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Práticas do planejamento escolar
O processo de planejamento e suas especificidades: a importância da elaboração de planos, programas e
projetos na organização do processo de ensino e aprendizagem.
Prof.ª Graça Regina Franco da Silva Reis
1. Itens iniciais
Propósito
Apresentar as formas de elaboração de planejamentos escolares e sua importância no processo de ensino e
aprendizagem em contextos diversos.
Objetivos
Reconhecer a importância do planejamento para o cotidiano escolar.
Definir planejamento de ensino, planejamento de aula e planejamento por projetos.
Exemplificar o papel do planejamento integrado a partir do contexto pós-pandemia de covid-19.
Introdução
O cotidiano escolar precisa ser planejado. A escola é composta por um grande grupo de pessoas de
formações diversas e atende a fins específicos. É falso que a escola é somente um ambiente de transmissão
de conteúdo, ou ainda que é um espaço para que o aluno aprenda os conteúdos. A escola é uma instituição
social, envolve a comunidade, os pais, os alunos e os funcionários, e essas convivências precisam ser
organizadas, claras e com fins que atendam a todos esses grupos. 
Neste material, trataremos sobre o cotidiano escolar e a organização e execução de planejamentos para que a
escola possa cumprir seus muitos fins: um ambiente acolhedor para os alunos, um espaço saudável para se
trabalhar, fomentar o aprendizado, medir o “êxito” e o “fracasso”, buscando ações corretivas, dinâmicas e
democráticas. 
Seja bem-vindo à escola e entenda o compromisso com a educação que move os objetivos.
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1. Planejamento no cotidiano escolar
Por que planejar é um ato importante?
Vamos planejar?
Assista à entrevista concedida pela professora Nilda Alves sobre planejamento e cotidiano escolar. 
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Planejar compreende o ato de organização do cotidiano. E o planejamento escolar? Por que ele é tão
importante? Será que as perspectivas de planejamento sempre foram as mesmas? Os planejamentos são
estanques ou se modificam de acordo com o desenvolvimento de cada turma?
O planejamento é um processo ininterrupto, processual, organizador da conquista prazerosa dos nossos
desejos onde o esforço, a perseverança, a disciplina são armas de luta cotidiana para a mudança
pedagógica. 
(FREIRE et al., 1997, p. 54)
Sabemos que, por mais que planejemos uma aula, ela nunca ocorrerá exatamente como o programado, já que
é modificada pela interação dos estudantes. Então, por que planejamos? O planejamento anual de uma escola
é marcado por constante demandas e reorientações, sendo assim, por que planejar? 
Essas reflexões não têm respostas prontas. Elas devem fazer parte do seu cotidiano como docente. Nesse
sentido, é fundamental que você, como futuro docente, independentemente do segmento e da forma como
vai atuar, compreenda as discussões que existem em relação ao planejamento na escola.
Vejamos algumas palavras que devemos pensar quando falamos sobre planejamento.
Medir
Executar
Calcular
Atingir
Metrificar
Organizar
Avaliar
Estruturar
Investir
Resultado
Aluno
Professores
Direção
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Existem muitas variáveis. O que pensamos, normalmente, é por que e para quem planejamos. Esses objetivos
são fundamentais. Ao planejarmos, devemos ter em mente a finalidade e os envolvidos.
Planejamento no cotidiano
Planejar faz parte da história da humanidade. Sempre foi
necessário pensar sobre as nossas ações, mesmo que não
tivéssemos clareza de que isso seria um planejamento.
Pensamos sobre nossas ações cotidianamente: o que
fizemos ou o que deixamos de fazer, o que faremos no
futuro (ou, pelo menos, o que desejamos fazer). 
Ou seja, o planejamento está presente em nossa vida desde
a hora em que acordamos e tomamos nossas decisões:
tomar café da manhã ou não? Como chegar ao trabalho?
Como organizar uma viagem, uma festa ou um encontro
com os amigos? Todas essas escolhas fazem parte do nosso planejamento cotidiano, que nasce de um
desejo, de uma intenção, de uma possibilidade ou necessidade. Esperamos tomar as decisões mais acertadas
mesmo sabendo que há uma imprevisibilidade no dia a dia que nem sempre nos permite realizar nossas
tarefas da forma como planejamos. Mas queremos alcançar nossos objetivos e, mesmo sem termos
consciência, isso faz parte do ato de planejar.
E você, o que planejou para o dia de hoje? Que objetivos espera alcançar? Todas as ações que você
programou foram cumpridas da forma que imaginou?
Assim como acontece na nossa vida cotidiana, as ações pedagógicas também surgem da necessidade de
organizar a relação ensino-aprendizagem. O planejamento de ensino constitui-se, então, da necessidade de
responder às questões sobre o que — que conhecimentos vamos trabalhar —, como — os procedimentos e as
metodologias que vamos usar para trabalhar com esses conhecimentos — e por que trabalhar com esses
conhecimentos. 
Assim, podemos prever, organizar e avaliar situações que propiciem condições para que os estudantes
construam, produzam, teçam conhecimentos sobre determinados conteúdos e valores a serem trabalhados. 
Diferentes concepções do processo de planejamento
Neste vídeo, vamos conceituar o ato de planejar e abordar as três fases do planejamento: princípio prático,
caráter técnico-instrumental e planejamento participativo. Confira!
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Fases do planejamento de forma prática
É importante a compreensão de que há diferentes concepções do processo de planejamento ao longo da
história da educação escolar. Nesse sentido, reconhecemos três fases temporais em que a concepção do que
seria importante em um planejamento é diferente. 
Primeira fase
A primeira fase é a do princípio prático e que não apresenta uma grande preocupação formal. Essa
fase atenderia às atividades de aula, exclusivamente.
Exemplo: Um professor que dará aula de matemática no primeiro segmento do ensino fundamental
sabe que os alunos precisam contar e fazer as quatro operações. Ele aprendeu dessa maneira, pensa
que os alunos devem ser capazes de decorar e reproduzir, afinal, sempre foi assim. Para ele, a
apreensão do conhecimento por essa via é natural e, por isso, ele não se empenha em elaborar
estratégias de aprendizado ou em adequar o conteúdo às vivências dos alunos.
Segunda fase
A segunda fase é a de caráter técnico-instrumental e que estava relacionada a uma tendência
tecnicista de educação, que não considerava os fatores sociais, políticos e econômicos.
Exemplo: O professor organiza sua ação: os alunos precisam aprender as quatro operações
matemáticas básicas. Esse é o conteúdo a ser passado. E passa a organizar como ele vai atingir esse
objetivo. Define a estratégia, a metodologia, explicita o objetivo principal, os objetivos correlatos, a
forma pela qual ele pretende avaliar o aprendizado. De maneira conteudista, ele formaliza,
disponibiliza e executa. A dificuldade é atingir resultados semelhantes com alunos diversos utilizando
o mesmo planejamento, duro e linear.
Terceira fase
A terceira fase é a do planejamento participativo, que “buscou na resistência ao modelo de
reprodução do sistema educacional valorizar a construção coletiva, a participação e a formação da
consciência crítica a partir da reflexão sobre a prática transformadora” (BOSSLE, 2002, p. 32).
Exemplo: Os alunos precisam aprender as quatro operações matemáticas. É preciso planejar o que os
alunos já sabem das operações matemáticas, a importância do domínio desse conteúdo, como e qual
a relação dos grupos com a dinâmica desse conhecimento, como esse conhecimento faz parte do seu
cotidiano, e estabelecer procedimentos reflexivos e adaptáveis.
Não imagine uma linha do tempo! Essas diferentes formas de planejar a aula continuam presentes em nosso
cotidiano. 
De acordo com Veiga-Neto (1993), podemos identificar apenas duas vertentes quando falamos em
planejamento educacional — uma tecnicista e outra participativaSegue dinâmica semelhante à da rotação, mas envolve outros espaços da escola. Aqui são formados
dois grupos, sendo que um ficará no espaço com o professor (que não precisa ser a sala de aula) e o
outro utilizará um recurso digital em outro local, como o laboratório de informática, a biblioteca ou
outro espaço que cumpra a função. Novamente, as ferramentas digitais podem auxiliar a coleta de
dados sobre a aprendizagem, possibilitando a personalização do ensino. Assim como as anteriores,
trata-se de um modelo de ensino híbrido.
Importante destacar que essas práticas visam desenvolver a autonomia dos educandos por meio de
diferentes estratégias metodológicas. Essas estratégias gerem práticas inovadoras mediante novas
modalidades de interação tanto entre alunos (individualmente ou em grupos) quanto entre alunos e
professores. 
Com certeza, didáticas diferenciadas geram produções incríveis que podem inclusive surpreender muito o
professor e a turma, por serem atividades que motivam os alunos e proporcionam maior interatividade,
deixando-os em uma condição mais ativa. Outro aspecto favorável é a descentralização do professor, que
atuará mais como mediador, já que fará menos aulas expositivas. 
Temos, portanto, mudanças de paradigmas de ambos os lados: à medida que o aluno ganha autonomia, o
professor deve propor atividades desafiadoras e atuar como mediador, descentralizando ações. 
Verificando o aprendizado
Questão 1
O planejamento de tempos de crise deve envolver todo o coletivo, mas é fundamental entender de forma clara
que o docente acaba sendo a ponta, pois ele que vivencia a realidade do aluno. O professor, como adulto
responsável pela organização da sala de aula, deve
A
pautar a sua atividade pedagógica num espaço envolvente, capaz de exercitar as relações humanas de forma
dialógica.
B
pautar a sua atividade em exercícios de memorização.
C
pautar a sua prática em longas listas de exercícios.
D
pautar a sua prática em avaliações surpresas para surpreender a turma.
E
pautar a sua prática em aulas expositivas apenas, pois somente assim o aluno aprende.
A alternativa A está correta.
O professor é um condutor, faz parte da construção do cotidiano escolar: ele medeia, compreende as
demandas, reelabora. Sem ele e seu efetivo envolvimento, qualquer processo de melhoria seria
absolutamente impossível, por isso seu foco em pautar seu olhar no aluno é primordial.
Questão 2
Diante da realidade da pandemia, vivenciamos um grande tempo distantes do ambiente escolar, de qualquer
atividade de ensino regular e, mais chocante, longe das relações protetivas da escola. Um importante
instrumento para o professor lidar com a realidade pós-pandemia tem sido as avaliações diagnósticas, cujo
papel é
A
apenas quantificar o aluno.
B
somente qualificar o aluno
C
analisar o aluno, gerando norteadores para planejamento de ações educativas.
D
classificar o aluno, pois contribuem ao processo de planejamento educativo, por exemplo, nas divisões de
turmas.
E
proporcionar a participação dos pais na educação, por meio do arquivamento dos resultados da avaliação e da
entrega destes aos pais ao final do ano letivo.
A alternativa C está correta.
A avaliação diagnóstica tem sido um recurso para definição de estratégias de aprendizagem e
reestruturação de processos educativos em turmas muito plurais e com problemas que foram somados ao
já cotidiano complexo cotidiano escolar.
4. Conclusão
Considerações finais
Neste conteúdo, você deu seus primeiros passos para a elaboração de um bom planejamento escolar. Para
isso, foi necessário reconhecer a importância do planejamento para o cotidiano escolar, bem como entender a
diferença entre o planejamento de curso, o planejamento de aula e o planejamento por projeto, verificando a
estrutura de cada um deles. No caso do planejamento por projetos, identificamos as possibilidades que estão
relacionadas a esse tipo de experiência. Além disso, foi possível conhecer os tipos de avaliação, suas
especificidades e potencialidades. 
Neste percurso, foi fundamental entender que, para fazer um bom planejamento, há uma concepção de
educação que está em jogo, e não um modelo a seguir. 
Por fim, com foco nas práticas, tratamos dos desafios da sala de aula e do cotidiano com o retorno às aulas
pós-pandemia da covid-19. Tentamos integrar os olhares entre as práticas docentes e caminhos que se
mostram profícuos. 
A fim de seguir avançando e aperfeiçoando a sua prática, dê continuidade a seus estudos explorando os
materiais indicados nas seções Referências e Explore +. Outra forma importante de aprender é sempre
dialogar com seus alunos e suas alunas, colegas professores e professoras, e com todos aqueles envolvidos
no processo de ensino-aprendizagem. Pense nisso e bons estudos!
Podcast
Ouça e entenda como pensar o cotidiano escolar de forma integrada com as práticas do planejamento
escolar.
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Acesse a versão digital para ouvir o áudio.
Explore +
Confira as indicações que separamos especialmente para você!
 
Procure saber mais sobre o livro Planejamento: projeto de ensino-aprendizagem e projeto político-
pedagógico, de Celso dos Santos Vasconcellos (2002). Existem até animações baseadas nele.
 
Leia o texto Planejamento: a importância do plano de trabalho docente na prática pedagógica, de Ana
Aparecida Tormena (2010). Nele, você terá a oportunidade de relacionar o planejamento e o cotidiano escolar.
 
Leia o texto Tecer conhecimento em rede, de Nilda Alves (2010), no livro O sentido da escola, de Nilda Alves e
Regina Leite Garcia. A professora Nilda Alves faz uma provocação fundamental para pensar o planejar,
replanejar e recriar os processos de planejamento: o cotidano escolar é marcado pela relação entre a
educação cotidiana, presente fora da escola, e sua intermediação pelos conhecimentos e trocas formais,
produzidos pela escola, sem que nenhum desses se manifestem de forma isolada.
 
Para construção de objetivos, é interessante que você conheça um pouco mais sobre a taxonomia de Bloom,
por isso, vale a pena ler os textos: O uso da taxionomia de Bloom no contexto da avaliação por competência,
de Ana Paula Salgado Beleza de Oliveira, Jose Nelcicleia de Aguiar Pontes e Marcos Aurelio Marques (2015).
Referências
BLOOM, B. S.; HASTINGS, T.; MADAUS, G. Manual de avaliação formativa e somativa do aprendizado escolar.
São Paulo: Pioneira, 1993.
 
BOSSLE, F. Planejamento de ensino na educação física: uma contribuição ao coletivo docente. Movimento, v.
8, n. 1, p. 31-39, 2002.
 
CANDAU, V. M. Construir ecossistemas educativos: reinventar a escola. In: CANDAU, V. M. Reinventar a escola.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
 
CRUZ, G. B.; ANDRÉ, M. E. D. A. Ensino de didática: um estudo sobre concepções e práticas de professores
formadores. Educação em Revista, v. 30, n. 4, p. 181-203, 2014.
 
FERNANDES, D. Para uma teoria da avaliação formativa. Revista Portuguesa de Educação, v. 19, n. 2, p. 21-50,
2006.
 
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1996.
 
HOFFMANN, J. Avaliação mito e desafio: uma perspectiva construtivista. Porto Alegre: Educação & Realidade,
1993.
 
INSTITUTO ALICERCE. As principais consequências da pandemia na educação. 14 jan. 2022. Consultado na
internet em: 20 abr. 2022.
LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.
 
LUCKESI, C. Avaliação da aprendizagem na escola: reelaborando conceitos e recriando a prática. Salvador:
Malabares Comunicação e Eventos, 2003.
 
LUCKESI, C. Filosofia da educação. São Paulo: Cortez, 1990.
 
NOGUEIRA. N. N. Pedagogia de projetos: etapas, papeis e atores. 4. ed. São Paulo: Érica, 2008.
 
QUEIROZ, D. M. S. Projeto de trabalho: uma forma de organizar os conteúdos escolares. Quaestio - Revista de
Estudos em Educação, v. 7, n. 1, 23 out. 2009.
 
SANTOS, V. O que são metodologias ativas e como elas favorecem o protagonismo dos alunos. Revista Nova
Escola, 8 set. 2021. Consultado na internet em: 27 abr. 2022.VASCONCELLOS, C. S. Planejamento: projeto de ensino-aprendizagem e projeto político-pedagógico. 9. ed.
São Paulo: Libertad, 2000.
 
VEIGA-NETO, A. A didática e as experiências de sala de aula: uma visão pós- estruturalista. Educação e
Realidade, v. 21, n. 2, p. 161-75, 1996.
 
VEIGA-NETO, A. Planejamento e avaliação educacionais: uma análise menos convencional. Cadernos do DEC.
n. 5, p. 12-28, dez. 1993.
 
ZANON, D. P.; ALTHAUS, M. T. M. Possibilidades didáticas do trabalho com o seminário na aula universitária.
Encontro de Pesquisa em Educação da Região Sul-Anpedsul, 8., Londrina, PR, 2010. Anais [...]. Londrina, PR:
Anpedsul, 2010.ou crítica. 
Segundo o autor, pensar o planejamento a partir da primeira vertente traz como problema a manutenção do
status quo social porque, nesse caso, a educação não é vista numa dimensão política mais ampla, mas
somente por meio de métodos e técnicas. No entanto, segundo a sua análise, não devemos descartar
métodos e técnicas, como se não fossem necessários, pois criamos uma impressão de que o processo
educacional não precisa ter seus próprios métodos, sua própria técnica.
Ainda segundo o autor, a vertente crítica, que ele denomina de segunda vertente, exige que os docentes
busquem compreender o que é a escola também de fora dela, isto é, considerá-la como uma instituição
inserida em um contexto social mais amplo.
Nesse paradigma, o professor e a professora saem obrigatória e constantemente da sala de aula para
buscar compreender o que é a escola, quais as relações entre essa instituição e o mundo social,
econômico, político, cultural em que ela se situa. O paradigma crítico é o paradigma da desconfiança, da
suspeita (FORQUIN, 1993). Seu compromisso é com a transformação das relações econômicas e sociais.
Assim sendo, o paradigma crítico se identifica com os movimentos políticos progressistas. 
(VEIGA-NETO, 1996, p. 166)
Conceituando o ato de planejar
De acordo com Luckesi (1990), esse planejamento, que se localiza em uma vertente crítica e que é também
um ato político, no sentido amplo da palavra crítica, terá que ser dinâmico, logo, está relacionado sempre à
tomada de decisões constantes.
Os planejamentos escolares acompanham as discussões educacionais mais amplas e assumem, de acordo
com determinada perspectiva pedagógica, determinadas características. Isso acontece porque se alinham às
perspectivas existentes conforme cada contexto sócio-histórico, ao longo da história da educação escolar.
Fundamentados em um formato prescritivo e instrumental, atualmente, precisam articular dimensões técnicas,
político-sociais, coletivas e críticas. No entanto, é importante ressaltar que as discussões e pesquisas sobre
planejamento não são, de forma alguma, hegemônicas, havendo retrocessos, avanços de enfoques e
preocupações.
Exemplo
Você, aluno estudioso, leu, preparou-se, passou em um concurso e, pouco depois, foi indicado diretor de
uma escola. A escola fica em um bairro próximo ao seu. Você conhece as pessoas, a comunidade, tem
uma relação histórica com os professores. Conhece os fundamentos pedagógicos do planejamento e o
contexto social de sua aplicação. Passados dez anos, você já se mudou do bairro há algum tempo, os
alunos são de uma geração bem diferente daqueles que você conhecia. Novos debates pedagógicos
foram levados por professoras que entraram recentemente. Uma delas chega a sinalizar, com jeito, mas,
de forma clara, que suas ideias estão ultrapassadas. Sua primeira reação é afirmar que você é diretor
daquela escola há dez anos. Quem é ela para contestá-lo? Mas, para cumprir o devido e chegar a um
planejamento móvel, democrático e participativo, as novas ideias devem ser debatidas, apropriadas, e a
realidade deve ser percebida como algo que definitivamente não é estático. As novas ideias, a
recuperação de ideias antigas e a necessidade de uma educação continuada com constantes
atualizações devem ser características de um bom profissional da educação. 
Vasconcellos (2000) nos ajuda a pensar nesse planejamento, que deve ser compreendido como um
instrumento capaz de intervir em uma situação real para transformá-la. É uma mediação teórico-metodológica
para uma ação intencional, que tem como objetivo fazer algo acontecer. Para isso, é importante e necessário
estabelecer, além de condições materiais, uma disposição interior, buscando prever o desenvolvimento da
ação desejada no tempo e no espaço. Caso o planejamento não seja formulado, ocorrerá o trabalho a partir de
improvisações e sob pressão.
O planejamento é um ato político-pedagógico que revela intenções, pois, planejar é intervir na
realidade de forma intencional, um processo de reflexão e ação, de tomada de decisão. 
Manifestação popular em frente ao Congresso Nacional
em 1985.
Congresso da ANDES-SN, Sindicato Nacional dos
Docentes das Instituições de Ensino Superior, em 1995.
Vasconcellos dá ao planejamento significados de intervenção e reflexão sobre a ação. Desse modo, segundo
o autor, pode-se intervir na realidade, permitindo que o planejamento assuma uma importância de
conscientização e transformação, sendo capaz de promover mudanças nas relações de ensino-aprendizagem.
Conhecendo as mudanças ocorridas no campo da didática — que é responsável por estudar os processos de
aprendizagem e ensino, portanto, a ciência da educação que, a priori, pensa e pesquisa sobre os
planejamentos escolares —, podemos conhecer o contexto de mudanças que modificou a forma de pensar
também os planejamentos.
Refletindo sobre a história do planejamento
Acompanhe, neste vídeo, a contextualização histórica do planejamento no campo da educação.
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Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
No início dos anos 1980, havia um cenário geral muito
propício ao movimento de crítica à didática e ao surgimento
de propostas alternativas para seu redimensionamento. Na
ocasião, o país passava por um movimento de luta pelo
restabelecimento da democracia e os educadores se
sentiam altamente desafiados a colaborar com a
redemocratização da sociedade (CANDAU, 2000).
A década de 1980 teve como característica uma
significativa ampliação da produção acadêmica. Essa
produção foi marcada por pedagogias contra-hegemônicas,
ou seja, voltadas para uma educação com possibilidades
emancipatórias e de transformação da sociedade. Podemos
dizer, então, que a produção da didática nos anos de 1980 viveu uma renovação que resultou de mudanças
que atravessaram os campos educacional e social nesse período. Uma série de encontros decorrentes do
movimento dos educadores propiciou sua problematização, tecendo progressivamente mudanças
paradigmáticas na área (CRUZ; ANDRE, 2014).
Nos anos 1990, o processo de globalização
trouxe a transformação do mundo do trabalho e
a afirmação da sociedade da informação. Nesse
sentido, desenvolveram-se também novas
formas de exclusão e desigualdade que levaram
a um estado de perplexidade e de falta de
clareza sobre os caminhos e as possibilidades
de futuro. Na educação, foi o momento das
reformas educativas que, independentemente
dos países e até dos continentes, seguiram um
esquema similar, apoiadas nas políticas
neoliberais.
Desde então, as reformas educativas
avançaram para uma reorganização
institucional e descentralização da gestão administrativa, financeira e pedagógica, com um fortalecimento da
autonomia das escolas. A política de municipalização da educação levou à efetivação de vários programas
federais, como a merenda escolar e o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). A eleição de diretores e a
criação de conselhos escolares também constaram da pauta das reformas educativas, como medidas
plausíveis no que concerne à autonomia administrativa dos sistemas públicos de ensino no país. 
Como marco dessa fase, apontamos o desafio proposto por Vera Candau: a superação de uma didática
exclusivamente instrumental. A autora apresentou a construção de uma didática fundamental, que estaria
articulada à problemática da educação na sociedade. Essa proposta representou um amplo movimento de
reação à didática marcada pela ideia de neutralidade. 
Vera Candau
A pedagoga Vera Candau atua na área de didática e nos ajuda a perceber como a educação tem — ou
deve ter — um movimento integrado para que atinja novos objetivos.
Para a didática fundamental, no centro do processo de aprender-ensinar estão as dimensões técnica, política
e humana, contextualizadas pelas práticas pedagógicas, o que possibilita a reflexão didática a partir da
análise de experiências concretas, exercitando, assim, a relação teoria-prática de forma horizontalizada. A
didática fundamental está preocupada com as interações internas do contexto escolar,de modo que seus
resultados sejam uma educação inclusiva e democrática.
A proposta dessa didática é a de superar a ideia de que há somente uma cultura dominante e que os
conhecimentos herdados dessa cultura — europeia, branca, patriarcal e cristã — são verdades
inquestionáveis.
Diante desse cenário, compreendemos ser necessário pensar as concepções de planejamento, planos de
curso e projetos políticos-pedagógicos na mesma linha proposta por Candau, como agenda e proposta de
trabalho para o cotidiano que nos atravessa. Em outras palavras, precisamos avançar, pensando em como
será planejar os movimentos e percursos da e na escola, incorporando novas questões, como as relativas à
subjetividade, à diferença, à construção de identidades, à diversidade cultural, à relação saber-poder, às
questões étnicas, de gênero e sexualidade etc., “destacando visões mais ricas, complexas e abrangentes das
relações entre cultura, conhecimento e poder.” (CANDAU, 2000, p.3)
Por que planejar é um ato importante para a docência?
Veja, neste vídeo, a reflexão sobre o ato de planejar na docência. Abordaremos alguns tópicos, como
interlocução entre teoria e prática, objetivos e tarefas da escola democrática, exigências dos planos e muito
mais!
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Teoria e prática devem se encontrar
O processo de planejamento do ensino tem sido objeto de constantes indagações quanto à sua validade como
efetivo instrumento de melhoria qualitativa do trabalho do professor. 
Ao falarmos em planejamento de ensino, pensamos logo em uma perspectiva fragmentária e desarticulada do
todo social, e isso tem gerado a concepção de que o planejamento é incapaz de dinamizar e facilitar o
trabalho didático. No entanto, o planejamento não pode estar distante da realidade social, constituindo-se
meramente de uma ação mecânica e burocrática, que pouco contribui para elevar a qualidade da ação
pedagógica desenvolvida no âmbito escolar.
Reflexão
Pensando a partir dessa perspectiva, o planejamento passa a extrapolar a simples tarefa de elaborar um
documento contendo todos os componentes tecnicamente recomendáveis, e passa a abranger todos os
conhecimentos que circulam na escola cotidianamente, percebendo-os como conteúdos dinâmicos e,
por isso, articulados com a realidade. 
Nesse sentido, é necessário que os planejamentos sejam elaborados a partir de conhecimentos já existentes
e, ao mesmo tempo, contribuam para a produção de novos conhecimentos. Isso significa trabalhar a partir de
um processo de escuta e de reflexão permanentes, buscando conhecer outros pontos de vista (HOFFMANN,
1993). Significa, então, desenvolver atividades que despertem a curiosidade e o processo de investigação da
realidade.
Essa relação é uma condição necessária para que diferentes conhecimentos e realidades de vida circulem no
espaço da sala de aula. O resultado dessa relação dialética será uma educação com vistas a processos mais
emancipatórios. Sob essa perspectiva, podemos concluir que planejar tem uma ação pedagógica fundamental
para que a relação de ensino-aprendizagem possa ser estabelecida, superando sua concepção mecânica e
burocrática, que relaciona o trabalho do professor a uma mera reprodução automática e cumpridora da sua
relação trabalhista. 
É necessário, então, superar essa dimensão puramente técnica do planejamento, organizando-o como um
processo que integra os conhecimentos e o contexto social, permitindo que este se efetive de uma forma
crítica e transformadora. 
Conforme temos visto, o planejamento escolar é uma atividade que ajuda o professor na tomada de decisões
em relação às situações de ensino e aprendizagem, tendo em vista alcançar os melhores resultados possíveis.
Reflexão
Mas, o que deve orientar a sua tomada de decisões? Que requisitos devem ser considerados para que os
planos de ensino e planos de aula sejam, de fato, instrumentos de trabalho para a intervenção e
transformação da realidade? Segundo Libâneo (1994), os principais requisitos para o planejamento são:
os objetivos e as tarefas da escola democrática; as exigências dos planos e programas oficiais; as
condições prévias dos alunos para a aprendizagem; os princípios e as condições do processo de
transmissão e assimilação ativa dos conteúdos. 
Objetivos e tarefas da escola democrática
Nessa concepção… 
A questão do planejamento do ensino não
poderá ser compreendida de maneira
mecânica, separada das relações entre a
escola e o cotidiano real.
A partir desse olhar… 
Notamos que os conteúdos, a serem
trabalhados por meio dos currículos,
precisarão estar relacionados com a
experiência, reconhecendo os alunos
como indivíduos.
A primeira condição para o planejamento é a
convicção segura sobre a direção que
queremos dar ao processo educativo na nossa
sociedade, ou seja, que papel destacamos para
a escola na formação dos nossos alunos. As
tarefas da escola democrática estão ligadas às
necessidades de desenvolvimento cultural do
povo.
A escola democrática é aquela que possibilita a
todas as crianças a assimilação de
conhecimentos científicos e o desenvolvimento
de suas capacidades intelectuais, de modo a estarem preparadas para participar ativamente da vida social (na
profissão, na política, na cultura etc.).
Resumindo
Historicamente, as escolas públicas são fruto da ideia iluminista de preparar uma criança para sua
incorporação no mundo social. A diferença proposta por Libâneo ao apontar uma escola democrática é a
de fomentar escolhas, de possibilitar, com o processo de formação, uma participação ativa, marcada
pela consciência e pelas escolhas, em vez de promover a reprodução de uma linha central, assimilada e
repetida. 
Exigências dos planos e programas oficiais
A educação escolar é direito de todos como condição de acesso ao trabalho, à cidadania e à cultura. É dever
dos governos garantir o ensino básico a todos, traçando uma política educacional, provendo recursos
financeiros e materiais para o funcionamento do sistema escolar, de modo a assegurar o direito de todos,
crianças e jovens, receberem um ensino de qualidade e socialmente referenciado.
Condições prévias para a aprendizagem
O planejamento escolar está condicionado pelo nível de preparo em que os alunos se encontram em relação
às tarefas da aprendizagem. Os conteúdos de ensino precisam ser transformados em instrumentos teóricos e
práticos para a vida prática. Conhecer seus estudantes (suas experiências, seus conhecimentos anteriores,
suas habilidades e seus hábitos de estudo, seu nível de desenvolvimento) é indispensável para a introdução
de novos conhecimentos e, portanto, para o êxito de ação que se planeja. 
Princípios e condições de transmissão/assimilação ativa
O planejamento deve estar de acordo com as formas de desenvolvimento do trabalho em sala de aula. Uma
parte importante de qualquer plano é a indicação do que os alunos farão para se envolverem na atividade
docente e do que o professor fará para dirigir a atividade em classe.
Após aprender sobre os requisitos desenvolvidos por Libâneo (1994) para a elaboração de um planejamento,
podemos ampliar nossa concepção do que seria planejar numa visão alinhada aos contextos socioculturais.
Assim, esse planejamento poderá se transformar em um potente aliado das lutas cotidianas contra a
invisibilização de todas as culturas não hegemônicas.
A pergunta que devemos nos fazer, então, é:
Como construir um planejamento que conjugue os conhecimentos que circulam no mundo com os
interesses dos estudantes, as questões sociais, culturais, econômicas e políticas?
Para isso, devemos trabalhar com a perspectiva de que o planejamento não pode ser um mero instrumento
burocrático ou uma camisa de força que aprisiona professores e estudantes, impossibilitando a escuta e a
construção de aprendizagens que fazem parte da vida cotidiana e da cultura de todos os sujeitos envolvidos
no processo de aprender e ensinar.
No próximo módulo, veremos métodos e técnicas de planejamento de ensino e de planejamento de aula,buscando pensá-los a partir de uma perspectiva crítica, além de analisarmos a possibilidade de planejar o ano
letivo a partir de projetos de trabalho.
Verificando o aprendizado
Questão 1
O planejamento educacional pode ser dividido em três fases. Podemos afirmar que a segunda fase, de caráter
técnico-instrumental, é aquela que
A
se identifica com os movimentos políticos progressistas.
B
desconsidera os fatores sociais, políticos e econômicos.
C
apresenta uma despreocupação com relação aos métodos e às técnicas.
D
valoriza a formação da consciência crítica a partir da reflexão sobre a prática transformadora.
E
relaciona fatores sociais aos aspectos técnicos.
A alternativa B está correta.
Existem três grandes movimentos ou fases que pensaram o planejamento. A primeira é conteudista e
reprodutivista, a segunda é técnica e conteudística, já a terceira é reflexiva e adaptativa. Nesta questão,
salientamos o modelo mais presente na segunda fase, que avança no sentido de estruturar planejamentos
e publicizá-los, mas desconsidera contextos para se concentrar em conteúdos.
Questão 2
Para intervir e transformar a realidade segundo a perspectiva crítica da educação, o planejamento passa a ser
um instrumento de
A
ação sob pressão, evidenciando o caos do cotidiano escolar.
B
improvisação, dando um caráter espontâneo à atividade educativa.
C
mediação teórico-metodológica, possibilitando a ação consciente e intencional.
D
administração por crise, indicando a necessidade de uma nova reforma educativa.
E
ação norteada por práticas específicas sem flexibilidade
A alternativa C está correta.
O planejamento deve ser compreendido como um instrumento capaz de intervir em uma situação real para
transformá-la. É uma mediação teórico-metodológica para a ação consciente e intencional, que tem por
finalidade fazer algo vir à tona, fazer acontecer. Para isso, é necessário estabelecer as condições materiais,
bem como a disposição interior, prevendo o desenvolvimento da ação no tempo e no espaço. Caso
contrário, vai-se improvisando, agindo sob pressão, administrando por crise.
2. Planejamento de ensino, aula e projetos
Vamos praticar: planos
No módulo anterior, vimos que a finalidade de um planejamento é permitir que se pense previamente no que
se quer e no que se pode fazer, em função do estudante com que se trabalha e da sociedade em que se vive e
se quer viver. Segundo Zanon e Althaus (2010), planejar exige o domínio de conhecimentos sobre os níveis
que compõem o processo de planejamento, o que significa conhecer os fundamentos dos diferentes tipos de
planejamentos. 
Os planos
Libâneo (1994) aponta que há planos em, pelo menos, três níveis: o plano da escola, o plano de ensino e o
plano de aula.
Plano de escola
O plano da escola é um documento mais global que expressa orientações gerais sobre o projeto
político-pedagógico da escola e com os planos de ensino. 
Plano de ensino
O plano de ensino ou plano de curso é organizado como uma previsão dos objetivos e das tarefas do
trabalho docente para um semestre ou um ano.
Plano de aula
O plano de aula é a previsão do desenvolvimento do conteúdo para uma aula ou um conjunto de
aulas.
Neste módulo, vamos conhecer os planejamentos de ensino e os planos de aula, buscando pensá-los a partir
de uma perspectiva crítica, além de analisar a possibilidade de planejar o ano letivo a partir de projetos de
trabalho. É importante iniciar explicitando que, como visto no módulo anterior, a técnica não assegura, por si
só, o bom andamento do processo de ensino ou uma educação de qualidade.
É preciso que os planos sejam continuamente reelaborados a partir da escuta que o professor tem
de seus alunos, assim como pela incorporação de novas questões, como as relativas à
subjetividade, à diferença, à construção de identidades, à diversidade cultural, à relação saber-
poder, às questões étnicas, de gênero e sexualidade, a fim de que seja assegurada uma educação
inclusiva e democrática.
Por isso, é importante termos em mente que um planejamento que fique apenas no papel nada significa, ele
precisa se concretizar por meio de ações reais. Portanto, é fundamental conhecer a realidade social e cultural
dos estudantes, entendendo que o planejamento é uma história que será construída conjuntamente. Para isso,
é necessário buscar relacionar os conhecimentos já adquiridos por esses estudantes. 
Antes de entramos no próximo tópico, é importante ressaltar que qualquer planejamento se constitui de três
fases, que estão imbricadas. No primeiro momento, vamos elaborar, ou seja, confeccionar o planejamento.
Depois, temos o momento de executar, colocando em prática aquilo que foi proposto e, por último, vamos 
avaliar, revisando os momentos e as ações. 
A fim de elaborar o planejamento, precisamos considerar as seguintes questões:
O quê?
Conteúdos de cada área do conhecimento.
Como?
Metodologias de ensino e práticas avaliativas.
Por quê?
O direito à apropriação do conhecimento produzido historicamente.
Para quê?
A socialização e apropriação dos conteúdos constituem um compromisso com a emancipação das
camadas populares.
Para quem?
Sujeito histórico-social construído nas determinações das relações de classe.
Plano de ensino X Plano de aula
Neste vídeo, o professor Caio Carvalho mostra um plano de aula e explica a importância de cada item do
documento.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Planejamento de curso: a técnica e o planejamento crítico
Veja, neste vídeo, a importância de um plano de curso e compreenda os principais aspectos que o compõe.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Plano de curso
O plano de curso — ou plano de ensino, como nos apresenta Libâneo (1994) — é um instrumento de trabalho
que possui o objetivo de referenciar os conteúdos, as metodologias, os procedimentos e as técnicas a serem
utilizadas no processo de ensino-aprendizagem concernente às unidades escolares, sejam estas de ensino
fundamental e médio, instituições de ensino superior e cursos técnicos de qualquer nível.
Docentes debatendo ideias na sala de professores.
Professora sorridente com livro na mão junto a seus
alunos.
A elaboração do plano pode ocorrer de forma individual ou
coletiva. Pensar coletivamente é sempre mais enriquecedor,
você não acha? Caso o planejamento ocorra de forma
coletiva, atenderemos a características mais
interdisciplinares e contextualizadas. A construção coletiva
de um planejamento pode potencializar debates voltados
para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem.
Uma vez elaborado, o plano de curso orienta a todo o corpo
social da escola em relação aos fazeres cotidianos, ao
sequenciamento dos conteúdos, à seleção e busca de
materiais a serem utilizados, bem como em relação aos
procedimentos avaliativos.
Segundo Libâneo (1994), o plano de curso precisa conter, no mínimo, as seguintes orientações:
Justificativa em relação aos objetivos Objetivos gerais
Objetivos específicos Conteúdo
Tempo provável Desenvolvimento metodológico
A seguir, discutiremos cada item do planejamento de ensino.
Justificativa da disciplina em relação aos objetivos da escola
Esse tópico do plano de ensino deve responder
a uma pergunta: “para que serve este
conteúdo?”.
 
Podemos iniciar com considerações sobre as
funções sociais e pedagógicas da e na escola,
trazendo os conteúdos básicos da disciplina
sempre tendo em vista a sua relevância social,
política, profissional e cultural.
Podemos resumir a justificativa de uma
disciplina a três questões básicas do processo
pedagógico de ensinar e aprender:
Por quê? Para que?
Como?
Objetivos
Os objetivos são divididos em duas categorias: gerais e específicos. Os objetivos gerais são as grandes metas
a perseguir, que se concretizam por meio de objetivos mais específicos.
Objetivos gerais
Para a definição de objetivos gerais, é recomendado o uso de verbos com significado abrangente. Deve
englobar a totalidade do problema, definindo de forma clarao que se pretende no final do projeto. 
Trazemos aqui alguns verbos usados como objetivos gerais:
1
Verbos usados para conteúdo
conhecer
compreender
entender
identificar
reconhecer
generalizar
2
Verbos usados para procedimentos
desenvolver
estabelecer
organizar
capacitar
demonstrar
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• 
3 Verbos usados para atitudes
contribuir
colaborar
valorizar
interiorizar
mostrar
Uma boa forma de pensar e abordar a construção de objetivos é refletir sobre a Taxonomia de Bloom, que
define os níveis de compreensão propostos por um objetivo. No Explore + você poderá conferir a indicação de
um artigo sobre essa questão.
Objetivos específicos
Para a definição de objetivos específicos, é recomendado o uso de verbos com significado mais restrito e
direcionado. Os objetivos específicos contribuem para a concretização do objetivo geral, pormenorizando-o.
Estão relacionados com as áreas específicas nas quais se desenvolvem. 
Trazemos aqui uma lista de verbos usados como objetivos específicos:
1
Verbos usados para indicar análise
analisar
investigar
comprovar
classificar
comparar
contrastar
diferenciar
distinguir
2
Verbos usados para indicar avaliação
avaliar
pesquisar
selecionar
precisar
decidir
estimar
medir
validar
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• 
• 
• 
• 
3 Verbos usados para indicar compreensão
concluir
inferir
deduzir
interpretar
determinar
descrever
ilustrar
4
Verbos usados para indicar conhecimento
registrar
definir
identificar
nomear
especificar
exemplificar
enumerar
citar
5
Verbos usados para indicar síntese
esquematizar
organizar
constituir
estruturar
generalizar
documentar
desenvolver
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• 
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• 
• 
Professor pesquisando e montando sua aula.
6 Verbos usados para indicar aplicação
aplicar
praticar
empregar
operar
usar
Conteúdos
Segundo Libâneo (1994), o programa ou a
organização de conteúdos para o ano pode ser
dividido em unidades didáticas, que são temas
inter-relacionados que compõem o
planejamento para um ano ou um semestre de
escolaridade. Cada unidade didática contém
um tema central do programa, detalhado em
tópicos.
 
Você pode fazer uma primeira versão e
modificar como se fosse montar uma segunda
versão. Isso é necessário porque, conforme as
aulas começam, você conhecerá, de fato, seus
alunos e terá de adaptar o que pensou à
realidade do que sabem e desejam.
Tempo provável
Trata-se da estimativa do tempo utilizado em cada unidade didática.
Desenvolvimento metodológico
O desenvolvimento metodológico é o componente do plano de ensino, a linha de trabalho que será
desempenhada para que aconteça o conhecimento. Indica o que o professor e os alunos farão no desenrolar
de uma aula ou de um conjunto de aulas. É a construção do planejamento, de como e quais recursos serão
utilizados para o alcance dos objetivos propostos.
Para preencher esse item do plano de ensino, é importante que o professor se pergunte que
atividades os alunos deverão desenvolver para que ocorra uma aprendizagem significativa.
Para isso, é necessário verificar os objetivos e os conteúdos, pois eles determinarão os métodos e os
procedimentos, bem como os recursos de ensino.
Avaliação
De acordo com os estudos de Bloom (1993), a avaliação do processo ensino-aprendizagem apresenta três
tipos de funções: diagnóstica, formativa e somativa. 
Avaliação diagnóstica
A avaliação diagnóstica é adequada para o início do período letivo, permitindo que o professor conheça a
realidade em que o processo de ensino-aprendizagem acontecerá. Nesse caso, o principal objetivo é verificar
o conhecimento prévio de cada estudante.
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• 
• 
Para que a avaliação diagnóstica seja possível, é preciso compreendê-la e realizá-la de forma
comprometida com uma concepção pedagógica. No caso, consideramos que ela deva estar
comprometida com uma proposta pedagógica histórico-crítica, uma vez que essa concepção está
preocupada com a perspectiva de que o educando deverá apropriar-se criticamente de conhecimentos e
habilidades necessárias à sua realização como sujeito crítico dentro da sociedade, que se caracteriza
pelo modo capitalista de produção. A avaliação diagnóstica não se propõe e nem existe de uma forma
solta e isolada. É condição de sua existência a articulação com uma concepção pedagógica progressista.
(LUCKESI, 2003, p. 82)
Avaliação formativa
A avaliação formativa deve ser realizada durante todo o período letivo, com o intuito de verificar se os
estudantes estão alcançando os objetivos propostos anteriormente.
É com a avaliação formativa que alunos e professores tomam conhecimento sobre o que é
necessário reformular nos processos de ensino-aprendizagem.
Essa forma de avaliar fornece informações importantes que permitem que o trabalho do professor seja mais
individualizado e focado nas questões específicas de cada estudante. Trata-se de uma avaliação interativa,
centrada nos processos de feedback, regulação, autoavaliação e autorregulação das aprendizagens
(FERNANDES, 2006). 
Avaliação somativa
A avaliação somativa tem como função básica a classificação dos alunos: é realizada ao final de um curso ou
de uma unidade de ensino e classifica os estudantes de acordo com os níveis de aproveitamento previamente
estabelecidos. Essa avaliação pretende determinar níveis de rendimentos “decidindo” se houve ou não êxito
em relação ao aprendizado ao final de uma etapa. Sua finalidade é a classificação e a promoção ou retenção
dos alunos.
Essas três funções da avaliação devem ser vinculadas ou conjugadas para garantir a eficiência e a eficácia do
sistema de avaliação, tendo como resultado final a excelência do processo de ensino-aprendizagem. 
É importante lembrar que o plano de curso é um instrumento flexível, uma vez que, no decorrer do ano letivo
ou do semestre planejado, de acordo com o surgimento de novas situações, estas poderão ser inseridas e
registradas.
Vejamos, agora, o modelo de plano de curso montado a partir da proposta de Libâneo (1994).
Planejamento de aula
Neste vídeo, vamos abordar o plano de aula e as principais etapas necessárias para sua constituição.
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Plano de aula
De acordo com Libâneo (1994, p. 225), “o planejamento escolar é uma tarefa docente que inclui tanto a
previsão das atividades didáticas em termos de organização e coordenação em face dos objetivos propostos,
quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino”. O plano de aula é um documento
elaborado pelo professor que define o tema da aula, seus objetivos, o que exatamente será trabalhado, a
metodologia a ser utilizada e como será feita a avaliação do processo.
Um plano de aula precisa ter:
 
Clareza e objetividade.
Conhecimento dos recursos disponíveis na escola.
Noção do conhecimento que os alunos já possuem sobre o conteúdo abordado.
Articulação entre a teoria e a prática.
Utilização de metodologias diversificadas, inovadoras e que auxiliem no processo de ensino-
aprendizagem.
Sistematização das atividades com o tempo.
Flexibilidade diante de situações imprevistas.
Realização de pesquisas buscando diferentes referências, como revistas, jornais, filmes, entre outros.
Elaboração de aulas de acordo com a realidade sociocultural dos estudantes.
Passos necessários para elaborar um plano de aula
Passo 1
Antes de começar a redigir o plano de aula, o professor deve consultar o seu plano de curso.
Passo 2
Em seguida, deverá listar que conteúdos irá abordar e para quem esses conteúdos estão
direcionados, porque o que funciona para determinada turma pode não funcionar para outra.
Passo 3
Durante essa reflexão, o professor deve considerar as questões culturais, econômicas, físicas e
sociais da sua turma.
Passo 4
Em seguida, haverá a escolha do tema da aula, sempre com base no plano de ensino. O tema é a
definição da sua aula.
Passo5
Uma vez definido o tema, deve definir os objetivos a serem alcançados e os conteúdos a serem
abordados.
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• 
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• 
• 
• 
• 
• 
• 
Paulo Freire.
Passo 6
A seguir, decida a duração da aula, que não precisa estar limitada a uma aula apenas. A maioria dos
temas necessita de mais de uma aula para serem trabalhados.
Passo 7
O próximo passo é a escolha ou seleção dos recursos didáticos, que são os materiais de apoio que
irão auxiliar o professor, facilitando o desenvolvimento da aula.
Passo 8
Agora, chegou a hora da escolha da metodologia ou das metodologias que serão utilizadas. Por fim, a
escolha dos processos avaliativos.
Você terá acesso a um modelo de planejamento de aula utilizado pela Secretaria Municipal de Educação do
Rio de Janeiro.
Planejamento por projetos
Neste vídeo, vamos responder à pergunta: o que é o trabalho com projetos? Veremos ações importantes em
um projeto didático e o papel do professor no processo de desenvolvimento do projeto.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Pressupostos
É importante iniciar esta seção explicitando que aqueles que buscam apenas conhecer os procedimentos, os
métodos para desenvolver projetos, acabam se frustrando, pois não existe um modelo ideal pronto e acabado
que dê conta da complexidade que envolve a realidade de sala de aula, do contexto escolar.
No livro Pedagogia da autonomia, Paulo Freire (1996)
enfatiza a necessidade de se respeitar o conhecimento que
o aluno traz para a escola, visto ele ser um sujeito social e
histórico, enfatizando a compreensão de que "formar é
muito mais do que puramente treinar o educando no
desempenho de destrezas." (FREIRE, 1996, p. 15).
Instituto de Educação Anísio Teixeira na cidade de
Caetité, no Estado da Bahia
Saiba mais
Paulo Freire (1921-1997) é um dos maiores nomes da pedagogia brasileira, tendo reconhecimento
internacional. Suas principais contribuições estão no campo prático — alfabetização de adultos — e na
perspectiva teórico-metodológica de pedagogia, como no livro citado. 
Para isso, é necessário conhecer o modo de vida dos alunos, reconhecendo que há diversos contextos
culturais e conhecimentos que circulam no mundo e que precisam ser visibilizados. Nesse sentido, precisamos
compreender que o planejamento pode ser concebido de outra forma, construído mais coletivamente, junto
com os estudantes.
O que é o trabalho com projetos?
Pedagogia por projetos não é algo efetivamente novo no campo da educação. A crítica a uma escola baseada
na transmissão de conteúdos estava presente nas críticas elaboradas por John Dewey (1859-1952). A ideia é
a de que o homem é um sujeito complexo, que está sempre em processo de relação e transformação da
natureza. 
Resumindo
Sendo assim, retirar as dimensões de sua existência, sua capacidade criativa, sua capacidade cognitiva,
para focar somente a assimilação foi apontado como um modelo frágil. Daí, a perspectiva de definição
de projetos educacionais, em que o aluno se insere, constrói, abandonando o modelo dialógico baseado
na relação professor-aluno, para uma perspectiva multidirecional, uma vez que alunos e professores se
envolvem e constroem coletivamente. 
No Brasil, o principal nome a introduzir esse
debate é Anísio Teixeira. Presente nos debates
da Escola Nova, na década de 1930, criou
escolas-modelos, estruturou a pedagogia de
forma que pudesse ser implementada e
medida.
Saiba mais
Anísio Teixeira (1900-1971) foi um dos grandes educadores brasileiros, participou do Manifesto dos
Pioneiros, criou o instututo de educação do Rio de Janeiro, e uma escola modelo de novas abordagens
pedagógicas na Bahia. Foi atuante na LDB de 1961 e um dos grandes nomes de nossa história da
educação. 
Para que seja claro, a ideia é de que o principal sujeito da aprendizagem é o aluno, e é para ele que deve estar
direcionada a relação entre ensino-aprendizagem. Com isso, ele precisa conhecer os projetos, os
direcionamentos a serem estabelecidos, os fins a serem alcançados. A ideia é que o aluno possa, ao ser
reconhecido como ser criativo, estar envolvido no projeto e efetivamente vivenciar a educação. 
O desenvolvimento do trabalho pedagógico por projetos, também chamado de projetos de trabalho ou
pedagogia de projetos, é outra forma de organizar os saberes escolares, em que o planejamento de ensino se
relaciona com o papel do estudante como responsável por sua própria aprendizagem. Além disso, prende-se a
uma concepção de escolaridade que dá importância à aquisição de estratégias cognitivas de ordem superior
(habilidades intelectuais) e ao papel do estudante como responsável por sua própria aprendizagem. 
Planejar o trabalho por meio de projetos leva necessariamente a uma reorganização de todo o espaço e tempo
escolares.
Atenção
Os projetos de trabalho, por exigirem uma organização mais complexa, estimulam a reflexão sobre a
natureza da escola e do trabalho escolar. Além disso, podem proporcionar outra relação docente com a
construção do conhecimento e, com isso, uma nova relação, não mais de autoridade, mas, sim, de guia
da aprendizagem. 
O projeto, portanto, é uma forma de organizar a atividade de ensino e aprendizagem ou os conhecimentos
escolares, adotando como aspecto essencial a aprendizagem significativa. 
A função de um projeto seria a de possibilitar o favorecimento de criação de estratégias para outra
organização dos conhecimentos escolares, em relação aos diferentes conteúdos em torno de problemas ou
hipóteses, facilitando para todos os envolvidos a transformação do que seria informação em um conhecimento
significativo. Um bom caminho para complementarmos essa informação é dizer que o projeto pode dar um
sentido mais ampliado às práticas escolares, já que, dessa forma, a relação com os conteúdos e com as
disciplinas escolares pode ficar bem mais coesa, evitando-se a fragmentação. Além disso, o projeto torna os
estudantes corresponsáveis pela própria aprendizagem. O professor sai do lugar daquele que apenas
transmite conteúdos e, junto com os seus alunos, torna-se pesquisador. 
Turma de crianças em sala de aula interagindo com a
professora durante a aula.
O aluno passa de receptor passivo a sujeito do
processo. É importante entender que não há
um método a seguir, mas uma série de
condições a respeitar. O primeiro passo é
determinar um assunto — a escolha pode ser
feita partindo de uma sugestão do professor ou
das crianças. Ainda, é fundamental registrar
que todo e qualquer conteúdo pode ser
trabalhado por meio de projetos, basta que
tenhamos uma dúvida inicial e comecemos a
pesquisar e buscar evidências sobre o assunto.
Ações importantes em um
projeto didático
Todo projeto é definido pela escolha do tema
que será trabalhado. Esse tema pode ter
origem nas experiências dos estudantes, em
uma informação recolhida em outro projeto, em uma experiência que se originou em um fato da atualidade, ou
ainda em um tema proposto pelo professor.
Comentário
Podemos afirmar que todos os temas podem ser abordados por meio de projetos. É comum que o
estudante traga um assunto que conheceu por intermédio dos meios de comunicação, ou uma
curiosidade qualquer, abrindo múltiplas possibilidades de aprendizagem, tanto para os alunos como para
os docentes. Isso serve para todos os envolvidos, estudantes e professores. Todos devem propor temas. 
Após a escolha do tema do projeto, serão levantadas hipóteses sobre o objeto escolhido e sobre quais
perguntas deverão ser respondidas para que isso aconteça.
Enquanto isso, o professor deve enumerar os objetivos que espera atingir com o tema proposto e listar os
conteúdos que podem ser trabalhados a partir do tema escolhido. Desse modo, é importante:
 
Saber o que as crianças conhecem e desconhecem sobre o tema e o conteúdo que será trabalhado.
Construir um cronograma com o tempo de cada atividade, de forma que você possa ter uma ideia do
tempo estimado para o desenvolvimento do projeto.
Selecionar previamente os recursos e materiais que serão usados.
Organizar momentos paratrabalhos individuais, em duplas, trios ou mesmo em grupos maiores.
Pensar antecipadamente no produto final do trabalho, de forma que possa ser construído durante
todas as etapas do trabalho.
Escolher um produto final forte para dar visibilidade aos processos de aprendizagem e aos conteúdos
aprendidos.
Prever os critérios de avaliação e registrar a participação de cada um ao longo do trabalho.
Esse trabalho docente ocorre em paralelo à construção que os estudantes farão de um índice, no qual
especificam os aspectos que serão trabalhados no projeto e realizam a tarefa de busca de procedimentos que
ajudem na recolha das informações. Várias são as opções: visitas a museus, vídeos sobre o assunto,
excursões, convite a um palestrante, entre outras.
 
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O próximo passo será o tratamento das informações, o que, segundo Queiroz (2009), é uma das funções mais
importantes de um projeto. Esse tratamento das informações pode ser uma tarefa a ser realizada tanto
individualmente como de forma coletiva. Para isso, deve-se levar em conta que cada informação oferece
somente uma ou algumas visões sobre o assunto. Nesse momento, a diferença de opiniões ou conclusões
precisa ser levantada e posta em discussão.
É importante também que os estudantes conheçam os diferentes procedimentos de uma pesquisa, como a
classificação, a representação, a síntese, a visualização etc. Devemos também estabelecer relações de causa
e efeito e novas perguntas.
Aqui, é importante voltarmos a um dos pressupostos indicados acima que nos diz que aqueles que buscam
apenas conhecer os procedimentos e os métodos para desenvolver projetos acabam se frustrando, pois não
existe um modelo ideal pronto e acabado que dê conta da complexidade que envolve a realidade de sala de
aula, do contexto escolar. Então, precisamos considerar que há uma concepção de educação que está em
jogo, e não um modelo a seguir. 
É importante que, nesse processo, professores e estudantes entendam que eles podem (re)planejar,
(re)elaborar, (re)produzir, criar outras hipóteses, mudar percursos, alterar rotas e processos, pois “um projeto
não está/é engessado” (NOGUEIRA, 2008, p. 86). 
Papel do professor no processo de desenvolvimento do projeto
De acordo com Hernández e Ventura (1998), no processo de desenvolvimento de um projeto, o professor
deverá especificar o fio condutor que permitirá que o projeto vá além dos aspectos informativos, saindo do
lugar do conhecimento que deve ser aplicado. Nesse sentido, ele deve realizar uma primeira previsão dos
conteúdos e das atividades, bem como encontrar algumas fontes de informação para iniciar e desenvolver o
projeto. 
Para realizar um trabalho com qualidade e dar o suporte necessário aos alunos, o professor deve estudar e se
atualizar em torno do tema do projeto, contrastando as suas informações com outras fontes que os
estudantes apresentem. Nesse processo, também é papel do professor criar um clima de envolvimento e de
interesse, no grupo e em cada pessoa, sobre o que se está trabalhando. Por fim, o professor deve fazer uma
previsão dos recursos necessários.
Podemos resumir o papel do professor nos seguintes itens:
 
Especificar o fio condutor do projeto.
Prever os conteúdos e as atividades iniciais do projeto.
Buscar fontes de informação para o início das pesquisas.
Estudar e se atualizar em torno do tema do projeto.
Contrastar as suas informações com as fontes trazidas pelos estudantes.
Estimular o envolvimento dos estudantes com o tema trabalhado.
Prever os recursos necessários para a realização do projeto.
O que está posto no trabalho com projetos
É importante estarmos conscientes das possibilidades que o trabalho com projetos oferece aos atores
envolvidos. Desse modo, será possível estimular os estudantes em cada uma delas ao longo do
desenvolvimento do projeto. Vejamos:
 
Desenvolvimento de autoria.
Realização de descobertas.
Aprendizado na prática.
Possibilidade de contextualização dos conceitos.
Elaboração de questões para investigação.
• 
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• 
Desenvolvimento de relações interpessoais e subjetivas dos sujeitos.
Nesse processo, é necessário que o professor tenha abertura e flexibilidade para relativizar a sua prática e as
estratégias pedagógicas, com vistas a propiciar ao aluno a reconstrução do conhecimento.
O compromisso educacional do professor é justamente saber o que, como, quando e por que desenvolver
determinadas ações pedagógicas. Para isso, é fundamental conhecer o processo de aprendizagem do aluno e
ter clareza da sua intencionalidade pedagógica.
Verificando o aprendizado
Questão 1
Segundo os estudos de Bloom (1993), a avaliação do processo de ensino-aprendizagem apresenta três tipos
de funções: diagnóstica, formativa e somativa. Sobre a função formativa, podemos afirmar que
A
tem como principal objetivo verificar o conhecimento prévio de cada estudante.
B
tem como função básica a classificação dos alunos, sendo realizada ao final de um curso ou de uma unidade
de ensino.
C
permite que o professor conheça a realidade em que o processo de ensino-aprendizagem vai acontecer.
D
deve ser realizada de forma contínua, possibilitando uma medição e reflexão contínua sobre o
desenvolvimento da relação de ensino-aprendizagem para professores e alunos.
E
deve ser realizada de maneira episódica, tendo como objetivo especifico o desenvolvimento do aluno para o
mundo do trabalho.
A alternativa D está correta.
As formas de avaliação compõem a dinâmica do planejamento. Nesse sentido, é necessário que ele possa
prever claramente o que deseja dos estudantes e o modo como isso será aplicado. A avaliação formativa é
aquela prevista de maneira efetiva durante todo o período letivo. Desse modo, é possível observar como os
desenvolvimentos estão sendo alcançados, as principais dificuldades, a correção de rumos e as
proposições. É com a avaliação formativa que alunos e professores tomam conhecimento sobre o que é
necessário reformular nos processos de ensino-aprendizagem.
Questão 2
• 
Sabemos que o plano de aula é um documento fundamental elaborado pelo professor. Nesse contexto, o
primeiro passo do professor antes de começar a redigir o plano de aula deve ser
A
consultar o seu plano de curso.
B
verificar o cronograma da escola.
C
listar os conteúdos que pretende abordar.
D
verificar as informações sobre os aspectos culturais e sociais da sua turma.
E
consultar o conteúdo programático.
A alternativa A está correta.
O planejamento é uma cascata, a proposição da escola e seus projetos devem dialogar com os planos de
curso, que devem dialogar com os planos de aula. Então, a ação que aqui estamos fazendo referência é
essencialmente perceber essa cascata e saber que é mandatório consultar o plano de curso para a
elaboração da aula. Lembrando, em seguida, que deverá listar quais conteúdos irá abordar e para quem
esses conteúdos estão direcionados.
3. Planejamento e avaliação: os desafios na retomada pós-pandemia
A educação em tempos de pandemia
Desde o início da pandemia em 2020, o processo educacional enfrenta desafios. Com o ensino remoto, a falta
de equipamentos, tais como computador e impressora, e o escasso acesso à internet agravaram o acesso à
educação, ampliando a desigualdade cultural. Muitas famílias se desestruturaram não somente por conta do
declínio social e do padrão econômico, mas também emocionalmente, em razão da perda de entes queridos. 
Esses fatores agravaram a condição emocional das crianças que perderam avós e/ou familiares com os quais
tinham um convívio muito próximo de uma forma repentina, gerando um afastamento muito bruto e
inesperado, em virtude do contexto pandêmico. Outro agravante a ser considerado foi o afastamento do
convívio social com amigos e familiares. Ainda, a partir do processo de isolamento, parques e áreas de lazer
precisaram ser fechadas por conta da contaminação.
Segundo dados do Instituto Alicerce (2022), a pandemia da covid-19 trouxe reflexos negativos à educação:Evasão escolar
De acordo com a pesquisa C6 Bank/DataFolha, 4 milhões de estudantes
brasileiros, com idades entre 6 e 34 anos, abandonaram os estudos em
2020: no ensino superior, 16,3%; no médio, 10,8%; no ensino fundamental,
4,6%. Entre as principais causas para o abandono escolar, está a questão
socioeconômica, considerando que os estudantes das classes sociais
mais baixas lideraram os índices de evasão (classes A e B: 6,9%; classes
D e E: 10,6%).
Falta de acesso à internet
Em virtude da pandemia, quase todas as instituições educacionais
optaram por aulas on-line, o que contribuiu para que muitas crianças e
jovens ficassem sem aulas no último ano, já que 47 milhões de pessoas
não têm acesso à internet, segundo estudo do Comitê Gestor da Internet
no Brasil. De acordo com a Unicef, entre os estados brasileiros que
adotaram o ensino remoto, apenas 15% distribuíram dispositivos aos
alunos e menos de 10% subsidiaram o acesso à internet. Como
consequência, 3,7 milhões de estudantes matriculados não tiveram
acesso a atividades escolares e não conseguiram estudar em casa. Esses
reflexos já podem ser vistos nas primeiras avaliações diagnósticas de
desempenho dos estudantes. Os números mostram que a pandemia
provocou um grande estrago na aprendizagem escolar
Planejamento integrado para a ação no pós-pandemia
Como reverter esse cenário? Essa é a grande pergunta realizada pelo Instituto Alicerce (2022). Os dados
apresentados comprovam que a pandemia acelerou os problemas e acentuou as desigualdades sociais
existentes em nosso país. Diante disso, é essencial agir rápido, indo atrás de cada criança e cada adolescente
que teve seu direito à educação negado.
Professora e alunos usando máscara de proteção em
sala de aula.
Os movimentos pós-pandêmicos apontam para uma escola em processo de reconstrução: crianças
com dificuldades acentuadas, com prejuízos acadêmicos graves em processo de ajuste e, mais
importante, abaladas emocionalmente. O fator mais grave e que mais preocupa é o emocional. 
Confira o relato de Maria Helena Bimbatti Moreira: “Assisto meninos e meninas com dificuldade de conviver,
com dificuldade de interagir educadamente, muitos com sintomas de ansiedade e com medo do
enfrentamento da escola presencial, já que muitos não conseguiram executar suas atividades on-line e agora
notam o seu grau de dificuldade perante a turma. Essa conscientização ocorre principalmente para meninos e
meninas do ensino fundamental II, que passaram do 4º ano para o 7º ano e enfrentaram um degrau já
dificultoso de transição entre os níveis, com a diferença de vários professores e conteúdos, e agora precisam
encarar a dura realidade da retomada. Em Ribeirão Preto/SP, a prefeitura municipal ofereceu apoios
complementares como: segundo professor em sala de aula; projeto de recuperação continua; recuperação
paralela no contraturno e aumento da carga horária, inserindo uma aula a mais na grade todos os dias”.
As medidas apresentadas no relato apontam tentativas de
repensar o planejamento diante de uma situação inédita
para essa geração. Os resultados dessas medidas só
poderão ser avaliados em longo prazo, mas favorecem sem
dúvida a grande demanda educacional. Contudo, os
aspectos emocionais ainda estão sendo trabalhados de
forma pontual, contactando serviços municipais e
universitários para apoio psicológico às famílias com
dificuldades econômicas.
Comentário
Pensando em todo esse processo pandêmico, como ajudar esses meninos e meninas a enfrentarem a
endemia ou o pós-pandemia com dignidade? Como aliviar esse fardo de educandos com níveis de
aprendizagem tão diferentes? Qual nosso papel como educadores diante desse processo? Por onde
começar? Essas são questões com as quais precisamos conviver diariamente no processo de retomada
das atividades presenciais. Como ajudar turmas tão heterogêneas? Como aliviar o peso de dois anos
remotos? Como reajustar conteúdos, métodos e abordagens educacionais que favoreçam essa nova
escola, com tantos desafios e meninos e meninas tão carentes de apoio? Esse é o convite. Essa é a
essência dessa discussão. Quem compreender as entrelinhas desse processo em muito colaborará com
o processo educativo. 
Vamos pensar juntos novas ações e propostas de enfrentamento?
Por exemplo, a construção de um planejamento estruturado de forma integrada, em que a equipe pedagógica
elabora reuniões prévias, busca relatos e informações e realiza a montagem de estratégias que não estão
fechadas, mas que precisam ser reanalisadas. 
Ainda, podemos mencionar a elaboração de práticas e avaliações diagnósticas para perceber a situação de
cada turma, a sinalização de alunos que precisam de um maior suporte, as possibilidades de integração entre
professores para até mesmo “adaptar” o conteúdo previsto, visando dar suporte a cada situação. 
Notem o ciclo:
 
A equipe pedagógica reúne e entende a vivência dos professores.
A equipe pedagógica elabora um plano de ação integrado com professores visando perceber e
investigar a situação dos alunos e das famílias.
Diante de resultados e necessidades, são separadas ações distintas para atuar em problemas distintos:
por exemplo, para alunos fragilizados psicologicamente, práticas de ressocialização e adaptação aos
novos espaços, entre muitos outros possíveis. Para cada fragilidade, um plano de ação com
responsáveis, envolvidos, coleta e compartilhamento de resultados.
Então, a equipe pedagógica deve analisar os primeiros resultados e detectar novas medidas, assim
como proporcionar ações de clima.
Professor, estamos falando de uma empresa ou de uma escola? A responsabilidade por ser escola é muito
maior, o compromisso em ser democrático é muito mais intenso. Então a resposta para esse desafio é:
mecanismos de gestão associados a processos pedagógicos, a experiências entre as áreas e às demandas da
comunidade. 
O mundo mudou e isso é inegável. São tempos desafiadores, mas que apontam para práticas com uso de
recursos e de novos mecanismos.
Planejamento: praticando
O professor Rodrigo Rainha fala sobre os desafios do planejamento em tempos de pandemia.
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Planejar e avaliar no mundo pós-pandêmico
Veja, neste vídeo, como a avaliação se tornou um elemento essencial para o planejamento do processo
ensino-aprendizagem no contexto pós-pandemia.
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Vamos a outro relato: 
“Talvez nunca antes na história deste país a escola tenha sido tão impulsionada a repensar a forma como
avalia os estudantes”, afirma Adriana Tárcia de Souza Oliveira, que é professora de filosofia e de projeto de
vida da Escola Estadual Maria do Carmo Viana dos Anjos, em Macapá (AP) (VICHESSI, 2021, n. p.).
Constata-se a necessidade de ressignificar como o planejamento leva à avaliação, vencendo as já bastante
criticadas práticas tradicionais que podem ganhar ares de violência e dor. Qualificar, nesse momento, no
sentido de hierarquizar pode ter consequências muito duras. Segundo a professora, essa questão tem feito os
educadores repensarem a prática avaliativa.
O que avaliar também foi posto em xeque e por que avaliar é outra questão que desde o ano passado vem à
tona cada vez mais. O Conselho Nacional de Educação (CNE) recomendou a aprovação escolar automática do
ano letivo de 2020 para o de 2021 — mesmo para aqueles que não aprenderam o esperado. Evidentemente,
não existem respostas simples para como, o que e por que avaliar na pandemia, tudo depende do contexto.
Contudo, o momento pós-pandemia é um indutor excelente de reflexão: abre espaço para rever as práticas
avaliativas e planejar as que serão usadas, assim como abre oportunidade para repensar os objetivos a serem
alcançados com elas.
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A avaliação é a ferramenta que possibilita diagnósticos para fazer as intervenções necessárias. Há
que avaliar para saber as atividades que geraram resultados, conhecer os níveis de aprendizagem
da turma, identificar as defasagens e planejar os próximos passos.Diante desse processo, é importante considerar que a avaliação na atualidade não está em busca da simples
aquisição de conteúdos, mas, sim, do desenvolvimento de habilidades e competências. Por isso, é preciso
investir em instrumentos que mobilizem as habilidades e em processos que avaliem o dia a dia das aulas e
permitam monitorar a compreensão dos alunos. O ponto principal é não padronizar, lançando mão da prova
tradicional.
É preciso compreender que avaliar implica observar e buscar evidências em relação à aprendizagem, além de
ter tudo isso alicerçado em critérios-chave do que se espera que os alunos entreguem e em boas devolutivas
para eles.
Dica
O processo contínuo de observação é mais importante que o produto final, por isso o acompanhamento
da aprendizagem é fundamental no dia a dia. Ou seja, a riqueza avaliativa está no processo, sendo
fundamental diversificar as avaliações: a qualidade das interações durante as aulas, a devolução das
atividades, a participação e o envolvimento nas propostas pedagógicas desenvolvidas em sala de aula, o
compromisso com a entrega das tarefas, dos trabalhos individuais ou em grupo, o envolvimento em
projetos, jogos, entre outras formas de desenvolvimento de aprendizagem devem ser consideradas no
processo avaliativo. 
O mais importante é engajar e motivar os alunos a participarem, só assim o professor conseguirá elencar suas
necessidades e mediar o processo formativo. 
A grande sacada do processo avaliativo na atualidade é a motivação do aluno, compreender o que ele sabe
para posteriormente lançar desafios estimuladores que favoreçam novos conhecimentos e promovam novas
etapas de aprendizagem. Curiosamente, não falamos mais de avaliação de forma isolada, composta por
provas ao longo do bimestre, para fins quantitativos; falamos de um processo avaliativo composto por várias
atividades, no mínimo três instrumentos, que favoreçam a compreensão do percurso de aprendizagem do
aluno. 
Primeiro passo do processo ensino-aprendizagem
O primeiro passo do processo ensino-aprendizagem é descobrir o nível de cada aluno, ou seja,
compreender o que ele conhece e o que ele não conhece, especialmente no momento pós-pandemia,
no qual o aluno precisa novamente se sentir seguro dentro do desenvolvimento de qualquer
componente curricular. Esse alinhamento de conteúdos é extremamente necessário, por isso é muito
importante revisitar conteúdos anteriores antes de apresentar algo novo. Isso pode ser organizado de
forma espiral, com habilidades e competências, de forma a promover a revisão de anos anteriores e a
retomada de conteúdos específicos do ano atual simultaneamente, só assim o aluno se sentirá
confortável para demonstrar suas fragilidades acadêmicas.
É imprescindível diagnosticar a verdadeira situação educacional da sala de aula e ter coragem pedagógica
para assumir essa verdade. Isso implica em compromisso com a qualidade do trabalho docente e,
consequentemente, da acolhida aos alunos, especialmente os mais fragilizados, por meio do planejamento de
ações de retomada do ensino presencial.
A ideia central aqui é: tão importante quanto avaliar é considerar o processo de aprendizagem.
Considerar esse processo é ter consciência de que o aluno está no cento desse percurso formativo.
Professora e alunos usando máscaras de proteção e
atentos à explicação.
Fazer para acontecer
Neste vídeo, vamos ver o papel do professor na prática do planejamento escolar na atualidade e abordar sua
relação com metodologias ativas.
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A atualidade escolar reflete especialmente o retorno de meninos e meninas às atividades escolares, já que
foram subtraídos de seu principal espaço de fomento ao conhecimento: a escola. Nesse movimento, e tão
importante quanto, localiza-se o professor no processo de mediação dentro do ambiente escolar, em um
papel totalmente diferente do que assumira no ensino remoto. Novamente, as interações acontecem em locus,
o que é altamente significativo para o universo estudantil. 
E você, como pretende avaliar as habilidades e competências de seus alunos? Como descobrir o que
eles já sabem? De que eles precisam se apropriar? Como desenvolver atividades estimuladoras
dentro de seus níveis? O que fazer para que eles pensem de um modo novo? Como despertar o
entusiasmo?
Para dar luz a essa discussão, vamos recorrer
ao olhar do psiquiatra americano William
Glasser (1925-2013), que desenvolveu a teoria
da escolha. Aplicada à educação, indica que o
professor deve ser um guia para o aluno, e não
um chefe. Por isso, não indica o trabalho
pedagógico pautado em um processo de
memorização, já que a maioria dos alunos
esquecem os conceitos após a aula; ao
contrário, sugere que os alunos aprendam
fazendo, pois compreende que ensinar também
é aprender.
Nesse sentido, pode-se dizer que a
aprendizagem ativa reforça o protagonismo do
educando, uma vez que na base piramidal há a
clara indicação de diálogos, conversas,
análises, debates, práticas e ensino como
pontos muito fortes no processo de aprendizagem. 
Para que o aluno aprenda, é importante que ele queira, ou seja, que ele esteja motivado. Isso pode ser feito
por meio de atividades desafiadoras, pois assim o aluno sentirá o desejo de aprender. Para isso, o estudante
deve ser respeitado como um sujeito ativo. Um bom professor deve incentivar práticas educativas que ativem
o potencial dos alunos, visto que só assim o aluno deixará de ser passivo e se tornará ativo em seu processo
de aprendizagem. 
Mediante os fatores expostos, compreende-se a relevância do uso das metodologias ativas na relação ensino-
aprendizagem, como forma de promover a busca pelo conhecimento.
Confira o que afirma Santos sobre essas metodologias:
metodologias ativas podem ser percebidas como estratégias que colocam o estudante no centro do
processo de aprendizagem, por isso é importante explorar essas múltiplas possibilidades no dia a dia
escolar: colocando o aluno como um ser ativo no contexto ensino-aprendizagem e criando espaços nos
quais o aluno possam explorar os conteúdos de forma diversificada. 
(SANTOS, 2021, n. p.)
Perante o exposto, é altamente relevante pensarmos sobre novas possibilidades de conduzir a prática
pedagógica à luz das metodologias ativas.
Sala de aula invertida
Nessa prática, o professor inicialmente propõe aos alunos realizar uma tarefa específica ou pesquisar
sobre determinado conteúdo antes de uma aula. Assim, durante a aula, o docente utiliza o que foi
feito pelos alunos e, se necessário, complementa com mais explicações, momentos de tirar dúvidas e
com atividades e debates sobre o tema. Essa estratégia é um dos modelos de ensino híbrido.
Atividades baseadas em problemas ou projetos
Possui várias definições, sendo uma concepção bem ampla que busca ensinar os conceitos
curriculares aos alunos integrando várias disciplinas. É ideal que os projetos se baseiem em
situações-problema reais do contexto escolar e dos alunos, buscando uma solução em forma de
produto, o que vai envolver hipóteses, investigação, construção de um plano para a solução e muito
trabalho coletivo e colaborativo. Ao final, os estudantes podem compartilhar as soluções construídas
com a turma toda, sendo mediados pelo professor.
Gamificacao
Trata-se da aplicação das estratégias dos jogos nas atividades do dia a dia, com o objetivo de
aumentar o engajamento dos participantes. Ela se baseia no game thinking, conceito que abrange a
integração da gamificação com outros saberes do meio corporativo e do design.
Rotação por estações
Consiste em organizar a sala de aula em pequenos grupos, nas chamadas estações, e realiza-se, em
cada uma delas, uma tarefa diferente, embora todas estejam conectadas a um mesmo tema. A ideia é
que os alunos façam um circuito por essas estações, passando por todas as atividades. O uso de um
recurso digital em uma das estações pode ser útil para coletar dados sobre a aprendizagem dos
alunos. Essa estratégia é outro modelo de ensino híbrido.
Laboratório rotacional

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