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DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
LESÃO CORPORAL
- Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
- Pena - detenção, de três meses a um ano.
- O tipo penal junge-se ao verbo ofender, proveniente do latim offendere, podendo ser empregado como sinônimo de lesar, ferir, fazer mal a alguém.
- A descrição típica abrange alternativamente ofensa à integridade física ou à saúde da vítima. 
- Ofensa a integridade física – qualquer alteração prejudicial ao corpo.
- A lesão física é constituída de modificação do organismo humano por intermédio de ferimentos, mutilações, equimoses. 
- O dano pode também ser psíquico. A conduta em testilha não está adstrita tão somente ao mal infligido à natureza anatômica do indivíduo. Pela locução lesão corporal, é possível compreender toda e qualquer espécie de ofensa praticada contra a normalidade funcional do corpo ou organismo humano, albergando-se tanto a visão anatômica como psíquica e fisiológica do organismo. Deste modo, a desintegração da saúde mental também será considerada como lesão corporal, vez que a inteligência, a vontade ou a memória estão atrelados à atividade funcional do cérebro.
- O termo outrem empregado no caput do  artigo 129 do Código Penal, em decorrência de um exame inicial, pode ser considerado como tão somente o ser humano, vivo. Deste modo, não subsiste a possibilidade de se perpetrar a conduta de lesões corporais em animais, coisas inanimadas (objetos) ou cadáveres.
- O sujeito responde por delito único ainda que produza diversas lesões corporais no sujeito passivo.
- No conceito de lesão corporal não se enquadra qualquer ofensa moral. É preciso que a vítima sofra algum dano em seu corpo, alterando-se interna ou externamente, podendo ainda, abranger qualquer alteração prejudicial à saúde comprometendo-lhe funções orgânicas ou causando-lhe abalos psíquicos.
- Há um só delito apesar de o autor causar múltiplas fraturas, contusões, equimoses e outras lesões na vítima.
- Equimose é rouxidão decorrente de rompimento de pequenos vasos sanguíneos sob a pele ou sob as mucosas.
- Hematoma é uma espécie de equimose com inchaço e, portanto, mais grave. 
- Eritemas não constituem lesão corporal, já que se trata de mera vermelhidão passageira da pele decorrente de um tapa ou beliscão.
- A simples provocação de dor não constitui lesão corporal. Em virtude do princípio da insignificância, entende-se que não há lesão se o dano físico é irrisório como o advindo de uma alfinetada.
- A ofensa à saúde engloba perturbações fisiológicas que corresponde ao desajuste no funcionamento de algum órgão ou sistema componente do corpo humano (como o que causa vômitos, paralisia, impotência sexual, transmissão intencional de doença que afete função respiratória ou circulatória). Perturbação mental que é o que prova o desarranjo cerebral.
(medicina legal)
- Objeto jurídico tutelado: é a incolumidade da pessoa, seja física ou psíquica. Tal bem é indisponível, de sorte que mesmo havendo consentimento da vítima, não se exclui o crime, exceto quando social e culturalmente aceitas como, por exemplo, a perfuração dos lóbulos das orelhas para a colocação de brincos ou apetrechos similares (Damásio E. Jesus).
- Fragoso entende diferentemente, argumenta que o consentimento do ofendido exclui a ilicitude, desde que validamente obtido e a ação não ofenda aos bons costumes.
- Victor Eduardo Rios Gonçalves se posiciona de forma intermediária, entendendo que a integridade física e mental é bem jurídico apenas relativamente indisponível, pois além das hipóteses já mencionadas das lesões socialmente aceitas, deve-se lembrar que a Lei 9.099/95 estabeleceu que a apuração do crime de lesões leves depende de representação, de tal forma que, no presente momento, a legislação indica que para essa forma de lesão o consentimento exclui o crime.
- Sujeito ativo: qualquer pessoa, trata-se de crime comum.
- Sujeito passivo: Já no que se refere ao sujeito passivo, via de regra, qualquer pessoa poderá ser vítima do crime de lesões corporais, atentando-se, por necessário, para a exceção entalhada no inciso IV do § 1º e no inciso V do § 2º do artigo 129, os quais exigem que seja mulher em estado gravídico, porquanto a redação dos dispositivos ora aludidos mencionam as hipóteses de aceleração de parto  e aborto, respectivamente.
- O CP não pune autolesão, excepcionalmente a autolesão pode servir de meio de execução de outros crimes (como estelionatos, incapacidade para o serviço militar etc.). É punida a autolesão se estiver vinculada à violação de outro bem ou interesse juridicamente protegido, como o agente, pretendendo obter indenização ou valor de seguro, fere o próprio corpo, mutilando-se (art. 171, § 2º, V do CP).
- Cometido o fato doloso contra vítima menor de 14 anos de idade incide numa causa de aumento de pena (prevista no § 7º).
- Como delito subsidiário, ocorre em todos os delitos que têm a violência física como meio de execução (tais como o constrangimento ilegal, roubo, extorsão, estupro, atentado contra a liberdade de trabalho) ou qualificadora (dano com violência à pessoa, ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo com violência pessoal e, etc.). A lesão corporal é delito integrando o delito de maior gravidade que o absorve. É o que acontece no caso de homicídio.
OBS: - Cirurgia de emergência: o médico age em estado de necessidade;
- Cirurgia sem emergência: o médico age amparado pelo exercício regular de direito;
- Lesão em esporte: exercício regular de direito, desde que observadas as regras esportivas.
 
- Trata-se de delito material, de comportamento e de resultado, em que o tipo exige a produção deste. O crime de lesão corporal se consuma no momento em que há a real ofensa à integridade física ou à saúde física ou mental do ofendido. Admite tentativa.
- Tipo Subjetivo: Ao examinar a conduta delituosa vertida no artigo 129 do Código Penal, o dolo está assentado na vontade de produzir um dano ao corpo ou à saúde de outrem, ou, ainda, assumir o risco desse resultado. Tal dolo é denominado, doutrinariamente, como animus laedendi ou nocendi, distinguindo-se, deste modo, da tentativa de homicídio, no qual se verifica a presença do animus necandi, consistente na vontade de matar.
- Classificação / subdivisão:
Lesão leve;
Lesão grave;
Lesão gravíssima;
Lesão seguida de morte;
Lesão culposa.
- Há três figuras típicas: a fundamental, qualificada e a privilegiada. O tipo fundamental se encontra descrito no art. 129, Caput do CP. As formas qualificadas estão previstas nos §§ 1º, 2º, e 3º. Já as formas privilegiadas estão definidas nos parágrafos 4º e 5º e o perdão judicial está no art. 129, § 8º, do CP.
- Pode ser doloso ou culposo. Quanto ao tipo culposo está descrito nos parágrafos sexto e sétimo do art. 129 do CP (as formas simples e qualificada).
- O crime pode ser praticado por ação ou omissão. É possível a tentativa apenas na forma dolosa.
- É, portanto, crime material de dano, comissivo ou omissivo, comum, de ação livre, instantâneo e simples.
- O crime de lesão corporal admite dolo, culpa e preterdoloso, sendo o preterdolo admitido nas formas qualificadas previstas nos parágrafos primeiro, segundo e terceiro do art. 129 do C.P. Atinge a consumação com a efetiva ofensa à integridade corporal ou à saúde física ou mental da vítima.
- Materialidade: deve ser provada através de exame de corpo de delito, mas para o oferecimento da denúncia basta um boletim médico.
Lesão leve: Art. 129, “caput”:
- A concepção de lesão corporal é proveniente de exclusão, porquanto os §§1º, 2º e 3º do artigo 129 prevêem o crime lesões corporais graves, gravíssimas e seguidas de morte. Logo, dão azo à conduta em epígrafe as lesões que não causam qualquer dos resultados descritos nos parágrafos supramencionados. 
- Todavia, em se tratando de crimes de lesões corporais leves decorrentes de violência doméstica, a conduta será considerada como qualificada, em consonância com o que preceitua o § 9º, introduzido noartigo 129 por meio da Lei Nº. 10.886/2004 e, posteriormente, modificado pela Lei Nº. 11.340/2006.
- Desta feita, pequenas equimoses ou ainda ínfimos arranhões são considerados como lesões corporais leves, logo, em decorrência da reprimenda cominada, de três meses a um ano de detenção, a tramitação do procedimento observará as disposições contidas na Lei Nº. 9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais Cível e Criminal), estando condicionado à representação da vítima, sob pena de se operar, no prazo de seis (06) meses, a decadência. Insta pontuar que se for conduta qualificada pela violência doméstica, o apostilado não será apreciado na órbita dos Juizados Especiais, nem dependerá de representação, sendo a ação incondicionada, conforme atual entendimento consolidado pelo Supremo Tribunal Federal. “O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADIn n. 4.424/DF, deu interpretação conforme aos arts. 12, I, 16 e 41 da Lei n. 11.340/2006, estabelecendo que, nos casos de lesão corporal no âmbito doméstico, seja leve, grave ou gravíssima, dolosa ou culposa, a ação penal é sempre pública incondicionada”.
- Não há definição específica – por exclusão;
- Animus laedendi;
- Ação penal pública condicionada à representação (art. 88 da 9099/95).
Lesão grave – Art. 129, § 1º:
- Art. 129, § 1º, “I” – Se resulta incapacidade para ocupações habituais, por mais de 30 dias;
- A locução ocupação habitual não é interpretado como sinônimo de trabalho diária; ao contrário, tal locução é detentora de um sentido mais amplo, abarcando todas as atividades praticadas pela vítima.
- Nucci: “deve-se compreender como tal toda e qualquer atividade regularmente desempenhada pela vítima, e não apenas sua ocupação laborativa. Assim, uma pessoa que não trabalhe, vivendo de renda ou sustentada por outra, deixando de exercitar suas habituais ocupações, sejam elas quais forem – até mesmo de simples lazer –, pode ser enquadrada nesse inciso, desde que fique incapacitada por mais de trinta dias”.
- A atividade empreendida pela vítima tem que ser, segundo a legislação vigente, considerada lícita.
- O prazo de trinta dias previsto no inciso I do §1º do art. 129 do Estatuto Repressivo, por óbvio, deve ser contado da data do fato e não da lavratura do primeiro exame de corpo de delito, com dispõe o §2º do art. 168 do Código de Processo Penal. Além disso, impõe evidenciar que a ausência de laudo complementar, o qual deve ser realizado após o decurso de trinta dias a contar da data dos fatos, acarreta a desclassificação da conduta de lesão corporal grave para de natureza leve, ante a ausência de prova.
- Conceito de atividade habitual não se restringe a trabalho; é qualquer ocupação rotineira
- Necessidade de exame complementar após o trigésimo dia – art. 168,§ 2º CPP 
- Incapacitação física ou mental
- Ação penal pública incondicionada
- Art. 129, § 1º, ”II” – Se resulta perigo de vida;
- O perigo de vida é considerado como de “natureza culposa, sendo as lesões corporais qualificadas pelo perigo de vida um crime eminentemente preterdoloso, ou seja, havendo dolo no que diz respeito ao cometimento das lesões corporais e culpa quanto ao resultado agravador”. 
- O artigo refere-se ao perigo efetivo, concreto, o qual é constado por meio de exame pericial competente. A locução perigo de vida está assentada em uma probabilidade, considerada concreta e efetiva, de morte, em decorrência da lesão ou ainda do processo patológico advindo.
- Como se depreende do entendimento jurisprudencial colacionado, o perigo de vida deve ser auferido por elementos objetivamente demonstráveis, motivo pelo qual a lei exige um diagnóstico efetivo e não um simples prognóstico para a sua materialização. Neste sedimento, imperiosamente o laudo deve consignar, sob pena de sua imprestabilidade, o que constitui o perigo de vida, indicando, por conseqüência, os sintomas relacionados, como, por exemplo, uma hemorragia, parada cardíaca, coma ou estado de choque traumático, bem como se o resultado letal, em decorrência da lesão, é provável.
- O perigo de vida não pode ser considerado como sinônimo da tentativa de homicídio, vez que se estaria diante de conduta delituosa distinta.
- risco de morte – concreto e comprovado;
- não basta mera alegação do perigo;
- o laudo deve noticiar em que o risco consistiu;
- não basta risco potencial (STF – RT, 579/431);
- O perigo de vida é aquele decorrente da gravidade das lesões e não do fato em si.
- Art. 129, § 1º, ”III” – Se resulta debilidade permanente de membro, sentido ou função;
- Debilidade significa uma redução na capacidade funcional, uma diminuição das possibilidades funcionais da vítima.
- Imperioso assinalar que os membros são os apêndices do corpo, subdivididos em superiores (braço, antebraço e mão) e inferiores (coxa, perna e pé).  No que se refere aos dedos, segundo a interpretação doutrinária, são partes integrantes dos membros, logo, a perda de um dedo dá corpo a debilidade permanente da mão ou do pé. 
- Os sentidos “são todas as funções perceptivas do mundo exterior, ou seja, os mecanismos sensoriais por meio dos quais percebemos o mundo exterior (visão, audição, olfato, gosto e tato).
- Quanto à função, deve ser considerada como atuação específica exercida por qualquer órgão, que é a parte do corpo humano que tem determinada capacidade funcional. São enumeradas pela doutrina como funções dotada de grande relevância a respiratória, circulatória, reprodutora, secretora, digestiva, locomotora. Ao lado disso, impende anotar que, tratando-se de órgãos duplos, a perda de um é considerada como debilidade permanente e não a perda da função, já que haverá, ainda, um outro órgão que desempenhe a mesma função.
- redução ou enfraquecimento da capacidade funcional;
- deve ser permanente ou de recuperação incerta (necessário prognóstico médico);
- membros: braço e pernas;
- sentidos: tato, olfato, paladar, visão e audição (mecanismos sensoriais);
- função: órgão ou aparelho;
- perda de dentes – perda de um dedo.
- Art. 129, § 1º, IV – Se resulta aceleração do parto;
- A aceleração do parto se dá quando há expulsão do feto antes do termo final da gravidez conseguindo sobreviver, em razão da lesão corporal sofrida pela gestante.
- Se o agente delituoso desconhecia o estado gravídico da vítima, não subsistirá a qualificadora, porquanto a ignorância era plenamente escusável.
- Caso o agente delituoso envide esforços com o escopo de interromper a gravidez com a expulsão do feto, restará consubstanciado o crime de aborto, já que o intento ambicionado era esse, e não de lesão corporal qualificada pela aceleração (antecipação) do parto.
- ocorre o nascimento prematuro;
- o feto deve nascer com vida (se resultar aborto será lesão gravíssima, § 2, V);
- o agente deve saber que a mulher está grávida.
Lesão gravíssima – Art. 129, § 2º:
- Art. 129, § 2º, I – Se resulta incapacidade permanente para o trabalho;
- A incapacidade permanente para o trabalho pode ser produzido tanto dolosa como culposamente.
- Nucci: “trata-se de inaptidão duradoura para exercer qualquer atividade laborativa lícita. Nesse contexto, diferentemente da incapacidade para as ocupações habituais, exigi-se atividade remunerada, que implique em sustento, portanto, acarrete prejuízo financeiro para o ofendido”.
- A incapacidade deve ser permanente, ou seja, duradoura, não sendo, entretanto, necessariamente perpétua.
- incapacidade genérica (para qualquer tipo de labor) / específica (divergência doutrinária);
- deve ser duradoura;
- ex. qualquer atividade lucrativa – difícil aplicação.
- Art. 129, § 2º, II – Se resulta enfermidade incurável;
- Enfermidade é um processo patológico em curso, logo, enfermidade incurável é a doença cuja curabilidade não é obtida, no atual estágio de desenvolvimento da medicina.
- Alguns Tribunais têm o entendimento que aquele que, tendo conhecimento que é portador da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA/AIDS), transmite a outrem, terá incorrido na hipótese que torna a lesão corporal gravíssima.
- alteraçãopermanente por processo patológico;
- a transmissão intencional de uma doença para a qual não existe cura no estágio atual da medicina; 
- Também é considerada incurável se necessita de cirurgia;
- o sujeito passivo não está obrigado a submeter-se a tratamentos incertos;
- AIDS – depende da intenção.
- Art. 129, § 2º, III – Se resulta perda ou inutilização de membro, sentido ou função;
- A qualificadora em epígrafe exige, para sua configuração, a ablação (amputação, corte, excisão, extirpação, mutilação) de qualquer membro, inferior ou superior, ou ainda sua completa inutilização. 
- Cuida anotar que ablação pode ser decorrente de mutilação (causada por uma violência), amputação (decorrente de procedimento cirúrgico). 
- Na inutilização, em que o membro ou órgão, conquanto ainda esteja ligado ao corpo, não possui capacidade funcional. Isto é, ainda que exista o membro, este não possui qualquer capacidade física que viabilize sua utilização. 
- Ex: se as lesões sofridas pela vítima fazem com que seu braço, embora fisicamente ainda preso ao seu corpo, não possa mais ser utilizado para qualquer movimento rotineiro, o caso será de inutilização.
- perda pode ser: por mutilação (provocada no momento da ação delituosa diretamente pelo agente) ou amputação (apresenta-se na intervenção cirúrgica quando necessário);
- inutilização: o membro, ainda que parcialmente, continua ligado ao corpo, mas incapacitado de realizar suas atividades próprias;
- órgãos duplos.
- Art. 129, § 2º, IV – Se resulta deformidade permanente;
- Deformar está adstrito ao sentido de modificar esteticamente a forma anteriormente existente, sendo necessário, segundo alguns doutrinadores, que a deformidade seja aparente e tenha o condão de causar constrangimento à vítima.
- Greco: “A lei penal, ao trazer a qualificadora, não apresenta qualquer exigência  no que concerne à visibilidade do dano, ou seja, estando visível para as demais”.
- Capez: “Deformidade é o dano estético de certa monta. Permanente é a deformidade indelével, irreparável. Entende-se por irreparável a deformidade que não é passível de ser corrigida pelo transcurso de tempo. Assim, não deixa de configurar deformidade permanente a utilização de artifícios que a camuflem, por exemplo, orelha de borracha, substituição do olho natural por olho de vidro, uso de aparelho ortopédico”.
- dano estético visível capaz de provocar impressão vexatória;
- indelével, irreparável pela própria força da natureza;
- queimadura, ácido, cicatriz profunda...;
- a vítima não está obrigada a submeter-se a cirurgia plástica, mas se a fizer com sucesso, afasta a qualificadora.
- Art. 129, § 2º, V – Se resulta aborto;
- A hipótese aventada na redação do inciso V, do § 2º, do artigo 129 é o denominado aborto preterintencional, consistente na situação em que o agente delituoso ambiciona apenas causas as lesões corporais à vítima, não tendo o intento de causar o aborto.
- A vítima deverá comprovar seu estado gravídico.
- não pode ter sido provocado intencionalmente – Preterdolo;
OBS: discussão sobre a necessidade de o agente ter ciência da gravidez.
Art. 129, § 3º – Lesões seguidas de morte;
- O crime de lesão corporal seguida de morte cinge-se na fusão de duas infrações distintas, a saber: a lesão corporal na qual há a presença do dolo, consistente na vontade do agente em ferir a integridade física de outrem, e a morte, que, conquanto não ambicionado pelo agente delituoso, é decorrente da ação perpetrada por ele, pela qual responderá a título de culpa. 
- A distinção entre a lesão corporal e o homicídio culposo deflui de que na primeira conduta o antecedente é um delito doloso, ao passo que, no segundo, é um fato penalmente indiferente ou, quando muito, contravencional. A fim de ilustrar o expendido, se a morte for decorrente de vias de fato, como um empurrão que causa a queda da vítima, restará perpetrado o crime de homicídio culposo.
- É imprescindível a existência do nexo de causalidade, ou seja, que a morte da vítima seja resultante da lesão corporal sofrida, quer seja diretamente, quer seja de forma indireta.
- Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo;
- crime preterdoloso;
- vias de fato e morte = homicídio culposo;
- se assumiu o risco – homicídio;
- não admite tentativa.
Forma Privilegiada:
- Art. 129, § 4º – Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
- A conduta delituosa em estudo, nas modalidades leve, grave, gravíssima e seguida de morte, admite a  forma privilegiada, com a consequente redução da sanção cominada.
- É imperioso que o agente perpetrador atue em ressonância a uma das condições estatuídas, a saber: relevante valor social, relevante valor moral ou ainda sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima.
- Relevante valor social: se funda no interesse público, ou seja, a coletividade tem pleno interesse na corporalização da conduta (Ex: lesionar o traidor da pátria ou ainda lesionar um homicida recorrente);
	
- Relevante valor moral: algo atrelado aos interesses individuais do agente que perpetra a conduta. Logo, tal valor moral é possuidor de grande particularidade, podendo, inclusive, abranger a piedade e a compaixão, ou seja, a conduta tem como motivação o interesse particular do agente.
- Violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima: afigurando-se como requisitos indispensáveis: (a) a existência de uma emoção absorvente; 
 (b) provocação injusta por parte da vítima; e, 
 (c) reação imediata. 
- o privilégio nas lesões corporais, aplica-se apenas às lesões dolosas, de qualquer natureza. 
Substituição da pena (lesões leves):
- Art. 129, § 5º – O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa: 
        I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior.
- nas lesões leves o juiz tem duas opções: reduzir (§ 4°); substituir (§ 5º).
- Em se tratando de direito subjetivo do agente delituoso, deverá o magistrado aplicar uma das soluções ofertadas pela redação do parágrafo em apreço. Assim, deverá o julgador reduzir a pena cominada no caput do  artigo 129 ou substituí-la por pena pecuniária.
        II - se as lesões são recíprocas.
- não confundir com a legítima defesa. Esse dispositivo se aplica quando uma pessoa agride a outra e, cessada a agressão, ocorre a retorsão. 
- É possível, pois, a substituição nos casos de lesão corporal leve praticada por relevante valor social ou moral e por violenta emoção, bem como no caso de ter o agente sofrido também lesões corporais.
- A acepção de natureza corporal leve é a que está abarcada no caput do artigo 129, bem como a expressamente entalhada no § 9º do mesmo dispositivo, que positivou a conduta de violência doméstica. 
- Com efeito, em “na hipótese de violência doméstica ou familiar contra a mulher, ficará impossibilitada a substituição da pena privativa de liberdade pela pena de multa, aplicada isoladamente.
Lesão Corporal Culposa:
- Art. 129, § 6º – Se a lesão é culposa.
- Se da imprudência, negligência ou imperícia do agente resultou lesão corporal na vítima, o agente será punido com detenção, que oscilam de dois meses a um ano.
- Não há distinção quanto a gravidade das lesões (art. 59 – fixação da pena);
- Ação pública condicionada a representação (art. 88, Lei n.º 9.099/95);
- Composição dos danos civis homologada pelo juiz ►renúncia ao direito de representação ►extinção da punibilidade do autor.
- § 7º – Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, § 4º. 
- A pena aumentará se a vítima é menor de 14 e maior de 60 anos. Trata-se de hipótese de lesão corporal agravada por considerar-se que a vítima, nesses casos, tem maiores dificuldades dese defender.
- § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º (perdão judicial) do art. 121. Tal como ocorre no crime de homicídio culposo, será possível o emprego do perdão judicial, se as conseqüências da infração atingiram o agente delituoso de forma tão grave que a sanção penal se torna desnecessária.
Lesões Agravadas pela Violência Doméstica (dispositivo criado pela Lei n.º10.886/04):
- Art. 129, § 9º - Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade.
- Lesão leve: pena máxima de 03 anos; deixa de ser competência do juizado especial criminal.
A Lei Nº 10.886/2004, inseriu no artigo 129 os §§ 9º e 10º, o delito de violência doméstica. A conduta exaurida nos parágrafos ora colacionados não se aplica tão apenas às situações em que mulheres forem vítimas, mas a todas pessoas, sejam do sexo masculino ou feminino, que se adéqüem às hipóteses trazidas à baila pelo tipo penal em apreço. 
- Quando a mulher for vítima de violência doméstica ou familiar, apresentando-se, desta sorte, como vítima da conduta perpetrada, tal circunstância acarretará tratamento mais severo ao autor da infração delituosa. 
- As condutas nomeadas como violência doméstica ou familiar não serão passíveis de ter sua marcha processual no microssistema dos Juizados Especiais, mesmo que a pena cominada à conduta seja inferior a 01 (um) ano. A Lei Maria da Penha é clara quando aduz à impossibilidade de aplicação da Lei Nº 9.099/1995.
- § 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9º deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço); lesão grave, gravíssima e seguida de morte.
- não é necessário que a violência ocorra no ambiente doméstico.
- § 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. A acepção de deficiência é entendida como a perda da normalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que tem o condão de gerar incapacidade para o desempenho de atividade, dentro dos padrões considerados como normal pelo ser humano. Desta feita, a deficiência é a física, auditiva, visual e mental.
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REGIÕES DO CORPO HUMANO - MODELOS DE FICHAS
 
 
A linguagem e os termos técnicos são fatores fundamentais para definir o nível de profissionalismo de determinada categoria. A utilização correta das palavras é fundamental.
Se houver dubiedade na terminologia, o cumprimento da lei pode ficar comprometido.
Também são necessárias especificações técnicas nos relatórios de serviço, boletins de ocorrência, depoimentos etc. Desses termos, a diferenciação entre instrumentos cortantes, contundentes e perfurantes chegam a gerar confusão em alguns. Uma faca é perfurante ou cortante? Um martelo é contundente ou perfurante? Numa diligência, ao informar que um cidadão sofreu um golpe de objeto contundente sendo o objeto cortante pode gerar uma confusão tal que o autor pode deixar de ser preso por isso.
Para dirimir as dúvidas, vamos ver abaixo a diferença entre esses três termos:
Instrumentos Cortantes
São aqueles que produzem as chamadas feridas incisas, ou “cortes”, como vulgarmente se chama. As feridas incisas possuem duas características básicas: levam ao sangramento e possuem comprimento maior que a distância entre as bordas. Além disso, possuem maior profundidade no centro da ferida. Giletes e navalhas são típicos objetos cortantes.
Instrumentos Perfurantes
Os instrumentos perfurantes produzem o que se chama feridas punctórias, ou as vulgares “perfurações” ou “furos”. Nelas, a profundidade da ferida é maior que o diâmetro de sua superfície. Geralmente não há sangramento, ou ele ocorre em pequena quantidade. Pregos, garfos e chaves de fenda são considerados objetos perfurantes.
Instrumentos Contundentes
Os instrumentos contundentes provocam lesões através da pressão exercida em alguma parte do corpo, batendo ou chocando. A forma da lesão provocada é irregular, manifestando-se com hematomas ou escoriações. Quando alguém está com o “olho roxo” provavelmente foi vítima dum instrumento contundente. Esses instrumentos podem ser a mão de uma outra pessoa (soco), um pedaço de madeira, uma pedra etc.
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É bom frisar que um só instrumento pode ser, por exemplo, perfuro-cortante, como as facas. Ao tempo em que fura, pode também cortar, pois possui uma ponta e uma lâmina. Daí temos as outras designações: perfuro-contundente, corto-contundente…
::Laudo do IML atestando lesão corporal::
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO:
1) Qual a diferença entre lesão corporal: grave, gravíssima e seguida de morte?
2) JOSÉ PRATICOU LESÕES CORPORAIS CONTRA SUA PROGENITORA. ELE MORA COM ELA HÁ MAIS DE 4 ANOS. AO FINAL DO PROCESSO JOSÉ FOI CONDENADO POR LESÕES CORPORAIS E O JUIZ AGRAVOU A PENA EM DECORRÊNCIA DAS AGRAVANTES PREVISTAS NO ART. 61, II, ALIENAS “E” E “F”. ESTÁ CORRETA A APLICAÇÃO DA PENA PELO MAGISTRADO?
3) Paulo, em uma briga com Pedro, desferiu um soco no rosto deste causando-lhe uma pequena lesão. Entretanto, o impacto fez com que Pedro desse um passo para trás, quase sendo atropelado por um ônibus que passava pelo local. Pergunta-se: Que tipo de lesão Paulo provocou em Pedro? 
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BIBLIOGRAFIA SUGERIDA:
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal - Parte Especial . Vol. 2. 12ª. ed.. São Paulo: Saraiva, 2012.
ESTEFAM, André. Direito Penal: Parte especial. Vol. 2. 2ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
GRECO, Rogério. Curso de direito penal. parte especial. Vol. II. 9ª ed. Niteroi/RJ: Impetus, 2012.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal. Vol. II. 28ª ed. São Paulo: Atlas, 2012.
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. Parte geral / parte especial. 5ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.
PRADO, Luiz Regis. Elementos de Direito Penal: Parte especial. Vol. 2. São Paulo: RT, 2011.
 Texto 03
CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: DIREITO PENAL III
UNIDADE I – CRIMES CONTRA A PESSOA. 
1.2. Das lesões corporais 
 Data:___/08/2013
Prof(a). Msc. Shelley Primo |�� PAGE \* MERGEFORMAT �2���

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