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Resumo do Rubin - Cap 9, 12, 15 e 16

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Capítulo 9 - Situação econômica francesa nos meados do século XVIII
Colbert, ministro de XIV aplicou políticas mercantilistas com muita intensidade, procurando usar o Estado para a implantação do comércio dos transportes e da indústria, com o objetivo de tornar o país rico e abastecer o tesouro estatal e também enfraquecer politicamente a aristocracia feudal. Para tal, ele empreendeu uma reforma alfandegária e unificou as várias alfândegas existentes no país, que estavam sobre o controle dos lordes feudais. Na tentativa de desenvolver o comércio exterior, ele encorajou o desenvolvimento do comércio com as Américas e com as Índias, proibindo a importação de bens industriais estrangeiros para inplantar novos ramos da indústria na França, especialmente voltados a exportação. Para assegurar que a indústria teria mão de obra e matérias-primas baratas, ele baniu a exportação de cereais e materiais primários, prejudicando muito a agricultura, procurado a redução dos preços dos cereais.
A indústria, implantada às custas do Estado, foi totalmente submetida ao mais estrito controle estatal. Para garantir que as mercadorias francesas venceriam a concorrência francesa, lhes era exigido pelo Estado que fossem de alta qualidade. Portanto, haviam inúmeras regulações e instruções que definiam os mais meticulosos detalhes de cada manufatura: o comprimento, a largura, etc..
Em um primeiro momento, essas políticas mercantilistas adotadas por Colbert foram coroadas com um brilhante sucesso, a França ocupou seu espaço no topo nas nações comerciais e industriais na Europa. Mas o sucesso era frágil, como pode ser observado. Num país onde a população era predominantemente formada por camponeses arruinados pelas exações da nobreza, a indústria capitalista tinha pouco espaço pra avançar. As novas manufaturas não garantiram ao Estado uma nova fonte de renda, pelo contrário, exigiam privilégios e subsídios usuais, aboservendo assim uma parte de recursos. Os sonhos da França de ver sua indústria conquistas vastos mercados e colônias estrangeiras ficou para trás; a Inglaterra foi quem tomou a dianteira, deixando a França pra trás.As regulações que Colbert introduziu na indústria na realidade ser tornaram um obstáculo a implantação de melhores técnicas, inibindo a diversificação da produção e impedindo que os industriais se adaptassem rapidamente as demandas do mercado.
Se a França tivesse uma agricultura desenvolvida, sua indústria poderia ter estabelecido um extenso mercado interno, especialmente quando se leva em conta a grande população do país e a compara com a população inglesa. No entanto, a fraca agricultura se mostrou como uma base muito estreita para o crescimento da indústria capitalista.
Apesar de tudo isso, o golpe mais forte no crescimento da indústria capitalista francesa não foi a política mercantilista de fato, mas a sua implementação em um país de camponeses empobrecidos ao mesmo tempo em que preservaram o sistema senhorial e a monarquia absoluta. Mesmo que a servidão já tivesse sido abolida, os camponeses ainda eram submetidos a inúmeros pagamentos e obrigações feudais. Além disso, haviam impostos estatais que pesavam sobre os ombros da economia camponesa. A monarquia absoluta requeria grandes quantias para manter sua burocracia centralizada e seu exército. 
A realidade da situação é que a agricultura na França no século XVIII estava em profundo declínio e extrema devastação. A política de redução de preços não surtiu o efeito desejado. Como a venda de cereais dentro do próprio país sofria uma forte regulação, não podendo ser vendida fora dos mercados, em algumas localidades o preço dos cereais era alto e em outras era baixo e havia uma forte flutuação de ano a ano, criando uma forte incerteza.
Arruinados por pagamentos ao senhor e ao Estado e sofrendo sob a política do preço dos cereais, a economia camponesa era incapaz de acumular os meios para realizar melhorias nas técnicas agrícolas. Sua baixa produtividade aliada ao baixo preço dos cereais reduziram a receita do camponês enquanto suas obrigações (impostos) iam aumentando cada vez mais. A questão passou a não ser simplesmente ter as condições que possibilitassem a melhoria da agricultura e sua expansão mas o rompimento abrupto com a reprodução da agricultura em seu nível mais básico.
A degradação da agricultura da França no século XVIII foi um sinal claro de que havia uma grande contradição entre a necessidade de desenvolver as forças produtivas e o antiquado regime político. Para que a França pudesse desenvolver sua economia capitalista, era necessário um avanço na agricultura - mas uma condição para isso era a subtituição do sistema senhorial por formas burguesas de posse de terra. Em meados do século XVIII isso já era claro, mas haviam duas vias contraditórias de fazê-lo: o jeito inglês que era privar os camponeses da terra e deixar que os lordes se tornassem grandes proprietários de terra, expulsando gradualmente qualquer pequeno proprietário, ainda sim cobrando impostos dos camponeses que trabalham na terra e arrendando-a para agricultores prósperos; o outro jeito era um jeito mais "revolução francesa", onde os camponeses seriam libertos de todos os pagamentos e obrigações senhoriais e se tornariam os únicos proprietários da terra que cultivavam.
Todavia, em meados do século XVIII, uma solução revolucionária da questão agrária ainda parecia fora do horizonte. O único caminho pelo qual a agricultura poderia florescer parecia ser o jeito inglês. Acima de tudo, esse tipo de reforma agrária capitalista atendia aos interesses dos agricultura e das camadas mais prósperas do campesinato, isto é, de uma burguesia rural (terceiro estado), trazendo grandes vantagens para os proprietários rurais que teriam seu direito de propriedade garantido e receberiam renda. Esse tipo de reforma encontrou espaço nos fisiocratas, que dedicavam a criar condições favoráveis para tal.
Como vimos, a agricultura francesa sofria, em primeiro lugar, com a baixa produtividade da terra e colheitas pobres; em segundo lugar, com os preços baixos dos cereais; e em terceiro lugar, com as pesadas obrigações senhoriais e impostos estatais. Os fisiocratas reivindicavam que todas essas condições se desfizessem: primeiramente, eles defenderam a racionalização da agricultura nos termos do modelo inglês; em segundo lugar, lançaram um ataque intenso contra a política de redução dos preços dos cereais e clamaram tanto pelo livre comércio quanto pela livre exportação de cereais; e em terceiro lugar, uma completa desoneração da classe agrícola, removendo todos os impostos que incidem sobre a renda paga aos proprietários rurais.
No entanto, os fisiocratas não se limitaram a pregas reformas em favor do incremento da agricultura e do maior enriquecimento da burguesia rural. Eles tentaram conferir a seu programa prático uma fundamentação teórica e argumentavam que, apenas com a implementação de suas reformas se poderia assegurar que o processo de reprodução social prosseguiria normalmente. O líder dos fisiocratas, Quesnay, com sua teoria de reprodução social e a teoria do produto líquido realizou a primeira tentativa de analisar a economia capitalistas como um todo e, embora o programa prático dos fisiocratas tenha fracassado, suas ideias teóricas, uma vez libertadas de sua unilateralidade e equívocos, foram apropriadas e desenvolvidas pelas correntes posteriores da ciência econômica (escola clássica e Marx), conferindo assim a Quesnay a imortalidade como um dos fundadores da economia política moderna.
Capítulo 12 – A agricultura de pequena e grande escala
A nova teoria fisiocrata que temos agora de analisar tinha como tarefa a investigação e a descoberta das leis naturais da economia. Os fisiocratas estavam convencidos de que podiam encontrar leis econômicas eternas e imutáveis que estariam de acordo com as leis da natureza e trariam o máximo de vantagem para a humanidade. Eles elegeram como objeto de seu estudo teórico e como ideal de sua política econômica a agricultura capitalistade grande escala.
Os fisiocratas viam a Inglaterra de seus dias como um exemplo de rápida expansão do cultivo de grande escala e da paralela racionalização na agricultura. Eles se tornaram zelosos defensores de novos métodos agrícolas, somente alcançados por altos investimentos que só podiam ser mantidos por agricultores e larga escala. Daí eles se tornaram os defensores do “cultivo de larga escala, próspero e científico” que eles contrapunham ao atrasado “cultivo de pequena escala” do campesinato.
Os fisiocratas nunca se cansaram de enfatizar a baixa produtividade das fazendas cultivadas por camponeses que pagavam impostos e obrigações, que usavam ferramentas muito primitivas, não utilizavam fertilizantes e nem possuíam muito gado. Como resultado, a produção total de suas terras era insignificante.
Portanto, os fisiocratas propuseram uma reforma agrária direcionada ao rompimento daquelas amarras feudo-senhoriais que mantinham o proprietário rural aristocrata preso aos camponeses que pagavam impostos e obrigações. A terra deveria ser gradualmente expropriada desses últimos e arrendada em grandes áreas aos grandes agricultores. Aos estratos mais pobres do campesinato, não haveria outra opção senão tornar-se trabalhadores dos novos fazendeiros. As obrigações senhoriais seriam substituídas por um contrato voluntário entre o proprietário de terra e o agricultor. A fazenda camponesa de escala pequena e semifeudal cederia espaço a grande fazenda capitalista. Esse tipo de reforma agrária representaria uma forma de compromisso entre a burguesia rural, que lucraria com isso consideravelmente, e os grandes proprietários fundiários, que preservariam seu direito de propriedade da terra e receberiam renda. A ordem senhorial no campo seria suplantada por uma agricultura capitalista mais progressiva. Entretanto, essa reforma seria realizada a custa da ampla massa dos camponeses, que, como no caso da Inglaterra, seriam privados de terras e proletarizados.
Todavia, os fisiocratas não se assustavam nem um pouco com tá perspectiva. Ao contrário, esses lhes parecia ser o único caminho de superação da crise agrícola. Para que esse tipo de agricultura ganhasse uma implantação extensiva, o maior número possível de fazendeiros-capitalistas teria de ser atraído para o campo e essa era a principal tarefa que os fisiocratas assumiram para si próprios.
O conjunto da política econômica fisiocrata era designado a incentivar o fluxo de capitais das cidades para o campo, do comércio e da indústria para a agricultura. Para esse fim, o preço dos cereais deveria ser mantido alto, pois faria da agricultura um empreendimento especialmente rentável. Também para esse fim, seria preciso garantir ao agricultor a inviolabilidade do capital que ele investiu e livrá-lo das obrigações pessoais e impostos rurais. Para eles, o maior mal das políticas mercantilistas é que, ao estimular artificialmente o comércio e a indústria, e graças ao sistema de empréstimos estatais e de coleta de impostos, elas “separam as finanças da agricultura e privam o campo da riqueza necessária para a melhoria da propriedade rural e para as operações implicadas no cultivo da terra”.
O ideal fisiocrata não era, portanto, a agricultura de mercadorias que produz para o mercado e é organizada por fazendeiros capitalistas. Eles compreenderam que somente a aplicação do capital na agricultura aumentaria a produtividade desta última e tornaria possível a extração de um “produto líquido” (receita líquida). Daí se segue que, quando os fisiocratas falam da agricultura como a única fonte de riqueza, eles não têm em mente a agricultura em geral, mas especificamente a capitalista.
Mas o que é esse capital que desempenha funções tão cruciais na produção? Como os fisiocratas se preocupavam fundamentalmente com o efeito do capital no aumento da produtividade agrícola, é natural que eles o considerassem sob o seu aspecto técnico-material, a totalidade dos meios de produção no sentido amplo do termo. Contra a confusão mercantilista de capital com dinheiro, os fisiocratas ressaltavam persistentemente que não é o dinheiro em si mesmo que constitui o capital, mas os meios de produção que o dinheiro compra e que contribuem para uma maior produtividade no trabalho.
Desse modo, os fisiocratas foram precursores do conceito “econômico-nacional” de capital (como a totalidade dos meios de produção), ainda hoje comum na ciência econômica burguesa. Apesar do fato de esse conceito padecer de sua desconsideração do aspecto social do capital, ele representa, no entanto, um progresso real em relação a doutrina mercantilista uma vez que desloca o foco da análise para a produção.
Os fisiocratas também analisaram o capital em seus diferentes elementos naturais. Entre tais elementos, eles incluíram o gado, os instrumentos agrícolas, as sementes, os meios de subsistência para os trabalhadores, a forragem para o gado, etc. Além dessa análise dos componentes materiais do capital, os fisiocratas foram também os primeiros a estabelecer distinções no interior do capital de acordo com a velocidade com a qual ele circula e também diferenciaram capital fixo de capital circulante.
Capítulo 15 – O Tableau Économique de Quesnay
Tendo tratado da doutrina fisiocrata sobre as diferentes classes sociais e ramos de produção, podemos agora passar a análise do famoso Tableau Économique, cujas linhas esboçam a figura da reprodução e distribuição do produto social inteiro entre as várias classes e ramos de produção.
Quesnay escreveu a primeira visão do Tableau économique em 1758. Como sabemos, Quesnay divide a sociedade em 3 classes básicas: a classe dos “proprietários” (proprietários de terra, incluindo a Coroa e o clero); a classe “produtiva” (os agricultores) e a classe estéril (a população comercial-industrial, profissionais liberais, etc.) Como então, o produto social total criado no curso do ano é distribuído entre essas 3 classes?
Tomemos o ponto no qual o ano produtivo se encerra e o novo ano está apenas começando, ou seja, quando a classe produtiva já realizou a colheita, cujo valor é de 5 bilhões de libras. Para obter essa colheita, os agricultores realizaram os seguintes gastos ao longo do ano: um capital circulante de 2 bilhões de libras (subsistência para todos aqueles envolvidos no cultivo, forragem, sementes, etc.) e 1 bilhão de libras para o reparo e renovação do capital fixo (instrumentos, gado), ou seja, 10% de 10 bilhões de libras, que é o valor total do estoque de capital fixo. Os agricultores gastaram então um total de 3 bilhões de libras e receberam uma colheita no valor de 5 bilhões. O excedente dos 2 bilhões é o produto ou rendimento líquido que o cultivo gerou e que vai para os senhores rurais (os proprietários) como renda. Os agricultores já haviam pago esses 2 bilhões em renda aos senhores rurais, em dinheiro, no início do ano e é em dinheiro que eles guardam essa quantia. Por fim, a classe “estéril” começa o novo ano produtivo com um estoque de bens industriais no valor de 2 bilhões, que eles teriam manufaturado durante o ano recém-terminado. Assim, no início do novo ano produtivo, nossas 3 classes possuem o seguinte:
Os agricultores têm um estoque de produtos agrícolas no valor de 5 bilhões de libras (4 bilhões em alimento e 1 bilhão em matérias-primas para a indústria)
Os proprietários têm 2 bilhões de libras em dinheiro
Os industriais têm 2 bilhões de libras em manufaturas industriais estocadas.
Então, tem início um processo de troca ou circulação entre essas 3 classes que consiste numa série de atos de compra e venda entre elas. O primeiro ato de circulação é para os proprietários, a compra de 1 bilhão em gêneros alimentícios dos agricultores para sua própria manutenção ao longo do ano. No segundo ato de circulação, os proprietários tomam seu bilhão de libras restante e compram produtos industriais para seu próprio consumo. No terceiro ato de circulação, os industriais, que receberam 1 bilhão em dinheiro dos proprietários tomam esse dinheiro para comprar dos agricultoresos gêneros alimentícios necessários para sua própria manutenção ao longo do ano. No quarto ato de circulação, os agricultores tomam o dinheiro recém-adquirido dos industriais e o empregam para comprar de volta deles 1 bilhão de libras em itens industriais, que digamos, consista em ferramentas e outros implementos requeridos para reparar e restaurar seu capital fixo. Finalmente, no quinto ato de circulação, os industriais tomam o dinheiro recém-recebido dos agricultores para comprar destes 1 bilhão de libras em matérias-primas que serão trabalhadas na indústria. Por fim, os agricultores acabam com gêneros alimentícios no valor de 2 bilhões de libras (para sua própria subsistência), 1 bilhão em produtos industriais e 2 bilhões em dinheiro; os proprietários têm gêneros alimentícios no valor de 1 bilhão de libras e 1 bilhão de libras em produtos industriais; os industriais têm 1 bilhão em gêneros alimentícios e 1 bilhão em matérias-primas.
Mesmo com toda sua simplicidade, o esquema de Quesnay foi a primeira tentativa engenhosa de descrever os processos de reprodução, circulação, distribuição e consumo dos produtos de uma sociedade como um todo unificado. A intenção dele é traçar o caminho da reprodução social, ou seja, revelar aquelas condições que tornam possíveis a repetição periódica e ininterrupta do processo produtivo. Apesar de todo o processo de circulação ser reduzido a cinco atos de compra e venda entre diferentes classes, ele abrange milhares de transações entre os mesmos que são combinadas no tableau como uma compra única. Como aqui ele está interessado em analisar os aspectos sociais e classistas desses atos de circulação, ele ignora as transações entre membros de uma mesma classe.
Como resultado desse processo de circulação, o produto social agregado é distribuído entre as diferentes classes sociais de maneira a permitir que o processo retorne ao seu nível anterior. Os agricultores têm 2 bilhões em gêneros alimentícios para sua subsistência, 1 bilhão em bens industriais para renovar a porção depreciada de capital fixo. Eles foram assim, recompensados pela totalidade do seu capital circulante mais seu capital fixo desgastado e podem começar seu processo de produção em seu volume anterior, obtendo uma colheita de 5 bilhões de libras ao final do ano. A classe industrial tem seus meios necessários de subsistência (no valor de 1 bilhão) mais as matérias-primas (também no valor de 1 bilhão), que, quando trabalhadas no ano vindouro, resultarão na manufatura de bens acabados no valor de 2 bilhões de libras. Como o valor dos bens industriais é igual ao valor das matérias primas mais o valor dos meios de subsistência consumidos pelos industriais, é óbvio que a indústria não cria nenhum rendimento líquido. Os agricultores e industriais têm, portanto, estoque suficiente de produtos tanto para seu consumo pessoal quanto para repetir o processo de produção. Finalmente, os proprietários de terra têm aqueles gêneros alimentícios e as mercadorias necessárias para o consumo de um ano.
O caso que Quesnay examina em seu Tableau é o de uma reprodução simples. No entanto, ele sabia que haviam duas outras formas de reprodução: a reprodução em escala aumentada e em escala diminuída (aumento ou diminuição no produto líquido produzido, que dependeria do capital investido na agricultura). Ele chega à conclusão de que se uma economia prospera, permanece estacionada ou declina é algo que depende da expansão, estagnação ou redução dos gastos básicos na agricultura. Daí, seguem os dois princípios básicos da política econômica dos fisiocratas: primeiro a necessidade de introduzir o livre-comércio e de aumentar o preço dos cereais de modo a estimular o fluxo de capital para a agricultura; segundo, a necessidade de proteger esse capital agrícola das reinvindicações excessivas dos proprietários rurais e do Estado.
Capítulo 16 – Política econômica
Os fisiocratas eram críticos fervorosos de qualquer interferência estatal na liberdade estatal na liberdade de comércio e indústria. Eles reivindicavam a remoção da regulação estrita e mesquinha do mercantilismo sobre a vida econômica. Os fisiocratas eram ideólogos do livre-comércio e, nesse sentido, os precursores da escola clássica. Mas, havia uma diferença fundamental entre o tipo de comércio defendido pelos fisiocratas e aquele proposto pelos economistas clássicos. Tanto os fisiocratas como os economistas clássicos protestavam contra a política mercantilista, que havia trazido riqueza para alguns setores privilegiados da burguesia comercial; ambos clamavam que os interesses do capital mercantil fossem subordinados ao capital produtivo. No entanto, quando os economistas clássicos entendiam o capital produtivo fundamentalmente como capital industrial e visavam pavimentar o caminho para o forte avanço da indústria, os fisiocratas privilegiavam, como vimos, os interesses do capital agrícola. Economistas clássicos foram os porta-vozes do livre comércio Industrial; o livre comércio defendido pelos fisiocratas era agrário.
O que movia o ataque furioso dos fisiocratas ao mercantilismo era o fato de que, para este, criara uma aguda divergência entre os preços dos produtos industriais e agrícolas: enquanto os monopólios usufruídos por industriais, comerciantes e guildas haviam tornado os produtos industriais excessivamente caros, os preços dos cereais eram artificialmente depreciados pela proibição de sua exportação. Os fisiocratas pretendiam eliminar essa divergência promovendo um aumento no preço dos cereais e uma baixa nos preços industriais.
Os fisiocratas procuraram dar uma fundamentação teórica a suas demandas práticas; eles pretendiam demonstrar teoricamente a vantagem dos altos preços dos cereais. Para tanto, lançaram sua teoria de reprodução, que ocupa um lugar central no sistema fisiocrata. O aumento dos preços dos cereais tornaria a agricultura um empreendimento mais lucrativo e atrairia capitais para ela, expandindo a reprodução e causando um aumento no rendimento líquido. Para alcançar o ideal de preços industriais baixos, eles eram a favor de sua importação. Assim, o ideal fisiocrata de política comercial externa era vender cereais para o exterior a preços altos e, em contrapartida, comprar do exterior manufaturas industriais baratas.
Os fisiocratas defendiam que todas as formas de impostos diretos e indiretos fossem substituídas por um imposto único que recaísse sobre os proprietários, o capital agrícola deveria ser tratado com inviolável para manter seu processo de reprodução na trilha adequada.

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