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TRANSISTOR A eletrônica inicia-se praticamente com a descoberta do diodo de emissão termiônica, estudado e desenvolvido por J. A. Fleming, em 1902. Este componente, também muito conhecido por válvula de Fleming ou simplesmente válvula, é o marco inicial de toda a história da industria eletrônica. A invenção da válvula proporcionou o desenvolvimento de tecnologias importantes como o rádio e a televisão, somando-se a outras invenções de destaques como o cinema e o automóvel. A válvula era uma invenção fantástica, mas tinha alguns inconvenientes: era grande e pesada demais, o que tornava os aparelhos uns grandes trambolhos. Além disso, exigia um certo tempo para começar a funcionar, consumia muita energia e tempo decorrido entre um defeito e outro não era muito longo. Em busca de uma alternativa aconteceu o inesperado. Em 1947, comandando um grupo de físicos, Willian Shockley inventa o transistor, que pode ser considerado como um destes acontecimentos que mudam toda a história da humanidade. Todos estavam ansiosos na época e previam que grandes coisas estavam para acontecer. As previsões mais ousadas, no entanto, não chegaram nem perto do que realmente iria acontecer. Boa parte dos avanços tecnológicos que aconteceram a partir da metade do século XX tem alguma relação, direta ou indireta, com a invenção do transistor. Cita-se, por exemplo, a industria de computadores na escala em que vemos hoje, a automação industrial, os avanços na área biomédica, viagens espaciais etc. IDÉIAS BÁSICAS O transistor é fabricado a partir de um cristal de silício com três regiões dopadas que podem ser NPN ou PNP. Em cada região é ligado um terminal condutor, como mostra a figura a seguir. O emissor (E) é densamente dopado e sua função é emitir ou injetar elétrons na base. A base (B) é levemente dopada e muito fina. Sua função é permitir que a maior parte dos elétrons injetados pelo emissor chegue ao coletor. O coletor (C) possui um nível de dopagem intermediário, entre a densa dopagem do emissor e a fraca dopagem da base. O coletor é assim chamado porque ele coleta os elétrons que vêm da base. O coletor é também a região mais extensa das três, uma vez que ele deve dissipar mais calor do que o emissor e a base. O transistor possui duas junções PN: uma entre o emissor e a base, chamada de diodo-emissor (DE) e outra entre o coletor e a base, chamada de diodo-coletor (DC). É a polarização dos diodos DE e DC que definirá a forma como o transistor irá funcionar. O transistor pode funcionar de três formas diferentes, que chamamos de regiões de operação. Estas regiões de operação são o corte, a ativa e a saturação. POLARIZANDO O TRANSISTOR A figura a seguir mostra uma das várias formas de polarizarmos um transistor, conhecida como polarização base-comum. O temo base-comum deve-se ao fato de que o terminal da base é o terminal comum ente as malhas do DE e do DC. Observe que o diodo-emissor está polarizado diretamente e o diodo-coletor polarizado reversamente. A faixa cinza em torno da junção do DC representa a camada de depleção expandida devido à polarização reversa. Como DE está polarizado diretamente ele irá permitir que os elétrons cruzem a junção e entrem na base. Levando em conta que o sentido da corrente é o eletrônico, observamos que os elétrons saem do terminal negativo de Vee, entram na região do emissor, cruzam a junção DE e entram na base. Os elétrons que entraram na base vindos do emissor têm dois caminhos: ou descem pelo terminal da base ou atravessam a junção do DC e saem pelo terminal do coletor. Ocorre que, mesmo a junção DC estando reversamente polarizada, a maior parte dos elétrons que entraram na base vindos do emissor vai atravessá-la e sair pelo terminal do coletor, formando Ic. Isto só acontece devido ao fato da base ser muito fina e estar fracamente dopada. Como DC está reversamente polarizado a sua camada de depleção se expande para dentro da base e para dentro do coletor. A expansão,no entanto, ocorre muito mais para dentro da base devido ao fato dela possuir um nível de dopagem menor que a do coletor. Quando os elétrons vindos do emissor entram na base eles se deparam com a camada de depleção expandida na região da base. Como a velocidade dos elétrons é muito alta, a maior parte deles entra na camada de depleção expandida da base e são atraídos pelo terminal positivo de Vcc, que está ligado no terminal do coletor. De uma forma geral, mais de 95% dos elétrons que entram na base vai para o coletor. A corrente de base é formada pelos elétrons que conseguem se recombinar com as poucas lacunas existentes na base. Ao se recombinar, os elétrons descem pela região da base como elétrons de valência e saem pelo terminal da base para formar Ib. A figura a seguir mostra as correntes Ie, Ib e Ic que circularam pelo transistor, levando em conta o sentido eletrônico da corrente. Wagner da Silva Zanco 1 Ao observar atentamente a figura acima podemos deduzir que: Ie = Ic + Ib Ie = Intensidade de corrente no emissor Ic = Intensidade de corrente no coletor Ib = Intensidade de corrente na base Como mais de 95% dos elétrons que entram na base vão para o coletor, podemos dizer que Ic >> Ib. Sendo assim: Ie ≅ Ic Esta aproximação é importante e será muito utilizada ao longo desta obra. GANHO DE CORRENTE ALFA CC (αCC) O αCC, também conhecido como ganho de corrente na configuração base-comum, será tão alto quanto mais fracamente dopada for a região da base. Idealmente, se todos os elétrons que entram na base vindos do emissor fossem para o coletor, o αCC seria igual a unidade. Muitos transistores têm um αCC maior que 0,99 e praticamente todos têm um maior que 0,95. αCC = Ic / Ie POLARIZAÇÃO EMISSOR-COMUM Se ao invés da base for o emissor o ponto comum entre as malhas do DE e do DC, teremos a configuração emissor- comum. O funcionamento do transistor é o mesmo da configuração base-comum, porque o que importa não é a configuração em si que está sendo utilizada e sim a forma como os diodos DE e DC estão polarizados. A polarização destes diodos que nos interessa no momento é a polarização direta para DE e a reversa para DC. A figura a seguir ilustra a idéia. Devido ao fato da configuração emissor-comum ser de fácil análise nós daremos ênfase a ela, mas independente da configuração utilizada o transistor funciona da mesma forma, porque o que importa e a forma como os diodos De e DC estão polarizados. GANHO DE CORRENTE BETA CC (βCC) O ganho de corrente βCC, também conhecido como ganho de corrente na configuração emissor-comum, informa quantas vezes Ic é maior que a corrente Ib. βCC = Ic / Ib Para quase todos os transistores menos de 5% dos elétrons que chegam na base vindos do emissor se recombinam com as lacunas da base e saem pelo terminal da base para produzir Ib. Sendo assim, podemos dizer que o βCC é sempre maior que 20. Geralmente ele se encontra entre 50 e 300 e em alguns transistores pode chegar a 1000. O βCC é fornecido pelo fabricante do transistor no datasheet do componente. No datasheet ele é normalmente encontrado com a denominação HFE e seu valor é muito influenciado pela temperatura. REGIÕES DE OPERAÇÃO DO TRANSISTOR O transistor pode funcionar de três formas diferentes, conhecidas como regiões de operação. Estas regiões de operação são: - Corte - Ativa - Saturação Como já foi dito anteriormente, a região em que o transistor está operando depende de como estão polarizados os diodos DE e DC. A tabela a seguir mostra como se dá esta relação.corte ativa saturação diodo-emissor reverso direto direto diodo-coletor reverso reverso direto Wagner da Silva Zanco 2 MODELO EBERS-MOLL Este é o modelo que utilizaremos para representar, em baixas freqüências, o funcionamento do transistor na região ativa. Veja na figura a seguir que entre os terminais base- emissor vemos um diodo, enquanto que olhando para dentro do coletor vemos uma fonte de corrente cuja intensidade depende da intensidade da corrente de base. A figura a seguir mostra também o símbolo utilizados para representar os transistor NPN. A figura a seguir mostra o símbolo do transistor PNP. ANALISANDO UM CIRCUITO TRANSISTORIZADO A forma mais recomendada para analisarmos o funcionamento do transistor é montando um circuito simples na configuração emissor-comum, como mostra a figura a seguir. Note que adotamos o sentido convencional da corrente elétrica, na qual os elétrons saem do terminal positivo e entram no terminal negativo da fonte. Para simplificar ainda mais a análise vamos dividir o circuito em duas partes: malha de entrada(ME) e malha de saída(MS). A malha de entrada é a malha formada por base- emissor e a malha de saída é a malha formada por coletor- emissor. A figura a seguir ilustra a idéia. Malha de entrada: Malha de saída: ANALISANDO A MALHA DE ENTRADA A primeira coisa a ser observada é se o diodo emissor está conduzindo. No circuito que estamos analisando o DE está em condução. Neste caso ,VBE = 0,7V. Aplicando a primeira lei de Kirchhoff na malha de entrada podemos deduzir a equação que nos permitirá calcular a intensidade de corrente na base (Ib). Vbb = VRB + VBE Como, VRB = IbxRb Então, Vbb = IbxRb + VBE Vbb – VBE = IbxRb Ib = (Vbb – VBE) / RE Ib = (5 – 0,7) / 430K Ib = 10µA Wagner da Silva Zanco 3 Como, Bcc = Ic / Ib Então, Ic = Bcc x Ib = 100 x 10µ Ic = 1mA ANALISANDO A MALHA DE SAÍDA Vcc = VRC + VCE Como, VRC = Ic x Rc Então, Vcc = (Ic x Rc) + VCE Sendo assim, VCE = Vcc – (Ic x Rc) VCE = 10 – (1m x 5k) VCE = 5V A figura a seguir mostra o circuito analisado com os valores de tensão e corrente em cada ponto do circuito. Wagner da Silva Zanco 4 TRANSISTOR IDÉIAS BÁSICAS POLARIZANDO O TRANSISTOR REGIÕES DE OPERAÇÃO DO TRANSISTOR MODELO EBERS-MOLL ANALISANDO A MALHA DE ENTRADA ANALISANDO A MALHA DE SAÍDA
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