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Historia do Telejornalismo no Brasil

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INTRODUÇÃO
No ano passado, uma polêmica envolvendo um dos apresentadores do jornal de maior 
audiência da TV brasileira teve grande repercussão em sites e blogs do país. O editor-chefe e 
apresentador do Jornal Nacional, William Bonner, durante visita de professores de 
Comunicação à redação do jornal, mencionou uma pesquisa realizada pela Rede Globo, que 
identificou o perfil do telespectador médio do telejornal. Segundo a pesquisa, esse 
telespectador tem dificuldades para entender notícias complexas e pouca familiaridade com 
siglas como BNDES, por exemplo. Em função disso, foi apelidado, por Bonner, de Homer 
Simpson, personagem dos Simpsons, uma das séries dos EUA de maior sucesso na televisão, 
em todo o mundo. Pai da família Simpson, Homer adora ficar no sofá, comendo rosquinhas e 
bebendo cerveja. É preguiçoso e tem o raciocínio lento.
De acordo com a apresentadora e editora-chefe do Jornal Hoje, Sandra Annenberg, o 
público do jornal das 13h15m, horário do almoço, é bem eclético, vai “desde criancinhas até 
aposentados, passando por donas de casa, mulheres ativas, que trabalham fora, executivos, 
pessoas que estão em um bandejão almoçando”1.
“O Bom Dia Brasil é muito amplo – tem todas as informações da madrugada, mas 
tem formato de revista e tratamento diferente porque começa o dia do telespectador”2, diz o 
editor-chefe e apresentador Renato Machado. O Jornal da Globo é o último do dia. Antes de 
sair da TV Globo, Ana Paula Padrão, responsável pelo telejornal, apontava que: “temos por 
obrigação não só dar a notícia, mas dar a notícia mastigada, com análise, com furo, com 
reportagem especial, exclusiva, com muita informação”3.
É nesse contexto de produção, distribuição e consumo de notícias que tal trabalho se 
desenvolverá. Segundo Marshall apud Carvalho (2006), a mídia jornalística inserida na 
indústria cultural e mercantilista passa a tratar a notícia não só como uma potência de 
conhecimentos e informação, mas também, e principalmente, como um produto de consumo, 
que deve ser aceito pelo público telespectador e pelos anunciantes publicitários. Este teórico 
define a mídia jornalística como produtora de um tipo de jornalismo transgênico, isto é, que 
1<http://globoreporter.globo.com/Globoreporter/0,19125,VGC0-2703-5556-2-91025,00.html> acesso em 
05/10/2007.
2 Idem. 
3 Idem.
1
se modifica em função das leis de mercado, das novas tecnologias e do poderio econômico. E 
pode-se dizer, também, do público. 
 A capacidade de integrar e articular vários gêneros discursivos espalhados pelos 
diversos tipos de programas oferecidos faz da TV o principal veículo de comunicação de 
massa do país. A alternância desses gêneros ocorre de tal forma que, para muitos 
telespectadores, é difícil identificar os limites entre realidade e ficção. O fim da barreira entre 
o real e o imaginário, que atinge toda a programação, inclusive as produções telejornalísticas, 
vai ocasionar a espetacularização. Com isso, a ordem é entreter e divertir para conquistar 
audiências cada vez maiores e, conseqüentemente, faturamento. 
Diante de tal realidade é estabelecido o foco de estudo desta pesquisa: a mídia 
jornalística televisiva, visto que nela ocorre o entrecruzamento de diversos gêneros 
discursivos, discursos e vozes, que se articulam de acordo com o público de cada telejornal. 
Para isso, desenvolveremos, no capítulo 1, o referencial teórico. Em um primeiro 
momento, será abordada a história do telejornalismo no Brasil, a fim de que se possa entender 
como os telejornais do país foram estruturando-se e modificando-se através do tempo. Logo 
em seguida, será realizado um levantamento histórico acerca da emissora responsável por 
veicular os telejornais analisados: a Rede Globo. Em um terceiro momento, a intenção é tentar 
desvendar os processos de produção das notícias através da história dos quatro principais 
telejornais da emissora: Bom Dia Brasil (BDB), Jornal Hoje (JH), Jornal Nacional (JN) e 
Jornal da Globo (JG). 
No capítulo 2, a intenção é discorrer acerca da Análise de Discurso Crítica, bem como 
dos estudos discursivos críticos desenvolvidos por Norman Fairclough (1989). O projeto de 
Fairclough (1989) investiga a importância da linguagem na vida social como mecanismo para 
sustentar e/ou transformar as relações de poder existentes. O seu foco são as práticas sociais e 
discursivas, que servirão de base para a busca da desnaturalização de ações ditas universais e 
naturais, introduzidas nas relações de dominância. Inserida na nova ordem socioeconômica, 
com uma linguagem peculiar, encontra-se o objeto de nosso estudo: a mídia telejornalística. 
No capítulo 3 será exposta a metodologia empregada, que se desenvolverá por meio de 
uma pesquisa qualitativa, descritiva, e explicativa. O corpus será delimitado: serão analisados 
o BDB, o JH, o JN e o JG do dia 04 de setembro de 2007, apenas. A base da metodologia 
utilizada vai se configurar no quadro tridimensional de análise desenvolvido por Norman 
Fairclough (1992), no qual três dimensões analíticas se inter-relacionam: o texto, a prática 
discursiva e a prática social. A proposta, então, será desenvolvida seguindo as três categorias 
trabalhadas nos estudos discursivos críticos, que se complementam: a descrição, a 
2
interpretação e a explicação.
No último capítulo, desenvolveremos a análise dos dados levantados na pesquisa. A 
princípio será feita uma análise geral das reportagens dos quatro principais telejornais da 
Rede Globo, de acordo com o tema e a duração. Logo em seguida, a análise se concentrará 
nas reportagens que mais se repetem no BDB, JH, JN e JG. Por último, a atenção é dada a 
algumas matérias que não se repetem nos jornais pesquisados de acordo com a editoria e o 
tempo de duração de cada uma.
Pretende-se assim, através dos estudos discursivos críticos, analisar os quatro 
principais telejornais da Rede Globo: Bom Dia Brasil, Jornal Hoje, Jornal Nacional e 
Jornal da Globo.
 
3
CAPÍTULO 1: REFERENCIAL TEÓRICO
1.1 – História do Telejornalismo no Brasil
No dia 18 de setembro de 1950 chegava ao Brasil a TV Tupi, canal 6 de São Paulo, 
primeira estação de TV do país. Dois dias depois, ia ao ar o seu primeiro telejornal: Imagens 
do Dia. 
Com locução em off, um texto em estilo radiofônico, pois o rádio era o modelo 
que se tinha na época. Entrava no ar entre as nove e meia e dez da noite, sem 
qualquer preocupação com a pontualidade. O formato era simples: Rui Resende 
era o locutor, produtor e redator das notícias, e algumas notas tinham imagens 
feitas em filme preto e branco, sem som. (PATERNOSTRO, 1999: 35).
Na década de 50, o Brasil passava por importante processo de desenvolvimento 
econômico, social e político. A indústria nacional crescia intensamente, os centros urbanos se 
transformavam com atividades comerciais, financeiras, de serviços e de educação. Na política, 
Getúlio Vargas assumia a presidência, substituindo o general Eurico Gaspar Dutra. O 
ambiente era favorável ao desenvolvimento da TV e, conseqüentemente, à consolidação do 
telejornalismo brasileiro. 
Em janeiro de 1952, outro noticiário é criado pela TV Tupi: o Telenotícias Panair. No 
mesmo ano, na Tupi do Rio, surge o telejornal considerado o mais importante da década de 
50: o Repórter Esso. Apresentado por Gontijo Teodoro, o jornal era feito de notícias 
nacionais e internacionais. Em 1953, ele começou a ser transmitido, também, pela TV Tupi de 
São Paulo. 
A precariedade na produção dos telejornais era grande, uma vez que tecnologias 
ligadas à TV mal chegavamao país, e a inexperiência dos primeiros profissionais – 
procedentes do rádio – era comum. Segundo Rezende (2000), os jornais eram feitos 
basicamente de notícias direto do estúdio, devido às dificuldades em se fazer coberturas 
externas. Em termos visuais, todos eram semelhantes: cortina de fundo, uma mesa e uma 
cartela com o nome do patrocinador. O Repórter Esso assimilava com propriedade as 
características marcantes dessa fase: “[...] a herança radiofônica e a subordinação total dos 
programas aos interesses e estratégias dos patrocinadores” (PRIOLLI apud REZENDE, 2000: 
106).
4
Na década de 60, a TV se consolida no Brasil, e o telejornalismo começa a avançar. 
Além da chegada do videoteipe, como recurso para registrar a inauguração de Brasília, 
segundo Lima apud Rezende (2000), começa uma fase de criatividade e expansão intelectual. 
A TV assume seu caráter comercial, e a disputa pelas verbas publicitárias dá início a uma 
briga pela audiência, presente até hoje.
Em 1962, a TV Excelsior passa a exibir o Jornal de Vanguarda, que traz jornalistas 
como produtores e cronistas, como Villas-Bôas Correia, Millor Fernandes e Stanislaw Ponte 
Preta, para apresentar as notícias. Para complementar, trazia locutores como Luís Jatobá e Cid 
Moreira. A origem dos que trabalhavam nos telejornais começa a mudar. No Jornal de 
Vanguarda, grande parte desses novos profissionais vinha, agora, não mais do rádio, mas sim 
dos jornais impressos. “A qualidade jornalística desse noticiário causou um impacto enorme 
pela originalidade de sua estrutura e forma de apresentação distinta de todos os demais 
informativos [...]” (REZENDE, 2000: 107). 
O Golpe Militar de 1964 põe fim à fase de expansão do telejornalismo. Após o Ato 
Institucional n° 54, o Jornal de Vanguarda é extinto pela própria equipe. Os telejornais 
brasileiros passam a adotar o modelo norte-americano e dispensa-se a participação de 
jornalistas como apresentadores. Os noticiários voltam a ser conduzidos exclusivamente pelos 
locutores.
Os avanços técnicos – “videoteipe, câmeras de estúdio mais ágeis, a lente zoom em 
substituição à torre de lentes” (REZENDE, 2000: 108) – e a mudança na linguagem atingiam 
principalmente as produções de entretenimento (novelas e shows de auditório). O 
telejornalismo e a produção das notícias permaneciam engessados devido às interferências 
políticas e à falta de estilo próprio. 
No entanto, em 1969/70, dois fatos vão dar início a uma nova fase no telejornalismo 
brasileiro: a criação do Jornal Nacional (JN), da Rede Globo, e o fim do Repórter Esso. 
Nessa mesma época, surge a Embratel – Empresa Brasileira de Telecomunicações. “A 
Embratel interliga o Brasil através de linhas básicas de microondas – rotas – e adere ao 
consórcio internacional para utilização de satélites de telecomunicações – o Intelsat. Estava 
criada, então, a estrutura para as redes nacionais de televisão” (PATERNOSTRO, 1999: 31). 
No dia 1 de setembro de 1969, às 19h56m, entrava no ar o Jornal Nacional, 
produzido no Rio de Janeiro e transmitido simultaneamente, ao vivo, para São Paulo, Belo 
Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Brasília. O JN torna-se o primeiro noticiário em rede 
4 O Ato Institucional nº 5 (AI-5) foi decretado pelo presidente Artur da Costa e Silva no dia 13 de dezembro de 
1968. O AI-5 foi um instrumento de poder que deu ao regime militar poderes absolutos, fechando o Congresso 
Nacional por quase um ano. 
5
nacional da TV brasileira. O objetivo do telejornal de integrar os 56 milhões de brasileiros da 
época, na verdade, escondiam “interesses políticos e mercadológicos. Além de possuir um 
noticiário que lhe desse prestígio, a TV Globo queria competir com o Repórter Esso, da TV 
Tupi” (REZENDE, 2000: 109).
O Jornal Nacional nascia como o exemplo do progresso tecnológico nas 
comunicações e como um novo modelo de se fazer telejornalismo, com planejamento e 
produção rigorosos. Segundo Paternostro (1999), ele foi o primeiro a apresentar reportagens 
em cores e internacionais via satélite no instante em que os fatos ocorriam. “Para manter o 
nível do noticiário na altura do avanço eletrônico que possibilita a formação da grande cadeia, 
as notícias e comentários serão escritos por redatores selecionados e não será permitida a 
improvisação [...]” (VEJA apud REZENDE, 2000: 110). A linguagem, a narrativa, o formato 
e a figura do repórter de vídeo seguiam os padrões dos telejornais norte-americanos. 
No entanto, uma crítica perseguiria o Jornal Nacional e a TV Globo por anos: a 
afinidade ideológica com o Regime Militar. 
Na continuidade do noticiário, revelava-se também, sem subterfúgios, a 
verdadeira face de quem exercia o poder no país. O primeiro videoteipe na 
estréia do Jornal Nacional exibiu o então ministro da Fazenda, Delfim Neto, 
transmitindo uma mensagem de otimismo, após sair de uma reunião com a 
Junta Militar. Logo no seu nascimento, ficava claro que a originalidade do 
Jornal Nacional residiria apenas na qualidade técnica, uma vez que o conteúdo 
estava sacrificado pela interferência da censura. (REZENDE, 2000: 110).
Enquanto o JN começava a ganhar espaço, importância e, principalmente, audiência 
entre os telejornais do horário nobre, o Repórter Esso, com 17 anos de tradição, encerrava 
suas atividades no dia 31 de dezembro de 1970. O apresentador Gontijo Teodoro, assim como 
os slogans “o primeiro a dar as últimas” e “testemunha ocular da história” passavam, a partir 
desse dia, a fazer parte da memória do telejornalismo brasileiro, colocando fim a um modelo 
dominante na área, baseado no rádio e subordinado aos interesses dos patrocinadores. 
Ainda em 1970, a TV Bandeirantes, de São Paulo, cria o jornal Titulares da Notícia. 
A TV Tupi, tentando recuperar seu telejornalismo após o fim do Repórter Esso, leva ao ar o 
Rede Nacional de Notícias, transmitido ao vivo para várias capitais do país. Porém, é o 
telejornal A Hora da Notícia, da TV Cultura de São Paulo, uma emissora pública, que vai 
trazer um novo jeito de se fazer telejornalismo no Brasil. O noticiário da TV Cultura dava 
prioridade aos problemas das comunidades ao preferir o depoimento popular. Com ele, o 
telespectador começou a ganhar importância na TV, mas esse novo jornalismo não combinava 
com a velha política brasileira imposta pelos militares.
6
Mas os tempos não eram fáceis. As razões que levaram o programa à liderança 
de audiência, a prioridade ao depoimento popular, não se coadunavam com os 
interesses políticos dominantes no país. Tanto que em sua gestão como diretor 
do departamento de jornalismo da TV Cultura, substituindo Fernando Pacheco 
Jordão a partir de 1974, Wladmir Herzog praticou seus ideais de jornalismo por 
muito pouco tempo e assim mesmo teve de pagar com a própria vida, no ano 
seguinte, vítima da intolerância política. (REZENDE, 2000: 112) 
No final dos anos 70 a TV Bandeirantes reformula o telejornalístico Os Titulares da 
Notícia, que passa, também, a dar voz ao telespectador popular e inova ao valorizar o trabalho 
do repórter, que deixa de ser apenas um locutor responsável por narrar as informações e 
começa a fazer parte diretamente da cobertura dos acontecimentos. Requisitos como 
aparência e voz bonita eram suprimidos pela importante tarefa de divulgar as notícias.
A década de 70 vai marcar, também, pelo desenvolvimento e apuro técnicos. A Rede 
Globo é a que mais se aproveita disso e se desenvolve nessa época. O aperfeiçoamento da 
qualidade das produções, o apuro formal e o planejamento primoroso não ficavam restritosao 
telejornalismo da emissora, mas sim, estendiam-se a toda sua programação. O chamado 
“padrão Globo de qualidade” é criado e passa a influenciar a TV brasileira. 
Claro que não foi a Globo que criou o telejornalismo, mas foi ela que eliminou 
o improviso, impôs uma duração rígida no noticiário, copidescou não só o texto 
como a entonação e o visual dos locutores, montou um cenário adequado, deu 
ritmo à notícia, articulando com excelente “timing” texto e imagem (pode ser 
que você não se lembre, mas com a Globo começamos a assistir a esta coisa 
quase impossível: os programas entrarem no ar na hora certa). (PIGNATARI 
apud REZENDE, 2000: 113-114)
Em 1973 é criado o Fantástico – o Show da Vida, um programa que mistura 
jornalismo e entretenimento que muda a programação das noites de domingo. Paralelamente, 
os cuidados com o telejornalismo da TV Globo se intensificam, principalmente com o Jornal 
Nacional, demonstrando uma preocupação excessiva com a forma, mas nem tanto com o 
conteúdo. Para o então diretor-geral da emissora, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o 
Boni, boa aparência, voz firme e timbre bonito eram características que deveriam ser 
consideradas importantes para atrair o público feminino das telenovelas e evitar que “na 
passagem da novela para o Jornal Nacional essa grande faixa de audiência mudasse de 
canal” (REZENDE, 2000: 114).
Seguindo essa linha de prioridades, Cid Moreira, profissional que havia se destacado 
no Jornal de Vanguarda, é escolhido para apresentar o JN e passa a ser o símbolo da 
filosofia do programa. “(...) a presença diária de Cid é um exemplo raro de neutralidade no 
7
sentido de constância, homogeneidade e monotonia (i.e., um único tom, sempre o mesmo) que 
ele ‘imprime’ a qualquer notícia” (REZENDE, 2000: 114). Ao lado de nomes como Sérgio 
Chapelin, Marcos Hummel, Celso Freitas, Carlos Campbel e de todos os repórteres da casa, 
Cid Moreira se encaixava em um modelo que pretendia passar a imagem de objetividade e 
isenção na divulgação dos fatos para, assim, conquistar credibilidade. Todos os locutores do 
Jornal Nacional “tinham seu estilo próprio que se encaixava no ‘padrão global’. Conciliavam 
suas apresentações com a rigidez do cenário e um abundante uso de videoteipes e efeitos 
especiais” (REZENDE, 2000: 115). Segundo Lins da Silva apud Rezende (2000), o objetivo 
era construir um modelo de apresentação que fosse requintado e frio, pretensamente objetivo. 
Na TV Globo, entretanto, a excessiva preocupação formal não se estendia ao conteúdo. 
A mordaça imposta pela Ditadura Militar, associada à despolitização e à vontade em não 
querer se indispor com os militares, acabou afastando a emissora da realidade brasileira. 
Os telejornais da Globo se mantiveram distantes dos grandes fatos políticos 
nacionais, levados aos jornais mesmo na época da rigorosa censura do governo 
Médici. Sobre política, a televisão foi omissa ou, como querem os produtores de 
seus noticiários, obrigada a ficar omissa, reservando os seus horários mais 
nobres para a lacrimonisidade das telenovelas e o riso ‘non sense’ de seus 
shows milionários. (MAIA apud REZENDE, 2000: 115).
O conteúdo permanecia pobre, também, devido à superficialidade no trato das notícias. 
A preocupação do Jornal Nacional era com a agilidade e com o perfil da audiência do 
programa.
Parece ser importante dar ao telespectador que volta para casa depois de um dia 
inteiro de trabalho, um panorama breve do que aconteceu de mais significativo 
naquele dia [...] Este resultado é obtido transmitindo-se somente miniflashes das 
notícias selecionadas que para serem transmitidas devem obedecer a rigorosos 
critérios de clareza, rapidez e possibilidade de fácil absorção, de modo que se dê 
ao telespectador a ilusão de que foi ‘bem informado...’. (PEREIRA & 
MIRANDA apud REZENDE, 2000: 116) 
No início dos anos 80, com a anistia e a distensão política dos militares, a TV Tupi 
transforma o programa semanal Abertura em um espaço aberto às intervenções dos exilados 
que voltam ao Brasil, e também do cinegrafista Gláuber Rocha. Mas, com a falência e, 
conseqüentemente, com o fim das transmissões da Tupi, em agosto de 1980, o programa 
termina. Nesse mesmo mês, a Bandeirantes cria o Canal Livre, que seguia a linha do extinto 
Abertura, entrevistando personalidades que antes não tinham acesso à televisão.
Mas nada disso ameaçava a supremacia do telejornalismo da Globo. Segundo Rezende 
8
(2000), a estratégia de colocar o Jornal Nacional entre as novelas das sete e das oito – 
programas de maior audiência da TV – só aumentou a popularidade do telejornal. “Em 1979, 
o JN alcançava a prodigiosa marca de 79,9% da audiência nacional, o que correspondia a 
11.985 mil televisores e 59.925 mil telespectadores ligados no noticiário”. (ÁVILA apud 
REZENDE, 2000: 117).
Cada vez mais a emissora carioca investia em jornalismo, visto que essa área 
representava uma importante fonte de renda devido à publicidade. Telejornais como o Jornal 
Hoje, na hora do almoço, o Jornal da Globo, no fim da noite, (que antes recebeu nomes 
como Amanhã e Painel), e o Bom Dia São Paulo, no início da manhã, que seria o embrião 
para o Bom Dia Brasil, foram criados reforçando o departamento de jornalismo da Globo e, 
conseqüentemente, o departamento comercial. Ainda nos anos 70, a emissora cria o Globo 
Repórter, com linguagem de documentário e profundidade na abordagem de temas 
específicos; o Globo Rural, voltado para o homem do campo, com notícias agrícolas, dicas 
rurais, cotações agropecuárias e previsão do tempo; e o TV Mulher, programa feminino que 
tratava de temas que não se viam abertamente na TV: comportamento sexual, direitos e saúde 
da mulher. Teve entre seus apresentadores Marília Gabriela, Ney Gonçalves Dias, Ala 
Szerman, Marta Suplicy e Clodovil Hernandez, e apresentava compactos das telenovelas. 
Na década de 1980, vários programas de entrevistas e debates, seguindo a linha 
jornalística, surgem: Vox Populi, da TV Cultura, Encontro com a Imprensa, da 
Bandeirantes, Diário Nacional, da TV Record e Globo em Revista, da Rede Globo, este que 
durou pouco tempo. Em 1981, a Bandeirantes abre espaço na sua programação para uma série 
de programas jornalísticos. 
Toda essa revolução no modo de se fazer telejornalismo teve sucesso, em grande 
parte, devido ao sistema de redes consolidado nas décadas de 70 e 80. As emissoras criam a 
programação nacional – a mesma programação da emissora-sede, na mesma faixa de horário, 
para todas as outras que pertencem à sua rede. Esse sistema suprimiu muitas emissoras 
regionais, beneficiando a programação realizada pelas grandes redes no Rio de Janeiro e em 
São Paulo e ditando uma óptica carioca e paulista para todo território nacional.
Mas esse era, enfim, o resultado da política de integração nacional pela 
televisão programado pelo governo militar, em associação com a burguesia 
nacional e o capital estrangeiro. Conseguia-se a unidade nacional pelas 
telenovelas e noticiários, ao mesmo tempo que a uniformidade cultural pouco a 
pouco afetava as manifestações regionais. (REZENDE, 2000: 119).
9
Com o começo da distensão política no governo do general Geisel, entre 1977 e 1979, 
e a partir do governo do presidente João Baptista Figueiredo, o jornalismo brasileiro, 
principalmente aquele praticado pela Globo, passa a ter que lutar com a censura interna, ou 
seja, com a autosencura de profissionais e empresas que não estavam acostumados com a 
liberdade jornalística.A TV Globo, já especialista na técnica, precisava conquistar qualidade 
também no conteúdo. Para Armando Nogueira apud Rezende (2000), então diretor da Central 
Globo de Telejornalismo (CGJ), o conteúdo era suprimido, devido à marcação da ditadura, 
em função de uma preocupação com a técnica e a estética dos noticiários. 
Os jornalistas voltaram a ocupar uma posição de destaque nos telejornais. Repórteres 
como Sérgio Mota Melo, Carlos Monforte, Glória Maria, Antônio Brito e Belisa Ribeiro 
ganharam destaque no vídeo. A participação de comentaristas especializados – Paulo Francis, 
Marco Antônio Rocha, Newton Carlos, Enio Pesce, Joelmir Beting – enriquecia os noticiários 
com análises e entrevistas. Locutores consagrados como Cid Moreira e Sérgio Chapelin 
passaram a dividir a responsabilidade na apresentação dos jornais com jornalistas como Celso 
Freitas, Leda Nagle e Marília Gabriela.
Em 1980, com a concorrência pública para venda dos canais da TV Tupi – cassada 
pelo governo devido a problemas financeiros – duas novas redes de televisão se formaram: o 
Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), do empresário, radialista e já conhecido apresentador 
da TV, Sílvio Santos; e a Rede Manchete, do grupo Bloch. Segundo Casoy apud Rezende 
(2000) o objetivo dos militares com as novas concessões era diminuir o poder político 
exercido pela Globo.
A Rede Manchete traz idéias novas e audaciosas no telejornalismo e abre espaço para 
as produções independentes. O Jornal da Manchete é criado e prioriza o comentário e a 
análise dos fatos no horário nobre. O jornal consegue bons índices de audiência mesmo 
concorrendo com um dos maiores fenômenos de público da TV brasileira: a novela Roque 
Santeiro, da Globo. Em 1983, a nova emissora lança o Conexão Internacional, programa de 
entrevistas da produtora independente Intervídeo, comandado pelo apresentador Roberto 
D’Ávila, com direção de Walter Salles Júnior.
Em setembro de 1988, o SBT levava ao ar o Telejornal Brasil (TJ Brasil), primeiro 
noticiário brasileiro que traz a figura do âncora – “o jornalista que dirige, apresenta e comenta 
as notícias do jornal” (PATERNOSTRO, 1999: 37) – modelo importado dos telejornais norte-
americanos. O jornalista Bóris Casoy, já consagrado no jornalismo impresso – havia sido 
editor-chefe da Folha de São Paulo – torna-se apresentador e editor-chefe do TJ Brasil e 
10
imprime sua marca fazendo entrevistas e emitindo comentários pessoais sobre os fatos 
noticiados.
O SBT era, até então, considerado incapaz de produzir jornalismo de qualidade. Ao 
longo da década de 1980, vários telejornais foram criados sem sucesso: Cidade 4, 24 Horas, 
Noticentro, Últimas Notícias. Segundo Rezende (2000), além da cumplicidade de Sílvio 
Santos com o poder dominante – o SBT mantinha um quadro com o resumo da semana do 
presidente – havia um descomprometimento com a informação e a crítica explícito em uma 
entrevista à revista Imprensa: 
[...] meu jornalismo vai ser imparcial, vai só elogiar, e não vejo razão para 
alguém ficar aborrecido comigo por só receber elogios [...] É para descobrir no 
ser humano as qualidades que ele tem. Quando não houver possibilidades de 
apontar essas qualidades, ou apontar as suas obras, suas realizações, nós vamos 
apenas dar a notícia. (SQUIRRA apud REZENDE, 2000: 126). 
O TJ Brasil surge em uma época em que o SBT se torna vice-líder de audiência da TV 
brasileira e faz parte de um projeto cujo objetivo era atrair os formadores de opinião e mudar 
a imagem do canal, considerado essencialmente popular. A presença de Bóris Casoy como 
âncora ajuda na conquista de credibilidade e faz com que o jornal anule a deficiência de 
recursos técnicos da emissora, além de levar os outros canais a reformular o formato de seus 
telejornais. 
A figura do âncora começa a fazer parte de vários telejornais. Em agosto de 1988, o 
ex-repórter Carlos Nascimento assume esse papel e passa a comandar uma equipe dividida em 
editorias de economia, política, internacional e geral à frente do Jornal da Cultura, da TV 
Cultura de São Paulo. No Jornal da Bandeirantes quem exerce esse papel é a jornalista 
Marília Gabriela, que já havia se consagrado pelo programa de entrevistas Cara a Cara. 
Para não ficar de fora das mudanças e também não fugir do padrão supostamente 
criado e consagrado pela audiência, o Jornal Nacional insere regularmente no seu noticiário, 
no início de 1989, análises sobre determinados assuntos com a participação de comentaristas 
especializados, como Paulo Henrique Amorim, Joelmir Beting, Lillian Witte Fibe, Alexandre 
Garcia e Paulo Francis. “Eles contextualizavam e explicavam para os telespectadores, numa 
linguagem simples, as informações políticas e econômicas”. (MEMÓRIA GLOBO, 2004: 
188). Mas nem por isso a TV Globo deixa de ser criticada por sua posição “extremamente” 
governista. O JN é considerado “uma extensão do Diário Oficial, que assume não apenas o 
noticiário acrítico como até uma euforia a favor do governo”. (DIMENSTEIN apud 
11
REZENDE, 2000: 128).
Paralelamente às constantes mudanças que ocorriam no telejornalismo brasileiro na 
década de 80, o país passava também por transformações políticas. A campanha das “Diretas 
já”, conduzida por uma frente pluripartidária, reivindicava o voto direto para presidente da 
República e lutava por um governo civil depois de mais de vinte anos de Regime Militar. 
Porém, as emissoras de televisão, com destaque para a TV Globo, preferiram o silêncio da não 
cobertura do movimento ao “clamor das multidões que lotavam as praças das grandes capitais 
brasileiras”. (MELO apud REZENDE, 2000: 124).
Segundo Rezende (2000), o primeiro grande comício das diretas realizado na Praça da 
Sé, em São Paulo, no dia 25 de janeiro de 1984, espelhou muito bem o boicote das emissoras 
ao evento. A TV Cultura era a única a realizar a cobertura direta do comício. Enquanto isso, a 
Rede Globo deu a notícia no Jornal Nacional referindo-se à manifestação como se ela fizesse 
parte das comemorações dos 430ª aniversário da capital paulista e não tivesse conotação 
política. 
No livro comemorativo dos 35 anos do Jornal Nacional, a Globo contesta afirmações 
desse tipo dizendo que o repórter responsável pela cobertura fala sobre o objetivo do evento. 
A emissora afirma que o mal entendido teria sido provocado devido a chamada lida pelo 
apresentador do JN: 
A origem da confusão foi a escalada do Jornal Nacional. Nela, não há 
referência ao comício, mas apenas ao aniversário da cidade. “A cidade de São 
Paulo festeja os 430 anos de fundação”. A chamada da matéria, lida pelo 
apresentador Marcos Hummel, referia-se ao comício como um dos eventos 
comemorativos do aniversário da capital paulista. De fato, havia a relação entre 
a manifestação e o aniversário da cidade. O comício tinha sido marcado para o 
dia 25 de janeiro justamente porque, sendo aniversário da cidade, a participação 
popular seria facilitada. O locutor leu a chamada: “Festa em São Paulo. A 
cidade comemorou seus 430 anos com mais de 500 solenidades. A maior foi um 
comício na praça da Sé”. E, em seguida, a reportagem de Ernesto Paglia relatou 
com todas as letras o objetivo político do evento: pedir eleições diretas para 
presidente da República. (MEMÓRIA GLOBO, 2004: 157).
A questão é que as manifestações populares associadas às mobilizações dos próprios 
jornalistas e às pressões dos artistas vinculados à emissora carioca fizeram com que, não só a 
Globo, mas todas as outras redes de TV mudassem de postura com relação à Campanha das 
Diretas. Além disso, a não cobertura de um fato como esse poderia ocasionara perda de 
audiência e de faturamento por parte dos canais.
Foi nessa época também que o jornalismo brasileiro se vê amordaçado novamente pela 
censura. Na véspera da votação da emenda Dante de Oliveira, que tratava do restabelecimento 
12
de eleições diretas para presidente da República, o general João Baptista Figueiredo decretou 
a adoção de medidas de emergência5 no Distrito Federal e em dez municípios de Goiás. Foi 
determinada a censura prévia às emissoras de rádio e televisão, sendo proibida a transmissão 
ao vivo de qualquer informação sobre as medidas de emergência e sobre a votação da emenda 
à Constituição. “O governo argumentava que era sua responsabilidade manter a ordem e a 
soberania do Congresso Nacional para que este pudesse decidir livremente”. (MEMÓRIA 
GLOBO, 2004: 162).
Após a não aprovação da emenda Dante de Oliveira, era a vez, agora, de as emissoras 
cobrirem o apoio popular à candidatura de Tancredo Neves na eleição indireta para 
presidente, via Colégio Eleitoral6. A festa da vitória de Tancredo Neves e, principalmente, as 
notícias sobre seu falecimento foram consideradas uma das maiores coberturas jornalísticas 
dessa fase da TV:
A festa da vitória de Tancredo celebrada pelas câmeras de TV durou pouco. Um 
dia antes da posse, Tancredo adoeceu e nos 37 dias de agonia até sua morte, dia 
21 de abril, a TV brasileira realizou talvez a mais intensa e extensa cobertura 
jornalística de sua história, com vários plantões ao vivo. A democracia voltava 
ao vídeo como espetáculo de festa, dor e esperança. (REZENDE, 2000: 125)
Em 1989, outro acontecimento vai marcar a história do telejornalismo no Brasil: a 
primeira campanha presidencial depois de 29 anos sem eleição direta para presidente. A 
repercussão da montagem que o Jornal Nacional exibiu do último debate entre os candidatos 
à presidência da República, Luís Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), e 
Fernando Collor de Mello, do Partido da Renovação Nacional (PRN), vai provocar mudanças 
no jornalismo da Rede Globo. 
Segundo o livro comemorativo dos 35 anos do Jornal Nacional (2004), a Globo 
apresentou duas edições do último debate, no dia seguinte à sua realização: uma no Jornal 
Hoje e outra no Jornal Nacional. O resumo do JN provocou grande polêmica. A Globo 
favoreceu o candidato do PRN tanto na seleção dos momentos como no tempo dado a cada 
candidato, já que Collor teve um minuto e meio a mais do que Lula. Esse episódio é relatado 
por Armando Nogueira, então diretor geral de telejornalismo da emissora, como um caso de 
ingerência política de setores ligados à candidatura Collor na Globo e, também, como um 
5 As medidas incluíam a possibilidade de detenção de cidadãos em edifícios comuns, suspensão da liberdade de 
reunião e associação, além de intervenção em sindicatos e outras entidades de classe. 
6 Instituição criada pelo Regime Militar, composta por deputados federais e senadores, que tinha como função 
selecionar o presidente da República. 
13
caso de insubordinação do diretor de telejornais Alberico Souza Cruz:
O episódio representou uma deslealdade de um escalão abaixo da minha 
direção. Eu tinha um diretor chamado Alberico Souza Cruz que, à minha 
revelia, juntamente com um editor chamado Ronald de Carvalho, deformou a 
edição que nós tínhamos exibido no jornal Hoje, versão inclusive aprovada por 
João Roberto Marinho. Ele telefonou para mim; eu não estava. Telefonou para 
Alice-Maria para dizer que tinha gostado muito da edição que saiu no Hoje. 
Então, quando a Alice me contou (eu cheguei do almoço), eu disse: ‘Então 
vamos reproduzir a edição do Hoje no Jornal Nacional’. Ela passou essa 
orientação para o Alberico. Eu reforcei para o Alberico. E o Alberico, à minha 
revelia, mandou fazer alterações, das quais eu só tomei conhecimento no ar. 
(NOGUEIRA apud MEMÓRIA GLOBO, 2004: 215)
Alberico de Souza Cruz negou participação na edição do debate, mas, segundo 
Rezende (2000), admitiu que julgou correta a edição do Jornal Nacional, porque mostrava 
que tinha havido um debate em que um ganhou e outro perdeu. Após o caso, Armando 
Nogueira é afastado e substituído por Alberico Souza Cruz na direção da Central Globo de 
Jornalismo. 
Como novo diretor da CGJ, o objetivo de Alberico Souza Cruz é mudar o jornalismo 
de estúdio, praticado exaustivamente na emissora, por um jornalismo de rua, com entradas ao 
vivo e muita cobertura externa. Em 1991, durante a Guerra do Golfo, foi possível observar as 
mudanças. A emissora entrava ao vivo com seus repórteres e enviados especiais de várias 
partes do mundo. Pedro Bial trazia as informações de diversas capitais do oriente – Bagdá, 
Tel-Aviv e Riad – da Europa e dos Estados Unidos, Ernesto Paglia, Paulo Henrique Amorim 
e Rodolfo Gamberini. “[...] o trabalho desenvolvido mostrou que o potencial jornalístico e 
tecnológico da TV Globo se equiparava ao das grandes redes mundiais de televisão”. 
(REZENDE, 2000: 130).
Ao mesmo tempo, o telejornalismo do SBT avançava. Nomes como Hermano 
Henning, que era da Globo, e Lilian Witte Fibe foram incorporados à equipe de jornalistas da 
rede. Em 1991, em uma tentativa de produzir um telejornal que tivesse mais a ver com a 
emissora, estréia o programa Aqui Agora. Com influências da linguagem radiofônica, o Aqui 
Agora, versão brasileira do original argentino Nuevediario, usava o recurso do plano-
seqüência para dar mais realismo e suspense às histórias que narrava. Seus focos eram as 
reportagens policiais sobre acidentes graves, assassinatos e crimes em geral, além de fofocas 
do meio artístico e defesa do consumidor. O programa alcançou altos índices de audiência, 
mas não tinha o mesmo prestígio que o TJ Brasil, segunda fonte de renda do SBT. Após 
reação do jornalista Bóris Casoy contra medidas que pretendiam reformular o TJ, ocorre uma 
14
cisão dentro do departamento de jornalismo e o TJ Brasil passa a vincular-se diretamente à 
direção da emissora.
O momento agora, na década de 90, era de busca de credibilidade dentro do 
telejornalismo. Essa credibilidade era buscada na valorização do jornalista como apresentador 
de notícias, o que daria um fim à figura dos grandes locutores. Em 1996, o jornalismo da 
Globo, sob o comando de Evandro Carlos de Andrade, promove modificações no Jornal 
Nacional. Sai os apresentadores-locutores, Cid Moreira e Sérgio Chapelin, e entram os 
apresentadores-jornalistas William Bonner e Lilian Witte Fibe. De acordo com o crítico de 
TV Eugênio Bucci apud Rezende (2000), o JN ganhou movimento, rapidez e juventude com 
as mudanças. Porém, na sua essência, o telejornal continuava com a mesma estrutura 
melodramática, com direito a happy end e ao governismo de sempre, que ficou “menos 
solícito, menos oferecido, mais privatista e mais a favor da reeleição (do presidente Fernando 
Henrique Cardoso)”. (BUCCI apud REZENDE, 2000: 134).
As outras redes também buscavam credibilidade. O Jornal da Bandeirantes ganhou o 
reforço do então correspondente da TV Globo, nos Estados Unidos, Paulo Henrique Amorim. 
Além de acumular as funções de editor, repórter e apresentador do telejornal, Amorim ganhou 
um programa semanal nas noites de domingo. Depois de nove anos à frente do TJ Brasil, 
Bóris Casoy deixa o SBT e estréia no Jornal da Record, em 1997, da Rede Record de São 
Paulo, emissora do bispo Edir Macedo, dono da Igreja Universal do Reino de Deus. Em 
outubro do mesmo ano, o jornalista lança o Passando a Limpo, um programa de entrevistas 
aos domingos, transmitido ao vivo a partir das 10 horas da noite.
Mesmo com a uniformização dosconteúdos informativos – a seleção dos assuntos 
pelos telejornais de rede os deixavam muito semelhantes entre si – o telejornalismo dá um 
salto qualitativo, na segunda metade da década de 1990.
O salto qualitativo dado pelo telejornalismo nos anos 90 é uma razoável 
demonstração disso: ele se libertou em muitos casos das amarras oficiais, 
expandiu seu universo temático, encontrou novas formas de tratamento e 
ganhou até sopros de independência em relação ao empresariado do setor, o que 
até há pouco tempo era um privilégio parcial de poucos jornais no país, ainda 
que uma prática relativamente comum nos EUA e na Europa. (HOINEFF apud 
REZENDE, 2000: 137).
Esse aumento da qualidade do telejornalismo brasileiro também ganhava ecos na 
televisão por assinatura. No dia 15 de outubro de 1996, a Rede Globo lança o primeiro canal 
exclusivo de notícias, 24 horas no ar: a Globo News. Sob o slogan “a vida real em tempo real” 
(PATERNOSTRO, 1999: 43), o canal combina agilidade com aprofundamento da notícia, 
15
tentando cobrir as limitações que as grades das emissoras abertas impõem. No começo, era 
comum a reapresentação dos noticiários da Globo – Bom Dia Brasil, Jornal Hoje, Jornal 
Nacional, Fantástico, Globo Repórter. As produções eram realizadas por um grupo de 166 
profissionais e toda a estrutura da Central Globo de Jornalismo, da qual a Globo News é uma 
divisão, foi aproveitada. O sinal do novo canal era distribuído apenas pelo sistema de TV a 
cabo Net-Multicanal, mas depois foi se estendendo aos demais assinantes, substituindo a 
CNN, o canal norte-americano pioneiro em programação exclusivamente jornalística. 
Velhos e novos formatos de programas eram experimentados na Globo News à medida 
que o canal crescia. O Em Cima da Hora é o noticiário de hora em hora que apresenta 
notícias do Brasil e do mundo, ao vivo. O Jornal das Dez é o Jornal Nacional do canal, 
porém, além de noticiar, ele comenta, explica e aprofunda os assuntos através de entrevistas e 
debates. Apresentado às 10 horas da noite, ele é o único telejornal da TV brasileira que vai ao 
ar todos os dias da semana. Outros jornalísticos também se destacam na grade da Globo 
News: Espaço Aberto, programa de entrevistas com temas específicos; Via Brasil, uma 
espécie de documentário e Conta Corrente, com informações sobre economia.
Seguindo a experiência aberta pela Globo News, em novembro de 1996, a Rede Globo, 
juntamente com a Rede Brasil de Notícias (RBS), lançam o Canal Rural – primeiro veículo 
televisivo destinado exclusivamente ao universo agropecuário. Com investimentos que 
chegam aos 15 milhões de dólares, o canal traz técnicas de agricultura e novidades agrárias do 
ramo, além dos leilões transmitidos ao vivo. (REZENDE, 2000).
O crescimento das TV’s por assinatura no país refletiu de forma direta na queda da 
audiência dos programas da televisão aberta. Para Bucci apud Rezende (2000), as alterações 
nos índices de audiência eram um fenômeno mundial causado pelas inúmeras opções de 
entretenimento e de informação proporcionadas pelas novas tecnologias. “Por levantamento 
em boletins do Ibope, a Folha de S. Paulo verificou um declínio progressivo de público da 
Globo de 1989 até 1994. O Jornal Nacional, por exemplo, teria perdido, nesse período, 23 
pontos de audiência, caindo de 60 para 37”. (FOLHA DE S. PAULO apud REZENDE, 2000: 
139). 
Fenômeno ou não, a queda da audiência do Jornal Nacional demonstrava sinais da 
modernidade, que não permitia mais que um único telejornal permanecesse eternamente com 
70 pontos de audiência diante das opções de canais e programas que haviam sido abertas no 
decorrer das décadas de 80 e 90. Além disso, o modo de se fazer telejornalismo na Globo – 
acrítico e governista – deveria mudar. E mudou. 
16
Acontece que o telejornalismo da Globo hoje atravessa a melhor fase de sua 
história (desde a abertura democrática). O Padrão Globo de Qualidade 
Jornalística (se é que existe) embora ainda esteja longe de satisfazer as novas 
necessidades de contextualização e continuidade, está no caminho certo para lá 
chegar. Matérias mais longas, mais esclarecimentos, mais reportagens (em lugar 
da controvérsia apenas), mais serviço público, mais defesa do consumidor, mais 
internacional, mais densidade, mais crítica [...] A verdade é que o Jornal 
Nacional mudou para melhor. Se, com isto, desfez-se daqueles telespectadores 
que não sabem onde fica a Bósnia e de Ruanda só querem as imagens macabras, 
é problema dos que apostam na desinformação. (DINES apud REZENDE, 
2000: 140)
Um fato marcou essa mudança na linha editorial do JN: a reportagem sobre tortura 
policial em Diadema, na Grande São Paulo. As imagens de um cinegrafista amador, de acordo 
com Rezende (2000: 140), quebravam de vez “toda a rigorosa assepsia visual estabelecida 
durante anos” na Globo. Para José Marques de Melo apud Rezende (2000: 141), ao evidenciar 
esse retrato do cotidiano das camadas mais pobres da população, a emissora demonstrava 
“sinais de vitalidade”, libertava-se do estigma de rede oficialista e atendia “aos anseios da 
sociedade civil”.
As mudanças no jornalismo, porém, não permaneceriam por muito tempo, pelo menos 
no Jornal Nacional. Em 1998, Lilian Witte Fibe, que dividia a bancada com William Bonner, 
deixa o JN devido ao “seu baixo grau de empatia junto à audiência e sua insatisfação com a 
linha editorial do telejornal, mais afeita a uma concepção amena de jornalismo”. 
(CAMACHO, SANCHES e LEITE apud REZENDE, 2000: 142). A jornalista Fátima 
Bernardes é escalada para apresentar o JN ao lado do marido, Bonner. O “jornal família” 
voltado para a família brasileira trocava as notícias mais importantes por “reportagens 
lacrimosas, curiosidades do mundo animal, ou intermináveis inventários sobre a vida de 
celebridades”. (VEJA apud REZENDE, 2000: 142).
Ao mesmo tempo, o telejornalismo das outras emissoras também sofria modificações. 
O SBT, após tirar do ar o Telejornal Brasil, em dezembro de 1997, cria uma espécie de joint 
venture7 com a rede de TV norte-americana CBS e lança o Jornal do SBT – Telenotícias 
CBS, que veiculava um noticiário nacional, sob o comando do jornalista Hermano Henning, e 
um internacional, transmitido diretamente de Miami pelo casal de apresentadores Eliakim 
Araújo e Leila Cordeiro. Além disso, a emissora mantinha um informativo local, o 
Noticidade e os boletins Notícias de Última Hora.
Em 1999, é o Jornal da Band, da Rede Bandeirantes, que sofre mudanças. Paulo 
Henrique Amorim é afastado do telejornal pela direção da emissora. Segundo o jornalista Tão 
7 Tipo de associação entre empresas, não definitiva, para explorar determinado(s) negócio(s), sem que nenhuma 
delas perca sua personalidade jurídica.
17
Gomes Pinto apud Rezende (2000: 143), Amorim havia cometido dois erros: querer enfrentar 
o Jornal Nacional e tentar fazer um jornalismo de “alta densidade na discussão de assuntos 
econômicos e políticos”. Meses depois de sua saída, Paulo Henrique Amorim vira âncora da 
TV Cultura de São Paulo. 
Depois de uma década, a de 90, em que oscilações na audiência levaram a 
experimentações nem sempre bem sucedidas, o telejornalismo brasileiro entra os anos 2000 
com novos protagonistas na disputa pelo público. Em 2004, o Jornal Nacional completa 35 
anos e se consolida cada vez mais como o primeiro no Ibope e no faturamento. Segundo Lima 
apud Veja (2004: 105), a média de audiência do JN de janeiro a agosto de 2004 é de 43 
pontos – a maior desde 1997 – o que equivalem a 63% dos aparelhos ligados, ou 31 milhões 
de espectadoresa casa minuto. O programa tem o espaço publicitário mais caro da TV no 
país. Um comercial de 30 segundos custa de 250 mil a 350 mil reais. “Isso faz com que a 
Globo contabilize 2,6 milhões a cada vez que seus apresentadores dizem ‘boa noite’”. 
Devido à concorrência acirrada com a Rede Record, em fevereiro de 2006, o JN corta 
do telejornal seus três comentaristas. Arnaldo Jabor, que fazia crônicas políticas fica restrito 
ao Jornal da Globo. Franklin Martins, responsável pelas análises políticas passa a fazer suas 
intervenções no Jornal Hoje e também no Jornal da Globo. E Chico Caruso, responsável 
pelas charges, ganha um quadro no Fantástico, apenas. Segundo a Rede Globo8, as mudanças 
não têm a ver com o crescimento da concorrente, mas sim com o fato de o público do Jornal 
Nacional, muitas vezes, não entender que as análises são uma opinião dos colunistas e não do 
telejornal. A linguagem do programa ganha mais agilidade e torna-se mais coloquial. 
Na tentativa de restabelecer novamente seu departamento de jornalismo, o SBT 
começa a contratar jornalistas reconhecidos nacionalmente. Da Globo, a emissora de Sílvio 
Santos “rouba”, em 2005, uma de suas principais jornalistas: Ana Paula Padrão. Da 
Bandeirantes, em 2006, Carlos Nascimento – que já havia trocado a emissora carioca depois 
de anos à frente do Jornal Hoje. 
Ana Paula Padrão seria responsável por formar uma equipe que montaria o novo 
telejornal da rede, o SBT Brasil. Em meio a constantes mudanças de horário do jornal devido 
à queda da audiência, em 2006, a jornalista deixa o SBT Brasil e fica encarregada de produzir 
o SBT Realidade, programa com reportagens especiais, sobre comportamento, cultura e 
turismo, produzidas no Brasil e no exterior. Carlos Nascimento passa a comandar, junto com 
Cynthia Benini, o SBT Brasil, que ganhou um tom mais descontraído com a participação ao 
vivo de telespectadores, por telefone, e informação da hora certa. Passa também, a apresentar 
8 <http://www.revistaparadoxo.com/materia.php?ido=3028> acesso em 12/10/2007
18
o Jornal do SBT, jornalístico do fim da noite. 
Na busca pelo segundo lugar entre as redes abertas do Brasil – e querendo desbancar a 
Globo do primeiro – a Rede Record adota como norma reproduzir a estética da concorrente, 
do jornalismo ao entretenimento, e comprar profissionais da emissora carioca. Em janeiro de 
2006, o Jornal da Record (JR) é totalmente reformulado. Após não concordar com o novo 
projeto de telejornal da emissora, o jornalista Bóris Casoy sai da Record e a apresentação do 
jornal fica a cargo de dois ex-globais: Celso Freitas e Adriana Araújo. Além dos 
apresentadores, a emissora paulista contrata vários profissionais da Globo, entre repórteres, 
editores e cinegrafistas. O novo JR é considerado um “clone” do JN.
Mas não são só apresentadores que vão dar cara de Globo para o "Jornal da 
Record". O novo cenário é uma cópia do "JN", apesar de a emissora falar 
oficialmente que a "inspiração" veio de telejornais norte-americanos. Até a 
Redação ao fundo, que virou marca do "Jornal Nacional", estará no "JR". São 
poucas as mudanças, como a cor da bancada e a posição dos apresentadores. Dá 
até para brincar de procurar as diferenças (MATTOS, 2006)
Em 2007, a Record consegue atingir o segundo lugar na audiência entre as TV’s 
abertas, desbancando o SBT. No dia 27 de setembro, a emissora estréia mais um projeto de 
expansão do seu jornalismo: a Record News, primeiro canal exclusivo de notícias 24 horas da 
TV aberta. O canal passou a ocupar o lugar da Rede Mulher, transmitida em São Paulo em 
UHF9. A medida provocou reações da Globo. Segundo Castro (2007), a rede estuda a 
possibilidade de abrir o sinal da Globo News para concorrer com a Record.
9 Ultra High Frequency. Tipo de frequência da TV aberta.
19
1.2 – História da Rede Globo
A TV Globo foi ao ar no Rio, pela primeira vez, em 26 de Abril de 1965, pouco mais 
de um ano após o golpe militar. Criada pelo jornalista Roberto Marinho, que havia assumido a 
direção do jornal O Globo, em 1931, logo após a morte do pai, a primeira concessão de TV 
foi obtida em 1957 do presidente Juscelino Kubitscheck, cujo governo ele apoiava. A 
segunda, do presidente João Goulart, cujo governo ele ajudou a derrubar. 
Com uma programação popular – nomes como Chacrinha, Dercy Gonçalves, Raul 
Longras e Sílvio Santos faziam parte da sua grade – a expansão da TV Globo se efetiva 
quando Roberto Marinho assina um contrato de colaboração com o grupo norte-americano 
Time-Life e passa a receber aportes financeiros, que chegaram a um total de 5 milhões de 
dólares, além de pessoal especializado e equipamentos sofisticados. O acordo, na época, ia 
contra a lei brasileira na medida em que dava a uma empresa estrangeira interesses em uma 
empresa nacional de comunicações. Mas foi decisivo para que a Globo realizasse uma 
revolução técnica, gerencial e artística na televisão brasileira. 
A partir de 1966, a emissora carioca parte para a implantação do sistema de network, 
comprando ou contratando emissoras pelo país – as afiliadas – com o objetivo de expandir seu 
sinal. É nessa mesma época que se constitui a Embratel – Empresa Brasileira de 
Telecomunicações. “A Embratel interliga o Brasil através de linhas básicas de microondas – 
rotas – e adere ao consórcio internacional para utilização de satélites de telecomunicações – o 
Intelsat. Estava criada, então, a estrutura para as redes nacionais de televisão” 
(PATERNOSTRO, 1999: 31). 
Nos primeiros oito meses de funcionamento, a Rede Globo era um fracasso. Grande 
parte das inovações inseridas na grade de programação e na forma de produção dos programas 
foi obtida graças à contratação de profissionais da TV Excelsior, de São Paulo, cuja concessão 
é cassada pelo Governo Militar em 1970. É nessa época que Walter Clark e José Bonifácio de 
Oliveira Sobrinho, o Boni, são levados para a emissora e começam a construir o que seria 
chamado de “Padrão Globo de Qualidade”. Este padrão é estabelecido com a chamada "grade 
fixa", tanto na vertical (seqüência dos programas no dia), quanto na horizontal (respeito à 
seqüência ao longo dos dias da semana), em que o horário nobre é preenchido com duas 
novelas de boa qualidade, intercaladas por um telejornal curto e sintético, mais uma novela de 
boa qualidade (a das oito) e depois a linha de shows, filmes e jornalísticos como o Globo 
Repórter, sempre com bastante regularidade de horário e programação.
20
Foi seguindo esse estilo de produção que a TV Globo lançou, no dia 1 de setembro de 
1969, o primeiro programa em rede nacional: o Jornal Nacional (JN). Produzido no Rio de 
Janeiro e transmitido simultaneamente, ao vivo, para São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, 
Porto Alegre e Brasília, o JN foi o primeiro telejornal a apresentar reportagens em cores e 
internacionais via satélite no instante em que os fatos ocorriam. 
De acordo com Lins da Silva apud Carvalho (2006), o JN inaugurou um novo estilo 
de jornalismo na TV brasileira. Primeiro, por iniciar a era do jornal em rede, inédito no país. 
Depois por consolidar um modelo de tempo da notícia onde o fato imediato é valorizado e a 
obsessão pelo o que ocorre “agora” é tão grande que impede o aprofundamento de 
informações que ajudariam o espectador a localizar-se, sem a necessidade de assistir ao 
telejornal todos os dias, como se este fosse uma telenovela. 
Terceiro, porque com o objetivo de construir um modelo de apresentação “requintado 
e frio, pretensamente objetivo” (CARVALHO, 2006: 9), consagrou um estilo onde o locutor, 
formal edistante, interagia com a rigidez do cenário e com uma grande quantidade de 
videoteipes e efeitos especiais. Quarto, pela grande quantidade de assuntos abordados, com 
escritórios no exterior e repórteres em todos os Estados. E, finalmente, por “ter-se 
transformado no principal e, na maioria dos casos, único meio de informação dos brasileiros”.
O “Padrão Globo de Qualidade” seria decisivo para a conquista da liderança da 
audiência, pois, no final da década de 1970, as duas grandes redes, Record e Tupi, 
enfrentavam uma enorme crise financeira e, com seus equipamentos sucateados, não tinham 
condições de competir com a tecnologia da Globo. Além disso, a emissora foi peça 
fundamental para os governos militares, principalmente os governos de Médici (1969-1974) e 
Geisel (1974-1979), que tentavam uma política cultural de integração nacional. Tal política 
tinha na TV uma grande aliada nessa integração via unificação da linguagem, do consumo e, 
principalmente da ideologia. Em 1972, o então presidente Médici inaugurou a televisão em 
cores em um grande festival, dizendo: “Sinto-me feliz todas as noites quando assisto o 
noticiário. Por quê? Porque no noticiário da TV Globo o mundo está um caos, mas o Brasil 
está em paz […] É como tomar um calmante após um dia de trabalho […]”. (MELLO apud 
ALVAREZ, 2007).
Após investigações parlamentares, que concluiu que o acordo da Time-Life com a 
Globo era ilegal, a parceria foi dissolvida em 1969. Roberto Marinho ficou com o controle 
total da emissora, enquanto suas concorrentes – Tupi e Excelsior – continuaram em lento 
declínio. Em 1977, Walter Clark, naquela época o executivo mais bem pago da América 
Latina, é demitido. Clark foi substituído por Boni, então controlador de programação. Foi 
21
nesse ano também que toda a programação da emissora passa a ser em cores. 
Animada com o sucesso do Jornal Nacional – em 1979 ele alcançava a marca de 
79,9% da audiência nacional – a Globo começa a investir pesado no telejornalismo, sob uma 
perspectiva mercadológica, em busca de recursos publicitários. Em 1971, ela lança o Jornal 
Hoje, na hora do almoço. Em 1979, ano em que a rede comemorou o seu 14º aniversário, 
estreou o Jornal da Globo. Um noticiário de fim de noite com análises, grandes reportagens, 
séries e entrevistas de estúdio. 
Em 1973 é criado o Fantástico – o Show da Vida, um programa que mistura 
jornalismo e entretenimento veiculado nas noites de domingo. No mesmo ano surge o Globo 
Repórter que, pela linguagem do documentário, tratava de certos temas com profundidade, o 
que não era possível nos telejornais, especialmente no JN. Em 1977, a emissora cria um 
telejornal em um horário pouco convencional, no início da manhã, o Bom Dia São Paulo, que 
seria a semente para outros programas congêneres nas emissoras afiliadas à rede nos demais 
estados do país, com uma abordagem regional, e para o Bom Dia Brasil, em 1983. 
(REZENDE, 2000: 118).
A década de 70 marcou também a hegemonia da Rede Globo na produção de 
telenovelas, que são vendidas atualmente para mais de 30 países. Novelas de inúmeros 
gêneros: comédias, românticas, atuais e de época, ambientadas no Rio de Janeiro, em São 
Paulo, no campo, no litoral, em todos os estados brasileiros e até no exterior. A Globo criou e 
definiu um modo narrativo que é seguido por ela e por outras emissoras até hoje:
As narrativas são movidas por quatro oposições (de classe social, gênero, 
geração e região geográfica) agrupadas em torno das categorias genéricas de 
“tradicional” e “moderno”, categorias presentes na teoria social e no discurso 
político e cultural dos anos 50 e 60, e popularizadas pelas telenovelas. 
(HAMBURGER, 2003: 126)
A fórmula de sucesso da emissora está fortemente ancorada nas novelas que sempre 
tiveram uma certa rigidez quanto ao horário de veiculação e roteiro: por volta das seis da tarde 
uma história simples; as sete uma comédia; e, no ápice, a novela das oito – que vai ao ar às 21 
horas –, com um enredo mais intrigante e elaborado. No intervalo dessas atrações, outra coisa 
também é rígida. Entre a novela das seis e das sete, o noticiário local. E, enquanto aguarda o 
entretenimento principal, o telespectador assiste as notícias pelo Jornal Nacional. 
(SCANAVACHI e OLIVEIRA FILHA, 2007: 02).
22
Desde a sua criação, a TV Globo tratava de ganhar a audiência sob a filosofia de que 
ela era um hábito. Assim, não interessava ter apenas alguns programas bem colocados, era 
preciso tomar a liderança de audiência em qualquer horário para criar esse hábito. A 
comunicação da Globo envolve as chamadas para programas, aberturas e vinhetas, até 
campanhas de utilidade pública, boletins da programação e, claro, a programação visual que 
identifica e personaliza a imagem. A identidade visual é tão importante para a TV quanto é 
fundamental o espectador criar afeto pelo veículo, funcionando como elemento de 
personalização. Ela transmite ao telespectador todo o clima do veículo, de forma única e 
exclusiva, com intensidade suficiente para motivá-lo a permanecer fiel.
O “modo de produção” de televisão imposto pela Globo é tido no Brasil como 
“modo natural” de a televisão existir. Tamanha é a eficácia dessa empresa que 
sua existência anômala, se confrontada inclusive com a limitada legislação 
vigente, não é sequer questionada. Mesmo sendo uma empresa montada 
inconstitucionalmente pelo capital estrangeiro. Mesmo concentrando, graças a 
favores e privilégios governamentais, impressionante poder tecnológico e 
econômico. Mesmo que atue, submetendo a cada minuto, o interesse social ao 
interesse privado-comercial. [...] Mesmo concentrando nas mãos de um único 
empresário um fantástico poder político, às custas da execução de um serviço 
público. (HERZ apud CARVALHO, 2006: 09).
Atualmente, a Rede Globo de Televisão conta com uma mega estrutura. Cerca de 17 
mil funcionários10, abrangência em 98,53% do território nacional, atingindo 5.482 municípios 
brasileiros e 99,47% da população11. Ela produz cerca de 90% de programas próprios e é a 
quarta maior rede de televisão privada do mundo, perdendo apenas para as gigantes norte-
americanas: CBS, NBC e ABC. Ela é o centro de um império que abrange mais de quarenta 
empresas atuando em diversos setores da economia. Só a Rede Globo – que inclui 5 emissoras 
totalmente de sua propriedade e 121 emissoras afiliadas – tem uma receita anual estimada em 
5 bilhões de reais12.
A sede da Central Globo de Produção (CGP), inaugurada no Rio de Janeiro em 
outubro de 1995, ostenta hoje o título de maior centro de produção da América Latina. Lá, 
estão disponíveis infra-estrutura, tecnologia e processos de produção para realizar todos os 
programas da Rede Globo. A unidade ocupa 1,65 milhão de metros quadrados em 
Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio – sendo 156 mil metros quadrados de área construída.
10 Dados extraídos da Revista Carta Capital – 28 de março de 2007, nº 437, p. 38.
11 Os dados foram extraídos da página institucional da Rede Globo: 
<http://redeglobo.globo.com/TVG/0,,9648,00.html> acesso em 25/10/2007
12 Dados extraídos da Revista Carta Capital – 28 de março de 2007, nº 437, p. 38.
23
1.3 – História dos Quatro Principais Telejornais da Rede 
Globo
1.3.1) BOM DIA BRASIL
O Bom Dia Brasil (BDB) é o primeiro telejornal nacional do dia exibido pela Rede 
Globo no início das manhãs, às 7h15min, de segunda a sexta-feira. Apresentado por Renato 
Machado e Renata Vasconcellos, o programa possui quase 40 minutos de duração, sem os 
intervaloscomerciais, e traz comentários com a repercussão e análise dos fatos e por vezes 
entrevistas.
O BDB nasceu no dia 3 de janeiro de 1983. Ele surgiu da idéia do Bom Dia São 
Paulo, um telejornal no início da manhã com abordagem regional. Foi apresentado 
inicialmente pelo editor-chefe Carlos Monforte e pela jornalista Leilane Neubarth. A proposta 
era ser um noticiário de 30 minutos, essencialmente político e econômico, transmitido 
diretamente do centro de onde são tomadas as decisões do país: Brasília. Em março de 1996, 
Renato Machado passa a fazer par com Leilane Neubart na apresentação do telejornal, que 
ganha o formato de tele-revista. Em outubro de 2001, o programa ganha um cenário 
descontraído, ambientado com sofás e mesa, no estilo de uma sala de estar, onde os 
apresentadores fazem comentários e entrevistas e conversam com os colunistas do jornal.
Desde o começo, o BDB teve o cuidado de não repetir meramente as notícias do dia 
anterior, mas mostrar os fatos com atualidade e antecipação. Essa proposta, aliás, mantém-se 
até hoje, o que torna o Bom Dia Brasil um telejornal de furos e idéias, que sempre analisa as 
notícias através de entrevistas e dos comentaristas13.
Em dezembro de 2002, Leilane Neubarth deixa o jornal e o Bom Dia Brasil passa a 
ser ancorado pelos jornalistas Renato Machado, que exerce a função de editor-chefe, e Renata 
Vasconcellos. Cláudia Bomtempo, que apresenta as notícias de Brasília e Mariana Godoy, que 
fica em São Paulo, são as apresentadoras e editoras responsáveis pela cobertura das duas 
praças. Também participam do telejornal, quase que diariamente, os colunistas Alexandre 
Garcia, com comentário político, Miriam Leitão, analisando a economia nacional e mundial, e 
Tadeu Schmidt, com as notícias de esporte. Quinzenalmente, a jornalista Sandra Moreira fala 
sobre gastronomia na coluna “Arte na Mesa”. O jornal também conta com a participação de 
Michelle Loreto, responsável pela previsão do tempo.
13 Extraído do vídeo “O Telejornal e a sua Linguagem”, trabalho do programa de pós-graduação da Faculdade 
Cásper Líbero, ministrado pela professora doutora em telejornalismo Soraya Maria Ferreira Vieira em 2003. 
24
Atualmente, o Bom Dia Brasil tem uma média mensal no Ibope14 nacional de 8,08 
pontos15. Sendo 49% do público formado por mulheres e 51% por homens. Desse total, 37% 
são das classes A e B e 36% da classe C16. A maioria dos telespectadores, 66%, tem mais de 
35 anos. Uma das características do telejornal é a dinâmica. Isso o torna atrativo, com uma 
mistura de estilos que faz com que o telespectador que está acordando mantenha-se 
concentrado e interessado pelo programa17.
1.3.2) JORNAL HOJE
O Jornal Hoje (JH) é o jornalístico do horário do almoço da Rede Globo. 
Apresentado pelos jornalistas Sandra Annenberg e Evaristo Costa, ele entra no ar às 13h15m 
logo após o Globo Esporte, o telejornal esportivo da rede. O JH tem duração média de 20 
minutos, sem os intervalos comerciais, e é transmitido de segunda a sábado.
O Jornal Hoje é um dos mais antigos telejornais da Globo. Entrou no ar pela primeira 
vez em 21 de abril de 1971. Léo Batista e Luís Jatobá foram os primeiros apresentadores do 
jornal que nasceu como uma revista diária, com matérias sobre arte, espetáculos e entrevistas. 
Inicialmente era restrito ao Rio de Janeiro, de onde herdou o horário do extinto Show 
da Cidade. Em 03 de junho de 1974, o Jornal Hoje passou a ser exibido em todo o território 
nacional. Telespectadores de todo o Brasil passaram a assistir a sessão de moda de Cristina 
Franco, a conhecer as previsões dos astrólogos para o dia, a aprender deliciosas receitas e a 
estar informados sobre os principais fatos do país e do mundo. 
Dono de um estilo inovador, segundo o site do telejornal18, o Hoje contava com as 
14 Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística responsável por pesquisas em vários ramos, inclusive pela 
medição da audiência das TV’s no Brasil. 
15 Cada ponto de ibope equivale a 52,3 mil domicílios na Grande SP
16 Para calcular o nível econômico das pessoas entrevistadas em pesquisas quantitativas é utilizado o CCEB 
(Critério de Classificação Econômica Brasil). Desenvolvido pela ABEP (Associação Brasileira de Empresas de 
Pesquisa), o CCEB estima o poder de compra das pessoas e famílias urbanas, mas não pretende classificar a 
população em classes sociais. A divisão de mercado proposta pelo estudo é exclusivamente de classes 
econômicas, segundo o poder de compra e não de acordo com a renda familiar. O CCEB separa os consumidores 
em classes econômicas A, B, C, D e E. A divisão é feita por meio de pontuação obtida pela posse de 
determinados bens e pelo grau de instrução do chefe de família, em pesquisa feita no domicílio por técnicos. 
Com mais de 30 pontos, a família está na classe A (tem renda média mensal familiar entre R$ 4.600,00 e R$ 
7.700,00). Entre 17 e 24 pontos, cai para a B (tem renda média familiar maior que R$ 1.669,00). Entre 11 a 16 
pontos, está na classe C (com renda mensal de R$ 927,00). Entre 6 a 10 pontos pertence à classe D (renda média 
familiar de R$ 424,00) e menos que 5 pontos está na classe E (com renda média familiar de R$ 207,00). 
17 Extraído do vídeo “O Telejornal e a sua Linguagem”, trabalho do programa de pós-graduação da Faculdade 
Cásper Líbero, ministrado pela professora doutora em telejornalismo Soraya Maria Ferreira Vieira em 2003.
18 <http://jornalhoje.globo.com/JHoje/0,19125,3065-p-18510,00.html> acesso em 17/09/2007.
25
crônicas de Rubem Braga, que relatavam as peculiaridades do cotidiano brasileiro. Trazia o 
jornalista e compositor Nelson Motta, que mostrava as novidades e as tendências de vários 
ritmos musicais. E dava espaço a Rubens Ewald Filho, que deixava o telespectador em dia 
com as produções exibidas nas telas do cinema. 
Pode-se dizer que a fórmula adotada no telejornal trouxe boas conseqüências. O olhar 
feminino sobre o noticiário, que teve como apresentadoras Sônia Maria, Ligia Maria e Márcia 
Mendes seria o ponto de partida para o TV Mulher. E o jeito novo de entrevistar, com a 
"invasão" à casa do artista, sugeriu quadros como os vistos no Vídeo Show, programa da 
Globo exibido logo após o JH que mostra os bastidores da TV. Foi também no Hoje que 
apareceram pela primeira vez repórteres sem gravata e com cabelos compridos. 
Longe dos tempos dos computadores e da tecnologia eletrônica, trabalhava-se muito 
na base do improviso. Dividido em editorias, o jornal era comandado por três apresentadores 
que ocupavam estúdios no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília. Mas repórteres de 
outras capitais começaram, também, a participar do Hoje. 
De acordo com a página na internet do JH19, as entrevistas, que se tornariam a marca 
do jornal, revelavam inquietações, êxitos, fracassos e planos das mais diversas personalidades 
do Brasil. O sofá de Leda Nagle, onde se sentaram nomes como Carlos Drummond de 
Andrade, Pelé, Caetano Veloso e Tom Jobim, transformou-se muitas vezes em divã. 
Em 1981, o Jornal Hoje ganhou um cenário diferente, com traços mais modernos e 
avançados. Um espaço reservado para matérias de turismo levava o telespectador a lugares 
pouco conhecidos e a paraísos ecológicos20. 
Pessoas famosas no país expunham seu lado engraçado e descontraído na coluna 
Gente. As entrevistas ganharam as ruas e Pedro Bial deixou os estúdios para ir ao encontro 
dos entrevistados. 
Em 1991, o telejornal, apresentado por Valéria Monteiro e Márcia Peltier, sofreu 
novas mudanças em seus cenários e em seu formato. Segundo seu editor-chefe na época, 
EdsonRibeiro, o jornal deveria ter 90% de notícias de atualidade, com repórteres ao vivo 
sempre que possível21. 
Ainda naquele ano, Cristina Franco passou a apresentar o quadro Você, no qual 
mostrava especialistas que falavam a respeito de beleza. Outra modificação foi a criação de 
um bloco de cultura, com Maurício Kubrusly trazendo os lançamentos de cinema e shows. A 
19 <http://jornalhoje.globo.com/JHoje/0,19125,3065-p-18512,00.html> acesso em 17/09/2007.
20 <http://jornalhoje.globo.com/JHoje/0,19125,3065-p-18514,00.html> acesso em 17/09/2007.
21 < http://jornalhoje.globo.com/JHoje/0,19125,3065-p-18516,00.html> aceso em 17/09/2007.
26
correspondente, Beth Lima, direto de Londres, fazia entrevistas com personalidades de 
diversos países.
Segundo informações do site do jornal, durante toda sua trajetória, o Hoje 
acompanhou as grandes conquistas, as grandes tragédias e os principais fatos do Brasil e do 
mundo. Sob o comando de Willian Bonner, Fátima Bernardes e Mônica Waldvogel, registrou 
as transformações da economia e da política do país22. 
O jornal foi ganhando agilidade com mudanças tecnológicas, como a substituição do 
filme pelo vídeo. A geração via satélite trouxe a possibilidade de estar em todas as partes do 
planeta. E foi muitas vezes pressionado pelos acontecimentos. Por coberturas que começaram 
– e ainda começam com o jornal prestes a entrar no ar. 
Sandra Annenberg passou a apresentar o Jornal Hoje em 1998, ainda no Rio de 
Janeiro. Em 1999, o telejornal mudou de endereço e começou a ser transmitido dos novos 
estúdios da Rede Globo, em São Paulo. Com a transferência de Sandra Annenberg para 
Londres, como correspondente internacional, em outubro de 1999, Carlos Nascimento 
assumiu os postos de apresentador e editor-chefe. 
Em agosto de 2001, o Jornal Hoje saiu dos estúdios e passou a ser exibido direto da 
redação. Carlos Nascimento deixou o cargo de editor-chefe para se dedicar à função de 
âncora, junto com Carla Vilhena. 
Em janeiro de 2003, nova mudança: Carlos Nascimento e Sandra Annenberg passam a 
apresentar o telejornal juntos. O JH muda a linguagem e o conteúdo para resgatar sua 
vocação, que é de um telejornal-revista. Assim, voltam as entrevistas especiais, gravadas e ao 
vivo; os grandes temas de comportamento humano, social e ético ganham destaque, bem 
como as reportagens sobre arte e cultura em todo o Brasil; e a linguagem se torna cada vez 
mais coloquial23. 
Em fevereiro de 2004, nova mudança na apresentação do JH: Evaristo Costa, o "moço 
do tempo", passa a ser o par de Sandra Annenberg na bancada. Mas o formato não muda. O 
JH continua buscando uma forma de fazer revista na TV. Atualmente, o Jornal Hoje possui 
uma média mensal no Ibope de 14 pontos de audiência24. 
1.3.3) JORNAL NACIONAL
O Jornal Nacional (JN) é o telejornal do horário nobre da Rede Globo. Assistido 
22 <http://jornalhoje.globo.com/JHoje/0,19125,3065-p-18517,00.html> acesso em 17/09/2007.
23 <http://jornalhoje.globo.com/JHoje/0,19125,3065-p-18518,00.html> acesso em 17/09/2007.
24 < http://resumododia.wordpress.com/?s=%22Jornal+Hoje%22> acesso em 20/11/2007.
27
diariamente por 31 milhões de brasileiros, ele é apresentado pelo casal William Bonner e 
Fátima Bernardes. Levado ao ar às 20h15m, de segunda a sábado, com duração média de 35 
minutos, sem os intervalos comerciais, ele mantém sintonizados nas suas notícias 68% dos 
televisores, por isso é considerado o jornal mais importante da emissora25.
Dia 1 de setembro de 1969 ia ao ar, pela primeira vez, o primeiro programa em rede 
do país: o Jornal Nacional, que era gerado no Rio de Janeiro e retransmitido para todas as 
emissoras da rede. Hilton Gomes e Cid Moreira foram os primeiros apresentadores do 
telejornal. Segundo informações do site do jornal26, Hilton Gomes abriu a primeira edição do 
JN anunciando: “O Jornal Nacional, da Rede Globo, um serviço de notícias integrando o 
Brasil novo, inaugura-se neste momento: imagem e som de todo o país”. Mais tarde, Cid 
Moreira encerraria assim: “[...] É o Brasil ao vivo aí na sua casa. Boa noite”. Em pouco 
tempo, o JN conseguiu se transformar no noticiário brasileiro mais assistido do país, 
alcançando altos índices de audiência.
Em 1972, forma-se a dupla que por mais tempo apresentou o JN até hoje: Sérgio 
Chapelin, que substituiu Hilton Gomes, e Cid Moreira. Apenas nessa primeira fase, foram 11 
anos consecutivos no ar. Em 1977, Glória Maria é a primeira repórter a entrar no ar, ao vivo. 
Mostrando o movimento de saída de carros do Rio de Janeiro no fim de semana, ela estréia os 
equipamentos portáteis de geração de imagens.
No ano seguinte o Jornal Nacional promove mudanças com a utilização de novas 
tecnologias. O filme 16mm começa a ser substituído com a instalação da ENG (Eletronic 
News Gathering), que permite a edição eletrônica do vídeo-teipe. A edição em VT dá mais 
rapidez à operação do telejornalismo que, até então, perdia muito tempo com a revelação do 
filme. Cinco anos mais tarde, Celso Freitas assume a apresentação do JN, substituindo 
Chapelin na dupla com Cid Moreira. Mas em maio de 1989, Sérgio Chapelin retorna ao 
telejornal, refazendo a dupla com Cid Moreira. O Jornal Nacional estréia nova abertura e 
novo cenário. A logomarca JN deixa de ter moldura e passa a tomar todo o fundo do cenário. 
Em 1991, pela primeira vez na história uma guerra é transmitida ao vivo pela TV. O 
JN mostra, em tempo real, as imagens da Guerra do Golfo. Em 1994, o jornalístico global 
completa 25 anos. Pela primeira vez, uma cobertura de Copa do Mundo é ancorada ao vivo do 
país sede, os Estados Unidos. Carlos Nascimento apresentou as reportagens e informações 
sobre a seleção brasileira direto das cidades onde jogava a seleção. Dois anos depois, o diretor 
da Central Globo de Jornalismo, Evandro Carlos de Andrade, promove uma grande mudança 
25 Dados extraídos da revista Veja – 1 de setembro de 2004, edição 1869, p. 101.
26 <http://jornalnacional.globo.com/Jornalismo/JN/0,,3578,00.html> acesso em 17/09/2007
28
no Jornal Nacional: Cid Moreira e Sérgio Chapelin passam a bancada para William Bonner e 
Lillian Witte Fibe27.
O ano de 1998 marca a chegada de Fátima Bernardes na apresentação do JN. Ela 
substitui Lillian Witte Fibe, que deixou o jornal por causa do seu baixo grau de empatia com o 
público e devido a sua insatisfação com linha editorial adotada pelo JN (CAMACHO, 
SANCHES e LEITE apud REZENDE, 2000: 142). Forma-se, então, com o marido Willian 
Bonner, a dupla que está no ar até hoje, dando uma cara de “jornal família” ao programa. Em 
2000, o jornal sai do estúdio e passa a ser apresentado de dentro da redação. O telespectador 
pode ver a equipe envolvida na realização do jornalístico, tanto na abertura quanto no início e 
fim de cada bloco. Um conceito que, segundo o site do JN28, “leva para dentro da casa do 
público a própria redação do Jornal Nacional”. 
Em 2001, o JN é indicado para o Prêmio Emmy, o Oscar da TV mundial, com a 
cobertura dos atentados de 11 de setembro nos EUA. Naquele dia, sete em cada dez famílias 
brasileiras estavam sintonizadas no Jornal Nacional. Também nesse ano, o programa 
conquista o Prêmio Esso de Jornalismo, na estréia da categoria telejornalismo, com o trabalho 
“Feira das Drogas”. É ainda o ano de estréia do site do jornal. Em 2002, na cobertura da Copa 
do Mundo, Fátima Bernardes apresenta o telejornal ao vivo da Coréia do Sul e do Japão, 
longe de cenários de TV e perto da seleção brasileira. Na cobertura das eleições de 2002, o JN 
promove, pela primeira vez na história, rodadas de entrevistas,

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