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JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE SANTO ANDRÉ - Ana Paula de Carvalho Inicio - Copia

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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito do JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE SANTO ANDRÉ
Ana Paula de Carvalho, brasileiro, solteira, enfermeira, portador da cédula de identidade RG nº 27.556.422-8, inscrito no CPF/MF sob o nº247.189.518-28, residentes e domiciliados a Rua Ancara , nº 105 BLC 3 AP 903 , Utinga , Santo André /SP - CEP 09220- 410. onde receberá intimações e notificações, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor, a presente:
**Descontinuação de contrato c/c liminar**
Em face de JOE MÓVEIS PLANEJADOS E DECORAÇÕES LTDA, inscrita no CNPJ sob nº. 12.499.958/0001-58, com endereço na Rua Coronel Alfredo Flaquer, 220, Centro, Santo André/SP, CEP: 09020-040, com atividades encerradas devendo ser citada na pessoa dos seus sócios abaixo qualificados:
JORGE DE CHICO, brasileiro, empresário, portador da cédula de identidade sob o RG n. 111160212 SSP/SP, inscrito sob o CPF/MF n. 089.780.118- 02, Residente à Rua Dona Ana Nery, 433, Casa 06, Mooca, São Paulo - SP, CEP 03106- 010;
 OLIVER DE CHICO, brasileiro, empresário, portador da cédula de identidade sob o RG n. 25054538X – SSP/SP, inscrito sob o CPF/MF n. 164.216.898-09, Residente à Rua Dom Bosco, 717, Apto 12, Mooca, São Paulo - SP, CEP 03105-020; 
AYMORÉ CRÉDITO,FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 07.707.650/0001-10, com sede na Rua Amador Bueno, 474, Bloco C, 1º andar, Santo Amaro – São Paulo/SP.
Dos Fatos
Em janeiro, a cliente Ana, movida pela necessidade de adquirir móveis planejados para seu apartamento, iniciou uma busca que a levou até o site da Joe Móveis Planejados e Decorações S.A., uma empresa que aparentava possuir renome e confiabilidade no mercado. Motivada pelas indicações encontradas, Ana estabeleceu o primeiro contato telefônico com a loja, que prontamente demonstrou interesse no negócio, enviando funcionários para aferir as medidas necessárias no local destinado aos móveis.
Posteriormente, em 13/01/2023, Ana visitou a loja após agendar um horário, ocasião na qual foi atendida pela vendedora Josy. Durante o atendimento, Ana detalhou suas necessidades e expectativas quanto aos móveis desejados, que incluíam um armário de utensílios para varanda, um guarda-roupas de casal, um de solteiro e um painel para TV. A vendedora, por sua vez, apresentou um projeto inicial que não atendeu às expectativas de Ana, sugerindo então que ela iniciasse o processo de financiamento para garantir os preços promocionais oferecidos pela loja, mesmo sem a definição final do projeto, sob a promessa de que este seria enviado posteriormente por e-mail, permitindo que Ana realizasse as reformas necessárias em seu apartamento sem preocupações.
Confiando na orientação da vendedora, Ana firmou contrato de financiamento com a Aymoré Créditos, no valor de R$18.960,00, divididos em 24 parcelas de R$ 790,00, assumindo assim um compromisso financeiro baseado na promessa de entrega dos móveis planejados conforme suas especificações. Este ato de fé na reputação da loja e no profissionalismo de sua equipe logo se mostraria uma fonte de problemas para Ana.
Após a conclusão das reformas em seu apartamento, em novembro, Ana buscou retomar o contato com a loja para finalizar o projeto dos móveis, apenas para se deparar com o estabelecimento fechado por reformas. A única via de comunicação disponível era um número de WhatsApp fixado na porta da loja, por meio do qual Ana foi atendida por uma pessoa identificada como Rosi. Essa nova interlocutora, no entanto, não conseguiu localizar qualquer registro do projeto de Ana, prometendo buscar mais informações com a vendedora Josy, mas sem oferecer uma solução efetiva.
Persistente, Ana foi orientada a entrar em contato com os proprietários da loja, recebendo para isso os contatos de Jorge, Oliver e Julio. Mesmo após explicar a situação e insistir na resolução do problema, a única resposta concreta veio de Jorge, que através de mensagens no WhatsApp, reconheceu a necessidade de assinatura do projeto executivo por parte de Ana, atribuindo à New (Unicasa), a responsabilidade pela entrega dos móveis. Apesar da promessa de um posicionamento até a quinta-feira seguinte, Ana viu-se ignorada em tentativas subseqüentes de contato, permanecendo sem os móveis planejados e ainda obrigada a arcar com as parcelas do financiamento, acumulando um saldo devedor de R$7.900,00.
Este relato evidencia uma série de falhas e negligências por parte da Joe Móveis Planejados e Decorações S.A., desde a falta de transparência e assistência adequada no atendimento inicial, passando pela ineficácia em cumprir com os compromissos assumidos, até a aparente desorganização interna que impede a resolução do problema. A situação de Ana caracteriza-se como um claro exemplo de desrespeito aos direitos do consumidor, previstos no Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078/90, que assegura, entre outros direitos, a informação clara e adequada sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como os riscos que apresentem. A experiência de Ana com a Joe Móveis Planejados e Decorações S.A. reflete a urgente necessidade de reparação dos danos sofridos, exigindo uma atuação jurídica eficaz para garantir a justiça e a devida compensação pelos prejuízos enfrentados.
Do Direito
Da Responsabilidade Civil por Ato Ilícito
Consoante ao disposto no art. 186 do Código Civil, verifica-se que a conduta da Joe Móveis Planejados e Decorações S.A., ao negligenciar a entrega dos móveis planejados conforme acordado com a cliente Ana, configura-se como ato ilícito, uma vez que, por ação e omissão voluntária, negligência e imprudência, violou direito e causou dano material e moral à autora. A relação contratual estabelecida, pautada na confiança e na promessa de entrega dos móveis planejados, foi unilateralmente desrespeitada pela ré, configurando uma clara violação dos deveres assumidos.
A negligência da ré é evidenciada pela falta de organização interna, que resultou na impossibilidade de localizar o projeto de Ana, assim como pela desatenção em retomar o contato e solucionar o impasse, mesmo após reconhecimento da pendência por um dos proprietários. Esta conduta omissiva, somada à imprudência em sugerir a assinatura de um contrato de financiamento sem a finalização do projeto, demonstra a violação de direitos da consumidora, que, confiando na reputação e nas promessas da empresa, viu-se prejudicada tanto financeiramente quanto em sua expectativa de usufruir dos bens contratados.
A responsabilidade civil, neste contexto, é imputada à Joe Móveis Planejados e Decorações S.A. por ato ilícito, conforme preceitua o art. 186 do Código Civil, exigindo-se a reparação dos danos causados à autora. O dano material se concretiza no montante já pago e no saldo devedor do financiamento, sem que houvesse a contraprestação de serviço. O dano moral, por sua vez, manifesta-se na angústia, frustração e no transtorno experimentados pela autora, que se viu impotente diante da inércia da ré em cumprir com suas obrigações.
A jurisprudência pátria é pacífica ao reconhecer que a violação de direitos e a conseqüente imposição de prejuízos materiais e morais ao consumidor, por parte do fornecedor de serviços, ensejam a obrigação de reparar os danos, conforme preconizado pelo Código Civil e pelo Código de Defesa do Consumidor. Assim, a conduta da ré enquadra-se perfeitamente nos moldes do ato ilícito, gerando a necessidade de compensação à parte lesada.
Em conclusão, a aplicação do art. 186 do Código Civil ao caso em tela é medida que se impõe, haja vista a clara configuração de ato ilícito por parte da Joe Móveis Planejados e Decorações S.A., que, por sua negligência, imprudência e omissão, violou direitos e causou danos à autora. Portanto, é imperativa a responsabilização da ré e a conseqüente reparação dos prejuízos materiais e morais sofridos pela autora, em conformidade com os princípios e disposições legais vigentes no ordenamento jurídico brasileiro.Do Princípio da Boa-Fé Objetiva nas Relações Contratuais
O princípio da boa-fé objetiva, consagrado no art. 422 do Código Civil brasileiro, estabelece que os contratantes devem agir com probidade e boa-fé tanto na conclusão quanto na execução do contrato. Este princípio é um dos pilares do Direito Contratual brasileiro, servindo como base para a interpretação e a execução dos contratos, assegurando que as partes cumpram suas obrigações de maneira leal e confiável, evitando comportamentos contraditórios ou abusivos.
No caso em análise, a conduta da Joe Móveis Planejados e Decorações S.A. revela uma flagrante violação ao princípio da boa-fé objetiva. Desde o início das tratativas, a empresa, por meio de sua representante, induziu a autora, Ana, a acreditar na seriedade e na confiabilidade do serviço oferecido, sugerindo a assinatura de um contrato de financiamento antes mesmo da finalização do projeto dos móveis planejados. Tal atitude, além de precipitada, demonstrou uma clara intenção de vincular a autora a um compromisso financeiro sem a devida contraprestação de serviço, configurando uma prática abusiva e desleal.
A subsequente inabilidade da ré em localizar o projeto de Ana, aliada à falta de comunicação efetiva e à inércia em resolver a situação, mesmo após reconhecimento da pendência, acentua a violação ao princípio da boa-fé objetiva. A promessa de entrega dos móveis, essencial para a conclusão das reformas no apartamento da autora, transformou-se em fonte de angústia e prejuízo financeiro, evidenciando um comportamento negligente e desrespeitoso por parte da ré.
A jurisprudência brasileira é categórica ao afirmar que a violação ao princípio da boa-fé objetiva acarreta a responsabilização civil da parte infratora, obrigando-a a reparar os danos causados à parte lesada. No contexto presente, a conduta da Joe Móveis Planejados e Decorações S.A. não apenas frustrou as legítimas expectativas da autora mas também impôs a ela um ônus financeiro injustificado, caracterizando uma evidente afronta aos princípios de probidade e boa-fé que devem nortear as relações contratuais.
Em conclusão, a aplicação do art. 422 do Código Civil ao caso em tela é imperativa, haja vista a clara violação ao princípio da boa-fé objetiva por parte da ré. A conduta da Joe Móveis Planejados e Decorações S.A., marcada pela falta de transparência, lealdade e diligência, justifica plenamente a necessidade de reparação dos danos sofridos pela autora, reafirmando o compromisso do ordenamento jurídico brasileiro com a justiça e a equidade nas relações contratuais.
Da Resolução do Contrato por Inexecução Voluntária
Conforme o relato dos fatos apresentados, a situação vivenciada por Ana, em relação à Joe Móveis Planejados e Decorações S.A., encontra amparo legal no art. 477 do Código Civil brasileiro. Este dispositivo legal estabelece que, em casos onde uma das partes não cumpre suas obrigações contratuais, a outra parte tem o direito de pleitear a resolução do contrato, sem prejuízo das perdas e danos decorrentes dessa inexecução.
No caso em tela, Ana firmou um contrato de financiamento com a Aymoré Créditos, baseada na promessa de entrega dos móveis planejados conforme suas especificações pela Joe Móveis Planejados e Decorações S.A. A inexecução contratual por parte da ré, caracterizada pela não entrega dos móveis planejados e pela falta de assistência adequada para a resolução do problema, constitui uma violação direta das obrigações assumidas no momento da contratação. Tal situação se enquadra perfeitamente na hipótese legal prevista no art. 477 do Código Civil, justificando a resolução do contrato por inexecução voluntária.
A jurisprudência brasileira é reiterada no sentido de que a inexecução contratual, especialmente em casos onde há evidente desrespeito aos princípios da boa-fé objetiva e da probidade, autoriza a parte prejudicada a pleitear a resolução do contrato. Além disso, o direito à reparação por perdas e danos, conforme previsto no mesmo dispositivo legal, visa compensar a parte lesada pelos prejuízos sofridos em decorrência da inexecução contratual.
No contexto apresentado, Ana realizou pagamentos referentes ao financiamento dos móveis que não foram entregues, além de ter suportado os transtornos decorrentes da ineficiência e desorganização da ré. Tais fatos evidenciam não apenas a inexecução contratual por parte da Joe Móveis Planejados e Decorações S.A., mas também o prejuízo financeiro e moral sofrido por Ana, reforçando a necessidade de resolução do contrato e de compensação pelos danos experimentados.
Em conclusão, a aplicação do art. 477 do Código Civil ao caso em questão é medida que se impõe, tendo em vista a clara inexecução contratual por parte da ré. A resolução do contrato, acompanhada da devida reparação por perdas e danos, constitui o meio legalmente previsto para restabelecer o equilíbrio contratual e compensar Ana pelos prejuízos sofridos. A defesa dos direitos de Ana, fundamentada na legislação aplicável, é medida de justiça que se busca alcançar com a presente demanda.
Da Proteção do Consumidor contra Práticas Abusivas e Danos
O caso em análise demonstra uma clara violação dos direitos do consumidor, especialmente no que tange ao Art. 6º, inciso VI, do Código de Defesa do Consumidor (CDC), que assegura como direito básico do consumidor a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos. A situação vivenciada por Ana, ao se deparar com a inexecução contratual por parte da Joe Móveis Planejados e Decorações S.A., configura uma prática abusiva que impõe a necessidade de reparação dos danos sofridos.
A partir dos fatos narrados, é evidente que Ana, ao firmar contrato de financiamento com a Aymoré Créditos, baseou sua decisão na promessa de entrega dos móveis planejados conforme suas especificações, promessa esta não cumprida pela empresa ré. A inexecução contratual, acompanhada da falta de assistência e da desorganização interna da empresa, que culminou na impossibilidade de Ana obter os móveis planejados, mesmo após cumprir com suas obrigações financeiras, caracteriza um dano patrimonial direto, além de um dano moral, considerando os transtornos e a frustração experimentados.
O CDC, em seu Art. 6º, inciso VI, não apenas assegura o direito à reparação de danos, mas também estabelece o princípio da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo, o que reforça a necessidade de uma interpretação favorável à parte mais frágil da relação contratual. A jurisprudência brasileira é pacífica no sentido de que a inexecução contratual, especialmente quando acompanhada de práticas que evidenciam desrespeito aos direitos básicos do consumidor, deve ser prontamente reparada, assegurando-se não apenas a compensação pelos danos patrimoniais, mas também pelos danos morais decorrentes.
Diante dos fatos apresentados e da legislação aplicável, é imperativo reconhecer que a conduta da Joe Móveis Planejados e Decorações S.A. viola frontalmente os direitos assegurados pelo CDC, especialmente o direito à efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais. A situação vivenciada por Ana demanda uma atuação jurídica rigorosa, visando a reparação integral dos prejuízos sofridos, em conformidade com o princípio da reparação integral estabelecido no CDC.
Em conclusão, a fundamentação jurídica apresentada, ancorada no Art. 6º, inciso VI, do CDC, evidencia a pertinência da demanda proposta por Ana, justificando plenamente a necessidade de reparação pelos danos patrimoniais e morais sofridos. A conduta da ré, ao negligenciar suas obrigações contratuais e desrespeitar os direitos básicos do consumidor, impõe a obrigação de reparar integralmente os danos causados, em observância aos princípios e disposições legais que regem a proteção do consumidor no Brasil.
Do Direito do Consumidor à Exigência do Cumprimento da Oferta
Conforme os fatos narrados e a legislação aplicável, é imperativo destacar o Art. 35 do Código de Defesa do Consumidor (CDC), queestabelece que, na hipótese de o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha, exigir o cumprimento forçado da obrigação, aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente, ou rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.
No caso em tela, Ana, motivada pela necessidade de adquirir móveis planejados para seu apartamento, estabeleceu um contrato de financiamento com a Aymoré Créditos, baseando-se na oferta e na promessa de entrega dos móveis conforme suas especificações pela Joe Móveis Planejados e Decorações S.A. A recusa da empresa em cumprir com a oferta apresentada, caracterizada pela inexecução contratual e pela falta de assistência adequada, enquadra-se perfeitamente na previsão do Art. 35 do CDC.
A conduta da Joe Móveis Planejados e Decorações S.A. não apenas frustrou as legítimas expectativas de Ana, mas também a submeteu a um prejuízo patrimonial considerável, visto que ela permaneceu obrigada a arcar com as parcelas do financiamento, acumulando um saldo devedor, sem receber os móveis planejados conforme acordado. Tal situação evidencia uma clara violação dos direitos do consumidor, especificamente no que tange à obrigação de cumprimento da oferta, conforme estipulado pelo CDC.
A jurisprudência brasileira é categórica ao assegurar que o consumidor não pode ser prejudicado por falhas ou inexecuções por parte do fornecedor de produtos ou serviços, reforçando a aplicabilidade do Art. 35 do CDC como mecanismo de proteção aos direitos do consumidor. Neste contexto, Ana tem o direito de exigir o cumprimento forçado da obrigação originalmente acordada, ou, alternativamente, optar pela rescisão do contrato com a devida restituição dos valores pagos, além de perdas e danos.
Portanto, a fundamentação jurídica apresentada, com base no Art. 35 do CDC, sustenta robustamente a alegação de que Ana está correta em buscar a reparação judicial pelos prejuízos sofridos em decorrência da inexecução contratual e da violação dos seus direitos enquanto consumidora. A conduta da ré, ao negligenciar suas obrigações contratuais e desrespeitar os direitos básicos do consumidor, impõe a obrigação de reparar integralmente os danos causados, em observância aos princípios e disposições legais que regem a proteção do consumidor no Brasil.
Da Necessidade de Clareza e Transparência nos Contratos de Consumo
No âmbito das relações de consumo, a legislação brasileira, por meio do Código de Defesa do Consumidor (CDC), estabelece princípios fundamentais para assegurar a proteção e a defesa dos consumidores. Dentre esses princípios, destaca-se a exigência de clareza e transparência nos contratos, conforme preconizado pelo Art. 46 do CDC. Este dispositivo legal estipula que os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores se não lhes forem dadas a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.
No caso em análise, a cliente Ana, ao firmar contrato de financiamento com a Aymoré Créditos para a aquisição de móveis planejados da Joe Móveis Planejados e Decorações S.A., baseou sua decisão em informações preliminares fornecidas pela vendedora e na promessa de que o projeto final seria enviado posteriormente, permitindo-lhe realizar as reformas necessárias em seu apartamento. Contudo, a falta de transparência e a ausência de clareza quanto ao conteúdo contratual e às especificações do projeto dos móveis planejados, que nunca foram devidamente apresentados ou finalizados, colocam em evidência a violação do Art. 46 do CDC.
A situação vivenciada por Ana ilustra uma prática que contraria frontalmente os preceitos do CDC, uma vez que lhe foi negada a oportunidade de compreender plenamente o alcance e as implicações do contrato de financiamento, bem como as especificações do serviço contratado. A ausência de um projeto executivo claro e definitivo, a inexistência de registros do projeto inicial e a subsequente dificuldade de comunicação com a empresa reforçam a percepção de que o contrato foi estabelecido em termos que dificultavam a plena compreensão de suas cláusulas e condições.
Diante desses fatos, é imperativo reconhecer que a conduta da Joe Móveis Planejados e Decorações S.A., bem como a forma como o contrato de financiamento foi conduzido, constituem uma violação direta ao Art. 46 do CDC. Tal violação não apenas prejudicou Ana em termos financeiros, devido ao cumprimento das obrigações decorrentes do financiamento sem a devida contraprestação, mas também lhe causou transtornos e prejuízos decorrentes da impossibilidade de usufruir dos móveis planejados conforme originalmente previsto.
Portanto, a aplicação do Art. 46 do CDC ao caso em questão fundamenta juridicamente a alegação de que Ana está correta em buscar reparação pelos danos sofridos. A clara violação dos princípios de transparência e clareza contratual impõe a necessidade de responsabilização da empresa ré, garantindo-se assim a justa reparação a Ana pelos prejuízos patrimoniais e morais experimentados, em conformidade com os direitos assegurados pelo CDC aos consumidores.
Dos Pedidos
Diante do acima exposto, e dos documentos acostados, é a presente ação para requerer os seguintes pleitos:
1. A concessão de liminar para a imediata suspensão dos pagamentos das parcelas vincendas do contrato;
2. A declaração de nulidade do contrato celebrado entre a parte autora e a ré, por vício de consentimento, uma vez que a autora foi induzida a erro quanto à execução do serviço contratado;
3. A restituição integral dos valores pagos pela autora, devidamente corrigidos desde a data de cada pagamento, em razão da inexecução do contrato por parte da ré;
4. A condenação da ré ao pagamento de indenização por danos morais, em virtude dos transtornos e prejuízos sofridos pela autora, decorrentes da não entrega dos móveis planejados contratados;
4. A citação da ré para, querendo, contestar a presente ação, sob pena de revelia e confissão quanto à matéria de fato;
5. A condenação da ré ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, estes fixados em 20% sobre o valor da condenação;
6. A produção de todas as provas em direito admitidas, especialmente a documental, testemunhal e pericial, se necessário.
Estes são os pedidos.
Dá-se à causa o valor de R$18.960,00, conforme o art. 292 do Código de Processo Civil.
Termos em que pede deferimento.
Local, Data.
Assinatura do Advogado.

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