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TJDFT - PONTOS RESUMIDOS - PROVA ORAL

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NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
DIREITO, COMUNICAÇÃO SOCIAL E OPINIÃO PÚBLICA
Direito e opinião pública
1) Resumo do texto “Opinião pública e Direito”, do livro Manual de Sociologia Jurídica de Ana Lúcia Sabadel, editora RT, 5ª edição, 2010.
Conhece a população as normas jurídicas em vigor? Qual opinião das pessoas sobre o funcionamento do sistema jurídico e sobre os conteúdos do direito? A primeira pergunta refere-se ao conhecimento do direito por parte dos destinatários das normas, a segunda requer comparação do direito em vigor com as ideias das pessoas sobre o justo, isto é, com a consciência jurídica da população.
Estas correntes simples e interessantes encontram-se na base de uma corrente empírica da sociologia jurídica, que estuda o conhecimento e a opinião sobre o Direito. Na vida cotidiana podemos prescindir do conhecimento da maior aprte das ciências e das disciplinas técnicas. Não é assim com o direito. A falta de conhecimento não somente pode prejudicar nossos interesses, mas também é um indicador da falta de eficácia das normas jurídicas, já que o conhecimento da norma é requisito mínimo para o seu cumprimento. 
A desconsideração dos sistemas de solução de conflitos e a rejeição da legislação em vigor indicam uma crise de legitimidade do direito e também do poder público que o cria e administra. 
Desde os anos 50 a sociologia jurídica utiliza sistematicamente os recursos estatísticos das sondagens de opinião pública, para pesquisar o conhecimento e sentimento da população com relação ao sistema jurídico. Os métodos principalmente utilizados para tais pesquisas são o questionário ou entrevista, aplicados em uma amostra representativa da população. 
Três são os principais temas de tais pesquisas: a) conhecimento da legislação e das sanções; b) postura da opinião pública diante de determinadas leis e do direito em geral; c) opinião sobre os operadores do direito e funcionamento do sistema judiciário. 
A maior parte das pesquisas realizadas chega às seguintes conclusões: a população não possui um bom conhecimento do sistema jurídico, não confia no mesmo e tem uma imagem muito negativa de seus atores.
No tocante ao conhecimento das leis, as pesquisas indicam que a opinião pública é bem informada sobre a legislação penal. Isto se explica pelo fato de que as mais importantes leis penais e as respectivas sanções são ensinadas como regras morais aos jovens no âmbito do processo de socialização e largamente veiculadas pela mídia. Já os demais ramos do direito o desconhecimento é maior, como o direito civil e o direito trabalhista. O desconhecimento é quase total e ramos do direito que regulamentam o funcionamento do Estado e da economia (constitucional, administrativo, tributário, eleitoral, comercial, etc), nos quais a pessoa comum não tem envolvimento imediato e, em caso de necessidade, procura orientação de especialistas. 
A conclusão comum é que existe uma enorme distância entre a população e o sistema jurídico. Apesar da obrigação de todos conhecerem a lei, a maioria das pessoas tem uma ideia extremamente confusa e parcial sobre o sistema jurídico. O direito moderno é extremamente complicado e especializado. De tal forma, as pesquisas sobre conhecimento do direito por parte da população confirma a previsão feita por mas Weber no início do século XX, de que o direito moderno seria cada vez mais complexo e repleto de conteúdos técnicos, de forma que seu conhecimento permaneça um privilégio da classe dos juristas. Assim sendo, os operadores do direito “expropriam “ o sistema jurídico, obrigando os seus destinatários naturais a recorrerem aos especialistas para solucionar os conflitos mais simples. 
Também com relação ao funcionamento da justiça o conhecimento dos cidadãos é muito limitado. A maioria desconhece as regras processuais e os efeitos das decisões dos tribunais. Acredita-se que a Justiça trabalha de forma seletiva em detrimento das classes inferiores, há grandes dúvidas sobre a probidade e a imparcialidade dos magistrados e sobre a capacidade da Justiça combater a criminalidade e para atender às necessidades da população. 
Pesquisas indicam que a maioria dos brasileiros desconfia de advogados e juízes, considerando a justiça ineficaz, lenta e discriminadora. Uma pesquisa de 1997, no Rio de Janeiro, realizada através de entrevistas, revelou que a grande maioria dos entrevistados considerava que a justiça criminal trata os pobres e os negros com maior rigor, havendo também uma forte desconfiança em relação a tribunais cíveis. Em outra pesquisa realizada em SP em 1998, 28% dos entrevistados responderam que a Justiça não serve pra nada; à pergunta “quem ajuda mais a fazer justiça no Brasil, 84% responderam que é “ a mídia” e somente 10% se referiu ao Poder Judiciário. Finalmente, pesquisa realizada em 2005, entre magistrados membros das Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) indicou que quase metade dos juízes responderam que no quesito “agilidade”, a magistratura é ruim, ou muito ruim, sendo que apenas 10% consideram a agilidade boa ou muito boa. 
A realização de pesquisas desse tipo originou debates acadêmicos, sendo que esta forma de estudo empírico do direito foi criticada por vários cientistas sociais. As críticas mais fortes são voltadas para as pesquisas do tipo aceitação do direito. Deixando de lado as críticas sobre a finalidade política de tais pesquisas, que muitas vezes tentam legitimar o direito do Estado, apontaremos aqui dois problemas revelados pela análise da metodologia e dos resultados de tais pesquisas. 
Em primeiro lugar, contata-se grande instabilidade da opinião pública sobre o direito. Após um crime ou um escândalo político, muitos se sentem indignados com o sistema de Justiça e multiplicam os apelos por parte de uma política repressiva. Passada a comoção, muda a opinião. Se tais pessoas fosse convidadas a legislar, não agiriam com tanta versatilidade. Não é raro constatar em tais pesquisas que metade da população, na Europa e na América Latina, está a favor da introdução da pena de morte. No Brasil essa porcentagem passou de 70% nos anos de 1980-90 para 50% em 2003, chegando a 55% em 2007 e baixando para 47% em 2008. Além da instabilidade que mostra o caráter mais sentimental e conjuntural do que racional e permanente da manifestação, nada indica que todos estes cidadãos votariam em um partido que apregoasse o estabelecimento de pena capital ou que aceirariam que essa pena fosse aplicada a um de seus familiares.
Ao problema da credibilidade das respostas, junta-se um segundo, a maior parte da população possui uma imagem parcial e incompleta sobre o sistema jurídico e, dessa forma, as respostas não refletem um conhecimento ou realidade do direito, mas somente uma opinião confusa e ideológica. A pessoa comum não possui conhecimento suficiente para analisar, por exemplo, se a Justiça combate eficientemente a criminalidade ou se os juízes são imparciais. Se for perguntado, o cidadão tentará generalizar em base em poucas experiências pessoais e, sobretudo, repetindo a opinião veiculada pela mídia de que dá particular destaque aos problemas e escândalos (“corrução de juízes, por exemplo”) e nunca noticiam o cotidiano norma do sistema jurídico. 
Assim sendo, as pesquisas relativas à opinião sobre o direito em geral reproduzem o “senso comum”, difundido pela mídia, ou seja, refletem estereótipos e visões sensacionalistas, não descobrem a opinião pessoal de cada entrevistado, e seguramente não permitem constatar a realidade do direito. Por tais razões, o sociólogo francês Pierre Bourdieu, sustentou que “a opinião pública não existe”.
Outra crítica às pesquisas de opinião refere-se à contribuição das pesquisas sobre o conhecimento do direito. Em geral, estas confirmam um resultado facilmente previsível: o cidadão tem um conhecimento elementar de direito penal, e em menor grau do direito civil e trabalhista. Em caso de conflito jurídico, este quase nunca confia em seu próprio conhecimento,procurando orientação de especialistas.
Isto indica limitada utilidade das pesquisas sobre o conhecimento do direito. Se as normas jurídicas são aplicadas na maioria dos casos por órgãos do Estado e pelos operadores jurídicos, o maior ou menor grau de conhecimento das normas por parte da população não mantém um relação causal com a eficácia do direito. Ex. É importante que as mulheres saibam que têm direito a uma pensão alimentícia em caso de separação. Porém, conhecer em profundidade as leis que regulam esta matéria é desnecessário, já que a mulher aciona o poder judiciário sempre assistida por um especialista. Portanto, o essencial para a aplicação das normas nas relações sociais não é o conhecimento técnico do direito por parte da população, e sim o acesso efetivo à justiça. 
Em colusão, estes problemas indicam que as pesquisas de opinião não responderam às fortes expectativas em conhecer a “realidade do direito”, que acompanharam a sua expansão inicial no âmbito da sociologia jurídica de cunho empírico. Isto explica a diminuição dos trabalhos deste tipo que se registrou no últimos anos.
2) Resumo do texto “Direito, comunicação social e opinião pública, extraído do livro noções gerais de formação humanística, saraiva, 1ª edição, 2011
A sociedade é um amálgama de grupos diferentes, com objetivos diferentes, que buscam a todo instante fazer valer seus direitos. Este é o grande desafio da vida em comum, conviver com o diferente, aceitando as diferenças e entender que elas não podem ser justificativas para a desigualdade. 
O indivíduo não nasce membro da sociedade, mas nasce com predisposição para a sociabilidade. Para tornar-se membro, ele passa pelo processo de socialização. Quando nascemos, passamos por um processo de aprendizado de normas sociais chamado socialização primária. Em seguida, entramos num segundo momento do processo chamado de socialização secundária, onde apreendemos o cultural segundo um ponto de vista específico criado pelas percepções dos próprios indivíduos.
Um dos elementos da integração social é a comunicação. É a linguagem que estabelece pontes entre diferentes zonas de realidade da vida cotidiana e as integra em uma totalidade dotada de sentido. 
Por meio da linguagem nos comunicamos e nessa interação formamos grupos com interesses próprios, grupos pelos quais nos identificamos e fortalecemos os laços sociais. Passamos a agir pelo e com o grupo. Dessa forma, podemos dizer que nosso comportamento pode ser influenciado pelos demais, mesmo que consciente ou inconscientemente. Quando estamos agindo em grupo, o comportamento individual é sobreposto pelo do grupo, isto é, agimos segundo objetivos e expectativas do grupo, diferente de quando estamos sós.
Pertencer a grupos sociais é ao mesmo tempo tão decisivo e tão comum que geralmente os indivíduos não se dão conta da importância desse fato. Só quando segregados é que tendem a perceber a importância fundamental do grupo para a vida humana. 
Cotidianamente somos bombardeados por informações via rádio, televisão, revistas, jornais, internet, que por meio da publicidade nos orientam como devemos nos comportar diante desse ou daquele fenômeno, adquirir esse ou aquele produto. Esse fato está presente em todos os aspectos do mundo contemporâneo, e num processo tão acelerado que não nos permite refletir sobre nossas atitudes diante do social. O indivíduo se torna mais um dentro da sociedade formando uma massa homogênea. 
Para críticos da comunicação, a mensagem que os indivíduos recebem é previamente orientada por uma classe dominante que cria certos parâmetros de comportamento e que são ditados via comunicação principalmente, a uma classe inferior. Esses parâmetros formatam um determinado objetivo que seria único para todos e o coloca como sendo ideal para a sociedade. O consumismo desenfreado é um exemplo disso. O ideal que está por trás desse fenômeno é a noção de que, numa sociedade capitalista, ter é fundamental para a integração social do indivíduo. Assim, o consumo de bens supérfluos ou não, passa a ser tão importante quanto a vida do indivíduo. 
As opiniões emitidas passam a ter basicamente as mesmas origens, os mesmo fundamentos, ainda que haja diversas correntes de opinião, o fundamento delas é idêntico. O senso comum trata como a voz do povo.
Opinião pública, como o próprio nome indica, é a opinião do público. O indivíduo se sente independente quando diz possuir uma opinião sobre diferentes assuntos e quando essa opinião é divergente de outra, sente-se único e não massa. Ocorre que essa opinião de um ser independente foi permeada anteriormente pela ideologia que fez esse exato papel – fazer com que o sujeito se sinta independente, mesmo que se comportando como a maioria. 
A mídia é um dos instrumentos que pode transformar o comportamento do sujeito, orientando suas opiniões a serviço de um determinado grupo, ou grupos. O efeitos dessas opiniões modificadas pode ter proporções alarmantes. Quando se consegue transformar a opinião da maioria por exemplo, podemos criar leis, transformar o Estado, mudar governos, fazer revoluções. Assim, a manipulação dessa opinião pública torna-se estratégica.
O Direito deve refletir os anseios da população, na medida em que se preocupa com a intermediação das relações sociais. Como então, o Direito se estabelece em relação à opinião pública, se essa opinião foi anteriormente filtrada por interesses de determinados grupo? Onde está a equidade do Direito? Podemos perfeitamente concordar com a problemática de que a Justiça é um fenômeno inteiramente dependente da classe a qual pertenço?
Para Marilena Chauí, no centro do discurso político capitalista encontra-se a defesa da democracia. Tanto no caso do liberalismo quanto no caso do Estado do Bem-Estar Social definem a democracia como regime da lei e da ordem para a garantia das liberdades individuais. Segundo a autora, a democracia identifica a lei como a potência do Legislativo para limitar o poder político, pois garante governantes escolhidos plea vontade da maioria e identificam a ordem com a potência do Executivo e do Judiciário, para conter e limitar os conflitos sociais, impedindo o desenvolvimento de luta de classes (repressão) ou atendendo aos direitos sociais (emprego, salário, educação, etc). 
Na sociedade capitalista, estruturada em classes sociais diferentes, identificamos claramente as desigualdades e os interesses que estão envolvidos no jogo político. A democracia permite ver isso uma vez que entende o conflito como sendo legítimo. Assim, é possível se organizar em grupos, partidos políticos, organizações para lutar pelos seus interesses mais claramente, demarcando uma estratégia social. 
Para opinião pública, contudo, os interesses que estão em jogo sempre tendem a ir de encontro aos interesses de uma camada mais abastada da sociedade. Por um lado, podemos chamar de estratificação da justiça, isto é, a justiça é aplicada de acordo com as condições de classe social a que pertencem os envolvidos. Não podemos aceitar simplesmente a penalização como exclusiva de determinados segmentos estigmatizados. Por outro lado, podemos chamar de autoritarismo social, pois é uma sociedade que é hierárquica, divide as pessoas em inferiores – que devem obedecer, e superiores – que mandam. Não percebemos a prática da igualdade como um direito. 
Assim, temos uma sociedade onde alguns menos privilegiados lutam pelos seus direitos e outros lutam para manter seus privilégios, cabe ao Direito intermediar essas relações. A opinião pública reage segundo a crença num ideal de normatização que julga ser o correto. 
Direito e o fenômeno da opinião pública
Conexões entre opinião pública e o direito – a discussão começou na década de 60. Pesquisas KOL: apuram o conhecimento e a opinião sobre a lei (knowledge and opinion about law). Essas pesquisas procuram avaliar se o direito é considerado justo pela sociedade (legitimidade) e se ele é considerado efetivo por essa mesma sociedade. No particularpodemos visualizar 3 níveis sócio-jurídico:
1) conhecimento do direito: grau de conhecimento do direito por parte da população. Embora a maioria dos países preveja o princípio de que ninguém pode alegar ignorância da lei. Essa ignorância não é uniforme em se tratando de todos os ramos jurídicos, em geral se conhece mais sobre o direito penal. A ignorância é um pouco maior em se tratando das normas de direito civil e trabalhista.
2) aceitação do direito: A sociedade tem uma reação reacionária ou progressista em relação aos temas que surgem? A opinião pública geralmente é reacionária e não progressista.
3) juízo sobre o funcionamento do sistema jurídico: aqui se apura a atuação dos atores: Magistrados, advogados, serventuários.
As pesquisas KOL demonstram que a sociedade não tem uma imagem positiva com relação ao sistema jurídico.
O conhecimento e a prática jurídica não podem ser guiados somente pela opinião pública porque ela pode ser manipulada por conta da sua inconstância.
Pierre Bourdie: diz que a opinião pública não existe, é uma construção mediática, dos meios de comunicação de massa.
DIREITOS E DEVERES FUNCIONAIS DA MAGISTRATURA
LC nº 35/79
LOMAN
TÍTULO II
Das Garantias da Magistratura e das Prerrogativas do Magistrado
CAPÍTULO I
Das Garantias da Magistratura
SEÇÃO I
Da Vitaliciedade
        Art. 25 - Salvo as restrições expressas na Constituição, os magistrados gozam das garantias de vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos.
        Art. 26 - O magistrado vitalício somente perderá o cargo (vetado):
        I - em ação penal por crime comum ou de responsabilidade;
        II - em procedimento administrativo para a perda do cargo nas hipóteses seguintes:
        a) exercício, ainda que em disponibilidade, de qualquer outra função, salvo um cargo de magistério superior, público ou particular;
        b) recebimento, a qualquer título e sob qualquer pretexto, de percentagens ou custas nos processos sujeitos a seu despacho e julgamento;
        c) exercício de atividade politico-partidária.
        § 1º - O exercício de cargo de magistério superior, público ou particular, somente será permitido se houver correlação de matérias e compatibilidade de horários, vedado, em qualquer hipótese, o desempenho de função de direção administrativa ou técnica de estabelecimento de ensino.
        § 2º - Não se considera exercício do cargo o desempenho de função docente em curso oficial de preparação para judicatura ou aperfeiçoamento de magistrados.
        Art. 27 - O procedimento para a decretação da perda do cargo terá início por determinação do Tribunal, ou do seu órgão especial, a que pertença ou esteja subordinado o magistrado, de ofício ou mediante representação fundamentada do Poder Executivo ou Legislativo, do Ministério Público ou do Conselho Federal ou Secional da Ordem dos Advogados do Brasil.
        § 1º - Em qualquer hipótese, a instauração do processo preceder-se-á da defesa prévia do magistrado, no prazo de quinze dias, contado da entrega da cópia do teor da acusação e das provas existentes, que lhe remeterá o Presidente do Tribunal, mediante ofício, nas quarenta e oito horas imediatamente seguintes à apresentação da acusação.
        § 2º - Findo o prazo da defesa prévia, haja ou não sido apresentada, o Presidente, no dia útil imediato, convocará o Tribunal ou o seu órgão especial para que, em sessão secreta, decida sobre a instauração do processo, e, caso determinada esta, no mesmo dia distribuirá o feito e fará entregá-lo ao relator.
        § 3º - O Tribunal ou o seu órgão especial, na sessão em que ordenar a instauração do processo, como no curso dele, poderá afastar o magistrado do exercício das suas funções, sem prejuízo dos vencimentos e das vantagens, até a decisão final.
        § 4º - As provas requeridas e deferidos, bem como as que o relator determinar de ofício, serão produzidas no prazo de vinte dias, cientes o Ministério Público, o magistrado ou o procurador por ele constituído, a fim de que possam delas participar.
        § 5º - Finda a instrução, o Ministério Público e o magistrado ou seu procurador terão, sucessivamente, vista dos autos por dez dias, para razões.
        § 6º - O julgamento será realizado em sessão secreta do Tribunal ou de seu órgão especial, depois de relatório oral, e a decisão no sentido da penalização do magistrado só será tomada pelo voto de dois terços dos membros do colegiado, em escrutínio secreto.
        § 7º - Da decisão publicar-se-á somente a conclusão.
        § 8º - Se a decisão concluir pela perda do cargo, será comunicada, imediatamente, ao Poder Executivo, para a formalização do ato.
        Art. 28 - O magistrado vitalício poderá ser compulsoriamente aposentado ou posto em disponibilidade, nos termos da Constituição e da presente Lei.
        Art. 29 - Quando, pela natureza ou gravidade da infração penal, se torne aconselhável o recebimento de denúncia ou de queixa contra magistrado, o Tribunal, ou seu órgão especial, poderá, em decisão tomada pelo voto de dois terços de seus membros, determinar o afastamento do cargo do magistrado denunciado.
SEÇÃO II
Da Inamovibilidade
       Art. 30 - O Juiz não poderá ser removido ou promovido senão com seu assentimento, manifestado na forma da lei, ressalvado o disposto no art. 45, item I.
        Art. 31 - Em caso de mudança da sede do Juízo será facultado ao Juiz remover-se para ela ou para Comarca de igual entrância, ou obter a disponibilidade com vencimentos integrais.
SEÇÃO III
Da Irredutibilidade de Vencimentos
  
      Art. 32 - Os vencimentos dos magistrados são irredutíveis, sujeitos, entretanto, aos impostos gerais, inclusive o de renda, e aos impostos extraordinários.
        Parágrafo único - A irredutibilidade dos vencimentos dos magistrados não impede os descontos fixados em lei, em base igual à estabelecida para os servidores públicos, para fins previdenciários.
	CAPÍTULO II	
Das Prerrogativas do Magistrado
        Art. 33 - São prerrogativas do magistrado:
        I - ser ouvido como testemunha em dia, hora e local previamente ajustados com a autoridade ou Juiz de instância igual ou inferior;
        II - não ser preso senão por ordem escrita do Tribunal ou do órgão especal competente para o julgamento, salvo em flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade fará imediata comunicação e apresentação do magistrado ao Presidente do Tribunal a que esteja vinculado (vetado);
        III - ser recolhido a prisão especial, ou a sala especial de Estado-Maior, por ordem e à disposição do Tribunal ou do órgão especial competente, quando sujeito a prisão antes do julgamento final;
        IV - não estar sujeito a notificação ou a intimação para comparecimento, salvo se expedida por autoridade judicial;
        V - portar arma de defesa pessoal.
        Parágrafo único - Quando, no curso de investigação, houver indício da prática de crime por parte do magistrado, a autoridade policial, civil ou militar, remeterá os respectivos autos ao Tribunal ou órgão especial competente para o julgamento, a fim de que prossiga na investigação.
        Art. 34 - Os membros do Supremo Tribunal Federal, do Tribunal Federal de Recursos, do Superior Tribunal Militar, do Tribunal Superior Eleitoral e do Tribunal Superior do Trabalho têm o título de Ministro; os dos Tribunais de Justiça, o de Desembargador; sendo o de Juiz privativo dos outros Tribunais e da Magistratura de primeira instância.
TÍTULO III
Da Disciplina Judiciária
CAPÍTULO I
Dos Deveres do Magistrado
        Art. 35 - São deveres do magistrado:
        I - Cumprir e fazer cumprir, com independência, serenidade e exatidão, as disposições legais e os atos de ofício;
        II - não exceder injustificadamente os prazos para sentenciar ou despachar;
        III - determinar as providências necessáriaspara que os atos processuais se realizem nos prazos legais;
        IV - tratar com urbanidade as partes, os membros do Ministério Público, os advogados, as testemunhas, os funcionários e auxiliares da Justiça, e atender aos que o procurarem, a qualquer momento, quanto se trate de providência que reclame e possibilite solução de urgência.
        V - residir na sede da Comarca salvo autorização do órgão disciplinar a que estiver subordinado;
        VI - comparecer pontualmente à hora de iniciar-se o expediente ou a sessão, e não se ausentar injustificadamente antes de seu término;
        VIl - exercer assídua fiscalização sobre os subordinados, especialmente no que se refere à cobrança de custas e emolumentos, embora não haja reclamação das partes;
        VIII - manter conduta irrepreensível na vida pública e particular.
        Art. 36 - É vedado ao magistrado:
        I - exercer o comércio ou participar de sociedade comercial, inclusive de economia mista, exceto como acionista ou quotista;
        II - exercer cargo de direção ou técnico de sociedade civil, associação ou fundação, de qualquer natureza ou finalidade, salvo de associação de classe, e sem remuneração;
        III - manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças, de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício do magistério.
        Parágrafo único - (Vetado.)
        Art. 37 - Os Tribunais farão publicar, mensalmente, no órgão oficial, dados estatísticos sobre seus trabalhos no mês anterior, entre os quais: o número de votos que cada um de seus membros, nominalmente indicado, proferiu como relator e revisor; o número de feitos que Ihe foram distribuídos no mesmo período; o número de processos que recebeu em conseqüência de pedido de vista ou como revisor; a relação dos feitos que lhe foram conclusos para voto, despacho, lavratura de acórdão, ainda não devolvidos, embora decorridos os prazos legais, com as datas das respectivas conclusões.
        Parágrafo único - Compete ao Presidente do Tribunal velar pela regularidade e pela exatidão das publicações.
        Art. 38 - Sempre que, encerrada a sessão, restarem em pauta ou em mesa mais de vinte feitos sem julgamento, o Presidente fará realizar uma ou mais sessões extraordinárias, destinadas ao julgamento daqueles processos.
        Art. 39 - Os juízes remeterão, até o dia dez de cada mês, ao órgão corregedor competente de segunda instância, informação a respeito dos feitos em seu poder, cujos prazos para despacho ou decisão hajam sido excedidos, bem como indicação do número de sentenças proferidas no mês anterior.
DIREITO CIVIL
 
PONTO 3 - Eficácia da lei no espaço. Diferentes classes de bens. Tutela e curatela. Alienação fiduciária em garantia.
1.	Eficácia da Lei no Espaço
1.1.	Sistemas�
a)	Territorialidade – a norma jurídica aplica-se no território do Estado, estendendo-se às embaixadas, consulados, navios de guerra onde quer que se encontrem, navios mercantes em águas territoriais ou em alto-mar, navios estrangeiros (menos os de guerra) em águas territoriais, aeronaves no espaço aéreo do Estado e barcos de guerra onde quer que se encontrem.
b)	Extraterritorialidade – a norma é aplicada em território de outro Estado, segundo os princípios e convenções internacionais. Estabelece-se um privilégio pelo qual certas pessoas escapam à jurisdição do Estado em cujo território se achem, submetendo-se apenas à jurisdição do seu pais. 
	»Estatuto Pessoal – situação jurídica que rege o estrangeiro pelas leis de seu país de origem. Baseia-se na lei da nacionalidade ou na lei do domicílio. A LIC estabelece que o estatuto pessoal do estrangeiro baseia-se na lei do país onde a pessoa é domiciliada.
c)	Territorialidade Moderada – O Brasil segue o sistema da Territorialidade Moderada sujeita a regras especiais, que determinam quando e em que casos pode ser invocado o direito alienígena (LICC, arts. 7º e ss).
1.2.	Lei Aplicável na Sucessão causa mortis
1.2.1.	Lei material – Lei do domicílio do de cujus, salvo se a lei brasileira for mais favorável ao cônjuge ou filhos brasileiros (Art. 10, caput e §1º, LICC, e art. 5º, XXI, CF).
1.2.2.	Lei para regular a capacidade sucessória - lei do domicílio do herdeiro ou legatário (art. 10, §2º, LICC).
	
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO. ART. 10, PARAG. 2., DO CÓDIGO CIVIL.CONDIÇÃO DE HERDEIRO. CAPACIDADE DE SUCEDER. LEI APLICÁVEL. CAPACIDADE PARA SUCEDER NÃO SE CONFUNDE COM QUALIDADE DE HERDEIRO. ESTA TEM A VER COM A ORDEM DA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA QUE CONSISTE NO FATO DE PERTENCER A PESSOA QUE SE APRESENTA COMO HERDEIRO A UMA DAS CATEGORIAS QUE, DE UM MODO GERAL, SÃO CHAMADAS PELA LEI A SUCESSÃO, POR ISSO HAVERA DE SER AFERIDA PELA MESMA LEI COMPETENTE PARA REGER A SUCESSÃO DO MORTO QUE, NO BRASIL, "OBEDECE A LEI DO PAIS EM QUE ERA DOMICILIADO O DEFUNTO." (ART. 10, CAPUT, DA LICC). RESOLVIDA A QUESTÃO PREJUDICIAL DE QUE DETERMINADA PESSOA, SEGUNDO O DOMICILIO QUE TINHA O DE CUJUS, É HERDEIRA, CABE EXAMINAR SE A PESSOA INDICADA É CAPAZ OU INCAPAZ PARA RECEBER A HERANÇA, SOLUÇÃO QUE É FORNECIDA PELA LEI DO DOMICÍLIO DO HERDEIRO (ART. 10, PARAG. 2., DA LICC).RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. (REsp 61.434/SP, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, QUARTA TURMA, julgado em 17.06.1997, DJ 08.09.1997 p. 42507)
1.3.	Dívida de Jogo Contraída em Outro País
		A Corte Especial do STJ, já no exercício da sua competência para conceder exequatur a sentença estrangeira, decidiu por unanimidade, ser cabível a cobrança.
O TJDFT já decidiu pela possibilidade de cobrança da dívida (em ação de cobrança, locupletamento ou execução proposta no Brasil):
CIVIL. LOCUPLETAMENTO ILÍCITO. INDENIZAÇÃO. CHEQUE PRESCRITO PARA AÇÃO EXECUTIVA. DÍVIDA DE JOGO. APLICABILIDADE DO ART. 9º DA LICC.
1. Se o cheque foi emitido voluntariamente, para pagamento de dívida de jogo, contraída em país em que esta atividade é lícita, estando, portanto, o credor acobertado pela boa-fé, não há que se falar em ofensa à ordem pública ou bons costumes, interpretando-se o art. 1477, do Código Civil de 1916 sob a luz do art. 9º da LICC, para considerar exigível a referida dívida, sob pena de enriquecimento ilícito do réu. 2. Recurso provido parcialmente.(20020110437100APC, Relator MARIO-ZAM BELMIRO, 2ª Turma Cível, julgado em 22/11/2004, DJ 17/02/2005 p. 66)
2.	Diferentes Classes de Bens�
2.1.	Bens considerados em si mesmos:
2.1.1.	Imóveis e Móveis
	Os principais efeitos dessa classificação são:
	Efeitos 
	Imóveis
	Móveis
	Aquisição
	Escritura Pública e registro no CRI, se de valor superior a 30 salários mínimos (art. 108 CC).
	Tradição
	Outorga Conjugal
	Exigem (Art. 1.647, I, CC), exceto no regime da separação absoluta.
	Não exigem.
	Usucapião
	Prazos Maiores (5, 10 ou 15 anos)
	Prazos Menores – 3 anos – posse de boa-fé;
5 anos – independentemente de boa-fé
	Garantia real
	Hipoteca
	Penhor (Navios e Aeronaves são ofertados em garantia mediante hipoteca)
	Utilização por terceiros
	Superfície
	Mútuo
	Tributação pela venda
	ITBI
	ICMS, se for o caso
OBS: 1) Modos de aquisição da propriedade:
	Imóvel
	Móvel
	Direito hereditário;
Usucapião
Registro
Acessão
	Comissão
Adjunção
Confusão
Especificação
Tesouro
Usucapião
Tradição
Ocupação
2.1.1.1.	Imóveis – os que não podem ser removidos de um lugar para outro sem destruição e os assim considerados para os efeitos legais. (arts. 79 e 80)
	a) por natureza – o solo, com sua superfície, subsolo e espaço aéreo. Tudo o mais que a ele adere deve ser classificado como imóvel por acessão;
	b) por acessão natural – árvores e os frutos pendentes, bem como todos os acessórios e adjacências naturais. As árvores, quando destinadas ao corte, são consideradas bens “móveis por antecipação”. Mesmo que as árvorestenham sido plantadas pelo homem, deitando suas raízes no solo são imóveis. Não o serão se plantadas em vasos, porque removíveis;
	c) por acessão artificial ou industrial – Acessão significa justaposição ou aderência de uma coisa a outra. Construções e plantações. É tudo quanto o homem incorporar permanentemente ao solo, de modo a que se não possa retirar sem destruição, modificação, fratura ou dano.
	O CC atual não trouxe as hipóteses de bens imóveis por destinação do proprietário, ou por acessão intelectual, aqueles que o proprietário imobilizava por sua vontade, mantendo-os intencionalmente empregados em sua exploração industrial, aformoseamento, ou comodidade, como as máquinas (inclusive tratores) e ferramentas, os objetos de decoração, os aparelhos de ar-condicionado etc. Tais bens, são chamados de pertenças (art. 93).
	d) imóveis por determinação legal – são bens incorpóreos, imateriais (direitos), que, para maior segurança das relações jurídicas, são considerados imóveis (art. 80): I – direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; II – o direito à sucessão aberta.
2.1.1.2.	Móveis – suscetíveis de movimento próprio ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social (art. 82):
	a) Móveis por natureza: semoventes (os que se movem por força própria, como os animais) e móveis propriamente ditos (os que admitem remoção por força alheia);
	b) Móveis por determinação legal (art. 83): I - as energias que tenham valor econômico; II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.
	c) Móveis por antecipação – bens incorporados ao solo, mas com a intenção de separá-los oportunamente e convertê-los em móveis, como as árvores destinadas ao corte.
2.1.2.	Bens Fungíveis e Infungíveis
2.1.2.1.	Bens Fungíveis – são os móveis que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade (art. 85), como o dinheiro.
2.1.2.2.	Bens Infungíveis – são os que não têm esse atributo, porque são encarados de acordo com as suas qualidades individuais, como o quadro de um pintor célebre, uma escultura etc. São as coisas que, em determinada relação jurídica, são consideradas tendo em vista sua específica individualidade.
	A fungibilidade ou a infungibilidade resultam não só da natureza do bem como também da vontade das partes. A moeda é um bem fungível. Determinada moeda, porém, pode tornar-se infungível, para um colecionador. Um boi é infungível e, se emprestado a um vizinho para serviços de lavoura, deve ser devolvido. Se, porém, for destinado ao corte, poderá ser substituído por outro. Uma cesta de frutas é bem fungível. Mas, emprestada para ornamentação, transforma-se em infungível (comodatum ad pompam vel ostentationem)
	Exemplos da importância prática da distinção entre bens fungíveis e infungíveis:
	a) Empréstimo – Bens fungíveis – mútuo; bens infungíveis – comodato;
	b) A compensação, como forma de indireta de extinção de obrigações, opera seus efeitos regulares com relação a obrigações que recaiam sobre bens fungíveis entre si (art. 369, CC).
2.1.3.	Bens Consumíveis e Inconsumíveis
2.1.3.1.	Bens Consumíveis – Os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância (consumíveis de fato, natural ou materialmente consumíveis) e os destinados à alienação (consuntibilidade jurídica, bens juridicamente consumíveis).
2.1.3.2.	Bens Inconsumíveis – são os que admitem uso reiterado, sem destruição de sua substância.
	Em regra, o usufruto só pode recair sobre bens inconsumíveis. Quando, no entanto, tem por objeto bens consumíveis, passa a chamar-se “usufruto impróprio” ou “quase-usufruto”, sendo neste caso o usufrutuário obrigado a restituir, findo o usufruto, os que ainda existirem e, dos outros, o equivalente em gênero, qualidade e quantidade, ou, não sendo possível, o seu valor, estimado ao tempo da restituição (CC, art. 1.392, § 1º).
2.1.4.	Bens Divisíveis e Indivisíveis
2.1.4.1.	Bens Divisíveis – os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam.
2.1.4.2.	Bens Indivisíveis – Os que se não podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição de valor ou prejuízo (indivisível por natureza. Ex. animal – boi, cavalo), por determinação legal (as servidões prediais que subsistem no caso de divisão dos imóveis, as hipotecas) e por vontade das partes (convencional. O art. 314 estabelece que ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se convencionou).
	Os imóveis rurais, por lei, não podem ser divididos em frações inferiores ao módulo regional. A lei 6.766/79 (Lei do Parcelamento do Solo Urbano), também proíbe o desmembramento em lotes cuja área seja inferior a 125m2.
2.1.5.	Bens Singulares e Coletivos
2.1.5.1.	Bens Singulares – os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais (Art. 89).
2.1.5.2.	Bens Coletivos – também chamados de universais ou universalidades e abrangem as universalidades de fato e as universalidades de direito.
	a) Universalidade de Fato (Art. 90) – pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária (rebanho, biblioteca), acrescentando, no parágrafo único, que os bens que formam a universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias.
	b) Universalidade de Direito (Art. 91) – complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico (herança, patrimônio).
2.1.6.	Bens Reciprocamente Considerados
2.1.6.1.	Principal (Art. 92) – é o bem que tem existência própria, que existe por si só.
2.1.6.2.	Acessório (Art. 92) – aquele cuja existência depende do principal 
	O solo é bem principal, porque existe por si, concretamente, sem qualquer dependência. A árvore é acessório, porque sua existência supõe a do solo, onde foi plantada. Os contratos de locação, de compra e venda são principais. A fiança, a cláusula penal, nestes estipuladas, são acessórios.
	Como regra o bem acessório segue o principal. Para que tal não ocorra é necessário que tenha sido convencionado o contrário (venda de veículo, convencionando-se a retirada de alguns acessórios) ou que de modo contrário estabeleça algum dispositivo legal, como o art. 1.284 do CC, pelo qual os frutos pertencem ao dono do solo onde caírem e não ao dono da árvore.
	Entre os bens acessórios estão:
2.1.6.2.1.	Produtos – utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-lhe a quantidade, porque não se reproduzem periodicamente, como as pedras e os metais.
2.1.6.2.2.	Frutos – são utilidades que uma coisa periodicamente produz. Nascem e renascem da coisa, sem acarretar-lhe a destruição no todo ou em parte: café, cria dos animais etc.
	Classificação dos frutos quanto à origem:
	a) Naturais – Desenvolvem-se e se renovam periodicamente, em virtude da força orgânica da própria natureza, como as frutas das árvores, as crias dos animais.
	b) Industriais – os que parecem pela mão do homem, isto é, os que surgem em razão da atuação do homem sobre a natureza , como a produção de uma fábrica.
	c) Civis – são os rendimentos produzidos pela coisa, em virtude de sua utilização por outrem que não o proprietário, como os juros e os aluguéis.
	Classificação dos frutos quanto ao seu estado:
	a) Pendentes – enquanto unidos à coisa que os produziu;
	b) Percebidos ou Colhidos – depois de separados;
	c) Estantes – os separados e armazenados ou acondicionados para venda;
	d) Percipiendos – os que deviam ser mais não foram colhidos ou percebidos;
	e) Consumidos – os que não existem mais porque forma utilizados.
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessara boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia.
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.
2.1.6.2.3.	Benfeitorias (Art. 96)– são os melhoramentos acrescidos à coisa com a finalidade de evitar que se deteriore (benfeitorias necessárias); com a finalidade de aumentar o seu valor (benfeitorias úteis) ou com a finalidade de torná-la mais vistosa ou agradável (benfeitorias voluptuárias). Diferem das acessões, pois estas consistem em acréscimo de uma coisa a outra, enquanto as benfeitorias são melhorias em coisa já existente, e não propriamente um acréscimo. Na medida em que se acresce um bem a outro já existente, alterando-lhe a substância, já não é mais benfeitoria
	Uma benfeitoria pode enquadrar-se em uma ou outra espécie, dependendo das circunstâncias. Uma piscina, por exemplo, pode ser considerada benfeitoria voluptuária em uma casa ou condomínio, mas útil ou necessária em uma escola de natação.
	Benfeitorias não se confundem com acessões industriais ou artificiais ( arts. 1.253 a 1.259 – plantações e construções). Benfeitorias são obras ou despesas feitas em bem já existente.
Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.
2.1.6.3.	Pertenças (art. 93) – bens móveis que, não constituindo partes integrantes (como o são os frutos, produtos e benfeitorias), estão afetados por forma duradoura ao serviço ou ornamentação de outro, como os tratores destinados a uma melhor exploração de propriedade agrícola e os objetos de decoração de uma residência, por exemplo.
	Parte integrante (frutos, produtos e benfeitorias) e pertenças são distintas. A regra do “acessório segue o principal” aplica-se somente às partes integrantes. 
Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.
2.1.6.	Bens Quanto ao Titular do Domínio
2.1.6.1.	Bens Públicos (art. 98) – são os de domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno.
		Bens Particulares – pertencem aos particulares.
2.1.6.1.1.	Classificação dos Bens Públicos
	a) Bens Públicos de Uso Comum (Art. 99, I) - os que podem ser utilizados por qualquer um do povo, sem formalidades: rios, mares, estradas, ruas, praças, etc.
	Não perdem essa característica se o Poder Público regulamentar seu uso, ou torná-lo oneroso, instituindo a cobrança de pedágio (rodovias) ou ingresso (museu). Art. 103, CC.
	b) Bens Públicos de Uso Especial (Art. 99, II) – são bens aplicados ao serviço público: edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração pública.
	c) Bens Públicos Dominicais ou do Patrimônio Disponível (Art. 99, III)– são os que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades: terras devolutas, estradas de ferro. Não estando afetados a finalidade pública específica, podem ser alienados por meio de institutos de direito privado ou de direito público, observadas as exigências da lei.
	Os bens de uso comum do povo e os de uso especial apresentam a característica da inalienabilidade e, como consequência desta, a imprescritibilidade, a impenhorabilidade e a impossibilidade de oneração. Mas a inalienabilidade não é absoluta, a não ser com relação àqueles bens que, por sua própria natureza, são insuscetíveis de valoração patrimonial, como os mares, as praias, os rios navegáveis etc. Os suscetíveis de valoração patrimonial podem perder a inalienabilidade que lhes é peculiar pela desafetação (na forma que a lei determinar – CC, art. 100). A alienabilidade, característica dos bens dominicais, também não é absoluta, porque podem perdê-la pelo instituto da afetação (ato ou fato pelo qual um bem passa da categoria do domínio privado do Estado para a categoria de bem do domínio público), anotando-se que a alienação sujeita-se às exigências da lei (ar. 101).
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.
Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.
2.1.6.1.2.	Jurisprudência
a)	TJDFT - Indenização pela Administração Pública - invasão de área pública
1º Entendimento
É possível o pagamento de indenização, pela Administração Pública, ao particular que invade área pública, se a ocupação é exercida em longo período, com a tolerância do Poder Público, a fim de se evitar o enriquecimento ilícito de uma das partes em detrimento da outra.
Decisão unânime
Acórdão nº 234754 (Rel. Des. Nívio Geraldo Gonçalves) 
2º Entendimento
Não é possível o pagamento de indenização, pela Administração Pública, ao particular que invade área pública. A posse de imóvel público é de presumida má-fé, não gerando direito à indenização de benfeitorias. Não cabe indenização pelas acessões erigidas no imóvel (as quais não podem ser confundidas com benfeitorias), haja vista que, por se tratar de imóvel público, a sua mera detenção, que não se confunde com posse qualificada, não pode ser caracterizada como sendo de boa-fé.
Decisão unânime
Acórdão nº 254453 (Relª. Desa. Ana Maria Duarte Amarante)
Fonte: TJDFT – Jurisprudência Interna Comparada - http://www.tjdft.jus.br/juris/juris_intcomp/juris_adm_civil1.asp
b)	STJ
ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. IMÓVEIS PERTENCENTES À TERRACAP. BENS PÚBLICOS. USUCAPIÃO.
1. Tratam os autos de embargos de divergência apresentados por Maria Lúcia Pereira dos Santos em face de acórdão proferido em sede de recurso especial que exarou entendimento no sentido de que, embora a TERRACAP possua natureza jurídica privada, gere bens públicos pertencentes ao Distrito Federal, impassíveis de usucapião.
Colaciona a embargante julgados oriundos desta Casa em sentido oposto, onde se externa o posicionamento de que os imóveis da TERRACAP integram-se na categoria de bens particulares.
2. Os imóveis administrados pela Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) são públicos, sendo insuscetíveis de usucapião.
3. Embargos de divergência não-providos.
(EREsp 695.928/DF, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, CORTE ESPECIAL, julgado em 18/10/2006, DJ 18/12/2006 p. 278)
MANUTENÇÃO DE POSSE. OCUPAÇÃO DE ÁREA PÚBLICA, ADMINISTRADA PELA “TERRACAP – COMPANHIA IMOBILIÁRIA DE BRASÍLIA”. INADMISSIBILIDADE DA PROTEÇÃO POSSESSÓRIA.
– A ocupação de bem público não passa de simples detenção, caso em que se afigura inadmissível o pleito de proteção possessória contra o órgão público.
– Não induzem posse os atos de mera tolerância (art. 497 do Código Civil/1916). Precedentes do STJ.
Recurso especial conhecido e provido.
(REsp 489.732/DF, Rel. Ministro BARROS MONTEIRO, QUARTA TURMA, julgado em 05/05/2005, DJ 13/06/2005 p. 310)
OBS: TERRACAP (COMPANHIA IMOBILIÁRIA DE BRASÍLIA) é uma empresa pública que faz parte da administração indireta do Distrito Federal, sendo regida por seu estatuto social e regimento interno, e pela legislação aplicável às sociedades por ações. Do capital da Terracap, 51% pertencem ao DF e 49% são da União. Tem por atribuição principal administrar terras públicas do DF�.
3.	Tutela e Curatela
	Tutela e Curatela são institutos assistenciais por delegação do Estado para proteção do incapaz, menor (tutela)ou maior (curatela).
	O menor posto sob tutela é denominado tutelado ou pupilo.
3.1.	Tutela
3.1.1	Conceito
	É o encargo conferido por lei a uma pessoa capaz, para cuidar da pessoa do menor e administrar seus bens. Destina-se a suprir a falta do poder familiar e tem nítido caráter assistencial�.
Art. 1.728. Os filhos menores são postos em tutela:
I - com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados ausentes;
II - em caso de os pais decaírem do poder familiar.
	A tutela constitui um sucedâneo do poder familiar e é incompatível com este. A tutela é instituto que se presta a substituir a função institucional de outro instituto, o do poder familiar sobre o menor incapaz ou relativamente incapaz, quando este for órfão (pais falecidos ou ausentes – CC 1728 I) ou quando os pais tiverem decaído (definitiva ou temporariamente) do exercício do poder familiar (CC 1728 II c/c CC 1638), por decisão judicial (CC 1635 V)�
	O tutor exerce um múnus público, uma delegação do Estado que, não podendo exercer essa função, transfere a obrigação de zelar pela criação, pela educação e pelos bens do menor a terceira pessoa. É considerada um encargo público e obrigatório, salvo as hipóteses dos arts. 1.736 e 1.737 do Código Civil.
Art. 1.736. Podem escusar-se da tutela:
I - mulheres casadas;
II - maiores de sessenta anos;
III - aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de três filhos;
IV - os impossibilitados por enfermidade;
V - aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de exercer a tutela;
VI - aqueles que já exercerem tutela ou curatela;
VII - militares em serviço.
OBS: Jornada I STJ 136: Proposta: revogar o dispositivo (Art. 1.736, I). Justificativa: não há qualquer justificativa de ordem legal a legitimar que mulheres casadas, apenas por essa condição, possam se escusar da tutela.
Art. 1.737. Quem não for parente do menor não poderá ser obrigado a aceitar a tutela, se houver no lugar parente idôneo, consangüíneo ou afim, em condições de exercê-la.
Art. 1.738. A escusa apresentar-se-á nos dez dias subsequentes à designação, sob pena de entender-se renunciado o direito de alegá-la; se o motivo escusatório ocorrer depois de aceita a tutela, os dez dias contar-se-ão do em que ele sobrevier.
Art. 1.739. Se o juiz não admitir a escusa, exercerá o nomeado a tutela, enquanto o recurso interposto não tiver provimento, e responderá desde logo pelas perdas e danos que o menor venha a sofrer.
	OBS: A doutrina denomina de protutor aquele que, não sendo tutor, administra os bens do menor, como se o for, “crendo sê-lo ou mesmo com ciência de que o não é”. Diferentemente do protutor é o falso tutor, que, com dolo ou não, exerce as funções de tutor, fingindo exercer legalmente essa função. Seus atos são nulos. Nosso sistema nomeia de protutor o fiscal do tutor�.
Art. 1.742. Para fiscalização dos atos do tutor, pode o juiz nomear um protutor.
3.1.2.	Espécies de Tutela
	a) Testamentária – é a tutela em que o tutor é nomeado por testamento.
Art. 1.729. O direito de nomear tutor compete aos pais, em conjunto.
Parágrafo único. A nomeação deve constar de testamento ou de qualquer outro documento autêntico.
Art. 1.730. É nula a nomeação de tutor pelo pai ou pela mãe que, ao tempo de sua morte, não tinha o poder familiar.
	b) Legítima – decorre da lei. Ou seja, não havendo sido nomeado um tutor pelos pais, o art. 1.731 elenca os parentes aos quais pode ser incumbida a tutela.
Art. 1.731. Em falta de tutor nomeado pelos pais incumbe a tutela aos parentes consangüíneos do menor, por esta ordem:
I - aos ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao mais remoto;
II - aos colaterais até o terceiro grau, preferindo os mais próximos aos mais remotos, e, no mesmo grau, os mais velhos aos mais moços; em qualquer dos casos, o juiz escolherá entre eles o mais apto a exercer a tutela em benefício do menor.
	c) Dativa – Quando não houver tutor nomeado por testamento nem legítimo, ou quando eles forem escusados ou excluídos da tutela.
Art. 1.732. O juiz nomeará tutor idôneo e residente no domicílio do menor:
I - na falta de tutor testamentário ou legítimo;
II - quando estes forem excluídos ou escusados da tutela;
III - quando removidos por não idôneos o tutor legítimo e o testamentário.
Art. 1.733. Aos irmãos órfãos dar-se-á um só tutor.
§ 1o No caso de ser nomeado mais de um tutor por disposição testamentária sem indicação de precedência, entende-se que a tutela foi cometida ao primeiro, e que os outros lhe sucederão pela ordem de nomeação, se ocorrer morte, incapacidade, escusa ou qualquer outro impedimento.
§ 2o Quem institui um menor herdeiro, ou legatário seu, poderá nomear-lhe curador especial para os bens deixados, ainda que o beneficiário se encontre sob o poder familiar, ou tutela.
	d) Tutela dos menores abandonados 
Art. 1.734. Os menores abandonados terão tutores nomeados pelo juiz, ou serão recolhidos a estabelecimento público para este fim destinado, e, na falta desse estabelecimento, ficam sob a tutela das pessoas que, voluntária e gratuitamente, se encarregarem da sua criação.
	O juiz ao nomear o tutor deverá observar o contido nos arts. 28 a 32 ECA:
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta Lei.
§ 1º Sempre que possível, a criança ou adolescente deverá ser previamente ouvida e a sua opinião devidamente considerada.
§ 2º Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar ou minorar as consequências decorrentes da medida.
Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a natureza da medida ou não ofereça ambiente familiar adequado.
Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a entidades governamentais ou não-governamentais, sem autorização judicial.
Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional, somente admissível na modalidade de adoção.
Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, mediante termo nos autos
3.1.3.	Incapazes de Exercer a Tutela – Art. 1.735, CC.
Art. 1.735. Não podem ser tutores e serão exonerados da tutela, caso a exerçam:
I - aqueles que não tiverem a livre administração de seus bens;
II - aqueles que, no momento de lhes ser deferida a tutela, se acharem constituídos em obrigação para com o menor, ou tiverem que fazer valer direitos contra este, e aqueles cujos pais, filhos ou cônjuges tiverem demanda contra o menor;
III - os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem sido por estes expressamente excluídos da tutela;
IV - os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, falsidade, contra a família ou os costumes, tenham ou não cumprido pena;
V - as pessoas de mau procedimento, ou falhas em probidade, e as culpadas de abuso em tutorias anteriores;
VI - aqueles que exercerem função pública incompatível com a boa administração da tutela.
3.1.4.	Exercício da Tutela – Art. 1.740 a 1.752, CC.
	O exercício da tutela diz respeito à pessoa do menor (art. 1.740, CC) e aos bens do tutelado (art. 1.741, 1.747 e 1.748, CC).
	O tutor responde por prejuízos que causar ao tutelado, com dolo ou culpa (Art. 1.752); tem direito a uma remuneração (Art. 1.752) e é obrigado a prestar contas (Art. 1.755, CC).
Art. 1.740. Incumbe ao tutor, quanto à pessoa do menor:
I - dirigir-lhe a educação, defendê-lo e prestar-lhe alimentos, conforme os seus haveres e condição;
II - reclamar do juiz que providencie, como houver por bem, quando o menor haja mister correção;
III - adimplir os demais deveres que normalmente cabem aos pais,ouvida a opinião do menor, se este já contar doze anos de idade.
Art. 1.741. Incumbe ao tutor, sob a inspeção do juiz, administrar os bens do tutelado, em proveito deste, cumprindo seus deveres com zelo e boa-fé.
Art. 1.742. Para fiscalização dos atos do tutor, pode o juiz nomear um protutor.
Art. 1.743. Se os bens e interesses administrativos exigirem conhecimentos técnicos, forem complexos, ou realizados em lugares distantes do domicílio do tutor, poderá este, mediante aprovação judicial, delegar a outras pessoas físicas ou jurídicas o exercício parcial da tutela.
Art. 1.744. A responsabilidade do juiz será:
I - direta e pessoal, quando não tiver nomeado o tutor, ou não o houver feito oportunamente;
II - subsidiária, quando não tiver exigido garantia legal do tutor, nem o removido, tanto que se tornou suspeito.
OBS:O comando legal impõe ao juiz nomear tutor idôneo ao órfão (CC 1732). É conveniente por isso que cuide de precaver-se. Recomenda-se que, por ocasião da nomeação do tutor, o juiz determine a prova negativa da distribuição de ações civis, criminais e trabalhistas contra o nomeado, certidões de quitações fiscais e de protesto de títulos em nome do indicado e outras providências que análise dos fatos recomendarem. Diante de acusações endereçadas contra o tutor poderá, ad cautelam e liminarmente, determinar a destituição do tutor (CC 1766)�.
Art. 1.745. Os bens do menor serão entregues ao tutor mediante termo especificado deles e seus valores, ainda que os pais o tenham dispensado.
Parágrafo único. Se o patrimônio do menor for de valor considerável, poderá o juiz condicionar o exercício da tutela à prestação de caução bastante, podendo dispensá-la se o tutor for de reconhecida idoneidade.
Art. 1.746. Se o menor possuir bens, será sustentado e educado a expensas deles, arbitrando o juiz para tal fim as quantias que lhe pareçam necessárias, considerado o rendimento da fortuna do pupilo quando o pai ou a mãe não as houver fixado.
Art. 1.747. Compete mais ao tutor:
I - representar o menor, até os dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-lo, após essa idade, nos atos em que for parte;
II - receber as rendas e pensões do menor, e as quantias a ele devidas;
III - fazer-lhe as despesas de subsistência e educação, bem como as de administração, conservação e melhoramentos de seus bens;
IV - alienar os bens do menor destinados a venda;
V - promover-lhe, mediante preço conveniente, o arrendamento de bens de raiz.
Art. 1.748. Compete também ao tutor, com autorização do juiz:
I - pagar as dívidas do menor;
II - aceitar por ele heranças, legados ou doações, ainda que com encargos;
III - transigir;
IV - vender-lhe os bens móveis, cuja conservação não convier, e os imóveis nos casos em que for permitido;
V - propor em juízo as ações, ou nelas assistir o menor, e promover todas as diligências a bem deste, assim como defendê-lo nos pleitos contra ele movidos.
Parágrafo único. No caso de falta de autorização, a eficácia de ato do tutor depende da aprovação ulterior do juiz.
Art. 1.749. Ainda com a autorização judicial, não pode o tutor, sob pena de nulidade:
I - adquirir por si, ou por interposta pessoa, mediante contrato particular, bens móveis ou imóveis pertencentes ao menor;
II - dispor dos bens do menor a título gratuito;
III - constituir-se cessionário de crédito ou de direito, contra o menor.
Art. 1.750. Os imóveis pertencentes aos menores sob tutela somente podem ser vendidos quando houver manifesta vantagem, mediante prévia avaliação judicial e aprovação do juiz.
Art. 1.751. Antes de assumir a tutela, o tutor declarará tudo o que o menor lhe deva, sob pena de não lhe poder cobrar, enquanto exerça a tutoria, salvo provando que não conhecia o débito quando a assumiu.
REMUNERAÇÃO DO TUTOR: Art. 1.752. O tutor responde pelos prejuízos que, por culpa, ou dolo, causar ao tutelado; mas tem direito a ser pago pelo que realmente despender no exercício da tutela, salvo no caso do art. 1.734, e a perceber remuneração proporcional à importância dos bens administrados.
§ 1o Ao protutor será arbitrada uma gratificação módica pela fiscalização efetuada.
§ 2o São solidariamente responsáveis pelos prejuízos as pessoas às quais competia fiscalizar a atividade do tutor, e as que concorreram para o dano.
DOS TUTORES - LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO INTERESSE NA FISCALIZAÇÃO - EXISTÊNCIA DE DÉBITO - QUITAÇÃO - EX-TUTELADA - IMPOSSIBILIDADE. 
1. Finda a tutela pela emancipação ou maioridade, a quitação da menor não produzirá efeito antes de aprovadas as contas pelo juiz, subsistindo a responsabilidade dos tutores. Inteligência do art. 437 do Código Civil. 
2. O Ministério Público tem interesse na fiscalização das contas do período em que a tutelada era menor, especialmente por ter o dever de proteger o patrimônio dos menores incapazes, sobretudo nas relações entre tutores e tutelados.
3. A quitação dada pela ex-tutelada não isenta a tutora da responsabilidade de apresentar as contas e da necessidade de sua aprovação pelo juiz, pois se refere a atos praticados durante a sua incapacidade.
4. Apelo improvido.(TJDFT - 20030130027809APE, Relator SANDRA DE SANTIS, 6ª Turma Cível, julgado em 12/09/2005, DJ 17/11/2005 p. 110)
AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS - PENSÃO ALIMENTÍCIA - DÉBITO ANTERIOR - BLOQUEIO DOS BENS PESSOAIS DO TUTOR - PODER GERAL DE CAUTELA - RECURSO IMPROVIDO - UNÂNIME. Sendo incontroversa a existência da dívida, a determinação do bloqueio dos bens pessoais do tutor de menores é medida atinente ao poder geral de cautela do Juiz, tendo como objetivo garantir o pagamento integral do valor devido.(TJDFT - 20010020074417AGI, Relator LÉCIO RESENDE, 3ª Turma Cível, julgado em 06/05/2002, DJ 26/06/2002 p. 49)
3.1.5.	Bens do Tutelado
Art. 1.753. Os tutores não podem conservar em seu poder dinheiro dos tutelados, além do necessário para as despesas ordinárias com o seu sustento, a sua educação e a administração de seus bens.
§ 1o Se houver necessidade, os objetos de ouro e prata, pedras preciosas e móveis serão avaliados por pessoa idônea e, após autorização judicial, alienados, e o seu produto convertido em títulos, obrigações e letras de responsabilidade direta ou indireta da União ou dos Estados, atendendo-se preferentemente à rentabilidade, e recolhidos ao estabelecimento bancário oficial ou aplicado na aquisição de imóveis, conforme for determinado pelo juiz.
§ 2o O mesmo destino previsto no parágrafo antecedente terá o dinheiro proveniente de qualquer outra procedência.
§ 3o Os tutores respondem pela demora na aplicação dos valores acima referidos, pagando os juros legais desde o dia em que deveriam dar esse destino, o que não os exime da obrigação, que o juiz fará efetiva, da referida aplicação.
Art. 1.754. Os valores que existirem em estabelecimento bancário oficial, na forma do artigo antecedente, não se poderão retirar, senão mediante ordem do juiz, e somente:
I - para as despesas com o sustento e educação do tutelado, ou a administração de seus bens;
II - para se comprarem bens imóveis e títulos, obrigações ou letras, nas condições previstas no § 1o do artigo antecedente;
III - para se empregarem em conformidade com o disposto por quem os houver doado, ou deixado;
IV - para se entregarem aos órfãos, quando emancipados, ou maiores, ou, mortos eles, aos seus herdeiros.
3.1.6.	Prestação de Contas
Art. 1.755. Os tutores, embora o contrário tivessem disposto os pais dos tutelados, são obrigados a prestar contas da sua administração.
OBS: De acordo com princípio universalmente aceito, as despesas das quais não é possível, ou não é habitual exigir recibo, bem como as que pareçam verossímeis e razoáveis, poderão ser aceitas pelo juiz, ainda que não provadas. Os requisitos da verossimilhança e da razoabilidade serão discricionariamente apreciados pelo magistrado, tendo em vista as circunstâncias especiais de cada caso concreto(RT 181/240)�.
Art. 1.756. No fim de cada ano de administração, os tutores submeterão ao juiz o balanço respectivo, que, depois de aprovado, se anexará aos autos do inventário.
Art. 1.757. Os tutores prestarão contas de dois em dois anos, e também quando, por qualquer motivo, deixarem o exercício da tutela ou toda vez que o juiz achar conveniente.
Parágrafo único. As contas serão prestadas em juízo, e julgadas depois da audiência dos interessados, recolhendo o tutor imediatamente a estabelecimento bancário oficial os saldos, ou adquirindo bens imóveis, ou títulos, obrigações ou letras, na forma do § 1o do art. 1.753.
Art. 1.758. Finda a tutela pela emancipação ou maioridade, a quitação do menor não produzirá efeito antes de aprovadas as contas pelo juiz, subsistindo inteira, até então, a responsabilidade do tutor.
Art. 1.759. Nos casos de morte, ausência, ou interdição do tutor, as contas serão prestadas por seus herdeiros ou representantes.
Art. 1.760. Serão levadas a crédito do tutor todas as despesas justificadas e reconhecidamente proveitosas ao menor.
Art. 1.761. As despesas com a prestação das contas serão pagas pelo tutelado.
Art. 1.762. O alcance do tutor, bem como o saldo contra o tutelado, são dívidas de valor e vencem juros desde o julgamento definitivo das contas.
3.1.7.	Cessação da Tutela
Art. 1.763. Cessa a condição de tutelado:
I - com a maioridade ou a emancipação do menor;
II - ao cair o menor sob o poder familiar, no caso de reconhecimento ou adoção.
OBS: A eventual cessação da suspensão do poder familiar de um ou de ambos os pais, ou o retorno do ausente, podem ser motivos para a cessação da tutela, porque ocorre nesses casos, também, a submissão do então tutelado, de novo, ao poder dos pais não mais ausentes, ou dos pais que recuperaram o poder familiar perdido, que motivara a tutela�.
Art. 1.764. Cessam as funções do tutor:
I - ao expirar o termo, em que era obrigado a servir;
II - ao sobrevir escusa legítima;
III - ao ser removido.
Art. 1.765. O tutor é obrigado a servir por espaço de dois anos.
Parágrafo único. Pode o tutor continuar no exercício da tutela, além do prazo previsto neste artigo, se o quiser e o juiz julgar conveniente ao menor.
Art. 1.766. Será destituído o tutor, quando negligente, prevaricador ou incurso em incapacidade.
3.2.	Curatela
3.2.1.	Conceito
	É encargo deferido por lei a alguém capaz, para reger a pessoa e administrar os bens de quem, em regra maior, não pode fazê-lo por si mesmo�.
	Carlos Roberto Gonçalves ressalta os aspectos similares da curatela e tutela, bem como suas diferenças:
A curatela assemelha-se à tutela por seu caráter assistencial, destinando-se, igualmente, à proteção de incapazes. Por essa razão, a ela são aplicáveis as disposições legais relativas à tutela, com apenas algumas modificações (CC, art. 1774). Ambas se alinham no mesmo Título do Livro do Direito de Família devido às analogias que apresentam. Vigoram para o curador as escusas voluntárias (art. 1.736) e proibitórias (art. 1.735); é obrigado a prestar caução bastante, quando exigida pelo juiz, e a prestar contas; cabem-lhe os direitos e deveres especificados no capítulo que trata da tutela; somente pode alienar bens imóveis mediante prévia avaliação judicial e autorização do juiz etc.
Apesar dessa semelhança, os dois institutos não se confundem. Podem ser apontadas as seguintes diferenças: a) a tutela é destinada a menores de 18 anos de idade, enquanto a curatela é deferida, em regra, a maiores; b) a tutela pode ser testamentária, com nomeação de tutor pelos pais; a curatela é sempre deferida pelo juiz; c) a tutela abrange a pessoa e os bens do menor (auctoritas e gestio), enquanto a curatela pode compreender somente a administração dos bens do incapaz, como no caso dos pródigos; d) os poderes do curador são mais restritos do que os do tutor.�
	Há entendimento acerca da possibilidade de nomeação de curador por testamento:
Em face do caráter protetivo da tutela, o tutor pode ser escolhido pelo pai ou pela mãe, enquanto a nomeação do curador segue o critério de nomeação posto na lei, ainda que não haja impedimento de os pais nomearem, por testamento, curador para os filhos que não dispõem de plena capacidade mental�.
	A curatela não está restrita aos maiores incapazes, pois existe previsão legal expressa acerca da curatela do nascituro (art. 1.779, CC), do portador de deficiência física (art. 1.780, CC) e dos ausentes (art. 22 e 23, CC).
	São sujeitos da curatela:
	a) o curador, sujeito ativo, é aquele que tem por incumbência o dever de proteger a pessoa e administrar os seus bens, ou, tão-somente, administrar os seus bens;
	b) curatelado, sujeito passivo, é aquele a que a curatela protege. Em se tratando de proteção à pessoa que atingiu a maioridade ou é emancipada, diz-se que se trata de curatelado ou interdito�.
3.2.2.	Interdição
Interdição é medida de proteção ao incapaz, que se insere dentro do direito de família, onde pode ser assegurada, com mais eficácia, a proteção do deficiente físico ou mental, criando mecanismos que coíbam o risco de violência a sua pessoa ou de perda de seus bens. A proteção legal se impõe ao maior incapaz para que não seja prejudicada a execução de suas obrigações sociais, comerciais e familiares e para que haja proteção efetiva de seus bens e de sua pessoa. A interdição decorre de decisão soberana do juiz.�
	A interdição está entre os procedimentos de jurisdição voluntária. Todavia, há entendimento que é de natureza contenciosa: “O processo de interdição (CPC arts. 1.177 a 1.186) é contencioso. Deve-se outorgar ao suposto incapaz a garantia da mais ampla defesa e contraditório”�.
	Pela natureza de jurisdição voluntária, a seguinte ementa do TJDFT:
DIREITO DE FAMÍLIA. INTERDIÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. PRODIGALIDADE . 1. Na interdição, "a realização da audiência não é obrigatória, tal como se passa no procedimento ordinário de jurisdição contenciosa. (...) O julgamento conforme o estado do processo é também aplicável (...)" (Humberto Theodoro Júnior, in Curso de direito processual civil: Procedimentos especiais - Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 406). 2. É improcedente o pedido de interdição formulado pelo filho quando se verifica, pelo exame das provas colacionadas nos autos, que sua mãe se encontra capaz de reger sua pessoa e de administrar seus bens. Eventual má administração de seus vencimentos e bens não autoriza o deferimento de medida tão drástica. 3. Recurso de apelação conhecido e não provido. Unânime.(20080610014946APC, Relator WALDIR LEÔNCIO C. LOPES JÚNIOR, 2ª Turma Cível, julgado em 27/08/2008, DJ 24/11/2008 p. 101)
	No TJDFT há divergência acerca do foro competente para processar a substituição do curador:
	a) Foro do domícilio do incapaz:
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. SUBSTITUIÇÃO DE CURATELA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DO DOMICÍLIO DO INCAPAZ. COMPETÊNCIA TERRITORIAL (RELATIVA). IMPOSSIBILIDADE DE DECLARAÇÃO DE OFÍCIO.
1. É competente para processar e julgar o pedido de substituição de curatela o foro do local em que reside o incapaz (interditado), a teor do que dispõem o Art. 76 do Código Civil e o Art. 98 do Código de Processo Civil.
2. Enuncia a Súmula nº 33 do Superior Tribunal de Justiça que a incompetência relativa - como tal enquadrada a competência territorial - não pode ser declarada de ofício.
3. Recurso provido.
(20080020132426AGI, Relator CRUZ MACEDO, 4ª Turma Cível, julgado em 19/11/2008, DJ 12/01/2009 p. 100)
	b) Juizo que decretou a interdição:
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. SUBSTITUIÇÃO DE CURATELA.
1.Objetivando atender aos princípios da economia e celeridade processual, é de se atribuir a competência para apreciar pedido de substituição de curatela ao douto juízo que decretou a interdição, pois, certamente, conhece os meandros da causa, fazendo com que a solução ocorra com maior celeridade.
2.Ademais, da análisedos artigos 1.778 do Código Civil e 1.111 do Código de Processo Civil, pode ser afirmado que o pleito se insere em mera extensão dos efeitos de sentença proferida pelo juízo suscitante, sendo até mesmo desnecessário procedimento autônomo.
3. Conflito conhecido e declarado competente o douto juízo suscitante.(20060020101032CCP, Relator SANDOVAL OLIVEIRA, 2ª Câmara Cível, julgado em 30/10/2006, DJ 15/02/2007 p. 70)
3.2.2.	Sujeitos à Curatela – Interditos
Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela:
I - aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil;
II - aqueles que, por outra causa duradoura, não puderem exprimir a sua vontade;
III - os deficientes mentais, os ébrios habituais e os viciados em tóxicos;
IV - os excepcionais sem completo desenvolvimento mental;
V - os pródigos.
Art. 1.768. A interdição deve ser promovida:
I - pelos pais ou tutores;
II - pelo cônjuge, ou por qualquer parente;
III - pelo Ministério Público.
Art. 1.769. O Ministério Público só promoverá interdição:
I - em caso de doença mental grave;
II - se não existir ou não promover a interdição alguma das pessoas designadas nos incisos I e II do artigo antecedente;
III - se, existindo, forem incapazes as pessoas mencionadas no inciso antecedente.
Art. 1.770. Nos casos em que a interdição for promovida pelo Ministério Público, o juiz nomeará defensor ao suposto incapaz; nos demais casos o Ministério Público será o defensor.
Art. 1.771. Antes de pronunciar-se acerca da interdição, o juiz, assistido por especialistas, examinará pessoalmente o arguido de incapacidade.
Art. 1.772. Pronunciada a interdição das pessoas a que se referem os incisos III e IV do art. 1.767, o juiz assinará, segundo o estado ou o desenvolvimento mental do interdito, os limites da curatela, que poderão circunscrever-se às restrições constantes do art. 1.782.
Art. 1.773. A sentença que declara a interdição produz efeitos desde logo, embora sujeita a recurso.
Art. 1.774. Aplicam-se à curatela as disposições concernentes à tutela, com as modificações dos artigos seguintes.
Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, é, de direito, curador do outro, quando interdito.
§1o Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mãe; na falta destes, o descendente que se demonstrar mais apto.
§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos.
§ 3o Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a escolha do curador.
Art. 1.776. Havendo meio de recuperar o interdito, o curador promover-lhe-á o tratamento em estabelecimento apropriado.
Art. 1.777. Os interditos referidos nos incisos I, III e IV do art. 1.767 serão recolhidos em estabelecimentos adequados, quando não se adaptarem ao convívio doméstico.
Art. 1.778. A autoridade do curador estende-se à pessoa e aos bens dos filhos do curatelado, observado o art. 5o.
Seção II
Da Curatela do Nascituro e do Enfermo ou Portador de Deficiência Física
Art. 1.779. Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer estando grávida a mulher, e não tendo o poder familiar.
Parágrafo único. Se a mulher estiver interdita, seu curador será o do nascituro.
Art. 1.780. A requerimento do enfermo ou portador de deficiência física, ou, na impossibilidade de fazê-lo, de qualquer das pessoas a que se refere o art. 1.768, dar-se-lhe-á curador para cuidar de todos ou alguns de seus negócios ou bens.
Seção III
Do Exercício da Curatela
Art. 1.781. As regras a respeito do exercício da tutela aplicam-se ao da curatela, com a restrição do art. 1.772 e as desta Seção.
Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração.
Art. 1.783. Quando o curador for o cônjuge e o regime de bens do casamento for de comunhão universal, não será obrigado à prestação de contas, salvo determinação judicial.
3.2.3	Jurisprudência Selecionada
CIVIL. CURATELA. PRESTAÇÃO DE CONTAS. INTIMAÇÃO. VIABILIDADE. 
1. A má-fé não se presume. A regra geral é o reto proceder, as situações ordinárias, com espeque no artigo 113 do Código Civil. E, na hipótese em exame, o padrão é esperar de um pai a busca do bem-estar para sua filha, portadora de enfermidade mental. Não basta argumentar-se no sentido de que a obrigação do curador de prestar contas é ex lege e, portanto, deveria ser conhecida pelo curador. Por não haver sido o curador, pai da incapaz, cientificado da obrigação de prestar contas, quando da assinatura do termo de compromisso, pode este prestá-las, quando da intimação. 
2. Agravo provido a fim de determinar o dia 03 de junho de 2003, como marco inicial para a prestação de contas do Agravante, na condição de curador de C.H.F.C.
(TJDFT - 20080020034942AGI, Relator FLAVIO ROSTIROLA, 1ª Turma Cível, julgado em 21/05/2008, DJ 02/06/2008 p. 38)
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. INTERDIÇÃO. SENTENÇA OMISSA QUANTO AOS PARÂMETROS E LIMITES DA CURATELA. CONJUNTO PROBATÓRIO. INCAPACIDADE ABSOLUTA. OMISSÃO INSUBSISTENTE.
I. Muito embora a remissão aos incisos III e IV do art. 1.767, pelo art. 1.772 da Lei Civil, acene no sentido de que o juiz deve se preocupar em definir a abrangência da curatela apenas na interdição de deficientes mentais, ébrios habituais, viciados em tóxicos e excepcionais sem completo desenvolvimento mental, a própria índole jurídica da curatela sinaliza que os limites da curatela devem sempre ser ponderados em função das condições pessoais do interditando, seja qual for a natureza e a extensão da incapacidade.
II. A curatela é um mecanismo de proteção ao incapaz e por isso deve ser ajustada ao perfil pessoal do interditando, cabendo ao juiz, dentro dessa perspectiva finalística, ser o mais preciso possível ao estipular os seus limites. 
III. Ressaindo do conjunto probatório o quadro de completa desorientação do interditado quanto aos atos da vida civil, caracteriza-se a hipótese de incapacidade absoluta regulada no art. 3º, II, do Código Civil.
IV. Uma vez descortinada a incapacidade absoluta do interditando, deixa de suscitar inquietação jurídica a falta de discriminação, na sentença que pronunciou a interdição, dos parâmetros e limitações da curatela.
V. Recurso conhecido e desprovido.(TJDFT - 20060310161280APC, Relator JAMES EDUARDO OLIVEIRA, 6ª Turma Cível, julgado em 09/04/2008, DJ 21/05/2008 p. 97)
DIREITO CIVIL. INTERDIÇÃO. CURATELA. ALEGADA PRODIGALIDADE. INCAPACIDADE OU DEBILIDADE MENTAL NÃO COMPROVADAS. PROVA PERICIAL E DEMAIS ELEMENTOS PROBATÓRIOS.
1. A interdição de pessoa deve sempre ser vista como medida de exceção, só admissível nos casos em que o indivíduo não se encontra em condições de reger sua pessoa e administrar seu patrimônio.
2. Se a prova técnica produzida durante a instrução processual, assim como os demais elementos probatórios carreados aos autos, aponta no sentido da completa sanidade mental da demandada, impossível se mostra a sua interdição.
3. Recurso conhecido e não provido. Sentença mantida.(TJDFT - 20010110907692APC, Relator JOÃO BATISTA TEIXEIRA, 4ª Turma Cível, julgado em 17/04/2008, DJ 07/05/2008 p. 53)
4.	Alienação Fiduciária em Garantia
4.1.	Base Legal
	a) Lei 4.278/65 (Regula o Mercado de Capitais) – Art. 66-B
	b) Decreto-Lei 911/69 – Alienação Fiduciária de Bens Móveis
	c) Lei 9.514/97 – Alienação Fiduciária de Bens Imóveis – Arts. 22 a 33
	d) Código Civil – Propriedade Fiduciária – Arts. 1.361 a 1.368-A
4.2.	Conceito
É um contrato. 
A alienação fiduciária em garantia, introduzida no direito brasileiro pela Lei de Mercado de Capitais, em 1965 (Lei 4.728/65 – LMC), é espécie do gênero alienação fiduciária. Trata-se de contrato instrumental de um mútuo, em que o mutuário-fiduciante

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