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4 - PERSONALIDADE JURÍDICA E DOMICÍLIO

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Direito Civil – Personalidade Jurídica e Domicílio
4 – PERSONALIDADE JURÍDICA E DOMICÍLIO
Personalidade Jurídica
Conceito: Lembra-nos Clóvis Beviláqua que a personalidade para o direito não é apenas um processo de atividade psíquica, mas sim uma criação social moldada pela ordem jurídica. Para o direito a personalidade é a aptidão genérica para se titularizar direitos e contrair obrigações na ordem jurídica, ou seja, é a qualidade para ser sujeito de direito. 
Em que momento a pessoa física adquire personalidade jurídica?
Em uma interpretação literal, à luz do artigo 2° do CC (primeira parte), a personalidade civil é adquirida a partir do nascimento com vida.
Obs.: Nascer com vida significa o funcionamento do aparelho cardiorrespiratório do recém-nascido (ver resolução n° 1/88 – CNS – material de apoio). Diferentemente do art. 30 do CC da Espanha, o direito brasileiro, à luz do princípio da dignidade da dignidade humana, não exige do recém-nascido forma humana, nem tempo mínimo de sobrevida.
Teorias explicativas do nascituro.
Natalista: para esta teoria, o nascituro é apenas um ente concebido ainda não nascido, desprovido de personalidade. Vale dizer, o nascituro não é pessoa, gozando apenas de mera expectativa de direitos. Maioria da doutrina brasileira. (Vicente Ráo, Eduardo Espínola e Sílvio Rodrigues)
Personalidade condicional: para esta teoria, ao ser concebido o nascituro teria uma simples personalidade formal, permitindo-lhe gozar de direitos personalíssimos; no entanto, só viria adquirir direitos patrimoniais sob a condição de nascer com vida. (Serpa Lopez)
Concepcionista: para esta teoria, com base no direito Francês, o nascituro seria considerado pessoa para efeitos patrimoniais ou extrapatrimoniais desde a concepção (Teixeira de Freitas, Clóvis Beviláqua e Silmara Chinelato).
Obs.: Com base na teoria concepcionista, inúmeros direitos podem ser reconhecidos ao nascituro, inclusive o direito aos alimentos (ver material de apoio).
O nascituro tem direito a alimentos, segundo algumas poucas decisões (ver material de apoio).
Também com base na teoria concepcionista, vale lembrar que o STJ já admitiu inclusive, no Resp 399.028, dano moral ao nascituro.
Conceitos distintos.
Nascituro: aquele ente concebido no ventre materno. É o embrião com vida intra-uterina. 
Embrião: pode tanto ter vida em laboratório, como no ventre materno.
Natimorto: é o nascido morto. É o feto expelido já morto.
O enunciado n°1 da primeira jornada de direito civil afirma que o natimorto goza de tutela jurídica no que tange ao nome, à imagem e à sepultura.
Qual teoria que o Código Civil adotou?
Aparentemente, seguindo e a linha de Clóvis Beviláqua (CC/16) o codificador ao afirmar que a personalidade da pessoa começa do nascimento com vida, pretendeu abraçar a teoria natalista, mas em inúmeros pontos do próprio código sofre inequívoca influência da teoria concepcionista.
Vide Súmula 277 do STJ, sobre os alimentos em ação de reconhecimento de paternidade que, uma vez reconhecida esta, são devidos desde a citação.
Capacidade
Fundamentalmente a capacidade se desdobra em:
Capacidade de direito: segundo Orlando Gomes, confunde-se com o próprio conceito de personalidade, ou seja, é a capacidade jurídica genericamente reconhecida a qualquer pessoa.
Capacidade de fato: significa a capacidade de pessoalmente exercer atos da vida civil. É a chamada capacidade de exercício. Logicamente nem toda pessoa tem.
Capacidade civil plena: a soma da capacidade de direito e capacidade de fato.
Obs.: não confunda capacidade e legitimidade. A falta de legitimidade significa que, mesmo sendo capaz, a pessoa está impedida por lei de praticar determinado ato. Ex. casamento de irmão maiores entre si.
Todos têm capacidade de direito, mas nem todos têm capacidade de fato. A falta desta gera a incapacidade civil e a nulidade absoluta ou relativa do ato.
Incapacidade Absoluta
Dispõe o art. 3º do CC “São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
Os menores de 16 anos; 
Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;
Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir a sua vontade”.
Incapacidade absoluta é a falta de aptidão para exercer pessoalmente qualquer ato da vida civil. Exceção: No direito do trabalho, o maior de 14 anos de idade pode atuar como aprendiz. 
A integração da incapacidade de fato ocorre por meio da REPRESENTAÇÃO. Podem ser representantes: os pais (com poder familiar sobre o menor), tutor (menor de idade que não possui os pais) ou curador (maior de 18 anos absolutamente incapaz). O representante assina em nome do absolutamente incapaz.
A incapacidade jurídica não é excludente absoluta de responsabilidade patrimonial, segundo art. 928 CC, “O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. P.U. “A indenização prevista nesse artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem”.
Sanção pela realização de atos sem mediação = NULIDADE ABSOLUTA (art. 66 do CC) – Ato não produz efeitos desde quando foi praticado.
Espécies de Incapacidade Absoluta:
Menor de 16 anos: O legislador considera que a pessoa é inteiramente imatura para atuar na órbita do direito. ATENÇÃO! Enunciado nº 138 da III Jornada de Direito Civil “A vontade dos absolutamente incapazes, na hipótese do inciso I do art. 3º é juridicamente relevante na concretização de situações existenciais a eles concernentes, desde que demonstrem discernimento bastante para tanto”.
Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos: Sem o necessário discernimento = é aquele que não tem discernimento para a prática dos atos da vida civil (a pessoa pode tê-lo para outras tarefas, mas não para os atos da vida civil).
Enfermidade = é uma doença que pode ter cura.
Deficiência Mental = é um estado adquirido.
Senil = é idoso. NÃO é absolutamente incapaz. 
A incapacidade deve ser oficialmente reconhecida por meio de procedimento de interdição. A doutrina chama de incapacidade natural a doença ou deficiência mental ainda não reconhecida juridicamente e na esteira dos ensinamentos de Silvio Rodrigues, o negócio jurídico praticado pelo incapaz natural valerá se a outra parte estava de boa-fé e ignorava a doença mental que o afetava. Por outro lado, se a alienação era notória ou podia ser descoberta por alguma diligência a proteção à boa-fé não mais ocorre e o negócio jurídico não produzirá seus efeitos. Por fim, ressalta-se que, declarada juridicamente a incapacidade, os atos praticados pelo incapaz não serão mais considerados válidos, ainda que praticado em momento de perfeita lucidez.
Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir a sua vontade: São os impedidos de exprimir a sua vontade temporariamente. Estes são elementos essenciais e é imprescindível que ocorram ao mesmo tempo. Ex. Sujeito em coma.
Importante! A teoria da culpa anterior ou preexistente, aplicação da teoria da “actio libera in causa” no direito civil, justifica a responsabilidade civil do alienado que se haja colocado voluntariamente em estado de inconsciência para o cometimento do ato danoso. Se era possível atuar de outra maneira, evitando os atos que o levaram ao estado de demência, poderá ser obrigado a responder civilmente, ressarcindo a vítima. Ex. Sujeito que usa substância entorpecente voluntariamente. 
A sanção é a mesma: NULIDADE. Aqui, o processo de interdição só será promovido se o impedimento de exprimir a vontade for duradouro – art. 1.767, II do CC. 
Obs.: O ato praticado por uma pessoa portadora de enfermidade mental, desprovida de discernimento, mas ainda não interditada, pode ser invalidado?
Com base na doutrina italiana, Orlando Gomes afirma que o ato praticado pelo incapaz aindanão interditado pode ser invalidado desde que concorram três requisitos:
Haja incapacidade de discernimento;
Haja prejuízo ao incapaz.
Haja má-fé da outra parte (esta pode ser presumida das circunstâncias do negócio, p. ex. desproporção do preço do objeto do negócio). 
O art. 503 do Código da França, na mesma linha, admite que os atos anteriores à interdição possam ser invalidados se a incapacidade já existia.
É bom lembrar que, uma vez declarada a incapacidade por sentença, o interditado não poderá praticar atos jurídicos sem o seu curador, mesmo em momento de lucidez.
Onde está o surdo mudo que não tem habilidade para manifestar sua vontade?
O Código novo não trouxe inciso específico para o surdo mudo incapaz de manifestar vontade, mas ele pode estar subsumido implicitamente na previsão do inciso III do art. 3° do CC.
A senilidade não é causa de incapacidade absoluta no direito brasileiro. Os absolutamente incapazes são representados.
Incapacidade relativa
Características
Os relativamente incapazes são assistidos.
Estão previstos no art. 4° do CC
Os menores de 18 anos e maiores de 16;
Os ébrios habituais 
São os dependentes do álcool ou de tóxico.
Se a embriaguez houver evoluído para um quadro patológico, aniquilando completamente a capacidade de autodeterminação, a embriaguez habitual equiparar-se-á à doença mental e passará configurar incapacidade absoluta.
Obs.: A pessoa que se intoxica para cometer ato ilícito fica isento de responsabilidade civil? 
Lembra-nos Alvino Lima que a teoria da actio libera in causa (adotada em países como a Bélgica, Alemanha e Suíça e pelo direito penal brasileiro) também pode ser aplicada ao Direito Civil, de maneira que a pessoa que voluntariamente se intoxica não está isenta sobre a alegação de incapacidade.
Os pródigos 
É a pessoa que desordenadamente dilapida o seu patrimônio, podendo reduzir-se à miséria.
Segundo Clóvis Beviláqua, pródigo é aquele que desordenadamente destrói o seu patrimônio, reduzindo-se à miséria por culpa sua. A restrição imposta a estes sujeitos é tão-somente quanto à prática de atos patrimoniais. A sua incapacidade se refere apenas aos atos que possam diminuir o seu patrimônio
Justifica a interdição do pródigo a teoria do estatuto jurídico do patrimônio mínimo desenvolvida pelo Prof.° Luiz Edson Fachin. Para esta doutrina, em uma perspectiva civil constitucional, e em respeito ao princípio da dignidade da pessoa humana, as normas em vigor devem resguardar um mínimo de patrimônio para que cada pessoa tenha vida digna. 
Curador do pródigo precisa se manifesta quando este quiser casar? 
No que tange aos aspectos patrimoniais precisa, como o regime de bens. Já em relação às questões pessoais não precisa se manifestar.
Obs.: a capacidade do índio é regulada por lei especial, ou seja, lei 6.001/73.
No campo da proteção do incapaz é aplicável o benefício de restituição (restitutio in integrum)?
Restitutio in integrum: trata-se, segundo Clóvis Beviláqua, do benefício reconhecido ao incapaz para permitir que ele possa anular qualquer ato que lhe seja prejudicial. Era abusivo e causador de insegurança jurídica, tanto que o Código Civil de 1916 já o proibia e continua proibido em respeito à boa fé e à segurança jurídica nos negócios, muito embora não haja nada expresso no CC/02.
Obs.: caso exista conflito de interesses entre o representante e o incapaz, pode-se invocar o artigo 119 do CC/02. O ato é anulável.
A redução da maioridade civil para 18 anos prejudicou a percepção de benefícios previdenciários? 
Prevalece o entendimento do enunciado n° 3 da primeira jornada de direito civil, no sentido de que deve-se respeitar o limite etário específico da lei previdenciária. 
Esta redução da maioridade civil prejudicou o benefício penal da menoridade?
O benefício da menoridade continua em vigor, a luz do princípio da individualização da pena. 
No campo do direito de família, a redução da maioridade civil aos dezoito anos não implicou em cancelamento automático da pensão alimentícia (Resp. 347.010). Poderá ser paga até o final dos estudos. 
Obs. O STJ tem reafirmado o entendimento de que o Ministério Público não tem legitimidade para interpor recurso da decisão que exonerou o devedor de alimentos por conta da maioridade do credor. (Resp 982.410).
Emancipação:Washington de Barros Monteiro lembra que a maioridade é atingida no primeiro instante do dia do natalício. A emancipação permite a antecipação da capacidade plena, podendo ser de três espécies. 
Voluntária: prevista no art. 5°, p. único, I, primeira parte. É aquela concedida pelos pais, por instrumento público, independentemente de homologação judicial, desde que o menor tenha pelo menos dezesseis anos completos. A emancipação extingue o poder familiar. Deve ser concedida por ambos os pais, no caso da voluntária. O menor não autoriza a emancipação, embora possa participar do ato. Essa emancipação é ato irrevogável.
Obs. A doutrina brasileira, desde Carvalho Santos, assim como a tendência pretoriana no Brasil, é no sentido de que, em respeito à vítima, a emancipação realizada pelos pais não os isenta de futura responsabilidade civil por ato ilícito causado pelo filho emancipado.
Judicial: prevista no art. 5°, p. único, I, segunda parte. É aquela concedida por sentença judicial, em procedimento de jurisdição voluntária, ouvindo-se o tutor, desde que o menor tenha dezesseis anos completos. Há participação do Ministério Público.
Legal: prevista no art. 5°, p. único, II a V. Hipóteses:
Casamento: ainda que haja separação ou divórcio, a emancipação é mantida. 
Se o casamento for anulado a emancipação continua? R: é forte a doutrina no Brasil (ver Pontes de Miranda) no sentido de que a sentença que invalida o casamento tem eficácia retroativa, com o condão de cancelar o registro matrimonial; assim, é lógico concluir que a emancipação perderá a eficácia, ressalvada a hipótese do casamento putativo.
Exercício de emprego público efetivo: a hipótese de emancipação legal por exercício de emprego (ou cargo) público efetivo é de difícil ocorrência, podendo se apontar como exemplo a assunção de função pública em carreira militar.
Colação de grau em curso de ensino superior.
Pelo estabelecimento civil ou comercial ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria. Não há necessidade de declaração judicial. 
O que se entende por economia própria para efeitos de emancipação? 
Trata-se de um conceito aberto a ser preenchido pelo juiz no caso concreto à luz do princípio da operabilidade ou concretude. Significa que o Código Civil consagrou um sistema aberto de normas, com conceitos indeterminados e cláusulas gerais a serem construídos ou complementados pelo juiz no caso concreto. Vale acrescentar que, à luz do princípio da segurança jurídica, caso o menor emancipado seja demitido ele não deve retornar à situação de incapacidade. O emancipado, nos termos do art. 16, I, da lei 8.213/91, não tem direito ao benefício previdenciário. Não podemos olvidar que a emancipação não antecipa a imputabilidade penal, que só advém aos 18 anos.
Extinção da pessoa física ou natural: tradicionalmente a extinção da pessoa física ou natural opera-se em virtude da parada total do aparelho cárdio-respiratório; no entanto, a comunidade científica mundial, assim como o Conselho Federal de Medicina (resolução 1.480/97), tem afirmado que o marco mais seguro para se aferir a extinção da pessoa física é a morte encefálica. 
Obs.: a morte deve ser declarada por profissional da medicina, admitindo-se, na ausência deste, nos termos da Lei 6.015/73, que a declaração de óbito possa ser feita por duas testemunhas.
Hipóteses de morte presumida:
Decorrente da ausência: é um procedimento previsto na lei. A ausência foi tratada pelo Codificador com situação de morte presumida a partir do momento em que é aberta a sucessão definitiva dos bens do ausente (ver apostila no materialde apoio). A sentença que decreta a ausência não é registrada no livro de óbitos. 
Situações do art. 7° do CC: Pode ser declarada a morte presumida sem a decretação prévia de ausência.
Comoriência: é uma situação de morte simultânea. Art. 8° do CC. No Brasil, alinhando-se ao direito argentino e chileno, caso não haja indicação da ordem cronológica das mortes, considera-se ter havido morte simultânea, de modo que um comorientes não herda do outro, abrindo-se cadeias sucessórias autônomas e distintas.
Pessoa jurídica
Denominações: pessoa moral, abstrata, mística, ente de existência ideal e pessoa jurídica. Na história do direito a pessoa jurídica nasce pela influência da sociologia, em decorrência do fato associativo. Em um primeiro conceito, podemos afirmar que a pessoa jurídica é grupo humano personificado pelo direito com objetivo de realizar finalidades comuns.
Teorias explicativas da pessoa jurídica: 
Negativista: (Brinz, Planiol, Duguit). Negava a pessoa jurídica como sujeito de direito; seria no máximo um grupo de pessoas físicas reunidas, ou um condomínio. Essa corrente não vingou no direito.
Afirmativista: aceitava a personalidade da pessoa jurídica. Existem várias correntes que derivam dessa teoria:
Ficção: (Savigny). Para essa teoria, a pessoa jurídica não teria existência social, de maneira que seria um produto da técnica jurídica, em outras palavras a pessoa jurídica seria uma abstração sem realidade social.
Realidade objetiva: (Clóvis Beviláqua). Influenciados pelo organicismo sociológico, contrariamente, afirmavam que a pessoa jurídica teria existência social consistindo em um organismo vivo na sociedade.
Realidade técnica: (Ferrara). Equilibra as duas anteriores, uma vez que reconhece a atuação social da pessoa jurídica, admitindo ainda que a sua personalidade é fruto da técnica jurídica. É a teoria que melhor explica a pessoa jurídica e a que foi adotada pelo código civil no seu art. 45. O registro da pessoa jurídica, à luz do art. 45 do CC é constitutivo da sua personalidade jurídica (no caso da pessoa natural, o registro é declaratório). Para algumas pessoas jurídicas, além do registro, precisam de uma autorização específica do poder executivo, ex.: banco, seguradora, etc.
Obs.: a falta do registro público do ato constitutivo caracteriza o ente como sociedade despersonificada (irregular ou de fato), disciplinada a partir do art. 986 do CC. A sociedade despersonificada gera a responsabilidade pessoal e ilimitada dos sócios. Vale lembrar, nos termos do art. 12 do CPC, que também não são pessoas jurídicas, mas apenas entes despersonificados com capacidade processual o condomínio, espólio, massa falida e a herança jacente.
Em geral, o registro da pessoa jurídica (estatuto ou contrato social) será feito na junta comercial ou no registro público de pessoas jurídicas.
Pessoas jurídicas de direito privado
Pessoa jurídica pode sofrer dano moral?
Existem duas correntes na doutrina, a primeira corrente, majoritária, afirma que a pessoa jurídica pode sofrer dano moral, com base na súmula 227 do STJ e no art. 52 do CC. Ex.: em relação ao nome, à imagem – honra objetiva. Todavia, uma segunda corrente, minoritária (Arruda Alvim, Wilson Melo da Silva, Enunciado 286 da 4° Jornada de Direito Civil, fortalece a tese contrária à reparação do dano moral), em que a pessoa jurídica sempre sofreria um dano econômico.
Espécies de pessoas jurídicas de direito privado: 
Associações
Sociedades
Fundações
Organizações Religiosas
Partidos Políticos
Se uma pessoa jurídica não se adaptar ao novo código civil (art. 2.031), passa a atuar de forma irregular, não podendo participar de licitações, não podendo obter linha de crédito em bancos, podendo haver, inclusive, responsabilidade pessoal dos seus sócios ou administradores. A imunidade é apenas para organizações religiosas e partidos políticos (art. 2.031, p. único).
A lei 10.825/03 acrescentou ao rol as organizações religiosas e os partidos políticos. Qual o motivo da inclusão?
Força política destas instituições. O CC regulou as associações e determinou que todas se adaptassem às suas novas normas em apenas 1 ano da sua vigência e, com a sua inclusão no art. 44, as organizações religiosas e os partidos políticos não ficaram obrigadas a se adaptar.
Da mesma forma, o art. 2.031 foi também modificado, aumentando-se o prazo para 2 anos e excepcionando as organizações religiosas e os partidos políticos da alterações. 
Se uma pessoa jurídica não se adaptar ao novo CC passa a atuar de forma irregular, não podendo participar de licitações, não podendo obter linha de crédito junto aos bancos e podendo haver a responsabilidade pessoal dos seus sócios ou administradores. Em suma, passa a atuar como sociedade irregular. A blindagem é apenas para as organizações religiosas e partidos políticos. 
Associações
Conceito: as associações são pessoas jurídicas de direito privado formadas pela união de indivíduos com propósito de realizarem fins não econômicos. Todas as associações perseguem uma finalidade ideal, não lucrativa. As associações podem gerar receitas, que são nela reinvestidas. Art. 53 do CC. Ex. Sindicatos (não se admite mandado de segurança contra os atos dos seus dirigentes, pois eles não são autoridades públicas). 
Ato Constitutivo: é o estatuto, cujos requisitos estão no art. 54 do CC. 
Órgão Superior: a assembléia geral é o órgão superior das associações. As atribuições desta estão dispostas no art. 59 do CC. 
Categorias de Associados: é possível a existência de categorias diferenciadas de associados, mas dentro de cada categoria os associados não podem ser discriminados entre si. Art. 55 do CC.
Qual é o destino do patrimônio de uma associação extinta? 
Nos termos do art. 61 do CC, regra geral, dissolvida a associação, o seu patrimônio será atribuído à entidades de fins não econômicos designadas no estatuto, ou, omisso este, será atribuído à instituição municipal, estadual ou federal de fins iguais ou semelhantes. Art. 61 do CC. 
Obs.: O CC/02 admite a exclusão do associado, nos termos do art. 57, desde que garantido o direito de defesa e de recurso. 
Finalidade: uma associação jamais persegue finalidade lucrativa.
Fundações de Direito Privado
Conceito: a fundação, diferentemente da associação, não é grupo de pessoas, mas sim um patrimônio que se personifica visando a perseguir finalidade ideal. A fundação nasce do destacamento de um patrimônio que se personifica. 
Finalidade: ideal, não lucrativa (assim como as associações). A receita por ela produzia é nela própria reinvestida. Art. 62, p. único do CC. As ONG’s, no Brasil, organizam-se ou como associações ou como fundações e podem fazer parcerias com o Poder Público. 
Ato Constitutivo: Estatuto. Pessoas jurídicas também podem constituir fundações.
Requisitos de Instituição da Fundação: art. 62 do CC.
Afetação de bens livres do instituidor. 
Escritura pública ou testamento. 
Elaboração do estatuto da fundação, que pode ser feita pelo próprio instituidor ou, fiduciariamente, por terceiro, nos termos do art. 65 do CC. 
O MP, supletivamente, poderá elaborar o estatuto caso o terceiro não o faça. 
O estatuto elaborado pelo instituidor ou por terceiro deve ser aprovado pelo MP e em seguida registrado no cartório de registro de pessoa jurídica. 
O MP Estadual tem atribuição legal de fiscalização das fundações no Brasil. Art. 66 do CC. Se a fundação estender sua atividade por mais de um Estado, a fiscalização cabe ao MPE de cada um deles. Mas, se a fundação funcionar no DF ou no território, a fiscalização cabe ao MP Federal.
Obs.: Foi proposta a ADI 2794 em face do §1º do art. 66. Julgada procedente e, segundo o entendimento do STF, em verdade, a fundação situada no DF ou no território é fiscalizada pelo MPDFT e não pela Procuradoria da República.
Mas, nada impede que o MPF fiscalize em conjunto se a fundação, p. ex. receber verba federal para suas atividades. 
Atenção! O art. 67 do CC alterouo quórum de deliberação para alteração do estatuto da fundação, que no código anterior era de maioria absoluta, para 2/3 dos competentes para gerir a fundação. E, não havendo unanimidade na votação, a minoria vencida pode impugná-la, no prazo de 10 dias. 
Sociedades
Conceito: a sociedade, espécie de pessoa jurídica de direito privado, é instituída por meio de contrato social, dotada de personalidade jurídica própria que visa a perseguir fins econômicos ou lucrativos. 
Finalidade: lucro, proveito econômico. 
Ato Constitutivo: contrato social. Art. 981 do CC. 
É possível haver sociedade entre cônjuges?
Art. 977 do CC. Em regra, é possível, mas o CC proíbe no caso de casamento com regime de comunhão universal ou separação obrigatória de bens. A intenção da norma ao proibir a contratação da sociedade é evitar fraude ao regime de bens (Critica! Se os cônjuges nesta situação contratarem a sociedade, há fraude presumida). 
Hoje, o Departamento Nacional de Registro de Comércio (DNRC), por meio do parecer jurídico nº. 125/03, firmou o entendimento correto no sentido de que o art. 977, em respeito ao ato jurídico perfeito, não atinge sociedade entre cônjuges anterior ao novo CC. 
Se casados antes do CC/02, a sociedade entre cônjuges tem que ser desfeita? 
Se defender a tese da proibição, um dos sócios deve ser substituído (por um laranja!). 
Classificação das Sociedades: tradicionalmente, as sociedades eram classificadas como civis e mercantis (comerciais), ambas com finalidade lucrativa. A diferença entre elas é que as sociedades mercantis praticavam atos de comércio, à luz da doutrina francesa, enquanto as sociedades civis não praticavam atos comerciais. A doutrina italiana modificou substancialmente a matéria. No curso do século XX, a noção de comércio começou a ser substituída pela teoria da empresa, e hoje, à luz dessa teoria moderna, não se fala mais em sociedades civis e mercantis. Não se fala mais do critério dos atos de comércios. O novo CC subdivide as sociedades em sociedades simples e sociedades empresárias. A diferença entre a sociedade simples a sociedade empresária vem expressa no art. 982 do CC. Vale observar que a sociedade anônima é sempre empresária e a cooperativa é sociedade simples. 
Sociedade Empresária: uma sociedade é empresária quando estão presentes 2 requisitos:
Material: atividade econômica organizada, tipicamente empresarial. 
Formal: registro público na junta comercial (no registro público de empresa). 
A sociedade empresária é aquela que conjuga os requisitos do art.982, e, além disso, com a característica da impessoalidade em que os sócios atuam precipuamente como meros articuladores de fatores de produção (capital, trabalho, tecnologia e matéria-prima), a exemplo de um banco ou de uma revendedora de veículos; o seu registro é feito na junta comercial e estão sujeitas à legislação falimentar. Já as sociedades simples têm por principal característica a pessoalidade: os seus sócios não são meros articuladores de fatores de produção, uma vez que prestam e supervisionam direta e pessoalmente a atividade desenvolvida; em geral, são sociedades prestadoras de serviços, a ex. da sociedade de advogados ou de médicos; o seu registro é feito, em regra, o CRPJ. Mas, hoje, as sociedades tipicamente simples são consideradas empresas. Ex. Hospital em que os médicos sócios não atuam mais e apenas articulam fatores de produção. Entretanto, no caso da sociedade de advogados isso não é possível, pois não podem ser registradas na junta comercial, por determinação expressa da OAB.
Cooperativas: as cooperativas são tratadas como sociedades simples por força de lei, predominando o entendimento doutrinário (Paulo Rego e Julieta Lenz) no sentido de que, a despeito da lei 8.934/94, o seu registro, à luz do novo CC, deve ser feito no CRPJ e não na junta comercial. 
Obs.: Sérgio Campinho, na obra “O Direito de Empresa”, sustenta que o registro da cooperativa deve continuar a ser feito na junta comercial sob o fundamento de que a lei 8.934/94 é norma especial (minoritária). 
Aqui, todos devem exercer pessoalmente a atividade e se compartilham os resultados. Logo, estas estão mais próximas das sociedades simples. 
Extinção da Pessoa Jurídica
Três formas de dissolução da pessoa jurídica:
Convencional: não serve para todo e qualquer tipo de pessoa jurídica. Aplica-se somente às sociedades e se opera por ato de vontade dos próprios sócios que firmam um distrato. 
Administrativa: é aquela que decorre da cassação da autorização de funcionamento específica para algumas entidades. 
Judicial: é aquela operada por meio de sentença, em procedimento falimentar ou de liquidação. 
Mas, qual é a regra que disciplina a dissolução das sociedades que não se submetem à lei de falência? 
À luz do art. 1.218, VII do CPC, o procedimento a ser seguido é o do CPC de 39.
Desconsideração da Pessoa Jurídica (disregard doctrine): a origem da doutrina da desconsideração da pessoa jurídica é britânica. Foi na Inglaterra, no famoso case Solomon X Salomon Co. e, de lá, a doutrina se espalhou para os EUA, Espanha, Itália, Alemanha e, no Brasil, a doutrina foi introduzida pelo ilustre doutrinador Rubens Requião.
Salomon, por volta de 1896, para constituir uma Cia uma sociedade precisa de 7 sócios. Chamou 7 pessoas conhecidas. Constitui uma sociedade, sendo que cada sócio tinha uma única ação. E, em seu nome foram emitidas 20 mil ações. A Cia começou a atuar no mercado e acumular dívidas. Na condição de presidente ele emitiu títulos privilegiados no mercado de ações (caso a Cia venha a quebrar, quem tem esses títulos tem garante o recebimento do crédito). Ele mesmo, pessoa física, comprou todos os títulos privilegiados. Logo, ele mesmo era o primeiro credor da Cia, e, certamente nada sobraria para os credores quirografários. Os credores pleitearam a desconsideração da personalidade e a entrada nos seus bens pessoais.
A doutrina da desconsideração pretende o afastamento temporário da personalidade jurídica da entidade para permitir que os credores prejudicados possam satisfazer os seus direitos no patrimônio pessoal do sócio ou administrador que cometeu o ato abusivo. 
Obs.: É importante lembrar que a desconsideração, à luz do principio da continuidade da empresa, tende a admitir a mantença posterior de suas atividades (apenas afasta a personalidade temporariamente); diferentemente, a despersonificação aniquila a pessoa jurídica, cancelando o seu registro. Ex. Torcidas organizadas de São Paulo. 
Sociedade entre cônjuges. Contrato social. A sócia tem 1% e o marido tem 99%. Ingressam com uma ação para desconsiderar a atingir o patrimônio dos sócios. A doutrina, entretanto, entende que é ato sacionatório e que deve atingir somente o sócio que cometeu o ato abusivo. 
O Enunciado nº 7 da I Jornada de Direito Civil lembra que a desconsideração, por ser medida de força, deve atingir apenas o sócio ou administrador que cometeu o ato abusivo (ou se beneficiou dele). 
Qual é a diferença entre desconsideração da pessoa jurídica e teoria ultra vires societatis?
De origem anglo-saxônica e regulada no art. 1015 do CC, esta teoria sustenta ser nulo o ato praticado pelo sócio ou administrador que extrapolou os poderes a si concedidos pelo contrato social. Esta teoria visa a proteger a pessoa jurídica. Não vincula a pessoa jurídica pelo ato praticado com abuso de poder.
Leis que trouxeram a desconsideração da personalidade jurídica antes do CC/02:
CDC, art. 28
Lei antitruste
Lei dos crimes ambientais
Obs: lembra-nos Edmar Andrade que, regra geral, a desconsideração é matéria sob reserva de jurisdição; mas, observa Gustavo Tepedino (artigo na RTDC) que, excepcionalmente, poderá haver desconsideração administrativa da pessoa jurídica (Resp. 15.166) quando houver fraude à lei. 
Requisitos para desconsideração da personalidade jurídica no CC:
Descumprimento da obrigação (ou insolvência).
Abuso da personalidade jurídica caracterizado:
Pelo desvio de finalidade ouPela confusão patrimonial.
Um exemplo típico de abuso por confusão patrimonial opera-se quando uma pessoa jurídica controladora constitui uma nova pessoa jurídica (controlada) para praticar atos por meio desta.
Segundo a doutrina de Fábio Konder Comparato, podemos concluir que o art. 50 do CC concebeu a teoria da desconsideração da personalidade jurídica com caráter objetivo, dispensando a prova do dolo específico do sócio ou administrador. 
Qual é a diferença entre a teoria maior e a teoria menor da desconsideração da pessoa jurídica?
Teoria Maior é a adotada pelo CC, exigindo uma gama maior de requisitos, uma vez que demanda a prova do abuso do sócio ou administrador. Já a Teoria Menor, adotada pelo CDC e pela legislação ambiental, é de aplicação mais facilitada, pois não exige a demonstração do abuso (Resp. 279.273). 
Responsabilidade civil e Direito do consumidor. Recurso especial. Shopping Center de Osasco-SP. Explosão. Consumidores. Danos materiais e morais. Ministério Público. Legitimidade ativa. Pessoa jurídica. Desconsideração. Teoria maior e teoria menor. Limite de responsabilização dos sócios. Código de Defesa do Consumidor. Requisitos. Obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Art. 28, § 5º. - Considerada a proteção do consumidor um dos pilares da ordem econômica, e incumbindo ao Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, possui o Órgão Ministerial legitimidade para atuar em defesa de interesses individuais homogêneos de consumidores, decorrentes de origem comum. 
- A teoria maior da desconsideração, regra geral no sistema jurídico brasileiro, não pode ser aplicada com a mera demonstração de estar a pessoa jurídica insolvente para o cumprimento de suas obrigações. Exige-se, aqui, para além da prova de insolvência, ou a demonstração de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideração), ou a demonstração de confusão patrimonial (teoria objetiva da desconsideração). 
- A teoria menor da desconsideração, acolhida em nosso ordenamento jurídico excepcionalmente no Direito do Consumidor e no Direito Ambiental, incide com a mera prova de insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, independentemente da existência de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial. - Para a teoria menor, o risco empresarial normal às atividades econômicas não pode ser suportado pelo terceiro que contratou com a pessoa jurídica, mas pelos sócios e/ou administradores desta, ainda que estes demonstrem conduta administrativa proba, isto é, mesmo que não exista qualquer prova capaz de identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos sócios e/ou administradores da pessoa jurídica. 
- A aplicação da teoria menor da desconsideração às relações de consumo está calcada na exegese autônoma do § 5º do art. 28, do CDC, porquanto a incidência desse dispositivo não se subordina à demonstração dos requisitos previstos no caput do artigo indicado, mas apenas à prova de causar, a mera existência da pessoa jurídica, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. 
- Recursos especiais não conhecidos.
O que é desconsideração inversa?
Este tipo de desconsideração, especialmente aplicada no direito de família, segundo Rolf Madaleno, pretende, inversamente, atingir o patrimônio da pessoa jurídica visando a alcançar o sócio ou administrador causador do desvio de recursos do seu patrimônio pessoal. 
Enunciado 283 da IV Jornada de Direito Civil do CJF.
É pacifica a jurisprudência do STJ, no sentido de que a desconsideração da pessoa jurídica é cabível no curso da execução (Resp. 920.602)
Civil. Processo Civil. Recurso especial. Ação de execução de título judicial movida por sócio minoritário em desfavor da própria sociedade. Pedido de desconsideração da personalidade jurídica desta, para acesso aos bens da empresa controladora, em face de irregularidades cometidas na administração. Deferimento no curso da execução. Oferecimento de embargos do devedor pela controladora, sob alegação de sua ilegitimidade passiva. Não conhecimento do pedido, em face de preclusão pela ausência de interposição de agravo de instrumento da decisão que determinara a desconsideração. Alegação de violação ao art. 535 do CPC. 
- Não há violação ao art. 535 do CPC quando ausentes omissão, contradição ou obscuridade no acórdão. 
- É irrelevante, na presente hipótese, afirmar que de despacho que ordena a citação não cabe recurso, porque a presente controvérsia não diz respeito a tal questão. O reconhecimento de preclusão se refere ao conteúdo material da decisão, que desconsiderou a personalidade jurídica da controladora, e não à determinação de citação. 
- O acórdão afirmou corretamente que a revisão das condições da ação é possível nas instâncias ordinárias; o que não se permite, contudo, é rediscutir, por via oblíqua, uma questão com conteúdo próprio que não foi impugnada a tempo. O sucesso da alegação de ilegitimidade passiva, na presente hipótese, tem como antecedente necessário a prévia desconstituição da decisão que desconsiderou a personalidade jurídica, mas esta não foi oportunamente atacada. Em outras palavras, ainda é possível discutir, por novos fundamentos, a ilegitimidade passiva nos embargos, mas não é possível atacar especificamente a legitimidade passiva reconhecida nos limites de uma prévia, autônoma e inatacada decisão que desconsiderou a personalidade jurídica.
 - A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que a desconsideração da personalidade jurídica é medida cabível diretamente no curso da execução. Precedentes. 
- Não se conhece de recurso especial na parte em que ausente o prequestionamento da matéria. 
- Não se conhece de recurso especial na parte em que este se encontra deficientemente fundamentado. 
Recurso especial não conhecido.
Domicílio: o domicílio tem conexão direta com a segurança jurídica, pois o foro de domicílio do réu fixa a competência territorial do processo.
Morada: é o lugar em que a pessoa se fixa temporariamente. É menos que residência e menos que domicílio.
Residência: é o lugar em que a pessoa física é encontrada com habitualidade. 
O domicílio abrange a residência. Para ser domicílio é preciso a habitualidade e a intenção de permanência, transformando aquele local em centro da vida jurídica daquela pessoa. É o animus manendi.
Domicílio: é o lugar onde a pessoa física fixa residência com ânimo definitivo, transformando-o em centro de sua vida jurídica.
É possível a pluralidade de domicílio? 
É possível, mas o sistema brasileiro, seguindo o direito alemão, admite pluralidade de domicílios, nos termos do art. 71 do CC.
O que é domicílio profissional? 
Seguindo a linha do art. 83 do Código Civil de Portugal, o art. 72 do CC considera, apenas para efeitos profissionais, como domicílio o lugar onde a atividade é desenvolvida.
Mudança de domicílio: art. 74 do CC é uma norma imperfeita, ou seja, não prevê sanção para seu descumprimento.
Domicílio aparente ou ocasional: é uma aplicação da teoria da aparência. Para pessoas que não tenham domicílio certo, por fixação legal, é considerado seu domicílio o lugar em que for encontrada (art. 73)
Domicilio das pessoas jurídicas, vide art. 75
Classificação do domicílio
Voluntário: é o geral, fixado por simples ato de vontade, cuja natureza jurídica é de ato jurídico em sentido estrito, também chamado de ato não negocial.
Especial ou de Eleição: é o estipulado por cláusula especial de contrato. Nos contratos de adesão, especialmente de consumo, a cláusula de foro de eleição prejudicial ao consumidor ou aderente é nula de pleno direito. O juiz pode declinar de ofício de sua competência, quando verificar o prejuízo ao consumidor (Resp 201.195). Vide art. 112, parágrafo único do CPC. 
Legal ou necessário: decorre dos arts. 76 e 77 do CP
Tem domicílio legal ou necessário:
Incapaz
Servidor público, só o que exerce função permanente.Militar
Marítimo, marinheiro da marinha mercante, particular. 
Preso 
Obs.: servidor público temporário o comissionado não tem domicílio legal.
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