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Aula 13 Direito Constitucional p/ Senado Federal - Analista Legislativo - Processo Legislativo Professores: Nádia Carolina, Ricardo Vale Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!∀!#∃!%&! AULA 13: DIREITO CONSTITUCIONAL SUMÁRIO PÁGINA 1- Ordem Econômica e Financeira 1 - 28 2- Lista de Questões e Gabarito 29 - 32 Ordem Econômica e Financeira 1- Introdução: A ordem econômica consiste em um conjunto de normas que regulam o sistema econômico do País, definindo, dentre outros pontos, a forma de intervenção do Estado na economia. A disciplina constitucional da ordem econômica forma aquilo que a doutrina denomina “Constituição econômica”, que, nas palavras do Prof. Uadi Lammêgo Bulos, “consiste em um microssistema normativo, integrado à própria carta constitucional positiva, em cujo esteio erigem-se normas e diretrizes constitucionais que disciplinam, juridicamente, a macroeconomia”.1 Há que se destacar, ainda, que a “Constituição econômica” não se esgota no texto constitucional: ela também se manifesta por meio de normas infraconstitucionais. É a partir disso que se pode fazer a distinção entre Constituição econômica material (núcleo essencial de normas que regem o sistema econômico, quer constem ou não do texto constitucional) e Constituição econômica formal (normas que regem o sistema econômico e que estão positivadas no texto constitucional, ainda que não dotadas de relevância material).2 A constitucionalização da ordem econômica foi um movimento que ganhou força com a Primeira Guerra Mundial. Em virtude daquele conflito, o Estado teve que assumir um papel mais ativo na regulação da economia, o que se acentuou ainda mais com a Crise da bolsa de Nova York (1929) e com a Segunda Guerra Mundial. Constata-se que a inserção da ordem econômica nos textos constitucionais foi uma das características da transição do Estado liberal para o Estado social. O Estado liberal era eminentemente não intervencionista; o Estado social, por sua vez, é marcado pela maior atuação governamental, seja intervindo na economia, seja ofertando prestações positivas em favor dos indivíduos. Dessa forma, a constitucionalização da ordem econômica é resultado do aparecimento da ideia de Estado de bem-estar social. 1 BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional, 6a edição. Ed. Saraiva. São Paulo: 2011, pp. 1490. & ! CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional, 6ª edição. Ed. Juspodium. Salvador: 2012, p. 1276 – 1277. ! 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!&!#∃!%&! No Brasil, a Constituição de 1934 foi a primeira a trazer em seu texto a disciplina da ordem econômica, o que se deveu à forte influência da Constituição alemã de Weimar (1919). Destaque-se que a Carta de 1934 também tratou com pioneirismo a disciplina da ordem social, que está intimamente relacionada à ordem econômica. Na CF/88, a ordem econômica e financeira é dividida da seguinte forma: - Princípios Gerais da Ordem econômica (art. 170 – art. 181) - Política Urbana (art. 182 – art. 183) - Política agrícola e fundiária e a reforma agrária (art. 184 – art. 191) - Sistema Financeiro Nacional (art. 192) Essas normas, que consubstanciam a chamada “Constituição econômica”, podem ser classificadas, segundo a doutrina do Prof. José Afonso da Silva, como elementos socioideológicos. São elementos socioideológicos o conjunto de normas que refletem a existência do Estado social, intervencionista, prestacionista. 2- Fundamentos e Princípios gerais da Ordem econômica: 2.1- Princípios constitucionais da ordem econômica: A doutrina considera que a Constituição Federal de 1988, ao tratar da ordem econômica, estabeleceu princípios e soluções um tanto quanto contraditórios. Ao mesmo tempo em que consagra a liberdade de iniciativa, a CF/88 busca, em diversos momentos regulamentar a atividade econômica. Assim, liberalismo e intervencionismo se alternam na formulação dos princípios da ordem econômica, o que demonstra o resultado consensual de um debate entre as diversas correntes que participaram da formulação da CF/88.3 Segundo o art. 170, CF/88, a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social. Por meio desse dispositivo, a CF/88 consagra a existência de uma economia de mercado, de índole capitalista. Isso fica claro ao estabelecer-se que o fundamento da ordem econômica é a livre iniciativa; com efeito, a livre iniciativa é característica central do sistema capitalista. % ! MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Interpretada e Legislação Constitucional, 9ª edição. São Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 1875-1877. ! 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!%!#∃!%&! Ao mesmo tempo, percebe-se que o art. 170, CF/88, estabeleceu que a finalidade da ordem econômica é promover a existência digna de todos, conforme os ditames da justiça social. Nesse sentido, busca-se compatibilizar o desenvolvimento econômico com o princípio da dignidade da pessoa humana. Os princípios constitucionais da ordem econômica são os seguintes: a) Soberania nacional. A soberania é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil (art. 1º, I). Aqui, ela aparece no sentido de “soberania econômica”. Com isso, o legislador constituinte quis deixar claro que o Brasil deve buscar o seu desenvolvimento e evitar a situação de dependência em relação aos países industrializados. b) Propriedade privada. A propriedade privada dos meios de produção é a grande característica do sistema econômico capitalista. c) Função social da propriedade. O direito à propriedade não é absoluto; em outras palavras, a propriedade é garantida, desde que cumpra sua função social. Nos termos do art. 5º, XXIII, “a propriedade atenderá a sua função social”. d) Livre concorrência. A livre concorrência é um princípio que deriva do princípio da livre iniciativa. Ao estabelecer a livre concorrência como um princípio geral da ordem econômica, a CF/88 reconhece, implicitamente, a tese de que mercados competitivos geram maior eficiência econômica, possibilitando maior bem-estar e qualidade de vida aos cidadãos. Destaque-se, entretanto, que, embora o legislador constituinte tenha optado pela livre concorrência, esta não é absoluta. O Estado possui diversas formas de intervenção na economia. A intervenção estatal pode ser direta (como no caso de monopólios em setores estratégicos) ou indireta (através da regulação econômica). Em consonância com o princípio da livre concorrência, o art. 173, § 4º, dispõe que “a lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.” Perceba que a livre concorrência é a regra geral na ordem econômica do Estado brasileiro, admitindo-se a intervenção estatal para reprimir condutas anticoncorrenciais, caracterizadas pelo abuso do poder econômico. Segundo o STF, os regimes jurídicos sob os quais, em regra, são prestados os serviços públicos importam em que essa atividade seja desenvolvida sob privilégio, inclusive o da exclusividade. Poresse 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!∋!#∃!%&! motivo, o privilégio de entrega de correspondência da ECT (Empresa de Correios e Telégrafos) não violaria a proteção à livre concorrência4. e) Defesa do consumidor. A ordem econômica tem como finalidade assegurar a todos uma existência digna; dito de outra maneira, ela visa garantir a dignidade da pessoa humana. É justamente nesse contexto que se busca assegurar a defesa do consumidor, que é a parte hipossuficiente em uma relação de consumo. f) Busca do pleno emprego. Conforme já comentamos, a ordem econômica tem como um de seus fundamentos a valorização do trabalho humano. Nesse sentido, a busca do pleno emprego é diretriz constitucional que tem como objetivo assegurar que toda a força de trabalho disponível seja utilizada na atividade econômica. g) Redução das desigualdades sociais e regionais. Nos termos do art. 3º, III, um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil é “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”. h) Defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação. i) Tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. Esse tratamento diferenciado se materializa no art. 179, CF/88: Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei. O Prof. José Afonso da Silva chama de princípios de integração os seguintes princípios da ordem econômica: a) defesa do consumidor; b) defesa do meio ambiente; c) redução das desigualdades sociais e regionais; ∋∋ !ADPF 46, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 05.08.2009. 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!(!#∃!%&! d) busca do pleno emprego. Essa denominação se deve ao fato de que esses 4 (quatro) princípios têm como objetivo resolver os problemas da marginalização regional ou social. Há que se mencionar também o que estabelece o art. 170, parágrafo único, CF/88. Segundo esse dispositivo, é assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. Trata-se do princípio da liberdade de exercício de atividade econômica. Todos esses princípios devem ser interpretados em conjunto, em harmonia, evitando contradições aparentes entre si. Neles, verifica-se que o constituinte adotou o modelo capitalista, porém não se esqueceu da finalidade da ordem econômica: assegurar a todos a existência digna, conforme os ditames da justiça social. P R IN C ÍP IO S D A O R D E M E C O N Ô M IC A SOBERANIA NACIONAL PROPRIEDADE PRIVADA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE LIVRE CONCORRÊNCIA DEFESA DO CONSUMIDOR BUSCA DO PLENO EMPREGO REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES REGIONAIS E SOCIAIS DEFESA DO MEIO AMBIENTE, INCLUSIVE MEDIANTE TRATAMENTO DIFERENCIADO CONFORME O IMPACTO AMBIENTAL DOS PRODUTOS E SERVIÇOS E DE SEUS PROCESSOS DE ELABORAÇÃO E PRESTAÇÃO TRATAMENTO FAVORECIDO PARA AS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE CONSTITUÍDAS SOB AS LEIS BRASILEIRAS E QUE TENHAM SUA SEDE E ADMINISTRAÇÃO NO PAÍS 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!)!#∃!%&! 2.2- Investimentos estrangeiros no Brasil: A disciplina dos investimentos estrangeiros no Brasil está prevista no art. 172, CF/88: Art. 172. A lei disciplinará, com base no interesse nacional, os investimentos de capital estrangeiro, incentivará os reinvestimentos e regulará a remessa de lucros. A regulação do investimento estrangeiro é corolário do princípio da soberania nacional. Note que a CF/88 não impede o ingresso de capital estrangeiro no País; ao contrário, ela permite que sejam feitos investimentos estrangeiros, uma vez que estes podem funcionar como importante instrumento para o desenvolvimento econômico nacional. A legislação ordinária irá, portanto, disciplinar os investimentos de capital estrangeiro, incentivar os reinvestimentos e regular a remessa de lucros para o exterior. 2.3 – Empresa nacional x Empresa estrangeira: A Emenda Constitucional nº 06/1995, a fim de incentivar a realização de investimentos estrangeiros no País, acabou com a distinção entre empresa brasileira de capital nacional e empresa brasileira de capital estrangeiro. Agora, só há que se diferençar a empresa brasileira da empresa estrangeira. E qual o conceito de empresa brasileira? Empresa brasileira é aquela constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País. Assim, não interessa se o capital é nacional ou estrangeiro; caso a empresa seja constituída sob as leis brasileiras e tenha sede e administração em nosso território, ela será considerada uma empresa brasileira. 2.3- Atuação estatal no domínio econômico: Embora a Constituição Federal de 1988 tenha estabelecido que a livre iniciativa é um princípio geral da ordem econômica, desenhou-se, paralelo a isso, um modelo de Estado intervencionista. A doutrina considera que há 3 (três) formas de intervenção estatal na economia:5 ( !CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional, 6ª edição. Ed. Juspodium. Salvador: 2012, p. 1280. ! 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!∗!#∃!%&! a) Intervenção direta. A intervenção direta do Estado fica caracterizada quando o Estado explora diretamente uma atividade econômica. Trata-se de situação excepcional, regulada no art. 173, CF/88: Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. O art. 173 consagra, assim, o princípio da subsidiariedade na atuação direta do Estado na economia, ou seja, este somente atuará quando o setor privado não tiver capacidade ou interesse de atuar em determinado setor econômico ou, ainda, por imperativos de segurança nacional ou relevante interesse coletivo. É bastante comum que as bancas examinadoras digam que o Estado somente pode explorar diretamente atividade econômica em caso de imperativo de segurança nacional ou de relevante interesse público. Isso está ERRADO! Com base no art. 173, que ressalva “os casos previstos na Constituição”, é possível afirmar que os imperativos da segurança nacional e o relevante interesse coletivo não são os únicos casos em que o Estado poderá explorar diretamente atividade econômica. Há outros casos previstosna CF/88, como as atividades submetidas ao regime de monopólio da União (art. 177). Essa atuação direta do Estado no domínio econômico é feita por meio das empresas públicas e das sociedades de economia mista exploradoras de atividades econômicas. Cabe destacar que, nos termos do art. 173, § 2º, “as empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado”. A CF/88 prevê a elaboração de um estatuto jurídico para as empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de atividade econômica: § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade; 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!+!#∃!%&! II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários; III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da administração pública; IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários; V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos administradores. Note que esse dispositivo se refere às empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de atividades econômicas em sentido estrito. Não trata das empresas públicas e sociedades de economia mista prestadoras de serviços públicos. Destaque-se que essas pessoas jurídicas em regra são alcançadas por todas as normas constitucionais aplicáveis à Administração Pública. Entretanto, possuem algumas características próprias do setor privado, devido à “sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas”, conforme previsto pela Carta Magna. b) Intervenção indireta. A intervenção indireta na economia fica caracterizada quando o Estado assume o papel de agente normativo e regulador da atividade econômica. O fundamento da intervenção indireta é o art. 174, CF/88: Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado. § 1º - A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento. § 2º - A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo. § 3º - O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros. § 4º - As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas fixadas de acordo com o art. 21, XXV, na forma da lei. Quando o Estado intervém indiretamente na economia, ele exerce três funções: i) fiscalização; ii) incentivo e; iii) planejamento. 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!,!#∃!%&! A fiscalização é atividade tipicamente estatal, que engloba o poder regulamentar, a investigação e aplicação de sanções. Como exemplo da atividade de fiscalização estatal, podemos citar o art. 173, § 4º e § 5º: § 4º - A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros. § 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular. Como se pode perceber, esses dois dispositivos são normas de eficácia limitada, dependentes de regulamentação por lei para que produzam todos os seus efeitos. Para dar efetividade a esses dispositivos constitucionais, foi editada a Lei nº 12.529/2011, que estrutura o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC) e dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica, orientada pelos ditames constitucionais de liberdade de iniciativa, livre concorrência, função social da propriedade, defesa dos consumidores e repressão ao abuso do poder econômico. A Lei nº 12.529/2011 também prevê a atuação do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) no controle das práticas anticoncorrenciais. O incentivo, por sua vez, é a atuação estatal no sentido de estimular determinados setores da economia. É a atividade de fomento estatal, que se evidencia no art. 174, §§ 2º, 3º e 4º (estímulo ao cooperativismo) e art. 179 (estímulo às microempresas e empresas de pequeno porte). Por último, cabe tratar sobre a função de planejamento, que é determinante para o setor público e indicativo para o setor privado. Segundo o art. 174, § 1º, CF/88, “a lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento”. c) Intervenção mediante a instituição de monopólios. O art. 177, CF/88, prevê que determinadas atividades serão exploradas sob o regime de monopólio. Veja sua redação: Art. 177. Constituem monopólio da União: I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos; II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro; III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores; 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!∀−!#∃!%&! IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem; V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção, comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 desta Constituição Federal. § 1º A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das atividades previstas nos incisos I a IV deste artigo observadas as condições estabelecidas em lei. A atividades a serem exploradas sob o regime de monopólio são apresentadas, no dispositivo supratranscrito, em rol exaustivo (lista “numerus clausus”). Todas elas foram atribuídas exclusivamente à União. É necessário enfatizar, todavia, o seguinte: a) As atividades descritas nos incisos I a IV podem ter seu exercício contratado, pela União, com empresas estatais ou privadas, observadas as condições estabelecidas em lei. b) As atividades previstas no inciso V, relacionadas aos radioisótopos, poderão ser autorizadassob o regime de permissão, segundo as regras do art. 21, XXIII: - sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais; - sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas. Trata-se de regra que visa flexibilizar o controle da União, que passa a se limitar a casos muito específicos, de modo a permitir o avanço das pesquisas em medicina nuclear. A submissão ao regime de permissão garantirá o necessário controle da referida atividade pelo Poder Público. 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!∀∀!#∃!%&! 2.4- Serviços Públicos: Inicialmente, é importante destacar que a Constituição Federal e a legislação infraconstitucional não estabelecem o conceito de serviço público. No entanto, é possível afirmar que o Estado é o titular exclusivo dos serviços públicos. Assim, nenhum serviço público será livre à iniciativa privada. O art. 175 versa sobre a prestação de serviços públicos pelo Estado, que pode ser feita direta ou indiretamente (sob o regime de concessão ou permissão). Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Parágrafo único. A lei disporá sobre: I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão; II - os direitos dos usuários; III - política tarifária; IV - a obrigação de manter serviço adequado. A prestação direta de um serviço público é aquela realizada pelo próprio Estado, por meio de seus órgãos ou entidades da administração indireta. Já a prestação indireta é a realizada por particulares, mediante delegação estatal, sob o regime de concessão ou permissão. SOB REGIME DE PERMISSÃO, SÃO AUTORIZADAS... A COMERCIALIZAÇÃO E A UTILIZAÇÃO DE RADIOISÓTOPOS... PARA PESQUISA PARA USOS MÉDICOS, AGRÍCOLAS E INDUSTRIAIS A PRODUÇÃO, COMERCIALIZAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE RADIOISÓTOPOS... DE MEIA-VIDA IGUAL OU INFERIOR A DUAS HORAS 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!∀&!#∃!%&! A titularidade do serviço público será sempre do Poder Público. A execução do serviço público é que poderá ser delegada a um particular, sob o regime de concessão ou permissão. Os conceitos de “concessão” e de “permissão” estão previstos no art. 2º, da Lei nº 8.987/1995: a) Concessão de serviço público: delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado. b) Permissão de serviço público: a delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco. Na concessão, a delegação do serviço público não poderá ser feita a pessoa física, mas somente a pessoa jurídica ou consórcio de empresas, devendo ser precedida de licitação na modalidade de concorrência. Além disso, a concessão é feita por prazo determinado e não possui caráter precário. Na permissão, a delegação do serviço público poderá ser feita tanto a pessoa física quanto a pessoa jurídica. Também é precedida de licitação, mas não há previsão de qual modalidade deverá ser usada. Além disso, possui caráter precário, podendo ser revogada a qualquer tempo. Em ambos os casos (concessão e permissão), o particular será responsável pela execução do serviço público por sua conta e risco, sendo remunerado por tarifas cobradas diretamente dos usuários do serviço. A delegação de serviço público, seja por concessão ou permissão, deverá ser sempre precedida de licitação, nos termos do art. 175, caput. Nesse sentido, o STF declarou a inconstitucionalidade de lei estadual que pretendia prorrogar contratos administrativos indefinidamente (ADI nº 3521). Há previsão constitucional (art. 175, parágrafo único) para a edição de lei que disponha sobre o regime das concessionárias e permissionárias de serviços públicos, os direitos dos usuários, a política tarifaria e a obrigação de manter serviço adequado. Trata-se de lei de normas gerais de caráter nacional (aplicável à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios), já editada: a Lei 8.987/1995. Destaque-se, ainda, que há outras leis de abrangência nacional que também tratam de serviços públicos, a exemplo da Lei 9.074/1995 e da Lei 11.079/2004. 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!∀%!#∃!%&! ! Aprofundando no tema, é importante que você saiba que, além da permissão e da concessão, também é possível a prestação indireta de serviços públicos por meio de autorização (art. 21, XII, CF). Esta, ao contrario da permissão e da concessão, dispensa procedimento de licitação, de forma geral. 2.5- Exploração de Recursos minerais e potenciais de energia hidráulica: A exploração de recursos minerais e de potenciais de energia hidráulica é regulada pelo art. 176, CF/88. Esse dispositivo deixa bastante claro que a propriedade do solo não se confunde com a propriedade dos recursos minerais e dos potenciais de energia hidráulica. A propriedade dos recursos minerais e dos potenciais de energia hidráulica será sempre da União, por força do que determina o art. 20, VIII e IX, CF/88. A propriedade do solo, por sua vez, pode ser de um particular ou mesmo do Poder Público. Isso é exatamente o que dispõe o art. 176, caput: Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra. A LEI ORDINÁRIA REGULADORA DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DEVERÁ DISPOR SOBRE: O REGIME DAS EMPRESAS CONCESSIONÁRIAS E PERMISSIONÁRIAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS, O CARÁTER ESPECIAL DE SEU CONTRATO E DE SUA PRORROGAÇÃO, BEM COMO AS CONDIÇÕES DE CADUCIDADE, FISCALIZAÇÃO E RESCISÃO DA CONCESSÃO OU PERMISSÃO OS DIREITOS DOS USUÁRIOS A POLÍTICA TARIFÁRIA A OBRIGAÇÃO DE MANTER SERVIÇO ADEQUADO 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!∀∋!#∃!%&! A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais de energia hidráulica somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País, na forma da lei. Assim, a União delega essas atividades a um particular (minerador), o qual é denominado de concessionário. O concessionário realizará a pesquisa e a lavra dos recursos mineraise ficará com a propriedade do produto da lavra. Nada mais natural! Segundo o Ministro Eros Grau, “a concessão seria materialmente impossível sem que o proprietário se apropriasse do produto da exploração da jazida”.6 Como contrapartida, o concessionário (mineradora) deverá recolher uma compensação financeira, nos termos do art. 20, § 1º: Art. 20. (...) § 1º - É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração. A CF/88 também assegura ao proprietário do solo participação nos resultados da lavra, na forma e nos valor que dispuser a lei. É o que dispõe o art. 176, § 2º, CF/88: Art. 176 (...) § 2º - É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra, na forma e no valor que dispuser a lei. Para finalizar, vejamos o que dispõem os § 3º e § 4º, do art. 176: § 3º - A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado, e as autorizações e concessões previstas neste artigo não poderão ser cedidas ou transferidas, total ou parcialmente, sem prévia anuência do poder concedente. § 4º - Não dependerá de autorização ou concessão o aproveitamento do potencial de energia renovável de capacidade reduzida. Suponha que em um sítio exista uma pequena cachoeira com capacidade para gerar energia elétrica suficiente para atender a família que ali vive. Nesse caso, por se tratar de aproveitamento de potencial de energia renovável de capacidade reduzida, não será necessária concessão ou autorização. ) ! In: CANOTILHO, J.J. Gomes; MENDES, Gilmar Ferreira; SARLET, Ingo Wolfgang; STRECK, Lenio Luiz. Comentários à Constituição do Brasil. Ed. Saraiva, São Paulo: 2013, pp. 1850. ! 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!∀(!#∃!%&! 2.6 – Ordenação dos Transportes / Incentivo ao Turismo / Requisição de documentos: Segundo o art. 178, a lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre, devendo, quanto à ordenação do transporte internacional, observar os acordos firmados pela União, atendido o princípio da reciprocidade. Cabe destacar que a atual redação do art. 178 é fruto da EC nº 07/1995, que realizou mudanças substanciais nesse dispositivo. Uma das alterações de maior destaque foi a extinção da exclusividade das embarcações brasileiras na navegação de cabotagem. O art. 180, CF/88, por sua vez, dispõe que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão e incentivarão o turismo como fator de desenvolvimento social e econômico. Trata-se de norma programática, que estabelece uma diretriz para todos os entes federativos. Por fim, mencionamos o art. 181, CF/88, que trata da requisição de documentos por autoridades estrangeiras. Segundo esse dispositivo, o atendimento de requisição de documento ou informação de natureza comercial, feita por autoridade administrativa ou judiciária estrangeira, a pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País dependerá de autorização do Poder competente. 1. (FGV / SEFAZ-RJ – 2011) A Constituição da República enumera os princípios que regem a atividade econômica, dentre os quais o tratamento favorecido para as empresas de pequeno e médio porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no país. Essa afirmativa está incorreta porque: a) O tratamento favorecido viola a livre concorrência, que é um dos princípios da atividade econômica. b) A constituição não admite tratamento favorecido, em respeito ao direito à igualdade. c) O tratamento favorecido deve ser condicionado apenas à redução das desigualdades regionais. d) O tratamento favorecido deve ser condicionado apenas à redução das desigualdades sociais. 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!∀)!#∃!%&! e) O tratamento favorecido não se estende às empresas de médio porte. Comentários: O art. 170, inciso IX, da Constituição, prevê como princípio da ordem econômica o tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. Essa previsão não se estende às empresas de médio porte. O gabarito é a letra E. 2. (FGV / Senado Federal – 2008) Analise as afirmativas abaixo: I. A ordem econômica é calcada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa e em relação a ela devem ser observados vários princípios, como, entre outros, a busca do pleno emprego, a seguridade social, a saúde, o meio ambiente e a livre concorrência. II. No regime econômico adotado no direito pátrio vigora o princípio da livre iniciativa, segundo o qual a todos é assegurado o exercício de atividades econômicas independentemente de consentimento do Poder Público, com as ressalvas constantes de lei; ao Estado, porém, é permitida, em algumas situações, a exploração direta da atividade econômica, inclusive com o afastamento da iniciativa privada. III. A lei deve reprimir o abuso do poder econômico consubstanciado pelo domínio dos mercados, pela eliminação da concorrência e pelo aumento arbitrário dos lucros. Nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular, a lei, embora isentando a pessoa jurídica em si, deve estabelecer a responsabilidade individual de seus dirigentes. Assinale: a) se todas as afirmativas estiverem corretas. b) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. c) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas. d) se apenas a afirmativa II estiver correta. e) se apenas a afirmativa I estiver correta. Comentários: O item I está incorreto. O art. 170 da Carta Magna estabelece que a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!∀∗!#∃!%&! tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. A saúde e a seguridade social não são princípios da ordem econômica. O item II está correto. A livre iniciativa é fundamento da RFB (art. 1º, IV, CF) e da ordem econômica (art. 170, “caput”. CF). A regra, por isso, é o exercício das atividades econômicas independentemente do consentimento do Poder Público. Entretanto, é possível, excepcionalmente, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado, quando necessária aos imperativosda segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei (art. 173, “caput”, CF). O item III está incorreto. De fato, a CF/88 prevê (art. 173, § 4º) que a lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros. Entretanto, diferentemente do que diz a questão, a pessoa jurídica tem, sim, responsabilidade, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular (art. 173, § 5º, CF). O gabarito é a letra D. 3. (FEPESE / Auditor Fiscal da Receita Estadual – SC – 2010) De acordo com a Constituição Federal de 1988, não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos ao setor privado: 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!∀+!#∃!%&! a) As empresas públicas, apenas. b) As sociedades de economia mista, apenas. c) As empresas públicas e as sociedades de economia mista. d) As fundações públicas, as empresas públicas e as sociedades de economia mista. e) As empresas públicas e as fundações públicas. Comentários: De acordo com o art. 173, § 2º, da Constituição, as empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado. A letra C é o gabarito. 4. (FGV/2010 – SEAD-AP) A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados determinados princípios. Assinale a opção cujo conteúdo não corresponde aos princípios constantes do art. 170, da Constituição. a) Soberania nacional, propriedade privada, função social da propriedade, livre concorrência, busca do pleno emprego. b) Propriedade privada, livre concorrência, defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação. c) Soberania nacional, propriedade privada, função social da propriedade, livre concorrência, vedação ao tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras que tenham sua sede e administração no país. d) Função social da propriedade, livre concorrência, defesa do meio ambiente, busca do pleno emprego, redução das desigualdades regionais e sociais. e) Soberania nacional, livre concorrência, defesa do consumidor. Comentários: O art. 170 da Constituição prevê os seguintes princípios da ordem econômica e financeira: I - soberania nacional; II - propriedade privada; 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!∀,!#∃!%&! III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. O gabarito é a letra C. 3- Política Urbana: Segundo o art. 182, “caput”, da Carta Magna, a política de desenvolvimento urbano será executada pelo Poder Público municipal, devendo obedecer diretrizes gerais fixadas em lei federal, de caráter nacional. O objetivo da política de desenvolvimento urbano é ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. O instrumento básico da política de desenvolvimento urbano é o Plano Diretor, que deve ser aprovado pela Câmara Municipal. Cabe destacar que, segundo a CF/88, o Plano Diretor é obrigatório para cidades com mais de 20.000 habitantes. A política de desenvolvimento urbano também se apoia na exigência de que a propriedade cumpra a sua função social. É o que dispõe o art. 182, § 2º, segundo o qual “a propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor”. Recorde-se que o direito de propriedade, garantido pelo art. 5º, XXII, é normas constitucional de eficácia contida e, portanto, está sujeito à atuação restritiva, por parte do Poder Público. Assim como todos os direitos fundamentais, não é absoluto: a Constituição exige que a propriedade cumpra sua função social (art. 5º, XXIII). A Constituição Federal abre a possibilidade para que seja realizada a desapropriação de imóveis urbanos. Segundo o art. 182, § 3º, as desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. Essa é a regra geral! No entanto, existem casos em que a desapropriação não ocorrerá com indenização em dinheiro: 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!&−!#∃!%&! a) O art. 182, § 4º, CF/88 estabelece que o Poder Público Municipal poderá exigir que o proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado promova seu adequado aproveitamento, sob pena de sanções sucessivas. § 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. O inciso III prevê a chamada desapropriação-sanção, que é uma clara consequência do descumprimento da função social da propriedade. A indenização não será em dinheiro, mas em títulos da dívida pública de emissão previamente previamente aprovada pelo Senado, com prazo de resgate de até 10 (dez) anos. b) O art. 243, CF/88 estabelece a chamada desapropriação confiscatória, que foi objeto de relevante alteração promovida pela EC nº 81/2014. Segundo esse dispositivo, “as propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º”. Como se pode verificar, no caso da desapropriação confiscatória, não haverá qualquer indenização ao proprietário. A propriedade, seja ela urbana ou rural, será expropriada e destinada à reforma agrária e a programas de habitação popular. Destaque-se que são dois os motivos que levam à desapropriação confiscatória: i) culturas ilegais de plantas psicotrópicas e; ii) exploração de trabalho escravo. Antes da EC nº 81/2014, apenas era motivo para a desapropriação confiscatória a existência de culturas ilegais de plantas psicotrópicas. ... 40718706056Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!&∀!#∃!%&! Ainda sobre a política urbana, temos que mencionar o art. 183, CF/88, que trata da chamada usucapião constitucional do imóvel urbano. Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. § 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. § 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. A usucapião constitucional do imóvel urbano, também chamada de usucapião pró-moradia, consiste na aquisição do domínio de área urbana por aquele que tenha tido sua posse durante um certo período de tempo. Os requisitos para que o usucapião pró-moradia se efetive são os seguintes: a) Área urbana de até 250 metros quadrados; b) Posse ininterrupta durante 5 anos, sem qualquer oposição. Segundo o STF, o tempo de posse anterior à promulgação da Constituição de 1988 não se inclui na contagem desse prazo quinquenal.7 c) Utilização para moradia própria ou da família. Cabe destacar que, para usufruir desse direito, o indivíduo não poderá ser proprietário de nenhum outro imóvel urbano ou rural. Além disso, não é possível a usucapião de imóveis públicos. 4- Política agrícola, fundiária e a reforma agrária: Esse assunto foi resultado de grandes confrontos à época da elaboração da Constituição Federal de 1988. De um lado, havia os “sem terra”; do outro, os grandes proprietários de terra (os ruralistas). Como resultado, os dispositivos ∗ !RE 206.659, Min. Rel. Galvão, DJ de 6.2.1998; RE 191.603, Min. Rel. Marco Aurélio, DJ de 28.8.1998; RE 187.913, Min. Rel. Néri, DJ de 22.5.1998; RE 214.851, Min. Rel. Moreira Alves, DJ de 8.5.1998; RE 217.414, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 11.12.1998, DJ de 26.3.1999. 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!&&!#∃!%&! constitucionais que tratam da política agrícola e fundiária e da reforma agrária refletem interesses variados.8 A política agrícola, fundiária e a reforma agrária são tratadas nos arts. 184 a 191 da Carta Magna. Em essência, todos esses dispositivos têm como fim último garantir que a propriedade atenda a sua função social. Para sistematizar o nosso estudo, vamos falar, separadamente, sobre cada um desses três temas: i) política agrícola; ii) política fundiária e; iii) reforma agrária. a) A política agrícola está intimamente relacionada à política econômica. Trata-se, na verdade, de importante vertente desta, buscando orientar as atividades agropecuárias com o objetivo de promover o desenvolvimento e o bem-estar da comunidade rural. Segundo o art. 187, CF/88, a política agrícola será planejada e executada na forma da lei, com a participação efetiva do setor de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos setores de comercialização, de armazenamento e de transportes, levando em conta, especialmente: - Os instrumentos creditícios e fiscais; - Os preços compatíveis com os custos de produção e a garantia de comercialização; - O incentivo à pesquisa e à tecnologia; - A assistência técnica e extensão rural; - O seguro agrícola; - O cooperativismo; - A eletrificação rural e irrigação; - A habitação para o trabalhador rural. Incluem-se no planejamento agrícola as atividades agroindustriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais (art. 187, § 1º, CF). Além disso, serão compatibilizadas as ações de política agrícola e de reforma agrária (art. 187, § 2º, CF). b) A política fundiária, por sua vez, é o que determina o destino das terras públicas e devolutas no Brasil. Essa destinação deve ser compatível com a 8 BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional, 6a edição. Ed. Saraiva. São Paulo: 2011, pp. 1511. 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!&%!#∃!%&! política agrícola e com o plano nacional de reforma agrária (art. 188, “caput”, CF). Por terras devolutas entende-se aquelas que, não sendo próprias nem aplicadas a algum uso público federal, estadual territorial ou municipal, não se incorporaram ao domínio privado (art. 5º, Decreto-Lei 9.760 de 1946). Trata- se de terras pertencentes ao Estado brasileiro, mesmo não estando destinadas a nenhum uso público. Dispõe a Constituição (art. 188, § 1º, CF) que a alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com área superior a 2.500 hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso Nacional. Excetuam-se dessa regra (art. 188, § 2º, CF) as alienações ou as concessões de terras públicas para fins de reforma agrária. Segundo o art. 190, CF/88, a lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento de propriedade rural por pessoa física ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que dependerão de autorização do Congresso Nacional. Ainda no que tange à política fundiária, cabe fazer menção à usucapião constitucional rural, também denominado usucapião pro labore. Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. Esse instituto é chamado “usucapião pro labore” porque seu título deriva do fato de a área ter adquirido produtividade em virtude do trabalho do usucapiente ou de seus familiares. Aplica-se exclusivamente às áreas rurais não superiores a 50 hectares. Cabe enfatizar que a Carta Magna exige que o beneficiário não seja proprietário nem de imóvel rural, nem de imóvel urbano. Busca-se, com isso, que apenas os hipossuficientes sejam beneficiados por esse tipo de usucapião. Um importante requisito para que seja usufruída a usucapião constitucional rural é a posse da área rural durante 5 (cinco) anos ininterruptos, sem oposição. Por fim, os imóveis públicos não podem ser adquiridos por usucapião. c) A reforma agrária, a seu turno, é um instrumento da política agrícola e fundiária por meio do qual o Estado intervém na economia agrícola a fim de promover a repartição da propriedade fundiária. Nesse sentido, o art. 184, CF/88 determina que a União poderá realizar desapropriação por 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!&∋!#∃!%&! interesse social, para fins de reforma agrária, do imóvel rural que não estiver cumprindo a sua função social. Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justaindenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. § 1º - As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro. § 2º - O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a propor a ação de desapropriação. § 3º - Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de desapropriação. § 4º - O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício. § 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. A desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária, não será feita mediante indenização em dinheiro. A indenização ao proprietário será em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até 20 (vinte) anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. Por outro lado, as benfeitorias úteis e necessárias feitas no imóvel rural serão indenizadas em dinheiro. A desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária, é competência da União. Já a desapropriação de imóvel urbano é competência dos Municípios. Conforme comentamos, a desapropriação para fins de reforma agrária ocorrerá quando o imóvel rural não estiver cumprindo a sua função social. É aí que vem uma importante pergunta: quando é que se considera que a função social foi cumprida? A resposta está no art. 186, CF/88. Segundo esse dispositivo, a função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: - aproveitamento racional e adequado; 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!&(!#∃!%&! - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. Uma vez atendidos esses requisitos, a propriedade rural estará cumprindo sua função social e, portanto, não poderá ser objeto de desapropriação. A Constituição Federal também protegeu outros imóveis rurais da desapropriação. Vejamos o art. 185, CF/88: Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária: I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra; II - a propriedade produtiva. Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento dos requisitos relativos a sua função social. Note que a pequena e a média propriedade rural são insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária, desde que o seu proprietário não possua outra. Caso ele possua outra, será possível a desapropriação. Também é insuscetível de desapropriação para fins de reforma agrária a propriedade produtiva. Perceba que o grande foco das desapropriações para reforma agrária são as grandes propriedades e as propriedades improdutivas. 5- Sistema Financeiro Nacional: A Emenda Constitucional no 40 de 29 de maio de 2003 suprimiu todos os incisos, alíneas e parágrafos constantes da redação original do art. 182, CF, mas não lhe alterou o conteúdo de maneira substancial. Após a redação dada pela referida emenda, o capítulo da Constituição referente ao Sistema Financeiro Nacional passou a se resumir ao seguinte dispositivo: Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram. 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!&)!#∃!%&! A Constituição reserva a leis complementares a disciplina da matéria. Atente para o fato de que várias leis complementares poderão dispor sobre a matéria, não havendo restrição a uma só lei. ! 5. (FGV/2013 – OAB) “M” vem desrespeitando o zoneamento estipulado pelo Município X em seu plano diretor, uma vez que mantém, com nítido caráter de especulação, terreno não utilizado em área residencial. Assinale a alternativa que indica medida que o Município X pode tomar para que “M” utilize adequadamente seu terreno. a) Desapropriar o terreno, sem que haja pagamento de indenização. b) Desapropriar o terreno, mediante pagamento de indenização justa, prévia e em dinheiro. c) Determinar edificação compulsória naquele terreno. d) Instituir multa administrativa no patamar de até 100% do valor no IPTU do imóvel. Comentários: A Constituição prevê, em seu art. 182, § 4o, que é facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. O gabarito é a letra C. 6. (FGV / CONDER – 2013) Quanto à política urbana definida na Constituição Federal de 1988, analise as afirmativas a seguir. 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!&∗!#∃!%&! I. A política de desenvolvimento urbano é executada pelas esferas federal, estadual e municipal com objetivo de ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais e garantir o bem-estar da população assistida. II. O plano diretor é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. III. As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização, podendo ou não ser em dinheiro. Assinale: a) se somente a afirmativa I estiver correta. b) se somente a afirmativa II estiver correta. c) se somente a afirmativa III estiver correta. d) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. e) se todas as afirmativas estiverem corretas Comentários: O item I está incorreto. A política de desenvolvimento urbano é de responsabilidade dos municípios, tendo por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes (art. 182, “caput”, CF). O item II está correto. É o que prevê o art. 182, § 1º, da Constituição. O item III está incorreto. As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro (art. 182, § 3º, CF). O gabarito é a letra B. 7. (FGV/2013 – OAB)Assinale a alternativa que completa corretamente o fragmento a seguir. A desapropriação para fins de reforma agrária ocorre mediante prévia e justa indenização: a) em dinheiro, incluindo-se as benfeitorias úteis e necessárias. b) em dinheiro, mas as benfeitorias não são passíveis de indenização. c) em títulos da dívida agrária, incluindo-se as benfeitorias úteis e necessárias. 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!&+!#∃!%&! d) em títulos da dívida agrária, mas as benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro. Comentários: De acordo com o art. 184 da Constituição, caso a propriedade não esteja cumprindo sua função social, a desapropriação dar-se-á mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária. As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro. O gabarito é a letra D. 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!&,!#∃!%&! LISTA DE QUESTÕES 1. (FGV / SEFAZ-RJ – 2011) A Constituição da República enumera os princípios que regem a atividade econômica, dentre os quais o tratamento favorecido para as empresas de pequeno e médio porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no país. Essa afirmativa está incorreta porque: a) O tratamento favorecido viola a livre concorrência, que é um dos princípios da atividade econômica. b) A constituição não admite tratamento favorecido, em respeito ao direito à igualdade. c) O tratamento favorecido deve ser condicionado apenas à redução das desigualdades regionais. d) O tratamento favorecido deve ser condicionado apenas à redução das desigualdades sociais. e) O tratamento favorecido não se estende às empresas de médio porte. 2. (FGV / Senado Federal – 2008) Analise as afirmativas abaixo: I. A ordem econômica é calcada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa e em relação a ela devem ser observados vários princípios, como, entre outros, a busca do pleno emprego, a seguridade social, a saúde, o meio ambiente e a livre concorrência. II. No regime econômico adotado no direito pátrio vigora o princípio da livre iniciativa, segundo o qual a todos é assegurado o exercício de atividades econômicas independentemente de consentimento do Poder Público, com as ressalvas constantes de lei; ao Estado, porém, é permitida, em algumas situações, a exploração direta da atividade econômica, inclusive com o afastamento da iniciativa privada. III. A lei deve reprimir o abuso do poder econômico consubstanciado pelo domínio dos mercados, pela eliminação da concorrência e pelo aumento arbitrário dos lucros. Nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular, a lei, embora isentando a pessoa jurídica em si, deve estabelecer a responsabilidade individual de seus dirigentes. Assinale: a) se todas as afirmativas estiverem corretas. b) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!%−!#∃!%&! c) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas. d) se apenas a afirmativa II estiver correta. e) se apenas a afirmativa I estiver correta. 3. (FEPESE / Auditor Fiscal da Receita Estadual – SC – 2010) De acordo com a Constituição Federal de 1988, não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos ao setor privado: a) As empresas públicas, apenas. b) As sociedades de economia mista, apenas. c) As empresas públicas e as sociedades de economia mista. d) As fundações públicas, as empresas públicas e as sociedades de economia mista. e) As empresas públicas e as fundações públicas. 4. (FGV/2010 – SEAD-AP) A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados determinados princípios. Assinale a opção cujo conteúdo não corresponde aos princípios constantes do art. 170, da Constituição. a) Soberania nacional, propriedade privada, função social da propriedade, livre concorrência, busca do pleno emprego. b) Propriedade privada, livre concorrência, defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação. c) Soberania nacional, propriedade privada, função social da propriedade, livre concorrência, vedação ao tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras que tenham sua sede e administração no país. d) Função social da propriedade, livre concorrência, defesa do meio ambiente, busca do pleno emprego, redução das desigualdades regionais e sociais. e) Soberania nacional, livre concorrência, defesa do consumidor. 5. (FGV/2013 – OAB) “M” vem desrespeitando o zoneamento estipulado pelo Município X em seu plano diretor, uma vez que mantém, com nítido caráter de especulação, terreno não utilizado em área residencial. 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!%∀!#∃!%&! Assinale a alternativa que indica medida que o Município X pode tomar para que “M” utilize adequadamente seu terreno. a) Desapropriar o terreno, sem que haja pagamento de indenização. b) Desapropriar o terreno, mediante pagamento de indenização justa, prévia e em dinheiro. c) Determinar edificação compulsória naquele terreno. d) Instituir multa administrativa no patamar de até 100% do valor no IPTU do imóvel. 6. (FGV / CONDER – 2013) Quanto à política urbana definida na Constituição Federal de 1988, analise as afirmativas a seguir. I. A política de desenvolvimento urbano é executada pelas esferas federal, estadual e municipal com objetivo de ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais e garantir o bem-estar da população assistida. II. O plano diretor é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. III. As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização, podendo ou não ser em dinheiro. Assinale: a) se somente a afirmativa I estiver correta. b) se somente a afirmativa II estiver correta. c) se somente a afirmativa III estiver correta. d) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. e) se todas as afirmativas estiverem corretas 7. (FGV/2013 – OAB) Assinale a alternativa que completa corretamente o fragmento a seguir. A desapropriação para fins de reforma agrária ocorre mediante prévia e justa indenização: a) em dinheiro, incluindo-se as benfeitorias úteis e necessárias. b) em dinheiro, mas as benfeitorias não são passíveis de indenização. c) em títulos da dívida agrária, incluindo-se as benfeitorias úteis e necessárias. 40718706056 Direito Constitucional p/ Senado Federal Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale ! ! !∀#∃%&∋()∗+&,+∀#−∗.+&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!%&!#∃!%&! d) em títulos da dívida agrária, mas as benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro. 1. LETRA E 2. LETRA D 3. LETRA C 4. LETRAC 5. LETRA C 6. LETRA B 7. LETRA D 40718706056
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