violência ou grave ameaça à pessoa, é ele isento de pena, não
podendo ser criminalmente punido.
Distribuição de pontos
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2ª Fase Penal
Em 03 de outubro de 2016, na cidade de Campos, no Estado do Rio de Janeiro, Lauro,
33 anos, que é obcecado por Maria, estagiária de uma outra empresa que está situada
no mesmo prédio em que fica o seu local de trabalho, não mais aceitando a rejeição
dela, decidiu que a obrigaria a manter relações sexuais com ele, independentemente
da sua concordância. 
Confiante em sua decisão, resolveu adquirir arma de fogo de uso permitido,
considerando que tinha autorização para tanto, e a registrou, tornando-a regular.
Precisando que alguém o substituísse no local do trabalho no dia do crime, narrou sua
intenção criminosa para José, melhor amigo com quem trabalha, assegurando-lhe que
comprou a arma exclusivamente para ameaçar Maria a manter com ele conjunção
carnal, mas que não a lesionaria de forma alguma. Ainda esclareceu a José, que
alugara um quarto em um hotel e comprara uma mordaça para evitar que Maria
gritasse e os fatos fossem descobertos.
Quando Lauro saía de casa, em seu carro, para encontrar Maria, foi surpreendido por
viatura da Polícia Militar, que havia sido alertada por José sobre o crime prestes a
acontecer, sendo efetuada a prisão de Lauro em flagrante. Em sede policial, Maria foi
ouvida, afirmando, apesar de não apresentar documentos, que tinha 17 anos e que
Lauro sempre manteve comportamento estranho com ela, razão pela qual tinha
interesse em ver o autor dos fatos responsabilizado criminalmente. 
Após receber os autos e considerando que o detido possuía autorização para portar
arma de fogo, o Ministério Público denunciou Lauro apenas pela prática do crime de
estupro qualificado, previsto no Art. 213, §1º c/c Art. 14, inciso II, c/c Art. 61, inciso II,
alínea f, todos do Código Penal. O processo teve regular prosseguimento, mas, em
razão da demora para realização da instrução, Lauro foi colocado em liberdade. Na
audiência de instrução e julgamento,a vítima Maria foi ouvida, confirmou suas
declarações em sede policial, disse que tinha 17 anos, apesar de ter esquecido seu
documento de identificação para confirmar, apenas apresentando cópia de sua
matrícula escolar, sem indicar data de nascimento, para demonstrar que, de fato, era
Maria. José foi ouvido e também confirmou os fatos narrados na denúncia, assim
como os policiais. O réu não estava presente na audiência por não ter sido intimado e,
apesar de seu advogado ter-se mostrado inconformado com tal fato, o ato foi
realizado, porque o interrogatório seria feito em outra data.
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL - XXVI EXAME
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2ª Fase Penal
26
Na segunda audiência, Lauro foi ouvido, confirmando integralmente os fatos narrados
na denúncia, mas demonstrou não ter conhecimento sobre as declarações das
testemunhas e da vítima na primeira audiência. Na mesma ocasião, foi, ainda, juntado
o laudo de exame do material apreendido, o laudo da arma de fogo demonstrando o
potencial lesivo e a Folha de Antecedentes Criminais, sem outras anotações.
Encaminhados os autos para o Ministério Público, foi apresentada manifestação
requerendo condenação nos termos da denúncia. 
Em seguida, a defesa técnica de Lauro foi intimada, em 04 de setembro de 2018,
terça-feira, sendo quarta-feira dia útil em todo o país, para apresentação da medida
cabível. 
Considerando apenas as informações narradas, na condição de advogado(a) de
Lauro, redija a peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus, apresentando
todas as teses jurídicas pertinentes. A peça deverá ser datada do último dia do prazo
para interposição. (Valor: 5,00)
Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados
para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal
não confere pontuação.
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL - XXVI EXAME
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2ª Fase Penal
27
O vídeo de correção da prova está disponível no card 
"Provas Anteriores" no Portal Ceisc ou no botão acima.
https://ceisc.com.br/ead/aula/586/90919/225
https://ceisc.com.br/ead/aula/586/90919/225
https://ceisc.com.br/ead/aula/586/90919/225
https://ceisc.com.br/ead/aula/677/114254
28
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA
CRIMINAL DA COMARCA DE CAMPOS/RJ (0,10)
 
Processo nº ...
 
 
 
 LAURO, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado,
com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, apresentar MEMORIAIS, com base no artigo 403, § 3º, do
Código de Processo Penal (0,10), pelos fatos e fundamentos a seguir
expostos:
 
I) DOS FATOS
 O réu foi denunciado pela prática do crime tentativa de estupro
qualificado, previsto no artigo 213, § 1º, combinado com os artigos 14, II, e
61, II, “f ”, todos do Código Penal.
 Durante a primeira audiência de instrução, foi ouvida a vítima, que não
levou documento de identificação, apresentando apenas cópia da
matrícula escolar, bem como José e os policias. O réu não compareceu na
audiência, pois não foi intimado, mas mesmo com o inconformismo da
defesa, o ato foi realizado, sendo interrogado apenas na segunda
audiência.
 O Ministério Público requereu a condenação do réu, nos termos da
denúncia.
 A defesa foi intimada em 04 de setembro de 2018.
 
II) DO DIREITO
A) DA PRELIMINAR
A.1) DA NULIDADE DA INSTRUÇÃO
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2ª Fase Penal
29
 O réu Lauro não compareceu na primeira audiência. Todavia, os atos
processuais realizados durante a instrução devem ser anulados (0,20),
uma vez que não foi intimado, e mesmo com a defesa manifestando o
inconformismo com o ato, a audiência foi realizada. 
O réu não estava presente na primeira audiência, quando foram ouvidos
a vítima e as testemunhas, causando-lhe evidente prejuízo à sua defesa. 
 Assim, os atos processuais realizados a partir da primeira audiência de
instrução devem ser anulados, uma vez que a falta de intimação para
comparecimento do réu em audiência (0,40), representa cerceamento
de defesa e afronta o princípio da ampla defesa (0,15), previsto no artigo
5º, LV, da Constituição Federal/88 e artigo 564, IV, do Código de
Processo Penal (0,10).
 Diante disso, verifica-se a nulidade dos atos da instrução, nos termos do
artigo 564, IV, do Código de Processo Penal.
 
B) DO MÉRITO
B.1) DA ABSOLVIÇÃO 
 O réu foi acusado de ter tentado estuprar Maria. Todavia, o fato de
Lauro ter comprado uma arma, alugado um quarto de hotel e comprar
uma mordaça, para supostamente ameaçar a vítima para com ele
manter conjunção carnal, configura apenas atos preparatórios. Logo,
não foi iniciada a execução do crime de estupro (0,60), haja vista que os
atos preparatórios, de regra, não são puníveis (0,20).
 Diante disso, não há de se falar em tentativa de estupro, já que não
havia sido iniciada a execução do delito, devendo o agente ser
absolvido, uma vez que sua conduta não configura crime. No mais, o
porte de arma de fogo por si só não configura infração, tendo em vista
que Lauro possuía autorização.
 Assim, o réu deve ser absolvido (0,30), com base no artigo 386, III, do
Código de Processo Penal (0,30).
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2ª Fase Penal
30
C) DA SUBSIDIARIEDADE
C.1) DA QUALIFICADORA (0,60)
 O réu foi denunciado pelo crime de tentativa de estupro qualificado.
Todavia, na audiência de instrução, a vítima não apresentou
documentação hábil que comprovasse sua idade, apenas apontando
que possuía 17 anos, limitando-se a apresentar cópia da sua matrícula
escolar, sem indicar data da nascimento.
 A mera alegação em audiência não é suficiente para comprovação de
idade, não sendo possível ter certeza, em razão de sua aparência física,
se era menor de 18 anos. 
 Nos termos do artigo 155, parágrafo único, do Código de Processo
Penal, em relação ao estado das pessoas, serão observadas as restrições
estabelecidas na lei civil. 
 Além disso, conforme a Súmula 74 do Superior Tribunal de Justiça, que
pode ser considerada no presente caso, a menoridade requer prova com
documento hábil.
 Nesse sentido, não há prova nos autos da idade da vítima (0,50), bem
como não foi apresentado nenhum exame pericial, devendo ser afastada
a qualificadora prevista no artigo 213, §1º, do Código Penal (0,10).
 
C.2) DA CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL FAVORÁVEL (0,20)
 Na eventualidade de sentença condenatória, o que não se espera, deve
a pena-base ser fixada no mínimo legal.
 Isso porque foi juntada a folha de antecedentes criminais o réu sem
qualquer anotação. Logo, o réu ostenta bons antecedentes, devendo a
pena-base ser fixada no mínimo legal, já que todas as circunstâncias
judiciais do artigo 59 do Código Penal são favoráveis.
 
C.3) DA AGRAVANTE (0,30)
Provas anteriores
2ª Fase Penal
31
 Apesar da vítima ser mulher, não existia situação de relação familiar ou
de coabitação, não sendo o crime praticado no âmbito de violência
doméstica contra mulher (0,10), como prevê a Lei nº 11.340/06. Isso
porque, não basta a vítima do crime ser mulher para reconhecimento
da agravante.
 Sendo assim, requer seja afastada a agravante do artigo 61, II, “f ”, do
Código Penal (0,20).
 
C.4) DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA (0,40)
 Ao ser interrogado, o réu confirmou integralmente os fatos descritos
na denúncia. Logo, incide a atenuante da confissão espontânea (0,30),
prevista no artigo 65, inciso III, “d”, do Código Penal (0,10).
 Assim, requer seja reconhecida a atenuante da confissão espontânea.
 
C.5) DA TENTATIVA (0,25)
 Considerando que o crime ficou longe da consumação , o
entendimento pacífico é de que o critério do quantum de redução
guarda relação com o iter criminis percorrido (0,10). Assim,
considerando que o delito ficou distante da consumação, a diminuição
pela tentativa deve ser no percentual máximo (0,15).
 Assim, requer seja aplicada a redução máxima de 2/3 em razão da
tentativa.
 
C.6) DO REGIME INICIAL ABERTO (0,30)
 Considerando a pena no mínimo legal e a redução pela tentativa, com
a diminuiçãono patamar máximo, a pena ficará abaixo de quatro anos,
devendo, portanto, o Magistrado fixar o regime inicial de cumprimento
de pena no aberto OU semiaberto. 
Provas anteriores
2ª Fase Penal
32
Logo, na hipótese de eventual condenação, o Magistrado deverá fixar o
regime aberto OU semiaberto (0,20), nos termos do artigo 33, § 2º, “b”
OU “c”, do Código Penal (0,10), já que o réu é primário e as circunstâncias
judiciais são favoráveis. OU
C.7) DA SUSPENSÃO DA PENA (0,30)
 Considerando a pena no mínimo legal e a redução pela tentativa, com a
diminuição no patamar máximo, a pena ficará em dois anos, com o que o
réu preenche os requisitos do artigo 77 do Código Penal (0,10).
 Assim, requer a aplicação da suspensão condicional da pena (0,20).
 
III) DO PEDIDO
 Ante o exposto, requer:
a) seja declarada a nulidade dos atos da instrução em razão da falta de
intimação do réu para a solenidade; (0,05)
b) a absolvição (0,20), com base no artigo 386, inciso III, do Código de
Processo Penal; (0,10).
c) seja afastada a qualificadora do artigo 213, § 1º, do Código Penal; (0,05)
d) seja aplicada a pena base no mínimo legal OU;
e) seja reconhecida a atenuante da confissão espontânea, com base no
artigo 65, III, “d”, do Código Penal; (0,05)
f) seja afastada a agravante do artigo 61, II, “f”, do Código Penal; (0,05)
g) seja aplicada a redução máxima pela tentativa; (0,05)
h) seja fixado o regime inicial de cumprimento de pena como sendo o
aberto, artigo 33, § 2º, “c”, do Código Penal (0,05);
i) seja aplicada a suspensão da pena, com base no artigo 77 do Código
Penal. 
Local..., 10 de setembro de 2018 (0,10).
 
Advogado...
OAB... (0,10)
Provas anteriores
2ª Fase Penal
33
Gabarito comentado
O examinando deve redigir Alegações Finais na forma de memoriais ou Memoriais,
com fundamento no artigo 403, § 3º, do CPP, devendo a petição ser direcionada ao
juiz de uma das Varas Criminais da Comarca de Campos, RJ.
Preliminarmente, deveria o examinando, na condição de advogado, requerer a
nulidade dos atos processuais realizados durante a instrução probatória, a partir da
realização da primeira audiência de instrução e julgamento, tendo em vista que Lauro
não foi intimado para comparecimento e sua defesa técnica manifestou o
inconformismo com o ato.
O princípio da ampla defesa, assegurado pelo Art. 5º, inciso LV, da CRFB/88, garante
ao acusado não somente o direito a sua defesa técnica, mas também a autodefesa,
que, por sua vez, inclui o direito de presença. A não intimação de Lauro para realização
da audiência de instrução e julgamento, ainda que não tenha ocorrido o interrogatório,
certamente causa prejuízo a sua defesa, pois não estava o réu presente quando toda a
prova da acusação foi produzida. Assim, a nulidade dos atos praticados desde a
primeira audiência de instrução e julgamento deve ser reconhecida.
Após a preliminar, deveria o examinando passar a analisar o mérito.
No mérito, caberia ao examinando pleitear a absolvição de Lauro, na forma do Art.
386, inciso III, do Código de Processo Penal, pois o fato narrado não constitui crime.
Isso porque não foi iniciada a execução do crime imputado na denúncia, havendo
meros atos preparatórios, que, em regra, são impuníveis. Os atos preparatórios
constituem atividades materiais ou morais de organização prévia dos meios ou
instrumentos para o cometimento do crime. A compra de uma arma e a reserva do
quarto configuram atos preparatórios e não início de execução.
Em respeito ao princípio da lesividade, prevaleceu na doutrina brasileira o
entendimento de que, salvo quando expressamente previsto em lei, os atos
preparatórios não são puníveis, pois não colocariam em risco, de maneira concreta, o
bem jurídico protegido. Ainda que presente o elemento subjetivo, não haveria crime
em razão de objetivamente não haver risco próximo ao bem jurídico.
Diante disso, não há tentativa de estupro, já que não havia sido iniciada a execução do
delito, devendo o agente ser absolvido, porque sua conduta não configura crime. O
porte de arma de fogo por si só não configura infração penal, já que Lauro possuía
autorização para tanto, nos termos do enunciado.
Pela eventualidade do caso de condenação, deveria o examinando analisar eventual
pena a ser aplicada.
Já de início, deveria o examinando defender que eventual condenação de Lauro
deveria ser pela prática do crime do Art. 213, caput, do CP e não por seu parágrafo
primeiro, já que não havia nos autos prova da idade da vítima.
Provas anteriores
2ª Fase Penal
34
Gabarito comentado
Prevê o Art. 155, parágrafo único, do CPP que, quanto ao estado das pessoas, serão
observadas as restrições estabelecidas pela lei civil. Ademais, o Enunciado 74 da
Súmula de Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça prevê que a prova da
menoridade do réu requer prova com documento hábil. Assim, a mesma ideia deve ser
aplicada para comprovação da idade da vítima.
No caso, não foi feito qualquer exame pericial, já que o ato não chegou a se consumar.
A vítima não apresentou qualquer documento que comprovasse sua idade, sendo
certo que a mera alegação em audiência não é suficiente para provar a idade, em
especial porque a vítima já possuía 17 anos, logo não há como se ter certeza, por sua
aparência física, se maior de 18 anos.
Em razão disso, deve ser afastada a qualificadora do Art. 213, § 1º, do CP.
Necessário ao examinando buscar afastar o reconhecimento da agravante do Art. 61,
inciso II, alínea f, do CP, descrita na denúncia. Isso porque, apesar de a vítima ser
mulher, não há que se falar em violência na forma da Lei nº 11.340/06, já que não
existia relação familiar, de coabitação ou qualquer outro relacionamento anterior entre
as partes. Não basta para o reconhecimento da agravante a simples situação de vítima
do sexo feminino.
Ademais, deveria o examinando requerer o reconhecimento da atenuante da confissão
espontânea, prevista no Art. 65, inciso III, alínea d, do CP, pois, apesar de a conduta
não ser crime, Lauro confessou integralmente os fatos descritos na denúncia.
Na terceira fase, a diminuição em razão da tentativa deveria ser do máximo, em razão
de o delito ter ficado longe da consumação, adotando-se o entendimento pacificado
de que o quantum de redução deve considerar o iter criminis percorrido.
Por fim, o regime de pena a ser aplicado seria o aberto ou semiaberto, considerando a
pena mínima e a redução aplicável.
Diante do exposto, deveria ser formulado pedido requerendo:
a) Preliminarmente, reconhecimento da nulidade dos atos praticados desde a primeira
audiência de instrução e julgamento.
b) No mérito, absolvição de Lauro, com fulcro no Art. 386, inciso III, do CPP.
c) Na eventualidade de condenação, afastamento da qualificadora do Art. 213, §1º do
CP e aplicação da pena base no mínimo legal.
d) Afastamento da agravante do Art. 61, inciso II, alínea f, do CP.
e) Reconhecimento da atenuante da confissão espontânea.
f) Redução máxima em razão da tentativa.
g) Aplicação do regime aberto ou semiaberto.
A data a ser indicada é 10 de setembro de 2018, tendo em vista que o prazo para
Alegações Finais é de 05 dias, mas o prazo se encerraria em um domingo, devendo ser
prorrogado para o primeiro dia útil seguinte.
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2ª Fase Penal
35
Distribuição de pontos
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2ª Fase Penal
Insatisfeito com a atividade do tráfico em determinado condomínio de residências, em
especial em razão da venda de drogas de relevante valor, o juiz da comarca autorizou,
após requerimento do Ministério Público, a realização de busca e apreensão em todas
as centenas de residências do condomínio, sem indicar o endereço de cada uma
delas, apesar de estas serem separadas e identificadas, sob o argumento da existência
de informações de que, no interior desse condomínio, haveria comercialização de
drogas e que alguns dos moradores estariam envolvidos na conduta.
Com base nesse mandado, a Polícia Civil ingressou na residência de Gabriel, 22 anos,
sendo apreendidos, no interior de seu imóvel, 15 g de maconha,que, de acordo com
Gabriel, seriam destinados a uso próprio. Após denúncia pela prática do crime do Art.
28 da Lei nº 11.343/06, em razão de anterior condenação definitiva pela prática do
mesmo delito, o que impossibilitaria a aplicação de institutos despenalizadores, foi
aplicada a Gabriel a sanção de cumprimento de 10 meses de prestação de serviços à
comunidade.
Intimado da condenação e insatisfeito, Gabriel procura um advogado para consulta
técnica, esclarecendo não ter interesse em cumprir a medida aplicada de prestação de
serviços à comunidade. Considerando apenas as informações narradas, na condição
de advogado de Gabriel, esclareça os itens a seguir.
A) Qual o argumento de direito processual a ser apresentado em sede de recurso
para questionar a apreensão das drogas na residência de Gabriel? Justifique. (Valor:
0,60)
B) Em caso de descumprimento, por Gabriel, da medida de prestação de serviços à
comunidade imposta na sentença condenatória pela prática do crime do Art. 28 da
Lei nº 11.343/06, poderá esta ser convertida em pena privativa de liberdade?
Justifique. (Valor: 0,65)
QUESTÃO 01 – XXVI EXAME
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2ª Fase Penal
36
37
A) O mandado de busca e apreensão não era válido, pois genérico. OU.
Além disso, foi expedido sem indicação de endereço específico para
cumprimento (0,50), afrontando o artigo 243, I, do Código de Processo
Penal (0,10). 
Ainda, segundo o artigo 5º, XI, da Constituição Federal/88, a casa é asilo
inviolável, não sendo possível nela ingressar, salvo com autorização do
morador ou em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
socorro. No caso, não havia fundadas razões sobre o envolvimento de
ilícito por parte de Gabriel, sendo o mandado inválido.
 
B) Não poderia ser convertida a prestação de serviços à comunidade em
pena privativa de liberdade, tendo em vista que o artigo 28 da Lei
11.343/06 não admite a conversão OU. Além disso, a Lei nº 11.343/06
prevê que em caso de descumprimento da prestação, aplica-se multa ou
admoestação verbal (0,55), conforme artigo 28, § 6º, da Lei 11.343/06
(0,10).
 
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2ª Fase Penal
38
Gabarito comentado
A) O argumento de direito processual a ser apresentado em sede de recurso é que o
mandado de busca e apreensão que justificou a realização de diligência na residência
de Gabriel é inválido, tendo em vista que genérico. O mandado de busca e apreensão
em determinada residência, por ser uma restrição aos direitos fundamentais da
inviolabilidade de domicílio, trazido pelo Art. 5º, inciso XI, da CRFB/88, e privacidade
deve ser determinado e amparado em fundadas razões no envolvimento com ilícito.
No caso, o mandado foi genérico, sem indicar o endereço exato onde deveria ser
cumprido o mesmo, apesar de as residências do condomínio serem separadas e
identificadas. Por essas mesmas razões, houve violação, ainda, da previsão do Art. 243,
inciso I, do CPP, que diz que no mandado deve ser indicada o mais precisamente
possível a casa onde será realizada a diligência.
B) Ainda que diante do descumprimento da medida de prestação de serviços à
comunidade, não poderia ser convertida esta em pena privativa de liberdade. Desde a
Lei nº 11.343/06, o crime de posse de material entorpecente para consumo próprio
deixou de ser punido com pena privativa de liberdade, apesar de prevalecer o
entendimento de que a conduta não deixou de ser considerada crime. De acordo com
o Art. 28, inciso II, da Lei nº 11.343/06, uma das sanções que pode ser imposta em
caso de condenação é a prestação de serviços à comunidade, podendo esta ser fixada
pelo prazo de 10 meses em razão da reincidência. Em que pese a prestação de
serviços à comunidade ser pena restritiva de direitos de acordo com o Código Penal, o
que, em tese, admitiria a conversão em pena privativa de liberdade diante de
descumprimento, o tratamento trazido pela Lei nº 11.343/06 é peculiar. Estabelece o
Art. 28, § 6º, da Lei nº 11.343/06 que, em caso de descumprimento da medida imposta
em sentença, em busca de sua execução, pode ser aplicada multa ou admoestação
verbal, permanecendo, porém, a vedação na imposição de sanção penal privativa de
liberdade, tendo em vista que a prestação de serviços à comunidade não foi aplicada
como pena substitutiva da privativa de liberdade como ocorre no Código Penal.
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2ª Fase Penal
39
Distribuição de pontos
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2ª Fase Penal
Arthur, Adriano e Junior, insatisfeitos com a derrota do seu time de futebol, saíram à
rua, após a partida, fazendo algazarra na companhia de Roberto, que não gostava de
futebol. Durante o ato, depararam com Pedro, que vestia a camisa do time rival;
simplesmente por isso, Arthur, Adriano e Junior passaram a agredi-lo, tendo ficado
Roberto à distância por não concordar com o ato e não ter intenção de conferir
cobertura aos colegas.
Em razão dos atos de agressão, o celular de Pedro veio a cair no chão, momento em
que Roberto, aproveitando-se da situação, subtraiu o bem e empreendeu fuga. Com a
chegada de policiais, Arthur, Adriano e Junior empreenderam fuga, mas Roberto veio a
ser localizado pouco tempo depois na posse do bem subtraído e de seu próprio
celular.
Diante das lesões causadas na vítima, Roberto foi denunciado pela prática do crime de
roubo majorado pelo concurso de agentes e teve sua prisão em flagrante convertida
em preventiva. Na instrução, as testemunhas confirmaram integralmente os fatos,
assim como Roberto reiterou o acima narrado. A família de Roberto, então, procura
você para, na condição de advogado(a), adotar as medidas cabíveis, antes da
sentença, apresentando nota fiscal da compra do celular de Roberto.
Considerando apenas as informações narradas, responda, na condição de
advogado(a) de Roberto, aos itens a seguir.
A) Existe requerimento a ser formulado pela defesa para reaver, de imediato, o
celular de Roberto? Justifique. (Valor: 0,60)
B) Confessados por Roberto os fatos acima narrados, existe argumento de direito
material a ser apresentado em busca da não condenação pelo crime imputado?
Justifique. (Valor: 0,65)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do
dispositivo legal não confere pontuação.
QUESTÃO 02 – XXVI EXAME
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2ª Fase Penal
40
A) Sim, requerimento de restituição do celular apreendido (0,35), já que o
aparelho não tem relação com o fato, logo não interessa ao processo
(0,15), nos termos do artigo 118 do Código de Processo Penal. OU. Além
disso, foi apresentada nota fiscal que comprova a compra do celular, não
havendo controvérsia sobre a propriedade do bem, nos termos do artigo
120 do Código de Processo Penal, não configurando instrumento de
crime, conforme artigo 119 do Código de Processo Penal. (0,10)
 
B) Sim, o fato não configura o crime de roubo, visto que Roberto não
empregou violência ou grave ameaça com o fim de subtrair coisa alheia,
como exige no tipo penal do roubo. (0,50) Ocorre que Roberto, mesmo
que tenha confessado os fatos, apenas aproveitou da facilidade da
situação para subtrair o aparelho celular, praticando o crime de furto,
previsto no artigo 155 do Código Penal. (0,15)
 
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2ª Fase Penal
41
Gabarito comentado
A) A defesa de Roberto poderia buscar a restituição do bem apreendido, tendo em
vista que o mesmo não tem qualquer relação com o fato, logo não interessa ao
processo (Art. 118 do CPP). Ademais, há nota fiscal a demonstrar a propriedade do
bem, logo o pedido de restituição poderia ser formulado diretamente nos autos aos
magistrado, já que não há controvérsia sobre o propriedade do bem (Art. 120 do CPP).
Da mesma forma, o celular de Roberto não é produto e nem instrumento do crime, não
havendo qualquer vedação em sua restituição (Art. 119 do CPP).
B) Ainda que confessados os fatos, existe argumento de direito material para buscar
evitar a condenação do crime de roubo. Em que pese Pedro tenha sido vítima de
violência e, também, tenha tido seu celular subtraído, não há que sefalar em crime de
roubo por parte de Roberto. Isso porque a violência empregada não foi com o objetivo
de subtrair coisa alheia móvel, como exige o Art. 157 do Código Penal. Pelo contrário,
Arthur, Adriano e Junior queriam praticar crime de lesão corporal. Por sua vez, Roberto
subtraiu o celular que caiu do bolso de Pedro, não se utilizando, porém, de grave
ameaça ou violência para subtrair a coisa. Tanto é assim que Roberto não tinha vínculo
com os agentes quando da prática dos atos de violência, apenas se aproveitando da
facilidade na subtração gerada pela situação. Logo, deve ser afastada a prática delitiva
do crime de roubo majorado, ainda que reste a possibilidade de desclassificação e
condenação pelo crime de furto.
Distribuição de pontos
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2ª Fase Penal
42
Flávio está altamente sensibilizado com o fato de que sua namorada de infância
faleceu. Breno, não mais aguentando ver Flávio sofrer, passa a incentivar o amigo a dar
fim à própria vida, pois, assim, nas palavras de Breno, ele “novamente estaria junto do
seu grande amor.”
Diante dos incentivos de Breno, Flávio resolve pular do seu apartamento, no 4º andar
do prédio, mas vem a cair em um canteiro de flores, sofrendo apenas arranhões leves
no braço. Descobertos os fatos, Breno é denunciado pela prática do crime previsto no
Art. 122 do Código Penal, na forma consumada, já que ele incentivou Flávio a se
suicidar.
Recebida a denúncia, o juiz, perante a Vara Única da Comarca onde os fatos
ocorreram, determina que seja observado o procedimento comum ordinário. Durante a
instrução, todos os fatos anteriormente narrados são confirmados. Os autos são
encaminhados para as partes para apresentação de alegações finais.
A família de Breno procura você para, na condição de advogado(a), prestar os
esclarecimentos a seguir.
A) O procedimento observado durante a ação penal em desfavor de Breno foi o
adequado? Justifique. (Valor: 0,60)
B) Qual o argumento a ser apresentado pela defesa técnica para questionar a
capitulação delitiva realizada pelo Ministério Público? Justifique. (Valor: 0,65)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou
transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.
Que
stão
 des
atua
lizad
a
QUESTÃO 03 – XXVI EXAME
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2ª Fase Penal
43
http://0.0.0.50/
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2ª Fase Penal
44
Larissa, revoltada com o comportamento de Renata, ex-namorada de seu
companheiro, foi, em 20 de julho de 2017, até a rua em que esta reside. Verificando
que o automóvel de Renata estava em via pública, Larissa quebra o vidro dianteiro do
veículo, exatamente com a intenção de deteriorar coisa alheia.
Na manhã seguinte, Renata constatou o dano causado ao seu carro, mas não
identificou, em um primeiro momento, quem seria o autor do crime. Solicitou, então, a
instauração de inquérito policial, em 25 de julho de 2017. Após diligências, foi
identificado, em 23 de outubro de 2017, que Larissa seria a autora do fato e que o
prejuízo era de R$ 150,00, tendo sido a informação imediatamente passada à vítima
Renata.
Com viagem marcada, Renata somente procurou seu advogado em 21 de fevereiro de
2018, informando sobre o interesse em apresentar queixa-crime em face da autora dos
fatos. Assim, o advogado de Renata apresentou queixa-crime em face de Larissa,
imputando o crime do Art. 163, caput, do Código Penal, em 28 de fevereiro de 2018,
perante o Juizado Especial Criminal competente, tendo sido proferida decisão pelo
magistrado de rejeição da queixa, em razão da decadência, em 07/03/2018. A defesa
técnica é intimada da decisão.
Considerando as informações narradas, na condição de advogado(a) de Renata,
responda aos itens a seguir.
A) Qual o recurso cabível da decisão de rejeição da queixa-crime apresentada por
Renata? Indique o fundamento legal e o prazo de interposição. (Valor: 0,65)
B) Qual o argumento para combater o mérito da decisão do magistrado de rejeição
da denúncia? Justifique. (Valor: 0,60)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou
transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.
QUESTÃO 04 – XXVI EXAME
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2ª Fase Penal
45
A) Recurso de Apelação (0,40), previsto no artigo 82, “caput”, da Lei nº
9.0099/95, visto que que o crime de dano se trata de delito de menor
potencial ofensivo. O prazo de interposição é de 10 dias, conforme artigo
82, § 1º, da Lei nº 9.099/95.
 
 B) Não deveria o Magistrado rejeitar a queixa-crime, porque conforme
previsão do artigo 38 do Código de Processo Penal OU artigo 103 do
Código Penal (0,10), a contagem do prazo decadencial de 6 meses inicia
do conhecimento da autoria do fato, ou seja, dia 23/10/2017 (0,50).
Sendo assim, não ocorreu decadência.
 
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2ª Fase Penal
46
Gabarito comentado
A) O recurso cabível da decisão de rejeição da queixa-crime é o recurso de apelação,
com prazo de 10 dias, conforme previsão do Art. 82 da Lei nº 9.099/95. O advogado
de Renata apresentou queixa-crime em face de Larissa pela prática do crime de dano
simples, delito esse de menor potencial ofensivo, logo aplicáveis as previsões da Lei nº
9.099/95. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa, como regra, caberá recurso
em sentido estrito, no prazo de 05 dias, conforme o Art. 581, inciso I, do CPP. Todavia,
o procedimento sumaríssimo dos Juizados Especiais Criminais prevê peculiaridades
que o afasta do procedimento comum ordinário do CPP. De acordo com o Art. 82 da
Lei nº 9.099/95, da sentença e da decisão de rejeição de denúncia ou queixa caberá
recurso de apelação, sempre com o prazo de 10 dias.
B) O argumento para combater a decisão do magistrado é o de que a contagem do
prazo decadencial somente se inicia na data do conhecimento da autoria do crime e
não necessariamente na data dos fatos. Em sendo crime de ação penal privada, o dano
está sujeito ao prazo decadencial de 06 meses previsto no Art. 38 do CPP. Ocorre que
este dispositivo estabelece que tal prazo somente se iniciará no dia em que o ofendido
vier a saber quem é o autor do crime e não da data dos fatos. Na situação apresentada,
Renata somente tomou conhecimento da autoria em 23 de outubro de 2017, de modo
que nesse dia o prazo se iniciou, e não em 20 de julho de 2017. Dessa forma, não há
que se falar em decadência.
Distribuição de pontos
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2ª Fase Penal
47
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL - XXVII EXAME
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2ª Fase Penal
João, 22 anos, no dia 04 de maio de 2018, caminhava com o adolescente Marcelo,
cada um deles trazendo consigo uma mochila nas costas. Realizada uma abordagem
por policiais, foi constatado que, no interior da mochila de cada um, havia uma certa
quantidade de drogas, razão pela qual elas foram, de imediato, encaminhadas para a
Delegacia. 
Realizado laudo de exame de material entorpecente, constatou-se que João trazia 25 g
de cocaína, acondicionados em 35 pinos plásticos, enquanto, na mochila do
adolescente, foram encontrados 30 g de cocaína, quantidade essa distribuída em 50
pinos. Após a oitiva das testemunhas em sede policial, da juntada do laudo e da oitiva
do adolescente e de João, que permaneceram em silêncio com relação aos fatos,
foram lavrados o auto de prisão em flagrante em desfavor do imputável e o auto de
apreensão em desfavor do adolescente. Toda a documentação foi encaminhada aos
Promotores de Justiça com atribuição. O Promotor de Justiça, junto à 1ª Vara Criminal
de Maceió/AL, órgão competente, ofereceu denúncia em face de João, imputando-lhe
a prática dos crimes previstos nos artigos 33 e 35, ambos com a causa de aumento do
Art. 40, inciso VI, todos da Lei nº 11.343/06. Foi concedida a liberdade provisória ao
denunciado, aplicando-se as medidas cautelares alternativas.
Após a notificação, a apresentação de resposta prévia e o recebimento da denúncia e
da citação, foi designada a audiência de instrução e julgamento, ocasião em que foram
ouvidas as testemunhas de acusação. Estas confirmaram a apreensão de drogas em
poderde Marcelo e João, bem como que eles estariam juntos, esclarecendo que não
se conheciam anteriormente e nem tinham informações pretéritas sobre o adolescente
e o denunciado. O adolescente, ouvido, disse que conhecera João no dia anterior ao
de sua apreensão e que nunca o tinha visto antes vendendo drogas. Em seguida à
oitiva das testemunhas de acusação e defesa, foi realizado o interrogatório do
acusado, sendo que nenhuma das partes questionou o momento em que este foi
realizado. Na ocasião, João confirmou que o material que ele e Marcelo traziam seria
destinado à ilícita comercialização. Ele ainda esclareceu que conhecera o adolescente
no dia anterior, que era a primeira vez que venderia drogas e que tinha a intenção de
praticar o ato junto com o adolescente somente aquela vez, com o objetivo de
conseguir dinheiro para comprar uma moto.
48
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL - XXVII EXAME
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2ª Fase Penal
Foi acostado o laudo de exame definitivo de material entorpecente confirmando o
laudo preliminar e a Folha de Antecedentes Criminais de João, onde constava uma
anotação referente a crime de furto, ainda pendente de julgamento.
O juiz, após a devida manifestação das partes, proferiu sentença julgando
parcialmente procedente a pretensão punitiva estatal. Em um primeiro momento,
absolveu o acusado do crime de associação para o tráfico por insuficiência probatória.
Em seguida, condenou o réu pela prática do crime de tráfico de drogas, ressaltando
que o réu confirmou a destinação das drogas à ilícita comercialização.
No momento de aplicar a pena, fixou a pena-base no mínimo legal, reconhecendo a
existência da atenuante da confissão espontânea; aumentou a pena em razão da causa
de aumento do Art. 40, inciso VI, da Lei nº 11.343/06 e aplicou a causa de diminuição
de pena do Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06, restando a pena final em 1 ano, 11 meses
e 10 dias de reclusão e 195 dias multa, a ser cumprida em regime inicial aberto.
Entendeu o magistrado pela substituição da pena privativa de liberdade por duas
restritivas de direitos. O Ministério Público, ao ser intimado pessoalmente em 22 de
outubro de 2018, apresentou o recurso cabível, em 25 de outubro de 2018,
acompanhado das respectivas razões recursais, requerendo:
a) nulidade da instrução, porque o interrogatório não foi o primeiro ato, como prevê a
Lei nº 11.343/06;
b) condenação do réu pelo crime de associação para o tráfico, já que ele estaria
agindo em comunhão de ações e desígnios com o adolescente no momento da prisão,
e o Art. 35 da Lei nº 11.343/06 fala em “reiteradamente ou não”;
c) aumento da pena-base em relação ao crime de tráfico diante das consequências
graves que vem causando para a saúde pública e a sociedade brasileira;
d) afastamento da atenuante da confissão, já que ela teria sido parcial;
e) afastamento da causa de diminuição do Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06,
independentemente da condenação pelo crime do Art. 35 da Lei nº 11.343/06,
considerando que o réu seria portador de maus antecedentes, já que responde a ação
penal em que se imputa a prática do crime de furto;
f) aplicação do regime inicial fechado, diante da natureza hedionda do delito de
tráfico;
g) afastamento da substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos,
diante da vedação legal do Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06.
49
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL - XXVII EXAME
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2ª Fase Penal
Já o acusado e a defesa técnica, intimados do teor da sentença, mantiveram-se
inertes, não demonstrando interesse em questioná-la.
O magistrado, então, recebeu o recurso do Ministério Público e intimou, no dia 05 de
novembro de 2018 (segunda-feira), sendo terça-feira dia útil em todo o país, você,
advogado(a) de João, a apresentar a medida cabível.
Com base nas informações expostas na situação hipotética e naquelas que podem
ser inferidas do caso concreto, redija a peça cabível, excluídas as possibilidades de
habeas corpus e embargos de declaração, no último dia do prazo, sustentando todas
as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5,00)
Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados
para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal
não confere pontuação.
O vídeo de correção da prova está disponível no card 
"Provas Anteriores" no Portal Ceisc ou no botão acima.
50
https://ceisc.com.br/ead/aula/586/90919/225
https://ceisc.com.br/ead/aula/586/90919/225
https://ceisc.com.br/ead/aula/586/90919/225
https://ceisc.com.br/ead/aula/677/114257
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA
CRIMINAL DA COMARCA DE MACEIÓ/AL (0,10) 
Processo nº ... 
 JOÃO, já qualificado nos autos, por seu procurador infraassinado,
com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, apresentar as presentes CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO,
com base no artigo 600 do Código de Processo Penal (0,10), requerendo
sejam recebidas, com posterior remessa ao Tribunal de Justiça do Estado
de Alagoas. 
Nestes termos, 
Pede deferimento. 
 
Local..., 13 de novembro de 2018 (0,10) 
 
Advogado... 
OAB...
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2ª Fase Penal
51
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ALAGOAS (0,10) 
APELANTE: Ministério Público 
APELADO: João 
CONTRARRAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO ou RAZÕES DO APELADO 
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas 
Colenda Câmara Criminal 
I) DOS FATOS 
 O réu foi denunciado pela prática do crime tráfico e associação para o tráfico,
previstos nos artigos 33 e 35, combinado com a causa de aumento do art. 40,
inciso IV, todos da Lei 11.343/06. 
 Ao final da instrução, o Magistrado proferiu sentença parcialmente procedente
para o fim de condenar o réu pelo crime de tráfico de drogas, aplicando a pena
de 01 ano, 11 meses e 10 dias de reclusão e 195 dias multa, a ser cumprida em
regime aberto. 
 Inconformado, o Ministério Público interpôs recurso de apelação,
acompanhado das respectivas razões recursais, no dia 25 de outubro de 2018. O
Magistrado recebeu o recurso de apelação do Ministério Público e intimou a
defesa para apresentar a medida cabível no dia 05 de novembro de 2018. 
II) DO DIREITO 
A) DA NULIDADE DA INSTRUÇÃO 
 O Ministério Público arguiu a nulidade da instrução, em face do interrogatório
não ter sido o primeiro ato da instrução. Todavia, embora o art. 57 da Lei
11.343/06 disponha que o interrogatório é o primeiro ato no procedimento da
Lei de Drogas, o fato é que a nulidade não foi suscitada no momento adequado
(0,15), ou seja, na audiência, uma vez que o Ministério Público somente postulou
a nulidade em sede de recurso.
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2ª Fase Penal
52
 Além disso, o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça
adotam o entendimento no sentido de que não há nulidade quando o
interrogatório for realizado como último ato da instrução, aplicando-se as
regras do artigo 400 do Código de Processo Penal, sobretudo porque não há
violação do princípio do contraditório e ampla defesa. 
 Nesse sentido, deve a alegação da nulidade ser afastada (0,20). 
B) DA ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO 
 O Ministério Público postula a condenação do réu pelo crime de associação
para o tráfico, previsto no artigo 35 da Lei 11.343/2006. Todavia, para
caracterizar tal delito é necessário o animus de praticar o tráfico de forma
permanente e estável, o que não restou comprovado. Isso porque, o réu João
e o adolescente se conheceram um dia antes dos fatos, praticando, em tese,
apenas um delito, não caracterizando, portanto, a relação estável e
permanente exigida para a incidência do crime de associação para o tráfico
(0,40). 
 Diante disso, deve ser mantida a absolvição em relação ao delito de
associação para o tráfico (0,20). 
C) DA PENA BASE
 O Ministério Público requer o aumento da pena-base alegando que o tráfico
gera consequências graves para a sociedade. Todavia, a gravidade abstrata do
crime do tráfico, por si

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