Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica INCT de Estruturas Inteligentes em Engenharia Laboratório de Mecânica de Estruturas Prof. José Eduardo Tannús Reis Prof. Domingos Alves Rade 2011 MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS APLICADOS À ENGENHARIA MECÂNICA Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade 1 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO AO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS 1.1 - Fundamentos do método dos elementos finitos O método dos elementos finitos (MEF) é uma técnica de análise numérica destinada à obtenção de soluções aproximadas de problemas regidos por equações diferenciais. Embora o método tenha sido originalmente desenvolvido para a análise estática de sistemas estruturais, ele tem sido utilizado no estudo de uma grande variedade de problemas de Engenharia, nos domínios da Mecânica dos Sólidos, Mecânica dos Fluidos, Transmissão de Calor e Eletromagnetismo. Devido à sua eficiência e flexibilidade, além de sua adequação à implementação em computadores digitais, o MEF tem hoje uma grande difusão tanto no meio acadêmico como no industrial, estando disponível em grande número de “pacotes” comerciais existentes no mercado (ANSYS®, NASTRAN®, ABAQUS®, SYSTUS®, COMSOL®, etc.). Contudo, deve ser lembrado que a utilização eficaz destes programas e a correta interpretação dos resultados requerem o amplo conhecimento, por parte do Engenheiro, dos fundamentos do MEF. A principal motivação para o uso do MEF reside no fato que, devido à complexidade dos problemas práticos de Engenharia, soluções analíticas em forma fechada tornam-se inviáveis ou mesmo impossíveis. Assim, devemos recorrer a técnicas capazes de fornecer soluções numéricas aproximadas. A título de exemplo, consideremos os problemas de determinação da capacidade de carga de uma placa contendo enrijecedores e entalhes de formas complexas, ou de determinação da concentração de poluentes sob condições atmosféricas não uniformes, ou ainda de caracterização do perfil de velocidades em torno de um aerofólio. Para cada um destes problemas podemos obter, sem grande esforço, as equações governantes e as condições de contorno, utilizando princípios elementares da Física. Contudo, nenhuma solução analítica simples poderá ser obtida quando o problema exibir geometria e/ou condições de contorno complicadas, o que quase sempre ocorre em situações práticas. Para contornar esta dificuldade, uma estratégia possível é a simplificação do problema (em termos de sua geometria e/ou condições de contorno) de modo a viabilizar a construção de um modelo matemático cuja resolução analítica seja possível. Contudo, em grande número de casos (talvez na maioria das vezes), este procedimento tem como conseqüência graves imprecisões nas previsões do modelo. Uma segunda alternativa consiste em preservar a complexidade do modelo e empregar técnicas aproximadas de resolução. Esta segunda estratégia, na qual está inserido o MEF, tem sido cada vez mais viabilizada pela crescente capacidade de processamento dos computadores digitais. Em todo problema formulado em domínios contínuos, as incógnitas do problema, denominadas variáveis de campo (que podem ser grandezas escalares, como temperaturas ou vetoriais, como deslocamentos) podem assumir valores independentes em cada ponto do domínio. Conseqüentemente, o problema tem número infinito de incógnitas, sendo caracterizado como um problema infinito-dimensional. Este tipo de problema é geralmente modelado por equações diferenciais parciais, cuja solução analítica é dada por funções que fornecem os Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade 2 valores das variáveis de campo em função das coordenadas espaciais para todos os pontos do domínio. O MEF é essencialmente um processo de discretização, que visa transformar um problema infinito-dimensional em um problema finito-dimensional, com número finito de incógnitas. O método consiste em dividir o domínio sobre o qual o problema é estudado em várias regiões interconectadas, denominadas elementos. Cada elemento dispõe de um certo número de pontos (interiores e/ou limítrofes), denominados nós ou pontos nodais. O conjunto de elementos utilizados na discretização é denominado malha. Um exemplo é apresentado na Figura 1.1, que mostra a seção transversal de uma palheta de turbina de geometria complexa, discretizada em elementos de forma triangular, tendo, em cada vértice, um nó. Neste exemplo, o problema em questão poderia ser a determinação da distribuição de temperaturas sobre a seção da palheta, conhecidos o fluxo de calor e as condições de contorno. Uma vez definidos os elementos e seus respectivos nós, no interior de cada elemento são admitidas soluções aproximadas para as variáveis de campo, expressas como funções arbitrárias dos valores que as incógnitas assumem nos nós (valores nodais). Estas funções são denominadas funções de interpolação ou funções de forma. São também impostas condições garantindo a continuidade da solução no nós compartilhados por vários elementos. As incógnitas do problema, denominadas graus de liberdade (g.d.l.), passam a ser os valores das variáveis de campo nos pontos nodais, sendo o número destas incógnitas (agora finito), denominado número de graus de liberdade do modelo. Dependendo da natureza do problema, após a discretização, o modelo matemático regente resulta representado por um número finito de equações diferenciais ordinárias ou de equações algébricas, cuja resolução numérica conduz aos valores das incógnitas nodais. Uma vez determinadas estas incógnitas, os valores das variáveis de campo no interior dos elementos podem ser avaliados empregando as funções de interpolação. Conforme será visto mais adiante, a precisão da solução obtida depende essencialmente do número de elementos e do tipo de funções de forma empregadas na discretização. Sendo satisfeitas algumas condições, admite-se que a solução do problema discretizado convirja para a solução exata do problema contínuo à medida que se aumenta o número de incógnitas nodais. Figura 1.1 – Ilustração da malha de um modelo de elementos finitos Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade 3 Em comparação com outras técnicas numéricas, as principais vantagens o método dos elementos finitos são as seguintes: • elementos de diferentes formas e tamanhos podem ser associados para discretizar domínios de geometria complexa. • a divisão do contínuo em regiões facilita a modelagem de problemas envolvendo domínios não homogêneos, onde as propriedades físicas variam em função das coordenadas espaciais. • o método pode ser todo formulado matricialmente, facilitando sua implementação computacional. A implementação do MEF pode sempre ser efetuada em etapas sucessivas, de forma estruturada. As principais etapas são as seguintes: 1ª) Discretização do domínio. O primeiro passo é a divisão do domínio em elementos. O tipo e número de elementos a serem utilizados devem ser escolhidos de modo a representar adequadamente a geometria do problema e caracterizar convenientemente as variações da solução ao longo do domínio. Alguns tipos de elementos freqüentemente empregados para a discretização de domínios unidimensionais, bidimensionais e tridimensionais são ilustrados na Figura 1.2. Neste aspecto, deve-se observar que problemas unidimensionais são aqueles definidos em domínios representados por apenas uma coordenada espacial (linhas),ao passo que problemas bidimensionais e tridimensionais são aqueles definidos em domínios representados por duas coordenadas espaciais (superfícies) e três coordenadas espaciais (volumes), respectivamente. Os elementos axissimétricos, mostrados na Figura 1.2, são elementos utilizados para a discretização de problemas tridimensionais caracterizados pela existência de simetria geométrica e de carregamento em relação a um dado eixo. Neste caso, o problema tridimensional pode ser formulado como um problema bidimensional. (a) elementos unidimensionais (b) elementos bidimensionais Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade 4 (c) elementos tridimensionais (d) elemento axissimétrico Figura 1.2 – Ilustração de diferentes tipos de elementos 2ª) Escolha das funções de interpolação. Nesta etapa são escolhidas as funções de interpolação que representam as variáveis de campo no interior de cada elemento. Freqüentemente, mas nem sempre, funções polinomiais são escolhidas como funções de interpolação, devido à facilidade que oferecem para derivação e integração. Os graus dos polinômios utilizados estão relacionados ao número de incógnitas nodais de cada elemento, devendo também atender a certos requisitos de continuidade das variáveis de campo a serem satisfeitos nos nós e nas fronteiras entre elementos imediatamente vizinhos. 3ª) Construção das matrizes elementares. Uma vez escolhidos o tipo e número de elementos e as funções de interpolação, devemos estabelecer as relações matriciais expressando o comportamento (relações de causa-efeito), em termos de propriedades físicas e geométricas, para cada elemento, individualmente. Em outras palavras, procede-se à formulação em nível elementar. Para tanto, podem ser utilizados os seguintes processos: • processo direto, que é baseado no método da rigidez da análise estrutural, através do qual são obtidas as relações matriciais entre forças e deslocamentos nodais, a partir das relações de equilíbrio de forças e compatibilidade de deslocamentos. Procedimento similar pode ser utilizado na modelagem de problemas unidimensionais de transmissão de calor. Embora o processo direto só seja conveniente no tratamento de problemas mais simples, ele tem a grande vantagem de ser de fácil entendimento, permitindo clara interpretação física do significado das relações matriciais obtidas, interpretação esta que pode ser estendida a problemas mais complexos. • processo variacional, que é baseado no Cálculo Variacional e envolve a busca dos pontos críticos – geralmente pontos de mínimo – de um funcional associado ao problema estudado. De acordo com este processo, as relações matriciais em nível Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade 5 elementar resultam da imposição da condição de estacionaridade do funcional associado ao problema. Em problemas de Mecânica dos Sólidos, por exemplo, este funcional pode representar a energia de deformação ou a energia potencial complementar. O processo variacional, embora mais complicado que o processo direto sob o ponto de vista teórico, permite estender o MEF a problemas mais complexos. Contudo, sua aplicabilidade é limitada aos problemas regidos por princípios variacionais, que estabelecem a existência de funcionais. • processo dos resíduos ponderados. Este é um procedimento ainda mais versátil que os dois procedimentos anteriores, sendo baseado integralmente em operações matemáticas. O processo opera diretamente sobre as equações diferenciais que governam o problema e prescinde da existência de um funcional ou de um princípio variacional. 4ª) Montagem das matrizes elementares para obtenção das matrizes globais. Para caracterizar o comportamento do sistema completo, resultante da associação dos vários elementos, devemos agrupar as matrizes de cada um dos elementos de uma forma adequada. Em outras palavras, devemos combinar as equações matriciais expressando o comportamento dos elementos individuais para formar as equações matriciais que descrevem o comportamento do sistema em todo o domínio. Este processo é conhecido como montagem das matrizes globais. No processo de montagem, impõe-se a condição que em cada nó onde vários elementos estão interconectados, os valores das variáveis de campo são os mesmos para cada elemento compartilhando aquele nó. No final deste processo, as equações matriciais globais devem ser modificadas para satisfazer as condições de contorno do problema. A ordem das matrizes globais coincide com o número total de incógnitas nodais. Este número é chamado número de graus de liberdade do modelo. 5ª) Imposição dos carregamentos externos e das condições de contorno. As equações matriciais globais devem ser modificadas para satisfazer as condições de contorno do problema, que expressam o fato que alguns valores das incógnitas nodais são prescritos. Assim, por exemplo, em problemas de transferência de calor, os valores da temperatura em alguns pontos do contorno podem ser previamente conhecidos. Da mesma forma, deve-se alterar as equações globais para leva em conta que, em alguns nós, cargas externas conhecidas (forças, fluxos de calor, etc.) são aplicadas. Ao final deste processo, o número total de incógnitas nodais remanescentes define o chamado número de graus de liberdade do modelo. 6ª) Resolução do sistema de equações. Ao final do processo de montagem das matrizes globais, o modelo matemático do problema estará representado por um conjunto de equações, que podem ser lineares ou não lineares, algébricas ou diferenciais, dependendo da natureza do problema enfocado. Estas equações devem então ser resolvidas numericamente para a determinação dos valores das variáveis de campo nos pontos nodais. Neste processo de resolução, procedimentos numéricos apropriados, implementados sob a forma de rotinas computacionais, devem ser utilizados. Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade 6 7ª) Realização de cálculos complementares. Em várias situações, cálculos complementares devem ser realizados para a determinação de grandezas dependentes das variáveis de campo, determinadas na etapa precedente. Assim, por exemplo, nos problemas de Mecânica dos Sólidos, uma vez determinados os deslocamentos, cálculos adicionais são necessários para a determinação das deformações (utilizando as relações deformação-deslocamento) e das tensões (utilizando as relações tensão-deformação). 1.2 - Domínios de aplicação do MEF Os problemas passíveis de tratamento pelo MEF podem ser divididos em três categorias: • problemas de equilíbrio. Esta é a classe de problemas cuja solução é independente do tempo. São exemplos os problemas da Mecânica dos Sólidos envolvendo a determinação de tensões e deformações em elementos estruturais submetidos a carregamentos estáticos e os problemas da Mecânica dos Fluidos tratando da determinação de distribuições de pressão, velocidade em regime permanente e os problemas de Transferência de Calor em regime permanente. Para este tipo de problema, o processo de discretização através do MEF conduz a um modelo matemático representado por um conjunto de equações algébricas, que podem ser lineares ou não lineares. • problemas de autovalor. Nesta classe de problemas, o modelo matemático obtido é representado por um conjunto de equações lineares homogêneas, caracterizado pela dependência em relação a um parâmetro, cuja resolução conduz a um conjunto de autovalores e autovetores. São exemplos os problemas que tratam da determinação de freqüências naturaise modos de vibração de meios sólidos e fluidos, além de cargas de flambagem de elementos estruturais. No primeiro caso os autovalores correspondem às freqüências naturais e os autovetores associam-se aos modos naturais de vibração; no segundo, os autovalores correspondem às cargas de flambagem e os autovetores dizem respeito aos campos de deslocamentos correspondentes. • problemas de propagação. Os problemas de propagação são aqueles em que se busca caracterizar a evolução das variáveis de campo em função do tempo. É o caso típico de fenômenos que se desenvolvem em regime transitório. Os seguintes exemplos podem ser mencionados: determinação do movimento de sistemas estruturais submetidos a cargas de impacto e determinação de distribuições de temperatura geradas por fluxos de calor variáveis. Alguns exemplos de aplicações práticas do MEF são ilustrados a seguir. Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade 7 Figura 1.3 - Modelo de EF para análise aeroelástica de um Airbus A-320 (100.000 g.d.l.) (extraído de J.F. Imbert, "Analyse des Structures par Eléments Finis) Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade 8 (b) Figura 1.4 - Análise térmica por EF de uma tubulação em forma de estrela (de Desai C.S. e Abel J.F., "Introduction to the Finite Element Method") Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade 9 (c) Figura 1.5 - Análise por EF do escoamento de um fluido ideal em torno de um cilindro posicionado entre duas placas paralelas (de Desai C.S. e Abel J.F., "Introduction to the Finite Element Method") Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade 10 Figura 1.6 - Análise por EF do resfriamento de um lingote metálico (fonte: http://www.comsol.com (Comsol Group)) Figura 1.7 - Análise dinâmico de freios automotivos pelo MEF (fonte: http://www.simulia.com (Dassault Systems)) Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade 11 Figura 1.8 – Simulação numérica do processo de soldagem pelo MEF (fonte: http://www.simulia.com (Dassault Systems)) Figura 1.9 – Simulação do comportamento da bexiga humana pelo MEF (fonte: http://www.comsol.com (Comsol Group)) Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade 12 Figura 1.10 – Caracterização do fluxo magnético em um gerador pelo MEF (fonte: http://www.comsol.com (Comsol Group)) Figura 1.11 – Simulação de impacto em palhetas de uma turbina pelo MEF (fonte: http://www.ansys.com (Ansys, Inc.)) Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade 13 Figura 1.12 – Simulação de “crash-test” pelo MEF (fonte: http://www.ansys.com (Ansys, Inc.)) 1.3 - Sobre as limitações do método dos elementos finitos Embora o MEF seja reconhecidamente uma ferramenta útil e eficiente para a análise de diversos tipos de problemas de Engenharia, é importante estar atento às limitações do método, lembrando que ele fornece modelos matemáticos aproximados para representar o comportamento de sistemas físicos. Conforme será evidenciado no desenvolvimento do curso, em geral, a elaboração de um modelo de EF envolve a admissão de uma série de simplificações que terão efeito direto sobre a precisão das previsões do modelo. Deve também ser levado em conta que, na maioria das vezes, sob considerações de custo e limitações de recursos computacionais, busca-se estabelecer um compromisso entre a complexidade do modelo e a precisão considerada satisfatória. Algumas fontes de incerteza inerentes à modelagem por EF são: • a não consideração de certos tipos de efeitos físicos, tais como não linearidades, histerese, amortecimento, etc. • erros de discretização, devidos à impossibilidade de se obter uma perfeita representação de domínios de geometria complexa utilizando os tipos de elementos disponíveis. • conhecimento impreciso dos valores de alguns parâmetros físicos e/ou geométricos que são utilizados na elaboração do modelo (ex.: módulo de elasticidade, densidade, condutividade térmica, viscosidade, etc.) • dificuldade de modelar efeitos localizados, tais como junções parafusadas e rebitadas. • erros oriundos do processo de resolução numérica. Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade 14 Visando a validação de modelos de elementos finitos, um procedimento recomendável é a confrontação de suas previsões com dados provenientes de outros tipos de análises, em particular, de análises experimentais. Várias técnicas foram desenvolvidas, principalmente no âmbito da Dinâmica Estrutural, objetivando a correção sistemática de modelos de elementos finitos a partir da confrontação com dados experimentais (consultar, por exemplo, o livro de Friswell e Mottershead). Outro fator a ser considerado é que a elaboração de modelos de EF de problemas complexos é, na maioria das vezes, um processo interativo, fazendo apelo ao conhecimento do Engenheiro acerca do próprio método e do problema em estudo. 1.4 - Bibliografia • Bathe, K. J., Finite Element Procedures in Engineering Analysis, Prentice-Hall, 1982. • Cook, R.D., Concepts and Applications of Finite Element Analysis, John Wiley & Sons, 1974. • Cook, R., Finite Element Modeling for Analysis, John Wiley & Sons, 1995. • Desai, C.S., Abel, J. F., Introduction to the Finite Element Method, Van Nostrand Reinhold Company, 1972. • Imbert, J. F., Analyse des Structures par Eléments Finis, 3ième édition, Cépauès Editions, 1991. • Friswell, M.I., Mottershead, J.E., Finite Element Model Updating in Structural Dynamics, Kluwer Academic Publishers, 1995. • Moaveni, S., Finite Element Analysis. Theory and Application with ANSYS, Prentice-Hall, 1999. •Zienkiewicz, O.C., The Finite Element Method, 3rd edition, McGraw-Hill Book Co., 1977. •Zienkiewicz, O.C., Morgan, K, Finite Elements and Approximation, John Wiley & Sons, 1983 •Huebner, K.H., Thornton, E.A., The Finite Element Method for Engineers, John Wiley & Sons, 1982 D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 15 CAPÍTULO 2 FORMULAÇÃO DO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS PELO PROCESSO DIRETO No Capítulo 1 havíamos mencionado que as relações matriciais traduzindo o comportamento de cada subdomínio (elemento) podiam ser obtidas empregando um dos três métodos: Método Direto, Método Variacional e Método dos Resíduos Ponderados. Neste capítulo vamos ilustrar, com o auxílio de exemplos simples, a utilização do Processo Direto, que tem a vantagem de proporcionar facilitar a interpretação física para as diversas etapas da elaboração de um modelo de elementos finitos. Embora sua utilização seja viável apenas no tratamento de problemas unidimensionais simples, os conceitos derivados deste método podem ser estendidos, com vantagem, a problemas mais complexos. 2.1 – Análise estática de sistemas compostos por associações de molas lineares. Um dos problemas mais elementares que podem ser examinados sob oenfoque do MEF é a análise estática do sistema constituído por um conjunto de molas lineares, com constantes de rigidez ik , i=1, 2, ..., como aquele exemplificado na Figura 2.1. Nesta figura, if e iu designam, respectivamente, as forças externas aplicadas e os deslocamentos dos nós. O problema consiste em determinar os deslocamentos nodais, dados os valores das forças aplicadas. Figura 2.1 1k 2k 3k nó 1 nó 2 nó 3 nó 4 2f 3f 4f 1f 1u 2u 3u 4u D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 16 2.1.1 – Obtenção das equações de equilibro em nível elementar Cada mola é identificada com um elemento finito. Para obter a matriz de rigidez para um elemento genérico, este elemento é considerado isoladamente, conforme mostrado na Figura 2.2, onde os índices E e D designam as grandezas associadas aos nós das extremidades esquerda e direita, respectivamente. Figura 2.2 Admitindo que todo o conjunto e, portando, cada elemento, encontra-se em equilíbrio, podemos escrever: EiDi ff −= Sabemos ainda que para as molas lineares, o alongamento é proporcional à força aplicada em suas extremidades, sendo a constante de proporcionalidade o coeficiente de rigidez. Assim, escrevemos: ( )EiDiiEi uukf −−= ( )EiDiiDi uukf −= As duas equações acima podem ser postas na seguinte forma matricial: ⎪⎭ ⎪⎬⎫⎪⎩ ⎪⎨⎧=⎪⎭ ⎪⎬⎫⎪⎩ ⎪⎨⎧⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡ − − D i E i D i E i ii ii f f u u kk kk (2.1) A equação acima pode ainda ser escrita na forma compacta: E iu Diu ik E if D if D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 17 ( )[ ] ( ){ } ( ){ }eieiei FUK = i=1,2,... (2.2) onde ( ){ } [ ] ( ){ } [ ]TDiEieiTDiEiei ffFeuuU == são, respectivamente, os vetores de deslocamentos nodais e forças nodais em nível elementar e ( )[ ]eiK é denominada matriz de rigidez elementar. Sobre esta matriz, podemos observar: • o elemento genérico ( )( )mneiK representa a força de reação aplicada no nó m quando provocamos um deslocamento unitário no nó n, mantendo bloqueado o nó m. • é uma matriz simétrica ( )[ ] ( )[ ]Teiei KK = . Levando em conta a interpretação dada acima, a simetria da matriz de rigidez traduz o Princípio de Reciprocidade de Maxwell-Betti, aplicável a sistemas mecânicos lineares. Isto significa que a força de reação que surge no nó m quando provocamos um deslocamento unitário no nó n, mantendo bloqueado o nó m é idêntica à força de reação que surge no nó n quando provocamos um deslocamento unitário no nó m, mantendo bloqueado o nó n. • é uma matriz singular (não inversível). Isto porque, como não foram introduzidas as condições de contorno em nível elementar, a relação (2.2) deve contemplar a existência de uma configuração de equilíbrio sem deformação da mola ( )1+= ii uu e sem o aparecimento de forças nos nós ( )01 == +ii ff . • é uma matriz semi-definida positiva { } ( )[ ] { } { } { }⎟⎠⎞⎜⎝⎛ ≠∀≥ 00 x,xKx eiT 2.1.2 – Obtenção das equações de equilíbrio em nível global Após a obtenção das equações que descrevem o comportamento de cada elemento, isoladamente, devemos considerar o fato que os elementos estão, na realidade, interconectados nos pontos nodais. Fisicamente, a interconexão significa que deve haver, nos nós compartilhados por mais de uma mola, equilíbrio das forças e compatibilidade de deslocamentos. Considerando dois elementos vizinhos, i e i+1, ilustrados na Figura 2.3, estas condições são expressas segundo: 11 ++ =+ iEiDi fff (equilíbrio do nó i+1) (2.3) 11 ++ == iEiDi uuu (compatibilidade de deslocamentos no nó i+1) (2.4) Para imposição destas condições, vamos primeiramente desenvolver a equação matricial (2.1) para os elementos i e i+1: D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 18 E i D ii E ii fukuk =− (2.5) D i D ii E ii fukuk =+− (2.6) E i D ii E ii fukuk 11111 +++++ =− (2.7) D i D ii E ii fukuk 11111 +++++ =+− (2.8) Somando as equações (2.7) e (2.8) e introduzindo nas três equações resultantes as equações (2.3) e (2.4), obtemos as relações. E iii E ii fukuk =− +1 (2.9) ( ) iDiiiiiEii fukukkuk =−++− ++++ 1111 (2.10) D i D iiii fukuk 1111 ++++ =+− (2.11) Retornando à notação matricial, as equações (2.9) a (2.11) são dispostas sob a forma: ⎪⎭ ⎪⎬ ⎫ ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ = ⎪⎭ ⎪⎬ ⎫ ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ ⎥⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢⎢ ⎢ ⎣ ⎡ − −+− − + + + + ++ ++ D i i E i D i i E i ii iiii ii f f f u u u kk kkkk kk 1 1 1 1 11 11 0 0 (2.12) Figura 2.3 E iu Diu ik E if E iu 1+ Diu 1+ 1+ik E if 1+ Dif 1+ D if nó i nó i+1 nó i+1 nó i+2 D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 19 Considerando o exemplo ilustrado na Figura 2.1, aplicando sucessivamente o mesmo procedimento aos dois pares de molas que compartilham os nós 2 e 3, obtemos a seguinte relação matricial: ⎪⎪⎭ ⎪⎪⎬ ⎫ ⎪⎪⎩ ⎪⎪⎨ ⎧ = ⎪⎪⎭ ⎪⎪⎬ ⎫ ⎪⎪⎩ ⎪⎪⎨ ⎧ ⎥⎥ ⎥⎥ ⎦ ⎤ ⎢⎢ ⎢⎢ ⎣ ⎡ − −+− −+− − 4 3 2 1 4 3 2 1 33 3322 2211 11 00 0 0 00 f f f f u u u u kk kkkk kkkk kk (2.13) A equação acima pode ainda ser escrita na forma compacta: ( ) ( ){ } ( ){ }g g gK U F⎡ ⎤ =⎣ ⎦ (2.14) onde ( ){ } [ ] ( ){ } [ ]1 2 3 4 1 2 3 4eT Tg gU u u u u F f f f f= = são, respectivamente, os vetores de deslocamentos e forças em nível global e ( )gK⎡ ⎤⎣ ⎦ é denominada matriz de rigidez global. Sobre esta matriz, podemos fazer as mesmas observações anteriormente apresentadas para as matrizes de rigidez elementares: • o elemento genérico ( )g mn K⎡ ⎤⎣ ⎦ representa a força de reação aplicada no nó m quando provocamos um deslocamento unitário no nó n, mantendo bloqueado o nó m. • é uma matriz simétrica ( ) ( ) Tg gK K⎡ ⎤ ⎡ ⎤=⎣ ⎦ ⎣ ⎦ . • é uma matriz singular. • é uma matriz semi-definida positiva { } ( ) { } { } { }( )0, 0T gx K x x⎡ ⎤ ≥ ∀ ≠⎣ ⎦ O processo de obtenção da matriz de rigidez global a partir das matrizes elementares e denominado montagem da matriz global. Um procedimento mais geral de montagem, bem adaptado à implementação computacional, pode ser formulado através da introdução de matrizes de transformação, compreendendo as seguintes etapas: 1ª) Para cada elemento, estabelecemos relações matriciais expressando as transformações dos deslocamentos nodais em nível elementar com os deslocamentos nodais em nível global.. Assim, no exemplo considerado: D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 20 [ ]( ) ⎪⎪⎭ ⎪⎪⎬ ⎫ ⎪⎪⎩ ⎪⎪⎨ ⎧ =⎪⎭ ⎪⎬⎫⎪⎩ ⎪⎨⎧ × 4 3 2 1 42 u u u u T u u iD i E i i=1,2,32ª) Pré-multiplicamos as matrizes de rigidez elementares por [ ]TiT e a pós- multiplicamos por [ ]iT , para obter as matrizes elementares expandidas, com a mesma dimensão da matriz de rigidez global: ( )[ ]( ) [ ]( ) ( )[ ]( ) [ ]( )42222444 ×××× = ieiTiei TKTK i=1,2,3 (2.15) 3ª) Adicionamos as matrizes elementares expandidas para obter finalmente a matriz de rigidez global. No exemplo: ( ) ( )3 1 g e i i K K = ⎡ ⎤ ⎡ ⎤=⎣ ⎦ ⎣ ⎦∑ (2.16) Detalhamos, a seguir, o procedimento de construção da matriz de rigidez global para o exemplo considerado: • elemento nº 1: ⎪⎪⎭ ⎪⎪⎬ ⎫ ⎪⎪⎩ ⎪⎪⎨ ⎧ ⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡=⎪⎭ ⎪⎬⎫⎪⎩ ⎪⎨⎧ 4 3 2 1 1 1 0010 0001 u u u u u u D E ( )[ ] [ ] ( )[ ] [ ] ⎥⎥ ⎥⎥ ⎦ ⎤ ⎢⎢ ⎢⎢ ⎣ ⎡ − − =⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡ − − ⎥⎥ ⎥⎥ ⎦ ⎤ ⎢⎢ ⎢⎢ ⎣ ⎡ == 0000 0000 00 00 0010 0001 00 00 10 01 11 11 11 11 1111 kk kk kk kk TKTK eTe • elemento nº 2: ⎪⎪⎭ ⎪⎪⎬ ⎫ ⎪⎪⎩ ⎪⎪⎨ ⎧ ⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡=⎪⎭ ⎪⎬⎫⎪⎩ ⎪⎨⎧ 4 3 2 1 2 2 0100 0010 u u u u u u D E D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 21 ( )[ ] [ ] ( )[ ] [ ] ⎥⎥ ⎥⎥ ⎦ ⎤ ⎢⎢ ⎢⎢ ⎣ ⎡ − −=⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡ − − ⎥⎥ ⎥⎥ ⎦ ⎤ ⎢⎢ ⎢⎢ ⎣ ⎡ == 0000 00 00 0000 0100 0010 00 10 01 00 22 22 22 22 2222 kk kk kk kk TKTK eTe • elemento nº 3: ⎪⎪⎭ ⎪⎪⎬ ⎫ ⎪⎪⎩ ⎪⎪⎨ ⎧ ⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡=⎪⎭ ⎪⎬⎫⎪⎩ ⎪⎨⎧ 4 3 2 1 3 3 1000 0100 u u u u u u D E ( )[ ] [ ] ( )[ ] [ ] ⎥⎥ ⎥⎥ ⎦ ⎤ ⎢⎢ ⎢⎢ ⎣ ⎡ − −=⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡ − − ⎥⎥ ⎥⎥ ⎦ ⎤ ⎢⎢ ⎢⎢ ⎣ ⎡ == 33 3333 33 3333 00 00 0000 0000 1000 0100 10 01 00 00 kk kkkk kk TKTK eTe ( ) ( ) ( ) ( ) 1 2 3 g e e eK K K K⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤= + +⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎥⎥ ⎥⎥ ⎦ ⎤ ⎢⎢ ⎢⎢ ⎣ ⎡ − −+− −+− − = 33 3322 2211 11 00 0 0 00 kk kkkk kkkk kk (2.17) 2.1.3 – Imposição das condições de contorno As equações (2.13) devem ser modificadas para levar em conta que os valores dos deslocamentos nos nós extremos (1 e 4) podem ser prescritos. Admitamos que as condições de contorno sejam as seguintes: 11 uu = (2.18.a) 44 uu = (2.18.b) onde 1u e 4u são os valores conhecidos. Desenvolvendo (2.13) considerando as relações (2.18), obtemos o seguinte conjunto de equações: D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 22 ( ) ( ) ( ) ( ) ⎪⎪ ⎪⎪ ⎩ ⎪⎪ ⎪⎪ ⎨ ⎧ =+− +=++− −=−+ =− ⇒ ⎪⎪ ⎪⎪ ⎩ ⎪⎪ ⎪⎪ ⎨ ⎧ =+− =−++− =−++ =− 44333 43333222 11232221 12111 44333 34333222 23222111 12111 fukuk ukfukkuk ukfukukk fukuk fukuk fukukkuk fukukkuk fukuk (2.19) Determinamos os deslocamentos nodais incógnitos 2u e 3u resolvendo simultaneamente a segunda e a terceira equações do sistema (2.19): ⎭⎬ ⎫ ⎩⎨ ⎧ − − ⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡ +− −+= ⎭⎬ ⎫ ⎩⎨ ⎧⇒ ⎭⎬ ⎫ ⎩⎨ ⎧ − −= ⎭⎬ ⎫ ⎩⎨ ⎧⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡ +− −+ − 433 112 1 322 221 3 2 433 112 3 2 322 221 ukf ukf kkk kkk u u ukf ukf u u kkk kkk (2.20) Os valores das forças de reação nos nós 1 e 4 são finalmente determinados através da primeira e quarta equações do sistema (2.19): ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ +−= −= 43334 21111 ukukf ukukf (2.21) É importante observar que, após a imposição das condições de contorno, a matriz de rigidez modificada, deve ser inversível para que a operação indicada em (2.20) possa ser efetuada. Este será sempre o caso quando as condições de contorno impostas forem suficientes para impedir que o sistema mecânico seja cinematicamente variável ou, em outras palavras, que possa se movimentar sem que haja deformação de pelo menos uma das molas. Um procedimento sistemático para imposição das condições de contorno e cálculo das forças de reação, bem adaptado à implementação computacional, consiste em particionar os graus de liberdade em dois conjuntos: graus de liberdade livres e graus de liberdade impostos. No nosso exemplo, estes dois conjuntos seriam: • graus de liberdade livres: ( ){ } [ ]2 3 TgU u u=A ; ( ){ } [ ]2 3 TgF f f=A • graus de liberdade impostos: ( ){ } [ ]1 4 TgU u u=A ; ( ){ } [ ]1 4 TgF f f=A Após reordenação das equações, o sistema (2.13) pode ser expresso sob a forma: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ){ } ( ){ } ( ){ } ( ){ } g gg g i g gg g i ii ii U FK K U FK K ⎡ ⎤ ⎧ ⎫ ⎧ ⎫⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪⎢ ⎥ =⎨ ⎬ ⎨ ⎬⎢ ⎥⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪⎢ ⎥ ⎩ ⎭ ⎩ ⎭⎣ ⎦ ⎣ ⎦⎣ ⎦ A AAA A A D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 23 Do sistema acima tiramos duas equações matriciais: ( ) ( ){ } ( ) ( ){ } ( ){ }g g g g gi iK U K U F⎡ ⎤ ⎡ ⎤+ =⎣ ⎦ ⎣ ⎦AA A A A (2.22) ( ) ( ){ } ( ) ( ){ } ( ){ }g g g g gi ii i iK U K U F⎡ ⎤ ⎡ ⎤+ =⎣ ⎦ ⎣ ⎦A A (2.23) De (2.22) obtemos os valores dos deslocamentos nodais correspondentes aos graus de liberdade livres e, em seguida, a partir de (2.23) calculamos as forças de reação correspondentes aos graus de liberdade impostos: ( ){ } ( ) ( ){ } ( ) ( ){ }( )1g g g g gi iU K F K U−⎡ ⎤ ⎡ ⎤= −⎣ ⎦ ⎣ ⎦A AA A A (2.24) ( ){ } ( ) ( ){ } ( ) ( ){ }g g g g gi i ii iF K U K U⎡ ⎤ ⎡ ⎤= +⎣ ⎦ ⎣ ⎦A A (2.25) 2.2 – Exemplo resolvido utilizando o MATLAB® Nesta seção apresentamos a resolução do problema mostrado na Figura 2.1, particularizado para a seguinte situação: 41 20 10k = × N/m 42 30 10k = × N/m 43 50 10k = × N/m 10002 =f N 1 3 0f f= = N 041 == uu A Figura 2.4 mostra o código implementado em ambiente MATLAB® . A solução obtida para o problema é a seguinte: 32 3,64 10 mu −= × 33 2,73 10 mu −= × N37271 ,f −= N72724 ,f −= D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 24 %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% % Programa para análise estática por EF de sistemas constituídos por molas lineares % %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% % Domingos Alves Rade %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% % ENTRADA DE DADOS % valores dos coeficientes de rigidez das molas k_values = 1e4*[ 20 30 10 ]; % valores em N/m % número de nós nb_node = 4; % matriz de conectividade mat_conect=[1 2 ; 2 3 ; 3 4 ] % condições de contorno nos gdl impostos cond_cont=[1 0 ; 4 0]; % forças externas aplicadas nos gld livres forcas_aplic= [ 2 1000 ; 3 0]; % valores em Newtons nb_ele=length(k_values); % CONSTRUÇÃO DAS MAT. ELEMENTARES E MONTAGEM DA MATRIZ DE % RIGIDEZ GLOBAL K_global=zeros(nb_node); for ii=1:nb_ele K_elementar=k_values(ii)*[1 -1 ; -1 1]; mat_ident=eye(nb_node); mat_transf=[mat_ident(mat_conect(ii,1),:); mat_ident(mat_conect(ii,2),:)]; K_global=K_global+mat_transf'*K_elementar*mat_transf;end %IMPOSIÇÃO DAS CONDIÇÕES DE CONTORNO PELO MÉTODO DO %PARTICIONAMENTO DA MATRIZ DE RIGIDEZ % identificação dos gdl livres e gdl impostos gdl_livres=forcas_aplic(:,1); gdl_impostos = cond_cont(:,1); % construção das submatrizes de rigidez K_ll=K_global(gdl_livres,gdl_livres); K_li=K_global(gdl_livres,gdl_impostos); K_ii=K_global(gdl_impostos,gdl_impostos); % construção dos vetores de forças nos gdl livres e de deslocamentos nos gdl % impostos f_liv=forcas_aplic(:,2); d_imp=cond_cont(:,2); % CÁLCULO DOS DESLOCAMENTOS NOS GDL LIVRES E FORÇAS DE REAÇÃO % NOS GDL IMPOSTOS d_liv=inv(K_ll)*(f_liv-K_li*d_imp) f_imp=K_li*d_liv+K_ii*d_imp Figura 2.4 D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 25 2.3 – Análise estática de treliças planas. A idéia de modelar estruturas como uma série de elementos finitos surgiu como uma extensão dos métodos matriciais utilizados para análise de treliças. Estas estruturas consistem de barras interconectadas em certos pontos considerados como rótulas perfeitas, de modo que apenas forças axiais podem ser transmitidas às barras, não sendo considerados efeitos de flexão e cisalhamento. Um exemplo de treliça é ilustrado na Figura 2.5. Figura 2.5 Na modelagem, cada barra da treliça é tratada com um elemento finito, e os pontos de conexão das barras são associados aos nós do modelo de EF. Para determinar as relações forças-deslocamentos para a treliça completa, devemos, primeiramente, determinar estas relações para um elemento genérico, considerado isoladamente, levando em conta sua orientação, e proceder, em seguida, à montagem das equações matriciais que levam em conta a compatibilidade de deslocamentos e o equilíbrio de forças nos nós. Considerando a Figura 2.5, que mostra um elemento genérico i, orientado segundo um ângulo iα , cujas propriedades relevantes são: comprimento iL , área de seção transversal iA e módulo de elasticidade iE . Vamos utilizar os conceitos elementares da Resistência dos Materiais para obter as relações forças- deslocamentos em nível elementar. Para cada elemento, definimos dois sistemas de referência ilustrados na Figura 2.6: - o sistema de referência global X-Y, comum a todos os elementos. - um sistema de referência local x-y, cuja orientação é determinada pela orientação de cada barra. D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 26 Figura 2.6 Deve ser notado, na Figura 2.6, que cada um dos nós apresenta duas componentes independentes de deslocamento nas direções X e Y, havendo, portanto, dois graus de liberdade por nó. Além disso, as forças aplicadas nos nós são orientadas na direção da barra. Da condição de equilíbrio do elemento, temos: ( ) ( )E Di ix xF F= − (2.26) A relação força-deslocamento, derivada da lei de Hooke para o elemento considerado permite escrever: ( ) ( ) ( )Ei iD E xi i ix x i i F L L u u E A Δ = − = − (2.27) ( ) ( ) ( )Di iD E xi i ix x i i F L L u u E A Δ = − = (2.28) As duas últimas equações acima podem ser dispostas na seguinte forma matricial. Y X y x iL i α E D ii A,E ( ) ( ),D Di ix xu F ( ) ( ),E Ei ix xu F ( ) ( )XEiXEi F,u ( ) ( )YEiYEi F,u ( ) ( ),D Di iY Yu F ( ) ( ),D Di iX Xu F D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 27 ( ) ( ) ( ) ( ) i i i i E E i ii i x x D Di i i i i ix x i i E A E A u FL L E A E A u F L L ⎡ ⎤− ⎧ ⎫ ⎧ ⎫⎢ ⎥ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪⎢ ⎥ =⎨ ⎬ ⎨ ⎬⎢ ⎥ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪−⎢ ⎥ ⎩ ⎭ ⎩ ⎭⎣ ⎦ (2.29) Devemos observar que, na equação acima os deslocamentos e forças nodais estão expressas em termos de suas componentes nas direções dos eixos locais. Como cada um dos elementos possui, em geral, orientação diferente da dos demais, antes da montagem das equações matriciais globais é necessário expressar as relações forças-deslocamentos em termos das componentes no sistema de referência global. Isto é feito introduzindo a seguinte transformação para os deslocamentos, que pode ser facilmente extraída da Figura 2.4: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) cos sen cos sen 0 0 0 0 cos sencos sen E i X E E E E E i i i i i i ix X Y x Yi i D D D D Di ii i i i i i ix X Y x X D i Y u u u u u u u u u u u u α α α α α αα α ⎧ ⎫⎪ ⎪⎪ ⎪⎧ ⎫= + ⎪ ⎪⎡ ⎤⎪ ⎪ ⎪ ⎪⇒ =⎨ ⎬ ⎨ ⎬⎢ ⎥⎣ ⎦= + ⎪ ⎪ ⎪ ⎪⎩ ⎭ ⎪ ⎪⎪ ⎪⎪ ⎪⎩ ⎭ ou, em forma compacta: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) i E i X E E i ix Y D D i ix X D i Y u u u T u u u α ⎧ ⎫⎪ ⎪⎪ ⎪⎧ ⎫ ⎪ ⎪⎪ ⎪ ⎪ ⎪⎡ ⎤=⎨ ⎬ ⎨ ⎬⎣ ⎦⎪ ⎪ ⎪ ⎪⎩ ⎭ ⎪ ⎪⎪ ⎪⎪ ⎪⎩ ⎭ (2.30) onde: [ ] ⎥⎦⎤⎢⎣⎡= iiii sencossencosT i ααααα 00 00 (2.31) Introduzindo (2.30) em (2.29) e pré-multiplicando a equação resultante por [ ]T i Tα , obtemos: D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 28 [ ]T i Tα ⎥⎥ ⎥⎥ ⎦ ⎤ ⎢⎢ ⎢⎢ ⎣ ⎡ − − i ii i ii i ii i ii L AE L AE L AE L AE [ ] i Tα ( )( )( )( ) ⎪⎪⎭ ⎪⎪⎬ ⎫ ⎪⎪⎩ ⎪⎪⎨ ⎧ Y D i X D i Y E i X E i u u u u = [ ]T i Tα ( ) ( ) E i x D i x F F ⎧ ⎫⎪ ⎪⎨ ⎬⎪ ⎪⎩ ⎭ (2.32) Com base na Figura 2.4, podemos desenvolver o membro do lado direito de (2.32) sob a forma: [ ]T i Tα ( ) ( ) E i x D i x F F ⎧ ⎫⎪ ⎪⎨ ⎬⎪ ⎪⎩ ⎭ = ⎥⎥ ⎥⎥ ⎦ ⎤ ⎢⎢ ⎢⎢ ⎣ ⎡ i i i i cos cos sen cos α α α α 0 0 0 0 ( ) ( ) E i x D i x F F ⎧ ⎫⎪ ⎪⎨ ⎬⎪ ⎪⎩ ⎭ = ( )( )( )( ) ⎪⎪⎭ ⎪⎪⎬ ⎫ ⎪⎪⎩ ⎪⎪⎨ ⎧ = ⎪⎪⎭ ⎪⎪⎬ ⎫ ⎪⎪⎩ ⎪⎪⎨ ⎧ Y D i X D i Y E i X E i i D i i D i i E i i E i F F F F senF cosF senF cosF α α α α (2.33) Assim, a equação (2.32) assume a seguinte forma, representando a relação forças-deslocamentos expressa no sistema de referência global: ⎥⎥ ⎥⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢⎢ ⎢⎢ ⎢ ⎣ ⎡ − −− −− −− iiiiii iiiiii iiiii iiiiii i ii sensencossensencos sencoscossencoscos sensencossensencos sencoscossencoscos L AE αααααα αααααα αααααα αααααα 22 22 22 22 ( )( )( )( ) ⎪⎪⎭ ⎪⎪⎬ ⎫ ⎪⎪⎩ ⎪⎪⎨ ⎧ Y D i X D i Y E i X E i u u u u = ( )( )( )( ) ⎪⎪⎭ ⎪⎪⎬ ⎫ ⎪⎪⎩ ⎪⎪⎨ ⎧ Y D i X D i Y E i X E i F F F F (2.34) ou: ( )[ ] ( ){ } ( ){ }eieiei FUK = i=1,2,... (2.35) onde: ( )[ ] =eiK ⎥⎥ ⎥⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢⎢ ⎢⎢ ⎢ ⎣ ⎡ − −− −− −− iiiiii iiiiii iiiii iiiiii i ii sensencossensencos sencoscossencoscos sensencossensencos sencoscossencoscos L AE αααααα αααααα αααααα αααααα 22 22 22 22 (2.36) é a matriz de rigidez elementar do elemento de treliça. Devemos observar que cada elemento possui quatro graus de liberdade (2 graus de liberdade por nó, correspondendo aos deslocamentos nas direções X e Y. Uma vez desenvolvida a expressão geral da matriz de rigidez para um elemento de barra genérico, podemos utilizar os procedimentos já detalhados na Seção 2.1 para a montagem da matriz de rigidez global – traduzindo a compatibilidadede deslocamentos e equilíbrio de forças nos nós – e a imposição das D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 29 condições de contorno. No que segue, estas etapas serão detalhadas a partir de um exemplo numérico. 2.4 – Exemplo resolvido usando o MATLAB®. Consideremos a treliça plana constituída de três barras, ilustrada na Figura 2.7(a), cujas características físicas e geométricas são dadas na Tabela 2.1. Interessa-nos determinas os deslocamentos nodais, as reações nos apoios e as tensões em cada uma das barras. A Figura 2.7(b) mostra a numeração escolhida para os nós e elementos, bem como a indicação das componentes das forças e deslocamentos nodais no sistema de referência global adotado. (a) (b) Figura 2.7 45o 100 KN Y X 3 2 1 1 2 3 ( )Xu3 ( )Yu3 ( )Xu2 ( )Yu2 ( )XF3 ( )YF3 ( )YF2 ( )XF2 ( )Xu1 ( )Yu1 ( )YF1 ( )XF1 D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 30 Tabela 2.1 Elemento A(cm2) E(N/m2) L(m) Conectividade (nós) α (graus) 1 32,3 6,9×1010 2,54 2,3 90 2 38,7 20,7×1010 2,54 1,2 0 3 25,8 20,7×1010 3,59 1,3 135 O programa MATLAB® utilizado e os resultados obtidos são apresentados na Figura 2.5. Deve ser observado que, após o cálculo das forças e deslocamentos nodais, as tensões nas barras foram calculadas de acordo com o seguinte procedimento: Utilizando a equação (2.28), escrevemos: ( ) ( ) ( )Di D Ex ii i ix xi i F E u u A L σ ⎡ ⎤= = −⎢ ⎥⎣ ⎦ Os valores de ( )Di xu e ( )Ei xu são calculados a partir dos deslocamentos nodais expresso no sistema de referência global utilizando a equação (2.30). Os resultados obtidos para este exemplo são os seguintes: • Deslocamentos ( )1 0,6858mmXu = − ( )2 0,9100 mmXu = − ( )2 0,8059 mmYu = − • Reações de apoio ( )2 70,711KNYF = ( )3 70,711KNXF = ( )3 0YF = • Tensões nas barras 1 21,819MPaσ = 2 18,271MPaσ = 3 38,760MPaσ = − D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 31 %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% % Programa para análise estática por EF de treliças planas %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% % Domingos Alves Rade Última modificação: %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% % ENTRADA DE DADOS % propriedades físicas e geométricas das barras [A(m^2) E(N/m^2) L(m) alfa(grau)] propriedades = [ 32.3e-4 6.9e10 2.54 90 38.7e-4 20.7e10 2.54 180 25.8e-4 20.7e10 2.59 135]; % número total de graus de liberdade nb_gdl = 6; % matriz de conectividade (graus de liberdade ordenados segundo: % 1: nó 1, direção x % 2: nó 1, direção y % 3: nó 2, direção x % 4: nó 2, direção y % 5: nó 3, direção x % 6: nó 3, direção y mat_conect=[ 3 4 5 6 1 2 3 4 1 2 5 6]; % condições de contorno nos gdl impostos cond_cont=[2 0 5 0 6 0]; % forças externas aplicadas nos gld livres(valores em Newtons) forcas_aplic= [ 1 0 3 -100000*cos(pi/4) 4 -100000*sin(pi/4)]; [nb_ele,dummy]=size(propriedades); % CONSTRUÇÃO DAS MATRIZES ELEMENTARES E MONTAGEM DA MATRIZ DE RIGIDEZ GLOBAL K_global=zeros(nb_gdl); for ii=1:nb_ele coef=propriedades(ii,1)*propriedades(ii,2)/propriedades(ii,3); alfa=propriedades(ii,4)*pi/180; K_elementar=coef*[1 -1 ; -1 1]; mat_transf=[cos(alfa) sin(alfa) 0 0 0 0 cos(alfa) sin(alfa)]; K_elementar=mat_transf'*K_elementar*mat_transf; mat_ident=eye(nb_gdl); mat_transf1=[mat_ident(mat_conect(ii,1),:); mat_ident(mat_conect(ii,2),:); ... mat_ident(mat_conect(ii,3),:); mat_ident(mat_conect(ii,4),:)]; K_global=K_global+mat_transf1'*K_elementar*mat_transf1; end % IMPOSIÇÃO DAS CONDIÇÕES DE CONTORNO PELO MÉTODO DO PARTICIONAMENTO %identificacao dos gdl livres e gdl impostos gdl_livres=forcas_aplic(:,1); gdl_impostos = cond_cont(:,1); % construção das submatrizes de rigidez K_ll=K_global(gdl_livres,gdl_livres); K_li=K_global(gdl_livres,gdl_impostos); K_ii=K_global(gdl_impostos,gdl_impostos); % construção dos vetores de forças nos gdl livres e de deslocamentos nos gdl impostos f_liv=forcas_aplic(:,2); d_imp=cond_cont(:,2); % CÁLCULO DOS DESLOCAMENTOS NOS GDL LIVRES E FORÇAS DE REAÇÃO NOS GDL IMPOSTOS disp('Deslocamentos nos gdl livres (em milímetros)'); d_liv=inv(K_ll)*(f_liv-K_li*d_imp)*1000 disp('Reacoes de apoio (em kN) '); f_imp=(K_li'*d_liv/1000+K_ii*d_imp)/1000 des_global=zeros(nb_gdl,1); des_global(cond_cont(:,1))=cond_cont(:,2); des_global(forcas_aplic(:,1))=d_liv/1000; % CÁLCULO DAS TENSÕES NAS BARRAS for ii=1:nb_ele alfa=propriedades(ii,4)*pi/180; D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 32 mat_transf=[cos(alfa) sin(alfa) 0 0 0 0 cos(alfa) sin(alfa)]; des_local=mat_transf*des_global(mat_conect(ii,:)); sigma(ii)=propriedades(ii,2)/propriedades(ii,3)*(des_local(2)-des_local(1)); end disp('Tensões nas barras (em MN/m^2) '); sigma/1e6 Figura 2.8 D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 33 2.5 - Aplicação do processo direto a outros tipos de problemas unidimensionais A formulação do MEF pelo processo direto, ilustrado na seção 2.1 para sistemas formados por associações de molas lineares pode ser utilizado para a resolução de vários outros tipos de problemas unidimensionais em regime permanente nas áreas de Mecânica dos Sólidos, Mecânica dos Fluidos e Transferência de Calor. Para cada um destes tipos de problemas o processo consiste em determinar, a partir da aplicação das leis Físicas pertinentes, as equações equivalentes às equações de equilíbrio das molas. A partir daí, o procedimento de montagem e resolução das equações globais segue o mesmo procedimento estudado anteriormente. A obtenção das equações equivalentes é ilustrada a seguir. 2.5.1 - Barras em solicitação axial Consideramos aqui problemas formados por barras solicitadas por forças axiais, como exemplificado na Figura 2.9, na qual, para cada segmento da barra, , ,i i iE A l indicam, respectivamente, o módulo de elasticidade, área de seção transversal e comprimento. ei iN U designam, respectivamente, as forças axiais e os deslocamentos aplicados nos nós que delimitam cada segmento. Figura 2.9 1 (1) (2) (3) N1 U1 N2 U2 N3 U3 N4 U4 E1, A1, l1 E2, A2, l2 E3, A3, l3 2 3 4 (i) NiE Ui E Ni D Ui D Ei, Ai, li i i+1 ki= EiAi/li fiE ui E fi D ui D D.A.Rade Formulação do MEF peloProcesso Direto 34 Da Resistência dos Materiais sabemos que para cada segmento em equilíbrio, considerado isoladamente, admitindo comportamento linear elástico, valem as seguintes relações: D D Ei ii i i i i i i i i E AN A E A U U l E D E Di ii i i i i E AN N U U l As duas equações acima por se postas na seguinte forma matricial: 1 1 1 1 E E i ii i D D i i i U NE A l U N (2.38) Comparando as equações (2.1) e (2.38) concluímos que cada segmento da barra solicitada axialmente pode ser considerado como uma mola linear cuja constante de rigidez equivalente é dada por i i i i E Ak l Desta forma, o procedimento de montagem das equações globais e imposição das condições de contorno e carregamentos é feito da mesma forma adotada para os sistemas de molas considerados na Seção 2.1. 2.5.2 Eixos sujeitos a torção Consideramos aqui sistemas formados por eixos solicitados por momentos torsores (torques), conforme mostrado na Figura 2.10, na qual, para cada segmento, , ,i i iG J l indicam, respectivamente, o módulo de cisalhamento, momento polar de inércia da seção transversal e comprimento. Além disso, ei i designam, respectivamente, os torques aplicados e ângulos de torção das seções transversais nos nós que delimitam cada segmento. D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 35 Figura 2.10 Da Resistência dos Materiais sabemos que para cada segmento em equilíbrio, considerado isoladamente, admitindo comportamento linear elástico, valem as seguintes relações: D D Ei ii i i i G J l E D E Di ii i i i i G J l As duas equações acima por se postas na seguinte forma matricial: 1 1 1 1 E E i ii i D D i i i G J l (2.39) Comparando as equações (2.1) e (2.39) concluímos que cada segmento da barra solicitada em torção pode ser considerado como uma mola linear cuja constante de rigidez equivalente é dada por i i i i G Jk l Para o caso de eixos de seção circular de raio iR , o momento polar de inércia é dado por: 4 2 i i RJ G1, J1, l1 G2, J2, l2 T1 ,1 T2 ,2 T3 , 3 (2) (1) ki = GiJi,/li TiE iE TiD iD Gi, Ji, li TiE , i E TiD (1) , i D D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 36 O procedimento de montagem das equações globais e imposição das condições de contorno e carregamentos é feito da mesma forma adotada para os sistemas de molas considerados na Seção 2.1. 2.5.3 Problemas de escoamento em regime permanente Nesta seção tratamos o problema de escoamento unidimensional em regime permanente em tubulações que podem ser consideradas constituída pela associação de vários segmentos, como ilustrado na Figura 2.11(a) que mostra a vazão total Q e as vazões que percorrem os segmentos, indicadas por qi , i=1,2, ... O problema consiste em determinar os valores destas vazões, bem como das pressões nos nós que delimitam os segmentos, os quais são também indicados na Figura 2.11. Figura 2.11(a) A Figura 2.11(b) mostra um segmento arbitrário, delimitado por dois nós E e D, nos quais estão indicadas as respectivas pressões Eip e Dip e vazões Eiq e Diq . Figura 2.11(b) Em virtude da hipótese de escoamento em regime permanente, para cada segmento i deve-se ter: A E H D Q Q q1 q2 q2 q3 q4 F G B Cq1 q1 q3 1/Ri E iq D iq E ip D ip i E iq E ip D ip D iq D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 37 D E i i iq q q (2.41) Além disso, sabe-se da Mecânica dos Fluidos que: D E i i i ip p R q (2.42) onde Ri é o coeficiente de resistência, que depende essencialmente do tipo de fluido, da geometria da seção transversal e do acabamento da superfície interna do duto. Combinando as equações (2.41) e (2,42) escrevemos: 1E E Di i i i q p p R 1D E Di i i i q p p R ou: 1 11 1 1 E E i i D D ii i q p Rq p (2.43) Como nos casos anteriores, a comparação de (2.1) e (2.43) permite concluir que o problema de escoamento unidimensional em regime permanente pode ser modelado da mesma forma que o sistema de molas lineares considerado na Seção 2.1, sendo a rigidez de mola equivalente dada por 1/ Ri. 2.5.4 Transferência de calor unidimensional em regime permanente Tratamos aqui problema de transferência de calor unidimensional em regime permanente em uma barra constituída pela associação de vários segmentos, como ilustrado na Figura 2.12(a), onde Ki, Ai e li designam, respectivamente, o coeficiente de condutividade térmica, a área da seção transversal e o comprimento dos segmentos que compõem a barra. O problema a ser resolvido consiste em determinar a distribuição de temperatura T(x) para um conjunto de condições de contorno impostas nas extremidades 1 e 4. A Figura 2.12(b) mostra um segmento genérico i da barra e as grandezas a ele associadas. D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 38 Figura 2.12(a) Figura 2.12(b) Recordamos abaixo as equações pertinentes aos dois mecanismos de transferência de calor (condução e convecção) que consideramos estar envolvidos no problema em questão. Condução (Lei de Fourier): i i i dTq K A dx (2.44.a) Convecção: i i i Pq h A T T (2.44.b) qi D Ki, Ai, li EiT E i D iT E iq D iq E D i iT T Ki TiE qiE TiD qiD Q1 T1 Q4 K1, A1, l1 K2, A2, l2 K3, A3, l3 1 3 4 T2 T3 T4 2 x T TP qi D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 39 Análise em nível elementar E i iq q Di iq q E Di ii i i i K Aq T T l Di iq q Assim, para o elemento i: 1 1 1 1 E E i ii i D D ii i q TK A lq T (2.45) Como nos casos anteriores, a comparação de (2.1) e (2.44) mostra que o problema de transferência de calor unidimensional em regime permanente pode ser modelado da mesma forma que o sistema de molas lineares considerado na Seção 2.1, sendo a rigidez de mola equivalente dada por KiAi/li. Uma especificidade a ser considerada neste problema é que são possíveis combinações de três tipos de condição de contorno aplicadas nas extremidades da barra: 1) valor do calor imposto; 2) valor da temperaturaimposta; 3) condição de contorno do tipo convecção com o valor da temperatura T imposto; A condição de contorno do tipo temperatura imposta deve ser tratada da mesma forma que os deslocamentos impostos, apresentada na Seção 2.1.3 e a condição de valor imposto é análoga à aplicação de uma força de valor conhecido nos problemas estruturais. O tratamento das condições de contorno do tipo convecção requer algumas transformações adicionais das equações, uma vez que este tipo de condição de contorno envolve as temperaturas das extremidades da barra, conforme pode ser visto na Equação (2.44.b). Considerando, para exemplificação, a barra discretizada com três elementos finitos, as equações globais resultantes do procedimento de montagem, tomam a forma: D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 40 1 1 1 1 1 1 1 11 1 1 1 2 2 2 2 1 1 2 2 2 33 3 3 32 2 2 2 4 42 2 3 3 3 3 3 3 3 3 0 0 0 0 0 0 0 0 K A K A l l q TK A K A K A K A l l l l T TK A K AK A K A q Tl l l l K A K A l l (2.46) Admitamos que na extremidade 1 tenhamos uma condição de contorno do tipo temperatura imposta e na extremidade 4 tenhamos uma condição de contorno de convecção, as quais são expressas segundo : 1 1T T 4 4 3 4q h A T T Introduzindo estas expressões em (2.46), obtemos: 1 1 1 1 1 1 1 11 1 1 1 2 2 2 2 1 1 2 2 2 33 3 3 32 2 2 2 4 3 2 2 3 3 4 3 3 3 3 4 3 3 3 0 0 0 0 0 0 0 0 K A K A l l q TK A K A K A K A l l l l T TK A K AK A K A h A T l l l l T K A K A h A l l O sistema de equações acima pode ser decomposto em dois conjuntos de equações cuja resolução fornece o valor das temperaturas desconhecidas T2, T3 e T4 e o calor transferido através da seção transversal no nó 1, segundo: 1 1 2 2 2 2 1 2 2 2 3 3 3 32 2 2 2 3 2 2 3 3 4 3 4 3 3 3 3 4 3 3 3 0 0 0 0 K A K A K A l l l T K A K AK A K A T l l l l h A T T K A K A h A l l D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 41 1 21 1 1 1 1 1 1 3 4 0 0 T TK A K Aq l l T T D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 42 CAPÍTULO 3 FUNDAMENTOS DE CÁLCULO VARIACIONAL É possível, e muito conveniente, considerar o procedimento de obtenção de modelos de elementos finitos como um processo variacional. Através deste processo procura-se estabelecer as equações do movimento ou de equilíbrio em nível elementar e em nível global mediante a busca dos pontos estacionários (ou pontos críticos, ou pontos extremos) de certas funções, denominadas funcionais, que são funções escalares de funções que definem a distribuição da variável de campo sobre o domínio considerado. Neste contexto o Cálculo Variacional constitui o conjunto de técnicas matemáticas destinadas à determinação dos pontos estacionários de funcionais. Os chamados Princípios Variacionais são leis que estabelecem que a configuração de equilíbrio estático ou de equilíbrio dinâmico de um dado sistema mecânico devem corresponder a pontos estacionários de determinados funcionais associados ao problema. Em diversos problemas da Mecânica do Contínuo, os funcionais representam a energia do sistema. As equações de equilíbrio ou do movimento podem então ser obtidas desenvolvendo, matematicamente, as condições de estacionaridade destes funcionais. Neste Capítulo, apresentaremos os fundamentos do Cálculo Variacional e ilustraremos os desenvolvimentos apresentados através de exemplos baseados no uso de Princípios Variacionais da Mecânica, notadamente o Princípio da Energia Potencial Estacionária e o Princípio de Hamilton. Tais princípios serão apresentados detalhadamente no Capítulo 5. 3.1 Funcionais envolvendo uma variável dependente e uma variável independente Consideremos inicialmente o problema de determinação dos pontos estacionários do seguinte funcional: dxxu,xu,xFuI x x 21 (3.1) Admitiremos ainda que a função u deva satisfazer as seguintes condições de contorno: 11 uxu ; 22 uxu (3.2) Nas equações acima, x designa a variável independente, xu é a variável dependente, que representa a variável de campo associada ao problema, u indica a derivada de xu em relação à variável independente, xu,xu,xF indica genericamente uma relação funcional envolvendo x, xu e xu e 1u e 2u D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 43 designam valores prescritos, assumidos pela variável dependente nos extremos do intervalo em que o problema é definido. Designando doravante por u=u(x) a função que corresponde à solução estacionária exata do funcional definido em (3.1), o procedimento variacional consiste em definir as chamadas funções de comparação, representadas sob a forma: xuxuxu~ 21 xxx (3.3.a) com: xxu (3.3.b) onde 1 é um parâmetro escalar arbitrário e x é uma função contínua arbitrária definida no intervalo 21 xxx , que assume valor nulo nos extremos deste: 01 x 02 x (3.4) Em decorrência de (3.4), as funções de comparação satisfazem as condições de contorno do problema: 11 uxu~ ; 22 uxu~ (3.5) Em (3.3.b), x é entendida como uma função arbitrária que representa uma perturbação infinitesimal acrescentada à solução exata u(x) para cada valor da variável independente x, conforme ilustra a Figura 3.1, onde ficam evidenciadas as condições (3.4) e (3.5). Figura 3.1 x 2x 1x u, u xy xu xu~ 1u 2u D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 44 Na seqüência do processo variacional, devemos introduzir a solução variada (3.3) no funcional dado por (3.1) e impor a condição de estacionariedade do funcional, que determina que sua variação I , associada a qualquer variação arbitrária u deve ser nula. Esquematicamente, este processo é ilustrado como segue: 0 IIIFFuu Buscaremos, primeiramente, expressar a variação da função xu,xu,xF , designada por xu,xu,xF , resultante da substituição de xu por xuxu . Assim, definimos: xu,xu,xFuu,uu,xFxu,xu,xF (3.6) Em decorrência de (3.3.b), temos: xu (3.7) Introduzindo (3.3.b) e (3.7) em (3.6), obtemos: xu,xu,xFxu,xu,xFxu,xu,xF (3.8) Negligenciando os termos de ordem igual e superior à segunda em , procedemos à expansão do primeiro termo do lado direito de (3.8) em série de Taylor, obtendo: x u Fx u Fxu,xu,xFxu,xu,xF (3.9) Introduzindo (3.9) em (3.8), temos: F FF x,u x ,u x x x u u (3.10) A variação do funcional I correspondente à variação da função F é definida segundo: FIFFII = dxxu,xu,xFxu,xu,xFx x 21 dxxu,xu,xFx x 21 dxxu,xu,xFxx 21 (3.11) Introduzindo (3.10) em (3.11), temos: D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 45 2 1 x x F FI x,u x ,u x x x dx u u (3.12) A condição necessária para a estacionaridade do funcional I é que sua variação deve anular-se, ou seja, 0 xu,xu,xI . Assim, com base em (3.12), devemos ter: 2 1 0 x x F Fx x dx u u (3.13) Procedemos, em seguida, à integração por partes da segunda parcela do integrando: 2 1 2 1 2 1 x x x x x x dxx u F dx dx u Fdxx u F (3.14) Introduzindo (3.14) em (3.13), temos: 22 1 1 0 xx x x F F d Fx x dx u u dx u (3.15) Em decorrência de (3.4), a primeira parcela de (3.15) se anula: 02 1 x x x u F , (3.16) de modo que: 2 1 0 x x F d F x dx u dx u (3.17) Neste ponto, evocamos o seguinte lema: Lema: Se 1x e 2x ( 1x < 2x ) são constantes e G(x) é uma função contínua de x no intervalo 21; xx e se 02 1 dxxGx x x para toda e qualquer função continuamente diferenciável x que satisfaz D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 46 01 x 02 x , conclui-se que 0xG identicamente no intervalo 21; xx . Com base neste lema podemos afirmar que a equação (3.17) se verifica se: 0F d F u dx u (3.18) A equação (3.18) é denominada Equação de Euler-Lagrange associada ao funcional dado por (3.1). Por outro lado, a equação (3.16) indica todas as possíveis combinações de condições de contorno impostas nos extremos do intervalo 21; xx . No caso do funcional analisado, as condições de contorno que satisfazem (3.16) são: • Em x= 1x : 01 x (3.18.a) 0 1 xxu F (3.18.b) • Em x= 2x : 02 x (3.18.c) 0 2 xxu F (3.18.d) Neste ponto, introduzimos a seguinte classificação para as condições de contorno: a) condições de contorno geométricas ou de Dirichlet: são aquelas que envolvem diretamente a função de comparação e suas derivadas. b) condições de contorno naturais ou de Neumann: são aquelas representadas por expressões que envolvem as derivadas da função xu,xu,xF em relação a um de seus argumentos ou derivadas de x . De acordo com estas definições, as condições de contorno indicadas pelas equações (3.18.a) e (3.18.c) são condições de contorno geométricas, ao passo que aquelas indicadas pelas equações equações (3.18.b) e (3.18.d) são condições de contorno naturais. D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 47 Observações: • a equação de Euler-Lagrange (3.18) apresenta-se sob a forma de uma equação diferencial, cuja resolução, complementada pelas condições de contorno (3.2), fornece a função u(x) que corresponde ao ponto estacionário do funcional (3.1). • para um determinado ponto estacionário do funcional, pode-se determinar sua natureza (máximo ou mínimo), a partir da análise do sinal da segunda variação do funcional I. A segunda variação é obtida pela expansão de uuI em torno de uI utilizando uma série de Taylor limitada aos termos de segunda ordem em u . Para o funcional em questão, escrevemos: uu uu Fu u Fu u Fu u Fu u Fu,u,xFuu,uu,xF 2 2 2 2 2 2 2 2 1 2 1 ou: u,u,xFu,u,xFu,u,xFuu,uu,xF 2 (3.19) com: u u Fu u Fu,u,xF (3.20) uu uu Fu u Fu u Fu,u,xF 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 2 1 (3.21) Introduzimos agora a segunda variação do funcional I: dxuu,uu,xFuuI x x 21 (3.22) Introduzindo (3.19) em (3.22), temos: 2 1 2 1 2 1 22 x x x x x x dxu,u,xFdxu,u,xFdxu,u,xFuuI (3.23) Levando em conta (3.1) e (3.11), reescrevemos a equação acima sob a forma: IIuIuuI 2 (3.24) onde: D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 48 2 1 222 x x dxu,u,xFI (3.25) é a segunda variação do funcional I. Introduzindo (3.21) em (3.25) e levando em conta (3.3.b), escrevemos: 2 1 2 2 2 2 2 2 2 22 2 2 1 x x dx uu F u F u FI (3.26) Pode-se mostrar que um dado ponto estacionário do funcional I é um ponto de mínimo se 02 I e um ponto de máximo se 02 I para qualquer função arbitrária . Exemplo 1: O problema de equilíbrio de uma corda tensionada Consideremos a corda elástica de comprimento L ilustrada na Figura 3.2, sujeita a uma tração axial constante T e a um carregamento transversal distribuído (força por unidade de comprimento) q(x). Nesta mesma figura u=u(x) indica o campo de deslocamento transversais correspondente à posição de equilíbrio da corda. Pode-se mostrar que a energia potencial total do sistema, incluindo a energia de deformação da corda e o trabalho da carga distribuída é dada pelo seguinte funcional: dxquuTuI L 0 2 2 (a) Figura 3.2 Confrontando a equação (a) com a equação (3.1), reconhecemos: L q(x) x y u(x) D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 49 quuTu,uF 2 2 (b) Após o cálculo das derivadas parciais necessárias, as equações (3.18) e (3.16), nos fornecem, respectivamente, a equação de Euler-Lagrange e os termos de contorno do problema: T xqu (c) 00 LuT (d) Admitindo constanteqxq , integrando duas vezes (c) e introduzindo as condições de contorno determinadas pelos vínculos mostrados na Figura 3.1: 00 u 0Lu , obtemos a seguinte expressão para o campo de deslocamentos transversais da corda em equilíbrio:
Compartilhar