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Aplicação da Epidemiologia na saúde
Neste conteúdo, você vai identificar as variáveis importantes da epidemiologia, como a qualidade de vida,
os determinantes sociais, os paradigmas e as iniquidades da saúde no Brasil, além do seu estudo por
níveis de determinação. Assim, você será capaz de verificar como a epidemiologia auxilia no entendimento
dessas variáveis, além de compreender como sua aplicação pode influenciar a melhoria do bem-estar da
população.
Prof. Helver Gonçalves Dias
1. Itens iniciais
Objetivos
Descrever aspectos relacionados à qualidade de vida, aos determinantes sociais, aos novos 
paradigmas e à persistência das iniquidades da Saúde no Brasil.
Reconhecer a aplicação da epidemiologia por nível de determinação.
Introdução
Como sabemos, diversos fatores influenciam o surgimento das doenças. Você já deve ter ouvido falar que os
fatores genéticos, sociais, econômicos e ambientais podem motivar a ocorrência de certos agravos. Nesse
sentido, o objetivo principal do estudo da epidemiologia é dar a capacidade de identificar as oportunidades de
intervenção para promoção, prevenção e controle de danos à saúde.
Vamos discutir como a saúde não se limita somente à ausência de doenças, mas engloba um bem-estar físico,
mental e social completo. Iremos descobrir como alguns fatores (por exemplo, onde vivemos, estudamos,
trabalhamos e interagimos) exercem influência direta em nossa saúde e qualidade de vida. No entanto, como
nem todos têm as mesmas oportunidades, precisamos debater as iniquidades de saúde – as injustas e
evitáveis diferenças no estado de saúde observadas entre diferentes grupos populacionais. Estudaremos
diferentes aspectos sobre as condições de saúde, analisando como o Brasil precisa avançar para ofertar
níveis de bem-estar cada vez melhores para sua população. Vamos lá!
• 
• 
1. Qualidade de vida e iniquidades sociais na saúde
Qualidade de vida e determinantes sociais da saúde
Neste vídeo, vamos explorar as complexas conexões entre os determinantes sociais da saúde e seu impacto
direto na qualidade de vida neste vídeo esclarecedor. Descubra como fatores sociais, econômicos e
ambientais moldam nossa saúde e bem-estar, e como podemos promover mudanças significativas para um
futuro mais saudável e equitativo.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Falar de saúde implica, em sentido amplo, falar de qualidade de vida e sobre a forma que vivemos e nos
organizamos em sociedade. A Reforma Sanitária Brasileira, ocorrida na década de 80, incorporou o
entendimento amplo do significado de saúde. 
A condição de saúde de um indivíduo é resultante da associação de diferentes fatores, como a situação
socioeconômica, saúde mental, educação, alimentação, meio ambiente e o próprio estilo de vida desse
indivíduo. É claro que não podemos esquecer dos fatos intrínsecos, como sexo, idade e fatores hereditários. 
De acordo com a Constituição da World Health Organization (WHO), em sua 45ª edição (2021), a
saúde é definida como o estado completo de bem-estar social, mental e físico, e não somente a
ausência de doença. 
O aparecimento das doenças é consequência justamente do desequilíbrio de um ou de mais fatores. Dessa
forma, para facilitar seu estudo neste módulo, vamos sempre pensar em saúde em seu conceito mais
abrangente e que compreende os diversos aspectos da vida do indivíduo. 
Os determinantes sociais da saúde (DSS) são todos os fatores que, de algum modo, influenciam as condições
de saúde do indivíduo e da comunidade. Discute-se muito sobre a classificação e o agrupamento dos
diferentes determinantes de saúde. 
Isso não é consenso nem mesmo entre os sanitaristas e pesquisadores da área. Há uma corrente teórica que
admite a existência de cinco grupos de determinantes: 
Biológicos
Idade, sexo e fatores genéticos.
Econômicos e sociais
Classe social, o emprego e moradia.
Ambientais
Poluição do ar e da água.
Modos de vida
Alimentação, prática de exercícios físicos,
tabagismo e álcool.
Relacionados ao acesso aos serviços
Educação, saúde, lazer e transportes.
Modelo de Dahlgren e Whitehead
O modelo de produção social da saúde proposto por Dahlgren e Whitehead, no início da década de 90, analisa
os determinantes sociais da saúde em diferentes níveis (imagem abaixo). 
Partindo da perspectiva individual, fatores como idade e gênero influenciam a saúde do indivíduo. O nível
acima considera os fatores associados ao estilo de vida e ao comportamento das pessoas, como o hábito de
fumar e/ou beber e o sedentarismo. 
Exemplo
Atualmente no mundo, considera-se a obesidade como uma epidemia, muito influenciada pela mudança
no padrão alimentar – maior ingestão de alimentos ultraprocessados, gorduras e carboidratos – e pela
diminuição da prática diária de exercícios físicos. 
No próximo nível, são consideradas as redes sociais e comunitárias, em que o indivíduo estabelece as
interações sociais com seus iguais. Cada vez mais, admite-se a importância do ambiente comunitário e de
suas relações na saúde da população. O penúltimo nível reúne as condições de vida e trabalho, que
determinam as condições de saúde da população de acordo, por exemplo, com o nível de desemprego e
escolaridade, saneamento básico, condições de moradia e habitação, disponibilidade de alimentos e acesso
aos serviços de saúde. Por fim, o último nível contém as condições socioeconômicas, culturais e ambientais
gerais também chamadas de macrodeterminantes. 
Modelo de determinantes sociais da Saúde de Dahlgren e Whitehead.
Para que você entenda a relação entre a Epidemiologia e os DSS, é importante destacar que, enquanto
ciência, a Epidemiologia analisa a distribuição e os fatores determinantes das doenças, considerando dados e
eventos, e propondo medidas de prevenção e controle. Além disso, a Epidemiologia fornece indicadores que
servem de suporte para o planejamento de políticas públicas e avaliação dos programas e ações de saúde. 
Importância dos dados epidemiológicos para os DSS
Neste vídeo, o mestre Helver Dias irá correlacionar os indicadores de saúde com os DSS, trazendo como
exemplo a tuberculose no Brasil. 
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Saúde como produção social
A principal barreira encontrada pela Epidemiologia no estudo dos determinantes é a dificuldade encontrada
em se avaliar o impacto de cada um no estado de saúde da população. 
Vamos pensar juntos! Os fatores biológicos teriam maior influência na saúde do que os fatores
ambientais?
Essa é uma resposta difícil e que precisa de uma discussão aprofundada sobre o tema. Durante muito tempo,
certa parte da comunidade científica acreditava no chamado “modelo biomédico de saúde”, que defendia a
ideia de que os determinantes relacionados aos fatores biológicos tinham maior influência sobre o estado de
saúde. 
Com o passar dos anos, essa concepção foi sofrendo alterações, principalmente pelo fortalecimento do
entendimento que outros fatores, como os ambientais e os sociais, também interferem no processo saúde-
doença. 
Além disso, atualmente, existem correntes de pensadores
que defendem a ideia do tipo de sistema de saúde como
fator determinante. As diferenças entre os sistemas, como
nível de centralização, estrutura organizacional, fonte de
financiamento e organização dos serviços, são
determinantes para a qualidade da saúde da população.
Em países da Europa ou mesmo nos Estados Unidos, as
classes sociais mais ricas têm uma expectativa de vida
maior e uma menor taxa de mortalidade por doenças
crônicas e infectocontagiosas em relação aos mais pobres.
Essas diferenças na saúde são reflexo da própria
disparidade social e constituem forte atuação nas
condições de saúde da população.
Durante a Revolução Industrial, as condições de trabalho da classe operária eram péssimas e a expectativa de
vida não passava dos 50 anos. As doenças do trabalho formavam exércitos de incapacitados e de doentes
crônicos que não recebiam nenhum tipo de suporte por parte do Estado ou dos empresários.Curiosidade
	Epidemiologia clínica e nutricional
	Ensaios clínicos randomizados
	Revisões sistemáticas
	Atenção
	Estudos observacionais
	Estudos transversais
	Ensaios comunitários
	Epidemiologia clínica e nutricional
	Conteúdo interativo
	Epidemiologia ambiental
	Epidemiologia ambiental
	Conteúdo interativo
	Aplicando o conhecimento
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	3. Conclusão
	Considerações finais
	Podcast
	Conteúdo interativo
	Explore +
	ReferênciasOs padrões de saúde mostram estreita correlação com a estratificação social, de modo que diversas doenças,
como as parasitárias, são mais comuns entre a população mais carente. 
Bons patamares de saúde envolvem, entre outras coisas, a redução dos níveis de evasão escolar,
principalmente no ensino fundamental e médio, e a diminuição da taxa de desemprego. As políticas de
educação, emprego e habitação afetam diretamente os padrões de saúde. As sociedades que permitem aos
seus cidadãos desempenharem um papel útil e participativo na vida social, econômica e cultural serão mais
saudáveis em relação àquelas em que as pessoas convivem com violência e exclusão social. 
A pandemia da covid-19 trouxe um novo paradigma mundial e evidenciou as conexões entre a saúde e os seus
determinantes. Veja a seguir! 
Desvantagens socioeconômicas 
A desvantagem socioeconômica pode incluir
poucos recursos materiais, desemprego, uma
educação insuficiente durante a infância e
adolescência, uma atividade profissional sem
perspectiva de crescimento ou mesmo
informal, além de moradias insalubres e sem
acesso a saneamento básico.
Consequências no envelhecimento 
Essas desvantagens tendem a se
concentrar nas mesmas pessoas e seus
efeitos na saúde são cumulativos.
Quanto mais tempo os indivíduos vivem
em circunstâncias socioeconômicas
estressantes, maior o desgaste físico e
mental que sofrem e menor a
probabilidade de um envelhecimento
saudável.
Covid-19
Com o crescimento da taxa de desemprego e o isolamento social, a quantidade de pessoas que
desenvolveram algum sintoma ou manifestação de depressão ou ansiedade aumentou, especialmente
entre os jovens. A piora no bem-estar mental está relacionada a baixas expectativas de emprego e ao
limitado convívio social, que ficou quase que totalmente restrito ao ambiente virtual.
Relacionamento em sociedade
A forma como nos relacionamos em sociedade pode causar efeitos de longo prazo na saúde mental. A
ansiedade, o estresse, a insegurança, a baixa autoestima, o isolamento social e as relações
interpessoais têm efeitos diretos sobre a saúde das pessoas. As tensões psicossociais acumulam-se
durante a vida e aumentam as chances de problemas de ordem mental e morte prematura, inclusive
por suicídio. Longos períodos de ansiedade, estresse, insegurança e a construção de laços
interpessoais frágeis são prejudiciais em todos os âmbitos da vida humana.
Muitos pesquisadores e entidades científicas internacionais apontam que a pandemia de covid-19 acentuou
comportamentos suicidas e aumentou significativamente o número de pessoas que buscam por suporte para
melhoria da saúde mental. 
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, os principais fatores relacionados ao suicídio na pandemia
foram o aumento da taxa de desemprego, a perda da estabilidade econômica das famílias, os traumas ou os
abusos e a piora dos transtornos mentais. É preciso analisar o suicídio como problema de saúde pública e
como fenômeno sensível às mudanças político-econômicas e sociais (OPAS, 2021). 
É interessante destacar que o estresse psicossocial está relacionado ao aumento da incidência de doenças do
aparelho cardiovascular, como infarto e acidente vascular cerebral. A taxa de mortalidade por doenças
cardiovasculares é superior em países subdesenvolvidos da África e Ásia em relação a países desenvolvidos
da Europa. 
Curiosidade
Em um interessante estudo desenvolvido na década de 1980, dois pesquisadores da Universidade de
Stanford, nos Estados Unidos, viram o papel do estresse social crônico no metabolismo endócrino de
macacos. Todas as espécies conhecidas de macacos apresentam algum tipo sistema de organização
social, geralmente composto por machos dominantes e machos subordinados. Nesse estudo, avaliou-se
babuínos africanos machos que viviam livremente em uma reserva florestal. Entre os machos
socialmente subordinados, as concentrações das frações do colesterol HDL (lipoproteína de alta
densidade) e a apolipoproteína A (ApoA) estavam significativamente reduzidas quando comparadas com
o grupo de machos dominantes, mas foram detectadas altas concentrações de cortisol. O HDL e a ApoA
têm importante função protetora, tendo, em níveis altos, funções preventivas contra a aterosclerose
(acúmulo de gordura nas artérias) e doenças cardíacas. O cortisol é popularmente conhecido como
“hormônio do estresse”. Esse estudo demonstrou que o estresse vivido por indivíduos socialmente
subordinados desencadeava importantes alterações endócrinas que poderiam ter relação com o
desenvolvimento de doenças crônicas (SAPOLSKY; MOTT, 1987). 
Saúde como produção social
Este vídeo destaca as interseções entre cultura, política e saúde, revelando como as noções de bem-estar são
moldadas e compartilhadas pela sociedade. Prepare-se para uma reflexão sobre como as percepções
coletivas influenciam nossas práticas de cuidado e os caminhos para uma saúde verdadeiramente inclusiva.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
A comissão sobre determinantes sociais da saúde
Neste vídeo, veremos o impacto da Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde em nosso
entendimento. Também abordaremos os fatores que influenciam diretamente nossa saúde e bem-estar.
Descubra como essa iniciativa revoluciona políticas públicas e promove mudanças significativas para uma
sociedade mais saudável e equitativa.
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Estimulado pela criação da Comissão sobre Determinantes Sociais da Saúde, no âmbito da Organização
Mundial da Saúde, o Brasil criou em 2006 a Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde
(CNDSS). O objetivo da CNDSS foi trazer um levantamento atualizado sobre fatores sociais que determinavam
o processo de adoecimento da população, propor políticas públicas que combatessem as iniquidades em
saúde no Brasil e mobilizar diferentes instâncias governamentais e da sociedade civil sobre o tema. 
Falamos em iniquidades, você sabe o que é?
Iniquidades em saúde são aquelas desigualdades, que além de sistemáticas e evitáveis, são também
injustas e desnecessárias. As iniquidades em saúde podem ser observadas entre os diferentes
grupos populacionais, sendo decorrentes das condições sociais dos indivíduos. É por este motivo
que devem ser combatidas continuamente. 
A CNDSS era composta por personalidades de diferentes áreas, desde especialistas em saúde pública até
pessoas reconhecidas do setor cultural e empresarial. A diversidade na composição dos membros teve como
objetivo representar que a saúde é um bem público e a participação de diferentes setores da sociedade é
parte importante do processo de construção e melhoria coletiva da saúde. Após três anos de trabalho, a
CNDSS apresentou o relatório final, que virou um dos mais completos e estruturados documentos sobre os
DSS no país, sendo atualmente uma referência para consulta no tema. Veja a seguir! 
Análise dos indicadores epidemiológicos
A comissão analisou indicadores epidemiológicos e demográficos das últimas quatro décadas, como o
crescimento populacional, as taxas de fecundidade, a mortalidade e a natalidade, a esperança de vida
ao nascer, o índice de envelhecimento, entre outros, impactaram no modo de vida e no processo de
produção de doenças da população. Além disso, identificou as políticas e os programas vigentes à
época que, apesar de uma articulação entre diferentes setores do poder público, tinham pouca
efetividade em diminuir as iniquidades em saúde.
Propostas
A CNDSS propôs que as intervenções nos DSS fossem feitas em todos os níveis do modelo de
Dahlgren e Whitehead, integrando ações intersetoriais para promoção da saúde e qualidade de vida.
O relatório ressalta que a partir do conhecimento amplo sobre as condições de vida e trabalho da
população, é possível reconhecer as desigualdades existentes e os mecanismos pelos quais os DSS
produzem as iniquidades em saúde.
Relações interpessoais e saúde
Um outro ponto interessante destacado no relatório considera que o desgastedas relações de
solidariedade e confiança entre as pessoas seja prejudicial para a situação de saúde, trazendo
impactos negativos nos indicadores de bem-estar da população, principalmente os relacionados à
atenção psicossocial – diminuição da participação social, perda do emprego, endividamento das
famílias, piora na qualidade das relações interpessoais, entre outros.
Portanto, a partir de exaustiva análise das informações coletadas sobre os DSS no país, a CNDSS recomenda
ações buscando: 
Priorizar as ações intersetoriais.
Produzir evidências científicas sobre os DSS.
Estimular a participação da sociedade no tema.
Iniquidades em saúde no Brasil
Conceituando iniquidades em saúde
A expressão “iniquidades em saúde” é muito utilizada no campo de estudo social e econômico e, como já
sabemos, corresponde às desigualdades sistemáticas observadas na saúde entre os diferentes grupos da
sociedade. Essas desigualdades estão presentes em todos os países e são injustas e evitáveis, entretanto,
inerentes ao modelo econômico mundial. 
A busca da equidade em saúde deve ser contínua e contar com a participação de
toda a sociedade.
Mesmo em países como o Brasil, que alcançou significativa redução da pobreza nas últimas décadas e
introduziu a cobertura universal de saúde com a Constituição de 1988, as desigualdades no acesso aos
serviços de saúde continuam a ser um grande desafio. As desigualdades ainda marcantes entre grupos
socioeconômicos são refletidas em iniquidades. Por exemplo, é possível observar que a taxa de mortalidade
de crianças menores de um ano nascidas em estados do Nordeste é maior do que no Sul. 
Origens das iniquidades em saúde no Brasil
O relatório apresentado pela Comissão sobre Determinantes Sociais da Saúde trouxe muitos dados
epidemiológicos e indicadores socioeconômicos que sustentam que as iniquidades em saúde no país são
fruto, principalmente, das desigualdades sociais e econômicas. 
Vamos analisar alguns desses dados e pensar sobre a condição de saúde da população brasileira: 
1
PIB per capita
À época da elaboração do relatório, em 2004, a região Sudeste era a que possuía o maior PIB per
capita do país, seguida pelo Sul, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. É claro que, nos últimos quinze
anos, o Brasil passou por transformações, no entanto, apesar dessas transformações, a realidade
das iniquidades em saúde continua profundamente afetada pelas desigualdades existentes no país. 
 
1. 
2. 
3. 
2População
A região Nordeste concentrava a segunda maior população do país, mas vinha em segundo lugar na
distribuição do PIB per capita e concentrava um pouco mais da metade de toda a população pobre
do país. Um dado também interessante traz a proporção de pobres de acordo com a cor de pele. No
Nordeste, a população preta representava 56,2% do total de pobres (CNDSS, 2008). 
 
3
Educação
Segundo o IBGE (2021), a educação, que também é um DSS, foi analisada e se verificou que a taxa
de analfabetismo é quatro vezes maior no Nordeste do que no Sul e Sudeste do país. É interessante
destacar que mesmo atualmente, as regiões Norte e Nordeste concentram o maior quantitativo
absoluto de analfabetos. 
 
Esses dados demográficos têm uma importante relação com a saúde da população das regiões. Quando
analisamos a esperança de vida ao nascer, a região Nordeste tem a menor expectativa de todas do país. O
mesmo ocorre para a taxa de mortalidade infantil, os estados do Norte e Nordeste lideram com os maiores
índices nacionais. O número de óbitos de crianças de 0 a 14 anos por doenças infecciosas e parasitárias, no
período de 2008 a 2014, foi maior no Nordeste, mesmo em números absolutos (BRASIL, DATASUS, 2021). 
Os dados mais atuais reforçam a permanência dos estados no Norte e Nordeste na infeliz liderança das taxas
de mortalidade infantil no país. Segundo o Ministério da Saúde, o Amapá lidera com 23%, seguido pelos
estados de Roraima (19,8%) e do Amazonas (18,8%). Em último lugar, aparece o estado de Santa Catarina com
9,9%. Esses dados epidemiológicos indicam que, apesar dos avanços identificados nas últimas décadas no
campo social, precisamos continuar avançando na melhoria da qualidade de vida da população brasileira. 
Taxa de mortalidade infantil estimada pelo Ministério da Saúde – unidades da
Federação, 2017.
Esses dados não são isolados, na verdade, são fruto da resultante de fatores de diferentes origens que
diminuem as condições de saúde da população. 
Quando avaliamos dados e mapas atuais de distribuição de doenças infecciosas e parasitárias pelo país,
podemos observar que a incidência de doenças como dengue, malária, leishmaniose (visceral e cutânea),
doenças de Chagas e esquistossomose são superiores no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A correlação entre
concentração de renda, pobreza, desigualdade social e piores condições de saúde da população não é à toa. 
Saiba mais
Mesmo com a chamada “transição epidemiológica”, ocorrida na segunda metade do século XX, as
regiões Norte e Nordeste continuam concentrando uma alta carga de doenças infecciosas e parasitárias
e maiores taxas de mortalidade proporcional por essas causas. 
Falamos em transição epidemiológica. Você sabe o que significa? 
Os epidemiologistas chamam de transição epidemiológica – também conhecida por polarização
epidemiológica ou transição de morbimortalidade – as mudanças no perfil de morbidade e mortalidade
observados no Brasil no pós-Segunda Guerra Mundial.
Morbimortalidade
Morbimortalidade é um conceito da Epidemiologia que se refere ao índice de óbitos em decorrência de
uma doença específica dentro de determinado grupo populacional (número de habitantes) em um tempo
determinado.
Para elucidar, vamos conhecer a transição epidemiológica das doenças infecciosas e parasitárias no Brasil
(ARAÚJO, 2012): 
Até de 1940
Perfil de mortalidade no Brasil
Antes de 1940, as doenças infecciosas e parasitárias eram a principal causa de morte no Brasil,
correspondendo a quase metade dos óbitos no país.
1970
Perfil de mortalidade alterado
Em meados de 1970, esse perfil mudou e as doenças do aparelho circulatório ultrapassaram as
doenças infecciosas e parasitárias, tornando-se a principal causa de mortalidade.
1986
Novo perfil de mortalidade 
Em 1986, as doenças infecciosas e parasitárias correspondiam a menos de 10% do total de óbitos no
país.
Ainda quando analisamos a relação do componente social com as taxas de incidência de tuberculose no
Brasil, podemos observar uma correlação positiva entre baixos índices de desenvolvimento humano (IDH) e
áreas com maiores taxas de incidência. A correlação é também positiva quando comparamos a incidência da
tuberculose com o PIB municipal per capita. 
A exceção fica apenas para o Rio de Janeiro que tem as maiores taxas de incidência do país, mas produz o
segundo maior PIB dos estados. Os dados epidemiológicos de incidência da tuberculose, quando comparados
com indicadores socioeconômicos e demográficos, fornecem importantes informações sobre como a
condição social pode influenciar na distribuição e incidência de determinada doença. 
Violência e saúde
Nas grandes cidades, a violência atinge direta e indiretamente a vida de milhões de pessoas, sendo
considerada um importante DSS. 
Entende-se como diferentes tipos de violência: 
Gênero Sexual
Física Psicológica
Urbana
A violência gera danos, traumas e mortes, trazendo consigo um alto custo social e emocional para a vida das
pessoas. O impacto para o sistema de saúde também é alto, visto a enorme e crescente quantia de recursos
que são destinados ao atendimento dos pacientes. Hoje, já sabemos que a violência disseminada pelo Brasil
vai muito além da questão social. 
Entretanto, é em ambientes com condições escassas de oportunidades e pobreza acentuada que a violência
faz o seu maior número de vítimas. Devemos tomar cuidado para não associar a pobreza à violência, pois
estaríamos caindo no erro de criminalizar a primeira. A pobreza e os pobres são as maiores vítimas da
violência como fator de vulnerabilidade e fragilizaçãodas condições plenas de bem-estar.
Vulnerabilidade
Vulnerabilidade socioeconômica é uma combinação de fatores que deterioram o bem-estar pessoal e
social. Os grupos sociais em situação de vulnerabilidade têm limitado acesso a recursos e poder político,
econômico e social. 
Saiba mais
Dados mais recentes indicam que o número de pessoas vivendo em extrema pobreza no Brasil aumentou
de 6,6% (13,9 milhões de pessoas), em 2019, para 9,1% (19,3 milhões de pessoas), em 2021. É válido
destacar que são consideradas famílias em situação de extrema pobreza aquelas que têm renda mensal
de até R$89,00 por pessoa (HESSEL, 2021). 
A violência afeta a saúde de múltiplas formas.
Cartão do programa Bolsa Família.
O combate à violência é um dos maiores
desafios do Brasil, não somente no campo
social e econômico, mas também no âmbito
sanitário. As ligações entre saúde e violência
são tão fortes que precisaremos de décadas de
ações governamentais e implementação de
políticas públicas para reduzir as desigualdades
sociais e melhorar os indicadores de saúde da
população, como os índices de mortalidade,
nutrição e de desenvolvimento social.
 
Mas como intervir nos determinantes sociais da
saúde para combater as iniquidades e como a
epidemiologia pode ajudar? 
Primeiro, devemos reconhecer e admitir que a
saúde é um estado de bem-estar que inclui muitos aspectos da vida humana. A saúde é dependente da
justiça social, da renda, da alimentação, da educação, das condições de moradia, da paz e de um ambiente
saudável. A partir do reconhecimento que esses requisitos são necessários para a promoção da saúde, é
possível traçar e planejar ações, programas e políticas públicas. 
O relatório da CNDSS reconhece que existiam na época programas e ações governamentais e
intersetoriais que teriam impacto na melhoria das condições de saúde da população. Ações feitas,
por exemplo, pelo Ministério da Educação ou da Agricultura, apesar de não serem direcionadas para
a saúde, teriam impacto a médio e longo prazo nas condições de saúde. No entanto, a falta de
integração e articulação das ações gerava resultados pouco significativos para o setor de saúde. 
Nas últimas duas décadas, o Brasil experimentou a implementação de diversas políticas públicas voltadas
para as populações mais carentes. Em 2004, foi criado o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome (MDS) que desenvolveu políticas de proteção social básica, erradicação do trabalho infantil,
transferência de renda governamental com condicionantes, redução da pobreza extrema e acesso à
alimentação. O MDS criou programas internacionalmente reconhecidos, como o Fome Zero e o Bolsa Família
que ajudaram milhões de brasileiros a saírem da faixa da extrema pobreza e da insegurança alimentar crítica.
Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indicam que, entre os anos de 1995 e 2004, houve
uma redução de 28% da desigualdade, impulsionada a partir da implantação do Bolsa Família. 
É importante destacar que o Bolsa Família, além de uma
política de transferência de renda, condicionava as famílias
que recebiam o auxílio a cumprir exigências nas áreas de
educação e saúde. As crianças das famílias beneficiadas
pelo auxílio deveriam frequentar a escola regularmente e ter
a caderneta de vacinação atualizada com todas as vacinas
disponíveis no Programa Nacional de Imunizações.
Este é um exemplo de integração exitosa de políticas
públicas com efeito em diferentes setores. A vacinação de
crianças contribuiu, por exemplo, para a redução da
mortalidade infantil por doenças diarreicas e para a
incidência de hepatites virais. Veja a seguir (FRANÇA et al.,
2017): 
1990
Em 1990, a prematuridade (11,35 a cada 1000) era a primeira causa de mortalidade infantil em
menores de 5 anos no Brasil, seguido das doenças diarreicas (11,07 a cada 1000).
2015
Vinte e cinco anos depois, em 2015, a prematuridade (3,18 a cada 1000) continua ocupando o primeiro
lugar, mas com significativa redução da taxa. As doenças diarreicas saíram da lista das 20 principais
causas de mortalidade em menores de 5 anos, e agora as anomalias congênitas (3,06 a cada 1000)
ocupam o segundo lugar.
O acompanhamento da frequência escolar de crianças e adolescentes beneficiárias do programa trouxe
resultados a longo prazo, com o aumento do número de jovens alfabetizados. Dados da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílio (PNAD) indicam que a taxa de analfabetismo em todo o país passou de 11,5%, em 2004,
para 8,7%, em 2012. 
Saiba mais
Em 2021, a partir da medida provisória nº 1.061 de 09/08/2021, foi instituído o Programa Auxílio Brasil e o
Programa Alimenta Brasil, que foi implementado em novembro de 2021. Na prática, o bolsa família foi
incorporado a outras políticas assistenciais de transferência de renda, no novo benefício social. 
O Ministério da Saúde apoiou diferentes projetos na área de saneamento básico em regiões vulneráveis, rurais
e pequenos municípios. Como você deve saber, a falta de saneamento está relacionada com o ciclo de
transmissão de muitas doenças, inclusive as transmitidas pelo mosquito Aedes aegypt. Há uma desigualdade
regional na cobertura de saneamento básico, cerca de 17% dos municípios brasileiros, de um total de 5.570,
ainda não dispõem de fornecimento regular de água encanada ou tratamento de esgoto. 
Muitos municípios brasileiros ainda não dispõem de redes de coleta de esgoto e
água encanada.
O Brasil precisa enfrentar velhos desafios de diferentes origens e complexidades para possibilitar melhores
condições de vida e trabalho para a população. Os governos, em todas as esferas de poder, devem ampliar de
forma contínua os investimentos em políticas públicas estratégicas, principalmente no campo social e
econômico. 
Atenção
A descontinuidade de ações é um problema que dificulta o resultado das políticas a longo prazo. É de se
imaginar que o resultado da transferência de renda ou de investimentos em educação levem tempo, às
vezes, décadas, até serem notados. Como vimos, as ações de educação condicionadas ao recebimento
do Bolsa Família, implementadas em 2004, tiveram resultado significativo em 2012, com a redução do
analfabetismo. Outro ponto fundamental nas políticas públicas diz respeito à articulação das ações, que
devem ser prioritariamente intersetoriais, para terem alcance ampliado e responsabilidades
compartilhadas. 
As ações de combate aos DSS vão muito além das competências do setor de saúde, exigindo, portanto, a
articulação e contribuição coordenada de diferentes setores. No entanto, todas as ações de intervenção
sobre os DSS devem ser baseadas em evidências científicas, dados demográficos e epidemiológicos, e
voltadas para a promoção da saúde. Desse modo, deve-se também investir no desenvolvimento de estudos e
pesquisas em duas frentes: 
Avaliação do impacto de cada DSS na vida da população e suas implicações nas condições de saúde,
baseada na análise de indicadores de saúde da população e em índices epidemiológicos e
demográficos.
 
A partir da análise inicial do impacto de cada DSS, propor estratégias e políticas de combate e redução
de riscos com foco na promoção da equidade em saúde.
Até aqui você estudou o que são os DSS, como eles tem o poder de impactar as condições de vida da
população e o que pode ser feito para minimizar esse efeito. No próximo módulo, você estudará a
epidemiologia social e como a sociedade e os diferentes modos de organização social influenciam a saúde. 
Políticas públicas de saúde e ações intersetoriais para combater as iniquidades da
saúde no Brasil.
As iniquidades em saúde no Brasil
O que são iniquidades em saúde? De onde surgem as iniquidades em nosso país? Qual a relação entre
violência e saúde? Assista ao vídeo e descubra as respostas.
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Aplicando o conhecimento
1. 
2. 
Neste vídeo, você encontrará o relato sobre uma cidade chamada Rio Claro. Vamos entender como algumas
questões podem afetar a saúde da população. Você, como profissionalda saúde, deve ser capaz de
diagnosticar esses fatores para uma atuação precisa e eficaz. 
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Atividade Discursiva
Com base no contexto apresentado, discuta como os determinantes sociais influenciam a qualidade de vida e
as iniquidades em saúde na cidade de Rio Claro. Aborde, em sua resposta, as seguintes dimensões:
 
A relação entre condições socioeconômicas e saúde.
 
O impacto do ambiente físico e acesso a serviços no bem-estar das populações.
 
A importância de políticas públicas integradas para a promoção da equidade em saúde.
 
Chave de resposta
As condições socioeconômicas exercem uma influência direta na saúde das populações. Em Rio
Claro, as áreas com alta incidência de desemprego, insegurança alimentar e acesso limitado à
educação estão correlacionadas a maiores taxas de doenças crônicas e problemas de saúde
mental. Isso se deve ao estresse crônico, alimentação inadequada e falta de acesso a serviços de
saúde preventiva.
O ambiente físico, incluindo habitação, espaços públicos e acesso a serviços, desempenha um
papel crucial no bem-estar. As áreas de Rio Claro com infraestrutura precária, falta de espaços de
lazer e acesso limitado a serviços de saúde mostram como o ambiente pode afetar negativamente a
saúde física e mental, limitando as oportunidades de exercício, socialização e acesso a cuidados de
saúde.
Para enfrentar as iniquidades em saúde em Rio Claro, é crucial a implementação de políticas
públicas integradas que abordem os determinantes sociais da saúde. Isso pode incluir investimento
em educação de qualidade, garantia de moradia adequada, criação de empregos, acesso universal
à saúde e promoção de ambientes saudáveis. Essas políticas devem visar à redução da pobreza e à
melhoria das condições de vida, essenciais para promover a equidade em saúde e melhorar a
qualidade de vida de todas as populações.
A abordagem integrada permite reconhecer como a saúde é influenciada por uma ampla gama de fatores
sociais, econômicos e ambientais, e que ações setoriais e intersetoriais são necessárias para promover
saúde e bem-estar para todos.
Verificando o aprendizado
Questão 1
Aprendemos sobre os determinantes sociais de saúde. Sobre esse assunto, analise as afirmativas a seguir:
 
1. 
2. 
3. 
1. 
2. 
3. 
I. O entendimento da saúde como um fenômeno social e humano é equivocado, visto que a saúde é apenas
um processo biológico.
 
II. O conceito de determinação social da saúde deve abranger, por exemplo, o estudo de como as
necessidades e as práticas de saúde são socialmente criadas e reforçadas pelo modelo econômico mundial.
 
III. A solidariedade e a coesão social são elementos que permitem uma sociedade mais saudável.
 
É correto o que se afirma em:
A
I, apenas.
B
III, apenas.
C
I e II.
D
I e III.
E
II e III.
A alternativa E está correta.
A primeira afirmativa é falsa, visto que a saúde é produto da associação de múltiplos fatores, incluindo
aqueles de origem biológica e social. A segunda e terceira afirmativas são verdadeiras, pois a saúde tem
relação com as práticas socialmente criadas e são muito potencializadas pela lógica do modelo econômico
mundial. Estudos indicam que sociedades mais solidárias e coesas são mais saudáveis e tendem a
apresentar menor carga de doenças psicossociais.
Questão 2
Há uma relação direta de causa e efeito entre os fatores gerais de natureza social, econômica e política e os
indicadores de saúde de determinada população. Assinale a alternativa que contém a definição de iniquidades
em saúde.
A
Problemas de natureza unicamente política que impactam a saúde.
B
Questionamentos de origem moral que dificultam o acesso à saúde.
C
Desigualdades sistemáticas observadas na saúde entre os diferentes grupos da sociedade.
D
Deficiências de planejamento estratégico para a saúde.
E
Políticas públicas de saúde para fortalecer o princípio da equidade em saúde.
A alternativa C está correta.
As iniquidades em saúde são resultado das desigualdades sistemáticas de diferentes origens que
impactam sobre a condição de saúde da população. Considera-se que as iniquidades são injustas e
evitáveis, no entanto, são resultado do próprio modelo econômico mundial que acirra a existência das
desigualdades.
2. Epidemiologia aplicada por níveis de determinação
Epidemiologia social
Explore neste vídeo as complexidades da epidemiologia social, mergulhando nas interseções entre saúde,
sociedade e dados para entender como fatores sociais impactam padrões de saúde pública.
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O planejamento dos serviços de saúde requer o uso da Epidemiologia enquanto disciplina científica para
organizar e nortear as ações do poder público. A avaliação das condições de vida e saúde da população, ou
seja, dos DSS, depende da exaustiva análise de dados e indicadores epidemiológicos. 
Em função do tipo de aplicação e do objeto de análise, a Epidemiologia pode ser dividida em diferentes tipos,
como: 
Epidemiologia social Epidemiologia genética
Epidemiologia ambiental Epidemiologia clínica
Epidemiologia nutricional
A partir de agora, estudaremos com mais detalhes cada uma das divisões da Epidemiologia. 
A epidemiologia e seus diversos ramos de estudo.
Apesar da Epidemiologia em geral considerar os aspectos sociais, a Epidemiologia Social distingue-se pelo
fato de focar em como os aspectos sociais que os indivíduos estão inseridos influenciam o processo saúde-
doença. 
Saiba mais
Embora o princípio da Epidemiologia social exista desde meados do século XVII, foi apenas nos séculos
XIX e XX que sua sistematização permitiu seu estudo enquanto disciplina acadêmica. Diversas teorias
foram estudadas ao longo desses anos, seus conceitos mais básicos vêm sendo extraídos da Sociologia,
Economia, Ciência Política e Antropologia Médica. 
Importantes pesquisadores debatem a existência de diferentes vertentes teóricas dentro da Epidemiologia
social. A primeira vertente destaca a importância de se levar em consideração, na origem das doenças,
aspectos como: a expressão biológica da desigualdade social, os diversos aspectos da discriminação, assim
como aspectos sociais que levam à privação (material e social) e o curso de vida dos indivíduos. 
Um dos fatores que causam impacto na epidemiologia social é a distribuição de
renda.
Outras correntes teóricas defendem que nem todos os determinantes representam atributos individuais,
sendo então levada em consideração a combinação de variáveis grupais ou ecológicas (desigualdade de
renda, local da moradia). Trata-se de uma análise complexa que investiga os determinantes e desfechos em
diferentes níveis de hierarquia e organização, além de analisar as interações entre esses níveis. Essa forma de
análise é chamada de Ecoepidemiologia. 
Entretanto, se pararmos para pensar, a Epidemiologia social deve levar em consideração não
somente a situação atual que o indivíduo e a população estão inseridos, mas também abordar como
os diferentes modos de organização social influenciam na saúde – entendendo-se saúde como bem-
estar dos indivíduos e comunidade. 
Também podemos considerar uma vertente com forte raiz no materialismo histórico, onde observa-se o
indivíduo e a sociedade sob um ponto de visto histórico e econômico, relacionando-se com a origem e
determinação da distribuição de doenças. A teoria do capital social muito se assemelha a essa vertente por
buscar entender os mecanismos pelos quais a desigualdade de renda e a forma como a sociedade está
estruturada pode afetar a saúde de cada pessoa. 
Com a expansão da tecnologia e das interações sociais por meio virtual durante a pandemia de COVID-19,
observou-se um expressivo aumento dos casos de depressão e crises de ansiedade, principalmente entre os
jovens. 
Doenças de origem psicossocial são cada vez mais
frequentes na população.
A relação dos indivíduos com eventos de sucesso, fracasso,
frustação, estresse e/ou pressão podem levar ao
comprometimentoda qualidade da saúde mental e,
consequentemente, ao aparecimento de doenças de origem
psicossocial. A Epidemiologia social moderna, em sua
vertente psicossocial, também estuda essas relações e
tenta entender o papel de múltiplos agentes estressores no
processo saúde mental-doença.
As diversas abordagens apresentam suas características,
mas ainda parecem ser insuficientes para conseguir
realmente ter uma análise mais precisa e correta de
problemas complexos que afligem a população, em especial
na saúde. O grande desafio é tentar formular um modelo que fielmente se aproxime da realidade e consiga
orientar ações no sentido de reduzir e mitigar os problemas de saúde da população. 
Epidemiologia molecular e genética
Um dos ramos da Epidemiologia é a Epidemiologia molecular. Essa área foi criada com o surgimento e
desenvolvimento das técnicas de biologia molecular nas últimas décadas. Dentro da Epidemiologia molecular,
existem subáreas que a compõe, são elas: 
Epidemiologia do câncer Epidemiologia ambiental
Epidemiologia das doenças infecciosas
Umas das maiores vantagens do uso da biologia molecular na Epidemiologia é poder identificar o agente
causador da doença, se é uma doença infecciosa, se é algum tipo de doença crônica ou até mesmo de origem
genética. 
Com esses estudos se torna possível identificar e separar os grupos de acordo com o tipo de doença,
permitindo assim o diagnóstico preciso. Algumas doenças podem ser identificadas pelos exames que
detectam os biomarcadores. Como por exemplo, o câncer de ovário pode ser identificado por um exame de
sangue que identifica o marcador CA125. 
Biomarcadores 
São moléculas que podem ser medidas e quantificadas, indicando a ocorrência da função normal ou
patológica (em caso de alguma doença) do organismo.
Diagnóstico molecular.
Vamos ver dois exemplos para entendermos melhor: 
Dengue
No Brasil, geralmente, temos epidemias de dengue anualmente. Com a introdução de outros vírus que
causam doenças com sintomas semelhantes à dengue, o diagnóstico clínico se tornou mais
complicado. Ao ser aplicado técnicas de biologia molecular para diagnosticar o agente causador da
doença, se torna possível distinguir se a pessoa está infectada com o vírus da dengue, zika ou
chikungunya, por exemplo. E, então, separar os casos e acompanhar de perto a epidemia, dando
oportunidade de gerar ações de promoção a saúde.
Surtos hospitalares causados por infecções bacterianas e virais
Outra aplicação da biologia molecular na Epidemiologia é tornar possível a identificação e/ou a
confirmação da ocorrência de surtos, observando se eles são casos endêmicos ou esporádicos. Os
surtos são caracterizados pelo aumento do número de casos de determinada doença em um período
de forma não esperada para aquela população.
Um exemplo que pode nos ajudar a entender seria a ocorrência de surtos em hospitais, no qual
muitos pacientes ficam doentes e têm o mesmo agente causador.
É muito comum ocorrer, por exemplo, surtos hospitalares causado por Salmonella spp., rotavírus e 
vírus sincicial respiratório nas unidades pediátricas. E você, com certeza, já deve ter ouvido falar de
algum conhecido que teve pneumonia bacteriana enquanto estava internado no hospital e que vários
outros pacientes também tiveram ao mesmo tempo, então, a investigação desses surtos é necessária
para auxiliar no manejo dos pacientes doentes e para evitar novas infecções.
Grande parte dos surtos hospitalares são originados a partir da negligência da tomada de medidas de
proteção de biossegurança básicas, como a simples lavagem das mãos. Neste sentido, a orientação e
capacitação dos profissionais de saúde deve ser constante para aprimorar as técnicas e reduzir as
chances de contaminações cruzadas dentro do ambiente hospitalar.
Amostras de sangue.
Saiba mais
O vírus sincicial respiratório é muito comum e causa infecções do trato respiratório. É uma das principais
causas de infecções das vias respiratórias e pulmões em recém-nascidos e crianças. 
Além disso, com os dados obtidos na Epidemiologia molecular, como no exemplo acima de infecção hospitalar,
é possível separar em grupos de acordo com a gravidade da doença, tornando possível a identificação
também de fatores de risco associados à infecção. E não só isso, é possível classificar de acordo com a
exposição, tendo então grande utilidade para investigar a influência da exposição e se o tipo de
microrganismo tem relação com a progressão e com o prognóstico da doença apresentada e até mesmo
avaliar pequenas diferenças entre microrganismos da mesma família. 
A epidemiologia e controle das infecções hospitalares
Neste vídeo, o mestre Helver Dias irá apresentar a importância da epidemiologia para o controle das infecções
hospitalares. 
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O que podemos ver até aqui são grandes vantagens da aplicação da epidemiologia molecular na promoção da
saúde, mas, como todo método, existem limitações. 
Um fator limitante é a amostra coletada, não adianta termos
um teste muito bom se não tivermos uma amostra bem
coletada ou uma amostra que possa ser utilizada com o
método escolhido. Na maior parte das vezes, são coletadas
amostras de sangue, de urina, de fezes ou até mesmo 
swabs, dependendo da suspeita clínica em questão. Para a
aplicação dessas técnicas moleculares é necessário um
laboratório que esteja equipado com equipamentos,
reagentes e mão de obra qualificada. Porém, nem sempre
há um método molecular validado para responder o
problema epidemiológico que se enfrenta.
Outro ramo da Epidemiologia que vamos discutir é 
Epidemiologia genética, que visa desvendar o papel dos
determinantes genéticos na saúde e na doença, e sua
interação complexa com fatores ambientais. 
O início da Epidemiologia genética é marcado pela identificação de doenças relacionadas com alteração em
um único gene, conhecidas também como doenças mendelianas, uma vez que elas seguem o padrão de
herança genética descrito por Gregor Mendel, em 1866. 
Atualmente, já se sabe que, dificilmente, a variação genética de um único gene (monogênicas), sem a
influência ambiental, vai determinar o aparecimento da maior parte das doenças. 
Visualização da análise genômica.
Curiosidade
Você sabe quais doenças genéticas são caracterizadas pela mudança em um único gene e que levam a
produção de um fenótipo característico? Essas doenças também recebem a denominação de fenótipos
ou “traços”, sendo que já foram descritos mais de 1.200 traços, entre eles estão a doença de Huntington,
fibrose cística, hemofilia A e B, intolerância à lactose e anemia falciforme. 
Atualmente, com o avanço tecnológico, a Epidemiologia tem sido particularmente bem-sucedida no
mapeamento de genes e no entendimento de doenças complexas comuns, que são causadas por alterações
em muitos genes, que apresentam efeitos leves a moderados. A interação com os fatores ambientais é
complexa e requer a interação de pelo menos dois genes. 
Nesse caso, não existe um gene específico da
doença, mas sim fortes influências genéticas,
principalmente hereditárias, que estão sendo
expressas a partir do estímulo ambiental.
 
Alguns exemplos de doenças complexas são
diabetes, hipertensão, asma e câncer.
Portanto, trata-se de identificar, descrever e
analisar características e fatores relacionados
ao agente, hospedeiro, meio em que o
hospedeiro está inserido, tempo e espaço. Cada ponto a ser analisado pode ser subdividido, conferindo uma
camada maior de complexidade. No caso de o hospedeiro ser o homem, podemos estratificar de acordo com
a idade, grupo sanguíneo, sexo, profissão etc. Pode-se estratificar também o lugar de acordo com o nível de
industrialização, poluição do ar, radiação UV etc. Assim, percebemos que a análise multifatorial é bem
complexa. 
Epidemiologia clínica e nutricional
A Medicina praticada no início do século XX, em especial, a clínica médica, baseava-se em experiências e
observações particulares de médicos e do pouco conhecimento da fisiopatologia das doençasque se tinha à
época. Os trabalhos publicados eram baseados em observações não sistematizadas, com número amostral
pequeno de pacientes e, deste modo, com pouco ou nenhum rigor científico e epidemiológico. 
Hoje, temos a aplicação da Epidemiologia clínica que trouxe maior segurança, ética e confiabilidade
aos ensaios clínicos que suportam a prática da medicina. 
A Epidemiologia clínica, como você deve imaginar, é um ramo que tem como objetivo auxiliar as decisões
clínicas a serem tomadas. Essa área de estudo leva em consideração as evidências geradas nos estudos
clínico-epidemiológicos, que são suportados pela complexidade das novas metodologias para diagnóstico,
terapia e prevenção. É a Medicina baseada em evidências científicas, que apresenta uma análise mais
criteriosa com melhor avaliação de riscos, benefícios e custos ao paciente. Dentro da Epidemiologia clínica,
utiliza-se muito a Epidemiologia descritiva para avaliação da frequência ou distribuição das doenças, e a 
Epidemiologia analítica para o estudo dos fatores e causas que explicam essa distribuição. 
Por se basear em evidências cientificas, é importante saber onde procurar e ter análise crítica do conteúdo
que se está lendo. Veja a seguir dois tipos de fonte de informações: 
Ensaios clínicos randomizados
Uma boa fonte de informações são os artigos
científicos, de preferência os grandes ensaios
clínicos randomizados. Esses ensaios podem
ser estudos observacionais que apresentem
boa qualidade metodológica e analítica, além de
um bom embasamento teórico. Hoje, existem à
disposição muitos ensaios clínicos de qualidade
que podem ser consultados.
Revisões sistemáticas
Uma outra forma de se obter informações
confiáveis é a partir das chamadas revisões
sistemáticas. Nesse tipo de estudo, são
identificadas e reunidas diversas pesquisas
originais e os dados são compilados com o
objetivo de sistematizar os resultados,
buscando sempre extrair as informações mais
consistentes.
A estatística é uma grande aliada nas revisões sistemáticas, sendo usada para estimar, por exemplo, o risco
relativo a partir de dados obtidos em diferentes estudos. Por reunir um grupo de pesquisas diferentes, a
revisão sistemática é capaz de dar maior robustez estatística ao dado e maior confiança para a tomada de
decisão na abordagem clínica. 
Os livros-texto e as chamadas diretrizes (também conhecidas como guidelines) são até hoje a forma mais
utilizada para consulta. 
As diretrizes são formuladas geralmente por órgãos federais
ou por sociedades médicas que tomam como base
trabalhos originais, ensaios clínicos e estudos
observacionais. Uma das grandes vantagens das diretrizes
é sua constante avaliação e atualização de acordo com
novas informações.
Já os livros-texto, apesar de apresentarem a vantagem de
terem as informações de forma mais condensada e
organizada, apresentam grande desvantagem em relação à
atualização do conteúdo.
A todo momento novas informações são publicadas, em
velocidade e volume que impede até mesmos os
especialistas da área em se atualizar. Portanto, durante o tempo de produção e liberação desses livros, novas
informações já foram publicadas. 
Atenção
Assim como em todas as áreas, aqui não seria diferente, é sempre importante fazer uma análise crítica
do conteúdo que se está lendo. Buscando sempre analisar se os objetivos do estudo foram mostrados
de forma clara nos resultados obtidos e qual a relevância daquela informação. 
A partir da análise do estado clínico do paciente e da relação entre evidência clínica e efetividade (benefício
de se usar determinada conduta clínica na prática), pode-se traçar abordagens para avaliação da necessidade
e da qualidade da intervenção para cada paciente. Claro, espera-se sempre que o benefício seja superior ao
dano ou que este seja nulo. Nesse sentido, diferentes elementos são avaliados, como a gravidade do caso, as
alternativas disponíveis, os valores e a vontade do paciente, entre outros. 
No esquema a seguir, vemos um paralelo da avaliação da necessidade e da qualidade da intervenção para
cada paciente. 
Abordagens para avaliação da necessidade e da qualidade da intervenção para
cada paciente.
Uma grande aliada da Epidemiologia clínica é a Epidemiologia nutricional. Essa área visa estudar a
contribuição alimentar (consumo e uso de diferentes alimentos) para o estado nutricional e,
consequentemente, para a saúde da população. 
Por tratar-se de uma área focada na alimentação, a Epidemiologia nutricional se preocupa com o tipo de
alimentação e com a qualidade do alimento. 
O foco é voltado para a segurança do alimento, com 
avaliações microbiológicas
químicas (investigação de substâncias químicas como
pesticidas) ou físicas, sempre visando garantir um alimento
livre de contaminações e que não acarretem prejuízos, seja
em curto ou longo prazo, para a saúde da população.
Considerando que todos os alimentos estão em condições
ideais para consumo, passamos para uma fase de avaliação
da quantidade ingerida. É importante haver equilíbrio na
ingestão dos diversos nutrientes na alimentação. Então,
nesse momento, se torna crucial a avaliação de possíveis excessos ou deficiências de nutrientes no dia a dia. 
Com os avanços da ciência, foi possível compreender melhor a influência da dieta no desenvolvimento de
doenças crônicas não transmissíveis, como por exemplo, alguns tipos de câncer. Doenças como asma e de
origem alérgica, ainda estão sob investigação da sua relação com o suporte nutricional do portador, mas ainda
é um caminho bem longo que precisa de mais investigações. 
No entanto, algumas certezas vêm sendo reforçadas pelos estudos epidemiológicos. Cada vez mais, a ciência
enfatiza a necessidade de mudança nos padrões dietéticos atuais: precisamos reduzir fortemente o consumo
de alimentos altamente processados, com alta densidade energética, muito gordurosos e cheios de açúcar,
aumentando cada vez mais o consumo de frutas, fibras e vegetais de boa qualidade. 
O que evitar e o que comer para ter uma boa saúde.
Com uma alimentação mais saudável e balanceada é possível prevenir e reduzir a incidência e mortalidade de
muitas doenças crônicas de alta prevalência na população, como a obesidade, diabetes e a hipertensão
arterial. 
E como são desenhados os estudos em Epidemiologia nutricional? 
Por ser um ramo da Epidemiologia, pode-se utilizar os mesmos tipos de estudos realizados neste setor em
geral. São utilizadas as mesmas ferramentas, porém, de forma ampla, os estudos observacionais, transversais,
comunitários aleatorizados e controlados são os tipos mais utilizados. Entenda melhor sobre eles a seguir: 
Alimentação balanceada 
Uma alimentação balanceada considera a
ingestão necessária de alimentos para
atender às necessidades nutricionais do
indivíduo, não prevendo excessos ou
carências.
Prevenção de doenças 
Com um acompanhamento adequado
do estado nutricional,
independentemente da idade ou sexo,
é possível prevenir o aparecimento de
certas doenças a curto e longo prazo.
1Estudos observacionais
Nos estudos observacionais, quando bem estruturados, são realizados estudos caso-controle ou
coorte. Nesse tipo de estudo, temos um grupo controle, grupo que está em condições normais e não
sofre de nenhuma doença ou privação de nutriente e o grupo foco do estudo, que são justamente os
indivíduos doentes, ou seja, aqueles tiveram a doença em questão e tiveram, ou não, a privação de
algum nutriente. 
Para verificar se existe correlação entre a privação do nutriente e o desenvolvimento da doença,
deve-se comparar os resultados dos dois grupos. Para isso, utiliza-se a estatística, testando-se a
hipótese de associações de fatores causais ou até mesmo se a intervenção realizada tem algum
impacto. 
 
2
Estudos transversais
No caso de estudos transversais, busca-se identificar associações relevantes para as questões
levantadas, estabelecendo hipóteses causais. Nesse tipo de estudo, são feitas análises de dados
coletados em um momento definido, não tendo acompanhamento a longo prazo dapopulação
estudada. 
Por exemplo, pode-se selecionar uma população de estudantes do último ano do ensino médio de
determinada escola e aplicar questionários para avaliar os hábitos alimentares dessa população. O
objetivo é coletar dados para estudar o grupo em um único ponto no tempo. A partir dos resultados,
a nutricionista da unidade escolar pode inserir determinados alimentos na merenda para suprir as
carências nutricionais dos jovens. 
 
3
Ensaios comunitários
Por fim, os ensaios comunitários são aleatorizados e controlados. Esses estudos investigam o papel
da intervenção no grupo pesquisado, ou seja, será testada a hipótese da redução do desfecho
principal frente a uma intervenção programada e direcionada. 
Vamos para um exemplo. Estudos de caso-controle mostraram a relação da deficiência da vitamina A
com a ocorrência de diarreias e infecções respiratórias. Um fato interessante observado é que a
vitamina A aparenta ter efeito protetor nas mucosas. Então, querendo investigar mais a fundo,
estudos são feitos para investigar se a suplementação alimentar de vitamina A diminuiria os casos de
diarreia e infecções respiratórias. Os estudos sugerem que, no caso de diarreias, uma redução de
casos foi observada, mas em relação às infecções respiratórias a hipótese não pôde ser
comprovada. 
 
No início, a Epidemiologia clínica se deparava principalmente com doenças transmissíveis, visto que a
incidência dessas doenças era muito alta na população em geral. Após a Segunda Guerra Mundial, o rápido
desenvolvimento industrial de produtos farmacêuticos e médicos, impulsionou a mudança no perfil de
morbimortalidade. Desta vez, as doenças crônicas não transmissíveis assumiram o primeiro lugar em número
de casos. 
Ao longo dos anos, os estudos foram auxiliando cada vez mais no entendimento, tratamento e prevenção
dessas doenças. A Epidemiologia nutricional foi ganhando mais espaço e importância ao mostrar seu impacto
Diversos fatores impactam na nossa saúde e na saúde
coletiva.
positivo na saúde da população. A conscientização de uma vida com hábitos mais saudáveis, alimentação
balanceada e prática de exercícios físicos, integra as principais perspectivas da Epidemiologia
contemporânea. No entanto, inúmeros desafios são postos à mesa para a ampliação de um estilo de vida mais
saudável e que reduza a carga de doenças na população. 
Vitaminas são essenciais para nossa saúde.
Epidemiologia clínica e nutricional
Neste vídeo, vamos explorar as interseções entre a epidemiologia clínica e nutricional, mergulhando nas
nuances e impactos das tendências de saúde pública e hábitos alimentares na sociedade atual.
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Epidemiologia ambiental
A Epidemiologia ambiental tem como objetivo estudar as causas ambientais, sejam elas físicas, químicas,
biológicas, mecânicas, ergonômicas e/ou psicossociais, bem como a distribuição desses eventos relacionados
com a saúde do homem. 
Discute-se na Epidemiologia ambiental que quantificar a exposição a determinado fator ambiental é sempre
um desafio. 
Leva-se em consideração diversos agentes causais, que
podem ser formados por apenas um ou diferentes
compostos químicos. A presença desse(s) composto(s) em
mais de um alimento, por exemplo, traz(em) grandes
dificuldades na investigação e comprovação da hipótese
científica. Além disso, outros fatores podem influenciar no
desfecho final, como hábitos e comportamentos
particulares da população estudada, alimentação, origem da
água e tipo de ocupação profissional. Deve-se ainda levar
em consideração as diferenças individuais e populacionais
(idade, gênero, susceptibilidade etc.).
E como minimizar esses problemas? 
Para isso, é necessário que sejam montados questionários
completos captando informações e parâmetros direcionados para o perfil da população estudada. Pode-se
também, em situações específicas, realizar coletas de água, solo, alimentos e de material biológico das
pessoas expostas. 
E como avaliar os dados obtidos? 
 
As análises estatísticas utilizadas são as
mesmas empregadas nos outros estudos
epidemiológicos que vimos. Porém, são de
extrema importância a aplicação de análise de
dados agregados e análise espacial, devido as
suas características amostrais.
Como é possível entender, esse ramo da
Epidemiologia tem papel principal na avaliação
dos possíveis poluentes da água, do ar e do solo que afetam a saúde humana, podendo também avaliar as
mudanças climáticas e seus impactos no ambiente e na saúde do homem. 
Epidemiologia ambiental
Neste vídeo, vamos compreender, com base no conteúdo, quais são os principais aspectos da epidemiologia
ambiental.
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Aplicando o conhecimento
Neste vídeo, vamos conhecer a região de Vale das Águas, e reflitir sobre os fatores ou determinantes de
saúde da população, considerando o que você aprendeu sobre os níveis de determinação em epidemiologia,
principalmente a epidemiologia social e ambiental. 
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Atividade Discursiva
Considerando o surto de dengue em Vale das Águas, analise como a epidemiologia pode ser aplicada nos
diferentes níveis (individual, social e ambiental), para entender e intervir nesse problema de saúde pública.
Discuta, em sua resposta, estratégias de prevenção e controle da doença que considerem:
 
Fatores individuais: Conhecimentos, atitudes e práticas da população em relação à prevenção da
dengue.
 
Determinantes sociais: Impacto das condições socioeconômicas e de infraestrutura no surto.
 
Fatores ambientais: Influência das características geográficas e climáticas na proliferação do vetor.
Chave de resposta
A educação em saúde é fundamental para mudar comportamentos individuais que contribuem para
a proliferação do Aedes aegypti, vetor da dengue. Intervenções focadas em aumentar a
conscientização sobre a importância de eliminar água parada, uso de repelente e instalação de
1. 
2. 
3. 
1. 
telas em janelas podem reduzir significativamente os riscos. Campanhas de comunicação eficazes
devem ser adaptadas para alcançar diferentes grupos populacionais, considerando linguagem,
meios de comunicação preferenciais e barreiras culturais.
As condições de vida, como acesso limitado a serviços de saneamento básico e coleta de lixo
inadequada, são determinantes sociais que facilitam a proliferação do vetor da dengue. Estratégias
de intervenção devem incluir melhorias na infraestrutura urbana, como o saneamento básico e
gestão de resíduos, e programas de assistência social para reduzir a vulnerabilidade das
populações mais pobres. Além disso, políticas públicas devem promover a equidade no acesso a
serviços de saúde, cruciais para um controle eficaz da doença.
O controle ambiental do vetor requer uma abordagem integrada que considere as características
geográficas e climáticas de Vale das Águas. Medidas podem incluir o manejo ecológico de áreas
propensas ao acúmulo de água, o controle biológico de larvas do mosquito e o monitoramento
climático para prever e agir preventivamente em períodos de maior risco de proliferação do vetor. A
colaboração entre órgãos de saúde pública, gestão ambiental e a comunidade é essencial para
implementar essas estratégias de forma eficaz.
Este estudo de caso destaca a importância da aplicação da epidemiologia nos diferentes níveis de
determinação para uma compreensão abrangente e um controle efetivo de surtos de doenças como a
dengue. Abordagens integradas que consideram fatores individuais, sociais e ambientais são fundamentais
para desenvolver estratégias de prevenção e controle eficazes e sustentáveis.
Verificando o aprendizado
Questão 1
Vimos que em função do tipo de aplicação e do objeto de análise, a Epidemiologia pode ser dividida em
diferentes tipos: social, genética, ambiental e clínica e nutricional. Sobre a Epidemiologia genética é correto o
que ser afirma em:
A
Estuda somente os aspectos sociais do indivíduo, semlevar em consideração nenhuma outra área.
B
Identifica o gene ou os genes responsáveis pela doença, que muitas vezes estão ligados a influências
ambientais.
C
Identifica doenças complexas comuns que são as que apresentam alteração em um único gene.
D
Estuda todas as alterações genéticas das populações, independente se essa alteração causa ou não doença.
E
Estuda somente doenças que seguem a lei da herança mendeliana.
2. 
3. 
A alternativa B está correta.
A Epidemiologia genética, assim como outras áreas dentro da Epidemiologia tenta considerar os diversos
fatores aos quais o indivíduo está exposto. Sua exposição ambiental, alimentação, ocorrência de infecções
e tendências ao desenvolvimento de certas doenças genéticas são fatores importantes para o
entendimento e a identificação de possíveis genes ligados a certas doenças. Hoje, como sabemos, muitas
doenças que apresentamos ao longo do tempo são as chamadas doenças complexas comuns, nas quais há
influência de 2 ou mais genes somados à exposição ambiental e não apenas um, por isso não seguem a lei
da herança mendeliana, que avalia um único gene.
Questão 2
O termo “Epidemiologia clínica” foi introduzido pela primeira vez por John R. Paul, em seu discurso
presidencial na Sociedade Americana de Investigação Clínica, em 1938. Sobre a Epidemiologia clínica, é
correto afirmar que:
 
É um ramo da Epidemiologia que auxilia nas decisões clínicas.
 
Essa área leva em consideração as evidências geradas nos estudos clínico-epidemiológicos que são
suportados pelas metodologias de diagnóstico, terapia e prevenção.
 
Nos dias atuais, se baseia somente na experiência e no dia a dia do médico, sem considerar novos
estudos, visto que muitos contêm erros e são difíceis de confiar.
 
Estão corretas as afirmativas:
A
Somente a III.
B
I e III.
C
II e III.
D
I e II.
E
Somente a I.
1. 
2. 
3. 
A alternativa D está correta.
Nos dias de hoje, os estudos médicos, ao traçarem um curso de tratamento, não levam somente em
consideração suas experiências profissionais. Diversos estudos dentro da Epidemiologia e da Epidemiologia
clínica trazem cada vez mais informação de qualidade e auxiliam os médicos nas tomadas de decisões.
Hoje, as pesquisas conseguem ser realizadas com um número maior de indivíduos participantes, o que dá
robustez e confiança aos resultados apresentados, auxiliando os médicos nas tomadas de decisão.
3. Conclusão
Considerações finais
Ao longo deste conteúdo, aprendemos conceitos associados à Epidemiologia social, em especial aqueles
relacionados aos determinantes sociais, aos novos paradigmas da saúde e aos aspectos que levam à
persistência das iniquidades da saúde no Brasil. Além disso, estudamos os diferentes níveis de determinação
da Epidemiologia e sua aplicação na saúde. Assim, com posse dos assuntos abordados, conseguimos
entender com maior clareza as condições de saúde no Brasil e no mundo, e o que deve ser feito para melhorar
a situação atual. 
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Neste bate-papo, o mestre Helver Dias fala sobre os determinantes sociais da saúde no idoso.
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Para ampliar seus conhecimentos sobre o conteúdo: 
 
Leia:
 
Iniquidades em saúde no Brasil sob as lentes da sociedade civil, de M.S.Q. Escoda, na Revista de Saúde
Pública, da editora Fiocruz (2008).
 
Os artigos que relacionam os determinantes sociais da saúde e a epidemiologia crítica disponibilizados
no website da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto.
 
O artigo A saúde e seus determinantes, de Buss e Filho (2007). Disponível na plataforma Scielo.
 
Assista:
 
Ao vídeo Colóquios SNCT 2018 - Determinantes sociais da saúde, do canal Fiocruz, no YouTube.
 
Ao vídeo As causas sociais das iniquidades em saúde no Brasil, do canal Fiocruz, no YouTube.
Referências
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BRASIL. IBGE. Conheça o Brasil – população. Consultado na internet em: 13 out. 2021.
 
BRASIL. Ministério da Educação. Analfabetismo no país cai de 11.5% para 8,7% nos últimos oito anos.
Consultado na internet em: em 01 out. 2021.
 
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Relatório Anual de Avaliação. Ano base
2007. Consultado na internet em: 01 out. 2021.
 
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iniquidades em saúde no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2008.
 
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HESSEL, R. Apesar do crescimento do PIB, dados mostram que Brasil nunca foi tão desigual. Consultado na
internet em: 13 out. 2021.
 
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	Aplicação da Epidemiologia na saúde
	1. Itens iniciais
	Objetivos
	Introdução
	1. Qualidade de vida e iniquidades sociais na saúde
	Qualidade de vida e determinantes sociais da saúde
	Conteúdo interativo
	Biológicos
	Econômicos e sociais
	Ambientais
	Modos de vida
	Relacionados ao acesso aos serviços
	Modelo de Dahlgren e Whitehead
	Exemplo
	Importância dos dados epidemiológicos para os DSS
	Conteúdo interativo
	Saúde como produção social
	Covid-19
	Relacionamento em sociedade
	Curiosidade
	Saúde como produção social
	Conteúdo interativo
	A comissão sobre determinantes sociais da saúde
	Conteúdo interativo
	Análise dos indicadores epidemiológicos
	Propostas
	Relações interpessoais e saúde
	Iniquidades em saúde no Brasil
	Conceituando iniquidades em saúde
	Origens das iniquidades em saúde no Brasil
	PIB per capita
	População
	Educação
	Saiba mais
	Perfil de mortalidade no Brasil
	Perfil de mortalidade alterado
	Novo perfil de mortalidade
	Violência e saúde
	Gênero
	Sexual
	Física
	Psicológica
	Urbana
	Saiba mais
	1990
	2015
	Saiba mais
	Atenção
	As iniquidades em saúde no Brasil
	Conteúdo interativo
	Aplicando o conhecimento
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	2. Epidemiologia aplicada por níveis de determinação
	Epidemiologia social
	Conteúdo interativo
	Epidemiologia social
	Epidemiologia genética
	Epidemiologia ambiental
	Epidemiologia clínica
	Epidemiologia nutricional
	Saiba mais
	Epidemiologia molecular e genética
	Epidemiologia do câncer
	Epidemiologia ambiental
	Epidemiologia das doenças infecciosas
	Dengue
	Surtos hospitalares causados por infecções bacterianas e virais
	Saiba mais
	A epidemiologia e controle das infecções hospitalares
	Conteúdo interativo

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