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INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS COORDENAÇÃO DE CONSTRUÇÃO CIVIL CURSO SUPERIOR EM TECNOLOGIA DE CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS JOSÉ ISNATANIEL FAUSTO CAVALCANTE LUANA LOURENÇO DOS SANTOS PATOLOGIAS PROVENIENTES DE UMIDADES E INFILTRAÇÕES NAS EDIFICAÇÕES - ESTUDO DE CASO EM UMA EDIFICAÇÃO COM MAIS DE 40 ANOS Maceió-AL 2016 JOSÉ ISNATANIEL FAUSTO CAVALCANTE LUANA LOURENÇO DOS SANTOS PATOLOGIAS PROVENIENTES DE UMIDADES E INFILTRAÇÕES NAS EDIFICAÇÕES - ESTUDO DE CASO EM UMA EDIFICAÇÃO COM MAIS DE 40 ANOS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Tecnologia em Construção de Edifícios, como requisito parcial à obtenção do título de Tecnólogos em Construção de Edifícios, do Instituto Federal de Alagoas, Campus Maceió. Orientador: Prof. Humberto Jorge Braga Cavalcanti Maceió-AL 2016 Catalogação na fonte: (Biblioteca Benevides Monte – Campus Maceió-IFAL) C376p Cavalcante, José Isnataniel Fausto. Patologias provenientes de umidades e infiltrações nas edificações : estudo de caso / José Isnataniel Fausto Cavalcante, Luana Lourenço dos Santos. – Maceió : IFAL, 2016. 66 f. : il. Trabalho de Conclusão de Curso – (Tecnólogo em Construção de Edifícios) IFAL, 2015. Orientador: Humberto Jorge Braga Cavalcanti. 1. Construção de Edifícios. 2. Edificações - Patologias. 3. Edificações - Umidades 4. Edificações – Infiltrações. I. Santos, Luana Lourenço dos. II. Título. CDD – 690 JOSÉ ISNATANIEL FAUSTO CAVALCANTE LUANA LOURENÇO DOS SANTOS PATOLOGIAS PROVENIENTES DE UMIDADES E INFILTRAÇÕES NAS EDIFICAÇÕES - ESTUDO DE CASO EM UMA EDIFICAÇÃO COM MAIS DE 40 ANOS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Tecnólogos em Construção de Edifícios, sob a orientação do Prof. Humberto Jorge Braga Cavalcanti. Aprovado em: 21/09/2016 BANCA EXAMINADORA ________________________________________________ Humberto Jorge Braga Cavalcanti - Orientador Instituto Federal de Alagoas – IFAL ______________________________________________ João Gilberto Teixeira Silva Instituto Federal de Alagoas – IFAL _______________________________________________ André Luiz Novaes Oliveira Instituto Federal de Alagoas – IFAL Maceió-AL 2016 AGRADECIMENTOS A Deus pelas oportunidades que nos foram dadas na vida; por ser nossa fortaleza, principalmente nos momentos em que mais precisamos. Ao nosso professor orientador, Humberto Jorge Braga Cavalcanti, por ter nos ajudado na escolha desse tema e nas orientações para a realização deste trabalho. Aos nossos familiares pelo apoio e compreensão durante a vida acadêmica, com o qual fez com que concluíssemos esse trabalho. Aos nossos amigos do curso, que nos ajudou, e pela amizade de cada um. A todos os professores do Curso de Tecnologia em Construção de Edifícios do Instituto Federal de Alagoas, por todo conhecimento e sabedoria transmitidos nesse período. RESUMO Nas construções, é comum encontrarmos problemas relacionados a patologias. Dentre tantas (patologias) encontradas nas edificações, a mais comum e frequente é a de umidade e infiltração, devido a vários fatores que implicam o seu aparecimento. Suas causas são as mais diversas possíveis, sendo por erro no estudo prévio, no momento da construção, ou, ainda, pelo tempo de construção. Para a possível reparação são necessários então estudos que identifiquem as causas e métodos a serem tomados para sua correção. O estudo aborda as patologias mais frequentes nas edificações, identificando suas possíveis causas e métodos para corrigi-las, fazendo uma breve introdução sobre o que é patologia. O trabalho foi executado através de pesquisas em livros e monografias, além de estudo em uma edificação desgastada por patologias. As patologias não somente prejudicam a estrutura das edificações, mas também sua parte estética é afetada. Palavras-chave: Patologias em edificações; Umidades; Infiltrações. ABSTRACT In the constructions, it's common find related problems pathologies. Among many (pathologies) found in buildings, the most common and frequent it is the moisture and infiltration, due to several factors involving in its onset. Its causes are most diverse possible, it is by error in the previous study, at the time of construction, or, still, by the construction time. For the possible repair are necessary then studies to identify the causes and methods to be taken for its correction. The study addresses the most frequent pathologies in buildings, identifying possible causes and methods to correct them, making a brief introduction about what is pathology. The work was carried out through research in books and monographs, apart studies in a building outworn per pathologies. The Pathologies not only harm the structure of the buildings, but also its aesthetics is affected. Keywords: Pathologies in buildings; Humidities; Infiltrations. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Infiltração de água por capilaridade ......................................................... 16 Figura 2 - Contaminação dos grãos por percolação .................................................. 17 Figura 3 - Vazamento em telhado de fibrocimento .................................................... 20 Figura 4 – Vazamento em laje plana ......................................................................... 21 Figura 5 – Laje plana com infiltrações ....................................................................... 22 Figura 6 – Manchas causadas por chuva em fachada .............................................. 23 Figura 7 – Manchas causadas por umidade em parede interna ................................ 24 Figura 8 - Mecanismos de umidade ascendente ....................................................... 26 Figura 9 – Umidade do solo subindo por capilaridade na parede ............................. 27 Figura 10 – Fachada com presença de Eflorescência .............................................. 29 Figura 11 - Presença de Criptoflorescência em parede ............................................ 31 Figura 12 - Saponificação em parede ....................................................................... 34 Figura 13 - Localização do imóvel na quadra. ........................................................... 40 Figura 14 - Planta baixa ............................................................................................ 41 Figura 15 - Manchas e bolor ...................................................................................... 42 Figura 16 – Esquema de função da pingadeira ......................................................... 43 Figura 17 - Manchas, deterioração do reboco e pintura. ........................................... 44 Figura 18 - Manchas, deterioração do reboco. ......................................................... 45 Figura 19 - Esquema de soluções para problemas de impermeabilização em fundações .................................................................................................................. 45 Figura 20– Perfuração dos tijolos maciços em alvenaria ......................................... 46 Figura 21 – Esquema de introdução de bloqueadores químicos em uma parede por gravidade................................................................................................................... 47 Figura 22 - Manchas................................................................................................. 48 Figura 23 – Manchas e deterioração do reboco ........................................................ 49 Figura 24 - Deterioração do reboco, manchas e bolor. ............................................ 50 Figura 25 - Planta baixa ............................................................................................ 50 Figura 26 - Deterioração do reboco, manchas e bolor .............................................. 51 Figura 27 - Deterioração do reboco ........................................................................... 52 Figura 28 - Esquema de soluções para problemas de impermeabilização em lajes de cobertura ................................................................................................................... 53 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Porcentagens de custos em uma obra .................................................... 35 Gráfico 2 - Porcentagem de Patologias ..................................................................... 54 Gráfico 3 - Possíveis causas das patologias ............................................................. 55 Gráfico 4 - Anomalias ................................................................................................ 56 Gráfico 5 - Grau de risco .......................................................................................... 57 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Sais comuns em criptoflorescência e eflorescência ................................ 31 Tabela 2 – Causas da ocorrência de deteriorações .................................................. 33 Tabela 3 – Deterioração por causas naturais ............................................................ 33 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11 1.1 Objetivo geral ...................................................................................................... 11 1.2 Objetivos específicos .......................................................................................... 11 1.3 Justificativa ......................................................................................................... 12 1.4 Metodologia ........................................................................................................ 12 1.5 Estrutura do trabalho ........................................................................................... 13 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 13 2.1 Patologias nas edificações .................................................................................. 13 2.2 Água ...................................................................................................................15 2.3 Propriedades fundamentais dos líquidos ............................................................ 15 2.3.1 Capilaridade ..................................................................................................... 15 2.3.2 Percolação ....................................................................................................... 16 2.3.3 Pressão Hidrostática ........................................................................................ 17 2.4 Umidade...............................................................................................................17 2.5 Infiltrações............................................................................................................18 2.6 PATOLOGIAS PROVENIENTES DE UMIDADES E INFILTRAÇÕES NAS EDIFICAÇÕES ..........................................................................................................19 2.6.1 Infiltrações no telhado ...................................................................................... 19 2.6.1.1 Vazamentos e Goteiras nos telhados ............................................................ 19 2.6.1.2 Vazamentos na rede pluvial .......................................................................... 20 2.6.2 Vazamentos em lajes de coberturas e terraços................................................ 20 2.6.3 Vazamentos em tubulações ............................................................................. 22 2.6.4 Manchas ..........................................................................................................23 2.6.5 Bolor..................................................................................................................24 2.6.6 Umidades provindas da própria construção ..................................................... 24 2.6.7 Umidades provenientes das chuvas ................................................................. 25 2.6.8 Umidades ascendentes .................................................................................... 25 2.6.9 Eflorescência .................................................................................................... 28 2.6.10 Criptoflorescência ........................................................................................... 30 2.6.11 Deterioração de pinturas e revestimentos ...................................................... 32 2.6.12 Saponificação ................................................................................................. 34 2.7 Impermeabilização .............................................................................................. 34 2.7.1 Tipos de Impermeabilização ............................................................................. 35 2.7.1.1 Cimentícios .................................................................................................... 35 2.7.1.2 Asfálticos ....................................................................................................... 35 3 PROBLEMAS DE SAÚDE CAUSADOS A POPULAÇÃO POR UMIDADES E INFILTRAÇÕES ........................................................................................................ 36 4 ESTUDO DE CASO ............................................................................................... 37 4.1 Metodologia ........................................................................................................ 37 4.2 Descrição da estrutura ....................................................................................... 39 4.3 Apresentações dos procedimentos ..................................................................... 40 4.3.1 Inspeção preliminar .......................................................................................... 40 4.3.2 Inspeção detalhada .......................................................................................... 40 4.4 Diagnóstico ......................................................................................................... 53 5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 58 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 59 APÊNDICES...............................................................................................................63 ANEXO ......................................................................................................................66 11 1 INTRODUÇÃO Desde os primórdios dahumanidade, os nossos ancestrais buscavam meios para a sua sobrevivência, como: a caça do próprio alimento e a construção de abrigos improvisados com as matérias primas disponíveis na época para se abrigarem de animais selvagens e intempéries. A partir daí a forma de construir essas moradias foram se aperfeiçoando, com o emprego de novos materiais, como: madeiras, argilas e pele de animais. A evolução das habitações não ocorreu apenas com o passar do tempo, mas também sofreu influências de outra natureza, como a modificação dos solos e do clima e a necessidade de proteção do homem face aos perigos externos. Desta forma, o homem começou a fazer as casas com os materiais disponíveis, adotando técnicas de construção dominadas por certos grupos através do planejamento e da arquitetura (LOURENÇO & BRANCO, 2013). Porém, nem todas as construções feitas por construtores usando essas técnicas resistiram, apresentando patologias. Conforme BAUER (2004), dentre as manifestações mais comuns referentes aos problemas de umidade em edificações, encontram-se: manchas de umidade, corrosão, bolor (ou mofo), algas, liquens, eflorescências, deslocamento de revestimentos, friabilidade da argamassa por dissolução de compostos com propriedades cimentíceas, fissuras e mudança de coloração dos revestimentos. 1.1 Objetivo geral Estudar as patologias provenientes de umidades e infiltrações nas edificações. 1.2 Objetivos específicos Fazer um estudo de caso em uma edificação unifamiliar no bairro do Farol, na cidade de Maceió- Al, identificando as origens e suas possíveis causas do aparecimento de patologias provenientes de umidades e infiltrações; 12 Identificar os meios de prevenções e os processos de recuperações de áreas com patologias; Identificar os danos causados à saúde da população decorrente dessas patologias. 1.3 Justificativa A umidade nas construções representa um dos problemas mais difíceis de serem corrigidos dentro da construção civil. Essa dificuldade está relacionada à complexidade dos fenômenos envolvidos e à falta de estudos e pesquisas (PEREZ, 1985, apud SOUZA, 2008). Este trabalho apresenta conceitos e definições necessárias para a identificação, prevenção e manutenção de edificações com patologias provenientes de umidades e infiltrações, além das doenças causadas por essas patologias na população. 1.4 Metodologia A pesquisa a ser realizada neste trabalho é classificada como bibliográfica/ analise visual (in loco), pois tem como objetivo analisar as patologias causadas por umidades e infiltrações nas edificações com ausência de experimentos de laboratório. Para a realização dessa pesquisa terão que ser feitas pesquisas: bibliográficas através de livros e sites, buscando fazer um estudo das patologias nas edificações. Bibliográfica: Pesquisar em livros e em monografias realizadas sobre o tema, classificando as patologias nas edificações e estudo de normas técnicas; Em campo: em forma de vistorias em uma edificação unifamiliar no bairro do Farol na cidade de Maceió- Al, com apoio e análise do orientador. 13 1.5 Estrutura do trabalho O trabalho está estruturado em cinco capítulos: No Capítulo 1 – INTRODUÇÃO – são feitas as considerações iniciais, justificando a pesquisa, apresentando os objetivos, a metodologia e a estrutura do trabalho. No Capítulo 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA – são abordados conceitos de umidades e infiltrações, propriedades fundamentais dos líquidos, as principais patologias provenientes de umidades e infiltrações e a norma de impermeabilização. No Capítulo 3 – São apresentados os problemas de saúde causados a população por umidades e infiltrações. No Capítulo 4 – ESTUDO DE CASO – Apresenta a metodologia usada para a elaboração do estudo de caso, a descrição da estrutura da edificação, a inspeção preliminar e detalhada, além do diagnóstico. No Capítulo 5 – CONCLUSÃO- Apresenta as conclusões desse estudo. 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Patologias nas edificações O termo patologia é derivado do grego (pathos- doença, e logia- ciência, estudo). Na construção civil, pode-se atribuir o termo patologia aos estudos dos danos ocorridos em edificações. Segundo IANTAS (2010), as patologias são modificações estruturais e ou funcionais causadas por doença no organismo, ou seja, tudo o que promove a degradação do material ou de suas propriedades físicas e ou estruturais, que esteja sendo solicitado. Ainda segundo IANTAS (2010), as edificações também podem apresentar patologias, comparáveis às doenças: trincas, rachaduras, fissuras, manchas, descolamentos, deformações, rupturas, corrosões, oxidações, entre outros, assim chamada de Patologia da Construção. 14 A patologia das edificações estuda as falhas que ocorrem nos diversos componentes ou sistemas da edificação, caracterizando as formas de manifestação e tentando identificar as causas. Os levantamentos apontam que as falhas mais frequentes dizem respeito ao problema de umidade, deslocamento, fissuração ou instalações (PICHI apud PAVAN & DAL PONT, 2007). De um modo geral, as patologias não têm sua origem concentrada em fatores isolados, mas sofrem influência de um conjunto de variáveis, que podem ser classificadas de acordo com o processo patológico, com os sintomas, com a causa geradora dos problemas ou, ainda, com a etapa do processo produtivo em que ocorrem (SILVA et al, 2008). A classificação da origem das patologias, segundo PEDRO (2002) apud BARBALHO (2011). Congênitas – são aquelas originárias da fase do projeto, em função da não observância das Normas Técnicas, ou de erros e omissões dos profissionais, que resultam em falhas no detalhamento e concepção inadequada dos revestimentos. Construtivas – Sua origem está relacionada à fase de execução da obra, resultante do emprego de mão-de-obra despreparada, produtos não certificados e ausência de metodologia para assentamento das peças. Adquiridas – Ocorrem durante a vida útil dos revestimentos, sendo resultado da exposição ao meio em que se inserem, podendo ser naturais, decorrentes da agressividade do meio, ou decorrentes da ação humana. Acidentais – Caracterizadas pela ocorrência de algum fenômeno atípico, resultado de uma solicitação incomum. Segundo SOUZA e CORDEIRO (1998), as patologias podem ser divididas em: Patologias geradas na etapa de concepção da estrutura (projeto); 15 Patologias geradas na etapa de execução da estrutura (construção); Patologias geradas na etapa de utilização da estrutura (manutenção). 2.2 Água A água é um elemento químico simples e abundante na Terra, de grande importância para a origem e manutenção da vida e pode ser encontrada principalmente em oceanos e geleiras polares e, também, em rios, aquíferos e na forma de água da chuva (SILVA et al, 2007). A água é um dos maiores causadores de patologias, de forma direta ou indireta, quer se encontre no estado sólido, no líquido ou mesmo enquanto vapor de água. Pode ser vista como um agente de degradação ou como meio para a instalação de outros agentes (QUERUZ, 2007, apud SOARES, 2014). Segundo a norma de desempenho, NBR 15575: 2013, a água é o principal agente de degradação de um amplo grupo de materiais de construção, estando presente no solo, na atmosfera, nos sistemas e procedimentos de higiene da habitação, e, portanto, em permanente contato com alguns dos seus elementos. 2.3 Propriedades fundamentais dos líquidos 2.3.1 Capilaridade Capilaridade ou ascensão capilar é um fenômeno de ascensão de fluidos através de tubos capilares, devido às forças de absorção e coesão. Os vazios de solo são pequenos e podem ser associados a tubos capilares (ALMEIDA, 2011). Já para CAVALCANTE (2006), capilaridade é a ascensão da água acima do nível freático do terreno, através dos espaços intersticiaisdo solo, em um movimento contrário à gravidade. O termo capilaridade é bastante observado em livros e monografias referentes às mecânicas do solo, mas esse termo também pode ser usado quando 16 se refere às patologias de construção civil. Principalmente quando se refere às patologias de umidades ascendentes, que será abordada adiante. Segundo POZZOBON (2007), a capilaridade ocorre através dos poros dos materiais, pela ação da tensão superficial, onde a situação mais característica é a presença de umidade do solo que se eleva no material, em geral 70 a 80 cm. Pode-se observar, na figura 01, a ação do fenômeno da capilaridade na alvenaria através dos tubos capilares. Figura 1 – Infiltração de água por capilaridade Fonte: Manual Técnico- Impermeabilização de estruturas - 6ª Edição, VEDACIT, 2010. A capilaridade também pode agir em outro sentido, que não o vertical, mas sempre se caracteriza pela passagem da água através de poros. No entanto, a direção do fluxo influi muito. No caso de capilaridade de cima para baixo a gravidade aumenta a força de penetração; e de baixo para cima, a diminui (VERÇOZA, 1987). 2.3.2 Percolação De acordo com POZZOBON (2007), percolação ocorre quando a água escoa por gravidade, livre da ação de pressão hidrostática, situação muito comum em lâminas de água sobre terraços e coberturas. Chamam-se percolação à passagem da água através de um corpo por transmissão de grão a grão. É como um fenômeno de osmose. No caso das alvenarias, a água encharca um grão, que por sua vez vai encharcar o grão 17 seguinte, até atravessar toda a parede (VERÇOZA, 1987). A figura 02 ilustra esse processo de contaminação dos grãos por percolação. Figura 2 - Contaminação dos grãos por percolação Fonte: Manual Técnico- Impermeabilização de estruturas - 6ª Edição, VEDACIT, 2010. 2.3.3 Pressão Hidrostática Hidrostática é a ciência que estuda os líquidos em equilíbrio estático, ou seja, estuda a pressão de um líquido em repouso. 2.4 Umidade De acordo com KLEIN apud SOUZA (2008), umidade é a qualidade ou estado úmido ou ligeiramente molhado. A umidade é considerada pelos profissionais como uma das manifestações mais comuns, visto que está diretamente ligada à penetração de água nas edificações. Apesar de ser encarada como uma manifestação construtiva comum, ela não pode nem deve ser banalizada em uma edificação, uma vez que a umidade pode ser a causadora de grandes prejuízos aos moradores, bem como de graves consequências à estrutura de sustentação de uma obra (BELÉM, 2011). 18 As patologias mais comuns que ocorrem na construção civil são devido à penetração da água e de manchas de umidades. Esses defeitos podem gerar problemas graves, como: Prejuízos de caráter funcional da edificação; Desconforto dos usuários e, em casos extremos, os mesmos podem afetar a saúde dos moradores; Danos em equipamentos e bens presentes nos interiores das edificações; Diversos prejuízos financeiros. Conforme PEREZ (1988), a umidade nas construções representa um dos problemas mais difíceis de serem corrigidos dentro da construção civil. RIPPER (1996) comenta que a umidade é o maior inimigo das construções e da saúde de seus ocupantes. 2.5 Infiltrações De acordo com o Dicionário de Aurélio B. de Holanda Ferreira , infiltração significa: a penetração de um fluido em um sólido através de poros ou interstícios, ou seja, essa penetração pode ocorrer através da percolação ou capilaridade, termos já explicados anteriormente. A infiltração é o processo pelo qual a água penetra nas camadas superficiais do solo, se move para baixo através dos vazios pela ação da gravidade, até atingir uma camada impermeável, formando um lençol d’água (SOUZA et al, 2011). A infiltração pode ser caracterizada como a passagem da água do meio exterior para o interior ou em sentido contrário, nos seus estados líquido e gasoso, que penetra nas paredes por capilaridades, através de fissuras ou poros existentes no material (CASTILHO et al, 2009). Das patologias mais comuns em edifícios, destaca-se a infiltração. Esta ocasiona uma variedade de problemas que afetam, sobretudo, a estrutura física da obra, além de ocasionar outros problemas, por exemplo, na saúde dos moradores, uma vez que o ambiente úmido abriga microrganismos (fungos), que são responsáveis pelo surgimento de doenças (CASTILHO et al, 2009). 19 Os tipos de infiltrações são, de acordo com SOUZA et al (2011). Capilar; De fluxo superficial; Higroscópica; Por condensação capilar. De acordo com STORTE (2008) apud SCHONARDIE (2009), o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (CREA-PE), concluiu em uma pesquisa realizada em 1997, que a maior incidência de infiltrações se dá nas áreas molhadas: banheiro, cozinha, área de serviço, varanda, jardineira. 2.6 PATOLOGIAS PROVENIENTES DE UMIDADES E INFILTRAÇÕES NAS EDIFICAÇÕES Neste tópico, serão abordadas algumas patologias causadas por umidades e infiltrações nas edificações. 2.6.1 Infiltrações no telhado A umidade originada por infiltrações nos telhados das edificações tem como fonte geradora a água da chuva. Isto se deve ao fato de as coberturas de telhas apresentarem muitos vazamentos no sistema de escoamento dessas águas pluviais (calhas e tubos de queda) ou no próprio telhado (VERÇOSA, 1991 apud SOUZA, 2008). Estes vazamentos, dentre os demais que serão citados nas próximas páginas, são os mais fáceis de localizar e de efetuar a correção. 2.6.1.1 Vazamentos e Goteiras nos telhados As goteiras são provenientes de água advinda de chuvas e/ou a ocorrência de vazamentos ou infiltrações em marquises, terraços e floreiras. Essas situações são bem comuns em edificações e contribuem para o aparecimento de outras patologias (BELÉM, 2011). Um defeito comum que acontece é o caimento inadequado: as telhas possuem ângulos limites, fora dos quais os vazamentos são improváveis. Diversos 20 fatores influenciam estes ângulos, tais como: sistema de fixação das peças, sistema de encaixes longitudinais e laterais, impermeabilidade das telhas, etc (SOUZA, 2008). A figura 3 mostra uma viga com manchas verdes causadas por vazamentos que podem, possivelmente, ser por falta de vedação ou falhas na colocação do parafuso de fixação dos telhados de fibrocimento. Figura 3 - Vazamento em telhado de fibrocimento Fonte: Autores 2.6.1.2 Vazamentos na rede pluvial Em se tratando de redes pluviais, as manchas de umidade só aparecem nos dias de chuva ou logo após, levando a deduzir que se trata de defeito de impermeabilização (SOUZA, 2008). Segundo VERÇOZA (1991) e SOUZA (2008), são bastante comuns os vazamentos em calhas, condutores, algerozes e outros aparelhos que são utilizados com a finalidade de se coletar a água de chuvas. Estes vazamentos são manifestados através de manchas nos forros ou paredões que lhe ficam abaixo, assim como por goteiras. 2.6.2 Vazamentos em lajes de coberturas e terraços O grande problema que contribui para vazamentos em lajes de cobertura e terraços é o defeito na impermeabilização (SOUZA, 2008). 21 Segundo Perdigão (2007), citado por Rigui (2009), os tipos de coberturas existentes são: Coberturas não acessíveis: são as que não serão usadas para qualquer tipo de circulação, à exceção de eventuais trabalhos de manutenção; Coberturas acessíveis, em que é permitida a livre circulação de pessoas ou veículos sobre a cobertura, o que implica uma proteção mecânica da camada de impermeabilização; Coberturas ajardinadas, onde se colocam jardins com todo o tipo de vegetação. Apresentam características especiais, desde a necessidade de regar, que aumenta a quantidade de água existente, até a erosão causada pelaspróprias raízes da vegetação. Numa edificação, uma das principais preocupações é pela eficaz estanqueidade da cobertura que, de todos os elementos do edifício, é o que se encontra mais exposto às intempéries. É necessário impermeabilizar todas as regiões que entrarão em contato com a água. Caso contrário, poderá haver vazamentos (RIGUI, 2009). Figura 4 – Vazamento em laje plana Fonte:?http://www.sefir.com.br/2014/11/15/como-resolver-o-problema-das-goteiras-na-laje Observa-se, na figura 4, a infiltração em uma laje plana causada por águas empoçadas, que poderiam ter sido evitadas se houvesse um caimento adequado, a presença de ralos para o escoamento dessas águas, além da impermeabilização 22 total da laje. Essas falhas podem gerar patologias, afetando o lado interno da laje, como mostra a figura 5. Figura 5 – Laje plana com infiltrações Fonte: Autores 2.6.3 Vazamentos em tubulações Também denominada de acidental, essa umidade é oriunda de vazamentos de tubulações do sistema de distribuição e/ou do sistema de coleta de águas da construção. Essa umidade frequentemente apresenta-se em paredes, telhados, pisos e terraços (BELÉM, 2011). Problema que ocorre geralmente em tubulações com muito tempo de uso e sem inspeção e manutenções frequentes, podendo assim, a qualquer momento, apresentar rachaduras no tubo ressecado ou nas peças do encanamento (SANTOS, 2009). A existência de umidade com esse tipo de origem tem uma importância especial, quando se trata de edificações que já possuam um longo tempo de existência, pois pode haver presença de materiais com tempo de vida já excedido, que não costumam ser contempladas em planos de manutenção predial (RIGHI, 2009). 23 2.6.4 Manchas As manchas podem ser definidas como o resultado da saturação de água em materiais construtivos sujeitos à umidade. Esse processo, além de provocar o surgimento das manchas características, acarreta enquanto consequência a deterioração da edificação (BELÉM,2011). As manchas causadas por umidades geralmente ocorrem no exterior da construção, pelo efeito da chuva ou vazamentos (calhas, beirais, reservatórios, etc.), com ajuda dos componentes do ar, que podem ser organismos vivos ou partículas poluidoras (SANTOS, 2009). Para ilustrar esse caso, pode-se observar as manchas causadas pela chuva e a falta de elementos construtivos na figura 6. Figura 6 – Manchas causadas por chuva em fachada Fonte: Autores A figura 7 mostra manchas marrons em parede ainda úmida em uma residência, esta patologia ocorreu por um vazamento em uma laje na residência vizinha e, aos poucos, por percolação, a parede ficou totalmente encharcada. 24 Figura 7 – Manchas causadas por umidade em parede interna Fonte: Autores 2.6.5 Bolor O termo bolor ou mofo é entendido como a colonização por diversas populações de fungos filamentosos sobre vários tipos de substrato, citando-se, inclusive, as argamassas inorgânicas (SHIRAKAWA, 1995). GRANATO (2002) afirma que o bolor está associado à existência de alto teor de umidade no componente atacado e no meio ambiente, podendo interferir na salubridade e habitabilidade da edificação. Também pode ocorrer o emboloramento em paredes com umidade provocada por vazamentos ou infiltrações. O emboloramento nada mais é do que uma alteração que pode ser constatada macroscopicamente na superfície de diferentes materiais, sendo consequência do desenvolvimento de micro-organismos pertencentes ao grupo dos fungos. Assim, como todos os organismos vivos, estes possuem seus desenvolvimentos afetados com as condições ambientais, sendo a umidade um fator essencial (SOUZA, 2008). 2.6.6 Umidades provindas da própria construção De acordo com MAGALHÃES (2002), a umidade de obra, ou de construção, tem origem na água empregada para a execução e aplicação do revestimento e que começa a causar danos a partir do momento em que não lhe é permitido uma 25 perfeita evaporação através da superfície do material, a fim de que seja alcançado seu equilíbrio higrotérmico com o ambiente. SANTOS (2009) comenta que nas obras, muitas vezes, materiais são deixados sem proteção no canteiro, absorvendo umidade indesejada, além de, na própria fase de uso na obra, sofrem um umedecimento proposital como técnica para, por exemplo, assentamento dos tijolos nas vedações e edição de água na confecção de argamassas e concretos para tornar melhor sua trabalhabilidade. 2.6.7 Umidades provenientes das chuvas A umidade decorrente de intempéries é considerada por muitos autores como a de ocorrência mais comum dentre as demais. Tal concepção deve-se ao fato de esse tipo de umidade ser oriundo do agente mais comum: a chuva (BELÉM, 2011). VERÇOZA (1987) comenta que a maior parte das infiltrações de águas de chuva em paredes é causada pelo uso de argamassa muito porosa no assentamento dos tijolos e no revestimento. As águas de chuva penetram nos prédios e outras construções por pressão hidrostática e percolação. É comum, por exemplo, que a água penetre por goteiras em telhados e calhas, por má vedação das esquadrias, etc (VERÇOZA, 1987). 2.6.8 Umidades ascendentes A umidade ascendente pode ser definida como o fluxo vertical de água que consegue ascender do solo – através do fenómeno da capilaridade – para uma estrutura permeável (CABAÇA, 2002). Sendo por inexistência de uma impermeabilização na fundação da edificação ou até mesmo por falhas, podendo gerar patologias na construção. Segundo SOARES (2014), a umidade ascensional ocorre devido ao fluxo ascendente da água, através do fenômeno da capilaridade, onde o fluxo ocorre por pequenos canais na microestrutura dos materiais, canais esses inversamente 26 proporcionais ao diâmetro dos vasos capilares, sendo esses relacionados aos vazios presentes. Os vasos capilares pequenos permitem a água subir até o momento em que entra em equilíbrio com a força da gravidade. A altura que a água ascende pelo vaso capilar depende principalmente do seu diâmetro: quanto menor, maior a altura (FEILDEN, 2003 apud RIGHI, 2009). De acordo com CABAÇA (2002), a ascensão de água nas paredes, que pode ocorrer até alturas significativas, é função de: Condições de evaporação de água que para aí tenha migrado; Porosidade do material; Permeabilidade do material; Quantidade de água que se encontra em contato com a parede. A figura 8 ilustra os mecanismos de umidade ascendentes, onde os vasos capilares presentes no material poroso, que no caso é o tijolo, estando em contato com o solo úmido, estão facilitando a ascensão da água para a parede que, geralmente, agem de forma vertical. Dependendo do diâmetro dos vasos capilares, a umidade pode chegar a alturas variáveis. Figura 8 - Mecanismos de umidade ascendente Fonte: Casa D´água apud SOARES, 2014 27 A umidade em excesso pode surgir nas alvenarias e revestimentos em consequência da ascensão de água por capilaridade, através da estrutura porosa do material, devido à existência de zonas de paredes em contato com a água do solo, à existência de materiais de elevada capilaridade nas paredes ou à inexistência, ou deficiente posicionamento, de barreiras estanques nas paredes (MAGALHÃES, 2002). A figura 9 representa o aparecimento de patologias, devido à falta de um tratamento de impermeabilização na fundação, estando em contato com o solo úmido. Figura 9 – Umidade do solo subindo por capilaridade na parede Fonte: http://mcimpermeabilizacoesc.blogspot.com.br/2013_05_01_archive.html Se uma parede porosa (tijolos, argamassa de cal) entrar em contato com esse terreno, a capilaridade também se faz sentir na parede, que umedece. Por esta razão, nunca se deve encostar terra diretamente nos tijolos ou rebocos. Até mesmo o concreto absorveumidade (VERÇOZA, 1987). Segundo CABAÇA (2002), para que possam ocorrer manifestações de umidade proveniente do terreno, sejam de origem capilar ou freática, é necessário que as paredes se encontrem em contato com a água do solo, o que pode acontecer nas seguintes situações: http://mcimpermeabilizacoesc.blogspot.com.br/2013_05_01_archive.html 28 Fundações das paredes situadas abaixo do nível freático; Fundações das paredes situadas acima do nível freático em zonas cujo terreno possua elevada capilaridade, provocando a ascensão da água existente a uma cota inferior; Paredes implantadas em terrenos pouco permeáveis ou com pendentes viradas para as paredes, dando origem a que as águas da chuva, ou provenientes de outras fontes, possam deslizar sobre o terreno e entrar em contato com aqueles elementos. 2.6.9 Eflorescência O termo eflorescência tem como significado a formação de depósito salino na superfície de alvenarias, isto sendo resultante da exposição de intempéries (UEMOTO, 1985 apud SOUZA, 2008). Os fenômenos naturais que mais provocam o aparecimento das eflorescências são as chuvas, que, quando mais se lançam de encontro ao elemento, mais provocam reações com os sais. A elevada temperatura no ambiente também ajuda a provocar reações, promovendo a aceleração de evaporação, e assim, uma grande umidade em contato com os elementos salinizados (SANTOS 2009). A origem dos sais se dá a partir de três aspectos: SILVA (2011) Dissolução ou intemperização (hidrólise hidratação, solução, oxidação e carbonatação); Minerais primários existentes nas rochas e no solo (substrato), tornando-os mais solúveis; Concentração dos sais pela ação do clima e através do fenômeno do endorreismo que não facilita a drenagem. Para MAGALHÃES (2002), este tipo de patologia caracteriza-se pela formação de uma substância de aparência cristalina ou filamentosa, geralmente de cor esbranquiçada, e que aflora à superfície alterando o aspecto visual do 29 revestimento. Por vezes, as formas geométricas dos cristais lembram flores, daí a utilização da palavra “florescência” para designar qualquer tipo de cristalização de sais. Este fenômeno pode ocorrer em qualquer elemento da edificação. Ela pode trazer modificações apenas estéticas ou ser agressiva. No primeiro comportamento, ela altera a aparência do elemento onde está depositada e, no segundo, devido aos sais constituintes, pode até causar degradação profunda (SOUZA, 2008). VERÇOZA (1987) comenta que os sais que causam as eflorescências também podem estar contidos na atmosfera. Então, na realidade, não é uma eflorescência, mas uma deposição. É o caso comum nas zonas industriais, carregadas de sias de enxofre, altamente reativo. Os sais também podem estar no solo e ser carregados às paredes por capilaridades. Em geral, este tipo de patologia modifica a estética e afeta o aspecto superficial da parede, mas ainda sim as eflorescências não são consideradas como um verdadeiro problema enquanto são soluções ou cristais que atravessam uma camada de pintura porosa, e se apresentam só como um fenômeno superficial, não prejudicando a durabilidade do material (MAGALHÃES, 2002). Pode-se observar, na figura 10, a presença de eflorescência no rejunte entre as peças cerâmicas que estão revestindo a fachada de uma residência, causando danos estéticos. Figura 10 – Fachada com presença de Eflorescência Fonte: Autores 30 As eflorescências aparecem quando a água atravessa uma parede que contenha sais solúveis. Estes sais podem estar nos tijolos, no cimento, na areia, no concreto, na argamassa, etc. Dissolvendo-se na água eles são trazidos por ela para a superfície, onde a água evapora e os sais se depositam, sólidos ou em forma de pó. Eliminando-se a penetração da água, elimina-se a eflorescência (VERÇOZA, 1987). 2.6.10 Criptoflorescência Criptoflorescência também são formações salinas, de mesma causa e mecanismo que as eflorescências, mas agora os sais formam grandes cristais que se fixam no interior da própria parede ou estrutura. Ao crescerem, eles podem pressionar a massa, formando rachaduras e até a quebra da parede. O maior causador da criptoflorescência é o sulfato (VERÇOZA, 1987). Para Magalhães (2002) os danos consideráveis são causados quando os cristais são formados nos poros e nos vasos capilares dos materiais, ou seja, quando são formadas as criptoflorescências. Estas sim, têm certo poder destruidor e podem afetar, em alguns casos, a vida útil do material, já que a cristalização se dá, em geral, com dilatação, implicando um impulso sobre a camada de material que cobre a cavidade, que tende, assim, a desagregar-se. Os sulfatos, ao receberem água, aumentam muito de volume. Mesmo que a pressão seja pequena, as criptoflorescências fazem desagregar os materiais, principalmente a camada superficial (VERÇOZA, 1987). A figura 11 ilustra uma parede com a presença de Criptoflorescência. 31 Figura 11 - Presença de Criptoflorescência em parede Fonte: http://www.engenhariacivil.com/dicionario/criptoflorescencia Possuindo a mesma causa e mecanismo das eflorescências, as criptoflorescências são patologias formadas também a partir de sais solúveis (BELÉM, 2011). A tabela 1 mostra a composição química dos sais que provocam criptoflorescência e eflorescência e a provável fonte onde serão encontrados e a solubilidade em água, já que, é um dos fatores para a formação do fenômeno. Tabela 1 - Sais comuns em criptoflorescência e eflorescência Composição química Solubilidade em água Fonte provável Carbonato de cálcio Pouco solúvel Carbonatação do hidróxido de cálcio do cimento; Cal não carbonatada. Carbonato de magnésio Pouco solúvel Carbonatação do hidróxido de cálcio do cimento; Cal não carbonatada. Carbonato de potássio Muito solúvel Carbonatação de hidróxidos alcalinos de cimentos de elevado teor de álcalis. Carbonato de Sódio Muito solúvel Carbonatação de hidróxidos alcalinos de cimentos de elevado teor de álcalis. 32 Hidróxido de cálcio Solúvel Cal liberada na hidratação do cimento. Sulfato de cálcio desidratado Parcialmente solúvel Cal liberada na hidratação do cimento. Sulfato de magnésio Solúvel Tijolo e água de amassamento. Sulfato de cálcio Parcialmente solúvel Tijolo e água de amassamento. Sulfato de potássio Muito solúvel Tijolo, água de amassamento e cimento Sulfato de sódio Muito solúvel Tijolo, água de amassamento e cimento. Cloreto de cálcio Muito solúvel Água de amassamento. Cloreto de magnésio Muito solúvel Água de amassamento. Nitrato de magnésio Muito solúvel Solo adubado ou contaminado. Nitrato de sódio Muito solúvel Solo adubado ou contaminado. Nitrato de amônio Muito solúvel Solo adubado ou contaminado. Fonte: Bauer (2004) 2.6.11 Deterioração de pinturas e revestimentos A água vem sendo identificada como o agente de deterioração que mais afeta os materiais de alvenaria. A sua presença no interior do poro da estrutura do revestimento, ou da parede, pode resultar em destruição, se o material estiver submetido a ciclos de molhagem/secagem ou gelo/degelo (MAGALHÃES, 2002). SANTOS (2014) comenta que o simples aparecimento de água não é informação suficiente para a determinação da origem, porque a água flui por gravidade e, dependendo em alguns materiais, ela percola. Na tabela 2, as causas da ocorrência de deteriorações estão divididas em três fases: a fase de projeto, a de execução e a de utilização. 33 Tabela 2 – Causas da ocorrência de deteriorações Fase de projeto Detalhamento deficiente dos elementos construtivos Seleção inadequada dos materiais ou técnicas construtivas Fase de execução Não conformidade entre o que foi projetado e o que foi executadoAlterações inadequadas das especificações de projeto Má qualidade dos materiais empregados Técnicas inadequadas de produção e controle das argamassas Mão de obra deficiente Fase de utilização Alterações indevidas Má Utilização Ausência ou insuficiência de manutenção Fonte: adaptada de SOUZA et al 2004 Tem-se verificado que as deteriorações mais frequentes, no revestimento externo das edificações, referem-se a manchas de umidade, a sujeira, a fissuras e ao destacamento dos revestimentos do substrato (SOUZA et al, 2004). A tabela 3 mostra o processo de deterioração devido às causas naturais. Tabela 3 – Deterioração por causas naturais Causas próprias Devido à porosidade do concreto Causas químicas Reações internas do concreto Expansão de constituintes do cimento Ação de cloretos Ataque de ácidos e sais Presença de anidrido carbônico Presença de água Elevação da temperatura interna do concreto Causas físicas Variação de temperatura Insolação Vento Água Causas biológicas Ataque de bactérias Fonte: SOUZA; RIPPER, 1998 apud SILVA, 2008 34 2.6.12 Saponificação Manifesta-se pelo aparecimento de manchas na superfície pintada, frequentemente provocando o descascamento ou degradação das pinturas, notadamente nas tintas do tipo PVA, de menor resistência. A saponificação também ocorre devido à alta alcalinidade do substrato, que pode ter se manifestado pela eflorescência dos sais altamente alcalinos (GRANATO, 2002). A figura 12 ilustra uma parede com a presença de saponificação. Figura 12 - Saponificação em parede Fonte: http://www.healtintas.com.br/saponificacao.html 2.7 Impermeabilização Segundo a NBR 9575/2010, impermeabilização é um conjunto de operações e técnicas construtivas (serviços), composto por uma ou mais camadas, que tem por finalidade proteger as construções contra a ação deletéria de fluidos, de vapores e da umidade. O custo da implantação da impermeabilização, em uma edificação, representa em torno de 1 a 3% do custo total da obra, como mostra o gráfico 1. http://www.healtintas.com.br/saponificacao.html 35 Gráfico 1 - Porcentagens de custos em uma obra Fonte: Adaptada de: http://oazulejista.blogspot.com.br/2015_02_01_archive.html 2.7.1 Tipos de Impermeabilização Segundo a NBR 9575 (2010), os tipos de impermeabilização são classificados segundo o material constituinte principal da camada impermeável. 2.7.1.1 Cimentícios a) argamassa com aditivo impermeabilizante; b) argamassa modificada com polímero; c) argamassa polimérica; d) cimento modificado com polímero. 2.7.1.2 Asfálticos a) membrana de asfalto modificado sem adição de polímero; b) membrana de asfalto elastomérico; c) membrana de emulsão asfáltica; d) membrana de asfalto elastomérico, em solução; e) manta asfáltica. 12% 26% 17% 10% 22% 3% 10% Fundação Estrutura Alvenaria Elevador Revestimento Impermeabilização Pintura e limpeza final http://oazulejista.blogspot.com.br/2015_02_01_archive.html 36 2.7.1.3 Poliméricos a) membrana elastomérica de policloropreno e polietileno clorossulfonado; b) membrana elastomérica de poliisobutileno isopreno (I.l.R), em solução; c) membrana elastomérica de estireno-butadieno-estireno (S.B.S.); d) membrana elastomérica de estireno-butadieno-estireno-ruber (S.B.R.); e) membrana de poliuretano; f) membrana de poliuréia; g) membrana de poliuretano modificado com asfalto; h) membrana de polímero acrílico com ou sem cimento; i) membrana acrílica para impermeabilização; j) membrana epoxídica; k) manta de acetato de etilvinila (E.V.A.); I) manta de policloreto de vinila (P.V.G.); m) manta de polietileno de alta densidade (P.E.A.D.); n) manta elastomérica de etilenopropilenodieno-monômero (E.P.D.M.); o) manta elastomérica de poliisobutileno isopreno (I.l.R). 3 PROBLEMAS DE SAÚDE CAUSADOS A POPULAÇÃO POR UMIDADES E INFILTRAÇÕES Uma das causas para o aparecimento de problemas de saúde é a presença de umidade e mofo ou bolor em ambientes internos, que os deixa insalubres para a permanência de pessoas nesses locais. A qualidade do ambiente interior tem papel fundamental com fatores associados ao aparecimento de novos casos de problemas respiratórios. Recentes estudos internacionais evidenciam que a umidade das residências, causada por infiltração ou permanência de água, oriunda de inundação, é fator de risco para o surgimento de novos casos de asma e rinite (BORNEHAG et al., 2001 apud PENDLOSKI , 2014). A má qualidade do ar no interior das edificações contribui para o aparecimento de inúmeras doenças respiratórias. Indicadores de má qualidade do ar como ácaros, mofo, bactérias, manchas de umidade, falta de renovação de ar, 37 restos de insetos e pelos de animais estão associados a crises de asma e de rinite (GRAUDENZ et al., 2002 , apud PENDLOSKI , 2014). 4 ESTUDO DE CASO 4.1 Metodologia A metodologia para a realização do estudo de caso será a partir da Inspeção Predial e revisão bibliográfica, utilizando as Normas: Norma de Inspeção Predial Nacional IBAPE/ NACIONAL-2012 e a NORMA DE INSPEÇÃO PREDIAL IBAPE/SP – 2011. Para a realização desse estudo serão obedecidos os seguintes passos: Determinação do nível e tipo de inspeção; Obtenção de informações dos usuários responsáveis, proprietários, através de questionários, principalmente quando for caso de reformas e modificações. Inspeção dos ambientes da edificação; Classificação e análise das anomalias quanto ao grau de risco; Sugestão terapêutica. A Inspeção Predial deve ser entendida como uma vistoria para avaliar os estados de conformidade de uma edificação, mediante aspectos de desempenho, vida útil, segurança, estado de conservação, manutenção, desempenho, exposição ambiental, utilização, operação, observando sempre as expectativas dos usuários (NEVES; BRANCO, 2009). Segundo GOMIDE et al (2006), Inspeção é a avaliação das condições técnicas, de uso e de manutenção da edificação, visando orientar a manutenção e a qualidade predial total. Ainda de acordo com GOMIDE et al (2006), para desempenhar essa função, é indispensável ser graduado em engenharia civil ou arquitetura e ter conhecimentos 38 em patologias de edificações, ensaios tecnológicos, qualidade total, perícias de engenharia e engenharia de manutenção e, também, conhecer fotografia, pois fotos são necessárias para o laudo. No item 7.1 da Norma de Inspeção Predial IBAPE/SP – 2011, a inspeção predial pode ser classificada de acordo com o nível pretendido do inspetor e da finalidade. 7.1.1 - NÍVEL 1 : Identificação das anomalias e falhas aparentes, elaborada por profissional habilitado. 7.1.2 - NÍVEL 2: Vistoria para a identificação de anomalias e falhas aparentes eventualmente identificadas com o auxílio de equipamentos e/ou aparelhos, bem como análises de documentos técnicos específicos, consoante à complexidade dos sistemas construtivos existentes. A Inspeção Predial nesse nível é elaborada por profissionais habilitados em uma ou mais especialidades. 7.1.3 - NÍVEL 3: Equivalente aos parâmetros definidos para a inspeção de NÍVEL 2, acrescida de auditoria técnica conjunta ou isolada de aspectos técnicos, de uso ou de manutenção predial empregada no empreendimento, além de orientações para a melhoria e ajuste dos procedimentos existentes no plano de manutenção. Classificação das anomalias e falhas, segundo a Norma de Inspeção Predial IBAPE/SP – 2011. Endógena - Originária da própria edificação (projeto, materiais e execução); Exógena - Originária de fatores externos a edificação, provocados por terceiros; Natural - Originária de fenômenos da natureza (previsíveis, imprevisíveis); Funcional - Originária do uso. 39 De acordo com a Norma de InspeçãoPredial IBAPE/SP – 2011, o grau de risco das anomalias e falhas constatadas na Inspeção Predial é classificado em: CRÍTICO- Pode provocar danos contra a saúde e a segurança das pessoas e/ou meio ambiente; perda excessiva de desempenho causando possíveis paralisações, aumento de custo, comprometimento sensível de vida útil e desvalorização acentuada; REGULAR- Pode provocar a perda de funcionalidade, sem prejuízo à operação direta de sistemas, perda pontual de desempenho (possibilidade de recuperação), deterioração precoce e pequena desvalorização; MÍNIMO- Pode causar pequenos prejuízos à estética ou atividade programável e planejada, sem incidência ou sem a probabilidade de ocorrência dos riscos críticos e regulares, além de baixo ou nenhum comprometimento do valor imobiliário. 4.2 Descrição da estrutura O imóvel em estudo trata-se de uma residência unifamiliar, que possui aproximadamente 120m² de área construída e idade aproximada de 50 anos, situada no bairro do Farol na cidade de Maceió – AL, passando apenas por uma reforma na década de 80. A partir daí, foram feitos alguns serviços de manutenção como: pinturas, instalações elétricas e hidráulicas. A edificação possui um sistema construtivo convencional de alvenaria de tijolos cerâmicos e laje apenas na área do subsolo. Consiste em um único pavimento, sendo os ambientes: Varanda, sala de estar, sala de jantar, quarto1, quarto2, banheiro, cozinha, área de serviço e subsolo. Abaixo, na figura 13, está a localização da residência na quadra e os níveis aproximados de terreno. 40 Figura 13 - Localização do imóvel na quadra. Fonte: Autores 4.3 Apresentações dos procedimentos 4.3.1 Inspeção preliminar A inspeção do imóvel foi realizada no dia 03/09/2015, foi realizado um questionário para a obtenção de informações com o responsável pela edificação e um levantamento arquitetônico no imóvel para servir como um mapa para este trabalho, facilitando a localização das patologias nos ambientes. A Inspeção visual foi realizada com o acompanhamento do proprietário do imóvel, que apontou os locais que apresentavam as patologias provenientes de umidades e infiltrações. Em seguida, nos ambientes, foram verificadas as patologias, feitas anotações em um Check - List criado para essa vistoria, e fotografado. O nível de inspeção foi NÍVEL 1 classificado na Norma de Inspeção Predial IBAPE/SP – 2011, onde é feita a identificação das anomalias e falhas aparentes, elaborada por profissional habilitado. 4.3.2. Inspeção detalhada As manifestações patológicas provenientes de umidades e infiltrações analisadas na vistoria feita na edificação, suas possíveis causas, os tipos de 41 anomalias e sugestões terapêuticas encontram-se demonstradas na sequência de fotos adiante explicadas. A figura 14 indica os locais onde foram encontradas manifestações patológicas na edificação. Figura 14 - Planta baixa Fonte: Autores 42 As patologias provenientes de umidades e infiltrações encontradas na edificação foram separadas de acordo com: suas possíveis causas, tipo de anomalia de falhas além do grau de risco. As imagens da figura 15 representam as patologias: bolor e manchas encontradas na fachada e na área de serviço. Suas causas prováveis são Ausência de calhas e do uso de pingadeiras nos muros, além de águas de chuvas. O tipo de anomalia pode ser considerado natural, com grau de risco mínimo. Figura 15 - Manchas e bolor Fonte: Autores Sugestão terapêutica: Terapias para vazamentos na rede pluvial Para as patologias causadas por vazamentos na rede pluvial a solução é colocar adequadamente os acessórios fazer substituição de tubulações e uniões danificadas e fixar a tubulação adequadamente. 43 Terapias para manchas A principal medida para acabar com as manchas é conseguir extinguir as umidades ou vazamentos no local. Feito isso, é necessário a recuperação do local, geralmente paredes, iniciando pela remoção do reboco e a aplicação de um novo, com a adição de hidrofugantes, que são responsáveis por impedir a penetração da água, caso haja um novo vazamento e aplicação de uma nova pintura, já que as manchas esteticamente não são bonitas. No caso de manchas causadas por chuvas em paredes externas, é necessária a criação de pingadeira, elemento construtivo usado para que a água não escorra na parede, evitando manchas. Podendo ser usado em platibandas, muretas, janelas, parapeitos, etc.. A figura 16 faz a ilustração de duas paredes: uma sem o uso da pingadeira e a outra com a pingadeira. Na primeira ilustração, com a ação do vento e da chuva, a água escorre pela parede, provocando manchas; já na ilustração que está com a pingadeira, a água da chuva escorre fora da fachada, inibindo o surgimento das manchas. Figura 16 – Esquema de função da pingadeira Fonte: Adaptada de OLIVEIRA, 2013 A figura 17 apresenta imagens relacionadas: (a) parede com manchas e deterioração da pintura; (b) criptoflorescência; (c) deterioração da pintura; (d) saponificação, manchas e deterioração do reboco; (e) manchas e deterioração da pintura; (f) deterioração do reboco. As causas prováveis são: umidades ascendentes, falhas de execução ou falta de impermeabilização da fundação, ou término de vida 44 útil da impermeabilização. O tipo de anomalia foi classificado como exógena, com grau de risco regular. Figura 17 - Manchas, deterioração do reboco e pintura. Fonte: Autores A figura 18 apresenta imagens relacionadas: (a) parede com manchas e deterioração da pintura; (b) deterioração do reboco. As causas prováveis são: umidades ascendentes, falhas de execução ou falta de impermeabilização da 45 fundação, ou término de vida útil da impermeabilização. O tipo de anomalia foi classificado como endógena (originária da própria edificação), com grau de risco regular. Figura 18 - Manchas, deterioração do reboco. Fonte: Autores Sugestão terapêutica para as figuras 17 e 18: Segundo Marques (2005) apud RIGHI (2009), as intervenções mais comuns são feitas com injeções de produtos impermeabilizantes ou com argamassa polimérica, dependendo do material que foi utilizado na execução das paredes, tijolos maciços ou furados. A figura 19 ilustra as soluções para problemas causados pela falta de impermeabilização nas fundações. Figura 19 - Esquema de soluções para problemas de impermeabilização em fundações Fonte: Righi, 2009 46 Solução para paredes de tijolos maciços. Procedimentos para solucionar o problema conforme Abatte, 2003 apud Righi, 2009 a) Primeiramente deve-se delimitar a área a ser tratada, marcando uma faixa desde o piso até a altura de 1 m; b) Retirar todo o reboco da área a tratar; c) Executam-se duas linhas de furos intercaladas entre si: a primeira a 10 cm do piso e a segunda a 20 cm. Os furos devem ser com uma inclinação de 45°; d) Saturar os furos com água para a aplicação do produto; e) Aplica-se o produto por gravidade, sem necessidade de pressão e, sim, de saturação; f) Executa-se novamente o revestimento. Para um melhor desempenho deve- se usar argamassa com aditivo hidrófugo no mesmo. A figura 20 representa o processo de perfuração dos tijolos maciços em alvenaria para a introdução de cristalizantes. Figura 20 – Perfuração dos tijolos maciços em alvenaria Fonte: Righi, 2009 47 A figura 21 representa o esquema para a introdução de cristalizantes em uma parede por gravidade. Figura 21 – Esquema de introdução de bloqueadores químicos em uma parede por gravidade Fonte: Henriques, 2007 apud Rodrigues, 2014 Solução para paredes de tijolos furados, segundo RIGHI (2009). a) Primeiramente deve-se delimitara área a ser tratada, marcando uma faixa com, pelo menos, 30 cm acima da patologia, em toda a extensão de parede em que aparece a umidade ascendente; b) Nessa área demarcada, deve-se remover todo o revestimento da parede expondo a alvenaria; c) Fechar as irregularidades com uma argamassa bem desempenada e, com a parede molhada, aplicar uma demão de argamassa polimérica; d) Após um intervalo de seis horas entre cada demão, aplicar mais três demãos, totalizando quatro. e) Executa-se novamente o revestimento. Para um melhor desempenho, deve- se usar argamassa com aditivo hidrófugo no mesmo. As imagens da figura 22 representam manchas causadas por vazamentos no telhado. O tipo de anomalia foi classificado como natural, com grau de risco regular. 48 Figura 22 - Manchas Fonte: Autores Sugestão terapêutica: A solução para cessar com os vazamentos e goteiras nos telhados cerâmicos é a limpeza periódica e a substituição das telhas quebradas e reforçar placas para acesso à cobertura. Segundo o Manual de manutenção e patologias de uma casa (2004), é necessária a adoção de algumas medidas de manutenção, para que não ocorram vazamentos nos telhados, tais como: Limpeza do telhado e calhas com água - semestral; Inspeção geral verificando a estanqueidade - 5 anos; Eliminação de vegetação e detritos - anual. A figura 23 apresenta imagens relacionadas: (a) parede com manchas escuras; (b) deterioração do reboco. A causa provável é o vazamento em instalação hidráulica. Apresentando o tipo de anomalias funcional, com grau de risco regular. 49 Figura 23 – Manchas e deterioração do reboco Fonte: Autores Sugestão terapêutica: O procedimento é identificar se a umidade presente é proveniente de uma tubulação de água fria. Sendo isso, logo após a identificação, é necessário que o registro da caixa d’agua que alimenta a rede predial de distribuição esteja fechado; em seguida, à quebra de rebocos e revestimentos cerâmicos para fazer o conserto da instalação hidráulica, substituindo a peça antiga por uma nova; após a substituição, fazer um teste para verificar se o vazamento foi interrompido e a aplicação de um novo reboco. A figura 24 apresenta imagens relacionadas: (a) parede com manchas e bolor; (b) manchas, bolor e deterioração do reboco; (c) bolor; (d) manchas e bolor. As causas prováveis são: umidades ascendentes, falhas de execução ou falta de impermeabilização da fundação ou vazamentos nas instalações hidro sanitárias. O tipo de anomalia foi classificado como endógena, com grau de risco crítico. 50 Figura 24 - Deterioração do reboco, manchas e bolor. Fonte: Autores Sugestão terapêutica: Para identificar se a mancha presente é de fato um bolor, é necessário o uso de alvejante no local; se as manchas sumirem, é constatado que se trata de um bolor. É necessário que a umidade presente na parede seja cessada. Isso é um dos fatores para o aparecimento do bolor. SANTOS (2009) comenta que em seguida, deve-se retirar o reboco até 30 centímetros acima de altura da mancha. Para enrijecer os tijolos, reduzindo a porosidade do material, podem-se fazer furos a cada 10 centímetros na alvenaria e aplicar um produto à base de silicatos; quando secar repõe o reboco com argamassa adicionada de hidrofugantes (bloqueia os poros superficiais da parede onde aplicados), cristalizantes ou pinturas com fungicidas. Na figura 25 é representada a planta baixa do subsolo com as indicações do local com patologias. Figura 25 - Planta baixa Fonte: Autores 51 A figura 26 apresenta imagens relacionadas: (a) criptoflorescência e bolor; (b) criptoflorescência; (c) deterioração do reboco; (d) manchas. As causas prováveis são: umidades ascendentes provocadas pelo nível do subsolo que está abaixo no nível dos demais cômodos da edificação, além do contado das paredes com o solo. O tipo de anomalia foi classificado como endógena, com grau de risco crítico, pois o cheiro muito forte de mofo deixa o local em situação precária para a permanência de pessoas no local. Figura 26 - Deterioração do reboco, manchas e bolor Fonte: Autores Sugestão terapêutica: Normalmente não existe uma solução definitiva para este tipo de patologia, porque até que todas as expansões dos sais terminem no interior da estrutura, pode levar até anos para que se possa iniciar a correção das fissuras ocorridas. Consequentemente a melhor solução é substituir logo o reboco em caso de paredes (TELES; FREI, 2009). 52 As imagens da figura 27 representam a patologia: deterioração do reboco encontrada na laje do subsolo. Suas causas prováveis são falhas de execução ou falta de impermeabilização da laje. O tipo de anomalia pode ser considerado como exógena, com grau de risco crítico, pois o cheiro muito forte de mofo deixa o local em situação precária para a permanência de pessoas no local. Figura 27 - Deterioração do reboco Fonte: Autores Sugestão terapêutica: Para resolver as patologias causadas por vazamentos, nas lajes de cobertura, é necessário primeiro saber se nessa laje existe um sistema de impermeabilização. Caso não exista, é recomendado que seja feita a impermeabilização total, de acordo com as normas específicas. As normas para impermeabilização são: ABNT NBR 9575/ 2010 (Impermeabilização – Seleção e projeto) e a ABNT NBR 9574/ 2008 (Execução de Impermeabilização). RIGHI (2009) comenta que, quando o caso é localizado, pode-se fazer um reparo somente no local em que a falha foi detectada, utilizando o mesmo material impermeabilizante do existente e tornando, assim, a execução mais rápida. Quando o caso for generalizado na laje, não resta alternativa que não seja a reimpermeabilização total da mesma, devendo ser utilizado algum sistema flexível de impermeabilização. Neste caso, tanto as membranas asfálticas ou acrílicas quanto as mantas asfálticas resolvem o problema (RIGHI, 2009). 53 A figura 28 ilustra um esquema para soluções em vazamentos em lajes de cobertura, que também pode ser usado para esse caso. Nesse caso, é necessário ser adotado a impermeabilização total com membranas moldadas in loco, por se tratar de uma laje com estado avançado de vazamentos. Figura 28 - Esquema de soluções para problemas de impermeabilização em lajes de cobertura Fonte: RIGHI, 2009 4.4 Diagnóstico De acordo com a vistoria feita na edificação, foi constatada que o imóvel se trata de uma construção com idade superior a 40 anos; por ter uma idade avançada, a construção pode perder sua funcionalidade facilitando o aparecimento de patologias. As patologias analisadas foram as de umidades e infiltrações, que podem ser constatadas no gráfico 2 relativamente à porcentagem das patologias encontradas. Ao observar o gráfico 2, pode-se perceber que a maior parte das patologias presentes na edificação estudada se trata de deterioração de pinturas e revestimentos, seguidos na ordem decrescente de incidência: manchas, bolor e criptoflorescência e saponificação. As possíveis causas para o surgimento dessas patologias estão no gráfico 3. 54 Gráfico 2 - Porcentagem de Patologias Fonte: Autores De acordo com o gráfico 3, a principal causa para o surgimento das patologias citadas no gráfico anterior são as “umidades ascendentes”, que podem ter sido provocadas por deficiência ou falta de um sistema de impermeabilização da fundação. Podendo ser observado, também na figura 13, que o nível do terreno de uma das edificações vizinhas fica alguns centímetros acima da residência analisada, o que pode ter facilitado o processo de capilaridade. As umidades provenientes das chuvas é a principal causa para o surgimento das manchas nos muros da varanda e área de serviço. 21% 16% 16% 37% 10% Manchas Bolor CriptoflorescênciaDeterioração de pinturas e revestimentos Saponificação 55 Gráfico 3 - Possíveis causas das patologias Fonte: Autores O gráfico 4 apresenta as porcentagem dos tipos de anomalias encontradas na edificação. Das Anomalias observadas nos ambientes a maior incidência é a endógena, visto que elas são originárias da própria edificação (projeto, materiais e execução). As exógenas são as que podem ter sido provocadas por terceiros, a exemplo das patologias encontradas na figura 17 que podem ter sido provocadas pela edificação vizinha. As anomalias do tipo natural são as que foram provocadas devido às intempéries, responsáveis por 21% das patologias no imóvel. A funcional, em menor incidência, são as anomalias que foram encontradas, devido ao mau uso das peças hidráulicas como: o registro do chuveiro e também o degaste causado pelo tempo. 11% 5% 5% 16% 21% 42% Vazamento e goteiras nos telhados Vazamento na rede pluvial Vazamento em lajes Vazamento em instalações hidrosanitárias Umidades provenientes da chuva Umidades ascendentes 56 Gráfico 4 - Anomalias Fonte: Autores O grau de risco das anomalias também foi analisado; de acordo com o gráfico 5, 70% das anomalias são do tipo regular, que são as que podem provocar a perda de funcionalidade, sem prejuízo à operação direta de sistemas, perda pontual de desempenho com a possibilidade de recuperação, sofrendo uma pequena desvalorização. Vinte por cento são do tipo crítico, ou seja, que podem provocar danos à saúde, principalmente nas áreas com o surgimento de mofo ou bolor, tornando o ambiente em condições precárias para a permanência de pessoas nesse lugar, além de uma desvalorização acentuada. As de grau mínimo são as responsáveis por danos apenas estéticos. 43% 22% 21% 14% Endógena Exógena Natural Funcional 57 Gráfico 5 - Grau de risco Fonte: Autores 20% 70% 10% Crítico Regular Mínimo 58 5 CONCLUSÃO A ausência de impermeabilização nas fundações, caso muito comum na maioria das edificações antigas e, principalmente na residência desse estudo, é um fator que contribui para o aparecimento de patologias provenientes de umidades presentes no solo, que, com a inexistência de barreiras, que poderiam impedir a infiltração por umidades ascendentes facilitam, já que os materiais que compõem a fundação são bastantes porosos. Para o tratamento dessas patologias, podem ser usadas técnicas e terapias de custo bem abaixo em relação a outros custos da obra, uma vez que, a manutenção é uma das fases mais importantes, pois ela vai impedir que a patologia em estagio inicial não aumente e, consequentemente, não causem danos à estrutura da edificação e das pessoas que habitam nessa construção. A manutenção preventiva, não realizada durante o uso da edificação pode gerar diversos problemas patológicos para a construção. Para que não ocorram patologias é necessário que o proprietário ou responsável pelo imóvel entre em contato com um profissional qualificado para fazer uma inspeção e com isso, obter meios para a prevenção dessas doenças da construção, principalmente quando se trata dos danos causados por umidades e infiltrações, onde a principal prevenção é a criação de barreiras, que impeçam o contato dessas águas com os materiais da construção. 59 REFERÊNCIAS ALMEIDA, J. R. de. Estudo do comportamento de barreira capilar em aterros de resíduos. Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de Engenharia Civil, 2011. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR 9574. Execução de Impermeabilização. Rio de Janeiro, 2008. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR 15575- 5. Edificações habitacionais — Desempenho Parte 5: Requisitos para sistemas de coberturas. 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