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Vigilância Epidemiológica das Infecções Virais e Fúngicas 
 
Prof. Alexandre Queiroz 
 
Unidade II 
 
 
 
 
VÍRUS 
 
1. Introdução 
 
Vírus, do latim, significa toxina/veneno. São agentes infecciosos (fig. 30) que 
causam doenças em diversos seres vivos. Em contrapartida, os vírus são muito 
utilizados em pesquisas científicas, pois seu genoma é fácil de ser manuseado e 
precisam de uma célula para a reprodução. Com isso, foram conhecidos muitos 
mecanismos das células. Hoje em dia, os vírus são utilizados na terapia gênica, 
como vetores2, 13. 
São seres parasitas intracelulares obrigatórios de estrutura simples. 
Possuem DNA ou RNA envolvido pelo capsídio. Alguns vírus podem apresentar um 
envoltório, também chamado de envelope (membrana lipoproteica). É devido a 
esse mecanismo simples que os vírus precisam de células animais, de 
microrganismos e vegetais para se reproduzirem, pois sozinhos não conseguiriam2. 
Fora da célula, o vírus é conhecido como vírion ou partícula viral (forma 
extracelular)13. 
 
 
 
Fig. 30: representação das formas virais. 
. 
 
2. Reprodução 
 
A reprodução viral acontece quando o vírus entra inteiro na célula ou injeta o 
material genético. O primeiro contato com a célula é chamado adsorção, sendo 
 
mediado pelas espículas ou fibras2, 14. Para que os vírus se liguem à célula, é 
necessário que seja a célula receptora, ou seja, a ligação de vírus com célula é 
específica. Por exemplo, os vírus que causam HIV só atingem células que 
possuem CD4 (linfócitos T auxiliadores)2, 14. 
O próximo passo de um vírus é aderir à célula para liberação de seu material 
genético. Há vários tipos de penetração celular. Um deles é através dos 
bacteriófagos ou fagos (fig. 31), que injetam seu ácido nucleico através da parede 
celular bacteriana2, 14. Nesses casos, há dois tipos de ciclo: o ciclo lítico, onde a 
bactéria é lisada (rompida), liberando dezenas de fagos isso com apenas um 
bacteriófago invasor. Esses novos fagos já possuem o potencial para invadir novas 
bactérias (fig. 32)14. 
O ciclo lisogênico (fig. 33) ocorre quando os bacteriófagos incorporam seu 
DNA ao cromossomo bacteriano, o que chamamos de profago. Sua multiplicação 
não é imediata após a penetração em uma bactéria. Quando isso acontece, a 
bactéria continua seu crescimento normal. Nas divisões das bactérias, o profago é 
transmitido para as células filhas. As bactérias que carregam e transmitem esse 
profago são chamadas de bactérias lisogênicas. O profago também pode se 
desvencilhar do cromossomo e iniciar um ciclo lítico a qualquer momento14. 
 
 
 
Fig. 31: estrutura de um bacteriófago. 
. 
 
 
Fig. 32: ciclo lítico. Fig. 33: ciclo lisogênico e ciclo lítico. 
. . 
 
O envelope de vírus envelopado pode ser englobado pela membrana 
plasmática da célula do hospedeiro. Esse mecanismo é chamado de endocitose. 
Pode ocorrer também a fusão do envelope dos vírus na membrana plasmática, 
liberando assim o nuclecapsídeo. Pode ainda ocorrer a translocação, em que toda 
a partícula viral é translocada pela membrana. 2 
 
3. Epidemiologia 
 
Há muitas doenças disseminadas no mundo que são causadas por vírus e 
suas formas de transmissão são variadas. Pode ser de pessoa para pessoa, por 
meio de gotículas e aerossóis, contato sexual, levar mãos contaminadas aos olhos 
e boca e através do contato de sangue de uma pessoa contaminada para outra2. 
A doença como a raiva, também provocada por um vírus, é transmitida 
através de mordedura de animais. Outros seres também podem ser transmissores, 
como os artrópodes, que também transmitem agentes patógenos virais por 
contaminação mecânica ou biológica2. 
Para que haja a transmissão, é necessário haver os reservatórios, que 
podem ser os que apresentam a forma clínica ou apenas portadores2. 
 
4. Diagnóstico 
 
Para um melhor diagnóstico, é necessário que se tirem amostras de material 
do paciente com suspeita da patogenia, para ser analisada a própria espécie 
 
clínica, de preferência no início do quadro infeccioso. Após o recolhimento, o 
laboratório faz o isolamento por meio de culturas celulares apropriadas2. 
Quando há dificuldade em se obter a amostra, o vírus em questão não pode 
ser cultivado ou seu cultivo é difícil, é indicado pesquisar os anticorpos, no soro do 
enfermo (apesar de esse tipo de diagnóstico não ser considerado rápido), detectar 
antígenos e ácidos nucleicos virais e utilizar PCR2. 
 
5. Doenças 
 
5.1. Gastroenterites virais 
 
5.1.1. Rotavírus 
 
Família Reoviridae, gênero rotavírus (fig. 34). São característicos de 
replicação no intestino, causando diarreia de três a oito dias e quadro de vômito 
nos três primeiros dias. O íleo também inflama, prejudicando o movimento 
peristáltico, podendo haver desidratação leve2. 
 As pessoas mais suscetíveis são crianças de seis meses a seis anos de 
idade. A maioria das pessoas que já foram infectadas são consideradas imunes do 
quadro mais grave. Crianças com deficiência em sua imunidade são as mais 
suscetíveis das formas mais graves2. 
Os sintomas são náuseas seguidas de vômitos, dores abdominais, febre e 
diarreia. Seu período de incubação é de 24 a 48 horas2. 
A transmissão acontece muito em épocas com temperaturas médias e 
umidade mais baixa, em ambientes familiares e hospitares2. 
Diagnóstico: exames de fezes. 
 Tratamento: no leite materno existe a proteção. Por isso, a amamentação é 
muito importante. Reidratação oral ou parental2. 
 
 
Fig. 34: rotavírus. 
. 
 
 
 
5.1.2 Calicivírus 
 
Família Caliciviridae, gêneros lagovírus, vesivírus, norovírus e sappovírus. 
Tem forma de depressões que lembram cálices. Ocasiona diarreia que dura de 
dois a quatro dias2. As pessoas mais suscetíveis são as crianças e adultos2. 
Os sintomas são idênticos à patogenia causada por rotavírus, e seu período 
de incubação é de 10 a 51 horas2. 
Esse tipo de vírus está relacionado a lugares com muitas pessoas como 
hospitais, escolas, ambientes familiares, universidades entre outros. Alguns tipos 
de alimentos também colaboram na disseminação, como ostras e mariscos mal-
cozidos ou crus, saladas, frutas e água2. 
Diagnóstico: transcrição reversa com PCR e ensaio imunoenzimático com 
utilização de antígenos. 
Tratamento: não há tratamento específico para esse tipo de gastroenterite2. 
 
 
5.1.3. Astrovírus 
 
Família Astroviridae, gênero astrovírus (fig. 35). Esses vírus não apresentam 
envelope. Seu material genético é RNA de fita simples e são cosmopolitas2. 
As pessoas suscetíveis são as que têm deficiência imunológica, crianças até 
sete anos de idade e pessoas idosas2. 
A transmissão pode ser fecal-oral, pode acontecer por meio de objetos 
contaminados, por pessoas que estejam contaminadas ou por modo direto. O 
período de incubação é de 24 a 36 horas2. 
Diagnóstico: exame de fezes, detecção de anticorpos e utilização de PCR2. 
Tratamento: não há um tratamento específico. Por ser moderada, não tem 
necessidade de tratamento. Quando há desidratação, é administrada água via oral 
ou intravenosa ou outro tipo de nutrientes. Em pessoas comprometidas 
imunologicamente é administrada injeção de imunoglobulina2. 
 
 
 
 
 
Fig. 35: astrovírus. 
. 
 
5.2. Hepatite 
 
Causada por diversos tipos de vírus que ocasionam inflamação no fígado. 
Existem vários tipos de hepatite: A, B, C, D e E2. 
 
5.2.1. Hepatite A 
Família Picornaviridade, gênero hepatovírus (fig. 36). Esses vírus atingem o 
fígado, não apresentam envelope, são resistentes ao calor podendo aguentar 
temperaturas altíssimas de até 60° C por mais ou menos dez minutos2. 
Os suscetíveis são todas as pessoas de todas as idades2. 
As pessoas contaminadas apresentammal-estar, mialgia, vômitos, febre, 
perda de apetite, características de uma icterícia. Apresentam também urina 
escurecida, fezes sem cor e pele amarelada2. 
 Os vírus podem ser transmitidos através de alimentos contaminados, água 
contaminada, via fecal-oral e parental. A melhor prevenção é a vacinação. Seu 
período de incubação é de dez a cinquenta dias2. 
Diagnóstico: testes sorológicos2. 
Tratamento: imunoglobulina humana normal administrada via intravenosa, 
por isso é modificada2. 
 
 
 
 
Fig. 36: hepatite A. 
. 
 
5.2.2. Hepatite B 
 
Família Hepadnaviridae, gênero orthohepadnavírus. São vírus envelopados 
e muito resistentes ao calor (fig. 37)2. 
Qualquer pessoa de qualquer idade pode ser contaminada, como 
profissionais da área da saúde, pessoas com muitos parceiros sexuais que não 
utilizam preservativo, recém-nascidos, entre outros2. 
Os sintomas são: icterícia. Em casos mais graves, pode levar à necrose do 
fígado, mas na maioria das vezes são subclínicas2. 
A transmissão é por via sanguínea, sexual e a mãe que está infectada pode 
transmitir ao bebê no período perinatal. O período de incubação é de 35 a 120 
dias2. 
As principais prevenções são a vacinação e a triagem correta dos doadores 
de sangue2. 
Diagnóstico: através dos antígenos, anticorpos, utilização dos métodos 
ELISA e PCR2. 
Tratamento: diminuir a replicação viral, minimizar as inflamações, uso de 
interferons e lamivudina2. 
 
 
 
Fig.37: vírus causador da hepatite B. 
. 
 
5.2.3. Hepatite C 
 
Vírus da família Flaviviridae, gênero hepacivírus. Estes vírus foram 
descobertos recentemente, dentro do contexto histórico2. 
Os sintomas são iguais aos dos demais tipos de hepatites. A transmissão 
ocorre via sanguínea, principalmente por seringas contaminadas. E a prevenção é 
feita pelo controle da transmissão. Seu período de incubação é de 2 a 26 
semanas2. 
Diagnóstico: detecção de anticorpos, soroconversão de antígeno, 
identificação do RNA pelo RT-PCR e análise da sequência de nucleotídeos2. 
Tratamento: utilização de drogas apropriadas conforme a genotipagem do 
vírus2. 
 
 
5.2.4. Hepatite D 
 
Gênero deltavírus, espécie Hepatitis delta vírus. Seu RNA é de fita simples, 
são envelopados. Esse tipo de hepatite é mais severo que os demais. Para a 
replicação, esse vírus precisa que haja infecção da hepatite B ao mesmo tempo2. 
Os sintomas são: icterícia, perda de apetite, náuseas e fadiga. A 
transmissão ocorre via sanguínea. A prevenção é a mesma recomendada para a 
hepatite B. O período de incubação é de três a sete semanas2. 
Diagnóstico: testes sorológicos. 
Tratamento: não existe tratamento específico. O mesmo tratamento dado 
ao paciente acometido pela hepatite B também é prescrito ao infectado com 
hepatite D2. 
 
 
5.2.5. Hepatite E 
 
Gênero HEV-like víruses, espécie Hepatitis E vírus (fig. 38). São vírus não 
envelopados, pequenos e de RNA de fita simples2. 
As pessoas mais suscetíveis são as de 15 e 45 anos, sendo o maior número 
casos de morte em mulheres grávidas2. 
Os sintomas apresentados são: icterícia, hepatomegalia, perda de apetite, 
febre, vômitos e dores abdominais2. 
A transmissão é via oral, muitas vezes pelo consumo de água contaminada. 
Para a prevenção, vacinas estão sendo estudadas2. 
Diagnóstico: por testes imunoenzimáticos, teste RT-PCR na fase mais 
grave, quando se detecta o vírus nas fezes e no sangue2. 
 Tratamento: não há tratamento próprio para essa forma de hepatite2.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig.38: vírus da hepatite E 
. 
 
 
5.3. HIV 
 
Esse vírus é conhecido como Vírus da Imunodeficiência Humana (Human 
Immunodeficiency Vírus, fig. 39), causador da doença chamada AIDS, também 
conhecida como a Síndrome da Imunodeficência Adquirida. O HIV é um retrovírus, 
possui envelope, RNA e transcriptase reversa (enzima). Essa enzima faz com que 
seja produzida uma molécula de DNA a partir de uma molécula de RNA, por isso 
retrovírus. Ataca as células CD4, deixando os pacientes portadores muito 
suscetíveis às doenças oportunistas14. 
 
 
 
Fig 39: reprodução do vírus HIV. 
. 
 
Essa doença é universal, mas as pessoas mais suscetíveis são as que 
compartilham seringas e as que não utilizam de preservativos no ato sexual2,15. 
Os principais sintomas são: aparecimento de tumores na pele e mucosas, 
entre outros órgãos. Os infectados podem ser acometidos por doenças oportunistas, 
que são causadas por fungos, outros vírus e bactérias. Dentre os sintomas de 
doenças oportunistas, citam-se: diarreia severa, cólicas abdominais, entre outros 
sintomas2, 14. 
A transmissão acontece pelo ato sexual, transfusão de sangue, 
amamentação, seringas contaminadas. Mulheres grávidas soropositivas podem 
transmitir HIV aos seus filhos2. 
Diagnóstico: o diagnóstico é feito por exames de sangue em que se faz a 
contagem de anticorpos, isolamento viral e pode-se detectar e fazer a contagem dos 
antígenos2. 
Tratamento: com ou sem sintomas, é necessário que se tome coquetéis 
antivirais ou antirretrovirais2, 14. O coquetel (fig. 40), como o nome diz, é a junção de 
várias drogas que inibem a transcriptase reversa e também as proteases. Esse 
coquetel é necessário, pois tenta evitar alguma mutação no vírus, para que não se 
torne resistente14. 
 
 
 
Fig. 40: representação do coquetel. 
. 
 
Prevenção: uso de preservativo (fig. 41) durante o ato sexual. Mulheres 
grávidas portadoras do HIV devem ser tratadas com os medicamentos antivirais 
adequados. Após o nascimento, a criança não deve ser amamentada. Em bancos de 
sangue é necessário que se faça os testes necessários para a positividade ou não, 
para que não haja contaminação via transfusão14. 
 
 
 
Fig.41: o preservativo colabora na prevenção do HIV. 
. 
 
 
5.4. Gripe (Influenza) 
 
 
É um vírus que atinge as vias aéreas e os pulmões. É uma doença que 
acomete pessoas de qualquer idade, mas crianças e idosos podem desenvolver a 
forma grave, gerando complicações como pneumonia e até a morte15. 
Os principais sintomas são dores de cabeça, dores no corpo, febre alta. Pode 
ocasionar a rinite ou mal-estar geral. 
A transmissão é de pessoa para pessoa, pelas gotículas salivares15. 
 
 
Fig. 42: representação da gripe. 
. 
 
 
 
5.4.1. Influenza H1N1 
 
É um subtipo da gripe sendo transmitida também como a gripe comum. O 
período em que as pessoas ficam suscetíveis, ou seja, período em que há maior 
incidência, é no outono e inverno15. Seus sintomas, que podem aparecer até dez 
dias após a contaminação, são: febre alta, dores no corpo e dificuldade em respirar. 
O tratamento é com medicamento antiviral16. 
No Brasil, em 2010, foi feita a primeira campanha nacional de prevenção 
contra a H1N1 (fig. 43). 
 
 
 
Fig. 43: vacinação. 
. 
 
 
5.4.2. Gripe aviária 
 
Essa gripe acomete as aves e outros animais, podendo atingir o ser humano 
pelo contato próximo, contato com fezes desses animais que morreram ao ser 
manuseadas. Outra característica desses vírus é que são sensíveis a altas 
temperaturas e a alguns desinfetantes. Sobrevivem em estercos por alguns meses e 
conseguem sobreviver na água em diferentes temperaturas de 22 a 0° C. O ser 
humano pode se prevenir lavando as mãos corretamente com água e sabão e, ao 
manusear aves, usar luvas e equipamentos necessários17. 
 
Fig. 44: a gripe atinge aves. 
. 
 
 
 
5.5. Raiva 
 
É um problema de saúde pública. O Rabies vírus afeta os invertebrados e 
vertebrados, causando a raiva e normalmente levando à morte2. 
 As pessoas que correm mais riscos são os profissionais que trabalham direto 
com os animais2. 
Os sintomas são: a pessoa se sente angustiada, com dor de cabeça, dor nolocal da mordida, sensibilidade à luz, sensibilidade ao som, hidrofobia. Atinge 
também o Sistema Nervoso Central, migrando para outros órgãos como o coração, 
rins, bexiga, entre outros. A transmissão se dá pela mordedura de animais 
contaminados2. 
 
 
 
Fig. 45: cão transmite a raiva. Fig. 46: morcego também transmite a 
raiva. 
. . 
 
O período de incubação em humanos é de duas a doze semanas, totalmente 
assintomático. A prevenção é a vacinação dos animais2. 
Diagnóstico: cultivo celular em animais de laboratório e presença de 
anticorpos2. 
Tratamento: assim que acontece a mordida, é necessário fazer a assepsia 
correta do local com água e sabão e depois dirigir-se a um hospital para que seja 
administrada a vacina2. 
 
 
 
5.6. Papilomavírus 
 
Pertence à família Papillomavidae, gênero Papillomavírus (fig. 47). Os vírus 
não são envelopados, são espécie-específicos. Seu cultivo é muito difícil e seu 
estudo foi possível pela clonagem molecular. São resistentes a dessecação, podem 
ficar no ambiente por longos períodos com o poder de infecção ativo. Esses vírus 
podem ser responsáveis por desenvolvimento de câncer2. 
As pessoas infectadas apresentam verrugas consideradas lesões benignas 
na pele. Apresentam também condilomas, que aparecem nas membranas mucosas. 
Esse tipo de vírus tem três classificações: os tipos cutâneos, que causam verrugas 
nas regiões genitais (fig. 48); os EV também causam verrugas, mas não em regiões 
genitais, que estão ligadas às pessoas com algum tipo de alteração às respostas 
imunes. A terceira e última classificação é a genital-mucosa, que atinge a pele e 
mucosa do aparelho genital2. 
 
 
 
Fig. 47: representação do Papilomavírus. 
. 
 
 
 
 
 
 
Fig. 48: o papilomavírus pode atingir regiões genitais. 
. 
 
 
Sua replicação é feita no epitélio escamoso estratificado. Para que haja 
contaminação, a pessoa tem que apresentar a porta de entrada, que é algum tipo de 
ferida ou traumas. A forma de contato é de pessoa-pessoa. Em crianças e jovens 
contaminados pode haver o aparecimento de verrugas em membros como mãos (fig. 
49) e pés (fig. 50), mas a contaminação mais frequente é no ato sexual. E o 
desenvolvimento do câncer é atribuído à alta infecção que perdura por anos, 
principalmente em pessoas com baixa imunidade, como os pacientes com AIDS2. 
 
 
 
Fig. 49: Papillomavírus –verrugas nas mãos. 
. 
 
 
 
 
 
Fig. 50: papilomavírus – verrugas nos pés. 
. 
 
As pessoas com vários parceiros sexuais são consideradas mais suscetíveis. 
O tempo de incubação é de dois a oito meses, na média2. 
Os exames para a identificação do vírus são muito importantes para prevenir 
os tipos de câncer além da prevenção no ato sexual. Vacinas estão em estudo2. 
 Diagnóstico: teste de hibridização DNA/RNA viral; ou amplificação in vitro 
dos genomas virais2. 
Tratamento: com medicamentos específicos, pode ser passado algum tipo de 
ácido como o salicílico nas verrugas, terapia com laser. Na excisão eletrocirúrgica, 
apesar de muitas das verrugas espontaneamente regredirem, o tratamento é feito, 
dependendo das lesões2. 
 
5.7. Rubéola 
 
Pertence a família Togaviridae, gênero Rubivírus, espécie Rubella vírus (fig. 
51). É envelopado e a doença geralmente é benigna. Pode até passar 
desapercebido, mas existe a rubéola aguda e a congênita, maioria com forma 
subclínica. O único hospedeiro é o ser humano2. 
O ambiente ótimo para replicação é o trato respiratório superior, e sua 
transmissão é pelas vias aéreas (vias respiratórias). Pode atingir também as vias 
linfáticas. Podem ocorrer erupções quando atinge os nódulos linfáticos2. 
Os sintomas podem ser erupções, conjuntivite, faringite, linfoadenopatia, na 
rubéola clínica (fig. 52) 2. 
 
 
 
 
Fig. 51: vírus da rubéola. 
. 
 
 
 
 
Fig. 52: representação da rubéola na pele de criança. 
. 
 
Outros sintomas podem ser as malformações no bebê se a mulher grávida for 
infectada nos três primeiros meses de gestação, podendo ocorrer o aborto. Caso 
tenham passado os três meses iniciais da gravidez e a mulher for infectada, a 
criança pode nascer contaminada, podendo perder a audição, apresentar glaucoma, 
retinopatia, entre outros problemas. Esta é a rubéola congênita2. 
Seu período de incubação é de sete a nove dias. Depois disso, a pessoa já se 
torna infectante2. 
 
Diagnóstico: exames sorológicos como detecção de anticorpos, isolamento 
dos vírus2. 
Tratamento: não há tratamento específico, mas existe a prevenção com 
vacinas e no Brasil há campanha todo o ano2. 
 
 
5.8. Febre Amarela 
 
Família Flaviridae, gênero Flavivírus, espécie Yellow fever vírus, esses vírus 
são envelopados. A febre amarela é uma zoonose e sua contaminação acontece 
com a picada de um artrópode que esteja infectado (fig. 53) 2. 
 
 
 
Fig. 53: lugares de maior risco no Brasil. 
. 
 
 
 Sua primeira multiplicação acontece nos linfonodos, chegando à circulação 
sanguínea e atingindo vários órgãos como o fígado, baço, rim, gânglios linfáticos e 
medula óssea. Pode causar a morte devido à necrose no fígado e rins2. 
Os sintomas iniciais são de febre, calafrios, náuseas, vômitos, dores de 
cabeça, podendo chegar à icterícia. Quando a doença atinge o estágio mais grave, o 
paciente apresenta aproteinúria e hemorragias2. 
A transmissão acontece das seguintes formas: a febre amarela urbana 
acontece por meio do mosquito Aedes, focando o Aede aegypti (fig. 54), que, depois 
de haver picado um indivíduo contaminado, vira vetor de contaminação. No meio 
urbano há muito desenvolvimento desse mosquito, pois muitas pessoas deixam 
água parada, lugar propício para seu desenvolvimento. Assim que o mosquito torna-
se infectante, seu potencial infectante é por toda a sua existência2. 
 
A febre amarela silvestre, além do Aedes, pode ser transmitida pelos 
mosquitos Sabethes e Haemagogus (fig. 55), acometendo macacos. Estes vão aos 
lugares que têm humanos, sendo picados por mosquitos , os quais infectam os 
seres humanos2. 
 
 
 
Fig. 54 Aedes aegypti Fig. 55 Haemagogus leucocelaenus 
. 
. 
 
 
Todas as pessoas são suscetíveis, mas nas crianças a doença é mais suave. 
A incubação é três a seis dias. A prevenção é feita com vacinação e controle dos 
vetores2. 
Diagnóstico: estudos histopatológicos, hibridização de ácidos nucleicos, 
detecção de antígenos2. 
Tratamento: com alguns antivirais, sendo chamado de tratamento suporte2. 
 
5.9. Hantavírus 
 
Família Bunyaviridae, gênero hantavírus (fig. 56). Os vírus desse gênero são 
envelopados e transmitidos por roedores, que são seus hospedeiros. Estes vírus 
atingem as células endoteliais2. 
 
 
 
Fig. 56: hantavírus. 
. 
 
 
Nos roedores não há manifestação clínica. No ser humano pode causar febre 
hemorrágica e síndrome renal ou a síndrome pulmonar, dependendo do hantavírus2. 
A transmissão acontece pela excreção e secreção dos roedores via aerossóis 
(fig. 57), água contaminada, mordida de roedores. Pessoas que trabalham 
diretamente com esse tipo de animais também podem ser contaminadas. O tempo 
de incubação é de sete a vinte um dias2. 
 
 
Fig. 57: fatores de risco – síndrome pulmonar. 
. 
 
Os sintomas da síndrome renal lembram os sintomas da gripe, podendo 
evoluir para hipotensão com trombocitopenia com hemorragias e choque. Sintomas 
da síndrome pulmonar lembram também a gripe, seguida de edema pulmonar 
 
dispineia, hipóxia e hemoconcentração. A prevenção consiste no controle dos 
roedores2. 
Diagnóstico:detecção de anticorpos específicos, teste imunoenzimático 
(capturar IgM)2. 
Tratamento: controle das funções hemodinâmicas2. 
 
5.10. Dengue 
 
Família Flaviviridae, gênero flavivírus, espécie dengue vírus (fig. 58), também 
transmitida por um artrópode. Possui quatro tipos de sorotipos, sua multiplicação 
acontece no mosquito2. 
Os sintomas variam de febre (39 a 40o C), calafrios, dores de cabeça, 
mialgias, astralgia, atingindo as vias respiratórias e ocasionando rinite e tosse. Pode 
haver perda de apetite e diarreia para a dengue clássica, dentre outros sintomas. 
Nos casos mais graves (dengue severa), hemorragias, hipotensão e choque, 
podendo chegar a óbito2. 
 O vetor dessa doença também é o mosquito Aedes aegypti. Os países 
tropicais são os mais atingidos. Devido à existência de quatro sorotipos, a pessoa 
pode ser acometida pela infecção várias vezes. Todas as pessoas estão suscetíveis, 
mas as que têm mais de quatorze anos são as mais atingidas. Como na febre 
amarela, deixar água parada é agravante para a proliferação da patogenia2. 
A principal prevenção é o controle dos vetores, com educação da população, 
uso de inseticidas e larvicidas2. 
Diagnóstico: isolamento viral e teste sorológico. 
Tratamento: com analgésicos, antipiréticos e muito repouso. 
 
 
Fig. 58: vírus da dengue. 
. 
 
 
 
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