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de carros antigos, no centro da cidade. O evento ocorreu conforme planejado, mas Carlos manteve o veículo consigo e passou a utilizá-lo para atividades pessoais, como ir ao trabalho e realizar passeios. Notificado, Carlos alegou que não havia prazo fixado no empréstimo e que sempre cuidou do carro com zelo. À luz do Código Civil, é correto afirmar que: A) A posse de Carlos é legítima, pois decorre de contrato gratuito e não há previsão legal de restituição imediata. B) O fato de não haver prazo contratual permite o uso contínuo do bem, desde que não haja prejuízo ao proprietário. C) Carlos está em mora, pois ultrapassou a finalidade ajustada; poderá ser responsabilizado civilmente e até pagar aluguel. D) A situação caracteriza uso tolerado, e não comodato, não cabendo pretensão de restituição imediata por parte de João. Gabarito: C Fundamento: Arts. 582 e 581 CC — o uso além da finalidade ajustada configura infração contratual e gera mora ex re, ensejando inclusive o pagamento de aluguel (parágrafo único do art. 582). QUAL SERIA A RESPOSTA Sérgio emprestou gratuitamente uma filmadora profissional a seu primo Davi, para que ele pudesse gravar um documentário independente. Durante uma viagem, Davi guardou a filmadora junto com seus equipamentos em uma barraca. Ao notar que uma tempestade se aproximava, correu para salvar sua câmera pessoal, deixando a filmadora de Sérgio para trás. O equipamento foi danificado por alagamento. Com base no Código Civil, assinale a alternativa correta: A) Davi não responde pelos danos, pois a perda decorreu de caso fortuito, e não houve dolo ou culpa. B) Davi responde pelos danos, pois deu preferência aos seus próprios bens, ainda que o dano decorra de força maior. C) Como o bem estava em seu poder para uso gratuito, Davi só responderia se tivesse usado a filmadora fora da finalidade contratada. D) Davi só seria responsabilizado se o contrato tivesse cláusula expressa sobre riscos durante o transporte. OS RISCOS PELO DANO DA COISA Art. 583. Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente com outros do comodatário, antepuser este a salvação dos seus abandonando o do comodante, responderá pelo dano ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força maior. Sérgio emprestou gratuitamente uma filmadora profissional a seu primo Davi, para que ele pudesse gravar um documentário independente. Durante uma viagem, Davi guardou a filmadora junto com seus equipamentos em uma barraca. Ao notar que uma tempestade se aproximava, correu para salvar sua câmera pessoal, deixando a filmadora de Sérgio para trás. O equipamento foi danificado por alagamento. Com base no Código Civil, assinale a alternativa correta: A) Davi não responde pelos danos, pois a perda decorreu de caso fortuito, e não houve dolo ou culpa. B) Davi responde pelos danos, pois deu preferência aos seus próprios bens, ainda que o dano decorra de força maior. C) Como o bem estava em seu poder para uso gratuito, Davi só responderia se tivesse usado a filmadora fora da finalidade contratada. D) Davi só seria responsabilizado se o contrato tivesse cláusula expressa sobre riscos durante o transporte. Gabarito: B Fundamento: Art. 583 CC – Se o comodatário, diante de risco comum, salva os seus bens em detrimento do bem emprestado, responde pelo dano, ainda que o evento seja fortuito ou de força maior. Comodato não oneroso na Administração Pública – BYD cede carros “gratuitamente” Recentemente, diversos órgãos públicos brasileiros firmaram contratos de comodato não oneroso com a montadora BYD, recebendo veículos elétricos para uso institucional, conforme noticiado: Assim, entre os beneficiários estão o Superior Tribunal de Justiça (STJ), o Tribunal de Contas da União (TCU), a Presidência da República e a Câmara dos Deputados. Entretanto, tais contratações, apesar de não envolverem desembolso financeiro direto, suscitam debates jurídicas sobre a formalização de parcerias entre o poder público e entidades privadas. https://cj.estrategia.com/portal/comodato-nao-oneroso-administracao-publica/ Despesas do Comodatário Art. 584 CC: Não se cobra despesas ordinárias. Benfeitorias necessárias: ressarcimento. Úteis e voluptuárias: perde, salvo convenção contrária. Art. 584. O comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada. Extinção do Comodato A extinção do comodato se dá por: Termo final, Uso esgotado, Distrato ou aviso, Falta de conservação, Perecimento, Morte do comodatário. Para Terceira Turma, contrato de mútuo com juros acima de níveis predefinidos, por si só, não é abusivo A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu que, em contratos de mútuo bancário, o fato de a taxa de juros remuneratórios ser superior a determinado patamar – como uma vez e meia, o dobro ou o triplo da taxa média de mercado –, por si só, não configura abusividade. Com esse entendimento, o colegiado determinou o retorno de um processo ao juízo de primeiro grau para reanálise do contrato a partir de suas peculiaridades. O caso teve início quando um cliente ajuizou ação contra o banco para questionar supostas práticas abusivas. Na sentença, o juiz declarou inválida a cobrança de juros capitalizados mensalmente, considerou indevida a cobrança de juros não pactuados acima da taxa média de mercado e ordenou a devolução do excesso cobrado fora dos parâmetros estabelecidos anteriormente (ou seu abatimento de eventual saldo devedor). O Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) acolheu a apelação do banco ao considerar que as taxas cobradas não excediam significativamente a média do mercado, motivo pelo qual deveriam ser mantidas. A decisão motivou a interposição do recurso ao STJ, com a alegação de que não houve acordo sobre a capitalização mensal e que os juros não seriam superiores a uma vez e meia, ao dobro ou ao triplo da taxa média de mercado, valores já utilizados pela jurisprudência como referencial para verificar abuso em contrato. "Oi, doutor(a). Sou fotógrafo e um amigo meu me deixou usar o estúdio dele de graça por seis meses, com tudo dentro. Durante esse tempo, eu troquei o piso, coloquei iluminação profissional e investi uma grana pra melhorar o ambiente. Agora que acabou o período, ele quer que eu saia imediatamente e devolva tudo do jeito que estava. Eu posso me recusar a devolver até que ele me pague pelas melhorias que eu fiz? Isso é justo? Tenho algum direito nesse caso?" "Boa tarde, doutor. Eu sou aluna de mestrado numa universidade pública e, quando comecei o curso, eles me deram um notebook pra usar nos estudos. Não foi vendido nem alugado — só me entregaram pra facilitar o trabalho remoto, porque eu era bolsista. Agora que estou pra defender minha dissertação, me avisaram por e-mail que eu tenho que devolver o notebook assim que terminar. Mas eu pensei que poderia ficar com ele, porque ninguém falou de devolução quando me entregaram. Além disso, eu personalizei o aparelho, instalei programas, e uso diariamente. Eles podem mesmo me obrigar a devolver? Eu posso pedir devolução dos valores que paguei para instalar programas? Eu não tenho direito de ficar com ele, já que usei por tanto tempo e ajudei a manter em boas condições?" "Doutor, eu tenho um apartamento que está desocupado, e estou pensando em deixar minha cunhada morar lá com os filhos dela, que estão passando por uma fase difícil. Não quero cobrar nada, é só pra ajudar mesmo. Mas tem um problema: os filhos dela são muito encrenqueiros, já arrumaram confusão com parentes por causa de herança e imóveis. Tenho medo que daqui a uns anos eles digam que o imóvel é deles ou que peçam usucapião. Um conhecido me sugeriu fazer um contrato de aluguel simbólico, mesmo que eu não cobre nada, só pra me proteger. Isso faz sentido? O que o senhor me aconselha? Como posso ajudar sem correr o risco de perder o apartamento?" Doutor, me chamo Marcelo. Há alguns anos, deixei meu irmão Caio e a esposa dele, Patrícia, morarem num apartamento meu. Fiz isso porde carros antigos, no centro da cidade. O evento ocorreu conforme planejado, mas Carlos manteve o veículo consigo e passou a utilizá-lo para atividades pessoais, como ir ao trabalho e realizar passeios. Notificado, Carlos alegou que não havia prazo fixado no empréstimo e que sempre cuidou do carro com zelo. À luz do Código Civil, é correto afirmar que: A) A posse de Carlos é legítima, pois decorre de contrato gratuito e não há previsão legal de restituição imediata. B) O fato de não haver prazo contratual permite o uso contínuo do bem, desde que não haja prejuízo ao proprietário. C) Carlos está em mora, pois ultrapassou a finalidade ajustada; poderá ser responsabilizado civilmente e até pagar aluguel. D) A situação caracteriza uso tolerado, e não comodato, não cabendo pretensão de restituição imediata por parte de João. Gabarito: C Fundamento: Arts. 582 e 581 CC — o uso além da finalidade ajustada configura infração contratual e gera mora ex re, ensejando inclusive o pagamento de aluguel (parágrafo único do art. 582). QUAL SERIA A RESPOSTA Sérgio emprestou gratuitamente uma filmadora profissional a seu primo Davi, para que ele pudesse gravar um documentário independente. Durante uma viagem, Davi guardou a filmadora junto com seus equipamentos em uma barraca. Ao notar que uma tempestade se aproximava, correu para salvar sua câmera pessoal, deixando a filmadora de Sérgio para trás. O equipamento foi danificado por alagamento. Com base no Código Civil, assinale a alternativa correta: A) Davi não responde pelos danos, pois a perda decorreu de caso fortuito, e não houve dolo ou culpa. B) Davi responde pelos danos, pois deu preferência aos seus próprios bens, ainda que o dano decorra de força maior. C) Como o bem estava em seu poder para uso gratuito, Davi só responderia se tivesse usado a filmadora fora da finalidade contratada. D) Davi só seria responsabilizado se o contrato tivesse cláusula expressa sobre riscos durante o transporte. OS RISCOS PELO DANO DA COISA Art. 583. Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente com outros do comodatário, antepuser este a salvação dos seus abandonando o do comodante, responderá pelo dano ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força maior. Sérgio emprestou gratuitamente uma filmadora profissional a seu primo Davi, para que ele pudesse gravar um documentário independente. Durante uma viagem, Davi guardou a filmadora junto com seus equipamentos em uma barraca. Ao notar que uma tempestade se aproximava, correu para salvar sua câmera pessoal, deixando a filmadora de Sérgio para trás. O equipamento foi danificado por alagamento. Com base no Código Civil, assinale a alternativa correta: A) Davi não responde pelos danos, pois a perda decorreu de caso fortuito, e não houve dolo ou culpa. B) Davi responde pelos danos, pois deu preferência aos seus próprios bens, ainda que o dano decorra de força maior. C) Como o bem estava em seu poder para uso gratuito, Davi só responderia se tivesse usado a filmadora fora da finalidade contratada. D) Davi só seria responsabilizado se o contrato tivesse cláusula expressa sobre riscos durante o transporte. Gabarito: B Fundamento: Art. 583 CC – Se o comodatário, diante de risco comum, salva os seus bens em detrimento do bem emprestado, responde pelo dano, ainda que o evento seja fortuito ou de força maior. Comodato não oneroso na Administração Pública – BYD cede carros “gratuitamente” Recentemente, diversos órgãos públicos brasileiros firmaram contratos de comodato não oneroso com a montadora BYD, recebendo veículos elétricos para uso institucional, conforme noticiado: Assim, entre os beneficiários estão o Superior Tribunal de Justiça (STJ), o Tribunal de Contas da União (TCU), a Presidência da República e a Câmara dos Deputados. Entretanto, tais contratações, apesar de não envolverem desembolso financeiro direto, suscitam debates jurídicas sobre a formalização de parcerias entre o poder público e entidades privadas. https://cj.estrategia.com/portal/comodato-nao-oneroso-administracao-publica/ Despesas do Comodatário Art. 584 CC: Não se cobra despesas ordinárias. Benfeitorias necessárias: ressarcimento. Úteis e voluptuárias: perde, salvo convenção contrária. Art. 584. O comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada. Extinção do Comodato A extinção do comodato se dá por: Termo final, Uso esgotado, Distrato ou aviso, Falta de conservação, Perecimento, Morte do comodatário. Para Terceira Turma, contrato de mútuo com juros acima de níveis predefinidos, por si só, não é abusivo A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu que, em contratos de mútuo bancário, o fato de a taxa de juros remuneratórios ser superior a determinado patamar – como uma vez e meia, o dobro ou o triplo da taxa média de mercado –, por si só, não configura abusividade. Com esse entendimento, o colegiado determinou o retorno de um processo ao juízo de primeiro grau para reanálise do contrato a partir de suas peculiaridades. O caso teve início quando um cliente ajuizou ação contra o banco para questionar supostas práticas abusivas. Na sentença, o juiz declarou inválida a cobrança de juros capitalizados mensalmente, considerou indevida a cobrança de juros não pactuados acima da taxa média de mercado e ordenou a devolução do excesso cobrado fora dos parâmetros estabelecidos anteriormente (ou seu abatimento de eventual saldo devedor). O Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) acolheu a apelação do banco ao considerar que as taxas cobradas não excediam significativamente a média do mercado, motivo pelo qual deveriam ser mantidas. A decisão motivou a interposição do recurso ao STJ, com a alegação de que não houve acordo sobre a capitalização mensal e que os juros não seriam superiores a uma vez e meia, ao dobro ou ao triplo da taxa média de mercado, valores já utilizados pela jurisprudência como referencial para verificar abuso em contrato. "Oi, doutor(a). Sou fotógrafo e um amigo meu me deixou usar o estúdio dele de graça por seis meses, com tudo dentro. Durante esse tempo, eu troquei o piso, coloquei iluminação profissional e investi uma grana pra melhorar o ambiente. Agora que acabou o período, ele quer que eu saia imediatamente e devolva tudo do jeito que estava. Eu posso me recusar a devolver até que ele me pague pelas melhorias que eu fiz? Isso é justo? Tenho algum direito nesse caso?" "Boa tarde, doutor. Eu sou aluna de mestrado numa universidade pública e, quando comecei o curso, eles me deram um notebook pra usar nos estudos. Não foi vendido nem alugado — só me entregaram pra facilitar o trabalho remoto, porque eu era bolsista. Agora que estou pra defender minha dissertação, me avisaram por e-mail que eu tenho que devolver o notebook assim que terminar. Mas eu pensei que poderia ficar com ele, porque ninguém falou de devolução quando me entregaram. Além disso, eu personalizei o aparelho, instalei programas, e uso diariamente. Eles podem mesmo me obrigar a devolver? Eu posso pedir devolução dos valores que paguei para instalar programas? Eu não tenho direito de ficar com ele, já que usei por tanto tempo e ajudei a manter em boas condições?" "Doutor, eu tenho um apartamento que está desocupado, e estou pensando em deixar minha cunhada morar lá com os filhos dela, que estão passando por uma fase difícil. Não quero cobrar nada, é só pra ajudar mesmo. Mas tem um problema: os filhos dela são muito encrenqueiros, já arrumaram confusão com parentes por causa de herança e imóveis. Tenho medo que daqui a uns anos eles digam que o imóvel é deles ou que peçam usucapião. Um conhecido me sugeriu fazer um contrato de aluguel simbólico, mesmo que eu não cobre nada, só pra me proteger. Isso faz sentido? O que o senhor me aconselha? Como posso ajudar sem correr o risco de perder o apartamento?" Doutor, me chamo Marcelo. Há alguns anos, deixei meu irmão Caio e a esposa dele, Patrícia, morarem num apartamento meu. Fiz isso porpena, porque eles estavam com duas crianças pequenas, sem onde ficar. Nunca cobrava nada. Na época, nossa mãe chegou até a sugerir que compraria meu apartamento pra dar pro Caio, mas eu nunca aceitei isso — só fiquei quieto, não achei que fosse necessário dizer nada formalmente. Achei que todo mundo sabia que o apartamento era meu. Com o tempo, Caio começou a reformar o imóvel, fez pintura, colocou armários, trocou chuveiro, essas coisas. Fiquei até surpreso, porque nunca falei que ele podia mexer assim no apartamento. Mas como era meu irmão, deixei pra lá. Agora eles estão se separando, e pra minha surpresa a Patrícia — minha ex-cunhada — disse que não vai sair do apartamento, que tem direito de ficar lá com os filhos. Eu não entendo isso... o apartamento sempre foi meu, nunca foi do Caio, muito menos dela. Eu posso pedir de volta? Corro risco de perder meu imóvel? O que eu faço agora? MÚTUO Mútuo – Conceito Legal (Art. 586 CC): empréstimo de coisas fungíveis. Doutrinário: transfere o domínio e exige devolução em mesmo gênero, qualidade e quantidade. MÚTUO NO CÓDIGO CIVIL Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. Art. 587. Este empréstimo transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário, por cuja conta correm todos os riscos dela desde a tradição. Mútuo – Características Real, Unilateral, Temporário, Gratuito ou Oneroso, Não solene, Contrato de crédito (confiança). 🔹 Temporário O mútuo tem duração limitada — deve haver devolução em prazo fixado ou, na falta dele, mediante interpelação judicial/extrajudicial. A devolução é sempre esperada. 🔹 Real O mútuo só se aperfeiçoa com a entrega da coisa (ex: dinheiro, grãos, materiais). Ou seja, não basta o acordo verbal ou escrito: o contrato só existe juridicamente após a transferência do bem. 🔹 Unilateral Apenas o mutuário (quem recebe o bem) assume obrigações: devolver o equivalente em quantidade e qualidade. O mutuante (quem empresta) não tem obrigação recíproca. Mútuo – Características 🔹 Gratuito ou Oneroso • Pode ser gratuito (sem juros), como entre amigos ou parentes. • Pode ser oneroso, com juros estipulados contratualmente (ex: empréstimo bancário). 🔹 Não solene Não exige forma específica para ser válido — pode ser verbal ou escrito. Porém, empréstimos com valor superior a 10 salários mínimos devem ser provados por escrito (Art. 586 e 592 CC). 🔹 Contrato de crédito (confiança) É um contrato baseado na confiança: o mutuante entrega bens acreditando que o mutuário irá devolver o equivalente. A boa-fé é essencial. Mútuo – Prazo do Contrato Art. 592. Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo será: I - até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para o consumo, como para semeadura; II - de trinta dias, pelo menos, se for de dinheiro; III - do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa fungível. Mútuo – Partes e Objeto Mutuante (cedente) e Mutuário (tomador) Objeto: bens fungíveis (ex.: dinheiro). Maria Helena Diniz: pode incidir sobre bens não fungíveis por convenção. QUAL SERIA A RESPOSTA? Henrique, de 17 anos, sem autorização dos pais, toma emprestado R$ 8.000,00 de um amigo maior de idade, para reformar seu carro. Ao ser cobrado judicialmente, Henrique alega que o contrato é inválido, pois é menor e não teve consentimento legal. Assinale a alternativa correta com base no Código Civil: A) O contrato é válido, pois envolve bem de uso pessoal e o menor possui discernimento para contratar. B) O empréstimo é irretratável, pois o menor não pode se beneficiar de um contrato e depois alegar nulidade. C) O empréstimo poderá ser cobrado se for comprovado que o valor reverteu em benefício direto ao menor. D) O mútuo feito a menor é sempre anulável, mesmo que haja benefício ou ratificação posterior. Mútuo feito a menor Art. 588-589 CC: sem autorização não há restituição. Art. 588. O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores. Art. 589. Cessa a disposição do artigo antecedente: I - se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário para contrair o empréstimo, o ratificar posteriormente; II - se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo para os seus alimentos habituais; III - se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso, a execução do credor não lhes poderá ultrapassar as forças; IV - se o empréstimo reverteu em benefício do menor; V - se o menor obteve o empréstimo maliciosamente. Exceções: ratificação, alimentos, trabalho, benefício ou obtenção maliciosa. Henrique, de 17 anos, sem autorização dos pais, toma emprestado R$ 8.000,00 de um amigo maior de idade, para reformar seu carro. Ao ser cobrado judicialmente, Henrique alega que o contrato é inválido, pois é menor e não teve consentimento legal. Assinale a alternativa correta com base no Código Civil: A) O contrato é válido, pois envolve bem de uso pessoal e o menor possui discernimento para contratar. B) O empréstimo é irretratável, pois o menor não pode se beneficiar de um contrato e depois alegar nulidade. C) O empréstimo poderá ser cobrado se for comprovado que o valor reverteu em benefício direto ao menor. D) O mútuo feito a menor é sempre anulável, mesmo que haja benefício ou ratificação posterior. Gabarito: C Fundamento: Art. 589, IV CC – A restituição é devida se o empréstimo reverter em benefício do menor, mesmo sem autorização prévia. Garantia de restituição Art. 590 CC: pode ser exigida se há mudança econômica do mutuário. Tipos: Fidejussória (fiança, caução), Real (penhor, hipoteca) Art. 590. O mutuante pode exigir garantia da restituição, se antes do vencimento o mutuário sofrer notória mudança em sua situação econômica. EXEMPLO DE MÚTUO COM GARANTIA EM HIPOTECA João contraiu um empréstimo bancário de R$ 500.000,00 para abrir sua empresa. Como garantia do pagamento, João ofereceu ao banco um imóvel de sua propriedade (uma casa no valor de R$ 800.000,00). O contrato de hipoteca foi registrado no cartório de registro de imóveis, vinculando esse bem à dívida. Resultado: João continua morando no imóvel (mantém a posse). Mas o banco tem o direito real de garantia (hipoteca). Se João não pagar a dívida, o banco poderá executar a hipoteca e levar o imóvel a leilão judicial para receber o crédito. Direitos e Obrigações – Mútuo Mutuário: devolver no mesmo gênero, quantidade, qualidade. Mutuante: responde por vícios ocultos se houver juros (Silvio Luis Rocha). José empresta 1 tonelada de café a Pedro, para que este não fique em mora com um credor a quem fornece café. Se o contrato for gratuito (sem juros), José não responde a Pedro, se o café tiver problema oculto. Se José cobra juros pela entrega do café e pelo tempo de mútuo, ele responde pelos vícios ocultos (ex.: se o café estiver estragado, contaminado). Mútuo Feneratício Com juros: remuneração, compensatórios e moratórios. Lei de Usura (12% a.a.), Art. 591 CC, Súmula 596 STF (exceção ao sistema financeiro). Art. 591. Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos juros. Parágrafo único. Se a taxa de juros não for pactuada, aplica-se a taxa legal prevista no art. 406 deste Código. Lei nº 14.905/2024 altera o código civil Art. 406. Quando não forem convencionados, ou quando o forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, os juros serão fixados de acordo com a taxa legal. (Redação dada pela Lei nº 14.905, de 2024) Produção de efeitos § 1º A taxa legal corresponderá à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), deduzido o índice de atualização monetária de que trata o parágrafo único do art. 389 deste Código. (Incluído pela Lei nº 14.905, de 2024) Art. 407. Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o devedor aos juros da mora quese contarão assim às dívidas em dinheiro, como às prestações de outra natureza, uma vez que lhes esteja fixado o valor pecuniário por sentença judicial, arbitramento, ou acordo entre as partes. SÚMULA 596 STF AS DISPOSIÇÕES DO DECRETO 22626/1933 NÃO SE APLICAM ÀS TAXAS DE JUROS E AOS OUTROS ENCARGOS COBRADOS NAS OPERAÇÕES REALIZADAS POR INSTITUIÇÕES PÚBLICAS OU PRIVADAS, QUE INTEGRAM O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. "Olá, doutor(a). Há um ano, emprestei R$ 300 mil para uma empresa de um conhecido meu abrir uma filial. Pra garantir, ele ofereceu um galpão que tem em nome dele. A gente registrou tudo direitinho, mas ele parou de pagar as parcelas e agora diz que tá em dificuldade e quer mais tempo. Eu não sei se posso ou não tomar o galpão, ou o que fazer pra não sair no prejuízo. O que o senhor me orienta a fazer agora?" Extinção do Mútuo Fim do termo ou inadimplemento. Resolução com compensação; Resilição unilateral ou bilateral.