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Ecologia

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APOSTILA DE ECOLOGIA, ECOSSISTEMA E CICLO 
VITAL 
VERSÃO II 
 
Prof. Fábio Lopes Corrêa da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
1º semestre de 2009 
 
 2 
ÍNDICE 
Prefácio 03 
Origem da vida 04 
Biosfera e ecossistemas 10 
Desertificação 14 
Aquecimento global 15 
Relações ecológicas 39 
Clima e tempo 47 
O ciclo vital 54 
A dinâmica das comunidades: sucessão ecológica 71 
Água e agricultura 74 
Agrotóxicos 79 
A água na história do homem 85 
Um olhar sobre a história do saneamento 96 
A água e a população humana 107 
Aterro sanitário 107 
Impacto, recuperação e conservação de ecossistemas 112 
Esgoto 118 
Drenagem 135 
Poluição 138 
Seqüestro de carbono 155 
Diferença entre Parque e Área de Proteção Ambiental 159 
Desenvolvimento sustentável 160 
Planejamento 166 
Planejamento estratégico 167 
Agenda 21 180 
Carta de São Paulo (versão preliminar) 188 
Declaração de Alma-ata 189 
Carta de Ottawa 192 
Declaração de Adelaide 197 
Declaração de Sundsvall 205 
Declaração de Santa Fé de Bogotá 212 
Declaração de Jacarta 216 
Rede de Mega-Países 222 
Declaração do México 226 
Dicionário ecológico 227 
Questões norteadoras 246 
Referências Bibliograficas 249 
 
 
 
 
 3 
PREFÁCIO 
 
 O objetivo desta apostila é demonstrar os principais conceitos da Ecologia, as 
relações entre os seres vivos e os problemas ambientais advindos da intervenção antrópica, 
além de questões sobre planejamento, políticas de gestão e . Construir este instrumento, 
através de compilações e textos na íntegra foi tarefa que demandou alguns critérios e muitas 
horas de leitura. 
 Este exemplar é apenas a primeira versão, pois carecerá de correções e atualizações 
constantes, lembrando que, em nenhum momento, aconselho-vos a consultar somente esta 
apostila, mas sim recorrer aos livros e trabalhos científicos, de inúmeros estudiosos 
conceituados. Lembrem-se de consultar a bibliografia básica e a complementar. 
 “A imaginação é mais importante que o conhecimento...” (Albert Einstein) 
Boa sorte e bom estudo 
Prof. Fábio Lopes Corrêa da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 4 
ORIGEM DA VIDA 
Ao longo dos séculos, várias hipóteses foram formuladas por filósofos e cientistas 
na tentativa de explicar como teria surgido a vida em nosso planeta. Até o século XIX, 
imaginava-se que os seres vivos poderiam surgir não só a partir do cruzamento entre si, mas 
também a partir da matéria bruta, de uma forma espontânea. Essa idéia, proposta há mais de 
2 000 anos por Aristóteles, era conhecida pôr geração espontânea ou abiogênese. Os 
defensores dessa hipótese supunham que determinados materiais brutos conteriam um 
"princípio ativo", isto é, uma "força" capaz de comandar uma série de reações que 
culminariam com a súbita transformação do material inanimado em seres vivos. 
O grande poeta romano Virgílio (70 a.C.-19 a.C.), autor das Écoglas e da Eneida, 
garantia que moscas e abelhas nasciam de cadáveres em putrefação. Já na Idade Média, 
Aldovandro afirmava que, o lodo do fundo das lagoas, poderiam, poderiam nascer patos e 
morcegos. O padre Anastásio Kircher (1627-1680), professor de Ciência do Colégio 
Romano, explicava para seus alunos que do pó de cobra, espalhado pelo chão, nasceriam 
muitas cobras. 
Nesse mesmo século, começaram a surgir sábios com novas idéias, que não 
aceitavam a abiogênese e procuravam desmascará-la, com suas experiências baseadas no 
método científico. 
Abiogênose X biogênese 
Em meados do século XVII, o biólogo italiano Francesco Redi elaborou 
experiências que, na época, abalaram profundamente a teoria da geração espontânea. 
Colocou pedaços de carne no interior de frascos, deixando alguns abertos e fechando outros 
com uma tela. Observou que o material em decomposição atraía moscas, que entravam e 
saíam ativamente dos frascos abertos. Depois de algum tempo, notou o surgimento de 
inúmeros "vermes" deslocando-se sobre a carne e consumindo o alimento disponível. Nos 
frascos fechados, porém, onde as moscas não tinham acesso à carne em decomposição, 
esses "vermes" não apareciam. Redi, então, isolou alguns dos "vermes" que surgiram no 
interior dos frascos abertos, observando-lhes o comportamento; notou que, após 
consumirem avidamente o material orgânico em putrefação, tornavam-se imóveis, 
 5 
assumindo um aspecto ovalado, terminando por desenvolver cascas externas duras e 
resistentes. Após alguns dias, as cascas quebravam-se e, do interior de cada unidade, saía 
uma mosca semelhante àquelas que haviam pousado sobre a carne em putrefação. 
A experiência de Redi favoreceu a biogênese, teoria segundo a qual a vida se 
origina somente de outra vida preexistente. 
Quando Anton van Leeuwenhoek (1632-1723), na Holanda, construindo 
microscópios, observou pela primeira vez os micróbios, reavivou a polêmica sobre a 
geração espontânea, abalando seriamente as afirmações de Radi. 
Foi na Segunda metade do século passado que a abiogênese sofreu seu golpe final. 
Louis Pasteur (1822-1895), grande cientista francês, preparou um caldo de carne, que é 
excelente meio de cultura para micróbios, e submeteu-o a uma cuidadosa técnica de 
esterilização, com aquecimento e resfriamento. Hoje, essa técnica é conhecida como 
"pasteurização".Uma vez esterilizado, o caldo de carne era conservado no interior de um 
balão "pescoço de cisne". 
Devido ao longo gargalo do balão de vidro, o ar penetrava no balão, mas as 
impurezas ficavam retidas na curva do gargalo. Nenhum microrganismo poderia chegar ao 
caldo de carne. Assim, a despeito de estar em contato com o ar, o caldo se mantinha estéril, 
provando a inexistência da geração espontânea. Muitos meses depois, Pasteur exibiu seu 
material na Academia de Ciências de Paris. O caldo de carne estava perfeitamente estéril. 
Era o ano de 1864. A geração espontânea estava completamente desacreditada. 
Desmoralizada a teoria da abiogênese, confirmou-se a idéia de Prayer: Omne vivium 
ex vivo, que se traduz por "todo ser vivo é proveniente de outro ser vivo". Isso criou a 
seguinte pergunta: se é preciso um ser vivo para originar outro ser vivo, então de onde e 
como pode ter aparecido o primeiro ser vivo? 
Tentou-se, então, explicar o aparecimento dos primeiros seres vivos na Terra a 
partir dos cosmozoários, que seriam microrganismos flutuantes no espaço cósmico. Mas 
existem provas concretas de que isso jamais poderia ter acontecido. Tais seres seriam 
destruidor pelos raios cósmicos e ultravioleta que varrem continuamente o espaço sideral. 
Em 1936, Alexander Oparin propõe uma nova explicação para o origem da vida. Sua 
hipótese se resume nos seguintes fatos: 
 6 
Na atmosfera primitiva do nosso planeta, existiriam metano, amônia, hidrogênio e 
vapor de água. Sob altas temperaturas, em presença de centelhas elétricas e raios 
ultravioleta, tais gases teriam se combinado, originando aminoácidos, que ficavam 
flutuando na atmosfera. 
Com a saturação de umidade da atmosfera, começaram a ocorrer as chuvas. Os 
aminoácidos eram arrastados para o solo. Submetidos a aquecimento prolongado, os 
aminoácidos combinavam-se uns com os outros, formando proteínas. 
As chuvas lavavam as rochas e conduziam as proteínas para os mares. Surgia uma 
"sopa de proteínas" nas águas mornas dos mares primitivos. As proteínas dissolvidas em 
água formavam colóides. Os colóides se interpenetravam e originavam os coacervados. 
Os coacervados englobavam moléculas de nucleoproteínas. Depois, organizavam-se 
em gotículas delimitadas por membrana lipoprotéica. Surgiam as primeiras células. 
Essas células pioneiras eram muito simples e ainda não dispunham de um equipamento 
enzimático capaz de realizar a fotossíntese. Eram, portanto, heterótrofas. Só mais tarde, 
surgiram as células autótrofas, mais evoluídas. E isso permitiu o aparecimento dos seres de 
respiração aeróbia. 
Atualmente, se discute a composição química da atmosfera primitiva do nosso 
planeta, preferindo alguns admitir que, em vez de metano,amônia, hidrogênio e vapor de 
água, existissem monóxido de carbono, dióxido de carbono, nitrogênio molecular e vapor 
de água. 
Oparin não teve condições de provar sua hipótese. Mas, em 1953, Stanley Miller, na 
Universidade de Chicago, realizou em laboratório uma experiência. Colocou num balão de 
vidro: metano, amônia, hidrogênio e vapor de água. Submeteu-os a aquecimento 
prolongado. Uma centelha elétrica de alta tensão cortava continuamente o ambiente onde 
estavam contidos os gases. Ao fim de certo tempo, Miller comprovou o aparecimento de 
moléculas de aminoácido no interior do balão, que se acumulavam no tubo em U. 
 7 
 
Pouco tempo depois, em 1957, Sidney Fox submeteu uma mistura de aminoácidos 
secos a aquecimento prolongado e demonstrou que eles reagiam entre si, formando cadeias 
peptídicas, com o aparecimento de moléculas protéicas pequenas. 
As experiências de Miller e Fox comprovaram a veracidade da hipótese de Oparin. 
 
 
Princípios Básicos da Fisiologia 
 
Conforme o tipo de nutrição os seres vivos são classificados em autótrofos e 
heterótrofos. 
Autótrofos são os seres que podem, partindo de produtos minerais simples, produzir 
os seus próprios alimentos, que são substâncias orgânicas mais ou menos elaboradas. 
Heterótrofos são os seres que, não podendo sintetizar produtos orgânicos, utilizam 
alimentos elaborados por outros. 
Os seres autótrofos são também chamados de produtores e os heterótrofos de 
consumidores. 
 
Autotrofismo 
Os seres autótrofos são classificados, dependendo da fonte de energia que usem para 
produzir seus alimentos, em fotossíntetizantes e quimiossintetizantes. 
 
Quimiossíntese 
É um processo realizado por organismos primitivos, como algumas bactérias e 
algas, que produzem os seus alimentos utilizando energia proveniente de reações químicas. 
 8 
Fotossíntese 
É o processo de síntese orgânica realizado por vegetais portadores de clorofila, que 
lhes permite produzir os seus alimentos utilizando-se da energia da luz. 
Luz e Fotossíntese 
A luz é uma forma de energia eletromagnética emitida pelo Sol ou por fontes 
artificiais produzidas pelo homem, com comprimento de onda compreendido entre 390 a 
760 nanômetros.Passada através de um prisma, a luz é decomposta em comprimentos de 
onda menores, que nos dão as diversas cores: violeta, azul, verde, amarelo, laranja e 
vermelho (na ordem crescente de comprimento de onda). 
Destes diversos comprimento de onda ou cores, o azul e o vermelho são os que os 
vegetais aproveitam melhor. Isto pode ser comprovado pela experiência de Engelmann, 
ilustrada abaixo. 
 
 
Fórmula das principais clorofilas: 
C55H72O5N4Mg ---- de cor verde azulada 
C55H70O6N4Mg ---- de cor verde amarelada 
 
Reação da Fotossíntese 
6CO2+12H2O+673.000cal -> C6H12O6+6H2O+6O2 
Para que esta reação ocorra, são necessárias duas fases, ou etapas, controladas por 
diversas enzimas: 
Etapa fotoquímica ou clara 
Nesta etapa, que é conhecida como "fotólise da água", acontecem duas coisas: 
1) a decomposição das moléculas de água (fotólise) com a liberação de O2, que é vai para a 
atmosfera. 
2) formação de dois compostos, o ATP e o NADPH2, onde fica armazenada a energia da 
luz 
Etapa química ou escura 
Conhecida também como 'ciclo de Calvin" ou "ciclo das pentoses". Nesta fase, os 
dois produtos ATP e NADPH2 produzidos na primeira fase, que em conjunto são 
 9 
conhecidos como "o poder assimilatório", são utilizados para a assimilação do CO2 do ar e 
formação de moléculas de um açúcar simples que é a glicose. 
 
 
 
Formas especiais de fotossíntese 
Nas bactérias podem ocorrer dois tipos característicos de fotossíntese em que, na primeira 
fase, em substituição da água, que funciona como um doador de elétrons, são usados ou o 
H2 ou o H2S. 
 
Fotossíntese e respiração 
A fotossíntese e a respiração são duas reações opostas uma à outra: enquanto a primeira 
armazena energia e produz alimentos, a segunda libera energia e gasta alimentos. 
Reação da fotossíntese 
6CO2+12H2O+673.000cal -> C6H12O6 +6H2O+6O2 
Reação da respiração 
C6H12O6 +6H2O+6O2 -> 6CO2+12H2O+673.000cal 
Ponto de compensação 
A fotossíntese é influenciada pela luz enquanto que a respiração, via de regra, não o é. 
Desta forma podemos traçar o seguinte gráfico: 
 
 10 
 
 
O ponto em que, dada uma intensidade luminosa, a fotossíntese e a respiração se 
equivalem denomina-se ponto de compensação. 
Plantas que têm um ponto de baixo, com pouca luz, podem viver em ambientes 
sombreados e são chamadas de umbrófilas, enquanto que as que precisam de bastante luz 
para atingir o ponto de compensação só podem sobreviver em ambientes bem iluminados e 
são chamadas de heliófilas. 
 
BIOSFERA E ECOSSISTEMAS 
Cerca de 1 milhão de anos após ter se formado, a Terra era rochosa e quente, com 
alguma água acumulada na superfície. Sua atmosfera era provavelmente constituída por 
metano, amônia, gás hidrogênio e vapor d'água, entre outros compostos. À medida que o 
planeta foi se esfriando, acumulou-se água nas depressões da crosta, e assim se originaram 
os primeiros lagos e mares da Terra .Com o aparecimento dos seres vivos, uma nova 
camada passou a fazer parte da constituição da Terra: além da litosfera (constituída pelas 
rochas e pelo solo), da hidrosfera (constituída pelas águas) e da atmosfera (constituída pelo 
ar), passou a existir a biosfera, representada pelos seres vivos e pelo ambiente em que 
vivem. 
 11 
O conceito de biosfera 
 Biosfera, em sua definição mais simples, é o conjunto de regiões da Terra onde 
existe vida. O termo "biosfera" foi introduzido em 1875 pelo geólogo austríaco Eduard 
Suess (1831-1914), durante uma discussão sobre os vários envoltórios da Terra. Em 1926 e 
1929, o mineralogista russo Vladimir Vernandsky (1863-1945) consagrou definitivamente 
o termo, utilizando-o em duas conferências de sucesso. Embora a palavra "biosfera" nos 
leve a pensar em uma camada contínua de regiões propícias à vida em torno da Terra, isso 
não é exatamente verdade. A espessura da biosfera é um tanto irregular, devido ao fato de 
haver locais onde a vida é escassa ou mesmo inexistente. Por exemplo, em mares, lagos, 
florestas, pântanos e campos, a vida é abundante e variada. Há, porém, áreas tão secas ou 
tão frias que dificultam, ou até impedem, o desenvolvimento da maioria dos seres vivos. É 
o caso das regiões quentes e desertas localizadas na faixa equatorial e das regiões geladas 
situadas junto aos pólos, onde poucas espécies conseguem viver. 
A maioria dos seres terrestres vive em regiões situadas até 5 mil metros acima do 
nível do mar, entretanto, no Monte Everest, foi encontrada uma aranha vivendo a quase 7 
mil metros de altitude, e já se observou aves migratórias voando a 8,8 mil metros de 
altitude. No mar, a maioria dos seres vivos habita a faixa que vai da superfície até 150 
metros de profundidade, embora algumas espécies de animais e de bactérias vivam a mais 
de 9 mil metros de profundidade.De acordo com essas considerações, a biosfera teria 
espessura máxima de aproximadamente 17 ou 18 Km, formando uma película finíssima 
quando comparada aos 13.000 Km de diâmetro da Terra. Se o planeta fosse comparado a 
uma laranja, a biosfera não passaria de um fino papel de seda sobre sua superfície. 
Biocenose, Biótopo, Habitat e Ecossistema 
 
Biocenose ou comunidade biológica 
As diversas espécies que vivem em uma mesma região constituem uma comunidade 
biológica, também chamada biota ou biocenose. O termo "biocenose" (do grego bios, vida, 
e koinos, comum, público) foi criado pelo zoólogo alemão K.A. Möbius, em 1877, para 
ressaltar a relação de vida em comum dos seres que habitam determinada região. A 
biocenose de uma floresta, por exemplo, compões-se de populações de arbustos, árvores, 
pássaros, formigas, microorganismos etc., que convivem e se inter-relacionam. 
 12 
Biótopo 
Para viver, a biocenose dependede fatores componentes físicos e químicos do 
ambiente. Em seu conjunto, esses componentes formam o biótopo (do grego bios, vida, e 
topos, lugar), que significa "o local onde vive a biocenose". No exemplo da floresta, o 
biótopo é a área que contém o solo (com seus minerais e água) e a atmosfera (com seus 
gases, umidade, temperatura, grau de luminosidade etc.). Os fatores abióticos do biótopo 
afetam diretamente a biocenose, e também são por ela influenciados. O desenvolvimento de 
uma floresta, por exemplo, modifica a umidade do ar e a temperatura de uma região. 
Habitat 
Habitat significa "o local onde vive determinada espécie". Tem sentido mais restrito 
de que biótopo, que se refere ao local onde vive toda a biocenose. Se quisermos falar do 
local onde vivem as girafas, devemos usar o termo habitat. Mas se quisermos nos referir ao 
local onde vive a biocenose da savana, falamos em biótopo. 
 
Ecossistema 
O conjunto vivo formado pela biocenose e pelo biótopo em interação é chamado 
ecossistema. Uma floresta, considerada em sua totalidade, isto é, com seus fatores abióticos 
e comunidades de seres vivos em interação, constitui um ecossistema. 
A destruição das Espécies e dos Ecossistemas Na Europa , 400 anos atrás, havia 
cerca de 9 milhões de quilometros quadrados de florestas, hoje existem menos de 2 
milhões. Do século XVII até hoje, foram exterminadas centenas de espécies de aves e 
mamíferos e outras tantas estão ameaçadas de extinção. Também alguns Ecossistemas são 
destruídos e ameaçados, juntamente com as espécies de animais que vivem neles. Exemplo 
disso, é a eliminação sistemática dos pântanos nas regiões temperadas. Isso é um erro, 
porque os pântanos funcionam como esponjas, regulando os níveis do lençol de água 
subterrânea : alimentam esse lençol no verão e recolhem a água nas estações chuvosas, 
evitando inundações. Outros ecossistemas que correm grave risco são as florestas tropicais, 
pois são destruídas para dar lugar a lavouras, estradas, instalações industriais, e, para 
extração de madeira. Com o desmatamento, elimina-se a cobertura vegetal que protege o 
solo da erosão provocada pelas águas correntes e isso facilita as inundações. O 
desmatamento de grandes extensões provoca mudanças no clima, que se torna mais árido. 
 13 
A Ecologia nos ensina que a manutenção das espécies e dos Ecossistemas, é um dos 
aspectos mais importantes da conservação da natureza. Pântanos e florestas, e também 
todos os outros ecossistemas devem ser respeitados, porque constituem um elemento 
fundamental do grandioso mecanismo da vida na natureza. 
Exemplos de ecossitemas 
No fundo do mar: Mesmo onde a água é muito rasa, o fundo do mar abriga uma 
grande variedade de animais que, em sua maioria, vivem fixados às pedras ou se deslocam 
muito lentamente. Os mais típicos e numerosos habitantes do fundo, pertencem ao grupo 
dos Equinodermos( do grego, pele espinhosa), entre eles estão o ouriço-do-mar, as estrelas 
do mar e os Holuturióides, também chamados de pepinos-do -mar. 
 Num costão rochoso: Nesse ambiente agitado, só conseguem viver animais 
capazes de permanecer firmemente aderidos às rochas, senão seriam varridos pelas ondas. 
Nesse ambiente vivem também outros animais, como crácas, crustáceos fixos de aparência 
curiosa e pequenos caranguejos que se movimentam agilmente entre as irregularidades das 
rochas. 
Debaixo das pedras: Levantando-se uma pedra, no campo, em qualquer jardim, é 
quase certo que encontraremos numerosos animaizinhos, geralmente tatuzinho, lacraias, 
centopéias, besouro, carrapatos. 
Em uma fonte: Qualquer fonte de jardim pode constituir um pequeno ambiente 
muito rico em formas de vida. Nos tanques, se a água estiver limpa, pode-se observar no 
fundo, uma espécie de algodão verde, formado por muitos filamentos, são as algas verdes. 
Nos parques e jardins: localizados no interior das cidades, estes parques e jardins 
são tranqüilas ilhas de vegetação, abrigando uma fauna muito rica em pardais, sabiás, 
pombas, esquilos, serelepes e uma infinidade de outras aves e animais. Mas nestes parques, 
os animais são tratados e alimentados pelo homem, o que já não acontece na periferia 
urbana, sobretudo nos campos e terrenos baldios, colonizados por uma flora muito especial. 
Aí, sem a interferência humana, criou-se um habitat natural para uma enorme quantidade de 
pequenos animais. "Mesmo entre prédios, ruas, carros, enfim, no ambiente artificial de uma 
cidade, os animais e plantas são capazes de invadir e até de conquistar pequenos ambientes, 
onde sobrevivem e se reproduzem". 
 
 14 
A Destruição dos Recursos Naturais 
Água, madeira, solo, plantas, minerais, são recursos que existem na Terra, para 
melhorar a vida do Homem. Mas tem havido um exagero nesse aproveitamento e, como as 
riquezas na Terra não são inesgotáveis, está havendo uma devastação generalizada desses 
recursos. A prática da monocultura torna as terras improdutivas, que logo são abandonadas. 
A destruição da cobertura vegetal protetora, os cultivos errados, o excesso de 
pastagens, acabam com a vegetação. A erosão, que provoca uma desertificação, a aridez, 
enfim, tudo isso torna os ambientes inabitáveis. 
 
DESERTIFICAÇÃO 
Desertificação é o empobrecimento dos ecossistemas áridos, semi-áridos e 
subúmidos em virtude de atividades humanas predatórias e, em menor grau, de mudanças 
naturais. Atualmente, 34% (49.384.500 km²) das terras emersas do planeta são propensas à 
desertificação. As áreas mais afetadas são: Oeste da América do Sul, o Nordeste do Brasil, 
o norte e o sul da África, o Oriente Médio, a Ásia Central, a Austrália e o sudoeste dos 
Estados Unidos. 
Desde a primeira Conferência Mundial sobre Desertificação, no Quênia, em 1977, 
os cientistas têm mostrado que o aumento das regiões áridas do mundo não decorre 
somente da progressão natural dos desertos , em geral resultado de alterações climáticas e 
fenômenos tectônicos ao longo de milhares de anos. Esse alastramento vem sendo 
provocado principalmente pelo homem, por meio do desmatamento de extensas áreas de 
floresta; da agropecuária predatória, que emprega técnicas inadequadas de cultivo e 
pastoreio; e de alguns tipos de mineração, como a extração dos cristais de rocha, que 
removem a camada superficial do solo. Essas atividades levam à diminuição da cobertura 
vegetal, ao surgimento de dunas, ao esgotamento dos solos, à perda de água do subsolo, à 
erosão e ao assoreamento dos rios e lagos. E o problema é agravado pelo efeito estufa , pela 
chuva ácida e pelo buraco na camada de ozônio. 
Quando o solo se desertifica, as populações buscam outras terras, onde repetem os 
mesmos erros cometidos anteriormente. Com isso criam novas áreas desertificadas, num 
ciclo contínuo. A conseqüência é a migração, que acaba formando cinturões de pobreza ao 
redor dos centros urbanos. 
 15 
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), existem atualmente 500 milhões 
de refugiados ecológicos em todo o mundo, número que deve dobrar até o final da década. 
Esses refugiados foram obrigados a abandonar suas terras devido à degradação ambiental. 
A desertificação, em longo prazo, poderá causar uma diminuição drástica das terras 
férteis, o que, aliado ao aumento da demanda por alimentos, pode levar a um aumento da 
fome no mundo. Para evitar que isso ocorra, é necessário conter o avanço dos desertos com 
medidas como o reflorestamento, o controle do movimento das dunas e a rotação de 
culturas. É possível também controlar a erosão com o plantio em terraços e curvas de nível 
nos terrenos inclinados e o cultivo direto sobre os restos da cultura anterior, evitando a 
exposição do solo ao sol, à chuva e ao vento. 
AQUECIMENTO GLOBAL 
A locução aquecimento global refere-se ao aumento da temperatura média dos 
oceanos e do ar perto da superfície da Terra que se tem verificado nas décadas mais 
recentes e à possibilidade da sua continuaçãodurante o corrente século. 
Se este aumento se deve a causas naturais ou antropogênicas (provocadas pelo 
homem) ainda é objeto de muitos debates entre os cientistas, embora muitos 
meteorologistas e climatólogos tenham recentemente afirmado publicamente que 
consideram provado que a ação humana realmente está influenciando na ocorrência do 
fenômeno. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), estabelecido 
pelas Nações Unidas e pela Organização Meteorológica Mundial em 1988, no seu relatório 
mais recente diz que grande parte do aquecimento observado durante os últimos 50 anos se 
deve muito provavelmente a um aumento do efeito estufa, causado pelo aumento nas 
concentrações de gases estufa de origem antropogênica (incluindo, para além do aumento 
de gases estufa, outras alterações como, por exemplo, as devidas a um maior uso de águas 
subterrâneas e de solo para a agricultura industrial e a um maior consumo energético e 
poluição). 
Fenômenos naturais tais como variação solar combinados com vulcões 
provavelmente levaram a um leve efeito de aquecimento de épocas pré-industriais até 1950, 
mas um efeito de resfriamento a partir dessa data. Essas conclusões básicas foram 
 16 
endorsadas por pelo menos 30 sociedades e comunidades científicas, incluindo todas as 
academias científicas nacionais dos principais países industrializados. A Associação 
Americana de Geologistas de Petróleo, e alguns poucos cientistas individuais não 
concordam em partes. 
Modelos climáticos referenciados pelo IPCC projetam que as temperaturas globais 
de superfície provavelmente aumentarão no intervalo entre 1,1 e 6,4 °C entre 1990 e 2100. 
A variação dos valores reflete no uso de diferentes cenários de futura emissão de gases 
estufa e resultados de modelos com diferenças na sensibilidade climática. Apesar de que a 
maioria dos estudos tem seu foco no período de até o ano 2100, espera-se que o 
aquecimento e o aumento no nível do mar continuem por mais de um milênio, mesmo que 
os níveis de gases estufa se estabilizem. Isso reflete na grande capacidade calorífica dos 
oceanos. 
Um aumento nas temperaturas globais pode, em contrapartida, causar outras 
alterações, incluindo aumento no nível do mar e em padrões de precipitação resultando em 
enchentes e secas. Podem também haver alterações nas freqüências e intensidades de 
eventos de temperaturas extremas, apesar de ser difícil de relacionar eventos específicos ao 
aquecimento global. Outros eventos podem incluir alterações na disponibilidade agrícola, 
recuo glacial, vazão reduzida em rios durante o verão, extinção de espécies e aumento em 
vetores de doenças. 
Incertezas científicas restantes incluem o exato grau da alteração climática prevista 
para o futuro, e como essas alterações irão variar de região em região ao redor do globo. 
Existe um debate político e público para se decidir que ação se deve tomar para reduzir ou 
reverter aquecimento futuro ou para adaptar às suas conseqüências esperadas. A maioria 
dos governos nacionais assinou e ratificou o Protocolo de Quioto, que visa o combate à 
emissão de gases estufa. 
Evidências do aquecimento global 
A principal evidência do aquecimento global vem das medidas de temperatura de 
estações meteorológicas em todo o globo desde 1860. Os dados com a correção dos efeitos 
 17 
de "ilhas urbanas" mostra que o aumento médio da temperatura foi de 0.6 ± 0.2 °C durante 
o século XX. Os maiores aumentos foram em dois períodos: 1910 a 1945 e 1976 a 2000[12]. 
De 1945 a 1976, houve um arrefecimento que fez com que temporariamente a comunidade 
científica suspeitasse que estava a ocorrer um arrefecimento global. 
O aquecimento verificado não foi globalmente uniforme. Durante as últimas 
décadas, foi em geral superior entre as latitudes de 40°N e 70°N, embora em algumas áreas, 
como a do Oceano Atlântico Norte, tenha havido um arrefecimento. É muito provável que 
os continentes tenham aquecido mais do que os oceanos. Há, no entanto que referir que 
alguns estudos parecem indicar que a variação em irradiação solar pode ter contribuído em 
cerca de 45–50% para o aquecimento global ocorrido entre 1900 e 2000. 
Evidências secundárias são obtidas através da observação das variações da cobertura 
de neve das montanhas e de áreas geladas, do aumento do nível global das mares, do 
aumento das precipitações, da cobertura de nuvens, do El Niño e outros eventos extremos 
de mau tempo durante o século XX. 
Por exemplo, dados de satélite mostram uma diminuição de 10% na área que é 
coberta por neve desde os anos 60. A área da cobertura de gelo no hemisfério norte na 
primavera e verão também diminuiu em cerca de 10% a 15% desde 1950 e houve retração 
os glaciais e da cobertura de neve das montanhas em regiões não polares durante todo o 
século XX. No entanto, a retração dos glaciais na Europa já ocorre desde a era Napoleônica 
e, no Hemisfério Sul, durante os últimos 35 anos, o derretimento apenas aconteceu em 
cerca de 2% da Antártida; nos restantes 98%, houve um esfriamento e a IPPC estima que a 
massa da neve deverá aumentar durante este século. Durante as décadas de 1930 e 1940, 
em que a temperatura de toda a região ártica era superior à de hoje, a retração dos glaciais 
na Groelândia era maior do que a atual. A diminuição da área dos glaciais ocorrida nos 
últimos 40 anos, deu-se essencialmente no Ártico, na Rússia e na América do Norte; na 
Eurásia (no conjunto Europa e Ásia), houve de fato um aumento da área dos glaciais, que se 
pensa ser devido a um aumento de precipitação. 
Estudos divulgados em Abril de 2004 procuraram demonstrar que a maior 
intensidade das tempestades estava relacionada com o aumento da temperatura da 
 18 
superfície da faixa tropical do Atlântico. Esses fatores teriam sido responsáveis, em grande 
parte, pela violenta temporada de furacões registrada nos Estados Unidos, México e países 
do Caribe. No entanto, enquanto, por exemplo, no período de quarto-século de 1945-1969, 
em que ocorreu um ligeiro aquecimento global, houve 80 furacões principais no Atlântico, 
no período de 1970-1994, quando o globo se submetia a uma tendência de aquecimento, 
houve apenas 38 furacões principais. O que indica que a atividade dos furacões não segue 
necessariamente as tendências médias globais da temperatura. 
Determinação da temperatura global à superfície da Terra 
A determinação da temperatura global à superfície é feita a partir de dados 
recolhidos em terra, sobretudo em estações de medição de temperatura em cidades, e nos 
oceanos, recolhidos por navios. É feita uma seleção das estações a considerar, que são as 
que se consideram mais confiáveis, e é feita uma correção no caso de estas se encontrarem 
perto de urbanizações. As tendências de todas as seções são então combinadas para se 
chegar a uma temperatura global. 
O globo é dividido em seções de 5º latitude/5º longitude e é calculada uma média 
pesada da temperatura mensal média das estações escolhidas em cada seção. As seções para 
as quais não existem dados são deixadas em branco, sem as estimar a partir das seções 
vizinhas, e não entram nos cálculos. A média obtida é então comparada com a referência 
para o período de 1961-1990, obtendo-se o valor da anomalia para cada mês. A partir 
desses valores é então calculada uma média pesada correspondente à anomalia anual média 
global para cada Hemisfério e, a partir destas, a anomalia global. 
Desde Janeiro de 1979, os satélites da NOAA passaram a medir a temperatura da 
troposfera inferior (de 1000m a 8000m de altitude) através da monitorização das emissões 
de microondas por parte das moléculas de oxigénio na atmosfera. O seu comprimento de 
onda está diretamente relacionado com a temperatura (estima-se uma precisão de medida da 
ordem dos 0.01°C). Estas medições indicam um aquecimento de menos de 0.1°C, desde 
1979, em vez dos 0.4°C obtidos a partir dos dados à superfície. 
 19 
Éde notar que os dois conjuntos de dados não divergem na América do Norte, 
Europa Ocidental e Austrália, onde se pensa que os dados das estações são registrados e 
mantidos de um modo mais fiável. É apenas fora destas grandes áreas que os dados 
divergem: onde os dados de satélite mostram uma tendência de evolução quase neutra, os 
dados das estações à superfície mostram um aquecimento significativo (dentro da mesma 
região tropical, enquanto os dados das estações na Malásia e Indonésia mostram um 
aquecimento, as de Darwin e da ilha de Willis, não.) 
Existe controvérsia relativamente à explicação desta divergência. Enquanto alguns 
pensam que existem erros graves nos dados recolhidos à superfície, e no critério de 
selecção das estações a considerar, outros põem a hipótese de existir um processo 
atmosférico desconhecido que explique uma divergência em certas partes do globo entre as 
duas temperaturas. 
Por sua vez, Bjarne Andresen, professor do Niels Bohr Institute da Universidade de 
Copenhaga, defende que é irrelevante considerar uma única temperatura global para um 
sistema tão complicado como o clima da Terra. O que é relevante é o caracter heterogénio 
do clima e só faz sentido falar de uma temperatura no caso de um sistema homogénio. Para 
ele, falar de uma temperatura global do planeta é tão inútil como falar no “número de 
telefone médio” de uma lista telefonica. 
Causas possíveis 
O sistema climático terrestre muda em resposta a variações em fatores externos 
incluindo variações na sua órbita em torno do Sol, erupções vulcânicas e concentrações 
atmosféricas de gases do efeito estufa. As causas detalhadas do aquecimento recente 
continuam sendo uma área ativa de pesquisa, mas o consenso científico identifica os níveis 
aumentados de gases estufa devido à atividade humana como a principal causa do 
aquecimento observado desde o início da era industrial. Essa atribuição é mais clara nos 
últimos 50 anos, para os quais estão disponíveis os dados mais detalhados. Contrastando 
com o consenso científico, outras hipóteses foram avançadas para explicar a maior parte do 
aumento observado na temperatura global. Uma dessas hipóteses é que o aquecimento é 
resultado principalmente da variação na atividade solar. 
 20 
Nenhum dos efeitos produzidos pelos fatores condicionantes é instantâneo. Devido 
à inércia térmica dos oceanos terrestres e à lenta resposta de outros efeitos indiretos, o 
clima atual da Terra não está em equilíbrio com o condicionamento que lhe é imposto. 
Estudos de compromisso climático indicam que ainda que os gases estufa se estabilizassem 
nos níveis do ano 2000, um aquecimento adicional de aproximadamente 0,5 °C ainda 
ocorreria. 
Gases de efeito estufa na atmosfera 
O efeito estufa foi descoberto por Joseph Fourier em 1824 e investigado 
quantitativamente pela primeira vez por Svante Arrhenius em 1896. Consiste no processo 
de absorção e emissão de radiação infravermelha pelos gases atmosféricos de um planeta, 
resultando no aquecimento de sua superfície e atmosfera. Os gases estufa criam um efeito 
estufa natural, sem o qual a temperatura média da Terra seria cerca de 30°C mais baixa, 
tornando-a inabitável para a vida como a conhecemos. Portanto, os cientistas não 
“acreditam” ou “se opõem” ao efeito estufa; o debate consiste na discussão de quais gases 
contribuem para este efeito, através de mecanismos de retroalimentação positiva ou 
negativa. Na Terra, os gases que mais contribuem para o efeito estufa são o vapor de água, 
que causa de 36 a 70% do efeito natural (não incluindo nuvens); O dióxido de carbono 
(CO2), que causa de 9 a 26%; o metano (CH4), causando entre 4 e 9%; e o ozônio, que 
causa entre 3 e 7%. A questão que se coloca é saber como a intensidade do efeito estufa 
varia quando a atividade humana aumenta as concentrações atmosféricas de alguns gases de 
efeito estufa. 
As concentrações atmosféricas de CO2 e CH4 aumentaram em 31% e 149%, 
respectivamente, acima dos níveis pré-industriais, desde 1750. Estes níveis são 
consideravelmente mais altos do que em qualquer período nos últimos 650.000 anos, o 
período em que é possível extrair informações confiáveis dos testemunhos de gelo. 
Utilizando-se de evidências geológicas menos diretas, acredita-se que níveis tão altos de 
CO2 só estiveram presentes na atmosfera há 20 milhões de anos. 
Aproximadamente três quartos das emissões antropogênicas de CO2 para a 
atmosfera durante os últimos 20 anos são devidas à queima de combustíveis fósseis. O resto 
 21 
das emissões são devidas predominantemente às mudanças no uso da terra, especialmente o 
desmatamento. A atual concentração de gás carbônico na atmosfera é de aproximadamente 
383 partes por milhão (ppm) em volume. Os níveis futuros de CO2 devem ser ainda 
maiores devido à ocorrência contínua dos motivos mencionados anteriormente. A taxa de 
aumento irá depender de fatores econômicos, sociológicos, tecnológicos e naturais incertos, 
mas está limitada, em última análise, pela disponibilidade total de combustíveis fósseis. 
O “Relatório Especial de Cenários de Emissão” (Special Report on Emissions 
Scenarios, originalmente), do IPCC, prevê vários cenários futuros possíveis para a 
concentração de CO2, variando entre 541 e 970ppm para o ano de 2100. As reservas de 
combustível fóssil são suficientes para alcançar este patamar e continuar as emissões além 
de 2100, se carvão, areias betuminosas ou hidratos de metano forem extensivamente 
utilizados. Efeitos como a liberação de metano, devido ao derretimento do permafrost 
(possíveis 70 biliões de toneladas só na Sibéria ocidental), podem levar a uma 
intensificação adicional do efeito estufa, não incluída no modelo climático do IPCC. 
Feedbacks 
Os efeitos de agentes externos no clima são complicados por vários processos 
cíclicos e auto-alimentados, chamados de Feedbacks. Um dos mais pronunciados desses 
processos está relacionado com a evaporação da água. O CO2 injetado na atmosfera 
ocasiona o aquecimento da mesma e da superfície da Terra. O aquecimento leva a mais 
evaporação de água, e, como o vapor d’água é um gás estufa, isso leva a mais aquecimento, 
o que por sua vez causa mais evaporação de água, e assim por diante, até ser alcançado um 
novo equilíbrio dinâmico, com aumento da umidade e da concentração de vapor d’água, 
levando a um aumento no efeito estufa muito maior do que aquele devido apenas ao 
aumento da concentração de CO2. Esse efeito só pode ser revertido muito lentamente, visto 
que o CO2 tem um tempo médio de vida na atmosfera muito longo.Um feedback ainda 
sujeito a pesquisa e debate é o ocasionado pelas nuvens. Vistas de baixo, as nuvens emitem 
radiação infravermelha de volta à superfície, aquecendo a mesma. Vistas de cima, elas 
refletem a luz do sol e emitem radiação infravermelha para o espaço, resfriando o planeta. 
O aumento da concentração global de vapor d’água pode ou não causar um aumento na 
 22 
cobertura de nuvens mundial média. Portanto, o papel efetivo das nuvens ainda não está 
bem definido; no entanto, seus efeitos são menos relevantes apenas que os do vapor d’água, 
e, nos modelos do IPCC, elas contribuem para o aquecimento. 
Outro feedback relevante é a relação gelo-albedo. A taxa aumentada de CO2 na 
atmosfera eleva a temperatura da Terra e leva ao derretimento do gelo próximo aos pólos. 
Com o derretimento do gelo, terra ou mar aberto ocupam seu lugar. Ambos são, em média, 
substratos com menor capacidade de reflexão que o gelo, e, portanto, absorvem mais 
radiação solar. Isso causa ainda mais aquecimento, gerando mais derretimento de gelo, e o 
ciclo continua. O feedback positivo (pró-aquecimento) devido à liberação de CO2 e CH4 
com o derretimento do permafrost é mais um mecanismo que contribui para o aquecimento. 
Além disso, a liberação de metano devido ao descongelamento de fundos oceânicos é mais 
um mecanismo a ser considerado. A capacidade oceânicade absorção de carbono diminui 
com o aquecimento, porque os baixos níveis de nutrientes na zona mesopelágica limitam o 
crescimento de algas, favorecendo o desenvolvimento de espécies fitoplânctonicas 
menores, que não são tão boas absorventes de carbono. 
Variação Solar 
Estudos recentes parecem indicar que a variação da radiação solar, potencialmente 
ampliada pela ação do feedback das nuvens, poderá ter contribuído em cerca de 45–50% 
para o aquecimento global ocorrido entre 1900 e 2000, e em 25-35% entre 1980 e 2000. 
Foram publicados artigos de autoria de dois pesquisadores da universidade Duke, nos EUA, 
segundo os quais os modelos climáticos vigentes superestimam o efeito relativo dos gases 
estufa, comparados com o efeito da luz solar; eles dizem ainda que os efeitos de cinzas 
vulcânicas e aerossóis foram subestimados. Ainda assim, eles concluem que, mesmo 
considerando o fator solar, a maior parte do aquecimento global nas últimas décadas é 
atribuível aos gases estufa. 
Outros pesquisadores são mais radicais, diminuindo fortemente a importância de 
fatores antropogênicos no aquecimento global. Os defensores da teoria da responsabilidade 
das emissões antropogênicas, durante a era industrial, afirmam que a variação da radiação 
 23 
foi de 2,4W/m², dos quais, como foi indicado pelo IPCC 2001, 0,6W/m² durante os últimos 
20 anos. Revendo os dados: 
(1) entre 2000 e 2004, a variação da radiação solar, estimada por satélites de órbita 
baixa, foi de 2,06W/m² - Wielicki et al.: 
(2)Pincker et al. registraram, entre 1983 e 2001, que a variação da radiação solar 
absorvida pela Terra foi de 2,7W/m²; 
(3)Wild et al. registraram, por medições terrestres, que a variação da radiação 
absorvida foi de 4,4W/m². 
 Embora haja desencontros nos números apresentados, pode-se admitir o valor mais 
baixo para as variações entre 1983 e 2001 de 2,7W/m². Admitindo-se uma variação média 
obtida entre 2000 e 2004 no valor de 1,5W/m², atinge-se o valor de 4,2W/m². Tal valor é 
muito alto quando comparado com os números do IPCC, de 0,6W/m² nos últimos 20 anos. 
Dessa forma, a influência do efeito estufa no aquecimento global deixa de ser significativa 
e, da mesma forma, as contramedidas para combatê-lo (Protocolo de Quioto) tornam-se 
desnecessárias e danosas ao desenvolvimento humano. 
Para além da variação da irradiação solar, a variação do campo magnético solar 
poderá estar na origem de aquecimento à superfície da Terra pela sua influência na 
quantidade de radição cósmica que atinge o planeta. Uma equipa do Centro Espacial 
Nacional Dinamarquês encontrou evidência experimental de que a radiação cósmica 
proveniente da explosão de estrelas pode promover a formação de nuvens na baixa 
atmosfera. Como, durante o século XX, o campo magnético do Sol, que protege a Terra da 
radiação cósmica, mais do que duplicou em intensidade, o fluxo de radiação cósmica foi 
menor. Isso poderá ter reduzido o número de nuvens de baixa altitude na Terra, que 
promovem um arrefecimento da atmosfera. 
Os electrões libertados no ar pela passagem da radiação cósmica, composta por 
partículas atómicas que vêm da explosão das estrelas, ajudam à formação dos núcleos de 
condensação sobre os quais o vapor de água condensa para fazer nuvens. Este pode ser um 
 24 
factor muito importante, e até agora descurado, na explicação do aquecimento global 
durante o último século. Foi durante o período quente da Idade Média, quando o Sol estava 
tão activo como hoje, que os Viking começaram a colonizar a Groenlândia. Nessa altura, a 
Grã-Bretanha era um país produtor de vinho. 
No século XVII, quando se deu a Pequena Idade do Gelo, a actividade magnética 
solar diminuiu muito e as manchas solares quase desapareceram completamente, durante 
cerca de 150 anos. Nessa época, os Vikings abandonaram a Groenlândia, cuja vegetação 
passou de verdejante a tundra. A Finlândia perdeu um terço da sua população e a Islândia 
metade. O porto de Nova Iorque gelou e podia-se ir a pé da ilha de Manhattan à de Staten 
Island. No início do século XIX, houve uma diminuição menor da actividade magnética 
solar que foi acompanhada também de um arrefecimento que durou só 30 anos. O carbono-
14 radioactivo e outros átomos raros produzidos na atmosfera pelas partículas cósmicas 
fornecem um registo de como as suas intensidades variaram no passado e explicam a 
alternância entre períodos frios e quentes durante os últimos 12000 anos. Sempre que o Sol 
era fraco e a radiação cósmica forte, seguiram-se condições frias, como a mais recente, na 
Pequena Idade do Gelo de há 300 anos. Considerando escalas de tempo mais longas, 
encontra-se uma explicação credível para as variações de maior amplitude do clima da 
Terra. 
Recuperação do planeta depois da Pequena Era Glacial 
A recessão dos glaciares e da calote polar do Ártico não são fenómenos recentes. Já 
ocorrem desde 1800, ou mesmo antes disso. E data da mesma altura o aumento de 
temperatura global a uma taxa quase constante (de cerca de +0.5°C/100 anos), que 
começou por isso antes do rápido aumento de CO², iniciado por volta de 1940. Isso pode 
significar que este aquecimento quase linear é natural, podendo ser apenas a recuperação do 
planeta depois da Pequena Era Glacial, que ocorreu entre o século XIII e XVII. 
Desde o período atual até o início da humanidade 
As temperaturas globais tanto na terra como no mar aumentaram em 0,75 °C 
relativamente ao período entre 1860 e 1900, de acordo com o registro instrumental de 
 25 
temperaturas. Esse aumento na temperatura medido não é significativamente afetado pela 
ilha de calor urbana. Desde 1979, as temperaturas em terra aumentaram quase duas vezes 
mais rápido que as temperaturas no oceano (0,25 °C por década contra 0,13 °C por década). 
Temperaturas na troposfera mais baixa aumentaram entre 0,12 e 0,22 °C por década 
desde 1979, de acordo com medições de temperatura via satélite. Acredita-se que a 
temperatura tem sido relativamente estável durante os 1000 anos que antecederam 1850, 
com possíveis flutuações regionais como o período de calor medieval ou a pequena idade 
do gelo. 
Baseado em estimativas do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA 
(Goddard Institute for Space Studies, no original), 2005 foi o ano mais quente desde que 
medições instrumentais confiáveis tornaram-se disponíveis no fim do século XIX, 
ultrapassando o recorde anterior marcado em 1998 por alguns centésimos de grau. 
Estimativas preparadas pela Organização Meteorológica Mundial e a Unidade de Pesquisa 
Climática da Universidade de East Anglia concluíram que 2005 foi o segundo ano mais 
quente, depois de 1998. 
Emissões antropogênicas de outros poluentes - em especial aerossóis de sulfato – 
podem gerar um efeito refrigerativo através do aumento do reflexo da luz incidente. Isso 
explica em parte o resfriamento observado no meio do século XX, apesar de que o 
resfriamento pode ser também em parte devido à variabilidade natural. 
O paleoclimatologista William Ruddiman argumentou que a influência humana no 
clima global iniciou-se por volta de 8.000 anos atrás, com o início do desmatamento 
florestal para o plantio e 5.000 anos atrás com o início da irrigação de arroz asiática. A 
interpretação que Ruddiman deu ao registro histórico com respeito aos dados de metano 
tem sido disputado. 
A variabilidade do clima da Terra 
O planeta já sofreu, ao longo de sua existência de 4,5 bilhões de anos, processos de 
resfriamentos e aquecimentos extremos. Está comprovado que houve alternância de climas 
 26 
quentes e frios (Terra estufa - "hothouse" - e Terra geladeira - "icehouse", na linguagem dos 
paleoclimatologistas), sendo este um fenômeno corrente na história do planeta. Atualmente 
o planeta está na situação de geladeira. 
O último episódio de resfriamento ou glaciação, iniciado no Pleistoceno - 1,8 
milhões de anos antes do presente- teve seu ápice há cerca de 18.000 anos,quando, então, 
começou o processo de aquecimento, que continua nos dias de hoje. No entanto, o 
aquecimento não se dá sobre uma curva contínua. Neste espaço de tempo de 18.000 anos 
houve épocas de aquecimento e resfriamento, causando variações às vezes bruscas de 
temperaturas em períodos variáveis, mas que podiam ser de décadas ou menos, de vários 
graus Celsius. A comprovação destes fatos é fornecida pela análise de testemunhos de 
sondagens, de centenas de metros, obtidos no Ártico e na Antártida, através da análise da 
composição isotópica do oxigênio encontrado nas bolhas de ar presas no gelo. 
Durante os últimos 500 milhões de anos, a Terra passou por quatro episódios 
extremamente quentes ("hothouse episodes"), sem gelo e com níveis elevados dos oceanos, 
e quatro episódios extremamente frios("icehouse episodes"), como o que vivemos 
actualmente, com camadas de gelo, glaciares e níveis de água relativamente baixos nos 
oceanos. Pensa-se que esta variação de mais longo termo se deve a variações no influxo de 
radiação recebida devidas à viagem do nosso sistema solar através da galáxia, 
correspondendo os episódios mais frios a encontros com os braços espirais mais brilhantes, 
onde a radiação é mais intensa. 
Os episódios frios mais frequentes, cada 34 milhões de anos, mais ou menos, 
ocorrem provavelmente quando o sistema solar passa através do plano médio da galáxia. Os 
episódios extremamente frios de há 700 e 2300 milhões de anos, em que até no equador 
havia gelo, correspondem a períodos em que havia uma taxa de nascimentos de estrelas na 
nossa galáxia anormalmente alta, implicando um grande número de explosões de estrelas e 
uma radiação cósmica muito intensa. 
O carbono-14 radioactivo e outros átomos raros produzidos na atmosfera pelas 
partículas cósmicas fornecem um registo de como as suas intensidades variaram no passado 
e explicam a alternância entre períodos frios e quentes durante os últimos 12000 anos. 
 27 
Sempre que o Sol era fraco e a radiação cósmica forte, seguiram-se condições frias, como a 
mais recente, na Pequena Idade do Gelo de há 300 anos. Considerando escalas de tempo 
mais longas, encontra-se uma explicação credível para as variações de maior amplitude do 
clima da Terra . 
Modelos climáticos 
O alarme com o aquecimento global deriva, sobretudo, dos resultados das 
simulações estatísticas feitas com base em modelos numéricos climáticos e não da 
observação direta da evolução de variáveis físicas reais. Quando a concentração de gases de 
efeito de estufa é aumentada nessas simulações, quase todas elas mostram um aumento na 
temperatura global, sobretudo nas mais altas latitudes do Hemisfério Norte. No entanto, os 
modelos atualmente usados não simulam todos os aspectos do clima e fazem várias 
previsões erradas para a época actual: nomeadamente, prevêem o dobro do aquecimento 
que tem sido efetivamente observado e, por exemplo, uma diminuição de pressão no 
Oceano Índico, uma área muito sensível para o sistema global, quando se observa o 
contrário. 
Estudos recentes indicam igualmente que a influência solar poderá ser 
significativamente maior da que é suposta nos modelos. 
Embora se fale de um consenso de uma maioria dos cientistas de que modelos 
melhores não mudariam a conclusão de que o aquecimento global é sobretudo causado pela 
ação humana, existe também um certo consenso de que é provável que importantes 
características climáticas estejam sendo incorretamente incorporadas nos modelos 
climáticos. De facto, nesses modelos, os parâmetros associados ao efeito de estufa são 
“afinados” inicialmente de modo a que os modelos forneçam uma estimativa correcta do 
aumento de temperatura observado nos últimos 100 anos (0.6°-0.7°C). Ou seja, as 
simulações partem do princípio que é realmente o efeito de estufa que está na origem desse 
aquecimento. Se houver outras causas naturais desconhecidas para o aquecimento, como as 
associadas à influência solar e à recuperação desde a Pequena Idade do Gelo, elas não 
podem ser incluídas na modelação. De facto, os modelos não permitem fazer previsões mas 
 28 
apenas fazer projeções, ou conjecturas, sobre o clima futuro com base em simulações 
correspondendo a vários cenários possíveis. 
A maioria dos modelos climáticos globais, quando usados para projetar o clima no 
futuro, é forçada por cenários de gases do efeito estufa, geralmente o do Relatório Especial 
sobre Cenários de Emissçao do IPCC. Menos freqüentemente, os modelos podem ser 
usados adicionando-se uma simulação do ciclo do carbono; isso geralmente mostra uma 
resposta positiva, apesar dela ser incerta. Alguns estudos de observação também mostram 
uma resposta positiva. 
São essas limitações dos modelos usados para as previsões, que não têm em conta o 
desconhecimento actual sobre as causas naturais para as variações da temperatura ocorridas 
durante os últimos milénios, que fazem com que muitos climatólogos acreditem que a parte 
do aquecimento global causado pela ação humana é bem menor do que se pensa 
atualmente. 
Modelo de Hansen 
Em setembro de 2006, James Hansen, diretor do Instituto Goddard de Estudos 
Espaciais da Nasa, juntamente com seus colaboradores, publicou na revista "PNAS", da 
Academia Nacional de Ciências dos EUA, uma matéria em que são apresentadas 
informações detalhadas de um modelo climático aperfeiçoado desde os anos 80, alimentado 
por medições originadas de satélites, navios e estações meteorológicas no mundo inteiro. 
O estudo afirma que nos últimos 30 anos o planeta esquentou 0,6°C, perfazendo um 
aumento total de 0,8°C no século XX. A temperatura média atual é a maior dos últimos 12 
mil anos, faltando apenas mais 1°C para que seja a mais alta do último milhão de anos. 
Segundo Hansen, caso o aquecimento aumente a temperatura média em mais 2°C ou 
3°C, o cenário geográfico do planeta será radicalmente diferente do atual. A última vez em 
que a Terra esteve tão quente foi 3 milhões de anos atrás, na época do Plioceno, quando o 
nível do mar estava vinte e cinco metros acima do atual. 
 29 
Verificou-se que o aquecimento foi maior na região do pólo norte, porque o gelo 
derretido nessa área expôs água, terra e rochas com cores mais escuras, diminuindo o 
albedo local e, conseqüentemente, a absorção de calor solar foi maior. 
A temperatura da água está sofrendo alterações mais lentas, mas foi registrado 
aquecimento dos oceanos Índico e Pacífico, o que fará com que fenômenos como o El Niño 
sejam mais significativos nos próximos anos. 
Conseqüências 
Devido aos efeitos potenciais sobre a saúde humana, economia e meio ambiente o 
aquecimento global tem sido fonte de grande preocupação. Importantes mudanças 
ambientais têm sido observadas e foram ligadas ao aquecimento global. Os exemplos de 
evidências secundárias citadas abaixo (diminuição da cobertura de gelo, aumento do nível 
do mar, mudanças dos padrões climáticos) são exemplos das conseqüências do 
aquecimento global que podem influenciar não somente as atividades humanas mas 
também os ecossistemas. Aumento da temperatura global permite que um ecossistema 
mude; algumas espécies podem ser forçadas a sair dos seus hábitats (possibilidade de 
extinção) devido a mudanças nas condições enquanto outras podem espalhar-se, invadindo 
outros ecossistemas. 
Entretanto, o aquecimento global também pode ter efeitos positivos, uma vez que 
aumentos de temperaturas e aumento de concentrações de CO2 podem aprimorar a 
produtividade do ecossistema. Observações de satélites mostram que a produtividade do 
hemisfério Norte aumentou desde 1982. Por outro lado é fato de que o total da quantidade 
de biomassa produzida não é necessariamente muito boa, uma vez que a biodiversidade 
pode no silêncio diminuir ainda mais um pequeno número de espécies que esteja 
florescendo. 
O aquecimento da superfície favorecerá um aumento da evaporação nos oceanos o 
que fará com que haja na atmosferamais vapor de água (o gás de estufa mais importante, 
sobretudo porque existe em grande quantidade na nossa atmosfera). Isso poderá fazer com 
que aumente cada vez mais o efeito de estufa e com que o aquecimento da superfície seja 
 30 
reforçado. Podemos, nesse caso, esperar um aquecimento médio de 4 a 6°C na superfície. 
Mas mais umidade (vapor de água) no ar pode também significar uma presença de mais 
nuvens na atmosfera o que se pensa que, em média, poderá causar um efeito de 
arrefecimento. 
As nuvens têm de fato um papel importante no equilíbrio energético porque 
controlam a energia que entra e que sai do sistema. Podem arrefecer a Terra, ao refletirem a 
luz solar para o espaço, e podem aquecê-la por absorção da radiação infravermelha radiada 
pela superfície, de um modo análogo ao dos gases associados ao «efeito de estufa». O 
efeito dominante depende de muitos fatores, nomeadamente da altitude e do tamanho das 
nuvens e das suas gotículas. 
Por outro lado, o aumento da evaporação poderá provocar pesados aguaceiros e 
mais erosão. Muitas pessoas pensam que isto poderá causar resultados mais extremos no 
clima, com um progressivo aquecimento global. 
O aquecimento global também pode apresentar efeitos menos óbvios. A Corrente do 
Atlântico Norte, por exemplo, é provocada por diferenças de temperatura entre os mares. E 
aparentemente ela está diminuindo à medida que a temperatura média global aumenta. Isso 
significa que áreas como a Escandinávia e a Inglaterra que são aquecidas pela corrente 
poderão apresentar climas mais frios a respeito do aumento do aquecimento global. 
O aumento no número de mortos, desabrigados e perdas econômicas previstas 
devido ao clima severo atribuído ao aquecimento global pode ser piorado pelas densidades 
crescentes de população em áreas afetadas, apesar de ser previsto que as regiões temperadas 
tenham alguns benefícios menores, tais como poucas mortes devido à exposição ao frio. 
Um sumário dos prováveis efeitos e conhecimentos atuais pode ser encontrado no relatório 
feito para o “Terceiro Relatório de Balanço do IPCC” pelo Grupo de Trabalho 2. Já o 
resumo do mais recente, “Quarto Relatório de Balanço do IPCC”, informa que há 
evidências observáveis de um aumento no número de ciclones tropicais no Atlântico Norte 
desde por volta de 1970, em relação com o aumento da temperatura da superfície do mar, 
mas que a detecção de tendências a longo prazo é difícil pela qualidade dos registros antes 
 31 
das observaçõe rotineiras dos satélites. O resumo também diz que não há uma tendência 
clara do número de ciclones tropicais no mundo. 
Efeitos adicionais antecipados incluem aumento do nível do mar de 110 a 770 
milímetros entre 1990 e 2100, repercussões na agricultura, possível desaceleração da 
circulação termoalina, reduções na camada de ozônio, aumento na intensidade e freqüência 
de furacões, baixa do pH do oceano e propagação de doenças como malária e dengue. Um 
estudo prevê que 18% a 35% de 1103 espécies de plantas e animais serão extintas até 2050, 
baseado nas projeções do clima no futuro. 
Aumento do nível médio das águas do mar 
Uma outra causa de grande preocupação é o aumento do nível médio das águas do 
mar. O nível dos mares está aumentando em 0.01 a 0.025 metros por década o que pode 
fazer com que no futuro algumas ilhas de países insulares no Oceano Pacífico fiquem 
debaixo de água. O aquecimento global provoca subida dos mares principalmente por causa 
da expansão térmica da água dos oceanos. O segundo fator mais importante é o 
derretimento de calotas polares e camadas de gelo sobre as montanhas, que são muito mais 
afetados pelas mudanças climáticas do que as camadas de gelo da Gronelândia e Antártica, 
que não se espera que contribuam significativamente para o aumento do nível do mar nas 
próximas décadas, por estarem em climas frios, com baixas taxas de precipitação e 
derretimento. 
Alguns cientistas estão preocupados que no futuro, a camada de gelo polar e os 
glaciares derretam significativamente. Se isso acontecesse, poderia haver um aumento do 
nível das águas, em muitos metros. No entanto, os cientistas não esperam um maior 
derretimento nos próximos 100 anos e prevê-se um aumento do nível das águas entre 14 e 
43 cm até o fim deste século.(Fontes: IPCC para os dados e as publicações da grande 
imprensa para as percepções gerais de que as mudanças climáticas). 
Foi preciso ter em conta muitos fatores para se chegar a uma estimativa do aumento 
do nível do mar no passado. Mas diferentes investigadores, usando métodos diferentes, 
acabaram por confirmar o mesmo resultado. O cálculo que levou à conclusão não foi 
 32 
simples de fazer. Na Escandinávia, por exemplo, as medidas realizadas parecem indicar que 
o nível das águas do mar está a descer cerca de 4 milímetros por ano. No norte das Ilhas 
Britânicas, o nível das águas do mar está também a descer, enquanto no sul se está a elevar. 
Isso deve-se ao fato da Fennoscandia (o conjunto da Escandinávia, da Finlândia e da 
Dinamarca) estar ainda a subir, depois de ter sido pressionada por glaciares de grande 
massa durante a última era glacial. Demora muito tempo a subir porque é só muito 
lentamente que o magma consegue fluir para debaixo dela; e esse magma tem que vir de 
algum lado próximo, como os Países Baixos e o sul das Ilhas Britânicas, que se estão 
lentamente a afundar. Em Bangkok, por causa do grande incremento na extração de água 
para uso doméstico, o solo está a afundar-se e os dados parecem indicar que o nível das 
águas do mar subiu cerca de 1 metro nos últimos 30 anos. 
Adaptação e mitigação 
O amplo consenso entre os cientistas do clima de que as temperaturas globais 
continuarão a aumentar tem levado nações, estados, empresas e cidadãos a implementar 
ações para tentar reduzir o aquecimento global ou ajustar-se a ele. Muitos grupos 
ambientais encorajam ações individuais contra o aquecimento global, freqüentemente por 
parte dos consumidores, mas também através de organizações comunitárias e regionais. 
Outros têm sugerido o estabelecimento de um limite máximo para a produção de 
combustíveis fósseis, citando uma relação direta entre a produção de combustíveis fósseis e 
as emissões de CO2 . 
Também têm ocorrido ações de negócios sobre a mudança climática, incluindo 
esforços no aumento da eficiência energética e uso de fontes alternativas. Uma importante 
inovação tem sido o desenvolvimento de um comércio de emissões dos gases do efeito 
estufa através do qual empresas, em conjunto com os governos, concordam em limitar suas 
emissões ou comprar créditos daqueles que emitiram menos do que as suas quotas. 
O principal acordo mundial para combater o aquecimento global é o Protocolo de 
Quioto, uma emenda à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima 
(CQNUMC) , negociado em 1997. O protocolo abrange mais de 160 países e mais de 55% 
das emissões de gases do efeito estufa. Apenas os Estados Unidos, historicamente o maior 
 33 
emissor de gases do efeito estufa do mundo, e o Cazaquistão recusaram-se a ratificar o 
tratado. A China e a Índia, dois outros grande emissores, ratificaram o tratado, mas como 
países em desenvolvimento, estão isentos de algumas cláusulas. Segundo alguns estudos a 
China poderá ter já ultrapassado os Estados Unidos como maior emissor de gases de efeito 
estufa. O líder chinês Wen Jiabao exortou a nação a redobrar os seus esforços no combate à 
poluição e ao aquecimento global. Este tratado expira em 2012, e debates internacionais 
iniciaram-se em maio de 2007 sobre um novo tratado para suceder ao vigente. 
O aumento das descobertas científicas sobre o aquecimento global tem resultado em 
debates políticos e econômicos. Regiões pobres, em particular a África, têm grandes 
chances de sofrerem a maior parte dos efeitos do aquecimento global, enquanto suas 
emissões são desprezíveis em relação às emissões dos países desenvolvidos.Ao mesmo 
tempo, isenções de países em desenvolvimento de algumas cláusulas do Protocolo de 
Kyoto têm sido criticadas pelos Estados Unidos e estão sendo usadas como sua justificativa 
para não ratificar o protocolo. No ocidente, a idéia da influência humana no clima e os 
esforços para combatê-lo ganharam maior aceitação na Europa que nos Estados Unidos. 
Empresas de combustíveis fosséis como a ExxonMobil lançaram campanhas para 
tentar diminuir a importância dos riscos das mudanças climáticas, enquanto grupos 
ambientais fazem o contrário, evidenciando a divisão entre os que defendem a teoria 
antropocêntrica e os que defendem a teoria natural. Este problema acendeu debates nos 
Estados Unidos sobre os benefícios em limitar as emissões industriais de gases do efeito 
estufa para reduzir os impactos no clima versus os efeitos que isso causaria na atividade 
econômica. Há também discussões em diversos países sobre o custo de adotar fontes de 
energia alternativas e mais limpas para reduzir as emissões. Outro ponto do debate é o grau 
com que países recém-industrializados, como China e Índia, deveriam ter o privilégio de 
aumentar suas emissões industriais, especialmente a China, uma vez que se espera que ela 
ultrapasse os Estados Unidos na emissão de gases do efeito estufa até 2010. 
A disputa pelas causas do aquecimento global 
A teoria do efeito estufa é um assunto estritamente científico que trata do 
aquecimento adicional dos ambientes planetários que possuem alguma atmosfera ou 
 34 
simplesmente das estufas de vidro para a criação de plantas. Sobre este assunto não há 
qualquer controvérsia. A controvérsia, que se tornou mais política do que científica, advém 
das causas do aquecimento global acelerado (do último século e meio) que a maioria dos 
pesquisadores imputa às emissões de gases estufa na atmosfera devido a ações humanas. 
Um grupo menor de cientistas, embora concorde que está ocorrendo de fato o aquecimento 
global, afirma que as causas principais são de ordem natural, principalmente astronômica, 
isto é, o aumento da radiação solar por causas não completamente conhecidas. 
A disputa a nível político e público tem sobretudo que ver com saber se algo pode e 
deve ser feito, e sobre que acções seriam efectivas em termos de custo/benefício, para tentar 
reduzir ou reverter o aquecimento futuro, ou para lidar com as suas esperadas 
consequências. 
A opinião dos que acreditam nas causas antropogênicas 
O IPCC (Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas, estabelecido 
pelas Nações Unidas e pela Organização Meteorológica Mundial em 1988) no seu relatório 
mais recente diz que a maioria do aquecimento observado durante os últimos 50 anos se 
deve muito provavelmente a um aumento do efeito de estufa, havendo evidência forte de 
que a maioria do aquecimento seja devido a atividades humanas (incluindo, para além do 
aumento de gases de estufa, outras alterações como, por exemplo, as devidas a um maior 
uso de águas subterrâneas e de solo para a agricultura industrial e a um maior consumo 
energético e poluição). 
O aquecimento global somente entrou na pauta política nos anos 1980, que 
culminou com a conferência internacional conhecida por Rio 92, realizada no Rio de 
Janeiro em 1992. Nesta conferência foi adotada a Convenção-Quadro das Nações Unidas 
sobre a Mudança do Clima. "Ao estabelecer um processo permanente de revisão, discussão 
e troca de informações, a Convenção possibilita a adoção de compromissos adicionais em 
resposta a mudanças no conhecimento científico e disposições políticas. A primeira revisão 
da Convenção ocorreu em 1995, em Berlim. Nesta ocasião as partes concordaram que a 
decisão de que os países desenvolvidos voltariam aos níveis de emissão de CO2 de 1990 
até o ano de 2000 era inadequada. Após várias rodadas de discussões foi realizada a reunião 
 35 
de Quioto, no Japão, com a presença de cerca de 10.000 delegados. A decisão de consenso 
foi adotar um Protocolo segundo o qual os países industrializados reduziriam suas emissões 
combinadas de gases de efeito estufa em pelo menos 5% em relação aos níveis de 1990 até 
o período entre 2008 e 2012. O Protocolo de Quioto, como ficou conhecido, foi ratificado 
por mais de 60% dos países emissores (ratificação da Rússia, responsável por 17% das 
emissões, em 2004), passando então a ter validade. 
Os sinais evidentes do aquecimento global já podem ser sentidos em todas as 
regiões do mundo, com verões cada vez mais quentes e invernos cada vez mais curtos e 
menos frios. O efeito estufa ocasiona ainda o derretimento do gelo principalmente das 
geleiras continentais, o afinamento da espessura das placas e gelo no mar Ártico e mesmo o 
desaparecimento da camada do gelo que cobria este oceano mesmo no verão do hemisfério 
norte. As mudanças climáticas se expressam, também, pelo aumento dos desastres naturais 
tais como as grandes inundações, secas de longa duração, tufões em maior quantidade e 
intensidade, aparecendo, com mais freqüência, em regiões extra-tropicais, recrudescimento 
do fenômeno "El Niño" com suas más conseqüências para o clima e para a economia das 
regiões pesqueiras de todo o oceano pacifico. 
As opiniões discordantes 
Nos dias atuais, o debate da comunidade científica não é se a Terra está em processo 
de aquecimento ou não. Todos os cientistas, de um lado e do outro do muro, concordam 
que sim. O que se discute são as causas do aquecimento e as medidas preventivas para 
melhorar o futuro da humanidade. 
A "opinião da moda", é que o aumento das emissões dos gases que provocam o 
efeito-estufa são os vilões da história, ao passo que os defensores do modelo heliogênico 
afirmam, entretanto que o aquecimento global estaria ocorrendo por causa natural, qual 
seja, o aumento da atividade magnética do sol. 
A reação dos cientistas que discordam do modelo antropogênico do aquecimento 
global é baseada no seu direito de discordar a respeito de conclusões que carregam alto 
grau de incerteza, mas que são apresentadas como se fossem verdades incontestáveis pela 
 36 
mídia e pelos movimentos ambientalistas, fazendo com que a afirmação mais politicamente 
incorreta a ser feita é a conclusão de inúmeros estudos e análise de coleta de dados feita por 
diversos cientistas: a de que o aquecimento global não é um problema, ou se é, é um evento 
completamente natural na Terra, como os outros inúmeros processos de alteração de 
temperatura que já ocorreram durante a história do planeta. Muitos desses cientistas 
compõe ou compuseram o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), 
órgão da ONU destinado a estudar as mudanças climáticas no planeta. Vários deles, 
inclusive, discordaram veementemente das conclusões, mas acabaram tendo seus nomes 
incluídos nos relatórios finais do IPCC. Um exemplo é o Professor Paul Reiter, chefe do 
departamento de Entomologia Médica do Instituto Louis Pasteur, de Paris. 
Casos de omissões e de má divulgação de dados - como o ocorrido no caso de Paul 
Reiter - foram denunciados pelo documentário The Great Global Warming Swindle (A 
Grande Farsa do Aquecimento Global), exibido pelo Channel 4 da televisão britânica. 
Aquecimento global e possíveis impactos na Amazônia 
Analisando quantitativamente as prováveis alterações e redistribuições dos grandes 
biomas brasileiros em resposta a cenários de mudanças climáticas projetadas por seis 
diferentes modelos climáticos globais avaliados pelo IPCC para o final do Século XXI, 
temos resultados diferentes para cada projeção de modelo climático, resultado das 
projeções convergirem para o estudo do aumento da temperatura. Com uma media das 
projeções, obtemos um aumento da áreas de savana na América do sul tropical, dentre esses 
modelos alguns indicam diminuição das chuvas na Amazônia, outros não indicam 
alteração, enquanto um deles chega projetar aumento das chuvas. Alguns estudos sobre 
resposta das espécies da florae da fauna Amazônica e do Cerrado indicam que para um 
aumento de 2 a 3 C na temperatura média até 25% das árvores do cerrado e até cerca de 
40% de árvores da Amazônia poderiam desaparecer até o final deste Século.[68] 
Impactos na agricultura brasileira 
Analisando os impactos na agricultura temos como primeira conseqüência é o 
aumento nas taxas evapotranspirativas, promovendo maior consumo de água das plantas, 
 37 
como segunda a redução do ciclo das culturas, tornando-as mais eficientes em termos de 
assimilação e transformação energética, porém mais sensíveis à deficiência hídrica. 
Analisando o caso da soja, segundo o estudo feito, há uma redução média de 60% 
na área favorável para o cultivo de soja, onde a região sul seria a mais afetada, com forte 
redução de produção. 
Analisando várias culturas, percebemos um maior impacto relativo ao aumento de 
temperatura para a soja. O aumento na temperatura reduziria o risco de geada, porém 
aumentaria os riscos de abortamento de flores. Para o caso do café Considerando um 
aumento de 1,0 C, e a redução das áreas cultivadas com café nos estados de Minas Gerais, 
Paraná e São Paulo o impacto econômico previsto é estimado em US$ 375 milhões por ano, 
equivalente à redução de 4 milhões de saca de café/ano.[69] 
O efeito estufa (ou efeito de estufa, como se diz em Portugal) é um processo que 
ocorre quando uma parte da radiação solar refletida pela superfície terrestre é absorvida por 
determinados gases presentes na atmosfera. Como conseqüência disso, o calor fica retido, 
não sendo liberado ao espaço. O efeito estufa dentro de uma determinada faixa é de vital 
importância pois, sem ele, a vida como a conhecemos não poderia existir. 
O que se pode tornar catastrófico é a ocorrência de um agravamento do efeito estufa 
que desestabilize o equilíbrio energético no planeta e origine um fenômeno conhecido 
como aquecimento global. O IPCC (Painel Intergovernamental para as Mudanças 
Climáticas, estabelecido pelas Nações Unidas e pela Organização Meteorológica Mundial 
em 1988) no seu relatório mais recente diz que a maior parte deste aquecimento,observado 
durante os últimos 50 anos,se deve muito provavelmente a um aumento dos gases do efeito 
estufa. 
Os gases de estufa (dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), Óxido nitroso (N2O), 
CFC´s (CFxClx)) absorvem alguma da radiação infravermelha emitida pela superfície da 
Terra e radiam por sua vez alguma da energia absorvida de volta para a superfície. Como 
resultado, a superfície recebe quase o dobro de energia da atmosfera do que a que recebe do 
 38 
Sol e a superfície fica cerca de 30ºC mais quente do que estaria sem a presença dos gases 
«de estufa». 
Um dos piores gases é o metano, cerca de 20 vezes mais potente que o dióxido de 
carbono,é produzido pela flatulência dos ovinos e bovinos, sendo que a pecuária representa 
16% da poluição mundial. Cientistas procuram a solução para esse problema e estão 
desenvolvendo um remédio para tentar resolver o caso. Na Nova Zelândia pensou-se em 
cobrar-se taxas por vaca, para compensar o efeito dos gases emitidos. 
Ao contrário do singnificado literal da expressão «efeito estufa», a atmosfera 
terrestre não se comporta como uma estufa (ou como um cobertor). Numa estufa, o 
aquecimento dá-se essencialmente porque a convecção é suprimida. Não há troca de ar 
entre o interior e o exterior. Ora acontece que a atmosfera facilita a convecção e não 
armazena calor: em média, a temperatura da atmosfera é constante e a energia absorvida 
transforma-se imediatamente na energia cinética e potencial das moléculas que existem na 
atmosfera. A atmosfera não reflete a energia radiada pela Terra. Os seus gases, 
principalmente o dióxido de carbono, absorvem-na. E se radia, é apenas porque tem uma 
temperatura finita e não por ter recebido radiação. A radiação que emite nada tem que ver 
com a que foi absorvida. Tem um espectro completamente diferente. 
O efeito estufa, embora seja prejudicial em excesso, é na verdade vital para a vida 
na Terra, pois é ele que mantém as condições ideais para a manutenção da vida, com 
temperaturas mais amenas e adequadas. Porém, o excesso dos gases responsáveis pelo 
Efeito Estufa, ao qual desencadeia um fenômeno conhecido como Aquecimento Global, 
que é o grande vilão. 
O problema do aumento dos gases estufa e sua influência no aquecimento global, 
tem colocado em confronto forças sociais que não permitem que se trate deste assunto do 
ponto de vista estritamente científico. Alinham-se, de um lado, os defensores das causas 
antropogênicas como principais responsáveis pelo aquecimento acelerado do planeta. São a 
maioria e omnipresentes na mídia. Do outro lado estão os "céticos", que afirmam que o 
aquecimento acelerado está muito mais relacionado com causas intrínsecas da dinâmica da 
Terra, do que com as reclamados desmatamento e poluição que mais rápido causam os 
 39 
efeitos indesejáveis à vida sobre a face terrestre do que propriamente a capacidade de 
reposição planetária.Ambos os lados apresentam argumentos e são apoiados por forças 
sociais. 
A poluição dos últimos duzentos anos tornou mais espessa a camada de gases 
existentes na atmosfera. Essa camada impede a dispersão da energia luminosa proveniente 
do Sol, que aquece e ilumina a Terra e também retém a radiação infravermelha (calor) 
emitida pela superfície do planeta. O efeito do espessamento da camada gasosa é 
semelhante ao de uma estufa de vidro para plantas, o que originou seu nome. Muitos desses 
gases são produzidos naturalmente, como resultado de erupções vulcânicas, da 
decomposição de matéria orgânica e da fumaça de grandes incêndios. Sua existência é 
indispensável para a existência de vida no planeta, mas a densidade atual da camada gasosa 
é devida, em grande medida, à atividade humana. 
Em escala global, o aumento exagerado dos gases responsáveis pelo efeito estufa 
provoca o aquecimento do global, o que tem conseqüências catastróficas. O derretimento 
das calotas polares e de geleiras, por exemplo, eleva o nível das águas dos oceanos e dos 
lagos, submergindo ilhas e amplas áreas litorâneas densamente povoadas. O 
superaquecimento das regiões tropicais e subtropicais contribui para intensificar o processo 
de desertificação e de proliferação de insetos nocivos à saúde humana e animal. A 
destruição de habitats naturais provoca o desaparecimento de espécies vegetais e animais. 
Multiplicam-se as secas, inundações e furacões, com sua seqüela de destruição e morte. 
 
RELAÇÕES ECOLÓGICAS 
Em um ecossistema, uma determinada seqüência de alimentação é denominada 
cadeia alimentar. No exemplo que usamos anteriormente, a cadeia alimentar era formada 
por capim; gafanhotos; pássaros; cobras; fungos e bactérias. Uma cadeia alimentar 
completa como essa apresenta três categorias de organismos, que constituem seus níveis 
tróficos (do grego trofos, alimento, nutrição): o nível dos produtores (capim), o nível dos 
consumidores (gafanhotos, pássaros, cobras) e nível dos decompositores (fungos e 
 40 
bactérias). As relações alimentares de um ecossistema, se observadas em conjunto, formam 
um intrincado esquema, a teia ou rede alimentar. 
 Produtores e consumidores 
Os seres autótrofos produzem toda a matéria orgânica consumida como alimento 
pelos heterótrofos. Por isso os primeiros são chamados produtores, e os 
segundos,consumidores. Em um ecossistema de campo, por exemplo, as plantas de capim 
são es produtores. Os gafanhotos que se alimentam do capim são consumidores primários, e 
os pássaros que se alimentam dos gafanhotos são consumidores secundários. Uma cobra 
que se alimenta dos pássaros é um consumidor terciário, e assim por diante. Existem 
organismos que possuem alimentação variada, sendo denominados onívoros (do latim 
omnis, tudo e vorare, comer, devorar). Esse é o caso, por exemplo, da espécie humana. 
Comemos vegetais, desempenhando o papel de

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