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Anos 2000

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HISTÓRIA DA MODA NO BRASIL
ANOS 2000
Anos 2000
“Já que estes mistérios estão além de nossa compreensão, vamos fingir que somos os seus criadores.” A famosa frase de Jean Cocteau poderia aplicar-se à moda, cujo conjunto de fenômenos é normalmente imprevisível, incompreensível, e acima de tudo bastante inexplicável...as tendências somam em centenas, em geral superpondo-se numa simultaneidade indecifrável...Mesmo que os ricos continuem a vestir-se como tais e os outros como podem, o acesso do público em geral à moda está em marcha... (BAUDOT, 2000, p.377)
Como organizar tudo isso?
Estilistas formados
As novas gerações de estilistas formados em escolas encontraram um mercado confeccionista mais bem estruturado, mais ainda profundamente marcado pela tradição da cópia e da imitação da moda estrangeira. Lenta e gradualmente, o setor passou a absorver profissionais de criação de moda, já os entendendo como elementos fundamentais para agregar maior valor ao design e identidade a seus produtos. (BRAGA, 2011, p.537)
O mercado
(...) A cadeia produtiva da moda brasileira parecia, finalmente, ter se completado, com semanas de lançamentos semestrais ajustadas (ou tentando se ajustar) aos ciclos de renovação das coleções disponibilizadas nas vitrines das lojas, estimulando maior inventividade, qualificação e preços competitivos com produtos importados. A moda nacional ocupou uma fatia considerável do mercado interno: em 2005, ela correspondia a 92% (US$23,8 bilhões) do faturamento do setor têxtil/confecções contra 8% (US$2,2 bilhões) das exportações. (BRAGA, 2011, p.539)
 
As transformações globais, no nível tecnológico e nos padrões de demanda e consumo, transferiu a indústria pesada dos países que fizeram a revolução industrial para países recentemente industrializados. 
Entretanto...
Considerando o período entre 2003 e 2009, o consumo de têxteis per capita registrou crescimento médio de 54%, de 8,3 kg para 12,3 kg anuais por habitante. A moda brasileira cresceu, ano após ano, mas focada no mercado interno. As exportações continuaram pouco significativas, sendo os EUA, nosso principal destino. 
Em 2009, o setor têxtil e de confecções contava com mais de 30 mil empresas no país, arrecadando acima de R$47 bilhões anuais. (BRAGA, 2011, p.540)
O Brasil no Mapa da Moda 
Com um estilo de vida que combina com a informalidade do novo século, a Brasil passa a interessar a imprensa internacional. 
Compradores internacionais vieram em busca de originalidade com produção de qualidade.
“Com o maior número de correspondentes internacionais, a temporada de verão de 2001 marcou a entrada num novo tempo da moda brasileira. A afluência dos veículos internacionais naquela estação fez com que, de repente, a cultura brasileira virasse “tendência” e os “temas” brasileiros inspirassem os estilistas”. (PALOMINO, 2003, p. 90)
Havaianas, 
o chinelo que virou artigo de moda 
Havaianas é um dos casos de sucesso mais comentados no mundo dos negócios. Fala-se da propaganda com celebridades, da mudança de posicionamento da marca e do aumento do portfólio. Mas se o chinelo de borracha é hoje o mais celebrado no mundo, deve isso a uma mudança profunda no Mix de Marketing (também conhecido como 4P's, Produto, Preço, Promoção e Praça) da marca que superou a sua categoria e virou artigo de moda. 
Entre as estratégias está o patrocínio de eventos de moda e o trabalho de assessoria de imprensa e RP junto aos formadores de opinião e a imprensa. Nos anúncios para TV, jornais e revistas, as campanhas mostravam o espírito de boas coisas brasileiras com artistas famosos colocando o pé à mostra com suas Havaianas Top.
Fonte: ucbweb2.castelobranco.br/webcaf/arquivos/114093/9321/Havaianas.doc
Jeans
O jeans brasileiro ficou reconhecido pela invenção da cintura baixa (perfeita para o corpo das brasileiras) com corte que arrebita o bumbum. O sucesso tem uma explicação técnica: por ser mais alto atrás e nas laterais, muito mais baixo na frente, ajusta-se melhor nos quadris. 
Mas, não é somente nossas peças prontas que fazem sucesso lá fora. O Brasil já é o maior produtor de tecido jeans do mundo e produz em média 25 milhões de metros por mês. Não é a toa que grandes empresas nacionais estão investindo forte em inovação, produção e exportação. 
Gang
A marca carioca de Alcyr Amorim foi criada nos anos 1970 e sempre foi conhecida pelos seus jeans de qualidade. No início do século XXI, porém, os jeans de cós superbaixo, que moldam o corpo, arrebitando o bumbum das mulheres, passaram a ser uma febre entre os frequentadores de bailes funks.
O sucesso internacional alcançou celebridades como Britney Spears, Paris Hilton, Gisele Bündchen, Luciana Gimenez, Shakira, Sheila Mello e até Iggy Pop. 
O Estilo Brasileiro
Entramos no século XXI como um mercado propício para a moda e devemos definir o que será um estilo brasileiro. Ele deve estar menos na utilização de materiais e inspirações da cultura brasileira e mais numa base que abarque as próprias contradições do país. O uso da manufatura associada à tecnologia; o artesanato de apelo global; a sensualidade inerente ao corpo dos brasileiros; e, principalmente, um olhar brasileiro. Num mercado internacionalmente unificado, é esse olhar – fragmentado, pós-moderno, sexy – que pode fazer com que o país dê uma contribuição relevante em escala internacional. (PALOMINO, 2003, p.92)
Gisele Bündchen 
Cia Marítima, verão 2004.
Gisele Bündchen e Rodrigo Hilbert para a Colcci, verão 2009. A modelo fez a primeira aparição num desfile da marca em 2004.
Walter Rodrigues
Criações de Walter Rodrigues em 2001 com rendas da Associação de Rendeiras de Morros da Mariana, do Piauí. Mistura de lycra e renda.
Lino Villaventura
2001
Presente no São Paulo Fashion Week desde a sua primeira edição, em julho de 1996, Lino encanta pela magia, suntuosidade e exuberância de seus desfiles. Com referências múltiplas e verdadeira paixão por cultura e arte, costuma se aprofundar em temas relacionados à brasilidade.
Um de seus melhores trunfos é a arte de tinturar e transformar tecidos. Instigante, utiliza materiais que fogem do óbvio para criar novas texturas, nervuras e inconfundíveis patchworks. 
Lino Villaventura, 2003.
Lino Villaventura, 2006.
Vídeo retrospectiva de Lino Villaventura
Tanto na passarela como fora dela, as criações de Lino são impactantes e possuem identidade, com um marcante caráter hand made. Todo esse engenhoso trabalho é feito por uma qualificada equipe de 50 profissionais, comandada pelo estilista, com maestria.
Fonte:http://linovillaventura.com.br/
Fause Haten
Em 1999, entrou no mercado americano através do envolvimento com a grife californiana Giorgio Beverly Hills. Em 2000, ganhou o prêmio de melhor estilista brasileiro. Em 2001, foi o primeiro estilista brasileiro a desfilar na Semana de Moda de New York. 
 Fonte: http://www2.uol.com.br/modabrasil/entrevista/fause_haten/index.htm
Adriana Lima desfila para Fause Haten, inverno 2000.
Ana Beatriz Barros desfila em Nova York para Fause Haten, inverno 2001.
Carlos Miele
O paulista criou a marca M.Officer em 1986, com produção de jeans, artigos em couro, tricô e malhas. Nos anos 1990, intensificou seu envolvimento com fotografia, vídeo arte e instalações, procurando interagir essas linguagens com o mundo da moda. Em 1997, convidou o modelo Ranimiro Lotufo, que estava afastado após perder uma perna num acidente, para fazer a campanha da marca. Integrou o artesanato das costureiras da favela da Rocinha aos seus vestidos de festa. Investiu na marca que leva seu nome e passou a desfilar em NY, onde inaugurou uma loja no Meatpacking District. Publicou vários livros sobre seu trabalho. 
Verão de 2009.
A uniformização das tendências perdeu espaço para a valorização do trabalho de alguns criadores que desenvolvem ideias singulares. Criadores, como Alexandre Herchcovitch, trabalham à margem dos convencionalismos do mundo da moda, sem, contudo deixarem de estar inseridos nos mecanismos
da comercialização.
Alexandre Herchcovitch, verão 2010.
Cada vez mais a moda e a arte se fundem. Essa ideia é reforçada no conceito das novas lojas onde o espaço é dedicado igualmente à arte, à moda e ao design.
Intervenções de artistas na loja da Melissa da Rua Oscar Freire em São Paulo.
Nomes com projeção internacional
Francisco Costa na Calvin Klein a partir de 2002.
Inácio Ribeiro da marca Clements Ribeiro sediada em Londres.
Gustavo Lins abriu seu atelier de Alta Costura em Paris em 2003, e passou a fazer parte da Câmara Sindical de Alta Costura em 2006, também desenvolve prêt-à-porter.
Calvin Klein, primavera/verão 2004.
Calvin Klein, primavera/verão 2005.
Nicole Kidman com vestido Clements Ribeiro, coleção primavera/verão 2011.
Contra a produção em série, base da industrialização, e a homogeneização do vestuário massificado, foram resgatadas técnicas artesanais que tornaram as roupas mais pessoais. Um número cada vez maior de consumidores adotou procedimentos como o da customização, que consiste na interferência pessoal em roupas novas ou usadas, e o vintage, a utilização de roupas antigas garimpadas em brechós. Olhar para estilos antigos: o termo “vintage” migrou das melhores safras de vinhos, para a moda designando peças antigas, ou inspiradas nestas, com autenticidade.
Olhar para o usado, aparência de gasto e amaciado. Aspecto envelhecido como parte da originalidade como os couros desgastados, costuras com aspecto inacabado, esgarçados. Abriram espaço para o desenvolvimento industrial das lavanderias, que dão os tons aos tecidos, desgastes de cores e texturas ou os desbotamentos localizados.
O Styling das ruas migrou para as passarelas, e vice-versa.
Cada vez mais o consumidor descobriu um jeito personalizado de combinar as peças.
Fonte: http://oficinadeestilo.com.br/
CORES
As cartelas de cores ficaram cada vez mais abrangentes. Cores vibrantes, como o vermelho usado em casacos e suéteres. 
A cor preta expandiu sua atuação do inverno para todas as estações.
Os anos 2000 serão lembrados pelas criações baseadas em constantes citações de épocas passadas. 
Exposição 100 Anos de Moda na Oca, em 2004, reuniu grandes nomes da moda mundial e brasileira em São Paulo. Nas imagens criações de Christian Lacroix, Elza Schiaparelli e Thierry Mugler.
Muitos adultos abusaram das referências infantis. Malhas em cores ácidas e em contrastes com fundos escuros, estampas de personagens, citações de quadrinhos, mangás, games, e acessórios lúdicos. 
Alguns se vestiram de personagens, como os adolescentes em Tóquio. 
Toy-Art
R.Groove, inverno 2008.
Tecidos criados para os esportes, como o Dryfit, que suportam o suor, são incorporados na vida urbana. 
	BUSCA DE TRANQÜILIDADE E BEM-ESTAR
Tendência cocoon (casulo) cultivo da vida em casa, com intuito de proteção.
Esoterismo, prática de Ioga, valorização de têxteis indianos. Conforto acima de tudo.
Maria Bonita por Danielle Jensen
Danielle assumiu a direção criativa da Maria Bonita em 2003, após o falecimento de Maria Cândida Sarmento, fundadora da marca e de quem foi assistente durante muitos anos. Ao longo de seu trabalho, ela se tornou uma das estilistas mais fortes e criativas do país, traduzindo em roupas sua visão mais que sofisticada do Brasil e da nossa cultura popular. Fonte: http://ffw.com.br/
Verão 2005.
Verão 2006.
Verão 2004.
Inverno 2011.
Danielle Jensen
Vídeo desfile Maria Bonita, São Paulo Fashion Week, Inverno 2011.
Em 2012, Danielle Jensen deixou o cargo de diretora criativa da marca por incompatibilidade com os rumos administrativos e posicionamento de marketing. Em 2014, após um processo judicial, a marca Maria Bonita, anunciou o seu fechamento.
A continuação da História da Moda Brasileira será feita por...
A continuação da História da Moda Brasileira será feita por...vocês!!!
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
BAUDOT, François. Moda do Século. São Paulo, Cosac & Naify, 2000.
BRAGA, João, e PRADO, Luís André do. História da Moda no Brasil: das influências às autorreferências. São Paulo: Pyxis Editorial, 2011.
CALLAN, Georgina O´Hara. Enciclopédia da Moda, de 1840 a década de 90. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. 
CHATAIGNIER, Gilda. História da Moda no Brasil. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2010.
PALOMINO, Erika. A moda. São Paulo: Publifolha, 2003.
SABINO, Marco. Dicionário da Moda. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007
Prof. Flávio Bragança

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