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A Farmácia e a Comunicação com o Utente Aconselhamento e Informação ao Uso do Medicamento Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra IPC Licenciatura em Farmácia Comunicação e Aconselhamento em Farmácia 3º Ano Prof. Ana Grou 02-11-2010 Aula 1. Princípios de Informação ao utente; 2. Orientações metodológicas sobre o uso de medicamentos; 3. Automedicação e situações passíveis de automedicação; 4. Utilização de MNSRM: 1. Precauções; 2. Vantagens e desvantagens; 3. Dispensa e aconselhamento de MNSRM Farmácia Comunitária/Oficina 1. Solicitar conselhos acerca de sintomas; 2. Adquirir medicamentos; 3. Requerer conselhos sobre a saúde em geral (ex: suplementos para dieta, cosmética, puericultura, etc.) Utentes recorrem à Farmácia principalmente por três razões: FARMÁCIA COMUNITÁRIA/OFICINA Competências Profissionais (Skills): 1. Distinguir sintomas menores “minor” de sintomas maiores “serious symptons”; 2. Capacidade de ouvir “listening skills”; 3. Capacidade de questionar “questioning skills”; 4. Capacidade de escolher o medicamento mais indicado “treatment choise basead on evidence of effectiveness” A farmácia é um estabelecimento de saúde, que deve pautar a sua actividade pela ética e respeito pelos direitos do consumidor e do cidadão. Os profissionais de farmácia no exercício das suas funções de atendimento e aconselhamento, são um dos principais responsáveis pela manutenção da qualidade, segurança e eficácia dos produtos dispensados, tornando-se realmente agentes de prevenção, promoção e recuperação da saúde individual e colectiva. Através da informação que prestam podem contribuir decisivamente para o uso racional do medicamento. Método de orientação sobre o uso de medicamentos Doente Utente Medicamento Conhecer o Doente/Utente Problemas de saúde? Alergias / RAM? Dados adicionais, como o que o paciente pensa sobre sua situação? Outras terapêuticas que possa estar a fazer? Dados profissionais relevantes? (actividade, trabalho por turnos, etc.) Outras… Conhecer a Indicação e o Nome do Medicamento O Médico disse-lhe para que é este Medicamento? O Doente/Utente não se lembra. Resposta apropriada sobre o Medicamento Qual o problema ou situação, o senhor acha que ele pode ajudar/resolver/estar indicado? Conhecer o uso correcto e a técnica de administração O que lhe disse o médico sobre como tomar o remédio? (questionar de modo expansivo se necessário) O seu médico disse- lhe como deve tomar? Dose, via e modo de administração Quantas vezes por dia o sr. deve tomar? Frequência Por quanto tempo o sr. deve tomar? Duração Como deve guardar este medicamento? Acondicioname nto O que lhe disse o médico para fazer no caso de se esquecer de tomar uma dose? Dose esquecida O que lhe disse o médico quanto a usar de novo a receita? Reutilização da receita Reconhecer efeitos indesejados e Resultados esperados O que lhe disse o médico sobre o que pode acontecer depois de tomar o medicamento? Quais os efeitos secundários (desagradáveis) o médico lhe disse para observar? O que deve fazer se acontecer algum efeito secundário? Que efeitos benéficos (terapêuticos) pode esperar? Que cuidados deve ter quando estiver tomar o medicamento? Revisão Final Para ter a certeza que eu não me esqueci de nada, para que eu possa assegurar-me de que não esquecemos nada, repetir como deve tomar/usar o seu medicamento. A Automedicação - conceito A automedicação pode ser definida como “um procedimento caracterizado fundamentalmente pela iniciativa de um doente, ou do seu responsável, em obter ou produzir e utilizar um produto que acredita lhe trará benefícios no tratamento de doenças ou alívio de sintomas”. (OMS, 2005) “o uso de medicamentos sem prévia indicação médica” (Who, 1988) Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) Os medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) são também designados por medicamentos de venda livre ou OTC (“over the counter”). Consideram-se medicamentos não sujeitos a receita médica as substâncias ou associações de substâncias utilizadas na prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças, bem como outros produtos que, sejam tecnicamente considerados medicamentos, devendo relativamente a todos eles encontrar-se demonstrada uma relação benefício/risco, claramente favorável à sua utilização e cujo perfil de segurança se encontre bem estudado e seja aceitável no contexto da automedicação. (Decreto-Lei n.º 134/2005, de 16 de Agosto, com as alterações que lhe foram introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 238/2007, de 19 de Junho) Precauções de Utilização dos M.N.S.R.M. Precauções: (A leitura cuidadosa e informada do folheto informativo antes de utilizar qualquer medicamento, pode ajudar a esclarecer alguma destas precauções) 1. Composição qualitativa e quantitativa do medicamento: não se deve tomar o medicamento em questão se existir alergia ou hipersensibilidade a alguns dos constituintes da fórmula; 2. Contra-indicações: no caso de possuir alguma das patologias ou condições descritas sob esta designação, o utente deve abster-se de tomar o medicamento; 3. Interacções medicamentosas: não deve proceder-se à toma do medicamento quando exista toma simultânea de outro medicamento que interaja com este; 4. Efeitos em grávidas e lactentes: existem medicamentos que atravessam a barreira placentária e podem interferir com o normal desenvolvimento do feto. Alguns medicamentos passam também para o leite materno, sendo ingeridos pelo bebé, podendo causar efeitos não desejados; 5. Idosos e crianças: o organismo passa por diversas transformações ao longo da vida. A juventude ou velhice do organismo pode influenciar a metabolização do medicamento e potenciar ou diminuir o seu efeito; 6. Efeitos sobre a capacidade de condução de veículos e utilização de máquinas: deverá ter-se uma atenção especial se, no folheto informativo, este tópico fizer referência aos efeitos negativos na condução de veículos ou utilização de máquinas; 7. Posologia, modo e via de administração: devem seguir-se rigorosamente as indicações deste tópico do Folheto Informativo; 8. Medidas a adoptar em caso de sobredosagem ou intoxicação: neste caso devem seguir-se as instruções do Folheto Informativo, próprias para cada medicamento. No caso de os efeitos serem graves ou de estar descriminado no Folheto Informativo deve recorrer-se a ajuda médica. 9. Conservar os medicamentos nas embalagens originais e guardar o folheto informativo até ter acabado de tomar o medicamento, pois posteriormente poderá ser necessário voltar a consultar. Precauções de Utilização dos M.N.S.R.M. 10. Não ultrapassar os períodos de tratamento recomendados. 11. Deve-se consultar o médico ou aconselhar-se na farmácia: i. Em caso de dúvidas na utilização de qualquer medicamento ou se os sintomas persistirem; ii. Sempre que ocorrerem efeitos indesejáveis que não constem no folheto informativo do medicamento que estiver a utilizar; iii. Se o paciente tiver problemas psicológicos, tais como, ansiedade, inquietação, depressão, agitação, hiper-excitabilidade; iv. Se os sintomas piorarem ou se o paciente tiver uma recaída; v. Se o paciente tiver dores agudas; vi. Se o paciente tiver tentado um ou mais medicamentos sem sucesso. Precauções de Utilização dos M.N.S.R.M. 12. Não utilizar medicamentos aconselhados por familiares ou amigos. Pedir primeiro conselho na farmácia. 13. Medicamentos não receitados pelo médico devem ser tomados por curtos períodos de tempo.14. Verificar sempre o prazo de validade. 15. Manter os medicamentos fora do alcance das crianças. Precauções de Utilização dos M.N.S.R.M. Vantagens dos MNSRM Maior e mais rápida acessibilidade aos medicamentos; Diminuição dos custos para o consumidor; Resolução de patologias ligeiras e de gravidade média de forma mais rápida e cómoda; Evitar o tempo de espera de uma consulta médica e respectivos encargos; Maior escoamento de utentes de unidades prestadoras de cuidados de saúde; Mais tempo livre por parte dos médicos para situações clínicas mais graves; Diminuição de despesas de comparticipação pelo governo; Possível aumento dos lucros da indústria farmacêutica devido à possibilidade desta promover livremente estes medicamentos; Possibilidades dos profissionais de farmácia participarem activamente no aconselhamento farmacoterapêutico; Etc. Desvantagens dos MNSRM Diagnóstico incorrecto com consequente terapia inadequada; Retardamento do reconhecimento das doenças, com possível agravamento; Administração incorrecta de medicamentos; Administração de dosagens inadequadas ou excessivas; Uso do medicamento por período curto ou prolongado demais; Possibilidade do surgimento de efeitos indesejáveis, tais como reacções alérgicas; Possibilidade de disfarçar patologias mais graves e consequente agravamento destas; Consumo indiscriminado de medicamentos, com a banalização do conceito de medicamento; Possibilidade de ocorrência de intoxicações, principalmente por erros de posologia, sobredosagem e interacções medicamentosas. Para a escolha de MNSRM o licenciado em farmácia deve: Seleccionar o medicamento em função do seu perfil farmacológico, é fundamental conhecer as vantagens ou desvantagens de determinadas formulações, o custo do medicamento e a credibilidade do fabricante. Numa escolha adequada deve ter-se em conta os seguintes parâmetros: Eficácia, Segurança, Conveniência e Custo Seleccionar os medicamentos em função do perfil do doente, o técnico tem obrigação de seleccionar uma gama de medicamentos de aconselhamento, que satisfaçam as necessidades do doente. Normas sobre Automedicação Deverão ser estabelecidos protocolos para actuar relativamente a cada tipo de patologia que possa ser tratada através da automedicação. O Profissional deve assegurar-se de que possui suficiente informação para avaliar correctamente o problema de saúde específico de cada utente. Isto deve incluir informação sobre qual é o problema, quais os sintomas, há quanto tempo persistem e se já foram tomados medicamentos. No caso de patologias menores, deverão ser dados conselhos adequados ao utente, só devendo ser-lhe dispensados medicamentos em caso de manifesta necessidade. Dispensa de MNSRM Se for dispensado um medicamento não sujeito a prescrição, deve ter-se em conta a sua qualidade, eficácia e segurança, conveniência e custo, assegurando que o utente não tem dúvidas sobre: 1. a acção do medicamento; 2. a forma como deve ser tomado (como, quando, quanto, modo de preparação, etc.); 3. a duração do tratamento; 4. possíveis efeitos secundários, contra-indicações e interacções (Gravidez e aleitamento, crianças, idosos); 5. Conservação dos medicamentos (Temperatura e humidade). 1. Aguiar, A. H. (2004). A Farmácia e a Comunicação. AJE - Sociedade Editorial, Lda. Lisboa. 2. Harrison, et cols. (1999) Neurologia. In: Harrison et al. Medicina Interna Compêndio. 14ª edição. McGraw-Hill, Portugal. 3. Seeley, Stephens & Tate (1997). Anatomia & Fisiologia. 3ªEdição, Lusodidacta, Lisboa. 4. Goodman and Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 9ªedição. McGraw-Hill Interamericana Editores, S. A., 1996. 5. Terapêutica Medicamentosa e suas Bases Farmacológicas, 4ª edição. Editado por J. Garrett W. Osswald e S. Guimarâes. Porto editora, 2001. 6. Blenkinsopp, Alison; Paxton, Paul; Blenkinsopp, John (2009) - Symptoms in the Pharmacy: A guide to the Management - Publisher: Wiley - Blackwell;ISBN-140518079X – Livraria Escolar Editora Bibliografia
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