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Resumo Say

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SAY
Valor utilidade
Não há dúvida que Jean-Baptiste Say tem seu nome consagrado na história do pensamento econômico graças à lei dos mercados (ou lei de Say). No entanto, para uma compreensão mais precisa de seu pensamento - e da lógica inerente à própria lei dos mercados - é fundamental que se conheça sua visão do processo de produção e da determinação do valor.
Como bem observa Tapinos:
A análise do processo produtivo constitui o ponto de partida - e a parte mais elaborada - do Tratado de Economia Política. Ultrapassando, simultaneamente, as confusões metafísicas dos fisiocratas e a abordagem materialista de Adam Smith, Say propõe uma definição nova, e particularmente fecunda, do conceito de produção: "A produção", escreve, "não é uma criação de matéria, mas uma criação de utilidade".
Percebe-se, portanto, que Say antecede a John Stuart Mill na defesa da tese de que é a utilidade, e não o trabalho, o principal fator determinante do valor de uma mercadoria. Rompe, dessa forma, com a indefinição de Smith (que não se posiciona claramente entre os valores de uso e de troca) e, principalmente, com a posição de Ricardo, decididamente a favor da teoria do valor-trabalho, no que foi acompanhado por Marx e seus seguidores.
Ainda segundo Tapinos:
A utilidade é o fundamento do valor. O preço é a medida da utilidade. Quando não existem obstáculos à livre concorrência, nem intervenções estatais, os preços do mercado refletem adequadamente os valores reais, ou seja, a utilidade dos diversos produtos. O custo da produção não é mais do que uma limitação imposta ao produtor, um limiar aquém do qual ele se absterá de produzir, mas que não determina, de modo algum, o valor dos produtos. "Pouco importam as enormes dificuldades que tenhamos que vencer para produzir um objeto inútil: ninguém vai querer pagá-lo". Trata-se, aqui, de uma total rejeição da teoria do valor-trabalho, assim como, também, de toda a distinção entre o valor de uso e o valor de troca. O valor de Say é um valor mercante que só se define pela troca.
Feitas essas considerações preliminares sobre o pioneirismo de Jean-Baptiste Say neste aspecto essencial da teoria econômica, encerro este item com as palavras do próprio economista francês, transcritas pelo historiador E. K. Hunt:
O valor que a humanidade atribui aos objetos se origina do uso que deles se possa fazer... Tomarei a liberdade de associar o termo utilidade à capacidade de certas coisas satisfazerem os vários desejos da humanidade... A utilidade das coisas é a base do seu valor e seu valor constitui riqueza... 
Embora o preço seja a medida do valor das coisas e o valor delas seja a medida de sua utilidade, seria um absurdo inferir que, aumentando-se à força seu preço, sua utilidade possa ser aumentada. O valor de troca, ou preço, é um índice da utilidade reconhecida de certa mercadoria.
A lei dos mercados (ou lei de Say)
A lei dos mercados, também conhecida como lei de Say, costuma ser apresentada com o seguinte enunciado: "A oferta cria sua própria procura".
Trata-se de um enunciado simples e fácil de ser gravado, o que explica em grande parte sua razoável popularidade. A meu juízo, no entanto, é muito mais do que isso. Say conseguiu, através desse enunciado aparentemente simples, tornar muito mais acessível à compreensão da tendência ao auto-equilíbrio do sistema econômico, que permanecia obscura na complexa teoria da mão invisível de Adam Smith.
A Professora Nancy Gorgulho Braga foi muito feliz, em recente artigo elaborado para o jornalO Economista, ao se utilizar da lei dos mercados como uma das bases de reflexão sobre o capitalismo de nossos dias e o desafio que se apresenta ao economista contemporâneo. Nesse artigo ela reproduziu um trecho relativo a mercados da segunda edição do Tratado de Economia Política (1814):
Vale a pena notar que um produto, tão logo seja criado, nesse mesmo instante gera um mercado para outros produtos em toda a grandeza de seu próprio valor. Quando o produtor dá o toque final a seu produto, ele está ansioso para vendê-lo imediatamente, para que o valor do produto não pereça em suas mãos. Nem está ele menos ansioso para se utilizar do dinheiro que pode obter, porque o valor do dinheiro também é perecível. Mas o único modo de se desfazer do dinheiro é pela compra de um produto ou outro. Assim, a mera circunstância da criação de um produto imediatamente abre um mercado para outros produtos.
A figura que se segue, encontrada em diversos manuais de economia, permite visualizar - e assim compreender melhor - o significado da lei dos mercados, que é, em última instância, a explicação do funcionamento de um sistema econômico simples, em que a sociedade é dividida entre famílias e empresas. Na referida figura, observa-se que a economia funciona como uma interação entre dois fluxos: o real, representado pelo fluxo externo; e o monetário, representado pelo fluxo interno.
No fluxo real, as famílias fornecem às empresas os fatores de produção que serão empregados na produção de bens e serviços a serem oferecidos para a satisfação das necessidades da população: a terra (recursos naturais), a mão-de-obra (trabalho) e o capital, que pode ser financeiro (dinheiro) ou empresarial (máquinas e instalações).
No fluxo monetário, as empresas remuneram os fatores de produção por meio de aluguéis para os donos de terras, salários para os trabalhadores, juros e dividendos para os capitalistas, gerando, assim, a renda necessária para a aquisição dos bens e serviços oferecidos às famílias.
Nessa interação dos dois fluxos, a oferta, que corresponde à análise da produção, tem um papel determinante. Se houver um aumento da produção de bens e serviços e, por conseguinte, um aumento da quantidade de fatores envolvidos na produção, mais gente estará empregada e, dessa forma, ao ser remunerada por sua participação no processo, estará auferindo renda com a qual poderá comprar uma quantidade maior de bens e serviços que estará sendo disponibilizada. 
Por outro lado, se houver uma redução do volume de produção, as empresas poderão ser obrigadas a desempregar fatores de produção, ocasionando uma redução do volume de remuneração das famílias e, por extensão, menos renda para a aquisição de uma quantidade menor de bens e serviços oferecida no mercado. A oferta, portanto, funciona como uma espécie de termômetro do funcionamento da economia. Quando se expande, permite uma expansão correspondente da demanda; quando se contrai, ocasiona uma contração correspondente da demanda. Dessa forma, a economia tende naturalmente à situação de equilíbrio.
Vale ressaltar dois aspectos: o primeiro é que esse modelo representa o funcionamento de um sistema econômico simplificado (que em macroeconomia é tratado como sistema de dois setores), que não considera nem o setor governo nem o setor externo (exportações e importações); o segundo é que o modelo supõe que toda a renda recebida pelas famílias será imediatamente utilizada na aquisição dos bens e serviços produzidos pelas empresas, de tal forma que o que se constitui em renda para as famílias corresponde à despesa (custos de produção) das empresas. 
Nesse sentido, o dinheiro vai das empresas para as famílias sob diferentes formas de remuneração dos fatores de produção, e retorna das famílias para as empresas quando cada membro dessas famílias, exercendo papéis alternativos no teatro da economia, atua como consumidor ou investidor, adquirindo os produtos oferecidos pelas empresas.
Esses dois aspectos conduzem a dois corolários que foram depois fonte de contundentes críticas á lei dos mercados. O primeiro aspecto supõe que o mercado é capaz de evitar uma crise geral da economia, já que o sistema econômico seria dotado da capacidade de se auto-equilibrar. A Grande Depressão da década de 1930 foi uma dura demonstração da possibilidade do contrário. O segundo aspecto supõe que o dinheiro (ou moeda) é simplesmente um meio de troca, não tendo influência direta no processo de produção e circulação.O grande economista inglês, John Maynard Keynes, já analisado nestas mesmas Iscas Intelectuais, foi um dos que melhor demonstrou as limitações da lei dos mercados, chamando a atenção para três vazamentos que impedem, na vida real, que a economia funcione em equilíbrio automático, como supunha Say, a poupança, os impostos, e o excesso de gastos com importações relativamente às receitas com exportações.  A partir desses vazamentos, propôs a mão visível do Estado para desempenhar o papel que a mão invisível do mercado não foi capaz de desempenhar satisfatoriamente.
Ênfase no papel do empreendedor
Outra enorme contribuição de Jean-Baptiste Say ao desenvolvimento da teoria econômica pela qual ele também não costuma ser referenciado diz respeito à ênfase que ele deu ao empreendedor para o bom funcionamento do sistema econômico.
Também nesse aspecto particular, Say se antecipou àquele que é reconhecido e reverenciado como o grande teórico da economia, Joseph Schumpeter, o austríaco que acabou se notabilizando como professor da Universidade de Harvard e que também já foi objeto de exame nesta mesma coluna.
Em sua edição de 15 de fevereiro de 2007, a revista francesa Challenges dedica sua principal reportagem ao estudo da viabilidade das contribuições dos "pais da economia" para as condições prevalecentes à França dos dias de hoje. Um dos autores incluídos nessa excelente matéria é justamente Jean-Baptiste Say. Ivan Best, responsável pela parte que se refere a Say destaca exatamente esse aspecto, intitulando seu artigo de O empreendedor no centro. No referido artigo, diz Best: 
Jean-Baptiste Say costuma ser descrito como um seguidor das idéias de Adam Smith, mas na verdade ele vai muito além. "É o primeiro economista da oferta", afirma Jean-Pierre Potier, que dirigiu a coletânea universitária Jean-Baptiste Say, nouveaux regards sur son oeuvre(Éditions Economica). Ele insiste nas condições da produção,  valorizando o papel do empreendedor. Para os clássicos do século XVIII, a sociedade se dividia em trabalhadores, rentistas e capitalistas. Jean-Baptiste Say recusou essa visão. A seus olhos, cada um pode desempenhar uma dessas funções num momento ou outro. Esse enfoque será retomado posteriormente pela escola neoclássica.
Stanley Brue, em seu manual de História do Pensamento Econômico (Pioneira Thomson Learning), também realçou essa preocupação permanente de Say com a eficiência e o empreendedorismo, afirmando: 
Say contribuiu para a teoria moderna dos custos do monopólio ao apontar que os monopolistas não apenas criaram o que atualmente chamamos de perdas de eficiência (ou perdas de peso morto), mas também usaram os recursos escassos na sua concorrência para obter e proteger suas posições de monopólio. 
Finalmente, Say contribuiu para o pensamento econômico ao enfatizar o empreendedorismo como o quarto fator de produção, junto com os fatores mais tradicionais: terra, trabalho e capital.
MALTHUS
T.R. Malthus foi o maior crítico de David Ricardo, um corretor de de títulos londrino aposentado e também grande amigo seu, que se sagrou membro do Parlamento Inglês por um bom tempo e exerceu notável influência sobre o pensamento da época com relação a todos os problemas contemporâneos da economia política. 
Ele tornou-se célebre por seu ensaio pessimista ESSAY ON POPULATION, segundo o qual a espécie humana tende a reproduzir-se até o limite imposto pela oferta de alimentos: a idéia basicamente é esta. 
Porém, mais tarde, desempenhou um importante papel na evolução do pensamento econômico - principalmente por seus debates com Ricardo a respeito de todos os aspectos da teoria econômica. As numerosas cartas trocadas entre os dois contém raciocínios sofisticados sobre temas econômicos, comentários de trabalhos publicados de um e de outro e crítica a obras de outros autores - tudo escrito com notável franqueza e afeição.
Malthus, em seu livro Ensaio sobre o Princípio da População (o "Primeiro Ensaio"), afirmava que a divisão da sociedade em classes, e os decorrentes sofrimentos e pobreza de uns, e felicidades e riqueza de outros, eram conseqüências inevitáveis da "Lei Natural". 
As taxas de reprodução levariam à duplicação da população a cada geração (cerca de vinte e cinco anos, em progressão geométrica), se incontido o desejo quase insaciável de prazer sexual das pessoas (sobretudo dos pobres, "imorais"). Para ele, a população de um território é limitada pela quantidade de alimentos nele disponíveis. No máximo, a produção de alimentos cresceria em progressão aritmética, a cada geração (ou seja, aumentaria sempre na mesma quantidade a cada vinte e cinco anos, aproximadamente).
Procurando responder quais forças conteriam o aumento populacional, Malthus classificou os controles populacionais em: preventivos, com redução da taxa de natalidade, pela esterilidade, abstinência sexual ou controle de nascimentos; e positivos, com aumento da taxa de mortalidade, pela fome, pragas, guerras, e a pobreza. Estes controles eram inversamente proporcionais, ficando a quantidade de população dentro dos limites da oferta disponível de alimentos. Malthus era, porém, contra o controle artificial da natalidade, por motivos religiosos.
Para Malthus, os ricos tinham valor social, cultural e econômico, virtuosos, de "contenção moral", cujo aumento da renda os manteria ricos e benéficos à sociedade. Os pobres, ao contrário, se tivessem um aumento da renda, voltariam à miséria, pois eram imorais, indolentes, e cairiam nos vícios (bebidas, jogo, farras... e sexo). Por estes motivos, acreditava que o amor-próprio não deveria ser sobrepujado pela benevolência. A propriedade privada e o amor-próprio seriam características do Estado civilizado, contrariamente ao Estado selvagem, à Anarquia. 
Então, a miséria seria inevitável e necessária para manter a população em nível de subsistência, para não pecar! Era contra as "Leis dos Pobres", bem como qualquer esquema de redistribuição de renda, pois aumentariam a população, implicando em menos alimentos para os "socialmente úteis" (os ricos), para dá-los aos "inúteis" (os pobres).
Achava que os proprietários de terras e os trabalhadores estariam realizando uma troca, do salário pela força de trabalho, e que a mesma seria harmoniosa, caso todos entendessem realmente o seu mecanismo. 
O trabalho produtivo implicava em não poder haver 'serviços pessoais" aos trabalhadores, e estes deveriam contentar-se, pois era melhor ter emprego do que morrer de fome! Então, neste capitalismo, poder-se-ia extinguir o "conflito" de classes! Assim, "provou" a necessidade da existência das classes sociais, apelando muitas vezes a Deus, pois a "loteria divina" assim o determinara. Como Smith, Malthus achava que a quantidade de trabalho contida num produto era a melhor medida do valor (V=S+L+R). Defendia a teoria do valor baseada no custo da produção. 
Na verdade, haveriam três "proprietários" no processo de produção, cujos insumos seriam a força de trabalho, a terra e o capital. Os preços de cada um seriam "iguais" e, por conseguinte, valorizados conforme a "contribuição" ao processo de produção e à sociedade em geral. O lucro era o pagamento ao capitalista pela "contribuição" do direito ao uso dos seus bens de produção (diferentemente de Smith, que dizia ser o lucro um trabalho "acumulado" (anterior), deduzido do produto do trabalho presente), mas não criava procura adicional, pois era "entesourado"; a renda da terra era o aluguel pelo direito ao uso da mesma, mas as diferenças de fertilidade permitiriam uma procura adicional e dariam o direito a mais pessoas de alimentarem-se, beneficiando a Humanidade! Portanto, este aluguel deveria ser sempre crescente.
Malthus, que a partir de 1814 passou a defender mais abertamente a posição dos proprietários de terras, publicou Princípios de Economia Política (1820), onde a base teórica mais importante dessa defesa era a sua teoria da superprodução ("abundância") ou das depressões econômicas. Nela, investigou a teoria dos preçossob o ponto de vista da troca, ao contrário de Smith e Ricardo, que o fizeram sob a ótica da produção. 
Esta teoria baseava-se na premissa de que os preços de mercado não seriam os mesmos que os preços "naturais" dos produtos, somente pelas "forças" da oferta e da procura. Havia "relações extraordinárias ou acidentais da oferta e da procura", que determinavam os preços de mercado. A análise destas relações foi a mais importante contribuição de Malthus à Teoria Econômica. Investigou o processo de circulação da moeda e das mercadorias.
Periodicamente, a procura efetiva (agregada) por produtos era menor que a quantidade produzida, gerando capacidade de produção ociosa, desemprego, aumento da pobreza, etc. Isto, para Malthus, ocorria no capitalismo de tempos em tempos - eram as crises de superprodução ou depressões econômicas -, devido à liberdade do mercado, autodefinidor das "forças" da oferta e da procura e da alocação de recursos. O objetivo de Malthus, ao escrever “Princípios”, foi promover o entendimento destas crises e propor políticas para minorá-las; e, com isso, defendia os interesses da aristocracia da terra, que representava a riqueza e a prosperidade do Estado.
Analisando as três classes sociais, Malthus argüiu que os trabalhadores gastavam toda a sua renda na subsistência. Os proprietários de terras gastavam em bens de consumo ou em "serviços pessoais", ou promovendo a cultura, sendo assim "benéficos" à economia e à sociedade. 
Porém, os capitalistas não tinham gastos compatíveis com suas rendas, pois seu objetivo era "fazer fortuna", poupando, acumulando lucros anteriores que seriam pagos com mais lucros (através do sistema financeiro), ou reinvestindo na compra de novo capital. Mas este reinvestimento não representava aumento na oferta de empregos, pois se investia ou em máquinas - que aumentavam apenas a produtividade -, ou somente no aumento do próprio capital com a mesma tecnologia - que não encontraria mão-de-obra disponível, tornando-se ocioso.
Devia-se, então, redistribuir a renda, diminuindo os lucros dos capitalistas e aumentando a renda dos proprietários de terras, que a gastariam no consumo.

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