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ANAIS DO 57º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2015 – 57CBC 1 Manifestações patológicas em concreto armado nas estruturas da estação de tratamento de águas na cidade de Monteiro - PB Pathological manifestations in reinforced concrete in the stations of water pretreatment and treatment on the city of Monteiro - PB SOUSA, Nílberte Muniz de (1);ROCHA, Guilherme Guiarães da (1); DINIZ, Yago Lima (1); RIBEIRO, Iracira José da Costa (2). (1) Graduando do Curso Superior de Tecnologia em Construção de Edifícios, IPFB, Campus Monteiro. (2) Professor Mestre do Curso Superior de Tecnologia em Construção de Edifícios, IPFB, Campus Monteiro nilberte.muniz@hotmail.com Resumo As estações de tratamento de água são construídas, em sua grande maioria, com a utilização do concreto, principalmente os tanques os quais recebem, armazenam e conduzem a água durante todo o tratamento, por estes tanques se encontrarem em contato constante com água em movimento, e expostos a intempéries como também a alta temperatura solar durante todo o dia e a baixa temperatura durante a noite, além de substâncias usadas no tratamento, que podem ocasionar danos ao concreto, como é o caso do cloro que está presente em grande quantidade na água tratada. Sendo assim, o presente trabalho objetiva verificar e analisar as manifestações patológicas presentes nas estruturas de concreto armado da estação de tratamento e pré-tratamento de água, situada no município de Monteiro – PB, diagnosticando as possíveis causas e correções dos problemas. Adotando como metodologia, a inspeção visual preliminar onde identificou as patologias existentes, utilizando de registros fotográficos para uma análise posterior mais detalhada e medições in loco com paquímetro e trena. Também buscou-se obter o conhecimento de todo o processo de tratamento de água, desde a captação inicial na lagoa artificial de Poções até a sua destinação final, para desta forma averiguar de que maneira os procedimentos de tratamento podem afetar as estruturas de concreto presente. Através desta investigação foi possível perceber a existência de diversas manifestações patológicas, juntamente com o agravante de serem obras pertencentes a órgãos públicos que não realizam manutenção adequada, deixando essas estruturas em condições precárias, limitando sua vida útil e gerando problemas e defeitos. Palavra-Chave: Concreto, Manifestações patológicas, Estações de tratamento de agua, Abstract The water treatment plants are built, for the most part, with the use of concrete, especially the tanks which receive, store and lead to water throughout the treatment, for these tanks are in constant contact with moving water, and exposed to bad weather as the solar high temperature throughout the day and low temperature during the night. In addition to substances used in the treatment, which can cause damage to concrete, as is the case of chlorine that is present in large quantities in the treated water reservoirs. Thus, the present work aims to verify and analyze the pathological manifestations present in the reinforced concrete structures of water treatment and pre-treatment of water, located in the municipality of Monteiro-PB, diagnosing the possible causes and fixes the problems. Adopting as methodology, where preliminary visual inspection identified existing diseases, using photographic records to a further analysis and more detailed on-site measurements, using Vernier caliper and measuring tape. Also sought to gain the knowledge of the entire water treatment process, from initial capture in artificial pond of potions until their final destination, for in this way find out how treatment procedures can affect concrete structures present. Through this investigation was possible to perceive the existence of several pathological manifestations, with the aggravation of being works belonging to public agencies that do not perform proper maintenance, leaving these structures in precarious conditions, limiting its lifetime and generating problems and defects. Keywords: Concrete, pathological manifestations, water treatment plants, ANAIS DO 57º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2015 – 57CBC 2 1 Introdução As antigas civilizações se instalavam obrigatoriamente próximas aos reservatórios de água, como lagoas, rios e aquíferos, possuindo assim limitações em seus territórios. Conforme as civilizações iriam crescendo o uso descontrolado dessa água fez surgir diversos problemas. Habitando às margens dos rios, regiões costeiras e insulares, as civilizações construíram seus impérios, lançaram seus dejetos, construíram portos, pontes, aquedutos, navegaram, lavaram os corpos, beberam suas águas, pescaram e contraíram doenças (SILVA, 1998). Devido a necessidade de expandir seus territórios e áreas de povoação, bem como aperfeiçoar seus plantios, as civilizações desenvolveram mecanismos de distribuição de água, e com a finalidade de fazer a coleta de dejetos, criaram rede de captação de esgotos. A primeira rede de distribuição de água e captação de esgoto de forma eficiente foi construída há aproximadamente 4.000 anos na Índia. Grandes tubos feitos de argila levavam as águas residuais e os detritos para canais cobertos que corriam pelas ruas e desembocavam nos campos, adubando e regando as colheitas (DI BERNARDO, 1993). Com a disseminação de doenças e com a descoberta de que estas proviam da água, a atenção começa a ser voltada para concepção de processos de tratamento da água e a criação de locais adequados para essa função, as chamadas ETA, Estação de Tratamento de Água. A primeira Estação de Tratamento de Água (ETA) foi construída em Londres em 1829 e tinha a função de coar a água do rio Tâmisa em filtros de areia. A ideia de tratar o esgoto antes de lançá-lo ao meio ambiente, porém, só foi testada pela primeira vez em 1874, na cidade de Windsor, Inglaterra. Não se sabia como as doenças “saíam do lixo e chegavam ao nosso corpo”. A ideia inicial é que vinham do ar, pois o volume de ar respirado por dia é muito superior ao volume de água ingerido. Porém com a descoberta de que doenças letais da época (como a cólera e a febre tifóide) eram transmitidas pela água, técnicas de filtração e a cloração foram mais amplamente estudadas e empregadas (ROCHA et al., 2004). As estações de tratamento de água são construídas, em sua grande maioria, com a utilização do concreto, principalmente os tanques os quais recebem, armazenam e conduzem a água durante todo o tratamento, por estes tanques se encontrarem em contato constante com água em movimento, e expostos a intempéries como também a alta temperatura solar durante todo o dia e a baixa temperatura durante a noite, além de substâncias usadas no tratamento, que podem ocasionar danos ao concreto, como é o caso do cloro que está presente em grande quantidade na água tratada, acelerando o processo de corrosão. Em ambientes industriais de produção de água, a concentração de cloretos ao longo dos anos de utilização da estrutura, associada como outros mecanismos de degradação já citados, é considerada como a principal causa de deterioração de armaduras (BISSA. 2008). ANAIS DO 57º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2015 – 57CBC 3 Além das patologias relacionadas a esse agente agressor, diversos outros problemas são detectados nesse tipo de estrutura, como: eflorescência; corrosão; agentes biológicos; degradação do concreto; mancha de umidade; fissuras e trincas. As eflorescências são depósitos normalmente brancos que se formam sobre a superfície do concreto, geralmente são incômodas, pois alteram a estética dos acabamentos e se formam pela dissolução dos sais, do cimento e da cal hidratada nas águas de infiltrações. Quando a água evapora, deposita estes sais na superfície das peças(BERENGUER et al, 2014a) As armaduras de aço no concreto são protegidas da corrosão graças às condições de passividade que se desenvolvem em contato com a solução alcalina contida nos poros da pasta de compostos do cimento. A corrosão do aço provoca seu aumento de volume, gerando tensões de tração no concreto. Aparecem fissuras e dá-se o destacamento da camada de concreto que recobre as armaduras. A espessura da camada de recobrimento é o fator mais importante no processo de corrosão, quanto maior for a sua espessura, mais difícil será a penetração dos agentes agressivos. (BERENGUER et al, 2014b). Souza e Ripper (1998) asseguram que, os processos biológicos podem resultar do ataque químico de ácidos (produção de anidrido carbônico) gerados pelo crescimento de raízes de plantas ou de algas que se instalam em fissuras ou grandes poros do concreto, ou por ação de fungo, ou pela ação de sulfetos (S=). A degradação do concreto é uma manifestação patológica que geralmente ocorre através de agentes físicos ou ataques químicos. Segundo Helene (1993), as erosões no concreto são causadas pela desintegração progressiva do concreto por ação da abrasão, lixiviação ou ataques químicos. A origem da umidade em construções é variada, pois essa pode ser originária durante a fase de erguimento, de vazamento em redes hidráulicas, ou outra forma, porém, é mais comum a umidade resultante da precipitação de chuvas, que pode ainda ser agravada por sistemas de impermeabilização precários (SOUZA, 2008). Em relação a fissuras, a ABNT NBR 6118 (2010), diz que o valor da abertura das fissuras pode sofrer a influência de restrições às variações volumétricas da estrutura, difíceis de serem consideradas de forma suficientemente precisa. Além disso, essa abertura sofre também a influencia das condições de execução da estrutura. Diante disso o presente trabalho objetiva verificar e analisar as manifestações patológicas presentes nas estruturas de concreto armado da estação de tratamento e pré-tratamento de água, situada no município de Monteiro – PB, diagnosticando as possíveis causas. 1.1 Problema Analisado As águas que abastecem a cidade de Monteiro – PB provem do açude de Porções situado a 15 Km da sede do município, essas águas passam pelas estações de pré tratamento e de tratamento antes de chegar ao consumo dos cidadãos. Entretanto com a falta de cuidado por órgãos competentes faz com que as mesmas apresentem diferentes tipos de manifestações patológicas nas estruturas de concreto. ANAIS DO 57º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2015 – 57CBC 4 2 Metodologia A metodologia adotada foi uma pesquisa in loco, na estação de tratamento de água na cidade de Monteiro PB, onde foi realizada uma análise visual da incidência de patologias presentes no ambiente, cujas ferramentas utilizadas foram o registro fotográfico e anotações. 3 Manifestação de dano 3.1 Estação de pré-tratamento Inicialmente foi realizada uma visita na estação de pré-tratamento de águas, esta por sua vez é composta apenas por um tanque de armazenamento de água; uma bomba responsável por conduzir a água para a estação; e cilindros de cloro. A mesma tem como função receber as águas vindas do açude de Poções para a adição de cloro e destinar as mesmas para a estação em Monteiro. Foram encontradas diversas manifestações patológicas, tais como as manchas de umidade e corrosão de armaduras e segregação do concreto. 3.1.1 Manchas de Umidade O motor e a bomba estão alojados em cima de uma camada de concreto armado. Devido a oxidação da tubulação e a falta de manutenção nota-se a perca de água por vazamentos, causando as manchas de umidade. Devendo salientar que a maioria das manifestações patológicas é derivada da penetração de água nas estruturas. Figura 1 Manchas de umidade provenientes de vazamentos ANAIS DO 57º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2015 – 57CBC 5 3.1.2 Corrosão de armaduras e segregação do concreto Com o excesso de umidade na estrutura de apoio do motor e da bomba, faz com que a água infiltre na peça e chegue até a ferragem, causando a oxidação, que aliada a vibrações do motor gera a segregação do concreto expondo as armaduras. Figura 2 Piso de concreto degradado próximo à base da bomba 3.2 Estação de tratamento Posteriormente foi feito um estudo na estação de tratamento de água (ETA), com o intuito de analisar o estado de conservação durante o seu tempo de uso. Foi realizado um levantamento geral sobre as reais condições das manifestações patológicas existentes. O processo de tratamento consiste no recebimento da água o qual é adicionado sulfato de alumínio, material esse responsável pela separação das partículas sólidas difusas na água e por aglomerá-las, facilitando assim a sua remoção, processo denominado de floculação. A próxima etapa é conduzir a água até a chegada aos decantadores, posteriormente é realizada a filtração nos tanques próprios. A água recebe a adição de cloro, que pode chegar a 50kg/dia e é armazenada em uma estação elevatória que depois destina a água tratada ao ambiente urbano da cidade. ANAIS DO 57º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2015 – 57CBC 6 3.2.1 Fissuras e Trincas. As fissuras presentes nas estruturas de concreto da estação de tratamento de água podem ser provavelmente originadas devido à baixa resistência à tração sob as ações de serviço e utilização, por retração térmica, na composição do traço e no processo de cura. O importante é identificar a causa do seu aparecimento e se este é um problema de caráter estrutural ou estético, visto que, elas podem servir como facilitador para entrada de agentes patológicos no concreto. Figura 3 Fissuras localizadas na parede de divisão dos tanques 3.2.2 Manchas de umidade As manchas de umidade, assim como na estação de pré-tratamento, estavam presentes por grande parte da estrutura. ANAIS DO 57º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2015 – 57CBC 7 Figura 4 Umidade proveniente de vazamentos acentuados da tubulação 3.2.3 Degradação do concreto Na estação de tratamento foi constatado desgaste em um dos tanques de armazenamento decorrente do atrito provocado pelo movimento da água e de agentes agressivos, em alguns locais o desgaste é superficial e em outros já é de maior agravante. Figura 5 Tanque de filtração com paredes degradadas ANAIS DO 57º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2015 – 57CBC 8 3.2.4 Agentes Biológicos Observou-se a presença de fungo, patologia esta provavelmente provocada devido a umidade e da grande quantidade de matéria orgânica presente na água, bem como diversas outras substâncias que podem gerar esse tipo de agente agressivo, nas paredes do tanque da foto abaixo é possível observar a existência desse tipo de manifestação. Figura 6 Tanque de filtração com agentes biológicos em sua estrutura 3.2.5 Corrosão A corrosão pode ocorrer por ação química ou eletroquímica do meio aquoso, ao se tratar de estação de tratamento de água a presença de umidade propicia o desenvolvimento da corrosão em diversas partes da (E.T.A), é possível localizar diversos pontos de vazamento de água, durante o percurso da mesma pelas tubulações, essa água se espalha, chegando a manter vários componentes de estação na presença constante de umidade, acelerando ainda mais o processo corrosivo. ANAIS DO 57º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2015 – 57CBC 9 Figura 7 Válvulas e tubulação de acesso a estação elevatória 3.2.6 Eflorescência Além das manchas de umidade era perceptível depósitos esbranquiçados conhecidos como eflorescências, o que pode ser visualizado na figura 8.Figura 8 Paredes com várias manchas de eflorescência ANAIS DO 57º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2015 – 57CBC 10 4 Considerações finais As patologias averiguadas nesse estudo demonstram que todos os ambientes das estações necessitam de reparos e manutenções adequadas, a fim de estabilizar o avanço das manifestações já existentes e evitar o surgimento de novas. No relato do responsável técnico do local, é dito que essas estações foram construídas na década de 60, e que não foram realizadas reformas até a presente data de publicação deste artigo, dessa forma, a ETA encontra-se em estado precário, e passível de maiores danos, e encurtamento de sua vida útil. De acordo com os fatos analisados torna-se notória a grande necessidade, de atenção para estes problemas por parte dos órgãos públicos responsáveis juntamente com a realização de inspeções e reformas sempre que preciso. Por se tratar de algo essencial para a sociedade, o colapso dessas estações trariam grandes problemas a toda população. ANAIS DO 57º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2015 – 57CBC 11 5 Referências BERENGUER¹, R. A. GUIMARÃES, N. A. S. G. MONTEIRO, E.C.B. CABRAL, L. C. COSTA, G. C. Verificação dos Possíveis Fatores Contribuintes Para a Ocorrência de Corrosão de Armadura em Região não Agressiva. Iº Encontro Luso-Brasileiro de Degradação em Estruturas de Concreto Armado. Salvador, Brasil, 2014. BERENGUER, R. A.; LEITE NETO, E. S.; MONTEIRO, E.C.B.; CABRAL, L. C.. Patologias em estruturas de concreto de obras de estação de tratamento de esgoto (e.t.e.). 56º Congresso brasileiro do concreto. Natal, 2014a. BERENGUER, R. A. LEITE NETO, E. S. MONTEIRO, E.C. B CABRAL, L. C. Estudos das Manifestações Patológicas em Estruturas de Concreto de Obras de Estação de Tratamento de Esgoto. Iº Encontro Luso-Brasileiro de Degradação em Estruturas de Concreto Armado. Salvador, Brasil. 2014b. BISSA, R.C.R.. Sistemas de impermeabilização e proteção de estruturas de concreto armado de reservatórios de água tratada atacados por cloretos. Monografia apresentada a Escola de Engenharia da UFMG, 2008. DI BERNARDO, L.. Métodos e Técnicas de Tratamento de Água. Rio de Janeiro: ABES, V. 1, 481 p. 14. 1993. HELENE, P. R. L. Contribuição ao estudo da corrosão em armaduras de concreto armado. São Paulo, 1993. Tese (Docência-livre) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. ROCHA, J.C.; ROSA, A.H.; CARDOSO, A.A. Introdução à química ambiental. Paulo: Editora Bookman, 2004. SILVA, R. S.. O curso da água na história: simbologia, moralidade e a gestão de recursos hídricos. Tese apresentada para titulação de Doutorado, Escola nacional de saúde pública, Rio de Janeiro, 1998. SOUZA M. F. Patologias ocasionadas pela umidade nas edificações. Monografia Especialização em construção civil. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008. SOUZA, V. C.; RIPPER, T.. Patologia, recuperação e reforço de estruturas de concreto. São Paulo. Pini, 1998.
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