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Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 1 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. Direito Administrativo – Ministério do Trabalho e Emprego. Professor: Leonardo Torres. Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 2 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. Advogado, especialista em Direito Público, professor de Direito Administrativo dos principais cursos preparatórios para o ingresso na área pública e exame de ordem dos Estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 3 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. SUMÁRIO ESTADO E GOVERNOERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVOERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 8 ADMINISTRAÇÃO DIRETA 11 ADMINISTRAÇÃO INDIRETA 14 ENTIDADES PARAESTATAIS 17 ATOS ADMINISTRATIVOS 18 PODERES DA ADMINISTRAÇÃO 27 ASPECTOS GERAIS 27 RENÚNCIA 28 ESPÉCIES DE PODERES DA ADMINISTRAÇÃO 28 AGENTES PÚBLICOS 30 LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990 32 LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992 88 LEI Nº 9.784 , DE 29 DE JANEIRO DE 1999 96 SERVIÇOS PÚBLICOS 109 CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO 112 RESPOSABILIDADE CIVIL DO ESTADO 114 Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 4 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES 116 Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 5 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. ESTADO E GOVERNO O conceito de Estado varia segundo o ângulo em que é considerado. Do ponto de vista sociológico, é corporação territorial dotada de um poder de mando originário; sob o aspecto político, é comunidade de homens, fixada sobre um território, com potestade superior de ação, de mando e de coerção; sob o prisma constitucional, é pessoa jurídica territorial soberana; na conceituação do nosso Código Civil, é pessoa jurídica de Direito Público Interno (art. 41 do Código Civil). O Estado é constituído de três elementos originários e indissociáveis: Povo, Território e Governo soberano. Povo é o componente humano do Estado; Território, a sua base física; Governo soberano, o elemento condutor do Estado, que detém e exerce o poder absoluto de autodeterminação e auto-organização emanado do Povo. Não há nem pode haver Estado independente sem Soberania, isto é, sem esse poder absoluto, indivisível e incontrastável de organizar-se e de conduzir-se segundo a vontade livre de seu Povo e de fazer cumprir as suas decisões inclusive pela força, se necessário. A vontade estatal apresenta-se e se manifesta através dos denominados Poderes de Estado. Os Poderes de Estado, na clássica tripartição de Montesquieu, até hoje adotada nos Estados de Direito, são o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, independentes e harmônicos entre si e com suas funções reciprocamente indelegáveis (CF, art. 2º). A organização do Estado é matéria constitucional no que concerne à divisão política do território nacional, a estruturação dos Poderes, à forma de Governo, ao modo de investidura dos governantes, aos direitos e garantias dos governados. No Estado Federal, que é o que nos interessa, a organização política era dual, abrangendo unicamente a União (detentora da Soberania) e os Estados-membros ou Províncias (com autonomia política, além da administrativa e financeira). Agora, a nossa Federação compreende a União, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios, que também são entidades estatais, com autonomia política reconhecida pela Constituição da República (art. 18), embora em menor grau que a dos Estados- membros (art. 25). Na nossa Federação, portanto, as entidades estatais, ou seja, entidades com autonomia política (além da administrativa e financeira) são unicamente a União, os Estados- membros, os Municípios e o Distrito Federal. Governo é a condução política dos negócios públicos. Na verdade, o Governo ora se identifica com os Poderes e órgãos supremos do Estado, ora se apresenta nas funções originárias desses Poderes e órgãos como manifestação da Soberania. A constante, porém, do Governo é a sua expressão política de comando, de iniciativa, de fixação de objetivos do Estado e de manutenção da ordem jurídica vigente. O Governo atua mediante atos de Soberania ou, pelos menos, de autonomia política na condução dos negócios públicos. Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 6 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Administração Pública é o conjunto de órgãos instituídos para consecução dos objetivos do Governo. Numa visão global, a Administração é, pois, todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização de seus serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas. A Administração pratica, atos de execução, com maior ou menor autonomia funcional, segundo a competência do órgão e de seus agentes. São os chamados atos administrativos. O Governo e a Administração, como criações abstratas da Constituição e das leis, atuam por intermédio de suas entidades (pessoas jurídicas), de seus órgãos (centros de decisão) e de seus agentes (pessoas físicas investidas em cargos e funções). CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO É o conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado, ou ainda, é o conjunto de normas que regem a Administração Pública. FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO CONSIDERAÇÕES INICIAIS As fontes do Direito Administrativo são as responsáveis diretas pela criação, elaboração e aperfeiçoamento de toda ciência administrativista, produzindo, aprimorando e até justificando, suas Leis, normas internas e decisões judiciais. Em se tratando do Direto Administrativo propriamente dito, é importante ressaltar, dentre outras, quatro principais espécies de fontes jurídicas: a Lei, a doutrina, a jurisprudência e os costumes. AS LEIS A CONSTITUIÇÃO FEDERAL A lei, considerada em seu sentido amplo, representa importante fonte do Direito e, em se tratando do Direito Administrativo especificamente, representa a sua principal fonte jurídica. Tal como ocorre aos demais ramos do Direito, a Constituição Federal é a principal fonte do Direito Administrativo. É na Constituição Federal que se encontram todos os fundamentos e princípios jurídicos que irão servir de base para a criação das outras normas jurídicas. Por exemplo, os artigos 37 e 38, ambos da Constituição Federal, trazem as disposições gerais concernentes aos princípios e normas que devem ser seguidos por toda a Administração Pública.A Constituição Federal também dispõe acerca de outras questões relacionadasao Direito Administrativo, como por exemplo, os Servidores Públicos que é tratado em seus artigos 39 até 41. Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 7 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. AS OUTRAS LEIS Todavia não somente a Constituição Federal constitui uma fonte jurídica para o Direito Administrativo.As Leis, os regulamentos, as instruções normativas, as resoluções e até mesmos as portarias expedidas pela Administração Pública, também, figuram como fontes jurídicas para o Direito Administrativo.Em se tratando de Leis, especificamente, deve-se citar como exemplo, a Lei 8112/90 que dispõe acerca do regime jurídico dos servidores civis da União ou a Lei 8666/93, que dispõe acerca do processo licitatório. Na realidade, para facilitar a compreensão, deve-se entender que constitui fonte do direito, todas as normas expedidas pela ou para a Administração Pública, desde a Constituição Federal até os regulamentos. A DOUTRINA Quando estudiosos do Direito publicam seus estudos, pesquisas ou suas interpretações jurídicas acerca de determinada ponto da Lei, isso quer dizer, que foi publicada uma doutrina acerca daquele tema.Doutrina é a interpretação dada pelos operadores do Direito acerca de determinada questão jurídica.Desta forma, não se engane, a doutrina, não se presta somente a interpretar a Lei, mas também a todas as outras questões relacionadas ao Direito, tais como sua origem, seus princípios, objetivos e sua evolução. Existe certa divergência jurídica, quanto ao fato da doutrina representar uma fonte do Direito.Para estes autores, entender que doutrina representa uma fonte do Direito significa em afronta direta ao princípio da Legalidade. Todavia, para a maior parte dos autores, a doutrina constitui uma fonte do Direito, não havendo qualquer empecilho neste sentido.Inclusive, não se pode olvidar que a doutrina é constantemente utilizada quando da realização dos julgamentos pelos Tribunais. JURISPRUDÊNCIA Quando uma decisão judicial é proferida de forma reiterada, pode-se considerar que foi formada uma jurisprudência naquele sentido, ou seja, jurisprudência, nada mais é que uma reunião de várias decisões judiciais, acerca determinada matéria. Uma jurisprudência se cristaliza, ou seja, se pacifica, quando determinada matéria é julgada sempre no mesmo sentido. A jurisprudência é uma importante fonte do Direito, em se tratando de Direito Administrativo.As decisões proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça em questões relacionadas ao Direito Administrativo é um bom exemplo de jurisprudência do Direito Administrativo. OS COSTUMES Os costumes, também, representam importante fonte do direito. Surgem através de comportamentos, atos ou condutas praticados reiteradamente que com o passar do tempo começam a integrar o cotidiano das pessoas. Em se tratando do direito Administrativo especificamente, é importante ressaltar a questão da "prática administrativa" como importante fonte do Direito Administrativo. É que ante a ausência de norma legal Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 8 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. específica para a solução de determinado "caso", o administrador público decide por sempre solucionar esta questão, desempenhando determinado procedimento. Desta forma, como o passar do tempo, a "solução" dada pelo administrador público e sua aplicação reiterada, poderá se tornar "praxe" em toda Administração Pública, sendo assim, aplicada na resolução de todas as questões semelhantes. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Em face da organização do Estado, e pelo fato deste assumir funções primordiais à coletividade, no interesse desta, fez-se necessário criar e aperfeiçoar um sistema jurídico que fosse capaz de regrar e viabilizar a execução de tais funções, buscando atingir da melhor maneira possível o interesse público visado. Devido à natureza desses interesses, são conferidos à Administração direitos e obrigações que não se estendem aos particulares. Logo, a Administração encontra-se numa posição de superioridade em relação a estes. A Administração Pública, na maioria de suas relações, possui um regime jurídico diferenciado. Para que possa exercer, de forma eficaz, as funções a ela determinadas, o interesse público está sobreposto a interesses particulares. Tal regime denomina-se Regime Jurídico Administrativo. Os princípios da Administração Pública são regras que surgem como parâmetros para a interpretação das demais normas jurídicas. Têm a função de oferecer coerência e harmonia para o ordenamento jurídico. Quando houver mais de uma norma, deve-se seguir aquela que mais se compatibiliza com os princípios elencados na Constituição Federal, ou seja, interpreta-se, sempre, consoante os ditames da Constituição. Os princípios que a Administração deverá seguir estão dispostos no art. 37, caput, da CF/88. O disposto no referido artigo constitucional é rol meramente exemplificativo; logo, existem outros princípios que poderão ser invocados pela Administração, como o princípio da supremacia do interesse público sobre o particular, o princípio da isonomia, entre outros. Com relação à sua abrangência, os princípios básicos da Administração alcançam a Administração Pública direta e indireta de quaisquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 37 da CF/88), possuindo, portanto, amplo alcance. São cinco os princípios da Administração Pública previstos no Artigo 37, caput, da Constituição Federal. Além destes princípios, há os previstos em legislações esparsas e os definidos pelos doutrinadores. Dispõe o Artigo 37, caput, da Constituição Federal: Artigo 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e também ao seguinte:(…) a) Legalidade: a Administração pública só pode fazer o que a lei permite (poder-dever). Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 9 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. b) Moralidade: a atuação do administrador deve obedecer a padrões éticos e justos de probidade e decoro. c) Impessoalidade: o mérito dos atos pertence à Administração e não às autoridades que as executam. Pode aparecer associado (ou utilizado como sinônimo) ao termo finalidade. d) Publicidade: divulgação dos atos praticados pela Administração, para conhecimento do público e início dos efeitos. e) Eficiência: introduzido na CF pela EC 19/98 – Reforma Administrativa – não basta a instalação de um serviço público, o mesmo deve atender as necessidades para as quais foi criado. Como já dito, além dos princípios da Administração Pública, trazidos por nossa Carta Magna em seu art. 37, temos outros princípios previstos em legislações esparsas e os definidos pelos doutrinadores, sendo eles: a) Princípio da Continuidade dos Serviços Públicos: em razão de ter o Estado assumido a prestação de determinados serviços, por considerar que estes são fundamentais à coletividade, mesmo os prestando de forma descentralizada ou ainda delegada, deve a Administração, até por uma questão de coerência, oferecê-los de forma contínua, ininterrupta. Pelo princípio da continuidade dos serviços públicos,o Estado é obrigado a não interromper a prestação dos serviços que disponibiliza. b) Princípio da Motivação: é a obrigação conferida ao administrador de motivar todos os atos que edita, sejam gerais, sejam de efeitos concretos. É considerado, entre os demais princípios, um dos mais importantes, uma vez que sem a motivação não há o devido processo legal, pois a fundamentação surge como meio interpretativo da decisão que levou à prática do ato impugnado, sendo verdadeiro meio de viabilização do controle da legalidade dos atos da Administração. c) Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Particular e Princípio da Indisponibilidade: por força dos interesses representados pela Administração, é certo que todos os princípios básicos previstos no art. 37 da Constituição Federal se aplicam na atuação desta; todavia, na maioria das vezes, a Administração, para buscar de maneira eficaz tais interesses, necessita ainda de se colocar em um patamar de superioridade em relação aos particulares, numa relação de verticalidade, e para isto se utiliza do princípio da supremacia, conjugado ao princípio da indisponibilidade, pois, tecnicamente, tal prerrogativa é irrenunciável, por não haver faculdade de atuação ou não do Poder Público, mas sim “dever” de atuação. Por tal princípio, sempre que houver conflito entre um interesse individual e um interesse público coletivo deve prevalecer o interesse público. São as prerrogativas conferidas à Administração Pública, porque esta atua por conta de tal interesse. Como exemplos podemos citar a existência legal de cláusulas exorbitantes em favor da Administração, nos contratos administrativos; as restrições ao direito de greve dos agentes públicos; a encampação de serviços concedidos pela Administração etc. Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 10 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. d) Princípios da Razoabilidade e Proporcionalidade: os princípios acima surgem de idéias como a limitação de direitos, isto é, “todo direito pressupõe a noção de limite”, e da proibição do excesso, usada como meio de interpretação de tais princípios, pois visam a evitar toda forma de intervenção ou restrição abusiva ou desnecessária por parte da Administração Pública. Com efeito, tal análise deve ser realizada utilizando-se dos critérios e “valores atinentes ao homem médio. Na doutrina, prevalece a noção de que os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade se entrelaçam e se completam, ou seja, não são considerados separadamente. Assumem grande importância quando da atuação administrativa por meio do poder de polícia, e em geral na expedição de todos os atos de cunho discricionários. ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA a) Estrutura Vertical: Divide-se em Administração Federal, Estadual, Municipal e do Distrito Federal, sendo que, não uma há uma gradação de autoridade (hierarquia) entre os níveis. b) Estrutura Horizontal: Compreende a Administração Direta (órgãos públicos) e Indireta (entidades públicas - Decreto Lei 200/67). DESCONCENTRAÇÃO E DESCENTRALIZACÃO ADMINISTRATIVA A desconcentração é uma técnica administrativa, e é utilizada em toda a Administração Pública. Ocorrerá a chamada desconcentração quando as pessoas políticas (União, estados membros, Distrito Federal e municípios) ou entidades (Por exemplo: autarquias) da Administração, encarregada de executar um ou mais serviços, distribui competências, no âmbito de sua própria estrutura, a fim de tornar mais ágil e eficiente a prestação dos serviços. Na desconcentração existirá apenas uma pessoa jurídica (entidade ou pessoa política), isto é, a desconcentração sempre se opera no âmbito interno de uma mesma pessoa jurídica, constituindo uma simples distribuição interna de competências. Ocorre desconcentração, por exemplo, no âmbito da Administração Direta Federal, quando a União distribui as atribuições decorrentes de suas competências entre diversos órgãos de sua própria estrutura, como os ministérios (Ministério da Educação, Ministério dos Transportes etc.); ou quando uma autarquia, por exemplo, uma universidade pública, estabelece uma divisão interna de funções, criando, na sua própria estrutura, diversos departamentos (Departamento de Graduação, Departamento de Pós-Graduação, Departamento de Direito, Departamento de Filosofia, Departamento de Economia etc.). Como se vê, a desconcentração, mera técnica administrativa de distribuição interna de funções, ocorre tanto na prestação de serviços pela Administração Direta, quanto pela Indireta. Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 11 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. É muito mais comum falar-se em desconcentração na Administração Direta pelo simples fato de as pessoas que constituem as Administrações Diretas (União, estados, Distrito Federal e municípios) possuírem um conjunto de competências mais amplo e uma estrutura sobremaneira mais complexa do que os de qualquer entidade das Administrações Indiretas. De qualquer forma, temos desconcentração tanto em um município que se divide internamente em órgãos, cada qual com atribuições definidas, como em uma sociedade de economia mista de um estado, um banco estadual, por exemplo, que organiza sua estrutura interna em superintendências, departamentos ou seções, com atribuições próprias e distintas, a fim de melhor desempenhar suas funções institucionais. Ocorre a chamada descentralização administrativa quando o Estado (União, DF, estados ou municípios) desempenha algumas de suas funções por meio de outras pessoas jurídicas. A descentralização pressupõe duas pessoas jurídicas distintas: o Estado e a entidade que executará o serviço, por ter recebido do Estado essa atribuição. A descentralização administrativa acarreta a especialização na prestação do serviço descentralizado, o que é desejável em termos de técnica administrativa. Por esse motivo, já em 1967, ao disciplinar a denominada “Reforma Administrativa Federal”, o Decreto-Lei nº 200, em seu art. 6º, inciso III, elegeu a “descentralização administrativa” como um dos princípios fundamentais da Administração Federal. A doutrina aponta duas formas mediante as quais o Estado pode efetivar a chamada descentralização administrativa: outorga e delegação. A descentralização será efetivada por meio de outorga quando o Estado cria uma entidade e a ela transfere, mediante previsão em lei, determinado serviço público. A outorga normalmente é conferida por prazo indeterminado. É o que ocorre relativamente às entidades da Administração Indireta prestadoras de serviços públicos: o Estado descentraliza a prestação dos serviços, outorgando-os a outras entidades (autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas), que são criadas para o fim de prestá-los. ADMINISTRAÇÃO DIRETA De acordo com o artigo 4o, inciso I, Dec. Lei 200/67, é representada pelos órgãos responsáveis pela chefia do Executivo e aqueles que lhes auxiliam diretamente. No patamar Federal é composto pela Presidência da República e Ministérios; no Estadual e no Distrito Federal, pelo Governador e pelas Secretarias; em nível Municipal, pela Prefeitura e pelas Secretarias. Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 12 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE.CLASSIFICAÇÃO DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS Quanto à posição Estatal: a) Órgãos Independentes: se originam da previsão constitucional. São os representativos dos 3 Poderes (Poder Executivo, Legislativo e Judiciário). • Não tem qualquer subordinação hierárquica; • Suas funções são políticas, judiciais e legislativas; • Seus agentes são denominados Agentes Políticos; Exemplos: Congresso Nacional, Câmara de Deputados, Senado Federal, etc. b) Órgãos Autônomos: são os localizados na cúpula da Administração, imediatamente abaixo dos órgãos independentes e diretamente subordinados aos seus chefes; • Têm ampla autonomia administrativa, financeira e técnica; • São órgãos diretivos, de planejamento, coordenação e controle; • Seus agentes são denominados Agentes Políticos nomeados em comissão; Exemplos: Ministérios, Secretaria de Planejamento, etc. c) Órgãos Superiores: são os que detêm poder de direção, controle, decisão e comando, subordinando-se a um órgão mais elevado. • Não gozam de autonomia administrativa nem financeira; • Liberdade restringida ao planejamento e soluções técnicas, dentro de sua esfera de competência; • Responsabilidade pela execução e não pela decisão política; Exemplos: Gabinetes, Coordenadorias, Secretarias Gerais, etc. d) Órgãos Subalternos: são os órgãos subordinados hierarquicamente a outro órgão superior; realizam tarefas de rotina administrativa. • Reduzido poder de decisão; • É predominantemente órgão de execução; Exemplos: Repartições, Seções de Expediente, etc. Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 13 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. Quanto à Estrutura: a) Órgãos Simples: refere-se a um só centro de competência. Exemplos: Posto Fiscal, Agência da Secretaria da Receita Federal, etc. b) Órgãos Compostos: representam vários centros de competência (outros órgãos menores na estrutura). A atividade é desconcentrada, do órgão central para os demais órgãos subalternos. Exemplos: Delegacia da Receita Federal, Inspetoria Fiscal, etc. Quanto à Atuação Funcional: a) Singular: são os que decidem através de um único agente. Exemplos: Os Ministérios, as Coordenadorias, as Seccionais, etc. b) Colegiado: decidem por manifestação conjunta da maioria de seus membros. Exemplos: Tribunais, Legislativo, Conselho de Contribuintes, etc. Quanto à Esfera de atuação: a) Centrais: abrangem todo o território de atuação. Exemplo: Os Ministérios. b) Locais: abrangem certos setores. Exemplos: As Seccionais, as Delegacias Regionais etc. Quanto à Função: a) Ativos: são aqueles que decidem ou executam as atividades administrativas. Podem ser de Direção Superior (decisão) ou Executivos (execução). Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 14 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. Exemplos: Secretarias Estaduais (decisão), Zeladoria (execução) etc. b) Consultivos: são aqueles que esclarecem, opinam etc. Exemplos: Conselhos de Impacto Ambiental. c) De controle: são órgãos de fiscalização. Exemplo: Controladoria Geral da União. ADMINISTRAÇÃO INDIRETA Entidades dotadas de personalidade jurídica própria, previstas no artigo 4o, inciso II, do Decreto Lei 200/67. São as: AUTARQUIAS A expressão autarquia surgiu do grego autos, que significa “próprio” e arquia, que é sinônimo de “poder, comando”. São pessoas jurídicas de direito público criadas por lei para a execução de serviços públicos, contando com capital exclusivamente público, ou seja, as autarquias são regidas integralmente por regras de direito público, podendo, tão-somente, serem prestadoras de serviços públicos. Exemplos: IBAMA, CADE, INSS etc.. O IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) é uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Meio Ambiente (MMA). É uma entidade responsável pela execução da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e desenvolve diversas atividades para a preservação e conservação do patrimônio natural, exercendo o controle e a fiscalização sobre o uso dos recursos naturais (água, flora, fauna, solo, etc). Também cabe a ele realizar estudos ambientais e conceder licenças ambientais para empreendimentos de impacto nacional. O CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) é uma autarquia federal brasileira que tem como objetivo orientar, fiscalizar, prevenir e apurar abusos do poder econômico. Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 15 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. Tem o papel de julgar sobre matéria concorrencial os processos encaminhados pela Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça e a Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, desempenhando os papéis preventivo, repressivo e educativo, dentro do mercado brasileiro. O Banco Central é uma autarquia de regime especial. Por força do art. 21 da CF/88, a competência para emissão de moedas é da União por meio do Banco Central. Também o Banco Central tem por finalidade fiscalizar as atividades desenvolvidas pelas instituições financeiras. OBSERVAÇÕES • Têm autonomia, não sendo subordinadas àquele que as criou, são apenas vigiadas (supervisão ministerial), podendo escolher como administrar seu patrimônio e receitas; • Criadas e extintas por lei específica (art. 37, XIX da CF/88); • São dotadas das mesmas prerrogativas da Administração Direta. Na área tributária (art. 150, § 2.º, da CF/88). Na área processual, art. 188 do CPC; • Seus bens são imprescritíveis (inusucapíveis), impenhoráveis e inalienáveis; • A prescrição contra elas é de cinco anos; • O regime de pessoal é o mesmo que se aplica aos servidores da Administração direta (Lei 8.112/90); • Temos também, as Autarquias sob o regime especial: As Agências Reguladoras (ANATEL, ANEEL, ANTT etc.) e as Agências Executivas (ABIN e INMETRO). As primeiras (Agências Reguladoras) são autarquias que foram criadas para regular as atividades desempenhadas pelos particulares e certos setores do mercado, fiscalizando e controlando tais atividades. Já as Agências Executivas, são “títulos de qualidade conferidos às autarquias ou fundações que celebrem contrato de gestão com o Órgão da Administração Pública Direta a que se acham vinculadas, para a melhoria da eficiência e redução de custos”. FUNDAÇÕES PÚBLICAS São pessoas jurídicas (regidas por regras de Direito Público ou de Direito Privado) sem fins lucrativos, criadas ou autorizadas por lei para um fim específico de interesse público, como educação, cultura e pesquisa. As fundações públicas possuem autonomia administrativa, Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 16 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. patrimônio próprio, e funcionamento custeado. As fundações poderão ser tanto de direito público quanto de direito privado. Essa definição serve para qualquer fundação, inclusive àquelas que não integram a Administração indireta. No caso das fundações que integram a Administraçãoindireta, quando forem dotadas de personalidade de direito público (criadas por lei), serão regidas integralmente por regras de Direito Público. Quando forem dotadas de personalidade de direito privado (autorizadas por lei), serão regidas por regras de direito público e direito privado. Tanto uma quanto outra são compostas por patrimônio personalizado. No caso da fundação pública, é destacado pela Administração direta, que é o instituidor para definir a finalidade pública. Como exemplo de fundações, temos: FUNASA (Fundação Nacional de Saúde); IBGE (Instituto Brasileiro Geográfico Estatístico); Universidade de Brasília; FUNAI (Fundação Nacional do Índio); EMPRESAS PÚBLICAS Pessoas Jurídicas de direito privado, com capital inteiramente público, sendo a criação autorizada por lei para exploração de atividades econômicas ou para a prestação de serviços públicos. Como exemplo de empresas públicas, temos: CEF (Caixa Econômica Federal); ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) etc. OBSERVAÇÕES • Podem adotar qualquer modelo societário admitido em direito; • São sempre de direito privado; • 100% do capital pertencem à Administração Pública; • Autorizadas por lei; • Seu pessoal é composto por “empregados públicos” ou “agentes temporários”, sendo regidos pela CLT; • Estão obrigadas a realizar licitação para suas atividades “meio”, e dispensadas para as atividades “fins”; Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 17 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. • De acordo com o art. 109, I, da CF, as ações nas quais sejam partes, serão processadas e julgadas na Justiça Federal, ressalvado, a competência da Justiça do Trabalho. SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA Pessoas Jurídicas de direito privado, sendo a criação autorizada por lei para exploração de atividades econômicas ou para a prestação de serviços públicos, com a maioria do capital votante pertencente à Administração Pública, sob a forma de sociedade anônima. OBSERVAÇÕES • Seu pessoal é composto por “empregados públicos” ou “agentes temporários”, sendo regidos pela CLT; • Autorizadas por lei; • São sempre de direito privado; • Necessariamente constituídas sob a forma de S.A. (incisos I e II do art. 5º do Decreto-Lei 200/67); • Estão obrigadas a realizar licitação para suas atividades “meio”, e dispensadas para as atividades “fins”; • As ações nas quais sejam partes, serão processadas e julgadas na Justiça Estadual, ressalvado, a competência da Justiça do Trabalho. ENTIDADES PARAESTATAIS CONCEITO São pessoas jurídicas de direito privado que colaboram com o Estado, desempenhando atividades de interesse público e não lucrativas e à qual o Poder Público dispensa especial proteção, cumprindo ser destacado, que não integram a estrutura da Administração Pública. COMPOSIÇÃO • Serviços sociais autônomos; • Organizações sociais; • Organizações da sociedade civil de interesse público; • Entidades de apoio (fundações, associações, cooperativas); Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 18 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. ATOS ADMINISTRATIVOS Definição Ato jurídico, segundo o art. 185 do CC, “é todo ato lícito que possui por finalidade imediata adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos”. Ato administrativo é espécie de ato jurídico, é ato infralegal. Ato administrativo é toda manifestação lícita e unilateral de vontade da Administração ou de quem lhe faça as vezes, que agindo nesta qualidade tenha por fim imediato adquirir, transferir, modificar ou extinguir direitos e obrigações. Os atos administrativos podem ser praticados pelo Estado ou por alguém que esteja em nome dele. Logo, pode-se concluir que os atos administrativos não são definidos pela condição da pessoa que os realiza. Tais atos são regidos pelo Direito Público. PERFEIÇÃO, VALIDADE E EFICÁCIA ATO ADMINISTRATIVO PERFEITO É o ato concluído, acabado, que completou o ciclo necessário à sua formação. ATO ADMINISTRATIVO VÁLIDO É o ato praticado de acordo com as normas superiores que devem regê-lo. ATO ADMINISTRATIVO EFICAZ É aquele ato que está apto a produzir os seus efeitos. As causas que podem determinar a ineficácia do ato administrativo são três: A subordinação do ato a uma condição suspensiva, ou seja, o ato estará subordinado a um fato futuro e incerto. Enquanto o fato não acontecer, o ato será ineficaz; A subordinação do ato a um termo inicial, ou seja, o ato estará subordinado a um fato futuro e certo. Enquanto o fato não acontecer, o ato será ineficaz; A subordinação dos efeitos do ato à prática de outro ato jurídico. Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 19 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. REQUISITOS São as condições necessárias para a existência válida do ato. Nem todos os autores usam a denominação “requisitos”; podem ser chamados elementos, pressupostos, etc. Do ponto de vista da doutrina tradicional, os requisitos dos atos administrativos são cinco: Competência: agente capaz; Objeto lícito, certo, possível e mora; Motivo: este requisito integra os requisitos dos atos administrativos tendo em vista a defesa de interesses coletivos; Forma: somente a prevista em lei. Finalidade: o ato administrativo somente visa a uma finalidade, que é a pública; se o ato praticado não tiver essa finalidade, ocorrerá abuso de poder; ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO Atributos são prerrogativas que existem por conta dos interesses que a Administração representa, são as qualidades que permitem diferenciar os atos administrativos dos outros atos jurídicos. PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE É a presunção de que os atos administrativos devem ser considerados válidos até que se demonstre o contrário, a bem da continuidade da prestação dos serviços públicos. Isso não quer dizer que não se possa contrariar os atos administrativos, o ônus da prova é que passa a ser de quem alega. IMPERATIVIDADE Poder que os atos administrativos possuem de gerar unilateralmente obrigações aos administrados, independente da concordância destes. É a prerrogativa que a Administração possui para impor, exigir determinado comportamento de terceiros. EXIGIBILIDADE OU COERCIBILIDADE É o poder que possuem os atos administrativos de serem exigidos quanto ao seu cumprimento sob ameaça de sanção. A imperatividade e a exigibilidade, em regra, nascem no mesmo momento. Excepcionalmente o legislador poderá diferenciar o momento temporal do nascimento da imperatividade e o da exigibilidade. No entanto, a Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 20 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. imperatividade é pressuposto lógico da exigibilidade, ou seja, não se poderá exigir obrigação que não tenha sido criada. AUTO-EXECUTORIEDADE É o poder que possuem os atos administrativos de serem executados materialmente pela própria administração independentemente de recurso ao Poder Judiciário. A auto-executoriedadeé um atributo de alguns atos administrativos, ou seja, não existe em todos os atos Poderá ocorrer em dois casos: Quando a lei expressamente prever; Quando estiver tacitamente prevista em lei (nesse caso deverá haver a soma dos requisitos de situação de urgência e inexistência de meio judicial idôneo capaz de, a tempo, evitar a lesão). TIPICIDADE É o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados. Para cada finalidade que a Administração pretende alcançar existe um ato definido em lei. Trata-se de decorrência do princípio da legalidade, que afasta a possibilidade de a Administração praticar atos inominados; estes são possíveis para os particulares, como decorrência do princípio da autonomia da vontade. Classificação dos atos administrativos QUANTO AOS SEUS DESTINATÁRIOS Atos gerais ou regulamentadores: São os atos administrativos expedidos sem destinatários determinados, com finalidade normativa, alcançando todos os sujeitos que se encontrem na mesma situação de fato em relação aos seus preceitos. São os regulamentos, instruções normativas, circulares, ordens de serviços, etc. Atos individuais ou especiais: São, ao contrário, todos aqueles que se dirigem a determinados destinatários (um ou mais sujeitos certos), criando-lhes uma situação jurídica particular. Exemplo: Decretos de desapropriação; atos de nomeação; de exoneração, etc. Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 21 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. QUANTO AO SEU ALCANCE Internos: São atos administrativos destinados a produzir efeitos no âmbito das repartições públicas, destinados ao pessoal interno, como portarias, instruções ministeriais, etc., destinados aos seus servidores. Podem ser mesmo assim, gerais ou especiais, normativos, ordenatórios, punitivos, etc., conforme exigência do serviço. Externos ou de efeitos externos: São todos aqueles que alcançam os administrados, os contratantes e, em certos casos, até mesmo os próprios servidores, provendo sobre seus direitos, obrigações, negócios ou conduta perante a Administração. Tais atos só entram em vigor após sua publicação em órgão oficial (diário oficial) dado seu interesse público. QUANTO AO SEU OBJETO De império ou atos de autoridade: São todos aqueles atos que a Administração pratica usando de sua supremacia sobre o administrado ou sobre o servidor, impondo-lhes atendimento obrigatório. É o que ocorre nas desapropriações, nas interdições de atividade e nas ordens estatutárias. Podem ser gerais ou individuais, internos ou externos, mas sempre unilaterais, expressando a vontade onipotente do Estado. Atos de gestão: São os que a Administração pratica sem usar de sua supremacia sobre os destinatários, tal como ocorre nos atos puramente de administração dos bens e serviços públicos e nos atos negociais com os particulares, como, por exemplo, as alienações, oneração ou aquisição de bens, etc., antecedidos por autorizações legislativas, licitações, etc. Atos de expediente: São os que se destinam a dar andamento aos processos e papéis que tramitam pelas repartições públicas, preparando-os para a decisão de mérito a ser proferida pela autoridade competente. São atos de rotina interna, sem caráter vinculante e sem forma especial, praticados geralmente por servidores subalternos. QUANTO AO SEU REGRAMENTO Vinculados ou regrados: São aqueles para os quais a lei estabelece os requisitos e condições de sua realização, limitando a liberdade do administrador que fica adstrita aos Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 22 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. pressupostos do ato legal para validade da atividade administrativa. Desviando-se dos requisitos das normas legais ou regulamentares, fica comprometida a ação administrativa, viciando-se a eficácia do ato praticado que, assim, toma-se passível de anulação. Exemplo: cobrar impostos, conceder isenção ou anistia, entre outros. Discricionários: São aqueles atos que a Administração pode praticar escolhendo livremente o seu conteúdo, o seu destinatário, a sua conveniência, a sua oportunidade e o modo da sua realização. A rigor, a discricionariedade não se manifesta no ato em si, mas no poder que Administração tem de praticá-lo quando e nas condições que repute mais convenientes ao interesse público. Não se confunde com ato arbitrário. Discrição é liberdade de ação dentro dos limites legais; arbítrio é ação que excede à lei e por isto, contrária a ela. O ato discricionário, quando permitido pelo direito, é legal e válido; o ato arbitrário, porém, é sempre ilegítimo e inválido. Manifesta-se em função do poder da Administração em praticá-lo nas condições que julgar conveniente: abrir um concurso público escolhendo o número de vagas, pavimentar uma estrada, etc. QUANTO À NATUREZA Simples: O que resulta da manifestação de vontade de um único órgão, unipessoal ou colegiado. Complexos: São os atos que se formam pela conjugação de vontades de mais de um órgão administrativo. Em outras palavras são aqueles que, realizados por um órgão, requerem, para a sua validade - e não para a formação da vontade - a aprovação de outro órgão; os que dependem de pareceres de órgãos consultivos, preceituados em lei; os que se compõem de atos elementares, como seja uma concorrência pública, cuja decisão pelo Ministério ou Secretaria de Estado requer uma série de atos elementares precedentes e autônomos, aos quais essa decisão está de certa forma vinculada. Compostos: Que resulta da vontade única de um órgão, mas depende da verificação por parte de outro, para se tornar exeqüível. Exemplo: autorização que depende de visto de uma autoridade superior. QUANTO AO FIM Declaratórios de direito: São os atos que declaram a legalidade de uma situação já existente e de conseqüência irremovíveis diante do Direito. Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 23 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. Constitutivos de direito: São os atos que dão estabilidade jurídica a um fato até então de resultados aleatórios. ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS Atos normativos: São aqueles que contêm um comando geral do Poder Executivo visando à correta aplicação da lei. São atos infralegais que encontram fundamento no poder normativo (art. 84, IV da CF). Exemplo: Decretos; Regulamentos; Portarias e etc. Atos ordinatórios: São aqueles que visam a disciplinar o funcionamento da Administração e a conduta de seus agentes no desempenho de suas atribuições. Encontra fundamento no Poder Hierárquico. Exemplo: Ordens, Circulares, Avisos, Portarias, Ordens de serviço e Ofícios. Atos negociais: São aqueles que contêm uma declaração de vontade da Administração visando concretizar negócios jurídicos, conferindo certa faculdade ao particular nas condições impostas por ela. É diferente dos negócios jurídicos, pois é ato unilateral. Atos enunciativos: São aqueles que contêm a certificação de um fato ou emissão de opinião da Administração sobre determinado assunto sem se vincular ao seu enunciado. Exemplo:Certidões, Atestados, Pareceres e o apostilamento de direitos (atos declaratórios de uma situação anterior criada por lei). Atos punitivos: São aqueles que contêm uma sanção imposta pela Administração àqueles que infringirem disposições legais. Encontra fundamento no Poder Disciplinar. Exemplo: Interdição de estabelecimento comercial em vista de irregularidade; Aplicação de multas e etc. FORMAS DE EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS São formas de extinção dos atos administrativos: Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 24 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. Anulação, Revogação, Cassação, Caducidade Contraposição. ANULAÇÃO a) Definição: Todo ato administrativo para ser válido deve conter os seus cinco elementos ou requisitos de validade (competência, finalidade, forma, motivo e objeto) isentos de vícios (defeitos). Caso um desses elementos apresente-se em desacordo com a lei, o ato será nulo. O pressuposto da anulação é que o ato possua um vício de legalidade em algum de seus requisitos de formação. Com isso, podemos defini-la como sendo o desfazimento de um ato por motivo de ilegalidade. A anulação decorre do controle de legalidade dos atos administrativos. b) Quem pode ANULAR ato administrativo? A anulação de um ato que contenha vício de legalidade pode ocorrer tanto pelo Poder Judiciário (controle externo) quanto pela própria Administração Pública (controle interno). Como exemplo, podemos citar: Ato administrativo expedido pelo Poder Legislativo poderá ser anulado tanto pelo próprio Poder Legislativo (Administração Pública) quanto pelo Poder Judiciário. A invalidação por via judicial dependerá, sempre, de provocação do interessado. Já a via administrativa poderá resultar do Poder de Autotutela do Estado, que deve extingui-lo, muito embora proveniente da manifestação de vontade de um de seus agentes, contenha vício de legalidade. c) Efeitos da Anulação: Uma vez que o ato administrativo ofende a lei, é lógico afirmarmos que a invalidação opera efeitos ex-tunc, retroagindo à origem do ato, ou seja, fulmina o que já ocorreu, no sentido de que se negam hoje os efeitos de ontem. Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 25 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. REVOGAÇÃO a) Definição: Ocorre no momento em que um ato válido, legítimo e perfeito torna-se inconveniente e inoportuno ao interesse público. O ato não possuía qualquer vício de formação, porém, não atende mais aos pressupostos de conveniência e oportunidade. É importante ressaltarmos que o conceito de revogação guarda estreita relação com o de ato discricionário, visto ser o Poder Discricionário da Administração o fundamento de tal instituto. Além disso, os atos vinculados são classificados, pelos grandes autores, como atos irrevogáveis, visto que neles a lei não deixou opção ao administrador, no que tange à valoração da conveniência e da oportunidade. Sendo assim, concluímos que a revogação decorre do controle de mérito dos atos administrativos. b) Quem pode REVOGAR ato administrativo? Por depender de uma avaliação quanto ao momento em que o ato tornou-se inoportuno e inconveniente, a revogação caberá à autoridade administrativa no exercício de suas funções. Seria inadmissível imaginar que o Poder Judiciário pudesse revogar ato administrativo, pois tal competência depende da experiência/ vivência do administrador público que decidirá quanto à oportunidade e conveniência da prática do ato. Porém, é importante reforçarmos que, atipicamente, o Poder Judiciário também emite atos administrativos (quando exerce a função administrativa). Nesse caso, caberá ao Poder Judiciário revogar os seus próprios atos administrativos. Como exemplo, podemos citar: Ato administrativo expedido pelo Poder Legislativo poderá ser revogado, apenas, pelo próprio Poder Legislativo. c) Efeitos da Revogação: A revogação opera efeitos ex-nunc (proativos), ou seja, a partir de sua vigência. O ato de revogação não retroagirá os seus efeitos, pois o ato revogado era perfeitamente válido, até o momento em que se tornou inoportuno e inconveniente à Administração Pública. d) Atos Irrevogáveis Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 26 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. O Poder Discricionário dado à Administração Pública de revogar seus atos administrativos, por questões lógicas não é ilimitado. Alguns atos são insuscetíveis de revogação, ou seja, são atos ditos irrevogáveis. Assim temos: Os atos consumados, que já exauriram seus efeitos; Os atos vinculados, pois nesse o administrador não tem escolha na prática do ato; Os atos que geram direitos adquiridos os atos que integram um procedimento administrativo; Os atos administrativos declaratórios ou enunciativos (certidões, pareceres, atestados) CASSAÇÃO Na verdade a cassação e a anulação de um ato administrativo possuem efeitos bem semelhantes. A diferença básica é que na anulação o defeito no ato ocorreu em sua formação, ou seja, na origem do ato, em um de seus requisitos de validade; já na cassação, o vício ocorre na execução do ato. Trata-se da extinção do ato porque o destinatário descumpriu condições que deveriam permanecer atendidas a fim de poder continuar desfrutando da situação jurídica. Como exemplo, temos a cassação de uma licença, concedida pelo Poder Público, sob Determinadas condições, devido ao descumprimento de tais condições pelo particular beneficiário de tal ato. É importante observarmos que a cassação possui caráter punitivo (decorre do descumprimento de um ato). CADUCIDADE A caducidade origina-se com uma legislação superveniente que acarreta a perda de efeitos jurídicos da antiga norma que respaldava a prática daquele ato. A retirada funda-se no advento de nova legislação que impede a permanência da situação anteriormente consentida. Ocorre, por exemplo, quando há retirada de permissão de uso de um bem público, decorrente de uma nova lei editada que proíbe tal uso privativo por particulares. Assim, podemos afirmar que tal permissão caducou. CONTRAPOSIÇÃO Também chamada por alguns autores de derrubada. Quando um ato deixa de ser válido em virtude da emissão de outro ato que gerou efeitos opostos ao seu, dizemos que ocorreu a Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 27 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. contraposição. São atos que possuem efeitos contrapostos e por isso não podem existir ao mesmo tempo. CUMPRIMENTO (EXAURIMENTO) DE SEUS EFEITOS Ocorre quando o ato administrativo alcança os efeitos almejados. Como exemplo, podemos citar o ato que libera o servidor para gozar férias, isto é, partir do momento que referido servidor goza suas férias, o ato é extinto, visto que cumpriu seus efeitos. RENÚNCIA Ocorre quando o beneficiário do ato renuncia os seus efeitos. CONVALIDAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS Ocorre a convalidação de um ato administrativo, quando a Administração Públicatorna válido um ato administrativo que possua um vício sanável e seu efeito é retrospectivo (ex tunc). PODERES DA ADMINISTRAÇÃO ASPECTOS GERAIS Diversamente dos poderes do Estado, que são estruturais e orgânicos, os poderes da Administração são instrumentais. Constituem instrumentos conferidos à Administração pelo ordenamento jurídico, para que possa atingir sua finalidade única, qual seja o interesse público. Os poderes da Administração são prerrogativas decorrentes do Princípio da Supremacia do interesse público sobre o interesse particular. Sempre que o administrador, quando da utilização desses instrumentos, exceder os limites de suas atribuições ou se desviar das finalidades administrativas, incorrerá em abuso de poder e será responsabilizado. O abuso de poder divide-se em duas espécies: excesso de poder e desvio de finalidade. Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 28 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. RENÚNCIA Esses poderes são atribuídos à Administração Pública para que ela os exerça em benefício do interesse público, o que os torna irrenunciáveis. Desta forma, a Administração, quando for necessária a utilização desses poderes, deverá fazê-lo, sob pena de ser responsabilizada. O exercício é obrigatório, indeclinável, pois, em se tratando de Administração Pública, não há propriamente faculdade de agir, mas verdadeiro dever de atuação. ESPÉCIES DE PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PODER DISCIPLINAR Poder disciplinar é o poder conferido à Administração que lhe permite impor penalidades aos seus agentes em razão da prática de infrações funcionais. Somente poderão ser aplicadas sanções e penalidades de caráter administrativo, expressamente previstas em lei, a exemplo de advertências, suspensão, demissão etc. PODER HIERÁRQUICO Poder hierárquico é o poder conferido à Administração para organizar a sua estrutura, distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, bem como ordenar e rever a atuação dos seus agentes, estabelecendo uma relação de hierarquia e subordinação entre eles. O Poder Hierárquico assume importante papel na Administração, sob dois enfoques, conforme se vê a seguir: a) Internamente: possibilita ao agente, desde que ingressa na Administração, saber quem deve cumprir ordens e quais ordens devem ser cumpridas, otimizando funções e compondo de maneira satisfatória os quadros do Poder Público. b) Externamente: desdobra-se para que se possa apreciar a validade do ato publicado, concluir se deverá ou não ser cumprido e saber contra quem se ingressará com remédios judiciais, caso haja a ofensa de direitos legais e constitucionalmente protegidos. Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 29 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. PODER REGULAMENTAR O poder regulamentar é atribuído privativamente aos Chefes do Poder Executivo para editar decretos de execução ao fiel cumprimento à lei (inc. IV art. 84 Constituição Federal). Em regra, não tem cabimento, assim, a existência de decreto autônomo para disciplinar matéria não prevista em lei, em conformidade com o entendimento majoritário. Excepcionalmente, pode haver decreto autônomo dispondo sobre organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos, bem como sobre extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos (inc. VI art. 84 Constituição Federal). Os decretos autônomos diferem-se dos decretos de execução, pois estes visam garantir a fiel execução de lei ou de ato normativo já editados. Regulamento é o ato administrativo geral e normativo expedido privativamente pelo Chefe do Executivo (federal, estadual ou municipal), por meio de decreto, com o fim de explicar o modo e forma de execução da lei (regulamento de execução) ou prover situações não disciplinadas em lei (regulamento autônomo ou independente). PODER VINCULADO Poder vinculado é aquele em que o administrador se encontra inteiramente preso ao enunciado da lei que estabelece previamente um único comportamento possível a ser adotado em situações concretas, não existindo um espaço para juízo de conveniência e oportunidade. Há ausência de juízo de valores, pois a lei estabelece um único comportamento. Exemplo: Aposentadoria por atingir o limite máximo de idade. Quando o servidor completar 70 anos, o administrador tem que aposentá-lo, pois a lei prevê esse único comportamento. PODER DISCRICIONÁRIO Poder discricionário é aquele em que o administrador se encontra preso (não inteiramente) ao enunciado da lei que não estabelece previamente um único comportamento possível a ser adotado em situações concretas, existindo um espaço para juízo de conveniência e oportunidade. Há, portanto, um juízo de valores. Exemplo: Pedido de porte de arma junto à Administração. O administrador poderá conceder ou não dependendo da situação em concreto. A diferença entre o poder vinculado e o poder Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 30 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. discricionário reside no grau de liberdade legalmente conferido ao administrador.Tanto o ato vinculado quanto o ato discricionário só poderão ser apreciados pelo Judiciário no tocante à sua legalidade. USO E ABUSO DE PODER O uso (normal) de poder é a utilização adequada à lei, pelos agentes públicos, das prerrogativas (vantagens ou privilégios em razão da função) que lhe são dadas pelo ordenamento jurídico. Já o abuso de poder surge quando essas prerrogativas são empregadas em desacordo com a lei, fora dos limites de competência do agente ou com desvio da finalidade a ser atingida, de interesse público. A cada uma dessas duas hipóteses corresponde um tipo de abuso de poder: Excesso de Poder: Ocorre quando o agente, “embora competente para praticar o ato, vai além do permitido e exorbita no uso de suas faculdades administrativas. Excede, portanto, a sua competência legal e, com isso, invalida o ato”. Desvio de Poder (ou desvio de finalidade): Surge nas situações em que o agente pratica o ato visando a um fim diferente daquele previsto na lei. O exemplo clássico de abuso de poder é a desapropriação que, apesar de feita em nome do interesse público, na verdade, tem sido imposta para prejudicar um inimigo ou mesmo para beneficiar a própria autoridade expropriante. Agentes Públicos Tal expressão abrange todas as pessoas que se encontram dentro da Administração, podendo citar, como exemplo, desde os parlamentares e magistrados, verdadeiros agentes políticos; os servidores da Administração, assim considerados os agentes administrativos; até os jurados, mesários na eleição, denominados agentes honoríficos, entre outros. a) Os agentes políticos: são os componentes do Governo em seus primeiros escalões, desempenhando funções estabelecidas na Constituição e em Leis Especiais. São agentes políticos os Chefes do Executivo e seus auxiliares imediatos, os membros do Legislativo, do Judiciário, do Ministério Público, do Tribunal de Contas, os Representantes Diplomáticos e as demais autoridades que atuem com independência funcional no desempenho desuas atribuições. Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 31 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. b) Os agentes administrativos: são aqueles que se incluam ao Poder Público por relações profissionais, sujeitos à hierarquia funcional e ao regime jurídico único (Lei 8112/90) ou CLT. Tal categoria de agentes públicos é composta por três espécies de agentes: Servidor público: é o agente que titulariza um cargo, sob regime estatutário; Empregado público: é o agente que titulariza um emprego público, sob regime celetista; Servidor temporário: é aquele contratado diante de uma situação de excepcional interesse público (artigo 37, inciso IX, da Constituição Federal). Seguindo tal classificação, faz-se necessário definir as expressões: cargo, emprego e função: Cargo: É a mais simples unidade de poderes e deveres estatais a serem expressos por um agente com vínculo estatutário; Emprego público: É o núcleo de encargo de trabalho permanente a ser preenchido por agente contratado para desempenhá-lo sob o regime celetista; Função Pública: O conceito de função pública é obtido de maneira residual. Trata-se do conjunto de atribuições estatais às quais não corresponde um cargo nem um emprego. c) Servidor Militar: é todo agente público que está sujeito a um regime militar. d) Particulares em colaboração: d1)Os agentes honoríficos: são cidadãos convocados, designados ou nomeados, para prestar, transitoriamente, serviços ao Estado, sem vínculo empregatício ou estatutário e geralmente sem remuneração. Exemplos: Mesários, jurados, comissários de menores. Durante o desempenho da “função pública”, sujeitam-se à disciplina e hierarquia, podendo receber “pro labore” e contar o período de trabalho como serviço público. d2) Os agentes delegados: são particulares que recebem a incumbência da realização de determinada atividade, obra ou serviço público e o realizam em nome próprio, por sua conta e risco, mas segundo as normas do Estado e sob a permanente fiscalização do delegante. São os casos de concessão e permissão, por exemplo. Respondem objetivamente pelo dano causado e são considerados “autoridades” para fins de mandado de segurança. Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 32 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. d3) Os agentes credenciados: são os que recebem a incumbência da Administração para representá-la em determinado ato ou praticar certa atividade específica, mediante remuneração do Poder Público credenciante. d4) Gestor de negócios: Agem nessa qualidade os particulares que assumem uma função pública em razão de uma situação excepcional. LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990 Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: TÍTULO I CAPÍTULO ÚNICO DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 1º Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime especial, e das fundações públicas federais. Art. 2º Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente investida em cargo público. Art. 3º Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor. Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados por lei, com denominação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão. Art. 4º É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os casos previstos em lei. TÍTULO II DO PROVIMENTO, VACÂNCIA, REMOÇÃO, REDISTRIBUIÇÃO E SUBSTITUIÇÃO CAPÍTULO I DO PROVIMENTO SEÇÃO I DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 5º São requisitos básicos para investidura em cargo público: Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 33 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. I - a nacionalidade brasileira; II - o gozo dos direitos políticos; III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; V - a idade mínima de dezoito anos; VI - aptidão física e mental. § 1º - As atribuições do cargo podem justificar a exigência de outros requisitos estabelecidos em lei. § 2º - Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso público para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso. § 3º - As universidades e instituições de pesquisa científica e tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os procedimentos desta Lei. Art. 6º O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante ato da autoridade competente de cada Poder. Art. 7º A investidura em cargo público ocorrerá com a posse. Art. 8º São formas de provimento de cargo público: I - nomeação; II - promoção; V - readaptação; VI - reversão; VII - aproveitamento; VIII - reintegração; IX - recondução. SEÇÃO II DA NOMEAÇÃO Art. 9º A nomeação far-se-á: I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de provimento efetivo ou de carreira; II - em comissão, inclusive na condição de interino, para cargos de confiança vagos. Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em comissão ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter exercício, interinamente, em outro cargo de confiança, sem prejuízo das atribuições do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar pela remuneração de um deles durante o período da interinidade. Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 34 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado de provimento efetivo depende de prévia habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua validade. Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira na Administração Pública Federal e seus regulamentos. SEÇÃO III DO CONCURSO PÚBLICO Art. 11. O concurso será de provas ou de provas e títulos, podendo ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei e o regulamento do respectivo plano de carreira, condicionada a inscrição do candidato ao pagamento do valor fixado no edital, quando indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as hipóteses de isenção nele expressamente previstas. Art. 12. O concurso público terá validade de até 2 (dois ) anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por igual período. § 1º - O prazo de validade do concurso e as condições de sua realização serão fixados em edital, que será publicado no Diário Oficialda União e em jornal diário de grande circulação. § 2º - Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expirado. SEÇÃO IV DA POSSE E DO EXERCÍCIO Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo, no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que não poderão ser alterados unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados os atos de ofício previstos em lei. § 1º - A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da publicação do ato de provimento. § 2º - Em se tratando de servidor, que esteja na data de publicação do ato de provimento, em licença prevista nos incisos I, III e V do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos incisos I, IV, VI, VIII, alíneas "a", "b", "d", "e" e "f", IX e X do art. 102, o prazo será contado do término do impedimento. § 3º - A posse poderá dar-se mediante procuração específica. § 4º - Só haverá posse nos casos de provimento de cargo por nomeação. Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 35 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. § 5º - No ato da posse, o servidor apresentará declaração de bens e valores que constituem seu patrimônio e declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função pública. § 6º - Será tornado sem efeito o ato de provimento se a posse não ocorrer no prazo previsto no § 1o deste artigo. Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia inspeção médica oficial. Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que for julgado apto física e mentalmente para o exercício do cargo. Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do cargo público ou da função de confiança. § 1º - É de quinze dias o prazo para o servidor empossado em cargo público entrar em exercício, contados da data da posse. § 2º - O servidor será exonerado do cargo ou será tornado sem efeito o ato de sua designação para função de confiança, se não entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo, observado o disposto no art. 18. § 3º - À autoridade competente do órgão ou entidade para onde for nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe exercício. § 4º - O início do exercício de função de confiança coincidirá com a data de publicação do ato de designação, salvo quando o servidor estiver em licença ou afastado por qualquer outro motivo legal, hipótese em que recairá no primeiro dia útil após o término do impedimento, que não poderá exceder a trinta dias da publicação. Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do exercício serão registrados no assentamento individual do servidor. Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor apresentará ao órgão competente os elementos necessários ao seu assentamento individual. Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de exercício, que é contado no novo posicionamento na carreira a partir da data de publicação do ato que promover o servidor. Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro município em razão de ter sido removido, redistribuído, requisitado, cedido ou posto em exercício provisório terá, no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de prazo, contados da publicação do ato, para a retomada do efetivo desempenho das atribuições do cargo, incluído nesse prazo o tempo necessário para o deslocamento para a nova sede. § 1º - Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença ou afastado legalmente, o prazo a que se refere este artigo será contado a partir do término do impedimento. § 2º - É facultado ao servidor declinar dos prazos estabelecidos no caput. Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 36 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada em razão das atribuições pertinentes aos respectivos cargos, respeitada a duração máxima do trabalho semanal de quarenta horas e observados os limites mínimo e máximo de seis horas e oito horas diárias, respectivamente. § 1º - O ocupante de cargo em comissão ou função de confiança submete-se a regime de integral dedicação ao serviço, observado o disposto no art. 120, podendo ser convocado sempre que houver interesse da Administração. § 2º - O disposto neste artigo não se aplica a duração de trabalho estabelecida em leis especiais. Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo, observados os seguinte fatores: I - assiduidade; II - disciplina; III - capacidade de iniciativa; IV - produtividade; V- responsabilidade. § 1º - 4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio probatório, será submetida à homologação da autoridade competente a avaliação do desempenho do servidor, realizada por comissão constituída para essa finalidade, de acordo com o que dispuser a lei ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da continuidade de apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V do caput deste artigo. § 2º - O servidor não aprovado no estágio probatório será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente ocupado, observado o disposto no parágrafo único do art. 29. § 3º - O servidor em estágio probatório poderá exercer quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação, e somente poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar cargos de Natureza Especial, cargos de provimento em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes. § 4º Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser concedidas as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para participar de curso de formação decorrente de aprovação em concurso para outro cargo na Administração Pública Federal. § 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 e 96, bem assim na hipótese de participação em curso de formação, e será retomado a partir do término do impedimento. Professor Leonardo Torres. www.aprovaconcursos.com.br Página 37 de 122 Professor: Leonardo Torres. Direito Administrativo – MTE. SEÇÃO V DA ESTABILIDADE Art. 21. O servidor habilitado em concurso público e empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá estabilidade no serviço público ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício. (prazo 3 anos - vide EMC nº 19) Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em virtude de sentença judicial transitada em julgado ou de processo administrativo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa. SEÇÃO VI DA TRANSFERÊNCIA Art. 23. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) SEÇÃO VII DA READAPTAÇÃO Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em inspeção médica. § 1º - Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptando será aposentado.
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