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1 FARMACOTERAPIA E ATENÇÃO FARMACÊUTICA 2 SUMÁRIO HISTÓRICO DA FARMÁCIA CLÍNICA ........................................................................ 4 PRINCÍPIOS DA FARMÁCIA CLÍNICA E ATENÇÃO FARMACÊUTICA .................... 7 ATENÇÃO FARMACÊUTICA ...................................................................................... 8 ATENÇÃO FARMACÊUTICA .................................................................................... 11 PLANEJAMENTO DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA ................................................ 13 PRINCÍPIOS DE PREVENÇÃO DE DOENÇAS ........................................................ 15 SEMIOLOGIA FARMACÊUTICA ............................................................................... 21 MODELO DE FICHA DE ANAMNESE FARMACÊUTICA ......................................... 25 SEGUIMENTO FARMACOTERAPÊUTICO DE PACIENTES ................................... 31 Método de Dáder ....................................................................................................... 35 REAÇÕES ADVERSAS A MEDICAMENTOS - RAM ................................................ 43 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS ........................................................................ 44 FERRAMENTAS DA FARMÁCIA CLÍNICA ............................................................... 48 FARMACOVIGILÂNCIA ............................................................................................ 48 PROCESSO DE DISPENSAÇÃO - FARMACOVIGILÂNCIA .................................... 50 FARMACOEPIDEMIOLOGIA .................................................................................... 51 FARMACOECONOMIA ............................................................................................. 55 Custos ....................................................................................................................... 56 Tipos de Análise Econômica ..................................................................................... 58 FARMACOCINÉTICA CLÍNICA ................................................................................. 61 CENTRO DE INFORMAÇÕES SOBRE MEDICAMENTOS - CIM ............................ 62 MEDICAMENTOS ESSENCIAIS ............................................................................... 63 PESQUISA CLÍNICA ................................................................................................. 64 PROTOCOLOS CLÍNICOS ....................................................................................... 68 PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA ............................................................................. 69 PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA ............................................................................. 70 FARMÁCIA CLÍNICA E ATENÇÃO FARMACÊUTICA EM GRUPOS ESPECÍFICOS DE PACIENTES ........................................................................................................ 70 PACIENTE HIPERTENSO ........................................................................................ 71 Investigação Clínica e Decisão Terapêutica.............................................................. 72 Tratamento Não Farmacológico ................................................................................ 73 Tratamento Medicamentoso ...................................................................................... 74 3 PACIENTE DIABÉTICO ............................................................................................ 77 Diagnóstico................................................................................................................ 78 Prevenção ................................................................................................................. 78 Esquemas Farmacoterapêuticos ............................................................................... 79 PACIENTE DISLIPIDÊMICO ..................................................................................... 81 Tratamento farmacoterapêutico ................................................................................ 83 PACIENTE ASMÁTICO ............................................................................................. 84 CARACTERÍSTICAS DO PACIENTE ASMÁTICO .................................................... 85 Atendimento ao Paciente Asmático ........................................................................... 86 PACIENTE ONCOLÓGICO ....................................................................................... 87 Protocolo de Acompanhamento nervoso e preocupado com a doença .................... 89 PACIENTE IDOSO .................................................................................................... 91 Princípios de Prescrição de Drogas para Idosos....................................................... 91 SAÚDE DA MULHER ................................................................................................ 94 PACIENTE GESTANTE ............................................................................................ 96 USO DE MEDICAMENTOS NA LACTAÇÃO .......................................................... 102 PACIENTE PEDIÁTRICO........................................................................................ 104 USO RACIONAL DE ANTIMICROBIANOS ............................................................. 106 FARMACOLOGIA CLÍNICA .................................................................................... 111 FARMACOCINÉTICA CLÍNICA ............................................................................... 111 FARMACODINÂMICA CLÍNICA .............................................................................. 113 CONSIDERAÇÕES FARMACOLÓGICAS FINAIS .................................................. 116 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 121 4 HISTÓRICO DA FARMÁCIA CLÍNICA Ao final da segunda Guerra Mundial dá-se início a história da farmácia clínica moderna. Devido ao ambiente de grande desenvolvimento tecnológico e econômico, ocorreu o lançamento de diversos medicamentos e a entrada de uma tecnologia farmacêutica capaz de uma produção em grande escala. O grande desenvolvimento tecnológico, principalmente dos EUA, fez com que houvesse uma inversão de valores, diminuindo a produção de medicamentos de manipulação magistral (manipulação de fármacos de forma rústica e em pequena escala), para a produção de medicamentos em grande escala, por meio da indústria farmacêutica. Por intermédio desses fatos, os farmacêuticos começaram a repensar o currículo dos cursos de Farmácia, tendo um direcionamento para as atividades clínicas. Isso acarretou em uma mudança no eixo de pensamento, em que o farmacêutico começa migrar da manipulação para a assistência aos pacientes. INDÚSTRIA FARMACÊUTICA NA 2ª GUERRA MUNDIAL <http://www.tevabrasil.com.br/main/sobre-nos/linha-do-tempo/>. A partir da década de 60, devido ao uso indiscriminado do medicamento talidomida e as sequelas trágicas por ele ocasionadas, ocorreu uma maior preocupação com o usuário do medicamento, sendo que, tornou-se imprescindível a avaliação clínica das novas drogas e o acompanhamento em longo prazo dos medicamentos comercializados. Começam a surgir nessa ocasião às ciências como a farmacoepidemiologia e http://www.tevabrasil.com.br/main/sobre-nos/linha-do-tempo/ 5 a farmacovigilância em que, o acompanhamento do uso dos medicamentos comercializados começa a melhorar a segurança do usuário de medicamentos. TRAGÉDIA DA TALIDOMIDA <http://www.ff.up.pt/toxicologia/monografias/ano0506/talidomida/efeitos.htm>. O mundo passava por uma transformação intensa neste período, e as Ciências Farmacêuticasnão ficaram para traz, acompanhando toda esta mudança pós-guerra. Entretanto, elas não chegaram ao nosso país, nesse primeiro momento, pois o modelo adotado aqui contemplava a formação por meio das habilitações nas áreas de análises clínicas, industrial ou de alimentos. E as disciplinas da área clínica, farmacologia clínica, farmacoterapia e semiologia eram praticamente inexistentes na prática, enquanto as disciplinas voltadas para a química (geral, orgânica, analítica e físico-química) dominavam a grade curricular dos cursos de http://www.ff.up.pt/toxicologia/monografias/ano0506/talidomida/efeitos.htm 6 farmácia. No país, esse panorama começou a alterar, quando farmacêuticos em hospitais começaram a introduzir novas técnicas de dispensação, tais como: dose- unitária e as atividades clínicas na rotina de trabalho. Na década de 80, começaram a surgir nos cursos de graduação de Farmácia, em algumas instituições de ensino superior, as disciplinas de Farmácia hospitalar, Farmácia clínica e farmacoterapia, gerando o início das atividades clínicas também fora dos hospitais. Por volta de 1990 o farmacêutico retorna às origens e reencontra a vocação assistencial, nesse mesmo período surge à atenção farmacêutica, sendo considerada, hoje em dia, a principal atividade do farmacêutico. A atenção farmacêutica é um processo dinâmico e que abrange diversas áreas, tais como: anamnese, análise, orientação, seguimento, conhecimentos de farmacologia, patologia, semiologia, interpretação de dados laboratoriais e as relações interpessoais. Mais recentemente ocorreu a introdução do perfil generalista para as faculdades de farmácia, com o foco voltado para as atividades clínicas, em que ganhou grande destaque as disciplinas de Farmácia clínica, farmacoterapia, Farmacologia clínica e atenção farmacêutica. FARMACÊUTICO GENERALISTA <http://hrhds.blogspot.com.br/2012/01/farmaceutico-parabens-pelo-seu- dia.html>. Hoje a prática clínica na farmácia é um instrumento imprescindível para o http://hrhds.blogspot.com.br/2012/01/farmaceutico-parabens-pelo-seu- 7 sucesso terapêutico, assim como uma peça fundamental e segura na dispensação e administração de fármacos, para o paciente. Para que os farmacêuticos possam desempenhar, da melhor forma possível, a farmácia clínica e a assistência farmacêutica, possibilitando com essas ferramentas aumentar a eficácia e segurança da terapia, ele deve estar muito atento às novidades do ramo, assim como devem estar muito bem informados, principalmente sobre o uso racional de medicamentos e a farmacoterapia. É preciso deixar bem claro que a Farmácia Clínica não está exclusivamente voltada para o ambiente hospitalar, sendo que, ela pode ser exercida em todas as áreas de atuação do farmacêutico, em que ele esteja em contato direto com o paciente. Na farmácia clínica o objetivo principal é alcançar os resultados, ou seja, a cura do paciente. Por meio do nosso curso, o farmacêutico terá as ferramentas básicas de trabalho para o exercício da farmácia Clínica. Aquele profissional que deseja trabalhar em contato direto com os pacientes, exercendo a clínica farmacológica, deve ter uma série de conhecimentos e habilidades específicas, as quais serão discutidas no decorrer do nosso curso. PRINCÍPIOS DA FARMÁCIA CLÍNICA E ATENÇÃO FARMACÊUTICA Na atualidade, o profissional que deseja trabalhar na Farmácia Clínica, exercendo principalmente a atenção farmacêutica, precisa ter muito bem definidos alguns conceitos, e saber o tamanho de sua responsabilidade para o sucesso farmacoterapêutico do paciente. Com a atenção farmacêutica você poderá melhorar os resultados clínicos, por meio de um direcionamento da terapia farmacológica, com aconselhamentos de condutas terapêuticas, programas educativos sobre os medicamentos, e até mesmo a elaboração de protocolos clínicos terapêuticos. Para que se alcance este objetivo, você deve estabelecer estes protocolos e principalmente realizar um acompanhamento / monitoramento dos resultados junto ao paciente. É muito importante que o profissional esteja sempre motivando o paciente, para que o mesmo não abandone o tratamento farmacológico. O farmacêutico é o profissional da saúde mais próximo da população, por isso, é uma peça fundamental para o sucesso e adesão do paciente ao tratamento 8 farmacológico. O tratamento e as condutas podem ser realizados de forma individual, em grupos ou em família. Cabe ao profissional identificar qual a melhor conduta a ser realizada. Sendo o farmacêutico, o elo do processo paciente/medicamento, você deve sempre que possível realizar um trabalho multidisciplinar, informando os outros profissionais envolvidos, sobre os possíveis erros ou melhorias que podem ser adotadas na terapia, para que o paciente assuma o tratamento farmacológico da forma correta. Diversos estudos apontam que uma atenção farmacêutica realizada da forma correta, aumenta a adesão do paciente ao tratamento, reduz os custos com internações no sistema de saúde, ao controlar e notificar reações adversas, interações farmacológicas, alcançando com isso uma melhora na qualidade de vida do paciente. Segundo Bisson (2007), podemos definir a farmácia clínica como sendo, toda a atividade executada pelo farmacêutico voltada diretamente ao paciente por meio do contato direto com este ou pela orientação a outros profissionais clínicos, como o médico e o dentista. A atenção farmacêutica está inserida dentro do conceito de Farmácia clínica, e é a principal ferramenta utilizada na prática clínica. Segundo Hepler & Strand (1990), a missão principal do farmacêutico é prover a atenção farmacêutica, que é a provisão responsável de cuidados relacionados a medicamentos com o propósito de conseguir resultados definitivos que melhorem a qualidade de vida dos pacientes. ATENÇÃO FARMACÊUTICA <http://semanaracine.com.br/tag/assistencia-farmaceutica/>. http://semanaracine.com.br/tag/assistencia-farmaceutica/ 9 A melhora da qualidade de vida do paciente é o objetivo principal da farmácia clínica e da atenção farmacêutica. Entende-se como melhora de vida do paciente, os seguintes pontos: * Cura da doença; * Eliminação dos sintomas; * Controle do progresso da doença; * Prevenção das doenças ou dos sintomas. Para que esses pontos sejam alcançados o farmacêutico deve identificar os problemas relacionados aos medicamentos, resolver estes problemas e preveni-los. Na tabela serão apresentados os problemas mais relacionados com os medicamentos. TABELA - PRINCIPAIS PROBLEMAS COM MEDICAMENTOS Problema Definição do Problema Indicações sem tratamento Quando o paciente tem um problema e não está recebendo um tratamento medicamentoso. Sobredosagem É um problema muito sério, podendo levar à morte. Ocorre quando a dose estipulada para o tratamento é muito elevado, podendo ser tóxica. Seleção inadequada do medicamento É outro problema grave, ocorre quando o tratamento farmacológico não é indicado para a patologia do paciente. Dosagem Subterapêutica Diferentemente da seleção inadequada do medicamento, o paciente está recebendo o medicamento correto, mas em uma dosagem inferior a dosagem terapêutica. 10 FONTE: Adaptado do livro Farmácia Clínica & Atenção farmacêutica. Bisson, Marcelo Polacow (2007). Além desses problemas citados no quadro acima, temos que ter em mente que o tratamento farmacológico é algo individual, ou seja, cada paciente pode ter uma resposta única para um mesmo medicamento. Cabe aí a experiência do profissional no acompanhamento e na análise dos possíveis problemas que o paciente pode apresentar. Outro fator importante que podemos citar é a vontade do paciente, ou seja, o paciente é responsável pelo sucesso terapêutico. Uma vez que,o não cumprimento das determinações do prescritor e das orientações do farmacêutico, no ato da compra, não seja cumprido, o tratamento farmacológico terá uma grande probabilidade de falha ou, dependendo do caso, de uma cura parcial da patologia. Por esse motivo, durante o atendimento farmacêutico, deve ser frisado que ele, o paciente, tem uma grande parcela de responsabilidade para com o sucesso do tratamento, seja ele farmacológico ou não. Segundo Bisson (2007), a relação paciente-farmacêutico é fundamental para atingir os objetivos propostos, porém é necessário haver pleno consentimento por parte do primeiro para a realização do processo de acompanhamento farmacoterapêutico e educação. Não recebimento da medicação Este é um problema social, em que por questões financeiras, político e pessoal, o paciente não recebe a medicação para o seu tratamento. RAM - Reação Adversa ao Medicamento Como o próprio nome já diz, é um problema relacionado a um efeito adverso ou uma reação adversa ao medicamento, o qual faz com que o paciente deixe de utilizar o medicamento. Interações Medicamentosas É um dos problemas mais comuns na atualidade, ocorre devido à interação dos medicamentos utilizados com outros medicamentos, alimentos ou exames laboratoriais. Automedicação Problema gravíssimo e muito comum, quando o paciente utiliza medicamentos indicados por amigos, vizinhos, conhecidos, balconistas. 11 É necessário que haja uma relação de consentimento, confiança mútua, além de uma autorização formal para que o farmacêutico exerça suas atividades clínicas. Durante a consulta, o farmacêutico deve passar segurança e confiança para o paciente, principalmente sobre os assuntos ali tratados, deixando bem claro a confidencialidade da consulta, mantendo sigilo de todas as informações ali ditas. O paciente sentindo essa confiança no profissional passará cada vez mais informações importantes, que auxiliaram o profissional na orientação ao tratamento mais adequado. A OMS / OPAS trata que "a missão da prática farmacêutica é prover medicamentos e outros produtos e serviços para a saúde e ajudar as pessoas e a sociedade a utilizá-los da melhor forma possível." A prática da Farmácia Clínica busca a promoção da saúde por parte do farmacêutico, e a atenção farmacêutica está inserida neste contexto. Entende-se por promoção da saúde o resultado definitivo da cura, o controle e/ou retardamento de uma patologia, compreendendo aspectos de eficácia e segurança. Dentro da atenção farmacêutica estão inseridas algumas condutas, dentre elas podemos citar o atendimento farmacêutico e a intervenção farmacêutica. ATENÇÃO FARMACÊUTICA Atualmente o Farmacêutico em suas atividades rotineiras na farmácia / drogaria comercial e até mesmo hospitalar, fica envolvido em muitos processos administrativos / burocráticos e, esquece-se do seu foco principal, que é o atendimento de qualidade ao paciente. Temos que gerenciar melhor o nosso tempo, delegando certas tarefas aos colaboradores / funcionários do estabelecimento e informatizar os processos rotineiros, para que consigamos maximizar tempo, e com isso, colocar o paciente como foco principal de trabalho. Quando não há possibilidade do Farmacêutico responsável delegar certas tarefas, pois se trata de funções exclusivas, e que necessitam de conhecimento técnico elevado para o exercício da função, o farmacêutico deve propor a contratação de outros profissionais farmacêuticos, para que os mesmos realizem a atenção farmacêutica e o ajude nos processos específicos. Porém, nós sabemos que nem sempre é possível a contratação de outros profissionais e é aí que deixamos de lado a atenção farmacêutica (paciente) e ficamos envolvidos apenas 12 com os processos administrativos / burocráticos. Essa situação é muito comum em diversos estabelecimentos, onde, na maioria das vezes a população não sabe nem quem é o farmacêutico e o confunde com um balconista ou técnico, pois o mesmo sempre está envolvido na frente de um computador resolvendo problemas administrativos, tais como: Relatórios, compras, planejamentos, armazenamento de medicamentos e outros. Temos que mudar este panorama, utilizando nossos conhecimentos específicos, demonstrando a importância da Atenção farmacêutica e os resultados alcançados. Mas para que o Farmacêutico brasileiro possa mudar este panorama ele deve estar apto a desenvolver a atenção farmacêutica, o que exige o desenvolvimento de suas habilidades e conhecimentos. Para o exercício da atenção ao paciente, o profissional deve ter os seguintes conhecimentos / habilidades: Ter habilidades interpessoais, ou seja, ser uma pessoa social, comunicativa de fácil relacionamento; Conhecer profundamente as patologias; Conhecimento da terapia farmacológica e consequentemente da farmacologia; Conhecimento de terapias alternativas; Saber interpretar exames laboratoriais de forma correta; Ter uma planilha de controle e monitoramento do paciente; Ter o mínimo conhecimento sobre a avaliação física do paciente; Deve ter um planejamento terapêutico. Como podemos observar são diversas, as habilidades e conhecimentos que o profissional deve possuir para exercer a Atenção correta ao paciente. A atenção farmacêutica pode ser realizada em praticamente todos os campos de atuação do farmacêutico, desde que haja um contato entre o farmacêutico e o paciente. Segue abaixo algumas áreas de atuação do farmacêutico que podemos desenvolver a atenção farmacêutica ao paciente: Farmácia Hospitalar e seus setores (ambulatório, UTI, etc.); 13 Farmácia pública; Farmácia Nuclear, entre outras. A atenção farmacêutica é muito útil no acompanhamento de pacientes, principalmente para aqueles grupos especiais, tais como: idosos, crianças, obesos, psiquiatria, diabéticos, hipertensos, asmáticos, entre outros. A atenção farmacêutica deve ser uma prática focada no paciente. Segundo Bisson (2007), a prática focada no paciente baseia-se no fato de o farmacêutico colocar como centro do seu trabalho o cuidado do paciente, deixando de lado todas as outras funções (manipulação, logística e administração, entre outras). Além da dispensação de medicamentos, o farmacêutico deve conferir todas as prescrições que chegam até ele, utilizando para isso, todos os seus conhecimentos técnicos científicos, os relativos às reações adversas a medicamentos, dados farmacocinéticos e perfil clínico do paciente, com o objetivo de buscar o melhor acompanhamento farmacoterapêutico. Eventuais intervenções propostas aos pacientes ou aos prescritores devem ser anotadas em fichas próprias ou arquivos informatizados. PLANEJAMENTO DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA Podemos evidenciar que a atenção farmacêutica necessita de diversos conhecimentos e pode ser aplicada em diversas áreas dentro da farmácia. Mas para que seja possível a implantação correta da atenção ao paciente é preciso que o farmacêutico saiba planejar, ou seja, deve ser realizado um planejamento cuidadoso e muito bem elaborado, para que sejam alcançados os resultados esperados. Nesse planejamento o farmacêutico deve ter em mente alguns pontos, antes de iniciar um modelo de projeto de atenção farmacêutica. Para isso, ele deve realizar os seguintes questionamentos: * Qual a realidade desta região? (perfil dos pacientes - socioeconômico, sexo, idade, escolaridade e religião); * Que tipo de atenção farmacêutica será realizado? (Ambulatorial, residencial, Farmácia comercial ou pública); 14 * Quais as patologias mais comuns nesta região? (perfil epidemiológico) * Que tipos de instalações físicas você possui? * Qual será o protocolo de trabalho? * Há necessidade de outros profissionais? Qual a quantidade? (farmacêuticos, técnicos ou outros).Após esses questionamentos o farmacêutico já terá condições de montar um projeto de atenção farmacêutica, em que deverão constar os motivos da atenção farmacêutica naquela região, assim como os benefícios e os resultados que serão esperados com a ação. Nesse projeto devemos detalhar as atividades que serão desenvolvidas, quais profissionais estarão envolvidos, que tipo de materiais será necessário e a verba necessária para a realização. Outro ponto importante que deve constar no projeto de atenção farmacêutica é o cronograma de realização das atividades, ou seja, o cronograma de implantação. Para finalizar, devem ser colocados os resultados, apresentados na forma de planilhas, gráficos, tabelas, etc. Acabamos de resumir um processo de planejamento e de elaboração de um projeto de atenção farmacêutica. É importante destacar que, o farmacêutico deve elaborar o seu projeto de atenção farmacêutica voltada para a realidade da região em que atua. Na figura damos um exemplo simples de modelo de projeto de Atenção farmacêutica. 15 FIGURA - MODELO DE TRABALHO EM ATENÇÃO FARMACÊUTICA FONTE: Adaptado de OPAS / OMS (2002). PRINCÍPIOS DE PREVENÇÃO DE DOENÇAS Entende-se por prevenção de doenças, todas as técnicas/ferramentas utilizadas por profissionais de saúde (Médicos, farmacêuticos, enfermeiros, etc.) para se evitar a instalação de uma patologia/doença. Como dito anteriormente o principal objetivo da Farmácia clínica é a cura ou prevenção de doenças, em que o médico e o farmacêutico são peças fundamentais no sucesso da terapia, desempenhando um papel importantíssimo na educação do paciente. Para o sucesso da prevenção de doenças é necessário uma atividade multidisciplinar, em que o médico e farmacêutico sejam parceiros, onde cada um, atuando na sua área, pode contribuir ainda mais para o sucesso terapêutico, principalmente na prevenção de doenças. Tanto o médico quanto o farmacêutico possuem o mesmo objetivo, que é a prevenção, tratamento e cura do paciente, por esse motivo devem trabalhar em conjunto. 16 Embora as evidências demonstrem que o serviço de prevenção, realizado primeiramente pelo médico e posteriormente pelo farmacêutico, possa reduzir muito os custos médico-hospitalares, contribuindo para prolongar a vida dos pacientes, ela não vem acontecendo, ou vem acontecendo em casos raros. A informação correta é a melhor maneira para ajudar na prevenção de doenças, quando esta informação não é passada no consultório médico, ou o paciente não a entende corretamente, o farmacêutico deve enfatizar as informações corretas sobre o uso dos medicamentos e informações sobre cuidados não medicamentosos que o paciente possa necessitar. Basicamente a prevenção de saúde pode ser dividida em prevenção primária, secundária e terciária. Em que, a prevenção primária é o conjunto de ações que tem por objetivo evitar a doença na população. Para isso, devem ser removidas as causas da doença, diminuindo com isso a incidência da mesma. A vacinação, o tratamento de água, informações sobre doenças, são todos exemplos de prevenção primária. Já a prevenção secundária pode ser definida como sendo uma série de medidas que objetivam impedir a evolução da doença já existente, ou seja, detectando a doença precocemente e com isso evitando as suas complicações. O autoexame de mamas são exemplos clássicos de prevenção secundária. Por fim, a prevenção terciária pode ser definida como sendo a reabilitação e a reinserção social do paciente, em que por meio de ações, objetiva reduzir a incapacidade de forma a lhe proporcionar melhores condições de vida. FIGURA - NÍVEIS DA PREVENÇÃO <http://www.inf.furb.br/sias/saude/Textos/Prevencao.htm>. http://www.inf.furb.br/sias/saude/Textos/Prevencao.htm 17 Na Farmácia Clínica, mais precisamente na atenção farmacêutica, o foco principal será a prevenção primária, pois, devemos sempre orientar para evitar a instalação da doença. A maioria das doenças pode ser evitada e na maioria das vezes apenas com a orientação preventiva. No caso do tabaco, uma importante substância responsável por inúmeros casos de problemas pulmonares, além de cânceres. O farmacêutico deve saber a melhor forma de conduzir uma consulta farmacêutica para este tipo especial de paciente, podendo enfatizar os seguintes pontos para o paciente, durante a consulta: * Você sabe quais os riscos para a sua saúde com o uso do tabaco? E para os seus familiares não fumantes, sabe quais as consequências? * Você tem vontade de parar com o tabaco? Está preparado para abandonar este vício? * Sabe quais são as alternativas farmacológicas ou não farmacológicas para abandonar este vício? São questionamentos que irão aproximá-lo do paciente. Lembre-se que o farmacêutico deve entender e demonstrar profundo conhecimento sobre o assunto, respondendo e sanando todas as dúvidas que pairam no ar. Lembre-se que você jamais deve ser autoritário com o paciente, muito pelo contrário, deve ganhar sua confiança, para que consiga alcançar os objetivos. Deve enfatizar para o paciente que só depende dele para abandonar o vício e que ele é o fator principal para o sucesso da terapia. Após todos esses esclarecimentos, você deve estabelecer, juntamente com o paciente, uma data para a parada da nicotina, acompanhá-lo durante todo este processo, inclusive elevando sua moral e força de vontade, isso pode ser feito por literaturas especializadas sobre o assunto, dependendo do caso pode-se utilizar uma suplementação de nicotina para auxiliar no processo e melhorar a perspectiva de sucesso. Deve orientar o paciente que ele deve realizar um acompanhamento médico durante todo este processo. 18 FIGURA - TABACO - VOCÊ SABIA? http://afepunesp.blogspot.com.br/2012_08_01_archive.html#.Ub_Kmfk3vRM>. A mesma dinâmica clínica pode ser utilizada para o caso de outras substâncias, tais como o álcool e as drogas de abuso. Segundo Bisson (2007), o uso de álcool e drogas ocasiona mais de 100.000 mortes anualmente nos EUA. Por esse motivo, a atuação do farmacêutico na assistência ao paciente, por meio de aconselhamentos, indicação de programas educativos ambulatoriais e em casos mais graves a introdução da terapêutica medicamentosa é de suma importância. http://afepunesp.blogspot.com.br/2012_08_01_archive.html#.Ub_Kmfk3vRM 19 FIGURA - ÁLCOOL - VOCÊ SABIA? <http://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/sem-exageros- bebidas- alcoolicas-oferecem-nutrientes-ajudam-prevenir-doencas-7342835.html>. Outra atuação importante do farmacêutico clínico é no tratamento, acompanhamento de paciente com problemas cardíacos, câncer, doenças ortopédicas e diabetes. Todas essas patologias estão ligadas por um fator predisponente, o excesso de peso. São várias as evidências clínicas que a modificação da ingestão calórica pode reduzir a mortalidade desses tipos de doenças. A redução de peso é classificada como uma prevenção primária de doenças. Podemos verificar que o consumo de gorduras está intimamente relacionado aos altos índices de colesterol, doenças coronarianas e vasculares. Segundo Bisson (2007), quando o consumo de gordura saturada está http://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/sem-exageros- 20 correlacionado com o nível de colesterol, doenças coronarianas são reduzidas em 2 a 3% para cada 1% de redução no nível do colesterol plasmático; a modificação dietética tem sido a maneira primária de diminuir a mortalidade nos EUA. O farmacêutico pode e deve ajudar o médico / nutricionista na reeducação alimentar do paciente obeso. Essa ajuda virá na forma de recomendações, orientações, inclusive podendo realizar as medidas corpóreas do paciente, explicando quais alimentos evitar, e quaisalimentos consumir em maior quantidade. Na atenção farmacêutica é imprescindível que o profissional instrua o paciente, informando que o aumento na ingestão de alimentos gordurosos está associado há um risco maior de doenças, além daquelas citadas acima, podemos destacar: tumores malignos de mama, câncer de intestino, cólon, próstata e pulmão. Já uma alimentação rica em fibras pode auxiliar na diminuição da incidência de câncer no intestino, por exemplo. Outra medida importante que o farmacêutico deve enfatizar é a redução de açucares, sugerindo a substituição por mel, para os não diabéticos e de adoçantes para os diabéticos. A redução de sal de cozinha é outro fator predisponente na prevenção de doenças arteriais, tais como a hipertensão. Lembre-se que o papel do farmacêutico nesse sentido é o de aconselhamento ao paciente, obedecendo às orientações do nutricionista, pois este profissional é que irá estabelecer os objetivos e formular a dieta mais adequada para cada paciente. FIGURA – OBESIDADE <http://saudedigestiva.blogspot.com.br/2011/01/o-impacto-da-obesidade-no- sistema.html>. http://saudedigestiva.blogspot.com.br/2011/01/o-impacto-da-obesidade-no- 21 Além de a reeducação alimentar, o farmacêutico pode orientar o paciente obeso sobre a importância da atividade física para o seu bem-estar, e quais os benefícios essa atividade física pode proporcionar para a sua saúde. É muito importante que, durante a consulta farmacêutica o profissional deixe bem claro para o paciente, que antes de iniciar qualquer tipo de atividade física deve primeiramente procurar seu médico e posteriormente um profissional de educação física. Outro exemplo de prevenção primária pode ser verificado no comportamento sexual, pois a correta orientação sobre a importância da utilização do preservativo, informando sempre os riscos do sexo sem proteção. Na farmácia clínica, o farmacêutico cumpre um papel muito importante, pois pode atuar em diversas áreas na prevenção de doenças e riscos para o paciente. Para que o farmacêutico possa desempenhar suas atividades o mesmo deve possuir um conhecimento vasto sobre diversos assuntos e deve sempre manter uma relação de amizade, proximidade com o paciente. Durante a consulta farmacêutica deve-se criar um clima de harmonização, alegria e confiabilidade para o sucesso do tratamento. O farmacêutico tem a capacidade técnico-científica para orientar o paciente em diversas áreas. Outros exemplos de prevenção primária no qual o farmacêutico está inserido são: Imunização, vacinação, profilaxia medicamentosa, entre outros. SEMIOLOGIA FARMACÊUTICA A semiologia farmacêutica é a disciplina que estuda, por meio dos sinais (signos), determinadas reações adversas aos medicamentos (RAM) e problemas relacionados a medicamentos (PRM). Diferentemente da semiologia médica que estuda, por meio dos signos, a identificação de patologias no paciente. Uma ferramenta muito útil na semiologia Farmacêutica é a anamnese. Anamnese pode ser entendida como sendo, uma entrevista realizada pelo profissional da saúde (médico, psicólogo, farmacêutico), que utiliza técnicas próprias para estabelecer uma avaliação e diagnóstico. Além da avaliação e diagnóstico, busca-se o conhecimento de detalhes da vida do paciente. O comportamento do paciente, sentimentos, conflitos psicossociais, são muito importantes no auxílio da interpretação ou para complementar as informações obtidas por exames ou métodos complementares de 22 diagnóstico. Por meio da anamnese, buscam-se reconhecer as três dimensões do espaço diagnóstico: paciente, patologia e as causas, circunstâncias. FIGURA - MAPA DA ANAMNESE <http://proavirtualg30.pbworks.com/w/page/18671521/MAPA%20DE%20ANA MNESE>. O farmacêutico deve buscar durante a anamnese, que o paciente relate todas as informações, faça um histórico da sua vida, relatando todos os sintomas que apresenta, inclusive informando a ordem cronológica com que ocorreram e com qual frequência. Muitas vezes, para o paciente, certa informação não é importante, mas para o profissional, esta informação é primordial para o esclarecimento, diagnóstico da patologia ou problema. Quando o paciente, por qualquer motivo que seja não relata certos fatos ao profissional, ele pode estar comprometendo a terapêutica. Há outros casos em que o paciente não tem condições de relatar na totalidade e de forma fidedigna a sua história, podemos citar como exemplos as crianças, bebês, pessoas com distúrbios http://proavirtualg30.pbworks.com/w/page/18671521/MAPA%20DE%20ANAMNESE http://proavirtualg30.pbworks.com/w/page/18671521/MAPA%20DE%20ANAMNESE 23 mentais, outro idioma, certos termos coloquiais utilizados, etc. Para a obtenção de uma anamnese de boa qualidade o farmacêutico deve seguir alguns princípios básicos: * Estar atento e motivado no relato do paciente; * A anamnese deve ser realizada em local separado da área comum do estabelecimento, de preferência na sala de atenção farmacêutica; * Não pode conter interrupções ao atendimento durante a consulta; * O farmacêutico tem que disponibilizar o tempo que for necessário para ouvir o relato do paciente; * O farmacêutico deve estar atento aos sinais do paciente, durante a anamnese; * Não interromper o relato do paciente até que o mesmo tenha terminado, ou em momentos críticos do relato; * Prestar atenção em todos os fatos relatados pelo paciente, inclusive realizando anotações sempre que julgar necessário; * O farmacêutico não deve discutir com o paciente sobre opiniões relatadas (homossexualismo, machismo, política, etc.); * Deve auxiliar o paciente a lembrar sobre fatos de sua vida que tenha importância clínica / médica; * O farmacêutico deve ter conhecimento científico sobre fisiopatologias, farmacologia, anatomia humana e a história natural das doenças; Ao final da Anamnese o farmacêutico deve se questionar se conseguiu alcançar os objetivos principais e a obtenção de informações suficientes para poder realizar a orientação. Caso ao final da anamnese, ainda restam dúvidas, o farmacêutico deve verificar nos seus questionamentos onde ocorreu o erro e posteriormente complementar com outros questionamentos, até conseguir o total entendimento do grau de exatidão das informações. Para que o Farmacêutico não se "perca" durante a anamnese, e venha a cometer algumas falhas, ele pode utilizar um roteiro, o qual, irá agilizar a consulta e o dará maior confiança na realização da anamnese. Dessa forma, o farmacêutico 24 não ficará preocupado em se esquecer de certas perguntas importantes, mesmo quando o paciente se prolonga na descrição de um determinado sintoma. O farmacêutico deve tomar um cuidado especial com o roteiro, para que o mesmo não se transforme em algo mecânico, em apenas um ato de fazer perguntas e anotar respostas. Para que isso seja evitado, o profissional deve sempre realizar a pergunta e olhar diretamente para o paciente, verificando todos os sinais demonstrados durante o relato. Tabela - Pontos que devem ser abordados no roteiro da Anamnese Pontos abordados na Anamnese Descrição 1. História Pregressa do paciente Neste ponto o farmacêutico deve pesquisar informações referentes ao passado do paciente. Deve buscar informações sobre os seguintes dados: doenças prévias, traumatismos, gestações e partos, cirurgias, hospitalizações, exames laboratoriais já realizados, vacinas, medicamentos antigos e atuais que faz uso, tabaco, álcool, drogas, entre outras informações que julgar importante. 2. Histórico Familiar Neste ponto o farmacêutico deve realizar um levantamento do histórico familiar. Aqui devemos buscar informações sobre comportamento, caráter familiar, doenças na família, e toda informação familiar que julgar importante. 3. História PsicossocialNeste ponto devemos verificar como é a vida do paciente, do ponto de vista psicossocial. Como é o relacionamento dele com as outras pessoas, devemos avaliar o nível de stress diário, qual a sua personalidade, situação socioeconômica atual, qual a importância da patologia em curso na sua vida 4. Histórico dos sintomas Neste tópico devemos buscar o maior número de informações sobre os sintomas relatados pelo paciente, inclusive, a quantidade e a ordem cronológica dos mesmos. MODELO DE FICHA DE ANAMNESE FARMACÊUTICA <http://boaspraticasfarmaceuticas.blogspot.com.br/2011/02/anamnese- farmaceutica.html>. Acesso em: 24 jun. 2013. Analisando a tabela e as figuras 10 e 11, parece que, realizar a anamnese e o roteiro são trabalhos muito simples e fácil, mas na prática clínica a situação é bem diferente, pois não temos sempre o mesmo tipo de paciente, o farmacêutico deve ter um jogo de cintura, pois, irá atender vários tipos de pessoas e para cada tipo ele terá que agir de forma específica. Vou listar abaixo os principais tipos de pacientes que você pode encontrar na http://boaspraticasfarmaceuticas.blogspot.com.br/2011/02/anamnese- clínica: a) Paciente sugestionável - é aquela pessoa que não pode ouvir falar de uma doença, que já se queixa dos sintomas. O farmacêutico deve identificá-lo logo no início da anamnese e o tratamento deve ser cuidadoso. Busque passar confiança ao paciente sugestionável, e utilize da informação técnico-científico para auxiliá-lo no tratamento. Normalmente, para esse tipo de paciente, não se utiliza um tratamento farmacológico e sim uma boa conversa e muita informação. b) Paciente ansioso - é aquele paciente precipitado, nervoso, apavorado, perna e braço irrequieto. O principal objetivo aqui é primeiramente acalmar o paciente, para depois iniciarmos a anamnese correta. Inicie a conversa com temas que não estejam relacionados com a sua patologia, como por exemplo, falar de um filme, futebol, etc. c) Paciente eufórico - é o tipo de pessoa que muda de assunto toda hora, não consegue completar um raciocínio, tem um humor exaltado, fala em tom alto, normalmente. Por não completar as perguntas torna-se um paciente difícil de caracterizar. O primeiro passo aqui é tentar acalmar o paciente, informando sobre a importância da conversa para o sucesso terapêutico. d) Paciente hostil - é o tipo de paciente que vive de mau-humor, principalmente quando o assunto são os sinais e sintomas que sente. Logo no início da anamnese o farmacêutico irá perceber as respostas hostis deste tipo de paciente. É importante jamais devolver as hostilidades recebidas. Apesar da hostilidade nas suas respostas este tipo de paciente consegue passar a grande maioria das informações. e) Paciente Hipocondríaco - este paciente encontra doença, sinais e sintomas em tudo na sua vida. Não confia no que o médico diz e muito menos em resultados de exames. É um paciente que utiliza, na maioria das vezes, por conta própria, vários tipos de medicamentos. O farmacêutico percebendo este tipo de paciente deve orientá-lo sobre o uso correto dos medicamentos e descartar a possibilidade de interação medicamentosa. f) Paciente deprimido - dependendo do tipo de depressão (neurótica, psicótica, endógena) é de difícil identificação durante a anamnese farmacêutica. O profissional deve ter muita calma, pois o processo com este tipo de paciente é lento. Na maioria das vezes é necessário que o paciente retorne mais de uma vez para uma consulta farmacêutica. O farmacêutico deve tomar cuidado com este tipo de paciente, pois, por ser uma pessoa cabisbaixa, deprimida, pode fazer uso da polimedicação, por isso, devem-se evitar os riscos de superdosagens, intoxicação e interações farmacológicas. g) Paciente tímido - Normalmente são pessoas de baixa renda, pouco estudo ou da zona rural. Torna-se um paciente complicado durante a anamnese, pois, respondem as perguntas muitas vezes apenas por gestos, ou com afirmações. O farmacêutico deve ter uma sensibilidade apurada para deixar este tipo de paciente à vontade, pois, somente estando relaxado ele poderá responder as perguntas de forma fidedigna e clara. h) Crianças e adolescentes - Para as crianças o profissional deve estreitar um laço de simpatia e amizade. Já para os adolescentes o farmacêutico deve pesquisar qual a realidade que ele está inserido, saber sobre sua vida familiar, pessoal e profissional, quando houver, sempre respeitando os seus limites. Verificamos que temos uma grande quantidade de tipos de pacientes, e para cada tipo devemos proceder de uma maneira distinta. Cabe ao farmacêutico saber identificar de forma correta o tipo de paciente e adotar a postura correta, com a finalidade de alcançar o maior número de informações possíveis. FIGURA - TIPOS DE PACIENTES FONTE: Disponível em: <http://www.affonso.org/tipos-de-pacientes/>. Acesso em 18 jun. 2013. Já falamos sobre a anamnese e sobre os tipos de pacientes, agora vamos falar um pouco sobre outro assunto da semiologia farmacêutica - o Exame Físico. Para que o farmacêutico utilize o exame físico, ele deve estar embasado na farmacoterapia, se não houver, o farmacêutico corre o risco de ser acusado de exercício ilegal da medicina, por isso, devemos tomar todo o cuidado. O exame físico quando inserido dentro da atenção farmacêutica é um ato legal do profissional, cujo objetivo principal deve ser a melhor farmacoterapia para o paciente. O farmacêutico durante a consulta pode utilizar os seguintes procedimentos de Exame Físico, a saber: * Inspeção - verificação da queixa física do paciente, normalmente inicia-se antes mesmo da anamnese, apenas na observação, na maioria das vezes não utiliza instrumentos; * Palpação - consiste em uma técnica que pode ser executada com a palma das mãos, uni ou bimanual, ou com a ponta dos dedos, em que é introduzido um ou dois dedos em cavidade. Denominada toque (vaginal, retal) sendo respectivamente um exame ginecológico e proctológico. Esse procedimento permite delimitar áreas e observar sua consistência, forma, temperatura, mobilidade, sensibilidade, expansão e vibração, bem como as características da pele e anexo. Essa técnica deve ser evitada por parte do farmacêutico, pois é de exclusividade médica; * Ausculta - é um exame primordial nos estudos dos sistemas respiratório e circulatório, em que se utiliza a audição para que o examinador colha dados preciosos em uma anamnese. Deve ser executada em ambiente silencioso, utilizando-se hoje em dia estetoscópio biauricular aplicado diretamente sobre a pele do examinado; * Sinais vitais - São as medidas quantitativas de temperatura, pulso, respiração e pressão arterial do paciente. A altura e o peso são também registrados como os sinais vitais do seguinte modo: Temperatura - Pulso - Frequência respiratória - pressão arterial - Braço direito - Braço esquerdo - Deitado - Sentado - Em pé - Coxa; http://www.affonso.org/tipos-de-pacientes/ * Dados antropométricos - Peso quando despido ou vestido e índice de massa corpórea (IMC); * Temperatura - Em geral a temperatura normal do corpo é de 37ºC na boca para pessoas deitada no leito; e 37,2ºC para pessoas em atividade. O nível normal mínimo pode ser 35,8ºC na boca. A temperatura retal é em média 1,3ºC mais alta que a temperatura oral, e as temperaturas axilares são 1,7ºC mais baixas que as orais; *Febre - é uma manifestação comum a vários tipos de processos patológicos não apenas infeccioso, mas também de outras naturezas, como traumática, neoplásica, vascular, metabólica e secundária a reações de hipersensibilidade. A febre é definida como um estado funcional anormal do sistema de termorregulação. Febres de origem medicamentosa são habitualmente do tipo contínuo, havendo nítida descorrelação entrea intensidade da mesma e o bom estado geral do paciente. Os medicamentos potencialmente causadores de febre são: Frequentemente: Anti-histamínicos, antipsicóticos, penicilinas e sulfonamidas (por reação de hipersensibilidade). Ocasionalmente: Vancomicina, iodetos e cefalosporinas (por reação de hipersensibilidade), cimetidina, cocaína e seus derivados (por alteração da termorregulação) e estreptoquinase (por efeito pirogênico). Raramente: Digitálicos, cloranfenicol, insulinas e tetraciclinas; *Prurido - também conhecido como coceira, é um formigamento peculiar ou irritação incômoda da pele que provoca coceira. Pode ser local ou generalizado. As causas variam de acordo com idade, sexo, localização, características, evolução e fatores agravantes. Exemplos de prurido localizado: picadas de insetos, queimaduras do sol, parasitas (piolhos). Exemplos de prurido generalizado: urticária, doenças infecciosas (sarampo, catapora), reações alérgicas a alimentos e medicamentos. Após os exames físicos, os achados devem ser registrados com precisão, clareza e concisão; legibilidade, grafia e gramática devem ser cuidadosamente observadas. Os resultados dos exames físicos podem indicar normalidade ou anormalidade da estrutura anatômica e das funções fisiológicas do paciente. Um sinal, sintoma, fato da anamnese ou achado laboratorial não determinam o diagnóstico. Antes disso, o diagnóstico se baseia numa cuidadosa correlação e avaliação de toda informação fornecida pela história do paciente, seus sintomas, o exame físico e os dados de laboratório. FIGURA - VISÃO GERAL DO EXAME FÍSICO <http://cmapspublic3.ihmc.us/rid=1222196510568_129612534_622/Vis%C3% A3o%20Geral%20do% 20Exame%20Fisico%20-%20clinica.cmap>. http://cmapspublic3.ihmc.us/rid%3D1222196510568_129612534_622/Vis%C3%A3o%20Geral%20do%25 http://cmapspublic3.ihmc.us/rid%3D1222196510568_129612534_622/Vis%C3%A3o%20Geral%20do%25 SEGUIMENTO FARMACOTERAPÊUTICO DE PACIENTES O seguimento farmacoterapêutico de um paciente é uma das principais atividades, senão, a mais importante da atenção farmacêutica. Na prática, este processo é dividido em três fases, a saber: anamnese farmacêutica, interpretação de dados e processo de orientação ao paciente. A principal ferramenta para o desenvolvimento do trabalho do farmacêutico no seguimento farmacoterapêutico, é a informação, que vai desde os medicamentos, da patologia envolvida até a especificidade do paciente. Esse acompanhamento farmacoterapêutico pode ser realizado em qualquer área de trabalho do farmacêutico, desde a farmácia hospitalar, pública, comercial até no âmbito domiciliar. Segundo Bisson (2007), para o paciente internado utiliza-se o prontuário médico, que contém: * Dados do paciente; * Formulário de consentimento; * Prescrição médica; * Controles diversos (PA, temperatura, ingestão hídrica, diurese etc.); * Dados laboratoriais; * Procedimento diagnóstico; * Consultas e interconsultas; * Registros do centro cirúrgico; * História clínica e exames físicos; * Registro da administração de medicamentos. Utilizando as ferramentas (prontuário médico e anamnese farmacêutica), realizada na consulta, o farmacêutico irá traçar um histórico de uso de medicamentos. Após este processo o profissional terá que avaliar todas as informações coletadas, para depois realizar o processo de orientação farmacêutica ao paciente. O farmacêutico na dispensação é o último integrante dos profissionais de saúde que está em contato com o paciente, antes que este tome a decisão de consumir os medicamentos; daí sua responsabilidade ética e profissional. Para que o farmacêutico possa minimizar os problemas relacionados com a administração medicamentosa, é necessário que seja feito o preenchimento correto da ficha farmacoterapêutica e o acompanhamento do paciente, uma vez que um medicamento seja responsável pelo aparecimento de determinados sintomas ou patologias, ou ainda a causa de uma complicação da enfermidade. O farmacêutico por meio da análise desta ficha poderá evitar e advertir o paciente sobre a ocorrência de certos problemas relacionados ao medicamento. Pode também, por meio da ficha farmacoterapêutica, coletar dados sobre reações adversas. Sabe-se que as reações adversas aos medicamentos são uma das causas de grande número de hospitalizações. FIGURA - REAÇÕES ADVERSAS <http://www.cvs.saude.sp.gov.br/apresentacao.asp?te_codigo=22>. http://www.cvs.saude.sp.gov.br/apresentacao.asp?te_codigo=22 Este acompanhamento ao paciente deve ser realizado em sala própria, deve ser um ambiente calmo, tranquilo. Essa sala pode ser a sala de atenção farmacêutica, no caso das farmácias comerciais, ou um consultório farmacêutico no caso das farmácias hospitalares. Este consultório deve possuir: cadeiras suficientes, mesa, computador com acesso a internet, bibliografia especializada, local limpo, com pouca ou nenhuma decoração, etc. Para iniciar o programa de acompanhamento de pacientes, é importante definir aqueles que serão acompanhados e assim realizar a primeira etapa do processo de anamnese farmacêutica. Após a seleção dos pacientes que serão acompanhados, o farmacêutico deve se apresentar e relatar o motivo do acompanhamento, esclarecendo que esta consulta não tem caráter de diagnóstico médico (exclusividade da classe médica) e sim, de traçar um histórico de uso de medicamentos, para garantir segurança e aumento da eficácia do tratamento farmacológico. O farmacêutico que está realizando esta consulta deve ser muito cordial, educado com o seu paciente, isso irá gerar, com o tempo, um laço de amizade/confiança. Conforme vimos anteriormente, podemos encontrar vários tipos de pacientes, cabe ao profissional identificar, o quanto antes, o tipo de paciente que se trata. A identificação do paciente irá facilitar a consulta, principalmente no ato da entrevista, e a conduta a ser tomada. Evite termos técnicos, principalmente quando o paciente for de um nível cultural menor, "fale a língua do paciente". Em alguns países do mundo o farmacêutico, a atenção farmacêutica e o acompanhamento farmacoterapêutico, são tidos como essenciais, inclusive tendo o custo de uma consulta médica. Nos EUA, temos relatos de planos de reembolso efetuados por empresas de medicina de grupo para farmacêuticos que acompanham seus pacientes. (BISSON, 2007). Isso demonstra a importância de uma consulta farmacêutica para a eficiência, segurança do tratamento farmacológico. O farmacêutico, durante sua jornada de trabalho, muitas vezes, não tem tempo para atender/acompanhar a todos os pacientes que passam pela farmácia. Por esse motivo, faz-se necessário seguir alguns critérios para a seleção dos pacientes, que passaram no processo de anamnese farmacêutica, são eles: * Pacientes que apresentam sinais ou sintomas que sugerem problemas relacionados com os medicamentos, tais como reações adversas a medicamentos ou resposta terapêutica inadequada; * A utilização de medicamentos com uma estreita margem entre a ação terapêutica e a tóxica (baixo índice terapêutico5), e que possam exigir a monitoração da concentração no sangue; * A polifarmacoterapia em que os pacientes consomem muitos medicamentos ou possuam várias enfermidades; * Indivíduos que passam por tratamento psiquiátrico ou são idosos, de modo que recebem um grande número de medicamentos, apresentando problemas relacionados com a medicação. Após iniciar a seleção dos pacientes no processo de anamnese farmacêutica, o segundo passo será obter os dados do histórico de uso de medicamentos desses pacientes. Para iniciar este processo de anamnese farmacêutica devem ser obtidas informações do paciente e anotadas nas fichas farmacoterapêuticas. Deve-se sempre iniciar com as informações demográficas (idade, peso, raça, residência,trabalho, grau de instrução, etc.), depois com as informações dietéticas e hábitos sociais (vícios, hobbies). Essas informações são muito importantes para que o farmacêutico conheça o paciente e possa relacionar sua patologia com certas características relatadas. Após este primeiro contato, a entrevista deve seguir para as queixas do paciente, em que o mesmo deve relatar o que sente, ou sentiu, inclusive devemos verificar se há casos na família com a mesma queixa, ou sintomas similares, pois muitas patologias são hereditárias. Posteriormente, vamos verificar as prescrições medicamentosas, em que devemos conhecer o que o paciente utilizava e utiliza, e de que forma. Neste tópico deve incluir os medicamentos prescritos pelo médico, assim como aqueles os quais, o paciente utiliza por indicação, ou conta própria. Dando continuidade ao seguimento farmacoterapêutico, é necessário utilizar o conhecimento da área de análises clínicas, em que exames laboratoriais permitem acompanhar a resposta ao tratamento farmacoterapêutico, auxiliando na correção de dosagem e posologia e troca de medicamentos, quando necessário. Após a fase de anamnese farmacêutica, inicia-se a interpretação dos dados adquiridos, representada pelo planejamento farmacoterapêutico, no qual se concentra o processo de tomada de decisão. Um planejamento eficaz facilita a seleção correta do medicamento, bem como sua dosagem e posologia, estruturando o profissional para o início da monitoração do paciente em relação à resposta da terapia. Este planejamento terapêutico é individual, ou seja, devem ser avaliadas as alternativas farmacoterapêuticas para cada tipo de paciente. Para que o farmacêutico obtenha sucesso no planejamento é necessário que o profissional tenha conhecimentos de farmacologia, patologia humana, avaliação física, exames laboratoriais e diagnósticos Bisson (2007) destaca os seguintes passos do planejamento farmacoterapêutico: *Identificação do problema - Identificação de parâmetros objetivos (peso, altura, sinais vitais, parâmetros bioquímicos, hemograma, urianálise etc.); Identificação de parâmetros subjetivos (ansiedade, depressão, fadiga, insônia, dor de cabeça, náusea, dores gerais); Agrupamento desses parâmetros e avaliação e determinação dos problemas específicos do paciente. *Priorização do problema - Identificação de problemas ativos, inativos e classificação dos problemas. *Seleção de regimes terapêuticos específicos - Listagem das opções terapêuticas; Eliminação de drogas incompatíveis com o perfil ou quadro do paciente; Seleção de dosagem via e duração da terapia; Identificação de regimes terapêuticos alternativos; Planejamento da monitoração; Monitoração e modificações necessárias dos protocolos. Método de Dáder Esse método baseia-se na obtenção da história da terapia farmacológica do paciente analisado, ou seja, as patologias que apresenta e a terapia medicamentosa que utiliza, assim como, na avaliação do seu estado de saúde em determinado momento, com o intuito de identificar prováveis problemas relacionados com os medicamentos (PRM) que o paciente possa apresentar. As PRM podem ser entendidas como uma falha do tratamento farmacológico e que leva ao surgimento de problemas de saúde para o paciente, e até mesmo complicações da doença jáinstalada. Segundo o Consenso de Granada, as PRM podem ser divididas conforme o quadro: Quadro -Classificação dos Problemas Relacionados aos Medicamentos NECESSIDADE PRM 1 O paciente sofre um problema de saúde7 em consequência de não receber uma medicação de que necessita. PRM 2 O paciente sofre um problema de saúde em consequência de receber um medicamento de que não necessita. EFETIVIDADE PRM 3 O paciente sofre um problema de saúde em consequência de uma inefetividade não quantitativa da medicação. PRM 4 O paciente sofre um problema de saúde em consequência de uma inefetividade quantitativa da medicação. SEGURANÇA PRM 5 O paciente sofre um problema de saúde em consequência de uma insegurança não quantitativa de um medicamento. PRM 6 O paciente sofre um problema de saúde em consequência de uma insegurança quantitativa de um medicamento. FONTE: Adaptado do livro Farmácia Clínica & Atenção farmacêutica. Bisson, Marcelo Polacow (2007). Após a identificação destes prováveis PRM, o farmacêutico terá que realizar intervenções com o objetivo de resolver estes problemas, e obter um maior benefício (efetividade e segurança) da terapêutica. Para a realização, com sucesso, deste método é necessário um compromisso do profissional e paciente, pois ele deve ser realizado de forma contínua, sistematizada e documentada, podendo ou não ter a colaboração de outros profissionais da saúde, para alcançar resultados concretos, que irão melhorar a qualidade de vida do paciente. A grande vantagem do método de Dáder é que ele possibilitou sistematizar experimentos e as publicações dos resultados encontrados no processo de atenção farmacêutica. (BISSON, 2007) FIGURA - FLUXOGRAMA SIMPLIFICADO DO MÉTODO DE DÁDER <http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf>. O acompanhamento farmacoterapêutico, pelo método de Dáder, possui as seguintes fases: * Oferta do Serviço - O paciente aceita o acompanhamento Farmacoterapêutico? Este é o principal questionamento nesta etapa. É nesta fase que o farmacêutico explicará sobre o serviço de acompanhamento e sua importância, sendo que, só continuará no acompanhamento o paciente que aceitar. http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf FIGURA - FLUXOGRAMA SIMPLIFICADO DA OFERTA DE SERVIÇO <http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf>. Primeira Entrevista - O paciente que aceitou o serviço entrará nesta etapa, que consiste no primeiro contato do farmacêutico com o complexo paciente-doença- fármaco. É uma entrevista inicial, é a fase em que o farmacêutico observará as preocupações e problemas de saúde do paciente, os medicamentos utilizados e encerrando a primeira entrevista com a fase de revisão. http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf FIGURA - FLUXOGRAMA SIMPLIFICADO DA PRIMEIRA ENTREVISTA <http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf>. * Estado de Situação - é a relação entre os problemas de saúde do paciente e os medicamentos utilizados, em um determinado momento. * Fase de Estudo - é nesta fase que o farmacêutico obterá as informações necessárias dos problemas de saúde que afetam o paciente, e dos medicamentos que foram relatados na etapa anterior. http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf FIGURA - FLUXOGRAMA SIMPLIFICADO DO ESTADO DE SITUAÇÃO E DA FASE DE ESTUDO <http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf>. * Fase de Avaliação - É nesta etapa que o Farmacêutico deverá avaliar a necessidade da utilização da farmacoterapia. O farmacêutico após analisar todos os dados relatados pelo paciente deverá seguir os princípios da farmacoterapia: http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf Necessidade, efetividade e segurança. FIGURA - FLUXOGRAMA SIMPLIFICADO DA FASE DE AVALIAÇÃO <http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf>. * Fase de Intervenção - Aqui o farmacêutico deve utilizar seus conhecimentos farmacoterapêuticos e elaborar um plano de atuação em conjunto com o paciente. Nesta fase o farmacêutico irá propor as intervenções que julgar necessárias para resolver o PRM que o paciente apresenta. http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf FIGURA - FLUXOGRAMA SIMPLIFICADO DA FASE DE INTERVENÇÃO <http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf>. * Resultado da Intervenção - São os resultados obtidos com a fase de intervenção. * NovoEstado de Situação - É o registro das mudanças que ocorreram no tratamento farmacológico e dos problemas de saúde ocasionados após a intervenção. * Entrevistas Sucessivas - Tem o objetivo principal de acompanhar o paciente, caso possam ocorrer eventuais PRM com o uso de Medicamentos, assim http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf como prevenir possíveis novos casos de PRM. Como podemos verificar nas diversas etapas do Método de Dáder, é um processo longo, criterioso, e que depende muito da colaboração multiprofissional e principalmente da parceria farmacêutico - paciente, mas no final tem resultados ótimos. No final desse módulo, será disponibilizado (anexo 01) uma ficha padrão para utilização do método de Dáder no acompanhamento Farmacoterapêutico ao paciente. REAÇÕES ADVERSAS A MEDICAMENTOS - RAM Entende-se por Reações adversas a medicamentos, todos os acontecimentos nocivos e não intencionais que podem aparecer com o uso de um determinado medicamento em doses terapêuticas, ou seja, doses utilizadas para, profilaxia, diagnóstico e tratamento de patologias. As RAM podem ocorrer em decorrência de características pessoais ou do medicamento. Os idosos, as crianças e as mulheres estão mais suscetíveis ao aparecimento de reações adversas a medicamentos. É de suma importância para o farmacêutico saber identificar as reações, pois permite prever os riscos de futuras administrações do medicamento, assim como, poderá permitir uma prevenção e tratamento correto, como também, ajustar a dosagem terapêutica ou a troca da medicação. Existe uma grande variedade de Reações adversas, e também diversas classificações. Na tabela 03 listamos a classificação mais utilizada para as Reações adversas a medicamentos. Tabela - Classificação das RAM Segundo Bisson (2007), a maior parte das reações adversas a medicamentos pode ser prevenida, e estudos recentes com a utilização de um sistema de análise sugerem que o sistema que mais falha está associado a falhas na disseminação de conhecimentos sobre drogas, sua prescrição e sua administração. Esse dado vem a comprovar a importância do farmacêutico, na atenção farmacêutica, ele pode prevenir e orientar a população sobre o uso correto dos medicamentos. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS Entende-se por interações medicamentosas todo evento clínico, em que um medicamento, alimento, bebida ou outro agente químico, altera os efeitos do fármaco utilizado pelo paciente. Esta alteração pode ser de forma sinérgica, aumentando o efeito e consequentemente a toxicidade, de forma antagônica, reduzindo o efeito. Dependendo da situação uma interação medicamentosa pode ser muito perigosa, principalmente quando esta interação promove o aumento da toxicidade de um fármaco. Existem também aquelas interações que são benéficas para o organismo, em que a associação de fármacos irá auxiliar no tratamento da doença. Temos como exemplo aqui, a associação de anti-hipertensivos e diuréticos, realizando um controle maior da pressão arterial. O farmacêutico deve estar alerta a todas as informações sobre os medicamentos, devido as possíveis interações medicamentosas. É impossível nos lembrarmos de todas as interações medicamentosas, pois são inúmeras, mas temos que ter em mente pelo menos as mais comuns. Além de saber se está havendo uma interação medicamentosa de importância clínica, o farmacêutico deve saber orientar o paciente para evitá-las. No Quadro 02 listamos as interações mais usuais na prática farmacêutica. Quadro - Algumas interações mais usuais na prática farmacêutica MEDICAMENTOS INTERAÇÃO CONDUTA Fármacos depressores do SNC - Opioides, benzodiazepínicos, barbitúricos, álcool, entre outros. Podem resultar em depressão respiratória, potenciação da depressão do SNC e hipotensão. Ajustes das doses, monitoramento da depressão respiratória, do SNC e da hipotensão. Penicilinas + tetraciclinas Possível efeito antagônico, reduzindo efeito de ambos os antibióticos. Contatar imediatamente o prescritor e informar sobre a possível interação. Antibióticos penicilínicos + anticoncepcionais orais Seu sanguíneo. nível Drogas anticolinérgicas clorpromazina difenidramina + e Aumento dos efeitos anticolinérgicos Informar o prescritor sobre a interação e reduzir a dose de ambas as drogas. Varfarina metronidazol, cimetidina, corticosteroides, AINEs, cefalosporinas, entre outras. + Aumento do efeito anticoagulante, com consequente sangramento. Deve informar o prescritor sobre a interação, medir o tempo de protrombina a cada três dias, e ajuste da dosagem. Anticonvulsivantes + antipsicóticos Diminuição do efeito do anticonvulsivante e risco de aparecimento de crises convulsivas. Informar o prescritor sobre a interação e ajuste da dose dos medicamentos. Levodopa + IMAO Aumento da pressão arterial, devido à inibição da metabolização da levodopa, e com isso, aumentando a estimulação de receptores dopaminérgicos. Informar o prescritor sobre esta interação. Esta associação deve ser evitada. Betabloqueadores + clonidina Aumento da pressão arterial Informar o prescritor sobre a interação para ajuste da dose ou substituição dos medicamentos. Betabloqueadores + AINEs Aumento da pressão arterial Informar o prescritor sobre a interação, e a evitar essa associação ou substituição dos medicamentos. Corticoides + Fenobarbital O fenobarbital é um potente indutor enzimático, com isso irá diminuir a ação do anti- inflamatório esteroide. Ajuste da dose dos medicamentos, ou substituição do barbitúrico. FONTE: Adaptado do livro Farmácia Clínica & Atenção farmacêutica. Bisson, Marcelo Polacow (2007). No quadro, estão elucidadas algumas interações medicamentosas que podem ocorrer na prática da Farmácia Clínica. Existem inúmeras interações, por essa razão, o farmacêutico deve sempre verificar todas as prescrições em busca de possíveis interações. O farmacêutico deve ter sempre disponível, fontes bibliográficas atuais de pesquisa, para com isso, evitar possíveis associações medicamentosas. Anexo - Ficha Padrão para Acompanhamento Farmacoterapêutico - Método de Dáder. <http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf>. FERRAMENTAS DA FARMÁCIA CLÍNICA Na prática da Farmácia Clínica podemos utilizar diversos tipos de ferramentas, as quais serão explicadas no decorrer deste módulo. FARMACOVIGILÂNCIA Segundo a Organização Mundial da Saúde (2002), a Farmacovigilância é a ciência e atividades relativas à identificação, avaliação, compreensão e prevenção de efeitos adversos ou qualquer problema possível relacionado com fármacos. Portanto, a farmacovigilância é o conjunto de métodos, observações e instruções que permitem, durante a etapa de comercialização ou uso amplo do medicamento, detectar RAM e efeitos imprevistos na etapa prévia, de controle e avaliação. (BISSON, 2007) Tem o objetivo principal de reduzir a mortalidade e morbidade associado ao uso de medicamentos. Isso é possível, por meio da detecção inicial dos problemas de segurança dos medicamentos aos pacientes. O programa de farmacovigilância contribui também para a melhora da seleção e o uso racional de medicamentos pelos profissionais da saúde. Podemos evidenciar que o farmacêutico é um profissional que ocupa um lugar http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf de relevância no programa de farmacovigilância. Pois, este profissional está em contato íntimo com o complexo paciente- medicamento, o que facilita a identificação de problemas e a orientação correta para evitá-los. Outra ferramenta fundamental é a atenção farmacêutica. Uma atenção farmacêutica bem feitapode evitar futuros problemas com medicamentos, aumentando a segurança e a eficácia do tratamento. O papel do farmacêutico no programa de farmacovigilância é o de orientar o paciente, sobre o uso correto e racional do medicamento. Na atividade de dispensação, devemos orientar o paciente a procurar o farmacêutico ou médico sempre que ocorrer o aparecimento de reações adversas, alertar o paciente para que procure um pronto-socorro, no caso de reações adversas graves, e auxiliar na identificação do medicamento que está causando a reação adversa. Como foi dito no módulo I, o farmacêutico necessita desenvolver suas habilidades sociais, comunicativa, para favorecer uma relação de amizade, e desta forma, tornar o processo de dispensação e/ou atenção farmacêutica um procedimento que garanta qualidade para o paciente. Outro fator importante que irá garantir o sucesso do programa de farmacovigilância é o profundo conhecimento do farmacêutico sobre os medicamentos. Por isso, devemos sempre estar atentos às novidades na farmacologia. Um profissional que deseja realizar uma atenção farmacêutica de qualidade e desta forma contribuir para o programa de farmacovigilância deve ser um profundo conhecedor da farmacologia e suas aplicações na clínica. PROCESSO DE DISPENSAÇÃO - FARMACOVIGILÂNCIA 1-Situações em que a prescrição pode ser considerada inadequada. * - Antes de dispensar sempre conferir o(s) medicamentos(s) com os dados da prescrição. Antes de um medicamento entrar para comercialização da população, este passa por numerosos testes. Mesmo após a entrada de um medicamento no mercado consumidor o órgão regulador, no caso do Brasil, a ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária - fiscaliza as reações que o medicamento pode ocasionar na população. A ANVISA utiliza um sistema de notificação por meio da plataforma web, o NOTIVISA. Está regulamentado por meio da portaria n.º 1.660, de 22 de julho de 2009, do Ministério da Saúde. Por intermédio desta plataforma web, os profissionais de saúde podem notificar os eventos adversos e queixas técnicas relacionadas aos medicamentos, entre outros produtos para a saúde. Além do NOTIVISA, algumas vigilâncias sanitárias estaduais, possuem seus centros estaduais de farmacovigilância, em que podemos destacar os estados da Bahia, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. Por meio destas notificações o medicamento pode ser retirado do mercado para futuros estudos sobre eficácia e segurança. FARMACOEPIDEMIOLOGIA A farmacoepidemiologia estuda o uso dos medicamentos nas populações, como também, os efeitos que estes medicamentos podem causar nesta mesma população. Verificamos que a farmacoepidemiologia é um conceito amplo, e que engloba inclusive a farmacovigilância. Segundo William Osler, a Farmacoepidemiologia é a aplicação do raciocínio epidemiológico, de métodos e conhecimentos no estudo dos usos e efeitos (benéficos e adversos) de drogas em populações humanas. (BISSON, 2007) Para facilitar, vamos definir a farmacoepidemiologia como sendo o estudo da utilização e dos efeitos dos fármacos em uma população. Ou ainda, como sendo a aplicação dos métodos epidemiológicos em assuntos farmacológicos. Em que, para realizarmos estes estudos, devemos utilizar os conhecimentos da farmacologia e da epidemiologia. Por meio da farmacoepidemiologia podemos realizar a vigilância de drogas na fase de comercialização, utilizando-se para isso estudos epidemiológicos. A farmacoepidemiologia pode auxiliar na análise de outros aspectos, tais como: tipo de paciente, doença, legislação, fatores étnicos, sociais e econômicos. Podemos citar como exemplo, a associação da polifarmácia (prescrição de vários tipos de medicamentos para o mesmo paciente) com a prevalência de pacientes idosos. Com os estudos da farmacoepidemiologia podemos analisar os indicadores de qualidade nas prescrições médicas. Em que, aquelas prescrições que apresentam grande número de interações, são ditas como prescrições inadequadas, enquanto que aquelas com o menor número possível de interação são consideradas adequadas e seguras. Outro indicador de prescrições inadequadas pode ser evidenciado naquelas prescrições contendo medicamentos com baixo índice terapêutico, ou seja, grande risco de causar reações adversas, ou aqueles medicamentos com baixa eficácia terapêutica. Como podemos verificar a farmacoepidemiologia pode ser uma ciência primordial para a garantia da segurança terapêutica do paciente. Podendo evitar o aparecimento de RAM e promover o uso racional de medicamentos. Algumas ferramentas de gerenciamento de saúde podem ser utilizadas na farmacoepidemiologia, são elas: Estudos de utilização de medicamentos; acompanhamento do risco-benefício dos medicamentos; planejamento estratégico em longo prazo e os programas de gerenciamento de doenças. a) Estudos de utilização de medicamentos - tem como objetivos medir o uso dos medicamentos pela população, analisar os tipos de prescrições dos médicos e dentistas, assim como a adesão do paciente ao tratamento prescrito. Por meio destes estudos pode-se gerenciar a qualidade na utilização de medicamentos. b) Acompanhamento do risco-benefício dos medicamentos - Tem como objetivos identificar e validar a segurança das drogas e seus riscos. Por meio deste acompanhamento podemos medir o impacto dos benefícios na utilização dos medicamentos na população, medir a relação risco-benefício do medicamento, além de implementar ações corretas para o uso racional de medicamentos, providenciando respostas rápidas aos alertas terapêuticos. c) Planejamento estratégico à longo prazo - Com este planejamento podemos analisar, quantificar e prever as necessidades dos sistemas de atenção à saúde dos pacientes. d) Programas de Gerenciamento de doenças - Tem como objetivo realizar um acompanhamento na qualidade de vida do paciente, utilizando para isso os resultados encontrados. No quadro temos algumas indagações que podem ser realizadas durante uma investigação farmacoepidemiológica de campo. Quadro - Investigação farmacoepidemiológica <http://www.scielo.br/img/revistas/rbepid/v14n4/04q01.jpg>. Segue na figura, um resumo de uma investigação farmacoepidemiológica de campo. http://www.scielo.br/img/revistas/rbepid/v14n4/04q01.jpg FLUXOGRAMA DE UMA INVESTIGAÇÃO FARMACOEPIDEMIOLÓGICA <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415- 790X2011000400004&script=sci_arttext>. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415- http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415- AN02FREV001/REV 4.0 55 Analisando a figura 22 podemos verificar que o processo farmacoepidemiológico inicia-se na farmacovigilância, em que por meio da notificação dos efeitos adversos ou queixa técnica inicia-se a investigação epidemiológica, para quantificar a gravidade do problema em relação à população analisada. FARMACOECONOMIA É um processo recente, que apareceu devido aos altos gastos com o tratamento em saúde. Até este momento do curso estivemos preocupados em alcançar a cura terapêutica, assim como acompanhar o paciente, orientando sobre os riscos do uso inadequado das medicações. A partir desse momento, teremos que nos preocupar com a melhor farmacoterapia e também com a redução de gastos dessa farmacoterapia. Sabemos que os gastos no sistema público são muito elevados e que os recursos são escassos. Por isso, a investigação farmacoeconômica tem como objetivo investigar, medir e comparar os custos e os resultados, ou seja, comparar quanto tem de investimento e o que pode gastar (recursos/custos), com a efetividade da qualidade de vida do paciente, a eficácia e segurança do tratamento. Bisson (2007) define farmacoeconomia como sendo: "a aplicação de metodologias derivadas
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