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98040-Defeitos_e_vícios_dos_atos_jurídicos

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Defeitos dos negócios jurídicos
Introdução
A vontade é a mola propulsora dos atos e dos negócios jurídicos. Essa vontade deve ser manifesta ou declarada de forma idônea para que o ato tenha vida normal na atividade jurídica e no universo negocial. Se essa vontade não corresponder ao desejo do agente, o negocio jurídico torna-se susceptível de nulidade ou anulabilidade.
Defeitos dos negócios jurídicos
Introdução
E quando a vontade nem ao menos se manifesta (como por exemplo nos casos em que é tolhida)?
Negócio Jurídico Nulo
Defeitos dos negócios jurídicos
Introdução
Quando a vontade é manifestada, mas com vício ou defeito que a torna mal dirigida, mal externada?
Negócio Jurídico Anulável
Defeitos dos negócios jurídicos
Introdução
O ato nulo possui invalidade ex tunc, ou seja, para o ordenamento jurídico ele nunca fora considerado válido. Dispõe o CC:
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo
N. J. Nulo (C.C.)
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
 VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
N. J. Anulável (C.C.)
O ato anulável, por outro lado, pode ser confirmado pelas partes quando não houver prejuízo a direito de terceiros (art. 172) . Note que tal possibilidade não existe para os atos nulos. O art. 178, aliás, estabelece prazo decadencial para o pedido de anulação do ato.(4 anos)
A anulabilidade não pode ser declarada de ofício!
Classificação dos Defeitos
Classificação dos Defeitos
Os defeitos dos negócios jurídicos se classificam em:
a) Vícios do Consentimento: são aqueles em que a vontade não é expressa de maneira absolutamente livre, podendo ser eles: Erro; Dolo; Coação; Lesão e; Estado de Perigo.
b) Vícios Sociais: são aqueles em que a vontade manifestada não tem, na realidade, a intenção pura e de boa-fé que enuncia, sendo eles: Fraude contra Credores e Simulação.
Erro
O erro é um engano fático, uma falsa noção da realidade, ou seja, em relação a uma pessoa, negócio, objeto ou direito, que acomete a vontade de uma das partes que celebrou o negócio jurídico.
Erro
Se forma sem induzimento intencional!!!
Art. 140 – O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante.
Erro
Se forma sem induzimento intencional!!!
Art. 140 – O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante.
Dolo
A conduta dolosa deve apresentar os seguintes requisitos: intenção de enganar o outro contratante; induzir o outro contratante em erro em virtude do dolo; causar prejuízo ao outro contratante; angariar benefício para o seu autor ou terceiro; que o dolo tenha sido a causa determinante da realidade do negócio
Dolo
Dolo bonus e malus: o bonus não induz anulabilidade; é um comportamento lícito e tolerado, consistente em reticências, exageros nas boas qualidades, dissimulações de defeitos; é o artifício que não tem a finalidade de prejudicar; o malus consiste no emprego de manobras astuciosas destinadas a prejudicar alguém; é desse dolo que trata o Código Civil, erigindo-o em defeito do ato jurídico, idôneo a provocar sua anulabilidade.
Dolo
Dolo Bilateral ou recíproco: Se ambas as partes procederam com dolo, há empate, igualdade na torpeza. A lei pune a conduta de ambas, NÃO permitindo a anulação do ato. 
Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo, para anular o negócio, ou reclamar indenização
Note que não se compensam dolos. O que a lei faz é tratar com indiferença de ambas as partes que foram maliciosas, punindo-as com a impossibilidade de anular o negócio, pois ambos os partícipes agiram de má-fé.
Coação
A coação pode ser conceituada como sendo uma pressão de ordem moral, psicológica, que se faz mediante ameaça de mal sério e grave, que poderá atingir o agente, membro da família ou a pessoa a ele ligada, ou, ainda, ao patrimônio, para que a pessoa pratique determinado negócio jurídico.
Coação
Coação física
A ameaça deve ser atual! Art. 151
Temor reverencial ou ameaça do exercício regular de um direito, é coação?
Estado de perigo
Configura o estado de perigo quando alguém premido ela forte necessidade de livrar-se de grave dano à pessoa, realiza negócio jurídico com outrem, sabedor dessa necessidade, em condições excessivamente onerosas. O agente pratica o negócio fortemente influenciado pelas circunstâncias que lhe são adversas. Embora a figura em exame não se confunde com o vício de coação, o declarante expressa a sua vontade sob efeito de forte pressão psicológica.
Estado de perigo
E se for pessoa que não da família do declarante (também decidirá, como na coação, se houve ou não estado de perigo)?
Lesão
O negócio defeituoso em que uma das partes, abusando da inexperiência ou da premente necessidade da outra, obtém vantagem manifestamente desproporcional ao proveito resultante da prestação, ou exageradamente exorbitante dentro da normalidade.
Lesão
Se a parte que abusou equacionar as prestações não será decretada a anulabilidade.
Fraude contra credores
Introdução
A fraude contra credores constitui defeito social do negócio jurídico, que, nas palavras de Carlos Roberto Gonçalves: “não conduzem a um descompasso entre o íntimo querer do agente e a sua declaração. A vontade manifestada corresponde exatamente ao seu desejo. Mas é exteriorizada com a intenção de prejudicar terceiros ou de fraudar a lei”. 
Fraude contra credores
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.
§ 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.
§ 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles.
Fraude contra credores
Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante.
Fraude contra credores
Também se presumem fraudulentos o pagamento antecipado de dívida à credores quirografários, tendo por escopo colocar em situação de igualdade todos os credores, incidindo a regra do artigo 162 do Código Civil. Estando a dívida vencida, seu pagamento não poderá ser considerado fraude.
Fraude contra credores
Em contrapartida, certos atos são presumidos de boa-fé pela lei, não podendo ser alcançados pela ação pauliana. Todos os negócios indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, rural ou industrial, ou ainda à subsistência do devedor e de sua família (art. 164 do Código Civil) são incluídos neste rol.
Fraude contra credores
Da Ação Pauliana:
O meio para reconhecimento da fraude contra credores é a Ação Pauliana, também chamada de Revocatória, que tem por finalidade a aplicação do princípio da responsabilidade patrimonial do devedor, restaurando-se aquela garantia dos seus bens em favor de seus credores. 
Fraude contra credores
Da Ação Pauliana:
Elementos
Objetivo "EVENTUS DAMNI"
Subjetivo "CONSILIUM FRAUDIS"
Simulação
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.
Simulação
Existe
“no papel” algo diferente do que realmente está acontecendo, o negócio jurídico assinado não representa a realidade, simular é fingir, na simulação ambas as partes estão enganando, estão simulando (conluio das partes).
Simulação
A consequência da simulação é a nulidade (imprescritível), enquanto os outros vícios são anuláveis (tem prazo de prescrição), ela pode ser reconhecida de ofício pelo juiz ("ex officio", ele reconhece sem ter sido provocado pelas partes), qualquer parte pode invocar (alegar) a simulação.
Simulação
Ex1: O negócio jurídico assinado entre as partes é de compra e venda, mas na verdade o negócio jurídico é doação.
Ex2: O negócio jurídico assinado é de compra e venda com retrovenda, mas na verdade é um negócio jurídico de empréstimo com garantia real.
Ex3: O negócio jurídico de compra e venda indica um valor inferior ao valor real para que o comprador pague menos imposto.
Ex4: "laranjas".
Ex5: Negócio Jurídico que se representa a uma compra e venda efetuada pelo cúmplice do cônjuge adultero, mas na verdade é doação do cônjuge adultero para seu cúmplice.
Simulação
A simulação pode ser absoluta ou relativa
Simulação
Simulação Absoluta – na simulação absoluta, as partes na realidade não realizam nenhum negócio. Apenas fingem, para criar uma aparência, uma ilusão externa, sem que na verdade desejem o ato.
Em geral, a simulação absoluta destina-se a prejudicar terceiro, subtraindo os bens do devedor à execução ou partilha (p. ex)
Simulação
Ex, é o caso da emissão de títulos de crédito, que não representam qualquer negócio, feita pelo marido antes da separação judicial para lesar a mulher na partilha de bens, ou a falsa confissão de dívida perante amigo, com concessão de garantia real, para esquivar-se da execução de credores quirografários.
Simulação
Simulação Relativa – na simulação relativa, as partes pretendem realizar determinado negócio, prejudicial a terceiro ou em fraude à lei. Para escondê- lo ou dar-lhe aparência diversa, realizam outro negócio.
Simulação
Compõe, pois, de dois negócios: um deles é o simulado, aparente, destinado a enganar; o outro é o dissimulado, oculto, mas verdadeiramente desejado. O negócio aparente, simulado, serve apenas para “ocultar” a efetiva intenção dos contratantes, ou seja, o negócio real.
Simulação: Espécies
Por interposição de pessoa – é a hipótese do negócio que aparenta conferir ou transmitir direitos a pessoa diversa daquela à qual realmente se confere ou transmite.
Ex: Homem casado, para contornar a proibição legal de fazer doação à concubina, simula a venda a um terceiro, que transferirá o bem àquela.
Simulação: Espécies
Por ocultação da verdade na declaração – outra hipótese é a do negócio que contenha declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira.
Simulação: Espécies
Por falsidade de data – é a hipótese do instrumento particular ser antedatado ou pós-datado.
Ex: O comerciante que, requerida a sua falência, emite títulos em favor de amigos com data anterior ao pedido para gerar créditos que lhe serão repassados, quando recebidos;
Simulação
PROVA
Tendo em vista a dificuldade para se provar o ardil, expediente astucioso, admite-se a prova da simulação por indícios e presunções (arts. 332 e 335 CPC).

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