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Universidade Federal do Rio Grande do Norte Escola de Cieˆncia e Tecnologia Aula 10 - Espac¸os Vetoriais: Subespac¸o Gerado e Independeˆncia Linear Fabiana T. Santana Fabiana T. Santana UFRN-ECT A´lgebra Linear 1 / 27 Subespac¸o Gerado Definic¸a˜o 0.1 Dizemos que o vetor → w e´ uma combinac¸a˜o linear dos vetores → v1, → v2, . . . , → vr se → w pode ser escrito na forma → w= k1 → v1 +k2 → v2 + . . . kr → vr onde k1, k2, . . . , kr sa˜o escalares. Fabiana T. Santana UFRN-ECT A´lgebra Linear 2 / 27 Subespac¸o Gerado Exemplo 0.1 Cada vetor → v= (a, b, c) em R3 pode ser escrito como uma combinac¸a˜o linear dos vetores da base canoˆnica → i= (1, 0, 0), → j= (0, 1, 0) e → k= (0, 0, 1). Soluc¸a˜o: Fabiana T. Santana UFRN-ECT A´lgebra Linear 3 / 27 Subespac¸o Gerado Exemplo 0.2 O vetor → w= (9, 2, 7) e´ combinac¸a˜o linear dos vetores → u= (1, 2,−1) e → v= (6, 4, 2) em R3. Por outro lado, o vetor → t= (4,−1, 8) na˜o e´ combinac¸a˜o linear de → u e → v . Soluc¸a˜o: Fabiana T. Santana UFRN-ECT A´lgebra Linear 4 / 27 Subespac¸o Gerado Se → v1, → v2, . . . , → vr sa˜o vetores em um espac¸o vetorial V , enta˜o geralmente alguns vetores de V podem ser combinac¸o˜es lineares de → v1, → v2, . . . , → vr enquanto outros vetores na˜o. Teorema 0.1 Se → v1, → v2, . . . , → vr sa˜o vetores em um espac¸o vetorial V , enta˜o: (a) O conjunto W de todas as combinac¸o˜es lineares de → v1, → v2, . . . , → vr e´ um subespac¸o de V . (b) W e´ o menor subespac¸o de V que conte´m → v1, → v2, . . . , → vr no seguinte sentido: qualquer subespac¸o de V que conte´m→ v1, → v2, . . . , → vr tambe´m conte´m W . Fabiana T. Santana UFRN-ECT A´lgebra Linear 5 / 27 Subespac¸o Gerado Demonstrac¸a˜o (a): Vamos mostrar que W = {→v= k1 →v1 +k2 →v2 + . . .+ kr →vr |k1, k2, . . . , kr ∈ R} e´ um subespac¸o vetorial de V . → 0∈W , basta considerar k1 = k2 = . . . = kr = 0. Sejam → u, → v∈W , enta˜o →u= c1 →v1 +c2 →v2 + . . .+ cr →vr,→ u= k1 → v1 +k2 → v2 + . . .+ kr → vr. Vamos mostrar que → u + → v∈W . Temos: → u + → v = (c1 → v1 +c2 → v2 + . . .+ cr → vr) + (k1 → v1 +k2 → v2 + . . .+ kr → vr) = (k1 + c1) → v1 +(k2 + c2) → v2 + . . .+ (kr + cr) → vr = t1 → v1 +t2 → v2 + . . . tr → vr onde t1 = k1 + c1, t2 = k2 + c2, . . . , tr = kr + cr ∈ R. Logo,→ u + → v∈W . Fabiana T. Santana UFRN-ECT A´lgebra Linear 6 / 27 Subespac¸o Gerado Continuac¸a˜o: Sejam → u= c1 → v1 +c2 → v2 + . . .+ cr → vr∈W e k ∈ R. Vamos mostrar que k → u∈W . Temos: k → u = k(c1 → v1 +c2 → v2 + . . .+ cr → vr) = (kc1) → v1 +(kc2) → v2 + . . .+ (kcr) → vr = l1 → v1 +l2 → v2 + . . .+ lr → vr onde l1 = kc1, l2 = kc2, . . . , lr = kcr ∈ R. Logo, k →u∈W . Como as condic¸o˜es acima, sa˜o satisfeitas, W e´ um subespac¸o vetorial. Fabiana T. Santana UFRN-ECT A´lgebra Linear 7 / 27 Subespac¸o Gerado Definic¸a˜o 0.2 Se S = {→v1, →v2, . . . ,→vr} e´ um conjunto de vetores de um espac¸o vetorial V , enta˜o o subespac¸o W de V que consiste de todas as combinac¸o˜es lineares dos vetores em S e´ chamado o espac¸o gerado por → v1, → v2, . . . , → vr. Neste caso, dizemos que os vetores → v1, → v2, . . . , → vr geram W . Observac¸a˜o 0.1 Para indicar que W e´ o espac¸o gerado pelos vetores do conjunto S = {→v1, →v2, . . . ,→vr}, utilizaremos a seguinte notac¸a˜o: W = ger(S) ou W = ger{→v1, →v2, . . . ,→vr} Fabiana T. Santana UFRN-ECT A´lgebra Linear 8 / 27 Subespac¸o Gerado Exemplo 0.3 (a) Um vetor → v∈ R3 na˜o nulo gera uma reta. (b) Dois vetores → v1, → v2∈ R3 na˜o colineares com pontos iniciais na origem geram um plano. (c) Os polinoˆmios 1, x, x2, . . . , xn geram o espac¸o vetorial Pn que consiste de vetores do tipo → p= a0 + a1x+ a2x 2 + . . .+ anx n. Fabiana T. Santana UFRN-ECT A´lgebra Linear 9 / 27 Subespac¸o Gerado Exemplo 0.4 Verifique se → v1= (1, 1, 2), → v2= (1, 0, 1) e → v3= (2, 1, 3) geram o espac¸o vetorial R3. Soluc¸a˜o: Fabiana T. Santana UFRN-ECT A´lgebra Linear 10 / 27 Independeˆncia Linear Observac¸a˜o 0.2 O conjunto gerador de um espac¸o vetorial na˜o e´ u´nico. No Exemplo 0.3, quaisquer dois vetores na˜o-colineares do plano geram o plano e qualquer vetor na˜o nulo da reta gera a reta. Fabiana T. Santana UFRN-ECT A´lgebra Linear 11 / 27 Independeˆncia Linear Seja V o espac¸o vetorial gerado por S = {→v1, →v2, . . . ,→vr}. Pode haver mais de uma maneira de escrever → v∈ V como combinac¸a˜o linear dos vetores em S. O conjunto de vetores geradores que so´ admite uma combinac¸a˜o linear para um vetor → v∈ V e´ muito importante no estudo de espac¸os vetoriais. Fabiana T. Santana UFRN-ECT A´lgebra Linear 12 / 27 Independeˆncia Linear Definic¸a˜o 0.3 Se S = {→v1, →v2, . . . ,→vr} e´ um conjunto na˜o-vazio de vetores, enta˜o a equac¸a˜o vetorial k1 → v1 +k2 → v2 + . . .+ kr → vr= → 0 tem pelo menos a soluc¸a˜o k1 = 0, k2 = 0, . . . , kr = 0. Se esta e´ a u´nica soluc¸a˜o, enta˜o o conjunto S e´ chamado linearmente independente (LI). Se existirem outras soluc¸o˜es, enta˜o S e´ chamado linearmente dependente (LD). Fabiana T. Santana UFRN-ECT A´lgebra Linear 13 / 27 Independeˆncia Linear Exemplo 0.5 (a) Mostre que o conjunto S = {→i , → j , → k} formado pelos vetores → i= (1, 0, 0), → j= (0, 1, 0) e → k= (0, 0, 1) e´ LI. Exerc´ıcio: (b) Mostre que o conjunto S = {→v1, →v2, →v3} formado pelos vetores → v1= (1,−2, 3), →v2= (5, 6,−1) e →v3= (3, 2, 1) e´ LD. Soluc¸a˜o: Fabiana T. Santana UFRN-ECT A´lgebra Linear 14 / 27 Independeˆncia Linear Exemplo 0.6 (a) Mostre que o conjunto S = {→p1, →p2, →p3} formado pelos vetores → p1= 1−x, →p2= 5+3x− 2x2 e →p3= 1+3x−x2 e´ LD. Soluc¸a˜o: (b) Mostre que os polinoˆmios 1, x, x2, . . . , xn formam um conjunto LI em Pn (conjunto dos polinoˆmios de grau menor ou igual a n). Exerc´ıcio: Fabiana T. Santana UFRN-ECT A´lgebra Linear 15 / 27 Independeˆncia Linear A dependeˆncia linear sugere que os vetores dependem um do outro de alguma maneira. Teorema 0.2 Um conjunto S de dois ou mais vetores e´: (a) Linearmente dependente se, e somente se, pelo menos um dos vetores de S pode ser escrito como combinac¸a˜o linear dos outros vetores de S. (b) Linearmente independente se, e somente se, nenhum vetor em S pode ser escrito como combinac¸a˜o linear dos outros vetores de S. Fabiana T. Santana UFRN-ECT A´lgebra Linear 16 / 27 Independeˆncia Linear Demonstrac¸a˜o (a): Seja S = {→v1, →v2, . . . ,→vr}. Supondo que S e´ linearmente dependente, deve existir escalares k1, k2, . . . , kr na˜o todos nulos, tais que: k1 → v1 +k2 → v2 + . . . kr → vr= → 0 Suponha que k1 6= 0. Enta˜o, dividindo a equac¸a˜o acima por k1, temos que: → v1= (−k2 k1 ) → v2 + . . .+ (−kr k1 ) → vr isto e´, → v1 e´ combinac¸a˜o linear de → v2, → v3, . . . , → vr. Fabiana T. Santana UFRN-ECT A´lgebra Linear 17 / 27 Independeˆncia Linear Continuac¸a˜o: Reciprocamente, suponha que pelo menos um dos vetores de S pode ser escrito como combinac¸a˜o linear dos outros. Queremos mostrar que S e´ linearmente dependente. Suponha que: → v1= k2 → v2 +k3 → v3 + . . .+ kr → vr Logo, 1 → v1 −k2 →v2 −k3 →v3 − . . .− kr →vr= → 0 Como existe pelo menos um escalar na˜o nulo na combinac¸a˜o linear acima (k1 = 1) conclu´ımos que S = {→v1, →v2, . . . ,→vr} e´ linearmente dependente. Fabiana T. Santana UFRN-ECT A´lgebra Linear 18 / 27 Independeˆncia Linear Observac¸a˜o 0.3 (1) NoExemplo 0.4 (b) os vetores → v1= (1,−2, 3), →v2= (5, 6,−1) e → v3= (3, 2, 1) formam um conjunto LD e podemos verificar que − →v1 − →v2 +2 →v3= → 0 . (2) No Exemplo 1 os vetores → i= (1, 0, 0), → j= (0, 1, 0) e → k= (0, 0, 1) formam um conjunto LI e um na˜o e´ combinac¸a˜o linear dos outros. Por exemplo, a equac¸a˜o → k= r1 → i +r2 → j na˜o tem soluc¸a˜o. O mesmo acontece para outras combinac¸o˜es. Fabiana T. Santana UFRN-ECT A´lgebra Linear 19 / 27 Independeˆncia Linear Teorema 0.3 (a) Um conjunto finito de vetores que conte´m o vetor nulo e´ linearmente dependente. (b) Um conjunto de exatamente dois vetores e´ linearmente independente se, e somente se, nenhum dos dois vetores e´ um mu´ltiplo escalar do outro. Fabiana T. Santana UFRN-ECT A´lgebra Linear 20 / 27 Independeˆncia Linear Demonstrac¸a˜o (a): Seja S = {→v1, →v2, . . . ,→vr, → 0} um conjunto finito de vetores. Com os vetores de S podemos escrever a seguinte combinac¸a˜o linear: 0 → v1 +0 → v2 + . . . 0 → vr +1 → 0= → 0 Isto e´, temos uma combinac¸a˜o linear igual ao vetor nulo com escalares na˜o todos nulos. Logo, S = {→v1, →v2, . . . ,→vr, → 0} e´ linearmente dependente. Fabiana T. Santana UFRN-ECT A´lgebra Linear 21 / 27 Independeˆncia Linear Em R2 ou R3, um conjunto de dois vetores e´ linearmente independente se, e somente se, na˜o esta˜o numa mesma reta quando colocados com seus pontos iniciais na origem. Fabiana T. Santana UFRN-ECT A´lgebra Linear 22 / 27 Independeˆncia Linear Em R3, um conjunto de treˆs vetores e´ linearmente independente se, e somente se, os vetores na˜o esta˜o no mesmo plano quando colocados com seus pontos iniciais na origem. Fabiana T. Santana UFRN-ECT A´lgebra Linear 23 / 27 Independeˆncia Linear Teorema 0.4 Seja S = {→v1, →v2, . . . ,→vr} um conjunto de vetores em Rn. Se r > n, enta˜o S e´ linearmente dependente. Fabiana T. Santana UFRN-ECT A´lgebra Linear 24 / 27 Independeˆncia Linear Demonstrac¸a˜o: Suponha que → v1= (v11, v12, . . . , v1n)→ v2= (v21, v22, . . . , v2n) ... ... → vr= (vr1, vr2, . . . , vrn) Para mostrarmos que S = {→v1, →v2, . . . ,→vr} e´ linearmente dependente, deve existir escalares k1, k2, . . . , kr na˜o todos nulos, tais que: k1 → v1 +k2 → v2 + . . .+ kr → vr= → 0 Fabiana T. Santana UFRN-ECT A´lgebra Linear 25 / 27 Independeˆncia Linear Continuac¸a˜o: Substituindo as coordenadas dos vetores de S na equac¸a˜o acima temos: v11k1 + v21k2 + . . .+ vr1kr = 0 v12k1 + v22k2 + . . . vr2kr = 0 ... ... ... v1nk1 + v2nk2 + . . .+ vrnkr = 0 O sistema homogeˆneo acima tem n equac¸o˜es e r inco´gnitas, que sa˜o k1, k2. . . . , kr. Como r > n, ao reduzir a matriz aumentada do sistema pela eliminac¸a˜o gaussiana, veremos que o sistema acima tem varia´veis livres, o que garante infinitas soluc¸o˜es. Como o sistema possui soluc¸o˜es na˜o triviais, conclu´ımos que S = {→v1, →v2, . . . ,→vr} e´ linearmente dependente. Fabiana T. Santana UFRN-ECT A´lgebra Linear 26 / 27 Exerc´ıcios: Lista 3.2 Fabiana T. Santana UFRN-ECT A´lgebra Linear 27 / 27
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