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DISCIPLINA: PROTEÇÃO RADIOLÓGICA AULA 3 – INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA Profa. Danielle Filipov 2013 AULA PASSADA • IONIZAÇÃO E EXCITAÇÃO • EFEITOS DOS RAIOS X E GAMA COM A MATÉRIA: – ESPALHAMENTO COERENTE – FOTODESINTEGRAÇÃO – PRODUÇÃO DE PARES – EFEITO COMPTON – EFEITO FOTOELÉTRICO • ENERGIA TRANSFERIDA AO MEIO NAS INTERAÇÕES • APLICAÇÕES: FILTROS • Filtros metálicos interceptam o feixe logo ao sair da ampola. • Quando isso ocorre, os fótons de menor energia são barrados >> efeito fotoelétrico. • Ou seja, a parte menos energética é retirada do espectro. • Figura ao lado: adição de filtros >> espectro dos raios X varia consideravelmente. • Energia média: – 38,1 keV (sem filtro); – 51,4 keV (com 4 mm de Al); – 67,4 keV (com 1 mm de Cu). INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO INDIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • Outro tipo de filtro, são os filtros de borda K: emprega-se um material que atenue mais as regiões de alta energia do feixe que as de baixa. • Esse emprego é muito comum na densitometria óssea e na mamografia. • Os feixes gerados são filtrados por uma fina placa (do mesmo material do alvo), que faz com que somente a radiação de bremmstrahlung seja filtrada. Ficando, somente, a radiação característica. • Reduzindo a energia média do feixe: mais efeito fotoelétrico. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO INDIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • Outra aplicação: uso de chumbo como blindagem. • Por que o chumbo? • Radiação espalhada pelo meio >> radiação de baixa energia >> Efeito Compton. • Radiação espalhada >> interação com o chumbo >> fotoelétrico >> fótons desaparecem. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO INDIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA ORGANIZAÇÃO DA AULA • INTERAÇÕES DAS PARTÍCULAS CARREGADAS PESADAS • INTERAÇÕES DAS PARTÍCULAS CARREGADAS LEVES • PODER DE FREAMENTO E TRANSFERÊNCIA LINEAR DE ENERGIA • RELAÇÃO COM EFEITOS BIOLÓGICOS • As radiações diretamente ionizantes incluem todas as partículas carregadas (leves ou pesadas) emitidas durante as transformações nucleares (partículas alfa e beta) e que transferem energia ao interagirem com elétrons orbitais (por meio da excitação, ionização) e com o núcleo (freamento). INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • As radiações diretamente ionizantes incluem todas as partículas carregadas (leves ou pesadas). • PARTÍCULAS CARREGADAS RÁPIDAS PESADAS • O que é considerada uma partícula carregada pesada? • Um íon atômico ou uma partícula com carga que tenha energia superior à energia de ligação de um elétron. • Exemplos: partículas alfa ou prótons. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • A interação dessas partículas se restringe à nuvem eletrônica. • Ou seja, as partículas pesadas interagem somente com os elétrons orbitais de um átomo do meio. • Por que as partículas não interagem com o núcleo? – Pequeno, em relação ao átomo. – “Blindado” pela nuvem eletrônica. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • As interações dessas partículas com os elétrons se dão por inúmeras colisões ou choques. • A partir dessas colisões, ocorre uma transferência da energia cinética da partículas para os átomos, até que a energia cinética seja próxima de 0,025 eV. • Quando ocorre a colisão entre a partícula e o elétron, a partícula segue, praticamente, em trajetória retilínea. • Isso porque a massa da partícula é muito maior que a do elétron. – Ex.: massa próton ~ 2.000 vezes a massa do elétron. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • Essa trajetória é limitada, pois a partícula reduz a sua velocidade até parar. • Quando isso acontece, ela é incorporada ao meio (recebendo elétrons do meio e se neutralizando – partícula alfa). INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • FORMAS DE INTERAÇÃO DAS PARTÍCULAS CARREGADAS PESADAS COM O MEIO: • Colisão inelástica com o átomo • Interação entre partícula e todo o átomo, ou com elétrons de camadas mais externas, resultando em excitações. Raramente ionizações. • A partícula sofre uma pequena perda de energia (pois, perde velocidade). • É a interação mais frequente para partículas pesadas. • Uma fração da energia perdida, nesta colisão, pode resultar na emissão de radiação Cherenkov. • Ocorre quando a partícula carregada “viaja” com uma velocidade maior que a velocidade da luz naquele meio. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • Ocorre uma onda de choque (semelhante à produzida por um avião supersônico ao quebrar a barreira do som). • Esta onda de choque leva à emissão de radiação eletromagnética. • Pode ocorrer com elétrons, com energias na ordem de keV e com partículas pesadas (partículas alfa ou prótons) com energias na ordem de muitos MeV. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • Colisão inelástica com elétron fortemente ligado • Colisão frontal, na qual pode ocorrer grande perda de energia pela partícula e ionização do átomo. • O elétron ejetado do átomo pode adquirir energia cinética suficiente para se afastar da trajetória da partícula inicial, criando um caminho de ionizações fora da região do feixe incidente. • A esse elétron dá-se o nome de raio delta. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • ALCANCE DAS PARTÍCULAS CARREGADAS PESADAS INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • A trajetória da partícula pesadas tem um comprimento limitado, uma vez que ela é rapidamente incorporada ao meio, quando sua velocidade é igual a zero >> ela se neutraliza pelo recebimento de elétrons do meio. • Exemplo de alcance: partículas alfa • Uma partícula alfa é ligeiramente defletida nas suas colisões com átomos e elétrons orbitais. • A distância percorrida (ou alcance) de uma partícula alfa depende, apenas, de sua energia inicial e da taxa média de energia perdida no meio. • As partículas alfa perdem energia, basicamente, pela ionização dos átomos, sendo que no seu trajeto ocorrem 3 efeitos importantes: • Ela, inicialmente com grande velocidade, interage por pouco tempo com os elétrons dos átomos do meio; • À medida que ela perde energia, ela interage mais fortemente com os elétrons do meio, até capturar um elétron do meio e sua carga passar de +2 para +1; • Com isso o seu poder de ionização cai rapidamente, até chegar a zero quando ele incorpora mais um elétron, tornando-se um átomo de Hélio neutro. • BLINDAGEM INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • O poder de ionização das partículas alfa é grande, mas o mesmo não se pode dizer da penetração. • Quanto mais denso o material, menor a penetração. • Quanto maior a energia da partícula, maior a penetração. • PARTÍCULAS CARREGADAS LEVES • Nesta categoria, enquadram-se, somente, elétrons e pósitrons com energia cinética maior que a energia de ligação dos elétrons aos átomos do meio. • Boa parte das interações são semelhantes às das partículas carregadas pesadas: interações coulombianas sucessivas. • Mas, há duas diferenças básicas: – Colisões entre partículas de mesma massa (partículas incidentes e elétrons do meio). INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • Neste caso, podem ocorrer grandes perdas de energia e mudanças bruscas na direção da trajetória do elétron em uma única colisão.• As trajetórias são tortuosas, e, assim, para um conjunto de elétrons com a mesma energia cinética inicial, a penetração de cada partícula no meio, pode variar. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA – Colisões entre as partículas leves e os núcleos atômicos. • Podem resultar na emissão de raios X de freamento, ou de Bremmstrahlung. • Isso deve ser levado em consideração para o cálculo de blindagens em ambientes com emissões de elétrons. • Devem ser empregados, como blindagem, elementos que desfavoreçam o aparecimento desse tipo de radiação: baixo Z INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • FORMAS DE INTERAÇÃO DAS PARTÍCULAS CARREGADAS LEVES • Colisão inelástica com o núcleo • A partícula primária aproxima-se do núcleo e perde uma parcela muito grande de sua energia (às vezes, toda) na forma de um fóton de raios X, no processo conhecido como Bremmstrahlung (freamento). • Ocorrem em elétrons e pósitrons (partículas leves). INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • A parcela da energia cinética do elétron convertida em radiação é tanto maior quanto mais próximo ele estiver do núcleo no momento da emissão. • Somente em uma pequena fração (2 a 3%) das interações elétron- núcleo a radiação de freamento é emitida. • Na grande maioria das vezes, ocorre, simplesmente, uma deflexão da trajetória, sem perda de energia. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • Colisão elástica com o núcleo • A partícula primária aproxima-se do núcleo e sofre uma grande mudança na direção da sua trajetória, sendo a compensação de momento dada pelo recuo do núcleo. • Ou seja, a perda de energia sofrida pela partícula (devido ao desvio da trajetória) foi usada para causar um recuo do átomo. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • Aniquilação do pósitron • Ocorre, em geral, entre o pósitron com velocidade muito baixa e um elétron praticamente em repouso no meio. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • Alcance das partículas leves (elétrons) INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • Se um feixe de elétrons incidir sobre um material absorvedor, mesmo pequenos valores de espessura serão suficientes para que elétrons sejam removidos do fluxo, devido ao espalhamento eletrônico. • Assim, de acordo com o gráfico, vemos que o número de elétrons do feixe irá decrescer imediatamente, desde o início, atingindo gradualmente zero (quanto maior a espessura). • Os elétrons que mais penetram o meio absorvedor são aqueles que não sofreram grandes desvios da trajetória. • Os elétrons possuem 1 unidade de carga, em comparação com as partículas alfa que possuem 2 unidades. • Assim, os elétrons exercem uma força elétrica pequena aos elétrons orbitais. • Por essa razão, eles perdem energia de maneira mais lenta que as partículas alfa. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • “STOPPING POWER” • A forma de interação, tanto em partículas pesadas quanto em partículas leves, é pelo “Stopping Power” ou Poder de Freamento. • Para cada interação meio-partícula, são calculadas as perdas de energia da partícula. • A composição dos possíveis valores dessas perdas, ponderados pela probabilidade de ocorrência de cada tipo de interação, resulta na grandeza conhecida como “Stopping Power”. • Essa grandeza representa a perda média da energia por unidade de distância percorrida pela partícula. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA S = - dE / dx • S: Stopping Power, em MeV/cm. • dE: perda de energia, em MeV. • dx: distância percorrida pela partícula, em cm. • Quanto maior a velocidade da partícula (energia cinética dela), menor a perda. • Quanto maior a carga da partícula, maior a perda. • Quanto maior ou menor a massa: somente muda a trajetória. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • Transferência Linear de Energia (LET) • Considera-se que toda a energia perdida por partículas carregadas em processos de colisão é absorvida pelo meio. • Assim, é mais interessante observarmos não a perda da energia da partícula carregada em colisões, mas uma estimativa da energia transferida para o meio, na forma de energia cinética dos elétrons. • Assim, define-se a transferência linear de energia (LET): quantidade média de energia recebida pelo meio por unidade de caminho da partícula carregada. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • O poder de freamento (stopping power) expressa o efeito do meio material na partícula, enquanto que o LET expressa o efeito da partícula no meio, normalmente o tecido humano. • Para entender o significado do LET é preciso observar como as partículas carregadas interagem com o meio material. • Por exemplo, um elétron, quer gerado após interação de um fóton X ou gama com a matéria, uma radiação beta ou uma partícula proveniente de um acelerador linear, interage basicamente com o campo elétrico de sua carga, influenciado pela sua massa. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA LET = dE / dx [MeV/μm] INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • Como num material existem muitos elétrons, quando um elétron nele incide, haverá uma série de colisões sequenciais, com correspondentes transferências de energia e mudanças de direção. • A energia inicial do elétron incidente vai sendo gradativamente transferida para o material, numa trajetória com a forma de linha quebrada. • Supondo, então, que uma certa quantidade média de energia dE foi transferida entre um ponto A de referência e um ponto B de avaliação final, após várias colisões, a relação entre a energia dE, média, e a distância dx entre os pontos A e B é denominada de LET. • Quando se fala em energia localmente cedida pela partícula, está implícito que o percurso da partícula carregada é menor do que o seu alcance (range) nomeio material. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • O alcance não está relacionado ao LET. • LET >> Energia transferida ao meio, em uma certa distância percorrida pela partícula. • Alcance >> Distância para que a perda de energia seja máxima. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA E1 E2 d1 d2 LET = (E2 – E1) / (d2 – d1) • No caso dos fótons, o LET se refere aos elétrons liberados nos processos de interação (efeitos Fotoelétrico, Compton e produção de pares). • Ou seja, o poder de ionização dessas radiações é baixo, assim como o LET. • Exemplo: – LET para RX produzidos com 250 kV = até 250 keV/μm; – LET para partículas alfa = 2,5 MeV/ μm. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA TIPO DE RADIAÇÃO LET (keV/μm) Cobalto-60 0,25 Elétrons de 1 MeV 0,30 RX diagnósticos ~ 3,0 Fótons de 10 MeV 4,0 Nêutrons de 2,5 MeV 20 Partículas Alfa de 5 MeV 100,0 Núcleos Pesados 1000,0 INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • Utilizando radiações de alto e baixo LET, pode-se obter o percentual de sobrevivência de células de um tecido ou órgão. • A curva abaixo mostra que, para o mesmo valor de dose de radiação, as radiações de alto LET (alfa, íons) resultamem um % de sobrevivência menor que as de baixo LET (fótons). RESUMINDO • INTERAÇÕES DAS PARTÍCULAS CARREGADAS PESADAS: – Colisões com elétrons (trajetória praticamente não muda) • INTERAÇÕES DAS PARTÍCULAS CARREGADAS LEVES: – Colisões com elétrons (trajetória tortuosa) e freamento • PODER DE FREAMENTO E TRANSFERÊNCIA LINEAR DE ENERGIA: – Poder de freamento: o quanto o tecido consegue atenuar a partícula; – LET: quanta energia foi transferida ao meio >> efeitos biológicos). • RELAÇÃO COM EFEITOS BIOLÓGICOS: – Radiações de alto LET >> partículas carregadas >> sobrevivência menor que para as radiações de baixo LET
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