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Anos 1980

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HISTÓRIA DA MODA NO BRASIL
ANOS 1980
Diretas Já - 1984
Maior manifestação pública da história do Brasil até então, calcula-se 1.000.000 de pessoas. Ocorreu na frente da Igreja da Candelária em 10 de abril de 1984. Charge de Henfil.
Apesar dos ganhos políticos com a volta da democracia e a Constituição de 1988, a economia do Brasil, e da América Latina, estava numa crise violenta:
Tornou-se um lugar comum a referência à década de 1980 como a “década perdida”. Com efeito, assistimos nesse período uma fase de estagnação econômica sem precedentes no Brasil, acompanhada de uma inflação gigantesca que tornava inviável qualquer planejamento duradouro das atividades econômicas. (CHATAIGNIER, 2010, p. 155)
Charge de Nani
Em 1986, o Plano Cruzado desencadeou um consumo furioso, animador a princípio: o que estivesse nas prateleiras era vendido, praticamente disputado pelas consumidoras. Logo depois, começaram a faltar os tecidos, as linhas, os botões, toda a matéria-prima das coleções. Pior, os preços dos fornecedores subiam, às escondidas, pois não estavam expostos nas vitrinas. Os preços do varejo tinham que ser aumentados, e a diferença de modelos de uma estação para outra sempre foi a melhor desculpa. A moda ganha o epiteto de “vilão do Cruzado”. (RODRIGUES, 1994, p. 72)
Nesse cenário, a moda deixou a fantasia que alegrava os anos 1970 e surgiu dourada, luxuosa, exibindo poder nos looks, os quais se inspiravam na crescente participação da mulher no mercado de capitais e nos cargos executivos de grandes empresas. (CHATAIGNIER, 2010, p. 155)
Elegância não era exatamente a palavra-chave na década de oitenta, e Paris também não exigia seus louros na prata da casa. As influências mais fortes eram as americanas e as japonesas (...) O look criado por japoneses foi inspirado em antigas roupas de trabalhadores com suas cores tristes e tecidos surrados. Não vingou aqui, ainda que estilistas nacionais tentassem introduzi-lo através de desfiles e da mídia. (CHATAIGNIER, 2010, p.156)
“O povo gosta de luxo. 
Quem gosta de miséria é intelectual” 
Joãosinho Trinta
Desfile da Beija-flor, enredo “Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia”, em 1989.
O olhar barroco tanto nas formas como em estampas e estilos de um modo geral.
Simão Azulay, da marca ‘Yes, Brazil’, no meio das belas Teresa Christina, Carla Souza Lima e Marcela Pollo.
A novela seduz os espectadores exibindo as novidades da moda, ainda que vista sob a ótica de figurinistas. Esses profissionais, também criadores de manias e maneirismos dos personagens, antecipam tendências, além de adicionarem pitadas vintage nas roupas das novelas. (CHATAIGNIER, 2010, p.157)
Beatriz Segall, powerdressing e Reginaldo Farias, o núcleo yuppie da novela Vale Tudo, 1989. Figurino de Helena Gastal.
Figurinistas da Globo: Beth Filipeck, Marília Carneiro, Helena Brício, Lessa de Lacerda, Adriana Leite e Helena Gastal.
O corte de cabelo de Lídia Brondi, intérprete da produtora de moda Solange Duprat na novela Vale Tudo, caiu nas graças do público. Liso, ruivo e com uma franja reta. Até as roupas vestidas pela personagem viraram moda.
Novelas anos 80
Água Viva: Sucesso do brinco em forma de raio da personagem Sandra, vivida por Glória Pires. Figurino: Helena Gastal.
Roque Santeiro: Regina Duarte como Viúva Porcina. Figurino de Marco Aurélio. 
A Gata Comeu: Christiane Torloni como "Jô" Penteado. Figurino de Sonia Gallotti.
Ti-ti-ti: rivalidades entre os estilistas Jacques Leclerc (Reginaldo Farias) e Vitor Valentim (Luis Gustavo). Figurino de Helena Gastal.
Em função de seu programa, a apresentadora Xuxa criou a grife infantil O Bicho Comeu, voltada para os “baixinhos”, em parceria com sua irmã, Solange Meneghel. Não só na plateia do "Xou da Xuxa“ era possível ver as roupas da marca, um quadro foi criado no programa com desfiles para exibi-las em rede nacional. 
Se no Brasil a televisão, com suas novelas, influenciou a moda, nos Estados Unidos a fonte veio dos seriados, como Dallas e Dinastia, protótipos das mulheres executivas em tailleurs com ombreiras avantajadas. 
A versão brasileira desse estilo era menos exagerada, com minúsculas saias justas, sempre repuxadas para baixo, gesto que identificava a nova imagem da mulher, um tanto exagerada e outro tanto exibida. 
 Beatriz Segall como Odete Roitman, Vale Tudo, 1988.
Luxo, tecidos de alta qualidade, bolsas e sapatos de saltos finos e altíssimos de grifes centenárias e caras, cabelões louros ou ruivos, maquiagem pesada e unhas afiadas, perfaziam o look feminino dominante. (CHATAIGNIER, 2010, p.159)
Yuppie é uma derivação da sigla "YUP", expressão inglesa que significa "Young Urban Professional", que significa Jovem Profissional Urbano. 
Lídia Brondi e Cássio Gabus Mendes em Vale Tudo, 1988.
New Waves: Como movimento musical, o New Wave coincidiu com o surgimento do Rock Brasil, na moda incluía peças e acessórios com influência retrô, pernas de fora, maquiagem carregada e visual multicolorido. 
Blitz
Darks: assim eram chamados os góticos no Brasil nos anos 1980, roupas pretas, cabelos desfiados, maquiagem branca e com destaque nos olhos com rímel, delineadores e sombras. 
Fila de entrada na boate Crepúsculo de Cubatão, Copacabana.
A cantora inglesa Siouxsie Sioux.
Foco na alfaiataria
Tecidos como linho, lã com padrão príncipe-de-gales, pied-de-poule e pied-de-coq, changeants em tafetás, javanesa, viscose, tweeds e veludo cotelê. 
príncipe-de-gales
pied-de-poule
pied-de-coq
Spencer
Saias balonês
O jeans
A variedade de jeans, especialmente em calças, que receberam detalhes exagerados, como etiquetas de grifes em destaques, pespontos coloridos, enfeites em couro natural, além da inclusão de acabamentos metálicos inspirados nos punks. 
O forte ficava nas lavagens industriais que faziam do jeans uma tela surrealista. Entre esses beneficiamentos têxteis destacavam-se o délavé (o tecido tornava-se azul claro), o estonado (lavado com pedras vulcânicas) e o destroyed (com química corrosiva deixando rasgões). (CHATAIGNIER, 2010, p.160)
délavé
Estonado: stone washed. 
Dijon
Marca de jeans criada pelo empresário carioca Humberto Saade. O dono da grife aparecia com a modelo Luiza Brunet nas propagandas que ficaram famosas na época. Um grande estrategista de marketing, Saade fazia desfiles em transatlânticos, identificava seus jeans com cantoneiras nos bolsos e promoveu um concurso em Nova York para eleger Luiza Brunet como top-model. 
A febre de frequentar academias de ginástica, caminhadas e esportes diversos. Dessa época vem a mania de passear e comprar nos shoppings. 
Xuxa e Luiza Brunet.
Culto ao corpo bem-delineado e uso de peças e tecidos que exibiam as formas: malhas, jérseis aderentes, colantes e vestidos justíssimo.
Look baseado nos esportes e nas academias vestiam verão e inverno: agasalho largos com capuz, calças folgadas em moleton, trainings, cores vivas e acabamento em malha canelada. Tops. 
Betty Faria
Calça fuseau de lycra, inspiradas nas calças de malha pesada para esportes na neve e com presilhas sob os pés. 
Calça baggy, corte nos quadris aumentava a silhueta, como uma calça de montaria.
Macacão tentou ser sexy. 
Vestido robe-housse, como um guarda-pó.
Bijuterias grandes, douradas e coloridas.
Sapatos: botas do boot militar ao bico fino; o mocassins coloridos e confortáveis; o escarpins de verniz; tamancos de salto alto.
escarpins
mocassins 
Biquínis: fio-dental, asa-delta e sunkine; o sutiã virou tomara que caia e possuía drapeados, sempre com lycra brilhante e tons de néon, como rosa shocking e verde-limão.
Asa-delta
Fio-dental
Listas do IN e do OUT: o que está na moda e o que já passou.
Butiques de moda e estilista
Rio de Janeiro: Mariazinha (Mara Mac), Lenny Niemeyer, George Henri, Maria Bonita, Mary Zaide, Beth Gregório Faganello, Marco Rica, Del Pilar, Carla Roberto, Marília Vals, Frankie e Amaury, Sandpiper, Spy & Great, Márcia Pinheiro,
Simão Azulay, Alice Tapajós, Cláudia Simões, Marcelo de Gang, Claudia Simões, Raquel Alt, Alice Tapajós, Andréa Saletto, Francisco Carlos Ferreira, David Azulay e outros. 
Frankie Mackey e Amaury Veras.
Gregorio Faganello, 
publicidade do verão 86/87.
São Paulo: Zoomp, Forum, Gledson, Gloria Coelho, Walter Rodrigues, Lino Villaventura, Conrado Segredo, Amapô, Clô Orozco, Renato Loureiro, Ricardo Almeida, entre outros. 
A Forum foi criada pelo 
empresário Tufi Duek em 1981.
Beth Lago desfilou em Paris para grifes como Chanel e Yves Saint Laurent.
Yves Saint Laurent, inverno 1984. 
Foto de Marina Sprogis.
A modelo paulistana Dalma Callado, que iniciou sua carreira internacional nos anos 1970, foi eleita pelo Conselho dos Estilistas de Moda da América a melhor do mundo, em 1986.
Dalma Callado, Yves Saint-Laurent, inverno 1985.
Dalma Callado, capa da Vogue Brasil, 1978.
Dalma Callado, Versace, verão 1991.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
BAUDOT, François. Moda do Século. São Paulo, Cosac & Naify, 2000.
BRAGA, João, e PRADO, Luís André do. História da Moda no Brasil: das influências às autorreferências. São Paulo: Pyxis Editorial, 2011.
CALLAN, Georgina O´Hara. Enciclopédia da Moda, de 1840 a década de 90. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. 
CALDEIRA, Jorge, e outros. Viagem pela História do Brasil. São Paulo: Editora Schwarcz, 1997.
CHATAIGNIER, Gilda. História da Moda no Brasil. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2010.
RODRIGUES, Iesa. O Rio que virou moda. Rio de Janeiro: Memória Brasil, 1994.
SABINO, Marco. Dicionário da Moda. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007
Prof. Flávio Bragança

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