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Prévia do material em texto

Caro aluno 
Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em período integral, 
com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totali-
zando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, 
de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar a 
aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A seguir, apresentamos cada seção:
De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desen-
volvida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e 
nos principais vestibulares voltados para o curso de Medicina 
em todo o território nacional.
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS 
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada co-
leção tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolu-
ção das questões propostas. Os textos dos livros são de fácil 
compreensão, completos e organizados. Além disso, contam 
com imagens ilustrativas que complementam as explicações 
dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em 
cores nítidas, também são usados e compõem um conjunto 
abrangente de informações para o aluno que vai se dedicar 
à rotina intensa de estudos.
TEORIA
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cui-
dadosa seleção de conteúdos multimídia para complementar 
o repertório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a 
compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, 
livros, etc. Tudo isso é encontrado em subcategorias que fa-
cilitam o aprofundamento nos temas estudados – há obras 
de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões de aplicati-
vos que facilitam os estudos, com conteúdos essenciais para 
ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, em uma 
seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais 
o conhecimento do nosso aluno.
MULTIMÍDIA
Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é 
elaborada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que 
trata de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares 
atuais não exigem mais dos candidatos apenas o puro co-
nhecimento dos conteúdos de cada área, de cada disciplina.
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran-
gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, 
como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Ma-
temática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato 
com essa realidade por meio de explicações que relacionam 
a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de 
outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, 
o aluno consegue entender que cada disciplina não existe de 
forma isolada, mas faz parte de uma grande engrenagem no 
mundo em que ele vive.
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico 
é o seu distanciamento da realidade cotidiana, o que difi-
culta a compreensão de determinados conceitos e impede 
o aprofundamento nos temas para além da superficial me-
morização de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios na 
aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida a seção “Vi-
venciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma preo-
cupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações 
entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm 
contato em seu dia a dia.
VIVENCIANDO
Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fa-
zem parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos 
compilados, deparamos-nos com modelos de exercícios re-
solvidos e comentados, fazendo com que aquilo que pareça 
abstrato e de difícil compreensão torne-se mais acessível e 
de bom entendimento aos olhos do aluno. Por meio dessas 
resoluções, é possível rever, a qualquer momento, as explica-
ções dadas em sala de aula.
APLICAÇÃO DO CONTEÚDO
Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desem-
penho ao fim da escolaridade básica, organizamos essa 
seção para que o aluno conheça as diversas habilidades e 
competências abordadas na prova. Os livros da “Coleção 
Vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas 
dessas habilidades. No compilado “Áreas de Conhecimento 
do Enem” há modelos de exercícios que não são apenas 
resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva e 
descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no 
dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para 
ajudá-lo a apurar as questões na prática, a identificá-las na 
prova e a resolvê-las com tranquilidade.
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, 
criamos para os nossos alunos o máximo de recursos para 
orientá-los em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de 
Ideias”, para aqueles que aprendem visualmente os conte-
údos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas 
mentais e fluxogramas.
Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo 
da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta 
aos principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a 
organização dos estudos e até a resolução dos exercícios.
DIAGRAMA DE IDEIAS
© Hexag SiStema de enSino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2023
Todos os direitos reservados.
Coordenador-geral
Murilo de Almeida Gonçalves
reSponSabilidade editorial, programação viSual, reviSão e peSquiSa iConográfiCa
Hexag Editora
editoração eletrôniCa
Letícia de Brito
Matheus Franco da Silveira
projeto gráfiCo e Capa
Raphael de Souza Motta
imagenS
Freepik (https://www.freepik.com)
Shutterstock (https://www.shutterstock.com)
Pixabay (https://www.pixabay.com)
iSbn
978-85-9542-262-9
Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo 
por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a in-
clusão de informação adicional, ficamos à disposição para o contato pertinente. Do mesmo modo, 
fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre as imagens pub-
licadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não rep-
resentando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora.
2023
Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino.
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HISTÓRIA
HISTÓRIA GERAL 5
AULAS 17 E 18: BAIXA IDADE MÉDIA 007
AULAS 19 E 20: RENASCIMENTO CULTURAL E CIENTÍFICO 018
AULAS 21 E 22: REFORMA E CONTRARREFORMA 029
AULAS 23 E 24: ANTIGO REGIME: ABSOLUTISMO, MERCANTILISMO 
E A MONARQUIA FRANCESA 038
AULAS 25 E 26: MONARQUIA INGLESA E AS REVOLUÇÕES INGLESAS DO SÉCULO XVII 049
AULA FUNDAMENTO: ILUMINISMO 058
HISTÓRIA DO BRASIL 67
AULAS 17 E 18: PRIMEIRO REINADO (1822-1831) 069
AULAS 19 E 20: REGÊNCIA (1831-1840) E SEGUNDO REINADO: 
POLÍTICA INTERNA (1840-1889) 081
AULAS 21 E 22: SEGUNDO REINADO: POLÍTICA EXTERNA E ECONOMIA 098
AULAS 23 E 24: CRISE DO IMPÉRIO 116
AULAS 25 E 26: REPÚBLICA DA ESPADA 128
SUMÁRIO
Co
m
pe
tê
n
Ci
a
 1
Compreender os elementos culturais que constituem as identidades
H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.
H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos.
H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspectoda cultura.
H5 - Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
Co
m
pe
tê
n
Ci
a
 2
Compreender as transformaçõespinturas do 
teto da Capela Sistina (1508-1512). 
multimídia: vídeo
4.3. França
As manifestações da cultura renascentista na França ocor-
reram principalmente depois que os exércitos franceses in-
vadiram a Itália e trouxeram de lá noções da nova estética 
italiana. Na literatura, Rabelais, com seu Gargantua e Pan-
tagruel, foi um importante escritor ao lado de Montaigne, 
autor de uma vasta obra filosófica intitulada Ensaios.
4.4. Países Baixos
erasmo de roterdã
Erasmo de Roterdã foi um humanista cristão de con-
siderável expressão, que pretendia forjar uma Igreja re-
novada. Elogio da Loucura, sua principal obra, criticava a 
ganância, a imoralidade, o formalismo e a ignorância do 
clero, bem como o comércio de relíquias e indulgências. 
24  CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias
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Erasmo propunha que a Igreja reorganizasse sua ação com 
base nos autênticos princípios evangélicos.
a loucura. ilustração de hans holbein (1515)
Com exceção de Erasmo, o Renascimento nos Países Bai-
xos foi essencialmente dominado pela pintura. Numa das 
regiões mais ricas da Europa, a burguesia era disciplinada 
e trabalhadora, sem pretensões aristocratizantes. Investia-
-se em arte e doavam-se pinturas às igrejas como meio de 
purificação das próprias almas. A realidade social aparece 
de forma autêntica na pintura, que reproduz a miséria e a 
pobreza ao lado da riqueza. As obras do período retratam 
interiores de templos, palácios, oficinas e residências, bem 
como objetos, naturezas-mortas e paisagens. Nessa época 
se desenvolveu a técnica do retrato, principalmente o de 
perfil e o retrato conjugal. 
A Divina Comédia – Dante Alighieri (1321)
O poema – talvez o maior do Ocidente – descreve uma 
viagem do Inferno ao Paraíso, na qual se sucedem di-
versos acontecimentos. Sua força está na riqueza das 
alegorias, que tornam o relato atemporal.
multimídia: livro
Os flamengos foram os inventores da pintura a óleo, por 
meio da qual conseguiram efeitos notáveis. Na pintura a 
óleo O casal Arnolfini, de Jan van Eyck, inaugurou-se o 
retrato conjugal.
Ainda profundamente ligado às raízes góticas da arte fla-
menga, Hieronymus Bosch, em O jardim das delícias, 
criou uma atmosfera caótica de homens e mulheres bestifi-
cados em situações insólitas. Com preocupação sobretudo 
moralizante, o artista critica o caráter dissoluto da socieda-
de de seu tempo. 
o casal amolFini, de jan Van eYck. 
típico casal burguês em ascensão socioeconômica
5. Renascimento científico
As ciências, os estudos da natureza e a busca de expli-
cações racionais para os fenômenos naturais foram es-
timulados pelo pensamento renascentista. Em oposição 
aos dogmas e verdades incontestáveis impostos pela fé, 
foram estimulados o conhecimento racional, a observa-
ção e a experiência como fontes de conhecimento.
graVura de harmonia macrocósmica, de andreas cellarius (1660-1661), 
representando o modelo heliocêntrico, segundo copérnico
Na obra De revolutionibus orbium celestium (Sobre a re-
volução dos globos celestes), Nicolau Copérnico negou 
a teoria geocêntrica (a Terra como centro do universo) e 
propôs o heliocentrismo, defendendo que o centro do 
universo é o Sol, em torno do qual giram a Terra e todos os 
outros planetas.
Essa teoria foi confirmada pelo italiano Galileu Galilei, 
que se serviu de uma luneta para estudar os movimentos 
dos astros e acabou descobrindo os satélites de Júpiter. Ga-
CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias  25
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lileu foi julgado pelo Tribunal da Inquisição por confirmar o 
heliocentrismo. Para escapar da morte, abriu mão de suas 
ideias, negando-as publicamente.
O alemão Johannes Kepler realizou estudos sobre o mo-
vimento dos astros e observou as órbitas dos planetas em 
torno do Sol, comprovando que são elípticas e não circula-
res, como se imaginava até então. 
Os estudos do corpo humano estimularam descobertas e 
avanços na Medicina. Leonardo da Vinci realizou estu-
dos de anatomia humana, assim como o médico flamengo 
André Vesálio, que pesquisou o corpo humano pela dis-
secação de cadáveres.
humanis corporis Fabrica, detalhe de andré Vesálio
O francês Ambroise Pare descobriu uma nova maneira de 
estancar hemorragias, enquanto o médico espanhol Miguel 
de Servet descreveu o mecanismo da pequena circulação.
Merecem destaque ainda o suíço Paracelso (pseudônimo 
de Phillipus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohe-
nheim), que abriu caminho para a doutrina dos medica-
mentos específicos e da farmacologia, e o médico inglês 
Willian Harvey, que descobriu o retorno do sangue ao 
coração pelos vasos sanguíneos.
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Artes plásticas
O Renascimento cultural teve início no século XIV, na Itália, e se estendeu por toda a Europa durante os 
séculos seguintes. A península Itálica, importante centro comercial da época, possuía uma economia pujante, 
cujos excedentes puderam ser investidos também na produção cultural.
Duas das mais famosas obras produzidas nesse período são Pietà e David, ambas de Michelangelo. A Pietà 
retrata a Virgem Maria com o corpo de Jesus em seus braços, logo depois da crucificação. David retrata o pastor 
responsável por derrotar o gigante Golias na famosa passagem bíblica. 
Em ambas as obras, são impressionantes o realismo e a riqueza de detalhes. Essas esculturas demonstram, entre 
outras coisas, a afeição do artista pela arte sacra, a riqueza presente na arte do período e a revivência de valores 
clássicos pelos artistas renascentistas. Embora afirmem alguns que os renascentistas pregavam contra os mitos 
e preceitos cristãos, é fácil observar que muitas obras do período refutam esse equívoco histórico.
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias  27
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HABILIDADE 16
Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
O desenvolvimento tecnológico, associado à sofisticação da produção e do comércio, redimensiona em 
diferentes graus as relações de trabalho. Uma tecnologia como a do arado manual tende a gerar uma 
relação de trabalho específica – normalmente, no caso do ocidente, a servidão. Já a máquina a vapor, du-
rante a Revolução Industrial, estabeleceu a relação assalariada entre operários e burgueses. Não se trata, 
obviamente, de uma relação determinística, mas de uma tendência geral.
A habilidade 16 requer a análise de textos, obras de arte ou dados estatísticos que apresentem mudanças 
no mundo do trabalho associadas a inovações tecnológicas. O candidato deve ter sua capacidade de 
interpretação aguçada, além de compreender as principais inovações científicas e tecnológicas na história.
MODELO 1
(Enem) No início foram as cidades. O intelectual da Idade Média – no Ocidente – nasceu com elas. Foi com o 
desenvolvimento urbano ligado às funções comercial e industrial – digamos modestamente artesanal – que 
ele apareceu, como um desses homens de ofício que se instalavam nas cidades nas quais se impôs a divisão 
do trabalho. Um homem cujo ofício é escrever ou ensinar, e de preferência as duas coisas a um só tempo, um 
homem que, profissionalmente, tem uma atividade de professor e erudito, em resumo, um intelectual – esse 
homem só aparecerá com as cidades.
le goFF, j. os intelectuais na idade média. rio de janeiro: josé olYmpio, 2010.
O surgimento da categoria mencionada no período em destaque no texto evidencia o(a):
a) apoio dado pela Igreja ao trabalho abstrato;
b) relação entre desenvolvimento urbano e divisão de trabalho;
c) importância organizacional das corporações de ofício;
d) progressiva expansão da educação escolar;
e) acúmulo de trabalho dos professores e eruditos.
ANÁLISE EXPOSITIVA
O desenvolvimento urbano e o renascimento cultural promoveram transformações na sociedade, como o 
surgimento de novas profissões urbanas, possibilitando também uma nova divisão do trabalho.
RESPOSTA Alternativa B
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM28  CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias
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RENASCIMENTO CULTURAL
RENASCIMENTO CIENTÍFICO
• CRISE DO FEUDALISMO
• CRESCIMENTO DA ECONOMIA DE MERCADO
• FORTALECIMENTO DA BURGUESIA
• LITERATURA - DANTE ALIGHIERI, 
NICOLAU MAQUIAVEL, BOCCACCIO
• ARTES PLÁTICAS - BITTICELLI, 
MICHELANGELO, LEONARDO DA VINCI
• ESPANHA - MIGUEL DE CERVANTES
• PORTUGAL - GIL VICENTE, CAMÕES
• INGLATERRA - SHAKESPEARE
• FRANÇA - RABELAIS, MONTAIGNE
• PAÍSES BAIXOS - ERASMO DE ROTERDÃ
• TRECENTO (XIV)
• QUATTROCENTO (XV)
• CINQUECENTO (XVI)
• CADA LOCAL COM SUAS ESPECIFICIDADES
• ENFRAQUECIMENTO DO 
PENSAMENTO CRISTÃO
• ANTROPOCENTRISMO
• NICOLAU COPÉRNICO (HELIOCENTRISMO)
• GALILEU GALILEI
• JOHANNES KEPLER
• LEONARDO DA VINCI
• RACIONALISMO
• ESTUDO DA NATUREZA
• EXPERIMENTAÇÃO
• OBSERVAÇÃO
• ANTROPOCENTRISMO
• RACIONALISMO
• CLASSICISMO
• HEDONISMO
• NATURALISMO
• INDIVIDUALISMO
• PRINCIPAL CENTRO BUGUÊS DA EUROPA
• MECENATO - FINANCIAMENTO DE 
ARTISTAS PELA BURGUESIA E IGREJA
CONTEXTO
EXPOENTE
EXPOENTES
TRÊS FASES
EXPANSÃO PELA EUROPA
CONTEXTO EXPOENTES
CARACTERÍSTICAS
CARACTERÍSTICAS
RENASCIMENTO NA ITÁLIA
DIAGRAMA DE IDEIAS
CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias  29
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1. A crise da Igreja Medieval 
e a Revolução Espiritual 
da Época Moderna
john WycLiffe entrega a tradução da BíBLia aos padres. 
quadro de william Frederick Yeames.
Na transição da Idade Média para a Idade Moderna, o 
mundo passou por grandes transformações, com destaque 
para a Europa, onde ocorreram o renascimento comercial e 
Urbano, o desenvolvimento do capitalismo, o fortalecimen-
to das monarquias nacionais e o Renascimento Cultural. 
Essas transformações modificaram a visão de mundo dos 
homens e criaram uma realidade que se desconectava da 
Igreja Católica, alicerçada em bases medievais, as quais 
condenavam, por exemplo, o lucro e a usura, elementos 
fundamentais do capitalismo nascente, gerando atritos 
com a burguesia. Os reis absolutistas não mais admitiam 
interferência em seus estados nacionais, o que causava 
problemas de relacionamento com a Santa Sé.
A nobreza via o seu poder enfraquecido diante do desen-
volvimento do capitalismo e dos Estados nacionais. Assim, 
passou a cobiçar as terras da Igreja como alternativa de 
reforçar seu poder. O comportamento de membros do cle-
ro se tornou alvo de críticas contundentes com o objetivo 
de contestar a Igreja Católica, enfraquecendo-a e abrindo 
espaço para a quebra de sua hegemonia. 
O comportamento do clero era criticado pelos humanistas 
do Renascimento, dentre os quais se destacam Erasmo de 
Roterdã, Dante Alighieri e Thomas Morus. No final do sé-
culo XIV, ocorreram movimentos contestadores da Igreja 
Católica que sinalizaram para as transformações que vi-
riam a ocorrer. As calamidades que assolaram o período 
provocaram novas demandas espirituais da população e 
refletiram o despreparo da Igreja para atendê-las. Os prin-
cipais críticos da Igreja Romana foram o inglês John Wy-
cliffe, ligado à Universidade de Oxford, e o boêmio John 
Huss, da Universidade de Praga. Ambos teóricos eruditos, 
denunciaram a riqueza do clero como violação dos precei-
tos cristãos e atacaram a base da autoridade eclesiástica 
ao argumentar que a Igreja não controlava o destino do 
indivíduo. Afirmavam que a salvação não dependia dos ri-
tuais da Igreja ou de seus sacramentos, mas de aceitar o 
dom da fé concedido por Deus. 
A reforma religiosa foi responsável pela quebra da uni-
dade cristã ocidental e pelo fim da hegemonia da Igreja 
Católica na Europa, bem como pelo surgimento de novas 
igrejas integradas às novas realidades da burguesia e dos 
monarcas absolutistas.
1.1. Reforma: definição e fatores
A Reforma foi um movimento de revolução espiritual e de 
profunda revisão religiosa e política que, no século XVI, deu 
origem ao protestantismo. Nesse processo, uma parte dos 
Estados católicos europeus rompeu com a Igreja Católica. 
Numa visão geral, o protestantismo foi um movimento reli-
gioso e doutrinário que marcou a passagem do feudalismo 
para o capitalismo. 
O chamado humanismo evangelista foi uma das causas 
importantes da Reforma. Seus adeptos defendiam uma 
renovação da Igreja para aproximá-la do cristianismo pri-
mitivo. Em 1509, Erasmo de Roterdã, em seu famoso livro 
Elogio da Loucura, traçou o retrato da Igreja daquele mo-
mento: uma religião de pompa, rica, cujos representantes 
ostentavam um luxo sem par; uma Igreja cheia de vícios, 
abusos e ociosidade. Havia um enorme abismo entre o que 
a Igreja pregava e o que fazia. Os membros da alta hierar-
quia do clero viviam luxuosamente, totalmente alheios ao 
povo. O voto de castidade era habitualmente esquecido, 
causando escândalo entre a população. Em uma prática 
que ficou conhecida como simonia, as relíquias sagradas 
REFORMA E 
CONTRARREFORMA
COMPETÊNCIA(s)
1, 2, 3, 4, 5 e 6
HABILIDADE(s)
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 
12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 
20, 22, 23, 24, 25, 26, 27 e 28
CH
AULAS 
21 E 22
30  CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias



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(objetos supostamente tocados por Cristo, por Maria ou 
pelos santos) eram vendidas como mercadorias e os cargos 
eclesiásticos eram objeto de negociatas. 
a Venda de indulgências. pintura de augsburg, c. 1530.
Contudo, o abuso que promoveu maior reação foi o comércio 
de indulgências. As indulgências eram documentos vendidos 
pela Igreja e assinados pelo papa que absolviam o compra-
dor de alguns pecados cometidos, diminuindo o tempo de sua 
pena no purgatório.
A formação das monarquias nacionais foi outro motivo impor-
tante que impulsionou o movimento reformista. Durante o feu-
dalismo, a Europa se apresentava fragmentada em inúmeros 
pequenos feudos, em que as relações com as regiões vizinhas 
eram pouco comuns. As pessoas não tinham uma consciência 
muito clara de nacionalidade, ou seja, não se imaginavam ha-
bitantes de um país. Nos séculos XV e XVI, formaram-se nações 
com um rei que exercia total autoridade sobre os limites do ter-
ritório. As pessoas que aí habitavam falavam a mesma língua e 
tinham consciência de sua nacionalidade. A Igreja, possuidora 
de terras e propriedades espalhadas por toda a Europa, passou 
a ser considerada uma potência estrangeira. Aos poucos, come-
çou a se formar uma reação contra as possessões eclesiásticas 
e a arrecadação de impostos ou taxas pelo clero. Essa situação 
causou o declínio da autoridade papal, pois o rei e a nação 
passaram a ser vistos como mais relevantes. 
Outra causa não menos importante da Reforma foi a ascen-
são da burguesia. A classe dos comerciantes precisava mudar 
os dogmas da Igreja Católica que proibiam o lucro e a usura. 
A burguesia necessitava de uma religião que justificasse seu 
amor pelo dinheiro e incentivasse as atividades ligadas ao co-
mércio. 
Na visão de mundo católica, a única forma de riqueza legítima 
era a terra. O dinheiro, o comércio e as atividades bancárias 
eram práticas pecaminosas, indignas de um cristão. Trabalhar 
para satisfazer as necessidades era justo, mas fazê-lo para lu-
crar, que é a essência do capital, era pecado. 
A doutrina protestante, criada pela Reforma, pregava exata-
mente o oposto. A riqueza, materializada principalmente no 
dinheiro, era um dom de Deus. A doutrina estabelecida pela 
Reforma estava perfeitamente adequada aos anseios da nova 
classe burguesa, que se encontrava em fase de expansão. 
2. Reforma no Sacro Império 
Romano-Germânico: 
o Luteranismo
2.1. As origens da Reforma 
Sob a liderança de Martinho Lutero (1483-1546), a 
Reforma teve início no Sacro Império Romano-Germâni-
co, em parte da atual Alemanha. Filho de camponeses 
nascido na Saxônia, Martinho Lutero cursou filosofia na 
Universidade de Erfurt, quando se tornou monge, ingres-
sando na Ordem de Santo Agostinho, em 1505. Em 1512 
doutorou-se em teologia e passou a lecionar na Universi-
dade de Wittenberg.
martinho lutero
O comportamento de integrantes do clero e o apego aos 
bens materiaispor parte da Igreja incomodavam Lutero. 
Discípulo de Santo Agostinho, criticava o comércio de in-
dulgências e defendendia que a salvação seria alcan-
çada pela fé, acreditando que as boas obras não eram 
capazes de afastar o homem do pecado. Suas ideias eram 
pregadas na Universidade de Wittenberg e entraram em 
rota de colisão com a Igreja. 
Em 1517, o Papa Leão X intensificou a venda de indulgên-
cias para arrecadar fundos para a construção da Basílica 
de São Pedro em Roma. Esse fato incomodou Lutero pro-
fundamente, que reagiu, publicando suas 95 teses – fi-
xando-as na porta da Catedral de Wittenberg – contra a 
venda de indulgência e propondo alterações na doutrina 
religiosa. Lutero, porém, ainda não havia manifestado um 
rompimento absoluto com a Igreja. 
A princípio, Lutero foi convocado a se retratar, sob pena de 
ser considerado herege. Por se negar a obedecer a referida 
retratação, foi excomungado por meio da Bula papal Exsur-
ge Domini, que Lutero queimou em praça pública, explici-
tando seu rompimento com a Igreja Católica. 
Devido à sua excomunhão, Lutero teve que ser julgado 
por um tribunal secular. Para proceder o julgamento, foi 
convocada a Dieta de Worms, em 1521, pelo impera-
CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias  31
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dor do Sacro Império Romano-Germânico, Carlos V, católico devoto e aliado do papa. Quando solicitado a se retratar, 
Lutero respondeu: “Se eu não estiver convencido de erro pelo testemunho das Escrituras ou pela razão clara (...) não 
posso retratar-me, nem me retratarei, de coisa alguma, pois não é seguro nem honesto agir contra a própria consciência. 
Deus me ajude. Amém”. Pouco depois desse confronto com o imperador, Lutero precisou se esconder para não ser preso. 
Lutero na dieta de Worms. pintura de anton Von werner (1843-1915).
Entretanto, Lutero não estava sozinho. Ele contava com 
grande apoio da nobreza alemã, interessada no enfraque-
cimento da Igreja. É importante destacar que, à época, no 
Sacro Império Romano-Germânico, existiam inúmeros pe-
quenos principados governados por uma nobreza interes-
sada em diminuir a influência do imperador e do papa em 
seus territórios com o intuito de submeter a Igreja e expro-
priar-lhe os bens. 
Refugiado sob a proteção do Duque Frederico da Saxônia, 
em Wartburg, Lutero traduziu a Bíblia do latim para o ale-
mão, retirando algumas partes que a compunham.
2.2. A revolta camponesa anabatista 
de Thomas Müntzer (1524-1525) 
A reforma luterana começou a atrair seguidores de diver-
sas classes sociais. Camponeses anabatistas miseráveis se 
uniram em torno de Thomas Müntzer exigindo as terras da 
Igreja, a supressão das obrigações servis (em espécie ou 
trabalho) e a devolução das terras comunais. Lutero con-
denou veementemente os camponeses, referindo-se a eles 
como perturbadores da ordem que deveriam ser tratados 
como cães raivosos. Comprometido com os interesses da 
nobreza, Lutero apoiou o massacre contra os pobres mise-
ráveis que ousaram contestar sua situação deplorável. 
2.3. A Paz de Augsburgo (1555) 
Em 1529, na Dieta de Spira, o imperador Carlos V proibiu 
a difusão da doutrina luterana no Sacro Império Romano-
-Germânico, provocando protestos entre seus seguidores, 
que passaram a ser chamados de protestantes. Os conflitos 
se tornaram inevitáveis, especialmente quando os príncipes 
alemães criaram a Liga Militar de Smalkalde. 
As lutas só foram encerradas em 1555, com a Paz de Au-
gsburgo, que estabeleceu que a escolha da religião em 
cada região do Sacro Império caberia a seus respectivos 
príncipes (cujos régio ejus religio). Assim sendo, o norte do 
Sacro Império tornou-se protestante, e o sul, católico. Des-
sa forma, a unidade da Igreja romana deixava de existir. 
2.4. A doutrina luterana 
Os fundamentos do luteranismo estão na Confissão de 
Augsburgo, exposta, em 1530, por Melanchton – que 
fora monge junto com Lutero. São eles: 
 § A salvação não se alcança pelas obras, mas pela fé e pela 
confiança na misericórdia de Deus. 
 § O culto simples – somente salmos e leitura da Bíblia – 
em língua nacional. 
 § A manutenção de dois (batismo e eucaristia) dos sete 
sacramentos do catolicismo. 
 § A crença de que, durante a eucaristia, há apenas a pre-
sença (consubstanciação) de Jesus no pão e no vinho, 
e não a transformação (transubstanciação) do pão e do 
vinho no corpo e no sangue de Cristo, como creem os 
católicos. 
 § O contato direto entre Deus e o fiel por meio das orações, 
sendo dispensável o clero como “intermediário”. 
 § O livre exame, ou seja, o direito de todo cristão interpre-
tar as palavras da Bíblia segundo sua própria consciên-
cia, equivalendo à emancipação da vontade individual no 
plano da ideologia religiosa. 
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A ética religiosa luterana apresentava poucos atrativos 
para a burguesia, uma vez que condenava o dinheiro e o 
comércio, associando-os ao demônio. 
O luteranismo se expandiu basicamente no Sacro Império 
e nos países escandinavos (Suécia, Dinamarca e Noruega), 
regiões essencialmente rurais, pouco desenvolvidas em ter-
mos comerciais. 
3. O Calvinismo 
3.1. A Reforma na Suíça 
A Suíça havia se tornado independente em 1499, mas 
ainda apresentava forte integração com o Sacro Império 
Romano-Germânico no início do século XVI. Assim, as 
teses luteranas foram rapidamente difundidas pelo país, 
com destaque para Ulrico Zuinglio (1489-1531), que 
era seguidor de Lutero. Suas pregações atraíram seguido-
res que se envolveram em uma Guerra Civil (1529-1531), 
na qual o próprio Zuinglio foi morto. O conflito foi encer-
rado com a Paz de Kappel, que estabeleceu a liberdade 
religiosa no país. 
O francês João Calvino – que havia sido perseguido na 
França por ser um seguidor da Reforma –, aproveitando-
-se da liberdade religiosa implantada na Suíça, lançou, em 
1534, a obra Instituição da Religião Cristã, na qual suplica-
va ao rei suíço proteção aos protestantes franceses e expu-
nha sua doutrina religiosa, embasada na ideia de predesti-
nação. Assim como Lutero, Calvino condenou o celibato e 
a maioria dos sacramentos.
Fonte: Youtube
Lutero
Depois de quase ser atingido por um raio, Martim Lutero 
(Joseph Fiennes) acredita ter recebido um chamado. Ele 
se junta ao monastério, mas logo fica atormentado com 
as práticas adotadas pela Igreja Católica na época. Após 
pregar em uma igreja suas 95 teses, Lutero passa a ser 
perseguido. Pressionado para que se redima publicamen-
te, Lutero se recusa a negar suas teses e desafia a Igreja 
Católica a provar que elas estejam erradas e contradigam 
o que prega a Bíblia. Excomungado, Lutero foge e inicia 
sua batalha para mostrar que seus ideais estão corretos e 
que eles permitem o acesso de todas as pessoas a Deus. 
multimídia: vídeo
calVino
Suas ideias e pregações conquistaram cada vez mais adep-
tos. A cidade de Genebra, onde Calvino havia adquirido 
prestígio e poder, passou a regular a vida das pessoas por 
meio de um órgão denominado Consistório, que vigiava 
a disciplina, a moral e as normas de comportamento, que 
iam das vestimentas a hábitos que deviam ser seguidos.
Rigoroso e autoritário como a Inquisição Católica, o Con-
sistório aboliu músicas, festas, bares e jogos, além de pro-
mover execuções na fogueira, como a do médico Miguel 
de Servet, preso e queimado em Genebra por defender 
princípios considerados pecaminosos por Calvino. 
3.2. A doutrina calvinista 
Fundamentalmente, o calvinismo se baseou no luteranis-
mo: aboliu todos os sacramentos, menos o batismo e a 
eucaristia; defendeu que Cristo se encontra presente ape-
nas espiritualmente na eucaristia; acabou com o culto dos 
santos e das imagens e permitiu o livre exame da Bíblia. O 
calvinismo, entretanto, radicalizou o luteranismo. 
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Calvino, como Lutero, defendia que a salvação não se al-
cançava pelas obras, mas pela fé. O homem, segundo Cal-
vino, era miserável,corrompido e cheio de pecados, não 
merecedor da graça divina. Somente a fé poderia salvar-lhe 
a alma. Mas essa salvação, para Calvino, dependia somen-
te da vontade divina. Essa era a ideia de predestinação. 
Para Calvino, Deus havia predestinado os homens de ante-
mão: a minoria seria eleita à salvação, enquanto a maioria 
seria condenada à eterna maldição.
Os princípios calvinistas agradaram aos segmentos burgue-
ses do país, pois favoreciam os interesses capitalistas ao 
criar uma nova visão de trabalho e da riqueza. Baseado na 
predestinação, o calvinismo justificava a riqueza, a usura e 
estimulava o trabalho – identificado como um dos sinais de 
salvação – e o lucro, na medida em que acúmulo de capitais 
era visto como cumprimento de um dever dado por Deus 
à burguesia. Além disso, criou modelos de comportamento 
para os trabalhadores, que deviam ser honestos, submissos 
e conformados, devendo cumprir da melhor e mais eficiente 
maneira a função que lhes foi dada por Deus. 
A doutrina calvinista foi a que melhor se adequou aos prin-
cípios burgueses e capitalistas. Considerada a teologia do 
capitalismo, foi a ética reformista que mais se expandiu, 
atingindo diversos países. Na França, seus fiéis ficaram co-
nhecidos como huguenotes; na Inglaterra, como puritanos; 
na Escócia, como presbiterianos; e na Holanda, como refor-
mados. Países como Dinamarca e Holanda adotaram o cal-
vinismo como religião oficial depois de sua independência.
Fonte: Youtube
Elizabeth – A era de ouro
Inglaterra, 1585. Elizabeth I (Cate Blanchett) está quase 
há três décadas no comando da Inglaterra, mas ainda 
precisa lidar com a possibilidade de traição em sua pró-
pria família. Simultaneamente, a Europa passa por uma 
fase de catolicismo fundamentalista, em que tem como 
testa de ferro o rei Felipe II (Jordi Mollá), da Espanha. 
Apoiado pelo Vaticano e armado com a Inquisição, 
Felipe II planeja destronar a “herege” Elizabeth I, que 
é protestante, e restaurar o catolicismo na Inglaterra. 
Preparando-se para entrar em guerra, Elizabeth busca 
equilibrar as tarefas da realeza com uma inesperada 
vulnerabilidade, causada por seu amor proibido com o 
aventureiro Sir Walter Raleigh (Clive Owen).
multimídia: vídeo
4. Reforma na Inglaterra: 
o Anglicanismo 
Na Inglaterra, a reforma religiosa teve um caráter extrema-
mente político. Conduzida pelo rei Henrique VIII, levou à 
formação de uma igreja nacional que serviu de instrumen-
to de consolidação do Absolutismo real no país. 
O poder econômico da Igreja Católica e sua influência fu-
giam do controle o Estado. A Igreja acumulava riquezas por 
meio de tributos impostos à população e o clero ampliava 
cada vez mais suas rendas oriundas das vastas terras. Essa 
situação provocava um forte sentimento antipapal nos 
meios políticos do país. 
Em 1530, o rei inglês Henrique VIII solicitou ao Papa Cle-
mente VII a anulação de seu casamento com Catarina de 
Aragão, pois desejava se casar com Ana Bolena, sob a 
justificativa de sua esposa não lhe dar um filho homem 
para herdar o trono. Diante da negação papal, Henrique 
VIII casou-se, em 1533, com Ana Bolena, dando início a um 
processo de ruptura com a Igreja Católica na Inglaterra. O 
papa Clemente VII excomungou-o.
rei henrique Viii
Na verdade, o soberano inglês aproveitou as questões re-
lacionadas a seu casamento para acabar com o poder da 
Igreja Católica na Inglaterra que, de certa forma, concorria 
com o poder do rei. Em 1534, o Parlamento aprovou o 
Ato de Supremacia, colocando a Igreja sob a autoridade 
do rei. Estava nascendo a Igreja Nacional Inglesa – a Igre-
ja Anglicana, que tinha como chefe supremo o monarca 
inglês. Os bens da Igreja Católica foram confiscados, pas-
sando para as mãos da nobreza. Assim, os barões ingleses 
viram suas terras ampliadas a ponto de multiplicar a cria-
ção de ovelhas, num momento em que a lã começava a ser 
procurada pelas manufaturas de tecidos. 
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O sucessor de Henrique VIII foi seu filho Eduardo VI, que 
manteve a Reforma no país, aproximando-se da doutrina 
Calvinista. Depois de sua morte prematura, em 1553, foi 
sucedido pela irmã Maria Tudor, que se casou com Felipe 
II, rei da Espanha e católico fervoroso, reaproximando o 
trono inglês da Santa Sé e perseguindo violentamente os 
protestantes e calvinistas. A rainha Maria Tudor morreu em 
1558, sendo sucedida por Elisabeth I, que era filha de Ana 
Bolena e Henrique VIII. 
A Igreja Romana considerava a rainha Elisabeth bastar-
da e fruto do pecado cometido pelo pai. Quando a nova 
rainha retomou a Reforma Anglicana, consolidando-a, o 
rompimento foi definitivo. Em 1563, o Parlamento britâ-
nico aprovou a Confissão dos 39 artigos, definindo o câ-
none Anglicano. Foi adotada a doutrina calvinista, sendo 
mantidas, porém, a hierarquia episcopal e a formalidade 
do catolicismo no culto. 
Fonte: Youtube
A outra
Anne (Natalie Portman) e Mary (Scarlett Johansson) são 
irmãs que foram convencidas por seu pai e tio ambicio-
sos a aumentar o status da família tentando conquistar 
o coração de Henry Tudor (Eric Bana), o rei da Inglaterra. 
Elas são levadas à corte e logo Mary conquista o rei, 
dando-lhe um filho ilegítimo. Porém, isto não faz com 
que Anne desista de seu intento, buscando de todas as 
formas passar para trás tanto sua irmã quanto a rainha 
Catarina de Aragão (Ana Torrent).
multimídia: vídeo
5. A reação da Igreja 
Católica: a Contrarreforma1
A Reforma religiosa foi responsável pelo rompimento da 
unidade cristã no Ocidente. A Igreja Católica perdeu o con-
trole da doutrina religiosa cristã devido ao surgimento de 
novas igrejas sob orientação luterana e calvinista. A Igreja 
também viu reduzido seu espaço e seu poder político, além 
de perder importantes áreas territoriais e bens que foram 
confiscados em regiões reformadas.
A situação gerou a necessidade de uma reação por par-
1. O termo “Contrarreforma” está em desuso pois dá a ideia incorreta de 
que a reforma católica só ocorreu por consequência da reforma protestante.
te de Igreja Católica em um movimento denominado 
Contrarreforma. A expansão do protestantismo foi 
um grande estímulo para que a Igreja Católica fizesse 
uma análise profunda de suas doutrinas, estruturas e 
processos de formação. Esse movimento causou uma 
reestruturação da Santa Sé, fundamentada no princípio 
de moralização do clero e na reorganização das estru-
turas eclesiásticas.
A Reforma Protestante – Coleção O 
Cotidiano da História - Luiz Maria Veiga 
Durante a Idade Média, os povos europeus cristãos re-
conheciam a Igreja Católica como a única autoridade 
espiritual existente. No entanto, o alto clero havia acu-
mulado tanto poder que passou a se preocupar mais 
com as questões terrenas do que com as espirituais. Era 
comum encontrar religiosos envolvidos com nepotismo, 
corrupção, luxúria, o que deixava a Igreja cada vez mais 
desacreditada perante a população. Em 1517, no entan-
to, o Catolicismo sofreu um grande abalo. Naquele ano, 
o monge alemão Martinho Lutero criticou duramente 
essas práticas vergonhosas e desencadeou um processo 
de reforma religiosa que provocou um verdadeiro cisma 
na Igreja Católica. Estava nascendo o Protestantismo, 
uma religião que obrigou os católicos a mudarem sua 
postura para recuperar o prestígio junto a seus fiéis. 
Conteúdo histórico:
 § Panorama socioeconômico e político da Alemanha 
no século XVI; 
 § Relações entre religião, sociedade, política e econo-
mia alemãs; 
 § Lutero e o estopim da Reforma religiosa; 
 § Müntzer e a repressão às revoltas camponesas; 
 § Abalo na unidade e na autoridade da Igreja Católica; 
 § Limites da Reforma Luterana.
multimídia: livro
A Contrarreforma teve início em 1545, quando o Papa 
Paulo III convocou o Concílio de Trento. A princípio, fo-
ram convidados teólogos protestantes e calvinistas, mas 
sem atuação marcante. O Concílio ocorreu e o clero cató-
lico teve a oportunidade de reavaliar a estrutura da Santa 
Sé,tomando algumas decisões que iriam nortear a sua 
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atuação junto aos fiéis, entre as quais é possível destacar: 
 § A reafirmação dos dogmas católicos, como o princípio 
da salvação pela fé e boas obras, fundamentado na epís-
tola de São Tiago; a intercessão dos santos e da Virgem 
Maria; o celibato clerical; a infalibilidade do papa; a hie-
rarquia eclesiástica e a infalibilidade do casamento. 
 § O combate à corrupção do clero, com a proibição da 
venda de indulgências e de cargos eclesiásticos, além da 
obrigatoriedade dos clérigos frequentarem seminários 
antes de sua ordenação. 
 § A reativação do Tribunal do Santo Ofício ou Santa Inqui-
sição, com o objetivo de julgar e punir as heresias. 
 § A criação do Index Librorum Prohibitorum, uma lista de 
livros cuja leitura estava proibida aos católicos, entre eles 
alguma obras de autores renascentistas e de orientação 
religiosa protestante e calvinista. 
 § A busca de novos fiéis, por meio do estímulo à atuação 
de ordens religiosas, especialmente no recém-descober-
to continente americano. 
indeX librorum prohibitorum
Em relação à busca de novos fiéis, merece destaque a atu-
ação da Companhia de Jesus ou Ordem dos Jesuí-
tas, fundada em 1534 por Inácio de Loyola. A Ordem era 
caracterizada pela rígida disciplina e respeito pela hierar-
quia, lembrando uma organização militar, o que fez com 
que ficassem conhecidos como “soldados de Cristo”. Pri-
morosos educadores, os jesuítas fundaram e organizaram 
escolas em diversas regiões, especialmente no continente 
americano onde sua atuação foi destacada, sobretudo na 
catequese dos nativos.
o padre jesuíta antônio Vieira catequizando os índios.
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Em A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, o sociólogo alemão Max Weber discorre sobre a importância 
da Reforma Protestante para a formação do capitalismo moderno, de modo que relaciona as doutrinas religiosas 
de crença protestante para demonstrar o surgimento de um modus operandi de relações sociais que favorece e 
caracteriza a produção de excedentes, gerando o acúmulo de capital.
Nesse sentido, pode-se afirmar que o mundo, outrora dominado pela religião católica, era também concebido a 
partir da cultura por ela promulgada. Isso significa que o modo de vida pregado no catolicismo era propagado 
para além dos limites da Igreja, perpassando a vida dos sujeitos. No entanto, o catolicismo condenava a usura e 
pregava a salvação das almas por meio da confissão, das indulgências e da presença nos cultos. Dessa forma, o 
católico enxergava o trabalho como modo de se sustentar, e não via problema em também se divertir, buscando 
modos de lazer nos quais empenhava seu dinheiro, produzido apenas para seu usufruto. Menos temerário ao pe-
cado que o protestante, e impregnado pela proibição da usura, o católico pensava que pedir perdão a seu Deus 
seria suficiente para elevar-se ao “reino dos céus”. Dessa maneira, seguindo essa cultura religiosa, a acumulação 
de bens não encontrou caminhos amplos e permaneceu adormecida.
No entanto, com o advento do protestantismo, a doutrina se modificou, e a salvação passou a ser, para alguns, não 
mais passível de ser conquistada, mas sim uma providência divina, em que o trabalho era meio crucial para glorifi-
car-se. Para o protestante, o trabalho enobrece o homem, o dignifica diante de Deus, pois é parte de uma rotina que 
dá às costas ao pecado. Durante o período em que trabalha, o indivíduo não encontra tempo de contrariar as regras 
divinas: não pratica excessos, não cede à luxúria, não se dá à preguiça: não há como fugir das finalidades celestiais. 
E, complementando a doutrina protestante, é crucial pontuar que nessa religião não há espaço para sociabilidade 
mundana, pois todo o prazer que se põe à parte da subserviência a Deus foi considerado errado e abominável. 
Assim, restava a quem acreditava nessas premissas o trabalho e a acumulação, já que as horas estendidas na pro-
dução excediam as necessidades desses religiosos, gerando o lucro.
Assim, quando se fala em uma concepção tradicional de trabalho, trata-se da concepção católica, que não 
acumulava e pensava o trabalho como meio de garantir subsistência. Já a concepção que vê o trabalho como 
fim absoluto é a protestante, que enxerga no emprego de esforços produtivos a finalidade da própria existência 
humana, interligada com os propósitos providenciais de Deus.
maX weber
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
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CONCÍLIO 
DE TRENTO
REFORMA E CONTRARREFORMA
1 - REFORMA
2 - CONTRARREFORMA
REAÇÃO DA IGREJA 
CATÓLICA À REFORMA
REVISÃO DA DOUTRINA
QUANDO
CONSEQUÊNCIA
FATORES
PASSAGEM DA IDADE MÉDIA PARA A MODERNA 
(TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO PARA O CAPITALISMO)
QUEBRA DA UNIDADE CRISTÃ NA EUROPA OCIDENTAL
• ABUSOS E IMORALIDADES DO CLERO
• VENDA DE INDULGÊNCIAS
• SIMONIA
• SURGIMENTO DO CAPITALISMO
• CRÍTICA CATÓLICA AOS JUROS E USURA
• FORMAÇÃO DAS MONARQUIAS NACIONAIS
• CRÍTICA AO PODER DA IGREJA NOS TERRITÓRIOS
• REAFIRMAÇÃO DOS DOGMAS CATÓLICOS
• PROIBIÇÃO DA VENDA DE INDULGÊNCIAS E SIMONIA
• REATIVAÇÃO DA INQUISIÇÃO
• INDEX: LIVROS PROIBIDOS
• “COMPANHIA DE JESUS” (1534) - EXPANSÃO DA FÉ CATÓLICA
LUTERANISMO
ORIGEM: SACRO IMPÉRIO 
ROMANO-GERMÂNI-
CO (ALEMANHA)
FUNDADOR: MARTINHO LUTERO
• 1517 - “95 TESES DE LUTERO”
• 1529 - PROIBIÇÃO DO 
LUTERANISMO
• 1555 - PAZ DE AUGSBURGO
DOUTRINA:
• SALVAÇÃO PELA FÉ
• DOIS SACRAMENTOS: BA-
TISMO E EUCARISTIA
• CONSUBSTANCIAÇÃO
• LIVRE INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA
LOCAL: NORTE DA ALEMANHA
ORIGEM: SUÍÇA
FUNDADOR: JOÃO CALVINO (1534)
DOUTRINA: 
• SALVAÇÃO POR PRE-
DESTINAÇÃO
• VALORIZAÇÃO DO TRA-
BALHO E DO LUCRO
• CONSISTÓRIO - CÓDIGO 
ÉTICO E MORAL RÍGIDO
LOCAIS:
• SUÍÇA: CALVINISMO
• FRANÇA: HUGUENOTES
• INGLATERRA: PURITANOS
• ESCÓCIA: PRESBITERIANOS
ORIGEM: INGLATERRA
FUNDADOR: HENRIQUE VIII
• 1534 - “ATO DE SUPREMACIA”
• ROMPE COM A IGRE-
JA CATÓLICA
• O REI SE TORNA CHE-
FE DA IGREJA
• CONFISCO DOS BENS DA IGREJA
DOUTRINA:
• MANUTENÇÃO DA HIERARQUIA
ECLESIÁSTICA
• 7 SACRAMENTOS CATÓLICOS
• USO DA LÍNGUA INGLESA
EM CULTOS
CALVINISMO ANGLICANISMO
DIAGRAMA DE IDEIAS
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luís XiV e sua Família, retratados como deuses romanos. jean 
nocret (1670). nessa imagem é possíVel perceber o rei luís 
XiV retratado como uma Figura mitológica, como um deus. 
a centralização política de seu reinado, em que o rei era a 
encarnação do poder e do estado, chegou ao ápice durante a idade 
moderna. a ele é atribuída a aFirmação: “o estado sou eu”. 
1. O Estado Moderno
Na transição da Idade Média para a Idade Moderna, ocor-
reu o processo de formação dos Estados Modernos, em 
contraposição aos feudos, marcados pelo predomínio po-
lítico do poder local e diretamente ligados à posse da ter-
ra. Os Estados Modernos mantiveram as velhas estruturas 
feudais, como o predomínio político e social da nobreza e 
do clero, que obtiveram privilégios fiscais e jurídicos, asso-
ciadas a novos elementos, como a centralização do po-
der político e práticas econômicas intervencionistas.
Para que possamos compreender como esses novos ele-
mentos foram surgindo, vale retornarmos ao período de 
decadência do sistema feudal, período conhecido como 
“Baixa Idade Média”, entre os séculos XI e XV. 
1.1 Formação das monarquias nacionais 
Durante o feudalismo, predominava na Europa a autorida-
de da Igreja e da nobreza, que impunha uma autoridade 
de cunho particularista, controlando apenas seus feudos. 
A Igreja irradiava sua autoridade de forma universal, espa-
lhando-a por toda a Europa. O renascimento comercial 
e urbano originou a necessidade de centralizar o poder 
para unificar os tributos, as moedas, os pesos, as medidas, as 
leis e a própria língua. Esses obstáculos ao desenvol vimento 
do comércio só poderiam ser removidos por um poder que 
submetesse anobreza e exercesse autoridade em regiões 
bem maiores que a de um simples feudo. A so lução viria 
com a criação do Estado Moderno sob a forma de monar-
quias nacionais. A formação dessas monarquias ocorreu por 
meio de uma luta de interesses que aproximou os reis e 
setores da burguesia nascente contra a nobreza e a Igreja.
A burguesia, camada recém-formada, ainda não possuía es-
trutura política para assumir a tarefa de centralizar o poder. 
Tinha apenas consciência de que os particularismos feudais 
eram contrários aos seus interesses econômicos.
Os reis, por sua vez, também estavam interessados em for-
talecer o próprio poder, o que era difícil no interior do com-
plexo sistema de vassalagem do feudalismo. Os reis depen-
diam do exército de seus vassalos, mas não podiam contar 
com essa ajuda contra os privilégios da nobreza feu dal. As 
suas únicas rendas, provenientes dos domínios reais, eram 
insuficientes para formar exércitos mercenários perma-
nentes, capazes de lutar contra os exércitos de seus vassalos. 
Na luta pela independência das cidades, houve uma apro-
ximação entre os reis e a burguesia, na qual os burgueses 
forneciam aos reis os capitais necessários para a formação 
de exércitos mercenários permanentes para lutar contra os 
senhores feudais e centralizar o poder.
Ao longo desse processo secular, a construção da estrutura 
burocrática dos Estados Mo dernos exigia vultosas quantias 
financeiras, o que incen tivava uma crescente necessidade 
de tributos diretamente arrecadados e administrados pelo 
governo central, que controlava as atividades comercias por 
meio de práticas in tervencionistas fundamentais para im-
pulsionar o desenvol vimento da acumulação de capital por 
meio do comércio e das atividades artesanais.
1.2. As características do 
Estado Moderno 
As principais características do Estado Moderno eram: ter-
ritório definido, moeda nacional, idioma comum, centrali-
zação política, organização da burocracia estatal e exército 
nacional.
ANTIGO REGIME: 
ABSOLUTISMO, 
MERCANTILISMO 
E A MONARQUIA 
FRANCESA
COMPETÊNCIA(s)
1, 2, 3, 4, 5 e 6
HABILIDADE(s)
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 
12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 
20, 22, 23, 24, 25, 26, 27 e 28
CH
AULAS 
23 E 24
CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias  39
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eXércitos nacionais da França e da inglaterra em combate 
na batalha de azincourt, no norte da França, durante a 
guerra dos cem anos, em 25 de outubro de 1415.
A formação das monarquias nacionais surgiu de um processo 
gradual de acumulação de poderes na figura real. A princípio, 
os soberanos estabeleceram a delimitação do território, no 
qual exerceriam sua autoridade e influência. Os poderes lo-
cais da nobreza seriam submetidos à autoridade do monarca, 
que passou a impor tributos e regras nacionais. 
Outro instrumento de consolidação dos Estados Modernos foi 
a imposição de um idioma nacional, que deveria ser usado 
nos limites do território onde o monarca mantinha sua au-
toridade, associado a origens, tradições e costumes comuns. 
Os monarcas impuseram moedas nacionais, fundamentais 
nas trocas comerciais e na arrecadação tributária. Para garan-
tir a manutenção da autoridade real, foram formados os exér-
citos nacionais, que simbolizavam o poder dos reis expresso 
no monopólio da força pelo Estado. Esses exércitos nacionais 
eram disciplinados, remunerados e diretamente controlados 
pelos reis, que os usavam para impor sua autoridade e garan-
tir o respeito às suas ordens em todo o país, além de garantir 
a defesa do território contra inimigos externos. 
2. O Absolutismo
2.1. Definição e características
A centralização do poder e da autoridade política na figura 
do soberano foi uma das principais características do pe-
ríodo de formação dos Estados Modernos. Chegou-se ao 
limite de associar o poder dos reis a desígnios divinos, ou 
seja, a supostas linhagens sagradas. 
Por Absolutismo entenda-se o poder ilimitado, incontes-
tável e inquestionável. Os reis decretavam leis, impunham 
tributos, definiam questões de justiça e comandavam os 
exércitos. Superiores em relação a todos os demais grupos 
sociais e gananciosos por mais e mais prestígio, os sobera-
nos passaram a disputar espaço no Estado Moderno com a 
nobreza e a burguesia.
O Estado Absolutista alimentava-se desse conflito, forta-
lecia-se com as disputas e oferecia concessões aos dois 
lados: privilégios fiscais e jurídicos à nobreza e protecio-
nismo econômico e política econômica ditada pelo Esta-
do para a burguesia. 
2.2. Os teóricos do Absolutismo 
Teóricos e pensadores fundamentaram o poder absolutista, 
justificaram sua origem e o comportamento autoritário dos 
reis. Os principais teóricos do Absolutismo foram Nicolau 
Maquiavel, Jacques Bossuet, Jean Bodin e Thomas Hobbes. 
nicolau maquiaVel
 § Nicolau Maquiavel (1469-1527) nasceu em Floren-
ça, cidade italiana e importante palco do renascimento 
comercial. Sua obra mais destacada foi O Príncipe, de-
dicada ao governante de Florença, Lourenço de Médici. 
Nela, expressa sua concepção sobre o Estado Moderno. 
Defende um Estado forte e soberano, cujos interesses de-
vem se sobrepor aos valores morais. Ao soberano cabe 
que seja ao mesmo tempo “amado e temido”. O prínci-
pe deve estar preparado para “fazer o bem, se possível, e 
o mal sempre que necessário”, sem medir esforços para 
impor sua vontade. A prioridade do príncipe é manter 
seu poder, sem entrar no mérito dos meios para esse fim. 
A lógica básica do pensamento de Maquiavel sinteti-
za-se na frase: “Os fins justificam os meios”. Maquiavel 
é considerado o precursor da ciência política.
 § Jacques Bossuet (1627-1704) foi um bispo francês 
que viveu na corte e participou da educação do futu-
ro rei Luís XIV. Bossuet estabeleceu uma teoria sobre o 
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Absolutismo na obra Política segundo a Sagrada Escri-
tura. À luz de princípios religiosos e bíblicos, justificou a 
escolha do rei como vontade direta de Deus, assim como 
fez com Saul, personagem do Antigo Testamento. O po-
der do rei emanaria diretamente de Deus. Ser rei era um 
chamado divino. Contestar o poder do rei era desobede-
cer à vontade divina, ou seja, era crime e pecado. Caso o 
rei fosse cruel ou incompetente, restava ao povo rezar; a 
maldade de um rei emanaria diretamente dos pecados 
do povo.
 § Jean Bodin (1530-1596) escreveu a obra Seis livros 
da República. Renomado jurista, Bodin apresentou 
a teoria da soberania: a “alma” perpétua e absoluta 
de um Estado. Por meio dela justifica-se e impõe-se a 
coesão política. O soberano estava acima de tudo, de 
qualquer forma de sujeição, inclusive da lei, criada e re-
vogada por ele e aplicada a quem quer que fosse como 
bem lhe aprouvesse. Guardião da ordem pública, podia 
fazer tudo para preservá-la. Para Bodin, a monarquia 
era o regime mais apropriado à natureza humana. Da 
mesma maneira que a família tem um só chefe, e o céu 
tem apenas um sol, somente um poder central poderia 
dar harmonia ao corpo político de um país. 
 § Thomas Hobbes (1588-1679) foi o autor da obra Le-
viatã – monstro mitológico todo poderoso que governava 
o caos. Esse seria poder do rei absolutista, que garantiria 
a ordem social e manteria o controle sobre a sociedade, 
constituida por homens maus, egoístas e mesquinhos.
O leviatã, monstro mitológico mencionado na Bíblia, é re-
presentado na obra de Hobbes como um gigante coroado, 
cujo corpo é formado por pequenos indivíduos aglomera-
dos. Sua imagem está acima do campo e das cidades. Nas 
mãos, uma espada e um báculo, símbolos dos poderes 
militar e religioso. Nas colunas de baixo, outros símbolos: 
um forte, uma catedral, uma coroa, uma mitra, armas e 
paramentos litúrgico, além das cenas de batalha e de um 
concílio, simbolizando que todo poder (secular e religioso) 
está nas mãos do soberano, único senhor absoluto. 
capa da edição original de leViatã (1651).
Nas sociedades primitivas sem Estado nem leis, os ho-
mensviviam em conflitos sociais, matando-se uns aos 
outros por motivos banais, conflitos esses que compro-
metiam a própria existência da humanidade, fenômeno 
que inspirou a célebre máxima do autor: “O homem é o 
lobo do próprio homem”. Num raro momento de lucidez 
e devido a um sentimento de preservação da espécie, 
as sociedades se organizaram em forma de Estado, que 
deveria ter força suficiente para impor a ordem. Contra 
aquela situação de violência e anarquia, os homens fir-
maram um pacto – o “contrato social” –, renunciaram à 
liberdade e aos direitos em troca da segurança oferecida 
pelo Estado, que deveria reinar soberana e absolutamen-
te sobre seus súditos. Para Hobbes, o Estado deveria ser 
um Leviatã absolutista para que fosse possível impor a 
ordem social e preservar a própria humanidade. 
“o rei Vê de mais longe e de mais alto; deVe acreditar-se que 
ele Vê melhor, e deVe obedecer-se-lhe sem murmurar, pois o 
murmúrio é uma disposição para a sedição.” (jacques bossuet).
3. O mercantilismo
O mercantilismo foi uma política econômica dos Estados 
Modernos europeus que acompanhou o período de forma-
ção das monarquias nacionais e atingiu seu apogeu com 
o Absolutismo. 
3.1. Objetivos 
Um dos principais objetivos do mercantilismo era promover 
práticas econômicas executadas pelo Estado nacional com 
o objetivo de auferir ganhos e possibilitar o fortalecimento 
do Estado. Entretanto, como contava com a burguesia na 
execução da política econômica, o mercantilismo favorecia o 
enriquecimento e o ganho de poder dessa nova classe social. 
A política econômica mercantilista foi a expressão da bus-
ca de poder e riqueza pelo Estado nacional. No início da 
Idade Moderna, os Estados europeus viviam em lutas pelo 
domínio do comércio mundial e das colônias; por isso, ne-
cessitavam formar exércitos e marinhas poderosos. Para 
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fortalecer o tesouro real com o aumento de impostos, era 
preciso desenvolver o comércio e as manufaturas. À medi-
da que se processava esse desenvolvimento, a burguesia, 
sua beneficiária, enriquecia. 
O mercantilismo exprimia a aliança entre os reis e a 
burguesia pela unificação e desenvolvimento do poder 
nacional. Foram as regulamentações mercantilistas, com 
seu rígido controle sobre a economia, que promoveram o 
processo de acumulação de capitais pela burguesia. 
3.2. Características
Nos diversos países, a política econômica mercantilista 
apresentava uma série de características comuns.
 § Metalismo – a riqueza de um país era medida pela 
quantidade de metais preciosos dentro de suas frontei-
ras. Quanto mais ouro e prata houvesse no país, mais rico 
e poderoso ele seria. Com metais preciosos, os governos 
compravam armas, contratavam soldados, construíam 
navios, pagavam funcionários e custeavam as guerras. 
Para acumular metais preciosos, além de impedir a saída 
de ouro e prata, era preciso provocar sua entrada. 
 § Balança comercial favorável – esse princípio mer-
cantilista estava intimamente ligado ao anterior. Con-
sistia em vender mercadorias pelo maior valor possível 
para o exterior e comprar pelo menor valor. O valor total 
das exportações deveria sempre superar o das importa-
ções. Essa era uma das formas de um país provocar a 
entrada de metais preciosos e promover o metalismo. 
 § Protecionismo – para manter uma balança comercial 
favorável, o Estado nacional deveria incentivar as ex-
portações observando uma série de medidas: desvalori-
zação da moeda, proibição da exportação de matérias-
-primas e, principalmente, desestímulo às importações, 
cujas tarifas alfandegárias deveriam ser sobretaxadas e 
caras para o consumidor nacional. 
 § Sistema colonial (colonialismo) – com o objetivo 
de fortalecer o Estado nacional e, consequentemente, o 
poder do rei, alguns países lançaram-se nos séculos XV 
e XVI à conquista de novas terras a fim de fazer crescer 
suas fontes de riquezas. Essa era a função fundamental 
das colônias da América e da África: enriquecer as me-
trópoles. Das colônias, as metrópoles poderiam retirar as 
mercadorias de que necessitassem, metais preciosos e 
produtos tropicais, e ao preço que quisessem. Paralela-
mente, poderiam obrigar a colônia a adquirir produtos 
manufaturados da metrópole ao preço que ela determi-
nasse. A essa relação desigual entre metrópole e colô-
nia deu-se o nome de pacto colonial, mediante o qual a 
balança comercial ficava sempre favorável à metrópole.
 § Monopólios – graças ao pacto colonial, somente a 
metrópole poderia comerciar com seus domínios. O 
monopólio era condição fundamental para o desenvol-
vimento do comércio e das manufaturas, uma vez que 
constituía a única forma possível de realizar grandes 
empreendimentos. Os capitais se uniam para controlar 
com exclusividade um ramo da produção manufaturei-
ra, o comércio de uma localidade ou o comércio colo-
nial. O monopólio, no entanto, pertencia ao Estado que, 
em troca de pagamento, transferia-o aos burgueses. 
 § Intervencionismo estatal – visava ao fortalecimen-
to do poder nacional. O Estado intervinha na economia 
por meio de incentivo e proteção das manufaturas, 
altas tarifas alfandegárias e garantia dos monopólios, 
além da fixação de uma política de controle sobre os 
salários, os preços e a qualidade das mercadorias. 
O renascimento da escravidão na época moderna movi-
mentava grande quantidade de capitais, sendo uma im-
portante fonte de aceleração da acumulação primitiva de 
capital, que, ao lado dos demais fatores, compunha a eta-
pa de constituição do capitalismo. 
3.3. Tipos de mercantilismo
A prática do mercantilismo na Europa ocidental dos sécu-
los XVI e XVII obedeceu às condições específicas de cada 
país, mediante as quais cada um procurava aumentar a 
riqueza nacional. 
3.3.1.Mercantilismo espanhol (Bulionismo)
“eXploração do méXico”. mural, de diego riVera.
No século XVI, a Espanha conquistou vasto império colonial. 
Grandes quantidades de ouro e prata provenientes do Peru 
e do México chegavam à Metrópole, o que lhe trouxe duas 
graves consequências: desinteresse pelas atividades indus-
triais e agrárias, ocasionando queda na produção; inflação 
generalizada, resultado da alta vertiginosa do preço das 
mercadorias em escassez, conhecida como Revolução dos 
Preços. Obrigada a importar manufaturados, a Espanha 
transferiu essa inflação para toda a Europa.
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3.3.2. Mercantilismo francês (Colbertismo)
No século XVII, o mercantilismo inglês era fundamental-
mente comercial e industrial. A indústria têxtil era a mais 
importante das atividades exportadoras do país. Em razão 
disso, o Estado proibiu a exportação de lã e elevou as taxas 
aduaneiras para impedir a concorrência dos tecidos france-
ses e holandeses. 
A ideia mercantilista de comprar barato e vender caro vi-
gorou na Inglaterra de vários modos: ganhos no frete, es-
tímulo à indústria de construção naval e, principalmente, 
formação de grandes companhias de comércio privilegia-
das pelo Estado. 
“um porto marítimo Francês, no auge do mercantilismo” (1638), 
de claude lorrain.
3.3.3. Mercantilismo dos Países Baixos 
Por volta do século XVII, os Países Baixos eram o modelo 
do Estado capitalista. A partir de 1615, grandes possessões 
espanholas na Ásia foram dominadas pela Holanda. 
Na América, os holandeses ocuparam colônias na região 
das Antilhas, onde organizaram grandes plantações de 
cana-de-açúcar. Além de dominarem intensamente o co-
mércio colonial, os Países Baixos eram importantes regiões 
manufatureiras de tecidos. Ali surgiram as primeiras insti-
tuições financeiras.
De acordo com as concepções de sua época, Colbert, mi-
nistro das finanças de Luís XIV, buscou fazer a riqueza da 
França com a acumulação de metais preciosos obtidos 
de uma balança comercial favorável. Para isso, procurou 
tornar o país economicamente autossuficiente, proibiu ou 
inibiu as importações com elevadas tarifas alfandegáriase 
incentivou as exportações de artigos de luxo – tecidos de 
seda, cristais, porcelana e tapeçaria. Sua política econômi-
ca também buscava acelerar o desenvolvimento industrial 
na França com a criação das manufaturas reais e de gran-
des companhias comerciais, a concessão de monopólios 
estatais, a subvenção à produção de artigos de luxo e a 
conquista de colônias. 
3.3.4. Mercantilismo inglês
 No século XVI, a Espanha conquistou vasto império colonial. 
Grandes quantidades de ouro e prata provenientes do Peru 
e do México chegavam à Metrópole, o que lhe trouxe duas 
graves consequências: desinteresse pelas atividades indus-
triais e agrárias, ocasionando queda na produção; inflação 
generalizada, resultado da alta vertiginosa do preço das 
mercadorias em escassez, conhecida como Revolução dos 
Preços. Obrigada a importar manufaturados, a Espanha 
transferiu essa inflação para toda a Europa.
4. O Estado francês
Para que possamos compreender como ocorre o fortaleci-
mento do poder real e a consolidação do Estado Nacional 
Francês, precisaremos retornar ao período da Baixa Idade 
Média.
4.1. A monarquia nacional francesa
ricardo coração de leão
Foi na França Ocidental, uma das três divisões do Império 
Carolíngio, segundo o Tratado de Verdun, que surgiu a mo-
narquia nacional. A dinastia Carolíngia terminou no século 
X, dando início a dinastia Capetíngia, sob a qual se fortale-
ceria o poder do rei. 
Na luta pela centralização política e expansão territorial, 
os reis capetíngios enfrentaram a nobreza e a Inglaterra, 
dona de vastos territórios ao norte da França, contando 
com o apoio das cidades e da burguesia. Os principais reis 
capetíngios foram Filipe Augusto, Luis IX e Filipe IV, o Belo. 
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Fonte: Youtube
The Myths and Legends of King Arthur and the 
Knights of the Round Table – Rick Wakeman
multimídia: música
Filipe Augusto organizou o sistema de impostos e um exér-
cito permanente que conquistou territórios dos reis ingle-
ses na França. No governo de Luís IX, o poder real se forta-
leceu ainda mais. Para facilitar o comércio, foi criada uma 
moeda padronizada, organizaram-se tribunais reais para 
uniformizar a justiça e ampliaram-se os domínios da coroa. 
Com Filipe IV, o Belo, o Estado francês entrou em conflito 
com o papado, uma vez que o rei pretendia cobrar tributos 
do clero francês. Com a morte do papa Bonifácio VIII, Filipe 
IV influenciou a eleição do novo papa, o francês Clemente V. 
Em 1309, sob a tutela do poder real, o papado instalou-se 
na cidade francesa de Avignon até 1377, período conhecido 
como o Cativeiro de Avignon. Os filhos de Filipe IV não 
tiveram herdeiros masculinos, o que pôs fim à dinastia Cape-
tíngia, sucedida pela dinastia Valois, com Filipe VI.
4.2. O Absolutismo na França
Na França, o poder real se estabeleceu gradativamente 
durante todo o século XVI. As guerras de religião que aba-
laram o país nos fins do século XVI retardaram o avanço 
do Absolutismo. Entretanto, na segunda metade do século 
XVII, com Luís XIV, o Absolutismo francês já se encontrava 
perfeitamente configurado. 
4.2.1. As guerras de religião 
Na segunda metade do século XVI, o calvinismo foi in-
troduzido na França e conquistou adeptos entre parte da 
nobreza e, principalmente, da burguesia. Nessa época, 
a França era governada pelo débil monarca Francisco II, 
mas o poder era exercido de fato pelo duque de Guise, 
chefe da facção mais fanática dos católicos. Os hugue-
notes – calvinistas – eram violentamente reprimidos pe-
los Guise, que viam no calvinismo um inimigo do poder 
central. A tensão entre os dois grupos acabou se trans-
formando em sangrentos conflitos durante o reinado de 
Carlos IX (1560-1574). 
Até que Carlos IX completasse a maioridade, a regência 
foi ocupada por sua mãe, Catarina de Médici, aliada dos 
católicos e resolvida a exterminar os huguenotes. Em 1572, 
na fatídica Noite de São Bartolomeu (24 de agosto), 
foram mortos cerca de 30 mil huguenotes.
massacre de são BartoLomeu (1576), de François dubois. 
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Ivanhoe – “Sir” Walter Scott 
Ivanhoe ou Ivanhoé é um romance do escritor escocês 
Walter Scott, publicado em 1820. Narra a luta entre sa-
xões e normandos e as intrigas de João Sem Terra para 
destronar Ricardo Coração de Leão. É considerado o pri-
meiro romance histórico do Romantismo.
multimídia: livro
4.2.2. A dinastia Bourbon 
O processo de consolidação do Absolutismo na França tem 
início com o rei Henrique IV, primeiro governante da di-
nastia Bourbon, que substituiu a dinastia Valois. 
henrique iV
No poder, Henrique IV promoveu a pacificação entre católi-
cos e protestantes por meio do Edito de Nantes (1598), 
que concedia liberdade de culto e o direito de admissão 
dos protestantes em cargos públicos. 
Segundo a tradição da monárquica francesa, somente um 
católico poderia assumir o trono. Henrique de Navarra, que 
era protestante, só pôde ser coroado Henrique IV depois de 
se converter ao catolicismo, oportunidade em que suposta-
mente teria dito a famosa frase: “Paris bem vale uma missa”.
No século XVII, com Luís XIII, o Absolutismo se consolidou 
sob a dinastia dos Bourbon. Durante seu governo, o Ab-
solutismo ganhou considerável impulso, graças à política 
de seu primeiro-ministro, o cardeal de Richelieu, que, 
para fortalecer o poder real, procurou controlar a nobreza 
e subordiná-la ao rei. Richelieu desenvolveu a administra-
ção pública mediante um eficaz aparato burocrático e, por 
meio dela, facilitou ao rei a fiscalização das províncias.
No política exterior, o objetivo de Richelieu foi tornar a 
França a maior potência europeia e enfraquecer a Áustria, 
o que levou o país à luta, ao lado dos príncipes protestan-
tes alemães, contra a dinastia católica austríaca dos Ha-
bsburgos na Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). Depois 
da guerra, a França tornou-se a maior potência militar do 
continente europeu. 
luís XViii, com richelieu ao Fundo.
Em 1643, depois da morte de Luís XIII, subiu ao trono Luís 
XIV, sob a regência da rainha-mãe Ana d’Áustria e do car-
deal Mazzarino, que governou até 1661. Os aumentos dos 
impostos decretados pela regência revoltaram a burguesia 
e a nobreza, que se uniram nas chamadas frondas. A mor-
te de Mazzarino precipitou o governo de Luís XIV (1661-
1715), que se caracterizaria como o mais emblemático go-
verno absolutista, levando ao extremo a ideia de completa 
identificação entre o soberano e o Estado.
Preparado desde a infância por Mazzarino para o exercício 
do poder real, Luís XIV sintetizou suas convições absolutis-
tas na frase: “L’État c’est moi” (O Estado sou eu).
Luís XiV (1701), de hYacinthe rigaud.
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Quando assumiu o governo, Luís XIV acumulou em si as 
funções do Estado afastando os ministros permanentes 
e esvaziando o Conselho – base do governo no período 
anterior. Nas províncias, foram confirmadas as intendên-
cias, ligadas diretamente ao poder central, que também 
exerciam sua autoridade em matéria de justiça, finanças e 
política, além de fiscalizar os oficiais detentores dos cargos 
públicos locais e supervisionar a arrecadação tributária. 
No plano social, Luís XIV promoveu a ascensão da burgue-
sia, da qual recrutou alguns ministros, como Colbert, das 
finanças. Para controlar a nobreza, atraiu-a para a corte e 
ofereceu-lhe luxo, festas e pensões. O Palácio de Versalhes, 
residência do rei, era cercado de 10 mil pessoas, entre cor-
tesãos, soldados, lacaios, etc.. Tornou-se símbolo do Abso-
lutismo francês, cujo grande ideólogo foi Jacques Bossuet.
Fonte: Youtube
A Morte de Luís XIV
No ano de 1715, mais especificamente no mês de agosto, 
o monarca Luís XIV (Jean-Pierre Léaud) começa a sentir 
dores na perna. Ele continua a exercer suas funções nos 
dias seguintes, mas passa a ter sonos intranquilos, além de 
problemas com alimentação e febre. Cada diamais fraco, 
acompanhamos os lentos e últimos dias da sua vida.
multimídia: vídeo
No campo religioso, Luís XIV revogou o Edito de Nantes, 
em 1685, proibindo o protestantismo. Cerca de 150 mil 
pessoas se viram obrigadas a abandonar o país. Em segui-
da, o Luís XIV deu um golpe na Igreja Católica, submeten-
do-a à sua autoridade e obrigando o clero francês a pagar 
impostos ao rei. Essas medidas procuravam reafirmar a 
autoridade real perante a população francesa. 
construído durante o reinado de luís XiV, o “rei sol”, o palácio 
de Versalhes se tornou modelo de residência real na europa. 
A economia e as finanças estavam a cargo do ministro Je-
an-Baptiste Colbert, membro ligado à burguesia, que go-
vernava junto ao monarca. Sua política mercantilista visa-
va a autossuficiência do país com uma balança comercial 
favorável. Para isso, Colbert lançou mão da concessão do 
monopólio de certos produtos a alguns fabricantes bem-
-sucedidos, da vigilância estrita sobre todas as corporações 
de ofício e da criação de manufaturas, de propriedade da 
coroa, destinadas à produção e à exportação de artigos de 
luxo, como cristais e tapeçarias. 
A política externa de Luís XIV teve como principal caracte-
rística as sucessivas guerras para preservar sua supremacia 
na Europa. Paralelamente aos gastos vultosos para a manu-
tenção da corte, as finanças e a economia foram arruinadas. 
Nos últimos anos do governo de Luís XIV e no reinado de 
Luís XV, a crise do Absolutismo se intensificou e assumiu 
proporções catastróficas no governo de Luís XVI, quando, 
em 1789, o Antigo Regime foi destituído pela Revolução 
Francesa. 
Fonte: Youtube
O Homem da Máscara de Ferro
No século XVII, o cruel Luís XIV (Leonardo DiCaprio) 
manda clandestinamente para a masmorra o irmão gê-
meo que ninguém sabe existir, para tomar o poder. Mas 
o mosqueteiro Aramis (Jeremy Irons) descobre o segredo 
e convence seus companheiros a salvar o prisioneiro.
multimídia: vídeo
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Um dos componentes do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é o PIB per capita. Sendo o PIB (Y) toda a 
riqueza produzida por um país em um ano, o indicador PIB per capita é a divisão do PIB pelo número de habi-
tantes desse país. 
Ao se analisar a equação da Renda Nacional, ou PIB, observa-se que há um componente (X–Z), que representa 
a Balança Comercial da nação. Esse componente estava presente no mercantilismo. A Balança Comercial 
Favorável (X>Z) consiste no fato de o Estado exportar (vender) mais do que importar (comprar), alcançando 
um superavit e possibilitando, assim, o acúmulo de metais. Para alcançar esse quadro, os Estados elevavam as 
barreiras alfandegárias, ou as tarifas/impostos sobre importações, tornando-as mais difíceis e as desestimulando; 
essa prática é denominada protecionismo.
Y = DA = C + I + G + X - Z
EM QUE:
Y = Renda Nacional
DA = Demanda Agregada
C = Consumo das Famílias
I = Investimento dos Empresários
G = Gastos do Governo
X = Exportações e Z = Importações
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
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HABILIDADE 11
Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
A Habilidade 11 requer dos candidatos interpretação de textos, imagens e fontes documentais em geral. 
No caso especificamente tratado, refere-se a um fragmento de uma obra biográfica que não abre mão de 
discutir o ambiente histórico do músico biografado Mozart. 
O aluno deve SE ater ao texto, além de compreender a estrutura sociológica e a estratificação política do 
período. Evidentemente, a obra trata do período do Antigo Regime, quando havia uma estratificação social 
estamental da sociedade, que era dividida entre clero, nobreza e o Terceiro Estado (composto por servos, 
artesãos, artistas, burgueses, etc.). 
É muito comum a presença de textos de suporte para a construção da questão. Cabe ao candidato inter-
pretá-los a fim de assinalar a alternativa correta. 
MODELO 1
(Enem) O que chamamos de corte principesca era, essencialmente, o palácio do príncipe. Os músicos eram tão 
indispensáveis nesses grandes palácios quanto os pasteleiros, os cozinheiros e os criados. Eles eram o que se 
chamava, um tanto pejorativamente, de criados de libré. A maior parte dos músicos ficava satisfeita quando tinha 
garantida a subsistência, como acontecia com as outras pessoas de “classe média” na corte; entre os que não 
se satisfaziam, estava o pai de Mozart. Mas ele também se curvou às circunstâncias a que não podia escapar.
adaptado de: norbert elias. mozart: sociologia de um gênio. jorge zahar, 1995, p. 18.
Considerando-se que a sociedade do Antigo Regime dividia-se tradicionalmente em estamentos: nobreza, 
clero e Terceiro Estado, é correto afirmar que o autor do texto, ao fazer referência à “classe média”, descreve 
a sociedade utilizando a noção posterior de classe social, a fim de:
a) aproximar da nobreza cortesã a condição de classe dos músicos, que pertenciam ao Terceiro Estado;
b) destacar a consciência de classe que possuíam os músicos, ao contrário dos demais trabalhadores manuais; 
c) indicar que os músicos se encontravam na mesma situação que os demais membros do Terceiro Estado; 
d) distinguir, dentro do Terceiro Estado, as condições em que viviam os “criados de libré” e os camponeses; 
e) comprovar a existência, no interior da corte, de uma luta de classes entre os trabalhadores manuais. 
ANÁLISE EXPOSITIVA
A alternativa [C] é a única resposta possível, a partir da ideia de que o Terceiro Estado era formado majori-
tariamente pelas camadas populares que viviam em situação de pobreza, assim como os músicos da corte, 
forçados a aceitar uma situação na qual os serviços eram pagos com alimentação e moradia. Entretanto, 
vale lembrar que os burgueses, inclusive os setores mais ricos, também eram membros do Terceiro Estado. 
RESPOSTA Alternativa C
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
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DIAGRAMA DE IDEIAS
1 - ABSOLUTISMO
ANTIGO REGIME - ABSOLUTISMO E MERCANTILISMO
ESTADO MODERNO
ABSOLUTISMO
CARACTERÍSTICAS
CARACTERÍSTICAS
• ALIANÇA ENTRE REI E BURGUESIA
• UNIFICAÇÃO TERRITORIAL
• CONTROLE DO COMÉRCIO
• COBRANÇA DE IMPOSTOS
• MOEDA NACIONAL
• ORGANIZAÇÃO DA BUROCRACIA ESTATAL
• EXÉRCITO NACIONAL
• CONTROLE DA RELIGIÃO
• CONTROLE DA NOBREZA
• FORTALECIMENTO MILITAR
• COLONIALISMO
• MERCANTILISMO
TEÓRICOS
• NICOLAU MAQUIAVEL - O PRÍNCIPE
• JACQUES BOSSUET - LIGAÇÃO DIVINA
• JEAN BODIN - SEIS LIVROS DA REPÚBLICA
• THOMAS HOBBES - LEVIATÃ
REI COM PODER ILIMITADO 
E INQUESTIONÁVEL
PROCESSO GRADUAL 
DE CENTRALIZAÇÃO DO 
PODER MONÁRQUICO
(SÉCULOS XVI-XVII)
FRANÇA
FIM DA DINASTIA CAPETÍNGIA
NOVAS RELAÇÕES COM A IGREJA
(CATIVEIRO DE AVIGNON)
CENTRALIZAÇÃO DO 
PODER REAL
DINASTIA VALOIS
LUÍS XIV (O REI SOL)
LUÍS XIII E PRIMEIRO-MINISTRO
CARDEAL RICHELIEV
HENRIQUE IV
DINASTIA BOURBON
DINASTIA VALOIS
• GUERRAS RELIGIOSAS
• CATÓLICOS X HUGUENOTES
• EDITO DE NANTES (1598)
• CONVERTE-SE AO CATOLICISMO
• ORGANIZA BUROCRACIA ESTATAL
• CENTRALIZA O PODER
• REVOGA O EDITO DE NANTES
• SUBMETE A IGREJA AO ESTADO
• APROXIMA-SE DA BURGUE-
SIA (COLBERTISMO)
• CUSTEIA A NOBREZA
• GUERRA DOS TRINTA ANOS (1618-1648)
ABSOLUTISMO NA FRANÇA
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1. A monarquia nacional inglesa
A formação da Inglaterra moderna teve início em 1066, 
com a conquista da Ilha pelos normandos, liderados por 
Guilherme, o Conquistador, na batalha de Hastings. A or-
ganização eficiente do reino permitiu a Guilherme exercer 
um poder razoavelmente centralizado.
Em 1154, Henrique II deu continuidade a essa política, 
fundando a dinastia Plantageneta. A Grande Assembleia 
reunia-se três vezes por ano; foram instituídos juízes iti-
nerantes; criou-se a prática do júri; inaugurou-se o alista-
mento militar obrigatório para todos os homens livres; e 
procurou-se manter a Igreja sob sua autoridade.A Demanda do Santo Graal – Anônimo (séc. XIII)
A Demanda do Santo Graal (em francês La Queste del 
Saint Graal) é o nome de algumas obras literárias me-
dievais sobre as lendas do rei Artur e os cavaleiros da 
Távola Redonda, escritos originalmente em francês an-
tigo no século XIII.
multimídia: livro
Com seus filhos Ricardo Coração de Leão e João Sem-Terra, 
a autoridade real se enfraqueceu. Em 1215, derrotado nos 
conflitos com a França e com o papado, João Sem-Terra foi 
obrigado pela nobreza inglesa a assinar um documento, a 
Magna Carta. Nela, a autoridade real fora limitada pelo 
Grande Conselho, órgão composto por bispos, condes e 
barões. O rei não poderia, por exemplo, aumentar os im-
postos sem a prévia autorização dos nobres. 
No século XIII, em oposição ao rei, os barões ingleses oficia-
lizaram o Parlamento, oficialmente dividido, no século 
XIV, em Câmara dos Lordes (nobres e clero) e Câmara dos 
Comuns (cavaleiros e burgueses). Ao longo dos séculos, o 
Parlamento usaria seu poder de controlar a receita para 
aumentar sua influência. Desenvolveu-se, então, a tradição 
de que o poder de governar não estava apenas com o rei, 
mas com o rei e o Parlamento juntos.
2. O Absolutismo na Inglaterra
Na Inglaterra, a consolidação e o apogeu do Absolutismo 
ocorreram durante a dinastia Tudor (1485-1603), que as-
cendera ao poder no final da Guerra das Duas Rosas 
(1455-1485). Nessa guerra civil, as duas mais poderosas 
famílias da nobreza inglesa – a família Lancaster, represen-
tada por uma rosa vermelha, e a família York, por uma rosa 
branca – disputaram o poder. Os Lancaster, então no poder, 
representavam os interesses da velha nobreza feudal; e os 
York, a nova nobreza aliada à burguesia.
a dinastia tudor
Depois da guerra, Henrique Tudor, descendente dos Lan-
caster, casou-se com Elizabeth, de York, unindo sob sua 
direção as duas famílias.
Quase todo o período inicial do governo dessa dinastia foi 
de relativa tranquilidade. A preocupação dominante durante 
o reinado de Henrique VII foi a reconstrução do reino. A 
autoridade do rei se fortaleceu com facilidade, dada a fragi-
lidade da nobreza e devido ao apoio popular a um governo 
estável, depois de um período de trinta anos de guerra. 
Entretanto, essa autoridade sempre esbarrava no Parla-
mento, notadamente quando se tratava de questões finan-
ceiras. Para decretar novos impostos, o rei era obrigado a 
convocar o Parlamento, que tradicionalmente poderia acei-
tar ou não suas propostas.
MONARQUIA 
INGLESA E AS 
REVOLUÇÕES 
INGLESAS DO 
SÉCULO XVII
COMPETÊNCIA(s)
1, 2, 3, 4, 5 e 6
HABILIDADE(s)
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 
12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 
20, 22, 23, 24, 25, 26, 27 e 28
CH
AULAS 
25 E 26
50  CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias
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henrique Vii
Depois da morte de Henrique VII, em 1509, o poder foi 
transmitido ao seu filho Henrique VIII, cujos primeiros 
vinte anos de reinado foram marcados pela continuidade 
da obra do pai e por um aumento gradativo do poder real. 
No período da Reforma Protestante, o processo de cen-
tralização do poder real se acelerou. Henrique VIII utilizou 
questões pessoais relacionadas ao seu casamento para de-
sencadear a Reforma Anglicana, aumentar o poder real e re-
duzir drasticamente o poder da Igreja Católica. Com o Ato de 
Supremacia, em 1534, a questão da religião no país passou 
a ser atribuição pessoal do rei, e os bens da Igreja Católica 
foram confiscados, especialmente as terras dos mosteiros. 
Sob Henrique VIII, o Parlamento foi astutamente controla-
do. O monarca interferia nas eleições e lotava o legislativo 
com seus próprios apaniguados; adulava, lisonjeava ou 
amedrontava seus membros, conforme exigisse a situação, 
a fim de obter seu apoio. 
Em 1547, subiu ao poder Eduardo VI, filho de Henrique 
VIII com sua terceira esposa, Jane Seymour. Durante seu 
curto reinado (1547-1553), o poder na Inglaterra esteve 
virtualmente nas mãos do Conselho Privado, órgão con-
sultivo de confiança do rei e controlado pelo protestante 
duque de Somersert. 
Com a morte de Eduardo VI, em 1553, vítima de tubercu-
lose aos 16 anos, subiu ao trono sua irmã, Maria Tudor 
(Maria I). Católica fanática, imprimiu ao governo uma nova 
orientação religiosa: revogou o Ato de Supremacia institu-
ído por seu pai, Henrique VIII, e promoveu intensa perse-
guição aos anglicanos e calvinistas (puritanos), o que lhe 
rendeu o apelido de Maria “Sanguinária” (Bloody Mary). 
Seu reinado foi pontilhado de assassinatos e execuções. 
Em 1554, casou-se com Filipe II, rei da Espanha, tradicional 
concorrente e rival da Inglaterra. Esse fato provocou em 
toda a Inglaterra movimentos de repulsa contra a Igreja 
Católica e contra a Espanha. Maria I morreu em 1558 e 
deu lugar à sua meia irmã, Elizabeth I, fruto do casamento 
de Henrique VIII com Ana Bolena.
elizabeth i
Elizabeth I representou um poderoso estímulo para o 
fortalecimento do poder real. Com ela, o Absolutismo na 
Inglaterra alcançou seu apogeu. Seu reinado (1558-1603) 
é apontado como a Idade de Ouro da história inglesa. Uma 
das primeiras medidas de Elizabeth I foi reorganizar a reli-
gião na Inglaterra, tornando o anglicanismo a religião ofi-
cial. A política de perseguições religiosas teve continuida-
de – embora em menor intensidade, agora voltada contra 
puritanos e católicos. 
Durante todo o reinado de Elizabeth I, o Parlamento se 
mostrou dócil e submisso. A Câmara dos Lordes, ainda sob 
influência dos católicos, era o setor que poderia oferecer 
alguma resistência. Elizabeth I, com a habilidade política 
que lhe era peculiar, promoveu uma lenta reforma nessa 
câmara até dominá-la com membros fiéis ao anglicanismo 
e oriundos da nova nobreza.
Nesse período, a política econômica da Inglaterra foi di-
tada pelas teorias mercantilistas. Por volta de 1570, de-
senvolveu-se a manufatura de tecidos de lã e ocorreu um 
incremento da exploração das minas de carvão. O comércio 
internacional se desenvolveu intensamente, estimulando 
a construção naval. O avanço da pirataria, legitimada 
pelo Estado (os corsários), sobre os impérios coloniais de 
Espanha e Portugal ocasionou enormes lucros. A formação 
de companhias regulamentadas, como a Companhia Ingle-
sa das Índias Orientais, organizou a exploração comercial e 
principalmente o tráfico de escravizados negros da costa 
da África para a América. Houve também a busca de 
colônias, objetivo que se concretizou com a fundação da 
primeira colônia inglesa na América do Norte, a Virgínia. 
CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias  51
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Setores da nobreza passaram a produzir para vender no 
mercado, dando origem à nobreza progressista, a gentry, 
cuja finalidade básica era, por causa do crescimento dos 
rebanhos de ovelhas, ampliar as áreas de pastagem, o que 
a levou, com o apoio do governo inglês, a cercar as terras 
comunais usadas pelos camponeses pobres, que foram 
expulsos . A agricultura inglesa perdeu suas característi-
cas de agricultura feudal – produção de subsistência – e 
se transformou em agricultura capitalista com interesses 
ligados ao comércio. O resultado desse fenômeno, conhe-
cido como “cercamentos” (enclosures), foram inúme-
ros camponeses sem terra, famintos e miseráveis que se 
concentraram nas cidades inglesas. Criavam-se assim as 
condições favoráveis para o desenvolvimento do trabalho 
assalariado e das manufaturas.
Em 1601, pretendendo exercer mais controle sobre os po-
bres ingleses, Elizabeth I assinou a famosa “Lei dos Po-
bres” (Poor Law), que os obrigava a trabalhar em “oficinas 
de caridade”, que abasteciam de mão de obra barata to-
das as manufaturas inglesas. 
Fonte: Youtube
Mary Stuart, Rainha da Escócia
Mary Stuart (Katharine Hepburn) assume o trono da Escó-
cia para a repugnância da Rainha da Inglaterra Elizabeth 
I (Florence Eldridge). Em meio a um grande burburinho 
sobre seu possível marido, Mary escolhe o Lorde Darnley 
(Douglas Walton) ao invés do Conde de Bothwell (Fredric 
March). Umdos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder.
H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
H8 Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.
H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.
H10
Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade 
histórico-geográfica.
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Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, con-
flitos e movimentos sociais.
H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
H14
Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica 
acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.
H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
Co
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Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na 
vida social.
H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.
H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
Co
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Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função,
organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.
H21 Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político.
H22 Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construçãodo texto literário.
H23 Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional.
H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.
H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.
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Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos.
H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e(ou) geográficos.
H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.
H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.
H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.
MATRIZ DE REFERÊNCIA DO ENEM 
LIVRO 
TEÓRICO
HISTÓRIA 
GERAL
HISTÓRIA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS
A proposta do Enem é interpretativa. Na 
maioria das questões, o candidato deve 
ler os textos propostos atentamente, 
pois as soluções quase sempre estarão 
contidas neles.
Determina a compreensão de processos 
históricos em associação com concei-
tos e dados próprios de cada tema. A 
temática Antiguidade Clássica é muito 
cobrada. É necessário atribuir correla-
ções entre as realidades econômicas e 
política de cada período. Atente-se 
aos principais temas da 
atualidade.
As questões exigem do candidato uma 
apreensão conceitual com alto teor de 
crítica. O caráter das questões é de âm-
bito reflexivo, trazendo temas históricos 
para o debate de temas contemporâne-
os. Cabe ao candidato ficar atento aos 
aspectos sociológicos, políticos 
e econômicos dos te-
mas.
No sistema misto de ingresso, é necessá-
ria a realização da prova do Enem e do 
vestibular da Unifesp. São determinados 
dois dias para a prova e nela não são 
abordadas diretamente questões de His-
tória, mas há um grau de interdisciplinari-
dade na resolução dos exercícios 
e escrita da redação.
Cobra a associação de fatos e conceitos 
políticos, econômicos e sociais com tex-
tos científicos e mapas. Exige domínio de 
interpretação textual e estabelecimento 
de conexões entre diferentes áreas do 
conhecimento. Os temas da Antiguidade 
Clássica são recorrentes.
A prova possui cinco questões de múl-
tipla escolha de História e que, nos 
últimos anos, não trouxeram o tema 
da Antiguidade Clássica. Contudo, as 
estruturas sociais, políticas e econômicas 
contemporâneas são embasadas em 
conceitos originados no período 
antigo.
Nessa prova, a abordagem de História 
combina análise de documentos com 
alto teor de interpretação. Nas seis ques-
tões de História, há uma tendência em 
abranger temas relacionados à História 
do Brasil, mas isso não impede a relevân-
cia da temática da Antiguida-
de Clássica.
Essa prova adota um perfil específico, 
que ora cobra do candidato um teor de 
interpretação textual nas questões de 
História, dado que os registros textuais 
costumam ser longos, ora realiza uma 
combinação entre a leitura e conhe-
cimentos detalhados sobre 
determinados con-
teúdos.
São cinco questões de múltipla escolha 
de História. A abordagem conta com for-
te presença de questões de Antiguidade 
Clássica, que exigem do candidato um 
grau de apreensão de conceitos combi-
nados com interpretação de fontes.
O vestibular é dividido em duas fases. 
Na primeira, História está relacionada 
com a capacidade do candidato de rea-
lizar leituras atentas e, simultaneamente, 
analisar o contexto de um determinado 
período. Há um tema que percorre toda 
a prova e nele pode-se englobar a 
temática de Antiguidade 
Clássica.
Na primeira fase, História ocorre em 
nove questões de múltipla escolha. O 
vestibular privilegia que o candidato 
realize análises e interpretações sobre 
diferentes processos históricos e perceba 
suas continuidades e rupturas. Há uma 
distribuição balanceada de 
questões de Brasil 
e Geral.
Elaborada pela Vunesp, essa prova pos-
sui características semelhantes às de-
mais provas citadas e organizadas pela 
mesma fundação. Em suas 55 questões 
de múltipla escolha, não são contempla-
dos diretamente temas de História, mas 
que podem aparecer aborda-
dos em outras dis-
ciplinas.
Esse vestibular não contempla com fre-
quência temas das Antiguidades Clássi-
ca e Oriental. No entanto, pelo caráter 
da prova, cabe ao candidato preparar-se 
para questões que envolvam conheci-
mento das condições políticas, sociais 
e econômicas dos períodos 
descritos.
Nessa prova, não há uma divisão clara 
entre História e Geografia, que são abor-
dadas como Estudos Sociais. Portanto, 
não existem definições específicas de 
tema, mas sim um grau elevado de in-
terdisciplinaridade.
Para o curso de Medicina, além do Enem, 
conta com uma avaliação elaborada pela 
instituição “TalentVest”. Em suas dez 
questões de múltipla escolha destinadas 
à História, há uma tendência em abordar 
temas contemporâneos.
CIÊNCIAS HUMANAS e suasgolpe político leva à guerra civil e a rainha 
escocesa deverá arcar com duras consequências.
multimídia: vídeo
Durante o reinado de Elizabeth I houve a tentativa de 
invasão e domínio da Inglaterra pela chamada “Invencí-
vel Armada” espanhola. Tomado de fúria em razão dos 
ataques ao comércio espanhol por parte dos navios cor-
sários ingleses, e frustrado pelo fracasso de seus planos 
para trazer a Inglaterra de volta à fé católica, o rei Filipe 
II da Espanha enviou, em 1588, uma poderosa esqua-
dra para destruir a esquadra da rainha Elizabeth I e inva-
dir a Inglaterra. No entanto, o rei desconhecia as novas 
técnicas de guerra naval dos ingleses. Uma combinação 
de perícia militar inglesa e de tempestades desastrosas 
(“Vento Protestante”) levou muitos dos 130 navios es-
panhóis para o fundo do canal da Mancha. Os restantes 
debandaram de volta à Espanha.
spanish armada, de james de loutherbourg.
Em 1603, com a morte da rainha que não deixou herdei-
ros, iniciou-se o reinado da dinastia Stuart, caracte- riza-
do pela crise do Absolutismo e pelas revoluções inglesas 
do século XVII.
3. Revoluções inglesas do 
século XVII: antecedentes
A política econômica mercantilista e o Estado absolutista 
inglês foram os principais responsáveis pelo grande desen-
volvimento econômico alcançado pela Inglaterra, ao lado 
da Reforma Anglicana, consolidada pelo Ato de Suprema-
cia, em 1534, por Henrique VIII (1509-1547). Elisabeth I 
(1557-1603) deu continuidade à política de seu pai, inten-
sificando e ampliando as práticas mercantilistas. A rainha 
enraizou a autoridade da Igreja Anglicana subordinada ao 
monarca, bem como deu início à colonização da América, 
em 1584, com a fundação da colônia de Virgínia, por ini-
ciativa de Sir Walter Raleigh. Elisabeth I incentivou ainda o 
comércio marítimo e a atividade corsária e, ao derrotar a 
"Invencível Armada Espanhola", consolidou a hegemonia 
marítima inglesa nos mares. 
O desenvolvimento econômico trouxe prosperidade para os 
grupos mercantis ingleses: burguesia comercial e financeira, 
armadores, nobres enriquecidos com a política dos “cerca-
mentos” e corsários. Todos esses ocupavam cargos impor-
tantes, nomeados pelo próprio governo, e passaram a buscar 
maior participação política via Parlamento. 
No seio desses grupos mercantis, crescia a religião puritana, 
mais sintonizada com os anseios burgueses. Entre a nobreza 
tradicional, prevaleciam o catolicismo e o anglicanismo. 
Em 1603, com a morte da rainha Elisabeth I, a dinastia Tudor 
chegou ao fim, uma vez que a rainha não deixou herdeiros. 
Em virtude do parentesco, o trono inglês foi entregue ao rei 
da Escócia, Jaime I, que deu início à dinastia Stuart. 
52  CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias
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3.1. Dinastia Stuart
O governo de Jaime I (1603-1625) foi marcado por contur-
bações políticas e religiosas e constantes atritos com o Parla-
mento, a burguesia puritana e a nobreza católica. 
O novo monarca inglês defendeu a implantação de um regi-
me absolutista fundamentado na Teoria do Direito Divi-
no e se aliou à nobreza anglicana como forma de viabilizar 
seu fortalecimento político. Os resultados foram intensos 
confrontos com o Parlamento, que o renegava por sua nacio-
nalidade escocesa, e violentas perseguições a católicos e pu-
ritanos, que incentivaram, a partir de 1603, a emigração dos 
puritanos para a América e a fundação das primeiras colônias 
de povoamento na região conhecida por Nova Inglaterra.
jaime i
O sucessor de Jaime I, seu filho Carlos I (1625-1648), manteve 
e aprofundou a política instituída por seu pai, intensificando os 
conflitos, especialmente com o Parlamento, majoritariamente 
burguês e puritano. Em razão desses conflitos, o monarca dis-
solveu o Parlamento em 1629. O Parlamento só foi reaberto 
em 1640, quando Carlos I o convocou com o intuito de obter 
apoio para a aprovação de mais recursos para o exército, que 
lutava contra revoltosos presbiterianos escoceses.
carlos i
Com o Parlamento reaberto, ocorreram fortes manifesta-
ções dos deputados contra as ações do rei e sua insistência 
com a política absolutista. Os deputados tentaram obrigar 
o rei a assinar a Petição dos Direitos, rejeitada pelo monar-
ca em 1629. O documento oferecia aos cidadãos garantias 
contra novos impostos e prisões arbitrárias. Carlos I tentou 
fechar o Parlamento novamente. Dessa vez, no entanto, foi 
impedido pelos deputados e pela população de Londres. 
3.2. Revolução Puritana ou Guerra 
Civil Inglesa (1642-1649)
A situação criada por Carlos I mobilizou os cavaleiros e os 
“cabeças redondas”. Os cavaleiros compunham as tropas 
reais, formada por católicos e principalmente anglicanos 
ligados à nobreza tradicional, que defendia o regime ab-
solutista. Os “cabeças redondas”, por sua vez, eram os 
parlamentares, os burgueses, os puritanos e uma pequena 
parcela da nobreza mais progressista, todos ligados aos 
interesses do capitalismo comercial. 
No início da Guerra Civil, os “cabeças redondas” contaram 
com o apoio de grupos radicais: os levellers (niveladores) e 
os diggers (cavadores). Os levellers pretendiam “nivelar” 
as condições sociais na Inglaterra. Defendiam a população 
pobre das cidades e do campo e exigiam completa liberda-
de religiosa e igualdade jurídica. Os diggers, por sua vez, 
opunham-se à propriedade privada do solo e exigiam que 
as terras da Coroa, os terrenos comunais e ociosos fossem 
cultivados pelos pobres. Ficaram assim conhecidos ao se 
instalarem num terreno não aproveitado, onde puseram-se 
a preparar a terra (to dig: cavar) para a semeadura. 
Liderados por Oliver Cromwell, os “cabeças redondas” 
obtiveram seguidos triunfos que propiciaram a vitória na 
Guerra Civil. Com a ascensão de Cromwell ao poder, ele 
proclamou a queda da monarquia e a instalação do re-
gime republicano. O rei Carlos I foi preso e executado, 
selando a vitória da Revolução Puritana em 1649.
Fonte: Youtube
Cromwell, o Homem de Ferro
Na primeira metade do século XVII, a Inglaterra se en-
contra em plena crise econômica e ideológica, o povo 
está afundado em miséria e o Rei acaba de fechar o 
parlamento. Descrente do Estado absolutista, o puri-
tano Oliver Cromwell (Richard Harris) irá lutar contra 
o Rei e seus abusos de poder, desencadeando uma 
guerra civil na Inglaterra.
multimídia: vídeo
CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias  53
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Cromwell e o Exército de Novo Tipo 
Com a participação de Cromwell, o Parlamento for-
mou o Exército de Novo Tipo, que conseguiu derrotar 
as forças realistas. 
O elmo arrendondado deu origem ao apelido dos 
membros do Exército de Novo Tipo. 
Oliver Cromwell auxiliou na formação de um exército 
como defesa do Parlamento, no contexto da Guerra 
Civil Inglesa, também conhecida como Revolução Pu-
ritana. O chamado Exército de Novo Tipo (New Model 
Army) era uma inovação na organização das tropas 
em relação aos exércitos feudais. 
Os membros desse exército também eram conhecidos 
como cabeças redondas (round-heads) em decorrên-
cia do elmo (capacete) de metal de formato arredon-
dado usado pelos soldados. 
A escolha de oficiais e cavaleiros baseava-se no mé-
rito, não nos títulos de nobreza, o que proporcionava 
à organização maior participação popular. Os comitês 
que tomavam as decisões franqueavam ao soldados 
certa abertura. Com essa estrutura militar, os soldados 
tiveram mais contato com as questões políticas, o que 
contribuiu para a formação de uma consciência mais 
profunda sobre os motivos da luta.
disponíVel em: . 
3.3. A República Puritana (1649-1658)
A ascensão de Oliver Cromwell consolidou o regime repu-
blicano na Inglaterra com o apoio do Parlamento majorita-
riamente puritano. O novo regime nascia com o apoio do 
exército e da burguesia e com compromisso de consolidar 
o capitalismo britânico. 
Fonte: Youtube
Morte ao Rei
O filme aborda os desdobramentos da Revolução Puri-
tana na Inglaterra, que culminou na condenação e de-capitação do rei Carlos I, enfocando a relação entre o 
general Fairfax e Oliver Crommwel.
multimídia: vídeo
Ainda em 1649, o Exército da jovem República viu-se ame-
açado por uma rebelião católica na Irlanda, favorável ao 
retorno do Absolutismo. Cromwell esmagou essa rebelião 
com mão de ferro, confiscou as terras dos católicos irlande-
ses e entregou-as aos protestantes. Foi também impiedoso 
com as tentativas de separação por parte da Escócia. 
Extremamente poderoso e com grande prestígio entre os 
militares e puritanos fanáticos, Cromwell desencadeou 
uma onda de “nacionalismo” extremado. Fez de si mesmo 
a imagem desse “nacionalismo”, declarando-se, em 1651, 
Lorde Protetor da Comunidade Britânica (Inglaterra, Escó-
cia e Irlanda). Commoonwealth, a ideia de comunidade 
britânica, foi retomada quase um século depois, quando a 
Inglaterra montava seu império.
Em 1651, foram promulgados os Atos de Navegação, 
cujos objetivos eram consolidar e incrementar o capitalis-
mo comercial inglês, determinando que toda mercadoria 
comercializada nos portos ingleses fosse transportada por 
navios ingleses. Essa medida visava fortalecer a marinha 
e o comércio naval da Inglaterra ao mesmo tempo que li-
mitava a participação econômica e o poder mercantil dos 
holandeses. Isso desencadeou uma guerra entre Inglaterra 
e Holanda, entre os anos de 1652 a 1654, da qual a Ingla-
terra saiu vencedora, consolidando sua hegemonia naval. 
oliVer cromwell
Desde 1653 até sua morte, Cromwell governou como um 
verdadeiro ditador. Dividiu a Inglaterra em 12 províncias 
e entregou o governo de cada uma delas a um militar. 
Cromwell dissolveu quatro parlamentos, eliminou grupos 
radicais, executou os principais líderes niveladores, dizimou 
os cavadores e promoveu uma violenta repressão contra os 
católicos irlandeses. Sua política também foi marcada pelo 
puritanismo radical, a ponto de criar uma espécie de polí-
tica dos costumes, que proibia os bailes e qualquer atitude 
considerada mundana, em preparação às medidas discipli-
nares de educação dos trabalhadores ingleses. 
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3.4. O retorno da dinastia Stuart (1660-1688) 
Em 1658, com a morte de Oliver Cromwell, seu filho Ri-
chard assumiu o cargo de Lorde Protetor. Sem o reconhe-
cimento do exército, Richard não tinha condições políticas 
de continuar a exercer o poder. Foi destituído e o Parlamen-
to foi convocado a legitimar o poder dos generais. Com 
o crescimento da mobilização das camadas populares, as 
elites assustadas começaram a articular a restauração da 
monarquia. Em 1660, Carlos II, filho do rei decapitado, Car-
los I, por meio da Declaração de Breda, prometeu governar 
mantendo a tolerância religiosa e respeitando o Parlamen-
to e as relações de propriedade. Com apoio de Luís XIV, 
o rei Sol, da França, Carlos II converteu-se ao catolicismo, 
provocando o descontentamento da população e do Parla-
mento, que em 1679 aprovou o Habeas Corpus, garantin-
do segurança aos cidadãos em caso de abusos do governo. 
Por meio do Ato de Exclusão, ficou proibido a qualquer ca-
tólico exercer funções públicas, incluindo a de rei. 
Em todos os níveis, a nação e o Parlamento viam com 
desconfiança as tendências absolutistas de Carlos II, que 
muitas vezes havia repetido a frase do francês Jacques 
Bossuet: “Os reis são, com justiça, chamados de Deus...“. 
Na Inglaterra, em virtude das condições políticas do Parla-
mento, os reis sempre gozaram do poder absolutista sem 
se declararem como tal, ao que os historiadores chamaram 
de “Absolutismo consentido”. 
carlos ii
Com a morte de Carlos II em 1685, subiu ao trono seu ir-
mão, o católico Jaime II, que procurou novamente conduzir 
o país para o catolicismo, fortalecendo seu poder por meio 
do Absolutismo, em prejuízo do Parlamento. 
Jaime puniu com rigor quem se revoltava contra o seu go-
verno, negando o direito de Habeas corpus. Desrespeitou o 
Ato de Exclusão, nomeando católicos para funções impor-
tantes no governo. Em virtude dessas ações, a Inglaterra 
passou a viver uma situação de agravante convulsão social 
em face das aspirações absolutistas mais pretensiosas que 
as de Carlos II alimentadas por Jaime II. 
A burguesia inglesa temia a perda do seu poder e o desen-
cadeamento de uma rebelião armada que levasse a uma 
situação como a que chegou o governo ditatorial de Oliver 
Cromwell. Os burgueses esperavam que o rei morresse, e 
uma de suas filhas protestantes assumisse o poder. Mas o 
rei teve um filho homem, o que garantiria a sucessão cató-
lica ao trono. Os problemas prometiam continuar. 
jaime ii
3.5. A Revolução Gloriosa (1688-1689)
guilherme iii e maria stuart.
No entanto, em acordo secreto com Guilherme de Oran-
ge, príncipe protestante da Holanda e genro de Jaime II, 
o Parlamento, dominado pela burguesia puritana, mobili-
zou-se contra o rei com o intuito de entregar o poder a 
Guilherme. As tropas abandonaram Jaime II e, em junho 
de 1688, Guilherme de Orange foi consgrado rei com o 
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nome de Guilherme III. Esse episódio ficou conhecido como 
Revolução Gloriosa.
Sem derramamento de sangue e representando um compro-
misso de classe entre os grandes proprietários rurais e a bur-
guesia inglesa, a Revolução Gloriosa marginalizava o povo, 
além de mostrar que, para acabar com o Absolutismo, não 
era preciso eliminar a figura do rei, desde que ele aceitasse 
se submeter às decisões do Parlamento. Representando a 
transição política de uma monarquia que insistia em se au-
toproclamar absolutista para uma Monarquia parlamentar, a 
Revolução Gloriosa inaugurava a atual política inglesa, cujo 
poder real está submetido ao Parlamento. A partir de então, 
passou a prevalecer na Inglaterra o princípio de que “o 
rei reina, mas não governa”. 
Preocupado com qualquer possibilidade de ser restaurada 
a autoridade absoluta do rei, o Parlamento promulgou, em 
1689, a Declaração de Direitos (Bill of Rights), que 
foi aceita pelo rei em 1689 e marcou o fim do choque entre 
rei e Parlamento. Essa declaração eliminava a censura po-
lítica e reafirmava o direito exclusivo do Parlamento de es-
tabelecer impostos e de apresentar livremente petições. O 
recrutamento e a manutenção do exército somente seriam 
admitidos com a aprovação do Parlamento; as reuniões 
parlamentares e as eleições seriam regulares; o orçamento 
anual seria votado pelo Parlamento; as contas reais seriam 
controladas por inspetores; e os católicos seriam afastados 
da sucessão. Em 1694, foi criado o Banco da Inglaterra, 
fato que organizou o tripé fundamental para o desenvolvi-
mento do capitalismo na Inglaterra: Parlamento, Tesouro e 
Banco da Inglaterra. 
declaração de direitos (bill oF rights) 
Com a Revolução Gloriosa, a burguesia inglesa libertava-se 
do Estado absolutista, que, com seu permanente interven-
cionismo, havia sido benéfico numa determinada fase de 
constituição do capitalismo, mas tornara-se uma barreira 
para a continuidade da acumulação e incremento do ca-
pitalismo. Aliada à aristocracia rural, a burguesia, passou 
a exercer diretamente o poder político pelo Parlamento, 
caracterizando a formação de um Estado liberal, adequa-
do ao desenvolvimento do capitalismo e que, conjugado a 
outros fatores, permitiria o pioneirismo inglês na Revolução 
Industrial em meados do século XVIII.
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REVOLUÇÃO INGLESA DO SÉC. XVII
REVOLUÇÃO INGLESA
CONTEXTO: DISPUTA ENTRE PODER ABSOLUTISTA E PARLAMENTO
DINASTIA TUDOR
DINASTIA STUART
(REIS ESCOCESES)
A REPÚBLICA PURITANA
(1649-1658)
REVOLUÇÃO PURITANA OU
GUERRA CIVIL INGLESA
(1642-1648)
• ELIZABETH I (1533-1603)
JAIME I (1603-1625)
• FORTALECE O ABSOLUTISMO
• DISPUTAS COM O PARLAMENTO
• PERSEGUE CATÓLICOS E PURITANOS 
(FUGA PARA AS 13 COLÔNIAS)
CARLOS I (1625-1648)
• 1629 - FECHA O PARLAMENTO
• 1640 - REABRE PARA VOTAÇÃO DE MAIS IMPOSTOS 
(DEPUTADOS QUEREM APROVAR “PETIÇÃODOS DIREITOS”)
• 1642 - AMEAÇA FECHAR O PARLAMENTO
OLIVER CROMWELL
• DITADURA MILITAR
• COMUNIDADE BRITÂNICA COMMONWEALTH
• DISSOLVE QUATRO PARLAMENTOS
• FORTALECE A MARINHA
• ATOS DE NAVEGAÇÃO (1651)
• 1648 - DECAPITAÇÃO DE CARLOS I
X
TROPAS PARLAMENTARES
(CABEÇAS REDONDAS)
BURGUESIA MERCANTIL, NOVA
NOBREZA, LEVELLERS (GRUPO
RADICAL URBANO), DIGGERS
(GRUPO RADICAL RURAL)
TROPAS REAIS
CATÓLICOS E ANGLICANOS
DA NOBREZA TRADICIONAL
FORMAÇÃO DA 
MONARQUIA INGLESA
INGLATERRA
DISPUTA ENTRE REI E NOBREZA
PARLAMENTO
MAGNA CARTA
DIAGRAMA DE IDEIAS
RETORNO DOS STUART
(1660-1688)
CARLOS II (1660-1685)
• TENSÃO COM O PARLAMENTO
• PARLAMENTO APROVA HABEAS CORPUS E 
ATO DE EXCLUSÃO (1679)
JAIME II (1685-1688)
• TENDÊNCIA ABSOLUTISTA
• REVOGA HABEAS CORPUS
REVOLUÇÃO GLORIOSA
(1688-1689)
• ACORDO DO PARLAMENTO COM 
GUILHERME DE ORANGE (GENRO DE JAIME II)
• HEGEMONIA DO PARLAMENTO SOBRE O PODER REAL
• 1689 - DECLARAÇÃO DOS DIREITOS (BILL OF RIGHTS)
• CONSOLIDAÇÃO DO PODER BURGUÊS
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HABILIDADE 22
Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas 
políticas públicas.
A habilidade 22 é recorrente no Enem. A prova entende ser fundamental que os candidatos consigam 
compreender que as legislações e a própria organização política sofrem constantes modificações e que tais 
mudanças, muitas vezes, ocorrem após longos processos de disputas e tensões sociais. 
MODELO 1
(Enem) Que é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade real para suspender as leis ou seu cumprimento. Que 
é ilegal toda cobrança de impostos para a Coroa sem o concurso do Parlamento, sob pretexto de prerrogativa, 
ou em época e modo diferentes dos designados por ele próprio. Que é indispensável convocar com frequência o 
Parlamento para satisfazer os agravos, assim como para corrigir, afirmar e conservar as leis. 
(declaração de direitos. disponíVel em: http://disciplinas.stoa.usp.br. acesso em: 20 dez 2011 – adaptado) 
No documento de 1689, identifica-se uma particularidade da Inglaterra diante dos demais Estados europeus 
na Época Moderna. A peculiaridade inglesa e o regime político que predominavam na Europa continental estão 
indicados, respectivamente, em: 
a) Redução da influência do papa – Teocracia. 
b) Limitação do poder do soberano – Absolutismo. 
c) Ampliação da dominação da nobreza – República. 
d) Expansão da força do presidente – Parlamentarismo. 
e) Restrição da competência do congresso – Presidência. 
ANÁLISE EXPOSITIVA
A Declaração dos Direitos ou Bill Of Rights foi um documento de grande relevância. Produzido com o 
desfecho da “Revolução Gloriosa” de 1689, tinha por objetivo colocar limites claros à atuação dos reis, 
fortalecendo o Parlamento enquanto instituição e fazendo com que suas deliberações passassem a ter 
considerável força em detrimento das vontades monárquicas. 
Portanto, quando comparada a alguns países do continente europeu que viviam o apogeu de governos de 
feições “absolutistas”, a Inglaterra consegue consolidar instituições sólidas, pautadas em regras e ordena-
mentos jurídicos que tinham por finalidade impor freios ao poder real. 
RESPOSTA Alternativa B
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
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Frontispício da encYclopédie (1772), desenhado por charles-
nicolas cochin e graVado por bonaVenture-louis préVost. 
trata-se de uma obra carregada de simbolismo: a Figura do 
centro representa a Verdade – rodeada por luz intensa (o símbolo 
central do iluminismo). duas outras Figuras à direita, a razão 
e a FilosoFia, estão a retirar o manto sobre a Verdade.
1. Iluminismo
O século XVIII foi marcado pela consolidação do sistema 
capitalista, tendo como elemento central a Revolução 
Industrial, bem como a consolidação da burguesia, que 
atingiu maturidade econômica e social em busca da deli-
mitação de seu espaço, superando definitivamente velhos 
entraves feudais.
O Iluminismo ou Ilustração é a expressão do pensamento 
da burguesia. O Iluminismo floresceu primeiro onde o ca-
pitalismo estava consolidado, ou seja, Inglaterra e França.
1.1. Origens do Iluminismo
Apesar de alcançar o auge no correr do século XVIII, parece 
não haver dúvida de que os primeiros passos do surgimen-
to desse pensamento filosófico, político, social e econômi-
co, que afetaria a cultura ocidental de modo geral, foram 
dados durante os cem anos anteriores. Trata-se uma de sé-
rie de acontecimentos importantes entre 1400 e 1600: as 
Grandes Navegações, as descobertas marítimas, a ascen-
são da burguesia, o Renascimento Cultural e a Reforma.
As origens do movimento iluminista remontam à Revolu-
ção Científica do século XVII, período em que ocorreram 
grandes progressos na filosofia e na ciência (Física, Quími-
ca, Matemática e Mecânica), com destaque para o cres-
cente desenvolvimento e difusão do método experimental.
As bases do pensamento no século XVIII assentavam-se nas 
ideias geradas no século anterior. René Descartes, John Locke 
e Isaac Newton foram precursores das teorias do chamado 
Século das Luzes, como ficou conhecido o século XVIII.
1.1.1. René Descartes (1596-1650)
rené descartes
O filósofo e matemático francês René Descartes, autor 
das Meditações metafísicas e do Discurso sobre o mé-
todo, é considerado o fundador da doutrina racionalis-
ta moderna, assim como do método racional. Descartes 
afirmava que, na filosofia, era necessário partir de alguns 
axiomas – verdades indiscutíveis que não precisam ser 
demonstradas – para depois, mediante o método mate-
ILUMINISMO
COMPETÊNCIA(s)
1, 2, 3, 4, 5 e 6
HABILIDADE(s)
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 
12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 
20, 22, 23, 24, 25, 26, 27 e 28
CH
AULA 
FUNDAMENTO
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mático da dedução, atingir verdades mais amplas. Para 
chegar a um axioma, Descartes recorreu ao princípio da 
dúvida sistemática. Deve-se a ele também a introdução 
de um conceito mecanicista do universo, segundo o qual 
todo o mundo material, orgânico e inorgânico, podia ser 
definido em razão da extensão e do movimento.
1.1.2. John Locke (1632-1704)
john locke
Autor da obra Segundo tratado sobre o governo civil, John 
Locke é um dos precursores do movimento iluminista. Ele 
defendia a ideia de que os homens são portadores de di-
reitos naturais, como vida, liberdade, propriedade e resis-
tência contra governos tirânicos. Tais direitos deviam ser 
garantidos pelo Estado.
Em sua obra, o filósofo inglês dá continuidade à lógica 
contratualista de Hobbes e defende que o Estado seria 
legitimado por um consentimento entre governantes e 
governados. Contudo, o rompimento desse contrato pelo 
governante para obtenção de vantagens particulares ou 
devido à não preservação dos direitos naturais do homem 
poderia levá-lo à destituição, no que se opõe às ideias pro-
postas por Hobbes. Sua teoria política influenciou a Revo-
lução Gloriosa (1688-1689) – que pôs fim ao Absolutis-
mo na Inglaterra –, a independência dos Estados Unidos 
(1776) e os teóricos da Revolução Francesa.
A maior contribuição de Locke para a filosofia foi sua teo-
ria do conhecimento, em que rejeita a doutrina das ideias 
inatas defendida por Descartes. De acordo com o pensa-
dor inglês, os homens não nascem com algumas ideias já 
formadas. A percepção sensorial é o elemento básico para 
aquisição do conhecimento. O empirismo – cuja base é a 
experimentação – de Locke fundamenta-se no princípio de 
que as ideias derivam de duas fontes: a sensação e a per-
cepção da operação na própria mente. Ora, como só é pos-
sível pensar com ideias, e como essas ideias procedem da 
experiência, conclui-se que nada no conhecimento pode 
ser anterior à experiência. Essa teoria de que o homem vem 
ao mundo com a mente sem nenhuma ideia preconcebida 
é conhecida como tábula rasa.
1.1.3. Isaac Newton (1642-1727)
isaac newton
Deve-se a Isaac Newton uma mudançaradical na visão do 
mundo. Físico, matemático e filósofo inglês, organizou pro-
vas de que o mundo seria regido por leis mecânicas físicas 
invariáveis, além de determináveis e cognoscíveis. O papel 
da ciência seria determiná-las e conhecê-las.
Seu princípio da gravidade, “matéria atrai matéria na razão 
direta das massas e na razão inversa do quadrado das dis-
tâncias”, revolucionou as concepções e ideias da época. A 
filosofia de Newton não excluía a ideia de Deus, mas nega-
va sua intervenção no cotidiano do Universo, que funciona-
ria por leis próprias sem necessidade de uma intervenção 
divina que zelasse por seu movimento.
1.2. Princípios básicos do Iluminismo
O pensamento iluminista tinha abrangência filosófica, so-
cial, econômica e política e expressava os interesses da 
burguesia do século XVIII. A liberdade, a igualdade, a 
tolerância, o progresso e o homem (estabelecimento 
de um novo pensamento antropológico), com ênfase para 
o racionalismo, foram os elementos básicos do Iluminis-
mo. A razão foi estabelecida como o único princípio verda-
deiro para se atingir o conhecimento.
Os iluministas estabeleceram a crítica sistemática ao Ab-
solutismo, ao poder real ilimitado, ao conceito de direito 
divino dos reis e aos privilégios da nobreza e do clero. 
Suas propostas consistiam na limitação do poder real e 
no fim dos privilégios fiscais e jurídicos do Estado. Com-
batiam também as práticas mercantilistas, baseadas na 
intervenção estatal, no protecionismo, no colonialismo e 
nos monopólios que limitavam as relações comerciais e 
econômicas. Os iluministas faziam ainda criticas à postu-
60  CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias
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ra da Igreja católica e das religiões reformadas, que sus-
tentavam as práticas do Antigo Regime e contrariavam 
o pensamento racional, defendendo dogmas, verdades 
incontestáveis e valores místicos e irracionais.
Apesar das críticas feitas às religiões, o Iluminismo não foi 
exatamente um movimento ateu. Deus era visto como o 
criador do universo, inclusive das leis naturais que regem 
a vida, não sendo, porém, um ser pessoal, mas uma ener-
gia racional universal.
Os pensadores iluministas defendiam a limitação do poder 
real por meio de um sistema constitucional: a igualdade 
fiscal e jurídica, a não intervenção do Estado no 
campo econômico e a universalidade dos direitos, ou 
seja, sua extensão a todos os seres humanos, independen-
temente de barreiras nacionais, religiosas ou étnicas.
O Iluminismo pregava a individualidade, isto é, afirmava 
que as pessoas possuem identidade própria e não são meros 
integrantes de uma coletividade. Defendia a liberdade de 
pensamento e expressão, sem a tutela da religião ou do 
Estado, para que os homens pudessem expressar suas con-
cepções sem barreiras; a tolerância religiosa e filosófi-
ca, ou seja, o respeito por ideias diferentes; a propriedade 
privada, o livre comércio e a livre iniciativa econômi-
ca – o liberalismo econômico. Os iluministas defendiam o 
racionalismo e o empirismo como fontes do conhecimento, 
bem como a percepção de que o mundo é regido por leis 
naturais cuja compreensão se alcançaria por meio da ciência.
1.3. Principais filósofos iluministas
1.3.1. Barão de Montesquieu 
(Charles de Secondat, 1689-1755)
montesquieu
As principais obras de Montesquieu foram Cartas persas 
(1721) e o O espírito das leis (1748). Contrário ao Abso-
lutismo monárquico, ele defendia a divisão de poderes 
como forma de evitar os abusos resultantes da concen-
tração de poder nas mãos do rei.
Sua proposta de divisão de poderes, representada na 
monarquia constitucional, celebrizou-se com a teoria dos 
“freios e contrapesos”. Defendia a harmonia e autono-
mia entre os poderes que constituem o Estado: Executi-
vo, Legislativo e Judiciário.
Em O espírito das leis, Montesquieu afirma: “É uma ver-
dade eterna: qualquer pessoa que tenha o poder tende a 
abusar dele. Para que não haja abuso, é preciso organizar 
as coisas de maneira que o poder seja contido pelo poder”.
1.3.2. Voltaire (François-Marie 
Arouet, 1694-1778)
Voltaire
Voltaire era dotado de forte espírito anticlerical. Acusava 
os membros do clero de hipocrisia, de falta de escrúpulos, 
de usura e preguiça à custa dos impostos pagos pela bur-
guesia e de omissão por não contribuírem para o bem da 
coletividade. Era um grande defensor da igualdade jurídica 
e da liberdade de pensamento, de expressão e de associa-
ção religiosa. A britânica Evelyn Beatrice Hall, sua biógrafa, 
sintetiza a defesa da liberdade pelo filósofo na frase: “Pos-
so até não concordar com suas palavras, mas lutarei até a 
morte por seu direito de dizê-las”, atribuída equivocada-
mente a Voltaire.
As teorias defendidas por Voltaire foram bem aceitas pe-
las camadas burguesas da França. Apesar de radicais, suas 
ideias não podiam ser consideradas populares, pois Voltaire 
nutria um profundo desprezo pelas camadas mais pobres 
da população.
Apesar de contrário ao Absolutismo, Voltaire era favorável 
ao regime monárquico, desde que ele se mostrasse sensível 
aos interesses e direitos da burguesia. Inspirou com suas 
obras os chamados déspotas esclarecidos. Trocou corres-
pondência com alguns deles e chegou a viver na corte de 
Frederico II, da Prússia.
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Entre suas obras constam Dicionário filosófico (1764), Cartas 
inglesas (1734), Zadig (1748), Cândido (1759), Tratado sobre 
a Intolerância (1763).
Cândido (ou o otimismo) – Voltaire
Romance de Voltaire, no qual o grande pensador do ilu-
minismo francês tematiza questões como a liberdade e a 
democracia.
Adaptação em português do clássico da literatura france-
sa, com linguagem acessível para o público jovem. Sátira 
do credo otimista dos filósofos Leibniz e Rousseau, Cân-
dido é uma fábula, inspirada no terremoto de Lisboa de 
1755, e demonstra as calamidades que recaem sobre 
o homem. As desventuras do jovem Cândido começam 
quando ele é expulso do castelo do Barão da Vestfália, por 
ter sido surpreendido namorando Cunegundes, a filha do 
barão, seu protetor. Pangloss, tutor do herói, é a personifi-
cação do otimismo, e Cândido, em meio às desgraças que 
lhe sucedem a partir da expulsão, tenta pôr em prática as 
lições aprendidas com o mestre.
multimídia: livro
1.3.3. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)
rousseau
Autor de Do contrato social (1762), Rousseau foi um crítico 
feroz do Absolutismo e da propriedade privada, o que levou 
a burguesia a rejeitar suas ideias.
Apesar de considerar a aparição da propriedade priva-
da um mal, Rousseau a reconhecia como inevitável. A 
solução que propunha era a limitação da propriedade: 
“Para melhorar o estado social, é preciso que todos te-
nham o suficiente e que ninguém tenha demasiado”. 
Suas teorias foram amplamente aceitas entre a pequena 
burguesia (artesãos e pequenos comerciantes), os cam-
poneses e as camadas de trabalhadores mais miseráveis 
que sonhavam com um mundo em que todos fossem 
pequenos proprietários.
Em sua obra, Rousseau defende a ideia de que todos os ho-
mens são iguais e livres e, por isso, devem se libertar de suas 
correntes. O filósofo lançou as bases da democracia atual 
ao defender a ideia de que as leis devem corresponder aos 
interesses dos cidadãos, à vontade geral dos indivíduos. 
Assim, ele estabeleceu o princípio de soberania popular. 
Em Discurso sobre a origem da desigualdade entre os ho-
mens (1755), Rousseau defende a tese da bondade natural 
dos homens, pervertidos posteriormente pela civilização. 
Consagra em sua obra a tese da reforma necessária da so-
ciedade corrompida.
Rousseau ainda criticou a opulência de muitos filósofos da 
época, corrompidos nos saloons. Defendeu a educação das 
crianças para o progresso da sociedade e foi perseguido du-
rante boa parte da sua vida. Suas ideias influenciaram a fase 
mais radical da Revolução Francesa.
Fonte: Youtube
Jimi Hendrix – A Star Spangled Banner
multimídia: música
1.4. Enciclopédia 
Organizadapor Jean Baptiste d’Alembert (1717-1783) 
e Denis Diderot (1713-784), a Enciclopédia foi elaborada 
entre os anos de 1751 e 1780. Compreende 35 volumes 
com a colaboração de vários pensadores e filósofos. Com 
o objetivo de reunir o conhecimento da época centrado 
nos ideais iluministas, os filósofos pretendiam divulgar o 
conhecimento racional e criar o “cidadão esclarecido”.
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Capa da Enciclopédia
(disponíVel em: .)
Instrumento de difusão das ideias iluministas, a Enciclopé-
dia pretendia abranger todos os conhecimentos filosóficos 
e científicos da época, criticando os valores do Antigo Re-
gime. Contou com cerca de 300 colaboradores e reuniu a 
elite intelectual francesa do século XVIII, dentre os quais 
Montesquieu e Voltaire. Rousseau colaborou, escrevendo 
artigos a respeito de economia política e música.
1.5. Teorias econômicas
As ideias iluministas também se desenvolveram no cam-
po econômico, com destaque para a crítica ao mercan-
tilismo e às praticas intervencionistas que limitavam o 
livre comércio.
De modo geral, os iluministas defendiam o lema: “Laissez 
faire, laissez passer, le monde va de lui-même” (Deixai fa-
zer, deixai passar, que o mundo anda por si mesmo). En-
tendiam que a economia era regida por leis naturais e não 
deveria sofrer os empecilhos do mercantilismo. O Iluminis-
mo deu origem a duas correntes econômicas: fisiocratismo 
e liberalismo econômico.
1.5.1. Fisiocratismo
quesnaY
De origem francesa, a corrente fisiocrata teve como princi-
pais defensores François Quesnay (1694-1774), Vincent 
de Gournay (1712-1759), Honoré Mirabeau (1749-
1791) e Jacques Turgot (1727-1781).
A palavra fisiocracia vem dos termos gregos fisio, “nature-
za”, e cratos, “riqueza”. Para os fisiocratas, a riqueza de-
veria vir da natureza; portanto, as atividades econômicas 
mais importantes de um país eram as atividades “natu-
rais”, como agricultura, mineração e pecuária. Ao contrário 
do que pensavam os mercantilistas, para os fisiocratas o 
comércio era considerado uma atividade estéril, já que não 
passava de uma troca de riquezas.
Os fisiocratas contestavam as práticas mercantilistas e o in-
tervencionismo estatal, defendendo a liberdade econômi-
ca. São dessa escola as origens do liberalismo econômico, 
especialmente o princípio do Laissez-faire.
1.5.2. Liberalismo econômico
O liberalismo econômico desenvolveu-se na Inglaterra, in-
corporando e adotando alguns princípios fundamentais do 
fisiocratismo, como a existência de leis naturais que regem 
a economia – lei da oferta e da procura, a livre concorrên-
cia e o livre cambismo, a defesa da propriedade privada, a 
liberdade de contrato e o combate ao mercantilismo.
adam smith
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O grande destaque do liberalismo clássico foi o britânico 
Adam Smith (1723-1790), autor de Teoria dos sentimen-
tos morais (1759) e A riqueza das nações (1776), sua obra 
mais difundida e que lança os fundamentos da economia 
como ramo independente do pensamento. Segundo Smith, 
a riqueza nacional provém do trabalho, e a economia é re-
gulada pela lei de oferta e demanda, que não deve sofrer 
interferência estatal para regulamentar os preços dos produ-
tos. A intervenção governamental retarda o progresso eco-
nômico e reduz o valor real da produção anual proveniente 
da terra e do trabalho assalariado. Se as pessoas perseguem 
seus próprios interesses em busca da melhoria de sua con-
dição, elas favorecem naturalmente a expansão econômica 
e beneficiam toda a sociedade. Em sua obra, Smith defende 
especialmente a livre concorrência. Por esses motivos, ele é 
considerado o “pai” do liberalismo econômico.
1.6. Despotismo esclarecido
catarina ii, a grande
O Iluminismo foi uma ideologia burguesa do século XVIII, 
cujas origens provêm das regiões em que a burguesia 
estava mais consolidada, como a Inglaterra, com a con-
solidação do capitalismo, e a França, com as crescentes 
contradições feudais. Apesar das contradições feudais ou 
do próprio capitalismo em outros países europeus, a bur-
guesia não tinha poder suficiente para promover questio-
namentos à ordem vigente. Nesse contexto, teve origem o 
despotismo esclarecido.
Tratava-se da tentativa de reformar o Estado absolutista 
pelo próprio Estado, à medida que se conciliavam Abso-
lutismo e ideais iluministas, principalmente o liberalismo. 
Sem abalar o próprio poder, os déspotas (soberanos abso-
lutos) puseram em prática algumas reformas, influenciados 
pelo espírito liberal do século XVIII expresso pela filosofia 
iluminista. Entre eles, destacaram-se:
 § Frederico II, da Prússia, “aboliu as torturas apli-
cadas aos presos em seu país [...], incentivou 
as letras, as artes e as ciências [...] e dirigiu pes-
soalmente a reforma de Berlim, capital da Prússia na 
época” (BOULOS JR, 2011).
 § Marquês de Pombal, “principal ministro do rei D. José I 
[...]. Valendo-se de seu enorme poder, decretou a eman-
cipação dos indígenas na América portuguesa, a aboli-
ção da escravidão africana e a fundação da Imprensa 
Régia, em Portugal” (Idem, ibidem).
 § Conde de Aranda, presidente do Conselho de Ministros 
na Espanha durante o reinado de Carlos III, reorganizou 
o exército e as universidades e expulsou os jesuítas.
 § José II, da Áustria, adotou a tolerância religiosa, mas man-
teve intocados o militarismo e a servidão (Idem, ibidem). 
 § Catarina II, da Rússia, “mandou construir escolas, fun-
dou hospitais, dirigiu a reforma da capital (São Petersbur-
go) e combateu a corrupção nos meios civis e religiosos” 
(Idem, ibidem).
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Charles de Montesquieu (1689- 755) se debruçou sobre o legado do filósofo grego Aristóteles para criar a obra 
O Espírito das Leis. Nesse livro, o pensador francês aborda um meio de reformulação das instituições políticas por 
meio da chamada “teoria dos três poderes”. Segundo tal hipótese, a divisão tripartite poderia se colocar como 
uma solução frente aos desmandos comumente observados no regime absolutista.
Mesmo propondo a divisão entre os poderes, Montesquieu aponta que cada poder deveria se equilibrar entre 
a autonomia e a intervenção nos demais poderes. Dessa forma, cada poder não poderia ser desrespeitado nas 
funções que deveria cumprir. Ao mesmo tempo, quando um dos poderes se mostrar excessivamente autoritário 
ou extrapolar suas designações, os demais poderes têm o direito de intervir contra tal situação desarmônica. 
Nesse sistema, observa-se a existência dos seguintes poderes: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. 
O Poder Executivo tem a função de observar as demandas da esfera pública e de garantir os meios cabíveis 
para que as necessidades da coletividade sejam atendidas no interior daquilo que é determinado pela lei. Dessa 
forma, mesmo tendo várias atribuições administrativas em seu bojo, os membros do executivo não podem ex-
trapolar o limite das leis criadas.
Por sua vez, o Poder Legislativo tem como função congregar os representantes políticos que estabelecem a cria-
ção de novas leis. Assim, aos serem eleitos pelos cidadãos, os membros do Legislativo se tornam porta-vozes dos 
anseios e interesses da população como um todo. Além dessal tarefa, os membros do Legislativo contam com 
dispositivos por meio dos quais podem fiscalizar o cumprimento das leis por parte do Executivo. Dessa maneira, 
os “legisladores” monitoram a ação dos “executores”.
Em diversas situações, é possível observar que a simples presença da lei não basta para que os limites entre 
o lícito e o ilícito estejam claramente definidos. Nessas ocasiões, os membros do Poder Judiciário têm por 
função julgar, com base nos princípios legais, de que forma uma questão ou problema serão resolvidos. Na 
figura dos juízes, promotores e advogados, o Judiciário garante que as questões concretas do cotidiano sejam 
resolvidas à luz da lei.
Países como Brasile Estados Unidos adotaram tais prerrogativas de Montesquieu em seu arranjo político e em 
suas premissas constitucionais.
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
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HABILIDADE 14
Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos 
de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.
A Habilidade 14 é recorrentemente cobrada pelo Enem. O contexto intelectual de uma época é comu-
mente apresentado por meio de fragmentos de textos escritos por grandes intelectuais. Por esse motivo, o 
conhecimento prévio dos grandes intelectuais do Ocidente é cobrado pela prova. O aluno deverá ser capaz 
de compreender a principal reivindicação política de cada autor, inserindo-a no contexto histórico e em 
sua posição social. Questões inseridas nessa habilidade são comumente interdisciplinares com filosofia e 
sociologia, o que força o estudante a compreender as principais vertentes de pensamento abordadas por 
tais disciplinas.
MODELO 1
(Enem) O texto abaixo, de John Locke(1632-1704), revela algumas características de uma determinada corren-
te de pensamento.
“Se o homem no estado de natureza é tão livre, conforme dissemos, se é senhor absoluto da sua própria 
pessoa e posses, igual ao maior e a ninguém sujeito, por que abrirá ele mão dessa liberdade, por que 
abandonará o seu império e sujeitar-se ao domínio e controle de qualquer outro poder?
Ao que é óbvio responder que, embora no estado de natureza tenha tal direito, a utilização do mesmo é muito 
incerta e está constantemente exposto à invasão de terceiros porque, sendo todos senhores tanto quanto 
ele, todo homem igual a ele e, na maior parte, pouco observadores da equidade e da justiça, o proveito da 
propriedade que possui nesse estado é muito inseguro e muito arriscado. Estas circunstâncias obrigam-no a 
abandonar uma condição que, embora livre, está cheia de temores e perigos constantes; e não é sem razão 
que procura de boa vontade juntar-se em sociedade com outros que estão já unidos, ou pretendem unir-se, 
para a mútua conservação da vida, da liberdade e dos bens a que chamo de propriedade.”
(os pensadores. são paulo: noVa cultural, 1991.) 
Do ponto de vista político, podemos considerar o texto como uma tentativa de justificar: 
a) a existência do governo como um poder oriundo da natureza; 
b) a origem do governo como uma propriedade do rei; 
c) o absolutismo monárquico como uma imposição da natureza humana; 
d) a origem do governo como uma proteção à vida, aos bens e aos direitos; 
e) o poder dos governantes, colocando a liberdade individual acima da propriedade.
ANÁLISE EXPOSITIVA
John Locke pode ser considerado precursor do ideário iluminista. Um dos pontos fundamentais de sua 
filosofia considera que a origem do governo significa uma superação do estado de natureza por meio do 
estabelecimento de um “contrato” entre governantes e governados, em que os direitos naturais (vida, bens 
e direitos) são preservados. 
RESPOSTA Alternativa D
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
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DIAGRAMA DE IDEIAS
• VALORES: LIBERDADE, IGUALDADE, 
TOLERÂNCIA E PROGRESSO
• SUPREMACIA DA RAZÃO HUMANA
• CRÍTICA AO ABSOLUTISMO
• CRÍTICA AO DOGMA RELIGIOSO
MONTESQUIEU (1698-1755)
• DEFESA DA MONARQUIA CONSTITUCIONAL
• DIVISÃO DOS TRÊS PODERES (EXECUTIVO,
• LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO)
VOLTAIRE (1694-1778)
• CRÍTICA AO ABSOLUTISMO
• CRÍTICA À DOMINAÇÃO INTELECTUAL DA IGREJA
• DIVULGAÇÃO DAS IDEIAS ILUMINISTAS
• SISTEMATIZAÇÃO DO CONHECIMENTO
• CRÍTICA AO COLONIALISMO E MERCANTILISMO
• LIBERDADE DE EXPRESSÃO
• DEFESA DA PROPRIEDADE PRIVADA
• INDIVIDUALISMO
ROUSSEAU (1712-1778)
• CRÍTICA À CONCENTRAÇÃO DA 
PROPRIEDADE PRIVADA
• DEFESA DA SOBERANIA POPULAR
• “O HOMEM NASCE BOM, MAS A 
SOCIEDADE O CORROMPE.”
• REVOLUÇÃO CIENTÍFICA DO SÉCULO XVII
• MÉTODO EXPERIMENTAL
EXPOENTES:
• RENÉ DESCARTES
• JOHN LOCKE
• ISAAC NEWTON
ILUMINISMO
ANTECEDENTES
PRINCÍPIOS DO ILUMINISMO
EXPOENTES
ENCICLOPÉDIA
• CRÍTICA AO MERCANTILISMO
• DEFESA DAS LEIS NATURAIS DA ECONOMIA
• A RIQUEZA VEM DA TERRA
• CRÍTICA À INTERFERÊNCIA DO ESTADO
• OFERTA E PROCURA
• LIVRE CONCORRÊNCIA
• DEFESA DA PROPRIEDADE PRIVADA
• LIVRE INICIATIVA (ADAM SMITH)
ECONOMIA
FISIOCRATISMO
LIBERALISMO
• FREDERICO II DA PRÚSSIA
• MARQUÊS DE POMBAL, EM PORTUGAL
• CATARINA II DA RÚSSIA
• CONDE DE ARANDA, NA ESPANHA
• JOSÉ II DA ÁUSTRIA
DESPOTISMO ESCLARECIDO
REFORMAS DO ESTADO ABSOLUTISTA
LIVRO 
TEÓRICO
HISTÓRIA 
DO BRASIL
HISTÓRIA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS
A proposta do Enem é interpretativa. Na 
maioria das questões, o candidato deve 
ler os textos propostos atentamente, 
pois as soluções quase sempre estarão 
contidas neles.
Abordagem conteudista sobre Consti-
tuição outorgada de 1824, jogo político 
entre os quatro poderes, representação 
eleitoral, cafeicultura e uso de mão de 
obra escrava. Em relação à República, 
aborda o processo de transição.
Com forte análise social, quando Brasil 
Imperial e os anos iniciais da República 
são apresentados. Vale salientar a cons-
trução do Estado monárquico constitu-
cional e suas relações com a sociedade 
imperial, assim como a transição para a 
República.
Não são abordadas questões de História, 
mas há interdisciplinaridade que permite 
o uso dos conhecimentos históricos para 
auxílio da resolução dos exercícios e es-
crita da redação, principalmente no que 
se refere ao contexto atual.
Aborda aspectos sociais e econômicos, 
como o desenvolvimento da sociedade 
imperial estruturada em torno do plan-
tio de café, a partir da segunda metade 
do século XIX. Normalmente, apresenta 
questões com textos médio/grandes.
É uma prova desafiadora, que prioriza 
a intertextualidade entre Medicina e 
História, principalmente em relação ao 
Estado brasileiro e ao Período Imperial, 
abordando Ciência e História a partir do 
cenário atual de pandemia.
Nos últimos dois anos, a prova apresenta 
uma tendência de temas relacionados à 
História do Brasil, com ênfase em ques-
tões relacionadas ao Período Regencial.
A prova aborda as temáticas por meio de 
uma correlação entre os aspectos sociais, 
econômicos e políticos que ocasionaram 
a construção de Estado no Brasil.
Nos últimos três anos, Brasil Imperial 
e República da Espada têm sido recor-
rentes e exigem análise de imagens, 
documentos escritos e debates histo-
riográficos.
Há um tema, determinado pela própria 
organização do vestibular, que percorre 
toda a prova e que pode englobar as 
temáticas abordadas neste caderno, por 
meio da associação entre os aspectos 
sociais, econômicos e políticos.
A prova privilegia análises e inter-
pretações sobre diferentes processos 
históricos e as percepções de suas con-
tinuidades e rupturas. Brasil Imperial é 
abordado por meio da correlação dos 
aspectos sociais, políticos, econômicos 
e culturais.
Não são abordas questões de História, 
entretanto, há um grau de interdiscipli-
naridade que permite o uso dos conhe-
cimentos históricos para auxílio da reso-
lução dos exercícios e escrita da redação.
A prova realiza análises de estruturas 
históricas brasileiras, que propõem uma 
reflexão sobre temas contemporâneos, 
como preconceito e desigualdade social. 
Utiliza textos introdutórios, trechos de 
registros documentais, mapas, tabelas 
e imagens.
Nessa prova, há uma tendência em te-
mas relacionados à História do Brasil, 
com certa interdisciplinaridade que per-
mite o uso dos conhecimentos históricos 
para auxílio da resolução dos exercícios e 
escrita da redação.
Com uma tendência em abordar temas 
contemporâneos, a prova apresenta 
questões de múltipla escolha direciona-
das aos candidatos que pretendem uma 
vaga nos cursos de Enfermagem, Biome-
dicina e Medicina.
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1. As guerras de independência 
do Brasil (1822-1823)
acLamaçãode d. pedro i, de jean-baptiste debret
O processo de Independência do Brasil não foi pacífico, pois 
algumas províncias, como Bahia, Maranhão, Grão-Pará, Piauí 
e Cisplatina se rebelaram e não reconheceram a autoridade 
do imperador D. Pedro I. O fato de essas províncias serem 
governadas por portugueses fez com que as autoridades 
quisessem se manter fiéis aos interesses portugueses.
As províncias do Grão-Pará, Maranhão e Piauí, devido à 
sua posição geográfica, acreditavam que a união com Por-
tugal seria mais vantajosa do que a submissão a um Estado 
que atenderia, prioritariamente, aos desejos dos grandes 
proprietários do sul do Brasil. A exceção era a Cisplatina, 
anexada ao Brasil em 1821, não tendo vínculos fortes com 
as tradições brasileiras, desejando, por isso, sua autonomia.
Para impor sua autoridade e consolidar a independência 
do Brasil, evitando a fragmentação do território, D. Pedro I 
lançou mão da força e enviou tropas às províncias rebeldes.
retrato de d. pedro i. óleo sobre tela, de benedito caliXto (1902).
Entretanto, o Exército Brasileiro não era suficientemente 
aparelhado e organizado, assim como não possuía uma Ma-
rinha capaz de enfrentar os navios portugueses que auxilia-
vam as províncias rebeladas. A solução foi recorrer à compra 
de navios no exterior e contratar mercenários estrangeiros 
para ocupar os postos de comando; ao mesmo tempo, a po-
pulação foi convocada a se organizar em milícias para ajudar 
na luta. Entre os estrangeiros contratados, destacaram-se os 
ingleses John Taylor, John Greenfell e James Norton; o esco-
cês lorde Cochrane; e o francês Pierre Labatut.
A Bahia foi um dos principais focos de resistência, onde as 
tropas portuguesas eram comandadas pelo general Ma-
deira de Melo. Depois de violentas batalhas e do cerco do 
porto de Salvador por uma esquadra naval comandada por 
lorde Thomas Cochrane, as tropas fiéis a D. Pedro I conse-
guiram a rendição dos rebeldes no dia 2 de julho de 1823, 
marco da vitória definitiva. No Pará, a repressão foi coman-
dada pelo lorde Grenfell, subordinado de Cochrane. Depois 
de violentos embates entre os revoltosos e as tropas do 
Império, mais de 250 pessoas (há divergências quanto aos 
números) foram presas e quase todas morreram asfixiadas 
no porão de um navio. No Piauí, a resistência foi organiza-
da pelo governador João José da Cunha Fidié, português, e 
a vitória das tropas brasileiras ocorreu na Batalha de Jeni-
papo, em março de 1823. Depois de fugir do Piauí, Fidié foi 
ao Maranhão juntar-se a outro foco de resistência à inde-
pendência, quando foi derrotado por tropas comandadas 
pelo lorde Cochrane.
PRIMEIRO 
REINADO 
(1822-1831)
COMPETÊNCIA(s)
1, 2, 3, 4, 5 e 6
HABILIDADE(s)
1, 2, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 13, 
14, 15, 22, 24 e 29
CH
AULAS 
17 E 18
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lorde cochrane, importante na consolidação da independência, Foi 
contratado pelo imperador d. pedro i para enFrentar a esquadra lusa. 
aristocrata escocês, Fora eXcluído da marinha britânica em razão de um 
escândalo ocorrido na bolsa de Valores em 1814. 
em seguida, tornou-se Figura central da 
independência do chile e do peru. 
A resistência na Cisplatina, liderada por D. Álvaro da Costa 
Macedo, foi a última a ser sufocada, em 1824, pelas tropas 
sob o comando de Carlos Frederic Lecór.
Naquela oportunidade, o Brasil enfrentava sérias dificul-
dades econômicas que obrigaram o governo a recorrer a 
empréstimos junto a banqueiros ingleses para suportar as 
despesas militares. Esse fato resultou no agravamento da 
crise econômica do jovem Império, tornando-o mais de-
pendente do capital estrangeiro.
Fonte: Youtube
Hino da Independência – Evaristo da Veiga
multimídia: música
1.1. O reconhecimento externo 
da independência
Era necessário que a independência política fosse reconhe-
cida por outros países para que o Brasil pudesse estabele-
cer relações políticas e econômicas com o exterior. Apesar 
de a Inglaterra se mostrar interessada, tratou-se de um 
processo lento e difícil.
Pelo fato de ter sido conduzida pelo herdeiro do trono 
português, a independência brasileira suscitava descon-
fiança no exterior. Alguns países se questionavam se o 
rompimento de D. Pedro I com Portugal era para valer, já 
que, depois da morte de D. João VI, ele poderia acumular 
os tronos brasileiro e português, reunindo outra vez os 
países sob um só comando.
A maioria dos países europeus apoiava a postura política 
antiliberal e recolonizadora da Santa Aliança, que previa 
a intervenção militar em países ou colônias europeias onde 
ocorressem movimentos de caráter liberal.
Por outro lado, os países americanos não viam com bons 
olhos a adoção do regime monárquico no Brasil, bem 
como o governo de um príncipe português. O fato de vá-
rias províncias terem se rebelado contra D. Pedro I e a falta 
de participação popular no movimento de Independência 
causavam estranheza.
Os Estados Unidos foram os primeiros a reconhecer ofi-
cialmente a Independência do Brasil, em 1824, em virtude 
da Doutrina Monroe, que defendia a “América para os 
americanos”, isto é, o direito à soberania e autodetermi-
nação dos povos americanos em oposição aos interesses 
antiliberais da Santa Aliança. Além disso, os EUA ambicio-
navam ampliar seu mercado consumidor e sua importância 
política na região e, para isso, era necessário reduzir a influ-
ência inglesa no continente.
Embora a Inglaterra fosse a maior beneficiária da indepen-
dência brasileira, o reconhecimento oficial dependia do 
reconhecimento de Portugal. Aos ingleses não interessava 
abalar o bom relacionamento diplomático e as alianças po-
líticas entre os dois países. Portugal ainda nutria a esperan-
ça de recuperar sua antiga Colônia, mas, pressionado pelo 
Estado inglês, acabou aceitando negociar o reconhecimen-
to da autonomia brasileira mediante algumas vantagens.
Em agosto de 1825, Portugal assinou o acordo de reconhe-
cimento da Independência brasileira mediante uma inde-
nização de dois milhões de libras esterlinas e a concessão 
do título de imperador Honorário do Brasil para D. João VI 
como forma de homenageá-lo. Além disso, o Brasil se com-
prometia a não se unir a qualquer outra colônia portugue-
sa. Sem recursos financeiros para arcar com a indenização, 
o Brasil novamente recorreu aos banqueiros britânicos, au-
mentando sua dependência econômica e a dívida externa 
da jovem nação.
Em 1826, a Inglaterra reconheceu a Independência do 
Brasil. Entretanto, procurou obter vantagens econômicas 
exigindo a manutenção das tarifas alfandegárias preferen-
ciais de 15% para os produtos ingleses e o compromisso 
do governo brasileiro de extinguir o tráfico negreiro num 
prazo de cinco anos.
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O reconhecimento de Portugal e Inglaterra foi seguido pelo 
de vários outros países, como Áustria e França, que tam-
bém buscaram obter vantagens econômicas ou alfandegá-
rias. Em 1828, D. Pedro I estabeleceu que as tarifas alfan-
degárias de 15% valeriam para qualquer nação, adotando 
uma política livre-cambista e sepultando definitivamente 
as chances de sucesso da indústria nacional, incapaz de 
concorrer com as nações europeias.
tio sam protegendo os americanos contra os europeus. a placa 
diz: “não ultrapasse – américa para os americanos – tio sam”.
disponíVel em: . 
Fonte: Youtube
Primeiro Reinado (1822-1831)
multimídia: vídeo
1.2. A Assembleia Nacional 
Constituinte (1823)
Embora tenha sido convocada em julho de 1822, antes 
mesmo da independência, a Assembleia Nacional Cons-
tituinte ocorreu em maio de 1823. Apenas 14 das 19 
províncias que compunham o Império enviaram seus de-
putados para a elaboração da Constituição. 
Os deputados representavam diversos segmentos sociais: 
aristocracia rural, comerciantes, Igreja Católica, funcioná-
rios públicos, militares e profissionais liberais. Participaram 
da Assembleia os ex-inconfidentes JoséResende Costa Fi-
lho e o padre Manuel Rodrigues, que tiveram a pena de 
morte comutada para degredo e depois retornaram ao 
Brasil, e os irmãos Andrada, cuja participação no processo 
de independência foi determinante.
O imperador abriu os trabalhos e, para demonstrar suas 
intenções, citou as palavras do rei Luis XVIII na abertura da 
carta constitucional francesa de 1814. Afirmou que acei-
taria e juraria a Constituição desde que ela fosse “digna 
do Brasil e de mim”. E foi o que se viu, uma constituinte 
marcada por acalorados debates entre os deputados pela 
distribuição das atribuições e competências entre os pode-
res e pela defesa da concentração de amplos poderes nas 
mãos do poder Executivo. D. Pedro e seus aliados defen-
diam a centralização política. 
Fonte: Youtube
10 Coisas que você não sabe sobre 
a Independência do Brasil
multimídia: vídeo
O projeto constitucional cujo relator foi Antônio Carlos de 
Andrada e Silva ficou conhecido como Constituição da 
Mandioca, uma vez que estabelecia o voto censitário, 
ou seja, a participação política de acordo com uma renda 
anual equivalente aos alqueires de mandioca plantados. 
Além disso, instituía outras medidas, como eleições indi-
retas, manutenção da escravidão, divisão do Estado em 
Legislativo, Executivo e Judiciário (com predomínio do Le-
gislativo sobre o Executivo: o imperador não poderia vetar 
as decisões do Legislativo) e a proibição de portugueses 
ocuparem cargos públicos.
José Bonifacio de Andrada e Silva – Jorge Caldeira
Esse volume, organizado por Jorge Caldeira, traz os tex-
tos mais importantes de José Bonifácio, pronunciamen-
tos públicos, correspondências e anotações, além de 
uma apresentação da vida e da obra do autor, possibili-
tando uma visão acurada da relevância desse formador 
do Brasil, o chamado "Patriarca da Independência".
multimídia: livro
Descontente com o projeto, D. Pedro I desentendeu-se 
com os irmãos Andrada e vários outros deputados cons-
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tituintes e determinou o fechamento da Assembleia, que 
permaneceu reunida sob protesto. Era noite do dia 11 
para 12 de novembro de 1823, episódio que ficou conhe-
cido como Noite da Agonia. Ao amanhecer, o prédio 
estava cercado por tropas imperiais, a Constituinte foi 
dissolvida e diversos deputados foram presos.
Apesar de ter sido uma Constituinte marcada pela predo-
minância da elite agrária, os embates e seu desfecho deixa-
ram claros os choques de interesses e opiniões conflitantes 
no interior da classe dominante.
1.3. A Constituição de 1824
Depois de dissolver a Assembleia Constituinte de 1823, D. 
Pedro I nomeou um Conselho de Estado composto por dez 
membros com a função de elaborar, sob sua supervisão 
pessoal, um novo projeto constitucional para o Brasil. Ape-
sar de ter adotado alguns pontos do projeto da “Constitui-
ção da Mandioca”, a nova Constituição ficou pronta em 
1824 e foi outorgada, imposta, por D. Pedro I em 25 de 
março com as seguintes características: 
 § monarquia hereditária constitucional;
 § unitarismo, ou seja, centralização do poder político; 
províncias sem autonomia com presidentes nomeados 
pelo poder central; quatro poderes: Legislativo, Execu-
tivo, Judiciário e Moderador;
 § eleições indiretas, com voto censitário e em dois ní-
veis; eleitores homens maiores de 25 anos (exceto para 
homens casados que votavam a partir dos 21 anos), 
com renda mínima anual de 100 mil réis para os eleito-
res de paróquia (primeiro grau), e de 200 mil réis para 
os eleitores de província (segundo grau); candidatos a 
deputado e senador deveriam ter renda mínima de 400 
e 800 mil réis, respectivamente;
 § senadores vitalícios; morto um senador, eleições 
seriam convocadas; caberia ao imperador escolher um 
dos nomes da lista de mais votados;
 § religião católica adotada como oficial pelo Estado; 
proibidos templos e manifestações públicas de quais-
quer outras religiões, sendo permitido, nesses casos, 
apenas culto privado;
 § padroado; Igreja católica subordinada ao Estado;
 § beneplácito; leis da Igreja só teriam validade com a 
autorização do imperador.
O poder Legislativo seria exercido por deputados e sena-
dores, e o Judiciário, pelos juízes de paz. O poder Executi-
vo seria exercido pelo imperador, por ministros de Estado 
e presidentes das províncias. Já o poder Moderador seria 
exclusivo do imperador, com direito a intervir nos demais 
poderes como ponto de equilíbrio político do Estado. 
alegoria do juramento da constituição de 1824 (d. 
pedro salVa a índia, o brasil da ameaça do absolutismo). 
gianni. 1824. Fundação biblioteca nacional.
A Carta de 1824 não era democrática. Guardava os prin-
cípios do liberalismo, desvirtuados pelo excessivo centralis-
mo do imperador e pela manuteção da escravidão. Graças 
à discrepância entre o avanço da definição dos poderes e 
o cumprimento das suas determinações, não passava de 
um Estado escravocrata cuja elite costumava fazer suas 
próprias leis e o favoritismo marcava as relações sociais 
e políticas. A tradição autoritária continuava intocável. Era 
impossível o exercício do liberalismo real.
Fonte: Youtube
Hino Nacional Brasileiro – Joaquim 
Osório Duque Estrada
multimídia: música
1.4. A Confederação do Equador (1824)
A dissolução da Assembleia Constituinte de 1823 e a ou-
torga da Constituição de 1824 foram grandes exemplos 
do autoritarismo de D. Pedro I e geraram descontenta-
mento em várias províncias, especialmente em Pernam-
buco, que já havia liderado um movimento em 1817 em 
reação à presença da Corte portuguesa no Brasil e à situ-
ação da província.
A crise econômica persistia, especialmente na agroma-
nufatura açucareira, atingindo os diversos segmentos so-
ciais em Pernambuco. As ações autoritárias do monarca 
brasileiro frustaram também os liberais, outrora empolga-
dos com a independência.
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Figuras como Cipiriano Barata e Frei Caneca se manifesta-
ram publicamente contra D. Pedro I.
Veterano da Conjura dos Alfaiates e da Revolução de 
1817, Cipriano Barata ficou conhecido como “o homem 
de todas as revoluções”. Em 1823, dirigia um de seus 
inúmeros jornais, A Sentinela da Liberdade na Guarita de 
Pernambuco, em que atacava violentamente o despotismo 
de D. Pedro I e as ameaças de recolonização. Foi preso em 
novembro, antes do início do movimento revolucionário 
que pregava, e permaneceu na prisão até 1830.
Joaquim do Amor Divino, o carmelita Frei Caneca, assim 
conhecido porque vendia canecas nas ruas do Recife quan-
do criança, havia participado também da Revolução de 
1817. Logo depois da prisão de Cipriano Barata, fundou o 
Tifis Pernambucano, jornal que atacava a Carta outorgada, 
em especial seu caráter centralizador, defendendo a neces-
sidade de uma estrutura federalista para o Brasil.
O movimento revolucionário teve início quando D. Pedro I 
destituiu Manoel Carvalho Paes de Andrade do governo de 
Pernambuco e nomeou para seu lugar Francisco de Paes 
Barreto. Em 2 de julho de 1824, Paes de Andrade rompeu 
com o governo e proclamou o regime republicano na pro-
víncia, contando com a adesão de liberais de províncias 
vizinhas: Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.
bandeira da conFederação do equador (nota-se a importância da 
cana-de-açúcar e do algodão para a região, pois tais 
produtos estão representados na bandeira)
Os rebeldes pregavam a implantação do regime republi-
cano, o federalismo e a adoção provisória da Constituição 
da Grã-Colômbia (inspirada em Bolívar). O nome esco-
lhido para a república nordestina foi Confederação do 
Equador, em virtude de sua localização próxima à linha 
imaginária do equador. 
O desembarque de escravizados no porto do Recife foi 
proibido, e a questão abolicionista se tornou o centro 
das discussões, provocando a insatisfação da elite agrária 
e dos demais defensores da escravidão, o que os afastou 
do movimento e o enfraqueceu.
O governo imperial organizouuma violenta repressão con-
tra Pernambuco e as demais províncias nordestinas até 
derrotar completamente o movimento em novembro de 
1824. Muitos foram presos e muitos rebeldes morreram 
em combate. Paes de Andrade conseguiu fugir do país, e 
Frei Caneca foi preso e condenado à forca. Como os car-
rascos de Recife se recusaram a enforcá-lo, o frei carmelita 
foi fuzilado por ordem expressa de D. Pedro I. A repressão 
demonstrou como o Imperador trataria qualquer movimen-
to que contestasse sua autoridade.
a eXecução de Frei caneca. óleo. murilo la greca.
Frei Joaquim do amor divino Caneca 
– Evaldo Cabral de Mello
Os textos reunidos nesse livro mostram os passos que 
levaram Frei Caneca, em pouco mais de três anos, da 
defesa de um governo institucional ao desencanto com 
a política de D. Pedro I e, em seguida, à busca de uma 
saída revolucionária com a Confederação do Equador, em 
consequência da qual foi julgado e condenado à morte.
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2. A crise do Primeiro Reinado
2.1. A Guerra da Cisplatina (1825-1828)
A posse da Região do Prata tinha grande significado na ge-
opolítica sul-americana. Contudo, o Brasil enfrentava pro-
blemas, pois a região da Cisplatina não poderia continuar 
como um apêndice do Império, e o uso da força militar não 
impediria a consolidação do ideal nacionalista de emanci-
pação política. Além disso, a independência da região, de 
um modo geral, era vista com simpatia pelos brasileiros.
Os líderes nacionalistas Juan Antônio Lavalleja e Fuctuoso 
Rivera arregimentaram os militares contra os contingentes 
brasileiros estacionados na Cisplatina. Os uruguaios reuni-
dos constituíram um regime republicano e decidiram pela 
incorporação à atual Argentina, então chamada Província 
Unida do Prata. O Império brasileiro declarou-lhes guerra 
num momento complicado para o país entrar em luta, pois a 
situação no Prata era resultado da política expansionista de 
D. João VI, que não era popular, o que provocava críticas a 
D. Pedro I, acusado de preferir a herança portuguesa de con-
quista ao verdadeiro interesse nacional de harmonia e paz. 
O clima de desentendimento entre o general Carlos Frede-
rico Lécor, comandante das forças terrestres, e o marechal 
Felisberto Caldeira Brandt Pontes, Marquês de Barbacena, 
comandante naval, levou D. Pedro a entregar o comando 
à Brandt, em 1826. Buenos Aires havia sido bloqueada e 
assolada pela fome. O comércio internacional sofria perdas 
consideráveis. Ocorriam ataques de piratas de ambos os 
lados. As negociações falhavam e as tropas brasileiras acu-
mulavam derrotas. 
Por fim, a Inglaterra interveio, intermediando a Convenção 
Preliminar de Paz entre os representantes do Brasil e das 
Províncias Unidas do Prata, entre os dias de 11 e 27 de 
agosto de 1828. A independência da província e o fim da 
guerra interessavam muito a Inglaterra, que buscava ga-
rantir as suas transações comerciais e a ampliação dos 
mercados consumidores. 
BRASIL
ARGENTINA
Montevideo
Melo
Salto
Rivera
Paysandú
Maldonado
Tacuarembó
Artigas
Mercedes
30 km
Por meio da Convenção Preliminar da Paz, Brasil e Argen-
tina reconheciam a independência da Província Cisplatina. 
Em 28 de agosto de 1828, foi assinado o Tratado do Rio de 
Janeiro, ratificado em 4 de outubro daquele mesmo ano, 
reconhecendo a independência do Uruguai. Segundo esse 
tratado, D. Pedro I renunciou a qualquer direito sobre a Pro-
víncia Cisplatina e recuperou as terras das Missões. O Uru-
guai se comprometeu a não se unir à Argentina e, como 
Estado independente, passou a se chamar Estado Oriental. 
Somente em 1918 adotou o atual nome: República Orien-
tal do Uruguai.
Os gastos militares agravaram os problemas econômico-
-financeiros e as perdas sofridas na Guerra da Cisplatina 
acabaram por comprometer e desgastar politicamente D. 
Pedro I.
Dom Pedro, a história não contada – Paulo Rezzutti 
O primeiro imperador do Brasil foi um personagem 
que entrou nos livros de história e no imaginário do 
brasileiro, cercado por uma aura, a um só tempo cari-
catural e enigmática. 
multimídia: livro
2.2. A crise econômica
A cada dia aumentavam as dificuldades econômicas do 
Brasil. Exportações brasileiras tradicionais, como algodão, 
açúcar, couro e fumo, continuavam em declínio no mercado 
internacional, criando uma balança de comércio deficitária. 
A dívida externa tornava-se cada vez maior em razão da cri-
se do comércio exterior, da indenização paga a Portugal pela 
independência e das despesas com a Guerra da Cisplatina.
A pobreza do Estado, que padecia da crônica falta de recur-
sos, agravava a crise. As rendas do governo central, depen-
dentes em grande parte do imposto sobre produtos importa-
dos, eram insuficientes. Além de lançar mão de empréstimos 
externos, o Império recorreu a uma intensa emissão de mo-
eda, produzindo uma inflação desenfreada.
Inicialmente, D. Pedro I foi considerado herói por ter rom-
pido com Portugal e liderado o processo de independência 
do Brasil. Entretanto, em apenas seis anos sua imagem se 
desgastou, e o Imperador passou a ser criticado por suas ati-
tudes autoritárias, o que provocou a perda de apoio político 
e de popularidade.
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A falta de atitudes concretas para resolver a crise econô-
mica que afetava o país também desagradava. Além dis-
so, a exposição da vida pessoal do imperador, suas várias 
amantes, a publicização do seu romance com a marquesa 
de Santos, Domitila de Castro, a quem chegou a nomear 
camareira da imperatriz, afetavam sua imagem de diri-
gente político e estadista.
2.3. A questão sucessória do trono 
português e a impopularidade de D. Pedro I
A atuação de D. Pedro I na questão da sucessão do tro-
no português também contribuiu para o desgaste de sua 
imagem. Com a morte de D. João VI, em 1826, a Coroa 
portuguesa seria herdada por D. Pedro I, que renunciou ao 
trono luso em nome de sua filha mais velha, D. Maria da 
Glória. Como ela era menor de idade quando o monarca 
falecera, ficou acertado que D. Miguel, irmão de D. Pedro 
I, assumiria o trono português como regente até sua so-
brinha atingir a maioridade. Naquele momento, os dois se 
casariam e assumiriam em definitivo o trono. 
Em 1828, descumprindo o acordo, D. Miguel usurpou o 
trono luso e autoproclamou-se rei. A situação revoltou D. 
Pedro, que mobilizou a diplomacia brasileira e ameaçou 
enviar tropas a Portugal. Os brasileiros não aprovaram as 
atitudes de D. Pedro I, pois julgavam que o monarca não 
devia usar recursos ou tropas nacionais para interferir em 
assuntos internos de Portugal.
D. Pedro I, porém, não desistiu da luta pelo trono luso e, 
com apoio de tropas mercenárias, expulsou seu irmão de 
Portugal, garantindo o trono a sua filha. No Brasil, muitos 
se perguntavam de onde vinha o dinheiro para a luta em 
solo português em plena crise econômica do Império.
caricatura dos dois antagonistas portugueses: d. pedro (à esquerda) e 
d. miguel, amparados e instigados pelo rei Francês luís Filipe, 
que representaVa o espírito liberal, e pelo czar nicolau da 
rússia, que representaVa a santa aliança e o absolutismo.
A insatisfação contra o governo era constantemente 
expressa na imprensa Malagueta e Aurora Fluminense, 
jornais que assumiram a postura de denunciar as ar-
bitrariedades do Imperador, fomentando a insatisfação 
popular. D. Pedro, por sua vez, ordenou o fechamento 
de jornais, o espancamento e a prisão de jornalistas e 
o impedimento da investigação acerca do assassinato 
do jornalista Líbero Badaró (1830), editor do jornal O 
Observador Liberal.
2.4. O fim do Primeiro Reinado
D. Pedro I resolveu tentar melhorar sua imagem no Brasil. 
Ele decidiu realizar uma viagem de visita a algumas provín-
cias, onde poderia manter contato com a população. Outra 
medida nesse sentido foi a nomeação de um ministério 
composto somente por brasileiros, reduzindo a influência 
política dos membros doPartido Português.
abdicação do imperador d. pedro i. aurélio de Figueiredo (1831).
A viagem começou por Minas Gerais, onde o imperador foi 
recebido friamente: os sinos das Igrejas tocavam um som 
fúnebre e várias casas tinham panos pretos exibidos em 
suas janelas, demonstrando luto pela morte do jornalista 
Libero Badaró. Insatisfeito e contrariado, D. Pedro I resolveu 
voltar ao Rio de Janeiro.
Para animar o Imperador e manifestar seu apoio, os portu-
gueses prepararam uma festa de boas-vindas, no dia 13 de 
março. Sabendo da recepção, os brasileiros oposicionistas 
foram ao local da festa e entraram em conflito com os por-
tugueses na chamada Noite das Garrafadas.
Diante da situação e das críticas, D. Pedro I percebeu que a 
nomeação de um ministério composto somente por brasi-
leiros não surtira o efeito desejado e resolveu substituí-los 
por portugueses – o ministério dos marqueses, no dia 
5 de abril de 1831. Essa medida provocou o aumento das 
manifestações contra o Imperador, que se viu politicamente 
isolado e sem apoio popular.
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A Noite das Garrafadas – Chico Castro
No dia 13 de fevereiro de 1831, os portugueses feste-
javam o regresso da viagem de D. Pedro I a Minas Ge-
rais. Em meio à comemoração, brasileiros desconten-
tes com atitudes do soberano e inconformados com a 
influência dos portugueses na vida administrativa do 
País investiram contra os lusitanos e usaram pedras e 
garrafas como arma.
multimídia: livro
D. Pedro I resolveu abdicar do trono brasileiro no dia 
7 de abril de 1831, em nome de seu filho D. Pedro de Al-
cântara, que, na época, tinha apenas cinco anos de idade. 
A medida pôs fim ao Primeiro Reinado e há quem veja 
nela a consolidação da Independência do Brasil, afastando 
definitivamente o perigo da recolonização.
o menino pedro de alcântara. armand julien pallière. (c. 1830).
Usando do direito que a Constituição me concede, 
declaro que hei muito voluntariamente abdicado na 
pessoa de meu muito amado e prezado filho o Senhor 
D. Pedro de Alcântara.
Boa Vista, 7 de abril de mil oitocentos e trinta e um, 
décimo da Independência e do Império.
d. pedro i
Fonte: Youtube
Império Brasileiro 1822 a 1889
multimídia: vídeo
planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao24.htm
mapa.an.gov.br
multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/noite_agonia.html
infoescola.com/historia/confederacao-do-equador/
mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiadobrasil/abdi-
cacao-d-pedro-i.htm
multimídia: site
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CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
O Poder Moderador (Ciência Política)
O Poder Moderador foi idealizado a partir de um conceito do pensador suíço Henri-Benjamin Constant de Re-
beque, que afirmava que o poder real, durante o período de monarquia constitucional, deveria agir como um 
mediador neutro entre os outros três poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário).
A Constituição de 1824, em seu artigo 98, afirmava que o Poder Moderador estava “delegado privativamente 
ao Imperador, como chefe supremo da nação, e seu primeiro representante, para que incessantemente vele sobre 
a manutenção da independência, equilíbrio e harmonia dos demais poderes políticos”. Muitos apontam que o 
quarto poder simbolizaria tirania ao invés de estabilidade, uma vez que, caso o imperador achasse necessário, 
ele previa a dissolução de todo o Legislativo.
No Segundo Reinado, alternando os dois partidos aris-
tocráticos no poder, o Poder Moderador assegurou ao 
país mais de quarenta anos de paz interna, liberdade 
de expressão e de imprensa, práticas eleitorais (que se 
tornaram pouco fiéis ao desejo dos eleitores devido aos 
políticos da época), debates parlamentares e uma orga-
nização representativa. Por outro lado, promoveu a con-
ciliação das facções em torno e à custa dos empregos do 
Estado e tutelou o sistema político nacional.
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ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
HABILIDADE 12
Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
A concepção sociológica subjacente a muitas questões do Enem é a de que as leis e o Direito não são neutros, 
mas frutos de amplos conflitos econômicos, sociais e culturais e devem ser compreendidos como tal. Diante disso, 
a prova lança mão de fragmentos de Constituições ou de livros de historiadores para fundamentar suas questões.
No caso da história brasileira, o aluno deve compreender os embates relativos à redação de nossas principais 
Constituições. 
A Habilidade 12 requer que o aluno saiba como alguns grupos sociais são representados ou sub-representados 
pelo Direito em seus distintos momentos históricos.
MODELO 1
(Enem) Art. 92. São excluídos de votar nas Assembleias Paroquiais:
I. Os menores de vinte e cinco anos, nos quais não se compreendam os casados, e Oficiais militares que forem 
maiores de vinte e um anos, os Bacharéis Formados e Clérigos de Ordens Sacras.
IV. Os Religiosos, e quaisquer que vivam em Comunidade claustral.
V. Os que não tiverem de renda líquida anual cem mil réis por bens de raiz, indústria, comércio ou empregos.
constituição política do império do brasil (1824). 
disponíVel em: https://legislação.planalto.goV.br. acesso em: 27 abr. 2010 (adaptado).
A legislação espelha os conflitos políticos e sociais do contexto histórico de sua formulação. A Constituição de 
1824 regulamentou o direito de voto dos “cidadãos brasileiros” com o objetivo de garantir:
a) o fim da inspiração liberal sobre a estrutura política brasileira;
b) a ampliação do direito de voto para maioria dos brasileiros nascidos livres;
c) a concentração de poderes na região produtora de café, o Sudeste brasileiro;
d) o controle do poder político nas mãos dos grandes proprietários e comerciantes;
e) a diminuição da interferência da Igreja Católica nas decisões político-administrativas.
ANÁLISE EXPOSITIVA
A Constituição de 1824 foi imposta pelo imperador e reflete a elitização política. Seu componente mais 
importante foi o voto censitário, ou seja, baseado na renda do indivíduo. Dessa forma, apenas aqueles 
que tinham renda proveniente da terra (os fazendeiros) ou do comércio (geralmente indivíduos de origem 
portuguesa) tiveram garantido o direito político de votar. 
RESPOSTA Alternativa D
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DIAGRAMA DE IDEIAS
GUERRAS DE INDEPENDÊNCIA
RECONHECIMENTO EXTERNO DA INDEPENDÊNCIA
CONSTITUIÇÃO DE 1823
AÇÃO MILITAR 
DE D. PEDRO I
CONSTITUIÇÃO 
DA MANDIOCA
MANUTENÇÃO DO 
PORTO COLONIAL
MERCENÁRIOS
COMPRA DE 
NAVIOS
MASSACRE E RENDIÇÃO 
DOS INOCENTES
BAHIA, MARANHÃO, GRÃO-PARÁ 
PIAUÍ E CISPLATINA
ENDIVIDAMENTO
ELITES POR-
TUGUESAS
ESTADOS UNIDOS
(1824)
VOTO CENSITÁRIO
DOUTRINA MONROE
“AMÉRICA PARA OS AMERICANOS”
EXECUTIVO, LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO
SUBMISSÃO DO IMPERADOR 
AO LEGISLATIVO
DISSOLUÇÃO DA ASSEMBLEIA POR 
D. PEDRO (NOITE DA AGONIA)
PORTUGAL
(1825)
ELEIÇÕES INDIRETAS
INDENIZAÇÃO DE
2 MILHÕES DE LIBRAS
INGLATERRA
(1826)
FIM DA ESCRAVIDÃO EM 5 ANOS 
E VANTAGENS COMERCIAIS
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CONSTITUIÇÃO DE 1824
CONSTITUIÇÃO
 DE 1824
CONFEDERAÇÃO DO 
EQUADOR (1824)
OUTORGA DE 
D. PEDRO
CENTRALIZAÇÃO MONÁRQUICA
ELEIÇÕES INDIRETAS
VOTO CENSITÁRIO MASCULINO
EXECUTIVO, LEGISLATIVO,
 JUDICIÁRIO E MODERADOR
DISSOLUÇÃO DA ASSEMBLEIA POR 
D. PEDRO I (NOITE DA AGONIA)
CRISE ECONÔMICACRISE POLÍTICA
CRISE DO PRIMEIRO REINADO
RENÚNCIA DE D. PEDRO I
ENDIVIDAMENTO PÚBLICOAUTORITARISMO DO IMPERADOR
GUERRA DA CISPLATINA (1828)
CRISE ENTRE PORTUGUESES
 E BRASILEIROS
INDENIZAÇÃO A PORTUGAL“NOITE DAS GARRAFADAS”
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1. Período Regencial 
(1831-1840)
Em 7 de abril de 1831, D. Pedro I abdicou, dando início ao 
Período Regencial, que se estendeu até o Golpe da Maiori-
dade, em 1840, quando, com a antecipação da maioridade 
de D. Pedrotecnologias  7
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1. Processo de decadência 
do feudalismo
As características do sistema feudal não permaneceram 
as mesmas durante toda a Idade Média. Aos poucos, os 
elementos próprios do feudalismo foram sofrendo modifi-
cações e criando um novo sistema e novos modos de vida. 
Estava sendo gerada uma nova sociedade. Os conflitos en-
tre a Igreja e o poder temporal cresceram. Ocorreram as 
Cruzadas. As cidades e o comércio renasceram. O poder 
político foi sendo centralizado gradativamente na figura 
do rei, constituindo-se as monarquias nacionais. No século 
XIV, fome, pestes, guerras e rebeliões camponesas abala-
ram ainda mais as já combalidas instituições feudais. Ao 
mesmo tempo em que abalaram as estruturas do feudalis-
mo, todos esses acontecimentos aceleraram as mudanças 
que estavam sendo gestadas no seu interior. Profundas 
transformações, como as revoluções na economia, 
na política e nos costumes, inauguraram um pe-
ríodo que viria a ser chamado de Idade Moderna 
(séculos XV, XVI, XVII e XVIII), inaugurada pelo que 
se denominou revolução comercial.
2. As Cruzadas (1095-1270)
2.1. Definição e fatores
As Cruzadas foram expedições de cunho religioso-militar 
que ocorreram a partir dos últimos anos do século XI com 
o intuito de combater os inimigos da cristandade. A Igreja 
legitimou essas expedições conferindo-lhes um caráter de 
respeitabilidade. Oferecia privilégios espirituais e materiais 
aos cruzados. As Cruzadas também atuaram como uma 
forma de aliviar as pressões provocadas pelo aumento 
populacional ocorrido a partir do século X. Uma de suas 
principais consequências foi a reabertura do Mediterrâneo 
ao comércio europeu.
Ao lado do fervor religioso1 – o cruzado seria recompen-
sado com o perdão dos pecados por intermédio das Indul-
gências –, fatores de ordem econômica, social e política 
atuaram como elementos determinantes das Cruzadas. 
Com o fim das invasões bárbaras no século X, a Europa 
passou por um período de relativa tranquilidade. Com a 
diminuição das guerras e o quase desaparecimento das 
epidemias, criou-se um ambiente favorável à estabilidade 
social, que favoreceu o crescimento populacional. Foi de-
terminante para esse crescimento a abundância de recur-
sos naturais e inovações técnicas na agricultura. Conjuga-
dos, esses fatores favoreceram uma dieta mais saudável, o 
que contribuiu para a queda da mortalidade infantil. 
As novas técnicas agrícolas permitiram o aumento da pro-
dução, e os excedentes passaram a ser comercializados. 
Por outro lado, bens produzidos fora da Europa passaram a 
ser adquiridos. Os mercados bizantino e muçulmano tam-
bém passaram a demandar matérias-primas e gêneros ali-
mentícios ocidentais. O incremento desse comércio de am-
bos os lados do Mediterrâneo favoreceu muito as cidades 
italianas de Veneza e Gênova, que viram suas condições 
econômicas aumentarem, bem como suas possibilidades 
de desempenharem um papel importante, quando não 
fundamental, nas Cruzadas.
1. “A todos que partirem e morrerem no caminho, em terra ou mar, ou que per-
derem a vida combatendo os pagãos, será concedida a remissão dos pecados” 
(Discurso do papa Urbano II, em Clermont, França, no ano de 1095).
BAIXA IDADE 
MÉDIA
COMPETÊNCIA(s)
1, 2, 3, 4, 5 e 6
HABILIDADE(s)
1, 4, 5, 7, 8, 9, 11, 14, 15, 16, 
17, 18, 22 e 29
CH
AULAS 
17 E 18
8  CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias
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Fonte: Youtube
As cruzadas – Paulo Ó
multimídia: música
Em virtude da expansão demográfica, a sociedade feudal 
europeia passou a ter mais mobilidade social. Uma parce-
la dos camponeses foi expulsa do campo e obriganda a 
buscar outras formas de ganhar a vida. Paralelamente, a 
produção do excedente agrícola permitia que os campo-
neses vissem no comércio uma alternativa mais vantajosa. 
A vida urbana passou a ser expressão da liberdade em 
contraposição à vida rural ligada à servidão. Essa situação 
fez aumentar a população que buscava viver do comércio 
e das atividades artesanais, isto é, sobreviver economi-
camente fora dos feudos. Em consequência, incontáveis 
marginais, divididos entre contestadores e pobres, dispu-
seram-se a se engajar nas Cruzadas como modo de vida. 
O contexto político do período criou um ambiente favo-
rável para que os nobres despossuídos ou empobrecidos 
engrossassem o contingente de voluntários a atender os 
desejos da Igreja de lutar contra os heréticos e pagãos 
como modo de manter seu poder, conquistar novas terras 
e riquezas e controlar uma população cada vez mais difícil 
de ser dominada.
A todos esses fatores somavam-se os motivos religiosos 
que impregnavam a vida medieval. Havia um sentimen-
to sincero de resgate da Terra Santa. De fato, uma par-
cela significativa de cruzados que participava das lutas 
sem nada ganhar. As Cruzadas envolveram a sociedade 
europeia de tal modo, que, em geral, todos seriam be-
neficiados direta ou indiretamente por essa empresa mili-
tar-religiosa que buscava romper o cerco muçulmano em 
expansão pelo Oriente.
Para a Igreja romana, a conquista dos locais santos da 
Ásia ocidental pelas Cruzadas configurava-se instrumento 
de expansão do cristianismo, da supremacia do papado 
sobre o Império e da expansão de sua influência religiosa.
Por sua vez, o Império Bizantino, pressionado por inimigos 
externos, via nas Cruzadas uma forma de conter o avan-
ço dos turcos sobre seus territórios. As cidades comerciais 
italianas de Veneza, Pisa e Gênova, que consideravam as 
Cruzadas um instrumento de reabertura do Mediterrâneo, 
ambicionavam conquistar entrepostos comerciais na Ásia 
ocidental. Finalmente, os setores marginais da população 
europeia buscavam nas Cruzadas um meio de obterem 
ganhos que lhes possibilitassem sobreviver ou mesmo 
enriquecer. 
O movimento das Cruzadas teve como causa imediata o 
bloqueio à peregrinação dos cristãos ao Santo Sepulcro 
(túmulo de Cristo em Jerusalém), dominado pelos muçul-
manos.
2.2. Cruzadas do Ocidente: 
a Guerra de Reconquista
Paralelamente às Cruzadas que investiram contra o Orien-
te, foram realizadas expedições denominadas Cruzadas 
do Ocidente, com o objetivo de expulsar os muçulmanos 
do território europeu. Em 711, os árabes muçulmanos 
haviam conquistado e submetido ao seu poder a penín-
sula Ibérica, com exceção das Astúrias, onde se formaram 
os pequenos reinos cristãos de Leão, Castela, Aragão e 
Navarra. Reunidos, esses reinos iniciaram no século XI a 
Guerra de Reconquista.
Mapa da evolução da Reconquista 
cristã na península Ibérica
Granada
Córdoba
Castela
Aragão
Navarra
(Francos)
Leão
Portugal
antes 914
914 - 1080
1080 - 1130
1130 - 1210
1210 - 1250
1250 -1480
1480 - 1492
Fonte: .
As terras reconquistadas dos muçulmanos foram doadas 
ao clero ou incorporadas pela nobreza. Esses territórios fo-
ram explorados segundo as regras do sistema feudal de 
produção. Da Guerra de Reconquista, resultou a formação 
das monarquias nacionais de Portugal e Espanha.
Na Itália, os muçulmanos haviam conquistado a Sicília, a Cór-
sega e a Sardenha, além de terem bloqueado a navegação 
de embarcações europeias no mar Mediterrâneo. A Guerra 
de Reconquista na Itália teve início no século X. Entretanto, o 
contato entre cristãos e muçulmanos, inicialmente bélico, as-
sumiu gradualmente um caráter mercantil e resultou na rea-
bertura do Mediterrâneo para os europeus. Os comerciantes, 
fossem eles cristãos ou muçulmanos, sempre encontravam 
uma forma de acordo. Em vez de desperdiçar o capital na 
guerra, preferiam ampliá-lo pelo comércio. As trocas foram 
ampliadas e diversificadas, facilitando o ressurgimento das 
relações entre Ocidente e Oriente.
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2.3. Cruzadas do Oriente
Roma
Constantinopla
Acre
Veneza
Ratisbona
Clermont
Vézelay
Metz
Jerusalém
Edessa
Tripoli
Antioquia
Marselha
Dominíos muçulmanos, 1095
Primeira Cruzada, 1096-1099 
Segunda Cruzada, 1147-1149 
TerceiraII, iniciou-se o Segundo Reinado.
O Período Regencial é um dos mais conturbados da história 
política do Brasil, marcado por crise econômica, instabilida-
de política e revoltas em várias províncias. Nesse sentido, 
a unidade do território brasileiro estava ameaçada. Apesar 
das dificuldades, as elites nacionais assumiram o controle 
do poder político e afastaram definitivamente o risco de 
recolonização do Brasil, consolidando o Estado nacional.
A Regência foi necessária porque, de acordo com a Consti-
tuição de 1824, o imperador era considerado menor de ida-
de até os 16 anos. Caso o trono ficasse vago por qualquer 
motivo, o governo deveria ser exercido por uma Regência, 
que deveria incluir o parente mais próximo do imperador 
com mais de 25 anos. Caso essa exigência não pudesse ser 
atendida, o país deveria ser governado por uma Regência 
trina e permanente escolhida pela Assembleia Geral até 
que o imperador completasse a maioridade. 
Como D. Pedro II, o herdeiro do trono brasileiro, tinha ape-
nas cinco anos de idade no momento da abdicação de seu 
pai, a instalação da Regência se tornou necessária.
1.1. Regência Trina Provisória (1831)
A abdicação de D. Pedro I ocorreu num momento em que 
a Assembleia Geral estava em recesso e os deputados e se-
nadores estavam fora do Rio de Janeiro, em suas respecti-
vas províncias. Em virtude das dificuldades de comunicação, 
agravadas pelas distâncias entre as províncias, especialmen-
te as do Norte e Nordeste, era impossivel a rápida presença 
dos políticos para que a Assembleia Geral pudesse se reunir 
e escolher a regência permanente.
Assim, para que o país não ficasse sem governo, os de-
putados e senadores que estavam no Rio de Janeiro or-
ganizaram, em caráter de urgência, uma Regência Trina 
Provisória, que governaria o país até a Câmara eleger a 
Regência Permanente.
Os regentes foram escolhidos segundo o critério político 
de contemplar os partidos políticos existentes e as forças 
armadas. Desse modo, foi escolhido um liberal, o senador 
Nicolau Pereira de Campos Vergueiro; um conservador, o 
senador José Joaquim Carneiro de Campos, o marquês de 
Caravelas; e um militar, o general Francisco de Lima e Silva.
 
 da esquerda para a direita: nicolau de campos Vergueiro, josé joaquim carneiro de campos e Francisco lima e silVa.
Nos dois meses e meio em que esteve no poder, a Regência Provisória adotou as seguintes medidas:
 § reintegração do Ministério Brasileiro que havia sido demitido por D. Pedro I;
 § anistia aos prisioneiros políticos;
 § obrigação de estrangeiros deixarem o Exército;
 § suspensão do Poder Moderador, que era exclusivo do imperador; e
 § aprovação da Lei da Regência, que proibia os regentes de dissolver a Câmara, decretar guerra ou conceder títulos de nobreza.
REGÊNCIA 
(1831-1840) 
E SEGUNDO 
REINADO: 
POLÍTICA INTERNA 
(1840-1889)
COMPETÊNCIA(s)
1, 2, 3 e 5
HABILIDADE(s)
1, 9, 10, 11, 13, 14, 15 e 22
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AULAS 
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1.2. Regência Trina Permanente (1831-1835)
 
 joão bráulio muniz, josé da costa carValho e Francisco lima e silVa.
Foram adotados critérios de caráter econômico, geográfico 
e político para a formação da Regência Trina Permanente. 
Os escolhidos foram: José da Costa Carvalho, marquês de 
Monte Alegre, deputado pela Bahia e representante da eli-
te agrária nordestina; João Braulio Muniz, deputado pelo 
Maranhão; e o general Francisco de Lima e Silva, barão de 
Barra Grande, senador pelo Rio de Janeiro, representante 
do exército e responsável pela manutenção da ordem polí-
tica e social do país.
Ao padre Diogo Antonio Feijó, deputado moderado, coube 
a pasta de Ministro da Justiça, cargo para o qual exigiu e 
recebeu dos regentes autonomia de ação para poder en-
frentar os motins que pipocavam, principalmente no Rio de 
Janeiro, e as agitações políticas e sociais do período.
Em 1831, foi criada a Guarda Nacional, com o objetivo 
de combater os distúrbios que ameaçavam a ordem vi-
gente. A Guarda era subordinada ao Ministério da Justiça 
e responsável pela manutenção da ordem pública, cujos 
membros eram dispensados do serviço militar obrigatório, o 
que enfraqueceu o Exército nacional, pois também retirava 
dele a exclusividade de manutenção da ordem. A Guarda 
Nacional era constituída por província e estava subordinada 
ao governador provincial. 
batalhão de Fuzileiros da guarda nacional (1840-1845).
disponíVel em: .
Essa situação permitiu que as funções da Guarda fossem 
desvirtuadas, ou seja, a instituição assumiu um caráter de 
milícia e se tornou uma força paramilitar comandada por 
membros da elite agrária que compravam a patente de co-
ronel e recrutavam e armavam suas milícias. Dessa forma, 
a Guarda Nacional passou a servir como instrumento de 
poder das oligarquias agrárias.
Além disso, o enfraquecimento do Exército foi uma manei-
ra de limitar suas posições cada vez mais revolucionárias, 
pois muitos militares pertenciam à classe média e, em ge-
ral, apoiavam medidas descentralizadoras e republicanas.
Em 1832, o ministro Feijó entrou em atrito com deputados 
e senadores que se opunham ao aumento dos seus po-
deres. Feijó tentou destituir José Bonifácio de Andrada do 
cargo de tutor de D. Pedro II, acusando-o de conspiração 
por ser do partido restaurador. 
Os desentendimentos levaram à renúncia de Feijó do cargo 
de Ministro da Justiça.
Também em 1832, foi criado o Código de Processo Cri-
minal, que ampliou os poderes dos municípios aumentan-
do sua autonomia judiciária, com os juízes de paz sendo 
eleitos pela população local e com a instituição do júri para 
julgar a maioria dos crimes e dos habeas corpus.
1.3. Correntes políticas
O período regencial também foi marcado pelo surgimento 
de partidos políticos no Brasil, originados nos grupos políti-
cos que existiam no Primeiro Reinado: o partidos português, 
o partido brasileiro e o partido dos liberais radicais. Os gru-
pos partidários surgidos na Regência foram os Liberais Mo-
derados, os Liberais Exaltados e os Restauradores. Mais tar-
de, esses partidos passariam por transformações, levando ao 
surgimento dos Partido Liberal e do Partido Conservador, os 
mais importantes durante o Segundo Reinado (1840-1889).
1.3.1. Liberais Moderados ou Chimangos
 § Compunham a principal força política que controlava o 
governo na época.
 § Pertenciam à aristocracia rural, especialmente do Su-
deste, e à classe dos grandes comerciantes.
 § Eram monarquistas e escravistas que não admitiam a 
volta de D. Pedro I.
 § Defendiam o voto censitário.
 § Defendiam um forte controle do poder imperial sobre 
as províncias (centralizadores).
 § Eram ligados à Sociedade Defensora da Liberdade e da 
Independência Nacional.
 § Eram apoiados pelos jornais A Aurora Fluminense, As-
trea e O Sete d’Abril.
1.3.2. Liberais Exaltados, Farroupilhas ou Jurujubas
 § Eram proprietários rurais de regiões periféricas ao Rio 
de Janeiro ou elementos das camadas médias urbanas.
 § Defendiam o regime republicano e a extinção do Poder 
Moderador.
 § Defendiam o federalismo (autonomia provincial).
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 § Defendiam alguns ideais democráticos, como o voto 
universal.
 § Eram ligados à Sociedade Federal.
 § Eram apoiados pelos jornais: A Malagueta, A Trombeta 
dos Farroupilhas e O Grito dos Oprimidos.
1.3.3. Restauradores ou Caramurus
 § Eram portugueses, descendentes de portugueses e bu-
rocratas ligados ao antigo governo de D. Pedro I.
 § Eram contrários a qualquer reforma política (conserva-
dores).
 § Eram absolutistas.
 § Defendiam um objetivo básico: a volta de D. Pedro I.
 § Constituíam um clube político: a Sociedade Militar.
 § Eram apoiados pelos jornais O Caramuru, O Caolho e 
O Tamoio.
1.3.4. Partido Liberal (Luzias)
 § Formado por profissionais liberais urbanos e agriculto-
res ligados ao mercado interno.
 § Descendentes políticos; defendia a autonomia das pro-
víncias(federalismo).
 § Posicionava-se contra o poder moderador e o senado 
vitalício.
1.3.5. Partido Conservador (Saquaremas)
 § Formado por burocratas do Estado, grandes comerciantes e fazendeiros ligados à exportação.
 § Defendia o fortalecimento do poder executivo e a centralização.
 § Defendia a diminuição da autonomia das províncias.
Primeiro Reinado Part. Brasileiro Part. Português
Período Regencial 
(1831-1840)
Part. Liberal Exaltado Part. Liberal Moderado Part. Restaurador
Progressistas Regressistas
Part. Liberal Part. Conservador
Segundo Reinado 
(1840-1889)
Part. Liberal Part. Conservador
1.4. O Ato Adicional (1834)
Em 1834, com o objetivo de minimizar os conflitos regio-
nais e a fim de acalmar as agitações sociais e políticas, foi 
realizada uma reforma na Constituição de 1824: o Ato 
Adicional de 1834, aprovado pela Lei n.º 16, em 12 de 
agosto. Ele introduziu mudanças significativas na Cons-
tituição de 1824: extinguiu o Conselho de Estado, órgão 
que assessorava o governo imperial, substituindo-o pelas 
Assembleias Legislativas Provinciais. 
Essa nova assembleia tinha poderes para legislar a respeito 
da organização local no que se referisse ao funcionalismo, 
à polícia, à economia e às questões de caráter civil, judici-
ário, eclesiástico e educacional. O presidente da província, 
isto é, o chefe do Poder Executivo, continuava a ser indica-
do pelo imperador ou regente.
A Regência Trina Permanente foi substituída por uma Re-
gência Una, eletiva e temporária, da qual o regente seria 
eleito por voto censitário e direto para um mandato de 4 
anos. Além disso, o Ato Adicional estabeleceu a cidade do 
Rio de Janeiro como Município Neutro, onde ficaria a cor-
te, definindo como sede da Província do Rio de Janeiro a 
cidade de Niterói. 
As medidas e mudanças desencadeadas pelo Ato foram 
consideradas uma “experiência republicana” no Brasil, 
levando o período a ser considerado um avanço liberal.
No mesmo ano, foram marcadas eleições para a escolha do 
novo regente, em que foi eleito, concorrendo pelo partido 
Liberal Moderado e por uma pequena diferença de votos, o 
padre Diogo Antonio Feijó, que representava as oligarquias 
agrárias sulistas.
1.5. Regência Una de Feijó (1835-1837)
O paulista Feijó enfrentou diversos problemas: revoltas nas 
províncias (Cabanagem, Sabinada e Farroupilha), crise eco-
nômica, divergências com a Igreja Católica (uma vez que 
o governo defendia a extinção de ordens eclesiásticas e 
do celibato clerical e mais autonomia para os membros do 
clero), falta de apoio político, e divisão interna no partido.
O governo não era apoiado por uma parcela significativa dos 
membros do Partido Liberal Moderado, o mesmo do Regente. 
A divergência provocou uma divisão no partido. Os feijosistas 
apoiavam-no na tentativa de criar um novo partido, o Partido 
Progressista, sem êxito. Os demais, conservadores, formaram 
o partido Regressista, que fez forte oposição a Feijó.
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diogo antônio Feijó, regente único de 1835 a 1837. 
miguelzinho dutra (1810-1870).
Como o mandato do Regente Uno era de quatro anos, 
o mandato de Feijó iria até 1839. Entretanto, diante das 
dificuldades econômicas e políticas que seu governo en-
frentava e com a saúde seriamente comprometida, Feijó 
renunciou ao mandato em 1837.
1.6. Regência Una de Araújo Lima 
(1837-1840)
Pedro de Araújo Lima, representante dos regressistas, as-
sumiu interinamente o cargo de Regente Uno depois da 
renúncia do padre Feijó e foi efetivado no cargo em 1838, 
após vencer as novas eleições regenciais.
O governo de Araújo Lima se caracterizou pelo conservado-
rismo, justificado como necessário para conter as revoltas 
cada vez mais graves que agitavam o país e ameaçavam 
a unidade do território nacional. O liberalismo do Ato Adi-
cional era apontado como principal responsável pelas agi-
tações do período e a volta à centralização era vista como 
necessária para restabelecer a ordem no país.
Bernardo Pereira de Vasconcelos foi nomeado para Ministro 
da Justiça, o que significou uma vitória para os adeptos que 
questionavam na Câmara dos Deputados e no Senado a res-
peito da interpretação do Ato Adicional. Assim, em 1840, foi 
aprovada a Lei de Interpretação do Ato Adicional, que 
anulava diversas medidas descentralizadoras do Ato Adicional. 
O controle do sistema judicial exercido pelas Assembleias 
Provinciais passou a ser exercido pelo poder central; as câ-
maras municipais e as assembleias provinciais tiveram suas 
competências redefinidas e as províncias perderam sua auto-
nomia. As medidas conservadoras e centralizadoras continu-
aram, como a reconstituição do Conselho de Estado. Por fim, 
o governo central voltou a ter todo o poder administrativo e 
judiciário em suas mãos. Por isso esse período foi definido 
como Regresso Conservador ou “Duplo regresso”.
pedro de araújo de lima
Os Progressistas/Liberais, por sua vez, não se deram por 
vencidos. Contrários à centralização do regime, fundaram o 
Clube da Maioridade, cujo objetivo era antecipar a maiori-
dade de D. Pedro II, permitindo sua imediata ascensão ao 
trono e afastando os Regressistas/Conservadores do poder. 
Iniciaram então a Campanha da Maioridade, que cresceu e 
ganhou adeptos em todas as províncias, especialmente no 
Rio de Janeiro, inclusive entre o grupo palaciano que goza-
va de grande intimidade junto ao jovem herdeiro do trono. 
Em 22 de julho de 1840, a proposta foi levada ao jovem 
herdeiro por uma comissão. O regente Araújo Lima chegou 
a propor que a maioridade lhe fosse concedida no próximo 
dia 2 de dezembro, quando completaria 15 anos. D. Pedro 
de Alcântara respondeu que queria a antecipação de sua 
maioridade imediatamente.
coroação de d. pedro ii. óleo sobre tela. 
François-rené moreauX (1807-1860).
O Golpe da Maioridade decretou o fim do Período Regen-
cial e marcou o início do Segundo Reinado, que duraria até 
1889, quando foi proclamada a República no Brasil.
1.6.1. Versos: Golpe da mariodidade
“Queremos D. Pedro II,
Ainda que não tenha idade.
A nação dispensa a lei.
viva a maioridade!”
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“Por subir Pedrinho ao trono,
Não fique o povo contente;
Não pode ser coisa boa
Servindo com a mesma gente.”
1.7. Revoltas regenciais
Os movimentos sociais do período mostram a inquietação, 
por motivos diversos, dos diferentes segmentos sociais e 
das elites dominantes. Havia quem desejasse reformas 
mais profundas, especialmente depois da abdicação de D. 
Pedro I, pois o centralismo que vigorava no I Reinado era 
incompatível com o interesse de diferentes grupos sociais, 
dos marginalizados aos proprietários de terras no Sul.
1.7.1. Levante dos Malês (Bahia, 1835)
Foi a revolta de escravizados mais importante da história 
da Bahia. Os malês eram negros muçulmanos africanos. O 
nome malê vem de imalê, que significa “muçulmano” na 
língua iorubá; na Bahia, os malês são conhecidos como 
nagôs. Outros grupos islamizados também participaram da 
revolta. Como tantas outras ocorridas no Brasil, foi uma re-
volta contra a escravidão.
negro de origem muçulmana. 
Viagem pitoresca e história do brasil. debret.
A rebelião contou com aproximadamente 600 participantes. 
Na noite de 24 para 25 de janeiro de 1835, os revoltosos 
ocuparam algumas ruas de Salvador. A revolta durou algu-
mas horas. O movimento negro repercutiu no Império, 
permanecendo por longo tempo na memória das classes 
dominantes da Bahia e da Corte, que tomaram diversas me-
didas para impedir que outro movimento similar ocorresse.
Fonte: Youtube
Revolta dos Malês – Rafael Pondé 
multimídia: música
“Mestres muçulmanos formaram a liderança do movi-
mento da revolta [...] e, durante o levante, seus segui-
dores ocuparam as ruas usando vestimentas islâmicas 
e amuletos contendo passagens do Alcorão, sob cuja 
proteção acreditavam estar de corpo fechado contra as 
balas e espadas dos soldados.”
joão josé reis. "nos achamos em campoa tratar da 
liberdade: a resistência negra no brasil". in: MOTA, 
carlos g. (org.) Viagem incompleta (1500-2000). 
Vol.1. 2.ed. são paulo: senac, 2000. p. 241
A repressão foi violenta, como era de se esperar das auto-
ridades contra um movimento de escravizados. Os envol-
vidos foram condenados a penas de prisão simples, prisão 
de trabalho, açoites, morte e deportação para a África. Dos 
16 condenados à morte por fuzilamento, 12 conseguiram 
a comutação da pena.
Rebelião Escrava no Brasil – João José Reis
Na noite de 24 para 25 de janeiro de 1835, em Sal-
vador, enquanto os católicos comemoravam, na igreja 
do Bonfim, a festa de Nossa Senhora da Guia, negros 
africanos celebravam o Ramadã em suas senzalas. A 
celebração evoluiu para uma revolta, da qual não par-
ticiparam exclusivamente muçulmanos, mas que foi 
por eles concebida e liderada.
multimídia: livro
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Fonte: Youtube
Revolta dos Malês - 180 Anos
multimídia: vídeo
A Noite dos Cristais – Luís Fulano de Tal
A partir de um relato encontrado na Guiana Francesa, 
escrito pelo negro Gonçalo, conhecemos a história des-
sa personagem que viveu na primeira metade do século 
XIX, foi escravizado em um engenho de Pernambuco e 
conseguiu fugir para a Guiana, depois de dez anos.
multimídia: livro
1.7.2. Cabanagem (Grão-Pará, 1835-1840)
A economia do Grão-Pará baseava-se no extrativismo de 
drogas do sertão, de madeira e na produção de cacau e 
arroz à custa da exploração da mão de obra indígena, uma 
vez que o número de escravizados era reduzido na Provín-
cia. Havia ainda um pequeno comércio controlado por por-
tugueses e seus descendentes. A maioria da população era 
formada por mestiços, brancos pobres e índios destribaliza-
dos que viviam de forma miserável em casas de palafitas, 
razão pela qual os rebeldes eram chamados de cabanos.
Era uma região marcada pela miséria, pela exclusão social 
e pela fome, terreno propício, portanto, para as revoltas da 
população, que provocava constantes levantes no interior 
e na capital, Belém.
Fonte: .
No início de 1835, os revoltosos tomaram o poder na capi-
tal da Província. Eles eram chefiados pelo fazendeiro Félix 
Clemente Malcher, que, no entanto, entrou em atrito com os 
cabanos mais radicais e jurou lealdade ao Império. Com isso, 
Malcher foi deposto e executado pelos rebeldes. O poder foi 
assumido por Francisco Pedro Vinagre. Assim, intensificou-se 
a repressão ao movimento por parte do Governo Regencial.
Em 21 de fevereiro, Vinagre foi derrotado pelas forças re-
genciais, mas outro líder, Eduardo Angelim, conseguiu ar-
regimentar cerca de três mil homens e atacar Belém em 
14 de agosto de 1835. Angelim derrotou as forças fiéis ao 
governo regente e foi aclamado presidente da Província 
pelos cabanos da República Independente do Pará. A partir 
disso, a Cabanagem se espalhou pela região.
À medida que a participação dos extratos mais pobres e 
desfavorecidos da sociedade aumentava, os grupos do-
minantes se afastavam do movimento, temendo o radi-
calismo das massas, enfraquecendo o governo rebelde e 
facilitando a ação das tropas repressoras. Os conflitos se 
estenderam até 1840, caracterizados pela violência cres-
cente de ambos os lados, mas principalmente por parte das 
tropas legalistas. A província foi finalmente pacificada no 
começo do Segundo Reinado.
Fonte: Youtube
O Cônego – Senderos da Cabanagem
Uma ficção inspirada em fatos históricos cuja trama tem por 
base a experiência vivida pelo Cônego Batista Campos no 
período preparatório a eclosão da revolução cabana que teve 
seu desfecho em 7 de janeiro de 1835 com a tomada de Be-
lém. Seguindo a trilha do Cônego, o espectador será levado 
ao encontro com Lavor Papagaio, Manoel Vinagre e diversos 
homens e mulheres que por sua condição social e ímpeto re-
volucionário passariam com a alcunha coletiva de Cabanos.
multimídia: vídeo
No início da revolta, a província do Pará possuía 100 mil 
habitantes, dos quais entre 30 e 40 mil morreram durante 
a guerra, uma porcentagem enorme (30% a 40%) e im-
pensável nos dias atuais. Além da implantação de uma Re-
pública, do desejo de uma reforma agrária e da luta contra 
desigualdades, os rebeldes não tinham um programa polí-
tico definido e não mantiveram a unidade necessária con-
tra a repressão governamental. A Cabanagem foi o único 
movimento genuinamente popular do Período Imperial, em 
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que camadas populares tomaram e mantiveram por certo 
período o poder em uma província.
Fonte: Youtube
Cabano – Ligia Saavedra
multimídia: música
1.7.3. Sabinada (Bahia, 1837-1838)
Liderada pelo médico Francisco Sabino Álvares da Rocha 
Vieira, a Sabinada teve início em setembro de 1837, resulta-
do da insatisfação de segmentos sociais médios de Salvador 
com a realidade da província esquecida pelo poder central.
Revoltados com o centralismo político regencial e com a 
imposição de presidentes à província, os revoltosos procla-
maram a República Bahiense, que se separaria do Império 
Brasileiro provisoriamente até que D. Pedro II alcançasse a 
maioridade e assumisse o trono.
Os grandes proprietários rurais baianos não apoiaram a 
revolta e auxiliaram a repressão governamental ao mo-
vimento, que acabou sufocado. Casas foram incendiadas 
e rebeldes atirados às fogueiras. As estatísticas apontam 
para mais de 2 mil mortos. O líder, o médico Sabino, foi 
degredado para Goiás, de onde partiu para Mato Grosso, 
onde morreu algum tempo depois.
O período das Regências – Marco Morel
Esse volume apresenta o momento-chave que foi o 
período das Regências para a construção da nação 
brasileira, quando, ao custo de muitas vidas e despe-
sas, garantiu-se a independência e o caminho de uma 
ordem nacional ao mesmo tempo próspera e desigual.
multimídia: livro
É importante destacar que os revoltosos baianos auxilia-
ram na fuga de Bento Gonçalves do chamado Forte do Mar 
(atual Forte de São Marcelo), fugitivo que foi o grande líder 
da Revolução Farroupilha, ocorrida no Sul do Brasil.
Fonte: Youtube
O Brasil por Eduardo Bueno – A Sabinada
multimídia: vídeo
1.7.4. Balaiada (Maranhão, 1838-1840)
Nas primeiras décadas do século XIX, a economia ma-
ranhense enfrentava uma séria crise, principalmente em 
virtude da concorrência norte-americana na produção e 
exportação de algodão. A retração econômica agravava 
a fome e a miséria de grande parte da população local.
Fonte: Youtube
Balaiada – uma história de amor e fúria
multimídia: vídeo
O poder político da província era disputado por liberais 
(“bem-te-vis”) e conservadores, que frequentemente recor-
riam à violência para alcançar seus objetivos. Era comum a 
impunidade pelos crimes políticos, o que agrava a violência 
de ambas as partes. A instabilidade política e social favo-
recia as constantes fugas de escravizados para quilombos, 
que, para sobreviver, saqueavam as fazendas.
A revolta teve início quando o vaqueiro Raimundo Gomes, 
ligado aos “bem-te-vis”, e alguns companheiros atacaram 
a cadeia para libertar seu irmão preso e acusado de assas-
sinato. Alguns soldados reuniram-se a eles e iniciaram uma 
marcha que receberia adesão de mestiços, escravizados e 
quilombolas, chefiados pelo negro Cosme e por artesãos, 
entre eles Francisco dos Anjos Ferreira, cujo ofício – fazer e 
vender balaios – derivou o nome da revolta.
Como resultado da insatisfação das camadas populares 
com a miséria e a falta de compromisso das autoridades, 
o movimento não tinha objetivos bem definidos. Mesmo 
desorganizados, os rebeldes conseguiram tomar a cidade 
de Caxias, promovendo saques e ataques a diversas vilas.
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Fabricantes de balaios, século XiX. 
Em 1840, Luís Alves de Lima e Silva, futuro barão de Caxias, 
foi nomeado presidente da província, promovendo forte 
repressão aos revoltosos. Quando ascendeu ao trono, D. 
PedroII concedeu anistia aos rebeldes que ainda restavam 
e pôs fim ao movimento.
1.7.5. Revolução Farroupilha (Rio Grande 
do Sul e Santa Catarina, 1835-1845)
O movimento revolucionário mais longo ocorrido no Brasil 
teve inicio no Rio Grande do Sul e, posteriormente, esten-
deu-se para Santa Catarina, onde foram proclamadas, res-
pectivamente, as Repúblicas de Piratini e Juliana.
pintura de 1893 que homenageia a carga de caValaria Farroupilha. 
representações posteriores transFormaram essa braVura em 
característica dos gaúchos. museu júlio de castilhos. 
disponíVel em: .
Entre as principais causas da Guerra dos Farrapos está a co-
brança, pelo poder central, de altos impostos dos estanciei-
ros criadores de gado, e dos charqueadores, dificultando a 
concorrência com o charque platino. Além disso, a excessiva 
centralização política do Império, que nomeava presidentes 
para a província sem consultas as mesmas, desagradava di-
versos setores da elite local. 
Os revoltosos queriam mais autonomia provincial e o di-
reito de escolher governantes mais sensíveis aos proble-
mas da região e comprometidos com a solução deles. Por 
isso, a revolta foi encabeçada pelos grandes estancieiros, 
charqueadores, comerciantes e representantes da cúpula 
militar rio-grandense, interessada em atender aos inte-
resses dessa elite, de caráter separatista e republicano. 
Sem preocupação social, não deveria haver divergências 
entre os farroupilhas. Aqueles preocupados com ques-
tões sociais e econômicas, inclusive com a abolição da 
escravidão, confrontavam-se com os defensores de seus 
interesses pessoais.
O Ato Adicional de 1834, embora determinasse a criação 
das Assembleias Legislativas Provinciais, não resolveu 
o problema das insatisfações gaúchas, uma vez que o 
presidente da província continuava a ser nomeado pelo 
governo central da Regência. Já na primeira reunião da 
Assembleia Gaúcha, em 1835, houve sérias divergên-
cias entre os deputados estancieiros, liderados por Bento 
Gonçalves, e o presidente nomeado para a província, An-
tonio Rodrigues Braga. 
Fonte: Youtube
Hino Rio-Grandense 
multimídia: música
Insatisfeitos, os estancieiros formaram uma tropa que ata-
cou Porto Alegre, depôs o presidente da província e procla-
mou a República Rio-grandense ou República de Piratini, 
nomeando Bento Gonçalves como presidente. A República 
gaúcha estimulou a criação de gado e a exportação do 
charque e do couro.
A resposta do Governo Regencial foi imediata: enviou tro-
pas para a região, que venceram os rebeldes em batalha 
próxima a Porto Alegre, prenderam Bento Gonçalves e o 
conduziram a uma prisão na Bahia. O prisioneiro recebeu 
ajuda dos rebeldes da Sabinada, conseguiu fugir da prisão 
e retornar ao Rio Grande do Sul, onde reassumiu a presi-
dência da República de Piratini.
Fonte: Youtube
Céu Farroupilha – Mariê Nunes
multimídia: música
A partir de 1837, as forças rebeldes passaram a contar 
com a ajuda do revolucionário italiano Giuseppe Garibal-
di, que, auxiliado pelo estancieiro Davi Canabarro e por 
seus homens, conseguiu estender a revolução até San-
ta Catarina, em 1839. A princípio, tomaram a cidade de 
CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias  89
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Laguna e proclamaram a Republica Juliana. Em Laguna, 
Giuseppe conheceu e se apaixonou por Anita Garibaldi, 
habilidosa amazona que chegou a lutar ao lado das tro-
pas republicanas.
 
 
giuseppe garibaldi, bento gonçalVes e daVi canabarro.
Em 1840, simultaneamente ao início do Segundo Reinado, 
a Revolução Farroupilha perdia força, e se agravavam as 
discordâncias entre os revoltosos. Então, foi definida sua 
divisão em dois grupos: os “majoritários”, progressistas, e 
os “minoritários“, conservadores favoráveis a manter o Rio 
Grande do Sul como província do Império.
Fonte: Youtube
 O Tempo e o Vento
O filme retrata uma história de 150 anos da família Terra 
Cambará e da oponente família Amaral, a partir da pers-
pectiva da personagem Bibiana. A história de lutas entre 
as duas famílias começa nas Missões e vai até o final do 
século XIX. O longa metragem apresenta também o perí-
odo de formação do estado do Rio Grande do Sul e a dis-
puta de território entre as coroas portuguesa e espanhola.
multimídia: vídeo
A Casa das Sete Mulheres – Letícia Wierzchowski
Um envolvente romance histórico sobre a Revolução 
Farroupilha de 1835 e sete mulheres da família de Ben-
to Gonçalves, comandante das tropas revolucionárias. 
O livro descreve as aventuras de sete gaúchas da famí-
lia do general Bento Gonçalves, chefe da revolução que 
pretendia separar o Sul do resto do país. 
multimídia: livro
Entre 1841 e 1842, o poder de decisão do conflito passou 
para as mãos dos conservadores. Em 1842, Luiz Alves de 
Lima e Silva, o duque de Caxias, foi nomeado pelo Impera-
dor presidente e comandante de armas da província. A sua 
missão era estabelecer a paz na região e a reintegração do 
Rio Grande do Sul e de Santa Catarina ao Império. Com esse 
objetivo em mente, Caxias traçou uma estratégia dúbia, os-
cilando entre violentos combates e concessões aos rebeldes.
A posição social de prestígio e o poder econômico das 
lideranças rebeldes fizeram o Império tratar a revolução 
Farroupilha de maneira diferente dos outros movimentos 
populares. Apesar de combater o movimento, Caxias pro-
curava uma solução negociada, atendendo a várias reivin-
dicações dos rebeldes, o que não aconteceu com outros 
movimentos populares.
Em 28 de fevereiro de 1845, foi firmado o Acordo de 
Ponche Verde, que estabelecia:
 § anistia dos envolvidos gaúchos;
 § incorporação dos farrapos ao exército nacional;
 § permissão para escolher o presidente de província;
 § devolução de terras confiscadas durante a guerra;
 § proteção ao charque gaúcho da concorrência externa 
com sobretaxa sobre o charque importado; e
 § libertação dos escravizados envolvidos. 
O Governo Imperial era contrário à libertação dos escraviza-
dos do exército republicano. Entretanto, firmou-se a promes-
sa de libertação que os rebeldes não aceitavam quebrar. A 
solução foi enviar soldados negros para outras regiões, onde 
foram trucidados pelas forças imperiais. Dessa maneira, re-
duziu-se o número de escravizados alforriados na região.
Fonte: Youtube
A Casa das Sete Mulheres – O Filme
Ambientada na década de 1830, durante a Revolução 
Farroupilha no Rio Grande do Sul, a trama conta a histó-
ria da Guerra dos Farrapos a partir da visão das mulheres 
da família do líder dos revolucionários, Bento Gonçalves 
(Werner Schünemann). Durante os dez anos que durou 
o conflito, Ana Joaquina (Bete Mendes), Maria (Nívea 
Maria), Manuela (Camila Morgado), Rosário (Mariana 
Ximenes), Mariana (Samara Felippo), Caetana (Eliane 
Giardini) e Perpétua (Daniela Escobar) se refugiaram em 
uma estância para esperar a volta dos homens. O diário 
de Manuela conduz a narrativa.
multimídia: vídeo
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2. Segundo Reinado (1840-1889)
Em julho de 1840, graças ao Golpe da Maioridade, D. Pe-
dro II se tornou imperador do Brasil com apenas 14 anos. 
Era o início do Segundo Reinado. Tratava-se de uma hábil 
manobra dos liberais, que desejavam retomar o controle do 
poder central, do qual foram afastados desde a ascensão 
do regente Araújo Lima. Por intermédio da figura do impe-
rador, em que se conjugavam prestígio e poder, e por meio 
da restauração do poder Moderador, esperava-se resgatar 
a estabilidade política do Império e controlar as rebeliões 
que ameaçavam a integridade do território.
O estudo do Segundo Reinado pode ser dividido em três fases:
o joVem pedro, aos doze anos de idade. FéliX émile taunaY (1837).
 § Estruturação (1840-1850) – período de consolida-
ção do governo, marcado pela pacificação das revoltas 
que surgiram na regência e no próprio Segundo Reina-
do, pela criação de leis voltadas para o equilíbrio interno 
e pela estruturação de dois grandes partidos (Liberal e 
Conservador).
 § Apogeu(1850-1870) – fase de prosperidade e de-
senvolvimento econômico, realizações modernizantes e 
surto industrial, resultado das grandes rendas geradas 
pela exportação de café. Nesse período, o Império se 
envolveu em questões na Região Platina e na Guerra 
do Paraguai (1864–1870), vencendo-as todas, apesar 
de a última ter deixado grandes sequelas.
 § Declínio (1870-1889) – período de crescimento dos 
movimentos abolicionista e republicano, bem como de 
prestígio do Exército. O Império se envolveu em ques-
tões que solaparam importantes bases de sua susten-
tação, o que contribuiu para sua queda e para a Procla-
mação da República.
2.1. Política interna do Segundo Reinado
O Segundo Reinado se caracterizou pela disputa política 
e alternância à frente dos ministérios e gabinetes entre 
os partidos Liberal e Conservador. Este último era adep-
to de mais centralização política. Fora isso, eram poucas 
as divergências ideológicas entre os dois partidos, que 
representavam basicamente os mesmos grupos sociais: 
grandes proprietário rurais, comerciantes e funcionários 
públicos ávidos pelo poder.
Em 1840, D. Pedro II formou o primeiro ministério, compos-
to por políticos do Partido Liberal responsáveis pelo Gol-
pe da Maioridade. Ficou conhecido como Ministério dos 
Irmãos, pois dele faziam parte os irmãos Antonio Carlos e 
Martim Francisco de Andrada, os viscondes de Suassuna e 
Albuquerque, a família Cavalcanti e os irmãos Aureliano e 
Antonio Coutinho.
No mesmo ano, foram realizadas as primeiras eleições do 
Segundo Reinado. No poder, os liberais utilizaram a coação, 
a fraude e a violência para garantir a vitória dos deputados 
de seu partido e a maioria das cadeiras no Congresso. Em 
função disso, essas eleições ficaram conhecidas como as 
“eleições do cacete”. 
Dois anos depois, os incidentes levaram D. Pedro II a anular 
as eleições e a dissolver o gabinete liberal, nomeando ou-
tro, dessa vez composto pelos conservadores. No poder, eles 
restauraram o Conselho de Estado (Órgão do Poder Mode-
rador extinto na Regência), o Código de Processo Criminal, 
modificado em 1841, e todo o aparelho judicial e adminis-
trativo foi novamente concentrado pelo poder imperial. To-
davia, as práticas eleitorais fundamentadas nas fraudes e na 
violência continuaram por todo o Segundo Reinado, sempre 
procurando favorecer o partido que estava no poder.
Revoltados com a saída do poder e com a anulação das 
“eleições do cacete”, os liberais passaram a fomentar 
revoltas em algumas províncias, conhecidas como Revol-
tas Liberais de 1842. 
Eclodiram movimentos em São Paulo, sob a liderança do 
ex-regente Feijó e do senador e ex-regente provisório Ni-
colau Pereira de Campos Vergueiro. Em Minas Gerais, o 
movimento teve início na cidade de Barbacena, liderado 
por Teófilo Otoni. Reprimidos por Luís Alves de Lima e Silva, 
suas lideranças foram presas e anistiadas em 1844, quan-
do um gabinete liberal ascendeu novamente ao poder.
Tentando evitar atritos entre as facções políticas, em 1853, 
por iniciativa de Honório Hermeto Carneiro Leão, o Mar-
quês do Paraná, foi formado o gabinete da Conciliação, 
composto por liberais e conservadores. A conciliação se 
caracterizou pela alternância política pacífica entre liberais 
e conservadores, que adotavam a mesma política no go-
verno e na oposição. O gabinete durou até 1858, quando 
acabou desfeito devido à intrigas políticas.
2.1.1. Partidos políticos
Atribuída ao político pernambucano Holanda Cavalcanti, 
uma famosa frase diz: “Nada se assemelha mais a um ‘sa-
quarema’ do que um ‘luzia’ no poder”. “Saquarema” era 
CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias  91
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o apelido dos conservadores e deriva do município flumi-
nense de Saquarema, onde os principais chefes do partido 
possuíam terras e se tornaram famosos pelos desmandos 
eleitorais. “Luzia” era o apelido dos liberais, em alusão à 
Vila de Santa Luzia, em Minas Gerais, onde ocorreu a maior 
derrota deles durante as Revoltas Liberais de 1842.
d. pedro ii representado como o poder moderador entre os partidos 
liberal e conserVador. graVura de henrique Fleiuss (1824-1882)
Ainda que as diferenças entre os partidos Liberal e Conser-
vador não fossem marcantes, seus programas apresenta-
vam pontos que os distinguiam. 
Os liberais defendiam mais autonomia provincial, justiça 
eletiva, separação da política e da justiça, redução do po-
der moderador, eleição direta nas cidades maiores, senado 
temporário, abolição da Guarda Nacional, liberdade de 
consciência, de educação, do comércio e da indústria. A 
composição social dos liberais contava com profissionais li-
berais, comerciantes e donos de terras de São Paulo, Minas 
Gerais e Rio Grande do Sul.
Os conservadores defendiam o fortalecimento do poder 
central e moderador e o controle centralizado da magis-
tratura e da polícia. Coube a eles imprimirem o tom e defi-
nirem o conteúdo político do Estado Imperial. Em geral, os 
conservadores eram donos de terras e burocratas.
Tanto liberais quanto conservadores não tinham problemas 
em mudar de lado ou defender propostas que lhes interes-
sassem pessoalmente, o que criou um perfil ideologicamente 
frouxo e de pouca convicção para os partidos do período.
A manutenção da estrutura escravista de produção e a 
alienação das massas do processo político era o denomi-
nador comum dos partidos. Ao mesmo tempo em que se 
mantinham os privilégios da elite, evitava-se a ascensão 
social dos menos favorecidos, mantendo a estrutura po-
lítica quase intacta. 
A pacificação do país depois do fim da Guerra dos Farra-
pos, em 1845, fez o Sul voltar a fazer parte da nação. No 
fim da década de 1840, o Império estava suficientemente 
calmo e assentado no revezamento dos partidos no poder.
2.2. O parlamentarismo “às avessas”
Em 1847 foi criado o cargo de Presidente do Conselho de Mi-
nistros – primeiro-ministro –, que formalizava a implantação 
do sistema Parlamentarista no Brasil. A pouca idade e inexpe-
riência do Imperador D. Pedro II e a influência inglesa no Brasil 
foram as razões para a implantação do novo sistema.
Contudo, o parlamentarismo brasileiro funcionava de manei-
ra diferente do britânico. No sistema britânico, o povo elegia 
os membros do Parlamento, e o partido que obtivesse mais 
votos ganhava o direito de indicar o primeiro-ministro, que, 
por sua vez, indicava os demais ministros. Além disso, o pri-
meiro-ministro tornava-se Chefe de Governo, enquanto o rei 
era Chefe de Estado, representando o país no exterior e res-
guardando internamente o sistema com o poder de demitir 
o primeiro-ministro, dissolver o parlamento e convocar novas 
eleições. Daí a frase: “O rei reina, mas não governa”.
No Brasil, o Imperador se utilizava do Poder Moderador para 
nomear o primeiro-ministro e os demais ministros e, somente 
depois, convocava eleições. Se o primeiro-ministro fosse con-
servador, procurava-se a qualquer custo garantir a vitória dos 
conservadores; se fosse liberal, fazia-se o mesmo para garan-
tir a maioria liberal no Legislativo. Por funcionar de maneira 
diferente do modelo clássico inglês, o parlamentarismo bra-
sileiro era chamado de “parlamentarismo às avessas”. Daí a 
frase:”O rei reina, governa e administra”.
Funcionamento do parlamentarismo no Brasil
2.3. Revolução Praieira (Pernambuco, 1848)
Entre as principais causas da Revolução Praieira é possível 
destacar a situação de Pernambuco, os movimentos libe-
rais ocorridos em 1848 (“Primavera dos povos”) na Europa 
e a excessiva centralização política do Império.
A concentração de terras e a exclusão social e política da 
maioria da população predominavam na província. Cerca 
de um terço dos engenhos concentrava-se em poder da 
família Cavalcanti, o que bem atesta uma trovinha popu-
lar da época:
Quem nascer em Pernambuco,
Deve ser desenganado,
Ou há de ser Cavalcanti
Ou há de ser cavalgado...
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O restante das melhores terras estava em poder das famíliasRego Barros, Souza Leão e Albuquerque Maranhão. A con-
centração fundiária provocava a miséria e a dependência da 
maioria da população. O comércio na província era controla-
do por portugueses, que se recusavam a oferecer trabalho a 
brasileiros, agravando a exclusão social na região.
A política pernambucana era controlada pelos Cavalcanti, 
que comandavam tanto o Partido Liberal quanto o Con-
servador, garantindo sua perpetuação no poder. Os liberais 
mais radicais, revoltados com a situação, fundaram um 
novo partido para se opor aos latifundiários. Como a sede 
do novo partido ficava situada no prédio do jornal Diário 
Novo, na Rua da Praia, no Recife, o partido ficou conhecido 
como partido da Praia, e seus membros, como os praieiros. 
Suas ideias comportavam propostas do socialismo utópico, 
do nacionalismo e do liberalismo.
 
a rebelião começou em olinda e logo se 
alastrou pelo interior da proVíncia.
O movimento praieiro eclodiu em novembro de 1848, 
quando o liberal Antonio Pinto Chichorro da Gama foi de-
mitido da presidência de Pernambuco e substituído pelo 
conservador Herculano Pena. Os principais líderes do mo-
vimento foram o próprio Chichorro da Gama, o capitão Pe-
dro Ivo Veloso, os deputados Nunes Machado e Felix Pei-
xoto de Brito e o jornalista e proprietário do Jornal Diário 
Novo, Antonio Borges da Fonseca, autor do “Manifesto 
ao Mundo”, que trazia as principais reivindicações dos 
revoltosos: República, federalismo, voto universal, liberda-
de de imprensa, nacionalização do comércio, extinção do 
senado vitalício e do Poder Moderador, independência dos 
poderes, garantia de emprego para os brasileiros, expulsão 
dos portugueses e reforma do Poder Judiciário de forma a 
assegurar os direitos individuais dos cidadãos.
O programa não trazia proposta de grandes mudanças nas 
estruturas sociais, como abolição da escravatura ou limites 
ao latifúndio, mesmo porque era liderado por membros da 
elite revoltados com o autoritarismo e o centralismo impe-
rial e não contra o status quo da sociedade local. 
Ocorreram combates em Recife, Olinda e no interior, com 
constantes derrotas dos rebeldes, numa das quais morreu 
Nunes Machado. Pedro Ivo e Borges da Fonseca decidi-
ram atacar a Paraíba, onde o último foi morto e o primei-
ro ofereceu resistência até ser preso em 1850. Conhecido 
como “Capitão da Praia”, Pedro Ivo foi levado para o Rio 
de Janeiro, de onde conseguiu fugir em um navio com 
destino à Europa. Faleceu logo depois de o navio zarpar.
A liberdade de imprensa foi concedida na província. Em 
1852, os rebeldes presos foram anistiados, encerrando 
definitivamente o movimento e inaugurando um período 
de paz e estabilidade no Segundo Reinado.
www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/rev_norte.html
mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiadobrasil/periodo-
-regencial.htm
sala19.wordpress.com/2009/08/06/o-segundo-reinado-
-brasileiro-1840-1889-a-politica-interna/
histfacil.blogspot.com.br/2009/09/segundo-reinado-poli-
tica-interna.html
multimídia: site
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CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
História e Sociologia
O desejo de autodeterminação dos povos, muito fortalecido no momento de vacância do trono nacional, fez com 
que eclodissem inúmeras revoltas pelo Brasil. As revoltas de cunho social (Cabanagem e Balaiada) desejavam 
alcançar melhores condições de vida, além de conseguir auxílio do governo federal, que negligenciava essas popu-
lações. Outras revoltas tiveram caráter político, buscando autonomia frente à instabilidade da regência e desejando 
a autodeterminação.
Ainda deve ser destacada a Revolta dos Malês, escravizados muçulmanos que desejavam a liberdade e, apesar 
de massacrados em uma noite, expuseram uma questão que estaria na pauta de discussões nos anos seguintes: 
a abolição da escravidão. 
jean baptiste debret, negro de origem mulçulmano, Viagem pitoresca e histórica ao brasil.
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ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
HABILIDADE 13
Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de 
disputa pelo poder.
A Habilidade 13 é muito cobrada em questões da história brasileira, uma vez que se trata de um tema 
repleto de manifestações políticas e profundamente marcado pela atuação de movimentos sociais. O pe-
ríodo tratado especificamente aqui, a Regência (1831-1840), foi notadamente marcado por diversas ma-
nifestações que colocaram a unidade territorial brasileira em xeque. Em geral, as questões do Enem não 
exigem conhecimentos específicos de cada manifestação, mas uma contextualização geral desse período. 
MODELO 1
(Enem) Após a abdicação de D. Pedro I, o Brasil atravessou um período marcado por inúmeras crises: as diversas 
forças políticas lutavam pelo poder e as reivindicações populares eram por melhores condições de vida e pelo 
direito de participação na vida política do país. Os conflitos representavam também o protesto contra a centra-
lização do governo. Nesse período, ocorreu também a expansão da cultura cafeeira e o surgimento do poderoso 
grupo dos”barões do café”, para o qual era fundamental a manutenção da escravidão e do tráfico negreiro.
O contexto do período regencial foi marcado: 
a) por revoltas populares que clamavam a volta da monarquia; 
b) por várias crises e pela submissão das forças políticas ao poder central; 
c) pela luta entre os principais grupos políticos que reivindicavam melhores condições de vida; 
d) pelo governo dos chamados regentes, que promoveram a ascensão social dos “barões do café”; 
e) pela convulsão política e por novas realidades econômicas que exigiam o reforço de velhas realidades sociais.
ANÁLISE EXPOSITIVA
O período regencial é normalmente entendido como “de crise”, perceptível pelas grandes rebeliões que 
ocorreram nas diversas regiões do Brasil, levadas a cabo pelas camadas excluídas do poder e agravadas 
pela exclusão econômica e social em alguns casos.
O tráfico ainda existiu por quase 20 anos após a abdicação de D. Pedro I. A Lei de 1831 do ministro Feijó 
não foi cumprida, dada a tendência da elite tradicional em manter o braço escravo na lavoura (situação 
que se modificou, em grande parte, fruto das pressões inglesas). 
RESPOSTA Alternativa E
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DIAGRAMA DE IDEIAS
PERÍODO REGENCIAL 
1831 (ABDICAÇÃO DE D. PEDRO I ) / 1840 (GOLPE DA MAIORIDADE)
CARACTERÍSTICAS
PARTIDO LIBERAL
PARTIDO 
CONSERVADOR
PROGRESSISTAS REGRESSISTAS
PRIMEIRO
REINADO
PERÍODO
REGENCIAL
SEGUNDO
REINADO
• DISPUTAS PARTIDÁRIAS PELO PODER
• REVOLTAS NAS PROVÍNCIAS
• AMEAÇA À UNIDADE TERRITORIAL
• MANUTENÇÃO DA GRANDE PROPRIEDADE ESCRAVOCRATA
CORRENTES POLÍTICAS
PARTIDO LIBERAL
EXALTADO
PARTIDO LIBERAL
MODERADO
PARTIDO
RESTAURADOR
PARTIDO
RESTAURADOR
PARTIDO LIBERAL
PARTIDO 
PORTUGUÊS
PARTIDO 
BRASILEIRO
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GOLPE DA MAIORIDADE
(1840)
REGÊNCIA UNA
PERMANENTE (1831-1834)
REGÊNCIA TRINA
PROVISÓRIA (1831)
REGENTE FEIJÓ
(1834-1837)
REGENTE ARAÚJO LIMA
(1837-1840)
• SUSPENDE O PODER MODERADOR
• AVANÇO LIBERAL • REGRESSO CONSERVADOR
• CRIAÇÃO DA GUARDA NACIONAL
• ATO ADICIONAL (À CONSTITUIÇÃO) DE 1834
MEDIDAS LIBERAIS
AUTONOMIA PROVINCIAL
CRIA A REGÊNCIA UNA
CRISE INSTITUCIONAL
CRISE ECONÔMICA
REVOLTAS
1837 - RENÚNCIA
LIMITA PODER DO ATO ADICIONAL
REVOLTAS
REGÊNCIA 
MECANISMO CONSTITUCIONAL
REVOLTA QUANDO PROVÍNCIA AMBIENTE QUEM
MALÊS 1835 BAHIA URBANO (SALVADOR)
ESCRAVIZADOS 
NEGROS ISLÂMICOS
CABANAGEM 1835-1840 GRÃO-PARÁ
BELÉM E INTERIOR
DA PROVÍNCIA
ELITE, COMERCIANTES, 
LIBERTOS, ÍNDIOS, 
ESCRAVIZADOS NEGROS
SABINADA 1837-1838 BAHIA URBANO (SALVADOR) SETORES MÉDIOS
BALAIADA 1838-1841 MARANHÃO
RURAL
(SUL DO MARANHÃO)
POBRES LIVRES E 
ESCRAVIZADOS
FARROUPILHA 1835-1845
RIO GRANDE
DO SUL
INTERIOR DO RS E
PORTO ALEGRE
ELITE
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POLÍTICA INTERNA
REVOLTA
SISTEMA POLÍTICO “PARLAMENTARISMO ÀS AVESSAS”
REVOLUÇÃO PRAIEIRA (PERNAMBUCO - 1848)
CONSELHO DE ESTADO
(ÓRGÃO CONSULTIVO)
ELEIÇÕES
(VOTO CENSITÁRIO)
IMPERADOR
PODER MODERADOR
PRESIDENTE DO
CONSELHO DE 
MINISTROS
(PODER EXECUTIVO)
SENADO
(PODER LEGISLATIVO)
ESTRUTURAÇÃO
(1840-1850)
CÂMARA DOS 
DEPUTADOS
(PODER LEGISLATIVO)
NOMEIA
ORGANIZA
APROVA
ELEGEM
NOMEIA
ESCOLHE
• FEDERALISMO
• REPÚBLICA
• VOTO UNIVERSAL
• LIBERDADE DE IMPRENSA
• NACIONALIZAÇÃO DO COMÉRCIO
• FIM DO PODER MODERADOR E DO SENADO VITALÍCIO
PAUTAS
DERROTADA
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1. Política externa do 
Segundo Reinado
Durante o Segundo Reinado, a política externa brasileira 
foi marcada por uma aproximação mais estreita entre o 
Brasil e a Inglaterra. Esse fato aumentou a dependência 
brasileira em relação ao capital britânico, especialmente 
depois da Guerra do Paraguai, não obstante o rompimento 
de relações diplomáticas entre os dois países em virtude da 
Questão Christie (entre 1863 e 1865).
Nesse período, o Brasil consolidou sua hegemonia na Amé-
rica do Sul em meio a diversos conflitos na Região Platina, 
com destaque para a Guerra do Paraguai, que atingiu dire-
tamente o Império e contribuiu significativamente para sua 
posterior queda.
dom pedro ii, imperador do brasil, em 1850. François rené 
moreauX (1807-1860). museu imperial, rio de janeiro (rj).
1.1. A Questão Christie (1861-1865)
Em 1863, um incidente diplomático que ficou conhecido 
como Questão Christie provocou o rompimento das rela-
ções entre Brasil e Inglaterra. O incidente foi resultado da 
absoluta falta de habilidade política do embaixador inglês 
no Brasil, William Christie, que transformou questões sérias 
em um escândalo diplomático. 
Os problemas começaram em 1861, quando o navio inglês 
Prince of Walles, que naufragou no litoral do Rio Grande do 
Sul, teve a carga saqueada. Além disso, a tripulação desa-
parecera. O embaixador exigiu uma indenização pela car-
ga e uma investigação acompanhada por um oficial inglês 
para punir os responsáveis pelo saque. O Brasil admitiu, 
depois de muita relutância, pagar a indenização, mas não 
aceitou a interferência britânica nas investigações, contra-
riando o embaixador William Christie.
“Em um quadro de forte sentimento antibritânico ha-
via décadas, Daryle Wiliams, professor da Universida-
de de Maryland, nos Estados Unidos, mostrou que foi 
por denunciar as tentativas de burlar a proibição ao 
tráfico negreiro e à escravização ilegal de africanos e 
seus descendentes na década de 1850 que Christie e 
outros diplomatas britânicos caíram em desgraça no 
país e fizeram com que os incidentes de 1863 ganhas-
sem uma proporção muito maior do que mereciam.”
keila grinberg. departamento de história da 
uniVersidade Federal do estado do rio de janeiro. 
disponíVel em: . 
Em 1862, para agravar a situação, oficiais da marinha bri-
tânica que serviam na fragata Fort foram presos no Rio de 
Janeiro por embriaguês e desordem. A prisão dos oficiais 
desagradou o embaixador Christie, que exigiu a punição 
dos policiais brasileiros responsáveis por elas e voltou a exi-
gir a indenização pela carga do navio naufragado.
Como o governo imperial se recusava a atender às exigên-
cias do embaixador e protelava uma resposta sobre a in-
denização, em represália, a Inglaterra ordenou o bloqueio 
naval dos portos do Rio de Janeiro. Aprisionou cinco navios 
brasileiros, fato que gerou grande manifestação popular 
antibritânica no Rio de Janeiro e em algumas províncias.
Temendo mais represálias por parte dos ingleses, D. Pedro 
II procurou acalmar os ânimos pagando a indenização pe-
dida (6.525 libras e 19 cents em valores da época), mas 
rompeu relações com a Inglaterra e submeteu o conflito à 
arbitragem internacional do rei belga Leopoldo. 
O rei ouviu as duas partes e concedeu parecer favorável 
ao Brasil, determinando que a Inglaterra pedisse desculpas 
oficiais pelo incidente. Em face da recusa britânica de se 
desculpar, o governo brasileiro manteve o rompimento das 
relações diplomáticas com a Inglaterra em 1863.
SEGUNDO 
REINADO: 
POLÍTICA 
EXTERNA E 
ECONOMIA
COMPETÊNCIA(s)
1, 2, 3, 4 e 5
HABILIDADE(s)
1, 4, 7, 8, 9, 10, 14, 15, 16, 18 
e 22
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AULAS 
21 E 22
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Para o governo de Londres, ficou claro que era mau negócio 
a ruptura com o Brasil, país que dava grandes vantagens 
aos ingleses pelas importações e empréstimos tomados. 
Em 1865, com a Guerra do Paraguai em curso, o governo 
britânico tomou a iniciativa de pedir desculpas formais e 
reatar relações com o Império brasileiro. Em seguida, ban-
queiros ingleses fizeram um grande empréstimo ao Brasil 
para financiar a guerra.
1.2. As questões platinas
mapa da bacia platina
O Brasil se envolveu em questões com o Uruguai e a Ar-
gentina, intervindo na política interna de ambos para ga-
rantir o poder a seus aliados com os seguintes objetivos: 
manter livre a navegação dos rios platinos, essenciais à 
comunicação com as províncias do Centro-Oeste e Sudeste 
(principalmente o Mato Grosso); evitar a reconstituição do 
Vice-Reinado do Prata (Argentina, Uruguai, Paraguai e Bo-
lívia); e garantir sua hegemonia na Região Platina.
1.2.1. A intervenção contra Oribe e Aguirre 
(Uruguai, 1851-1854)
Depois da independência, o Uruguai viu-se mergulhado 
num período de intensa disputa política entre dois parti-
dos: o Colorado, representante dos comerciantes de Mon-
tevidéu, chefiados por Frutuoso Rivera, e o Blanco, liderado 
por Manuel Oribe, que representava os interesses dos pe-
cuaristas do interior do país. Oribe contava com a ajuda do 
ditador argentino Juan Manuel Rosas, enquanto o governo 
de Rivera, em Montevidéu, era ajudado pelo Brasil.
Em 1851, o Brasil interveio no Uruguai para derrubar Ma-
nuel Oribe, do Partido Blanco, e entregar o poder ao Partido 
Colorado, comandado por Frutuoso Rivera e aliado brasileiro.
Em 1864, os Blancos retomaram o poder no Uruguai, li-
derados por Atanásio Aguirre, que apoiou os ataques de 
pecuaristas locais às fazendas gaúchas da fronteira e, pos-
teriormente, recusou-se a pagar as indenizações exigidas 
pelo governo brasileiro. Essa recusa levou tropas brasilei-
ras, comandadas pelo general Mena Barreto, a invadirem o 
Uruguai, depor Aguirre e recolocar os Colorados no poder 
com Venâncio Flores, que assinou A Convenção de Paz, em 
20 de fevereiro de 1865, atendendo às exigências brasilei-
ras, ao mesmo tempo em que o Brasil devolvia ao Uruguai 
as terras sob seu controle.
1.2.2. A intervenção contra Rosas (Argentina, 1852)
A ditadura de Juan Manuel Rosas teve início na década de 
1830, em meio à luta entre federalistas e unitaristas que, 
durante longos anos, ensanguentou a Argentina.
Os federalistas representavam as províncias do interior do 
país e lutavam por mais autonomia provincial e descentra-
lização política. Os unitaristas defendiam a centralização, 
com a hegemonia comercial e política da região do porto 
de Buenos Aires sobre o restante do país.
A política do ditador argentino, que ameaçava a livre na-
vegação dos rios e a independência do Uruguai, contra-
riava os interesses do Brasil. Em razão disso, o governo 
imperial passou a ajudar os adversários de Rosas, lidera-
dos por Justo José de Urquisa, governador da província 
de Entre Rios.
Em 1852, o Império brasileiro interveio na Argentina e 
depôs o ditador Francisco Rosas, do partido federalista. 
Vitoriosos, os unitaristas assumiram o poder no país, que 
passou a ser governado por Urquiza. 
1.3. Guerra do Paraguai (1864-1870)
1.3.1. As causas da guerra
O estopim do maior e mais sangrento conflito na América 
do Sul teve início com o ato de represália do ditador para-
guaio Solano López contra a deposição de seu aliado, Ata-
násio Aguirre, do Partido Blanco, no Uruguai. Em novembro 
de 1864, López determinou a apreensão do navio brasi-
leiro Marquêsde Olinda, que navegava pelo rio Paraguai 
em direção ao Mato Grosso, e não atendeu ao ultimato 
brasileiro pela libertação do navio. López rompeu relações 
com o Império brasileiro em dezembro de 1864 e atacou o 
sul do Mato Grosso e do Rio Grande do Sul.
A atitude paraguaia dava início à concretização do sonho 
de Solano López de criar o “Paraguai Mayor”, ou seja, 
de estender o território do país até o litoral do oceano 
Atlântico, conquistando uma saída para o mar pelas ter-
ras brasileiras, uruguaias e argentinas.
“No Brasil, a partir da década de 1960, havia uma in-
terpretação que culpava o imperialismo britânico por 
fomentar a guerra a fim de destruir a suposta auto-
nomia econômica do Paraguai. Por isso, tanto o Brasil 
quanto a Argentina teriam sido meros fantoches a 
serviço do capitalismo britânico, que se constituiria no 
único vencedor do conflito.
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Segundo o historiador Francisco Doratioto, a guerra 
fez parte do processo de consolidação dos Estados 
nacionais da região. A livre navegação dos rios Pa-
raná e Paraguai era fundamental para o Império 
Brasileiro, única entrada para a Província de Mato 
Grosso. Desde sua independência, a Argentina ti-
nha a aspiração de formar uma grande nação com 
a incorporação do Uruguai (independente do Brasil 
em 1828) e do Paraguai, cuja independência só foi 
reconhecida em 1852. Tratou-se, portanto, de uma 
relevante questão geopolítica.”
(prado, maria ligia; pellegrino, gabriela. história 
da américa latina. são paulo: conteXto, 2014, p. 68).
1.3.2. A guerra
Em maio de 1865, foi firmada uma aliança militar entre 
Argentina, Brasil e Uruguai denominada Tríplice Aliança e 
apoiada pela Inglaterra. No início da guerra, o exército pa-
raguaio contava com cerca de 90 mil homens, além de pól-
vora e armamentos fabricados em seu território, enquanto os 
exércitos da Tríplice Aliança contavam com mais ou menos 30 
mil homens e dependiam totalmente de armas e munições 
importadas da Inglaterra. Para reforçar o exército brasileiro, 
D. Pedro II convocou os escravizados, prometendo a eles e às 
suas esposas e filhos a garantia da liberdade ao fim da guerra.
A Tríplice Aliança foi comandada inicialmente pelo presi-
dente argentino Bartolomé Mitre. Sob seu comando, os 
aliados venceram a batalha naval do Riachuelo, em junho 
de 1865, bloqueando a ofensiva Paraguaia. A partir daí, 
todas as batalhas ocorreram em território paraguaio.
Durante o conflito, as forças da Tríplice Aliança cresce-
ram, com predominância de aproximadamente dois ter-
ços de brasileiros, entre 135 mil e 200 mil, para uma 
população brasileira masculina estimada, à época, em 
4,9 milhões de indivíduos.
Em 1867, as tropas aliadas passaram a ser comanda-
das por Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias. 
Naquele mesmo ano, Argentina e Uruguai se retiraram 
da guerra alegando problemas econômicos. 
Caxias reorganizou e reaparelhou as tropas, comprou ar-
mas e canhões, filtros de água para evitar a epidemia de 
cólera e estendeu cabos telegráficos até a região do com-
bate para facilitar as comunicações. Sob seu comando, 
ocorreram as vitórias brasileiras de Itororó, Avaí e Lomas 
Valentinas. Em 1869, Assunção foi tomada, e Solano Ló-
pez se retirou para o interior, de onde continuou a re-
sistir. Alegando problemas de saúde, Caxias solicitou seu 
desligamento do comando das tropas e foi substituído 
pelo genro de D.Pedro II, Gastão de Orléans, o Conde 
d’Eu. Este perseguiu Solano López até Cerro Corá, onde, 
derrotado, o ditador paraguaio se suicidou, encerrando 
definitivamente o conflito em 1870.
batalha naVal do riachuelo, de Victor meirelles.
A Guerra É Nossa - a Inglaterra Não Provocou a 
Guerra do Paraguai – Alfredo da Mota Menezes
Este livro conta a história das mudanças na socie-
dade e na economia brasileiras a partir da segunda 
metade do século XIX, depois da transformação do 
café no principal produto de exportação brasileiro. 
Aborda o processo de desenvolvimento econômico e 
social em virtude da expansão da lavoura cafeeira e 
as transformações ocorridas no campo e na cidade: 
a substituição da mão-de-obra escrava pelo trabalho 
dos imigrantes, a expansão das ferrovias, da indústria 
e da fronteira agrícola, a urbanização, os novos seto-
res sociais, o avanço tecnológico e a industrialização e 
intensificação da vida artística e cultural.
multimídia: livro
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A Guerra do Paraguai – Luiz Otávio de Lima
Um épico latino-americano de interesse universal. Maior 
confronto armado da história da América do Sul, a Guer-
ra do Paraguai é uma página desbotada na memória do 
povo brasileiro. Passados quase 150 anos das últimas 
batalhas deste conflito sangrento que envolveu Brasil, 
Argentina, Uruguai e Paraguai, o tema se apequenou nos 
livros didáticos e se restringiu às discussões acadêmicas.
multimídia: livro
1.3.3. Consequências da guerra
A guerra custou ao Paraguai consequências devastado-
ras: dizimação quase total da sua população, economia 
em ruínas e perda de parte de seu território para Brasil 
e Argentina, que passaram a fazer ingerências em suas 
questões internas. Estima-se que morreram 99% da po-
pulação adulta masculina e 55% da feminina. Mergu-
lhado em grave crise econômica, o Paraguai nunca mais 
conseguiu se recuperar.
A vitória na guerra consolidou a hegemonia do Brasil no 
continente, mas agravou sua situação econômica em virtu-
de da elevação da dívida externa e do aumento da depen-
dência brasileira em relação à Inglaterra. O Exército saiu 
fortalecido. Grande parte de seus membros assumiram po-
sições abolicionistas e republicanas, passando a contestar 
o regime imperial.
mapa dos territórios perdidos pelo paraguai na guerra.
Fonte: Youtube
Netto Perde Sua Alma
Antônio de Souza Netto, general brasileiro, é ferido du-
rante a Guerra do Paraguai (1861-1866) e recolhido ao 
Hospital Militar de Corrientes, na Argentina. No hospi-
tal, o general percebe que coisas estranhas acontecem 
ao seu redor. Um paciente, o capitão de Los Santos, acu-
sa o cirurgião de amputar suas pernas sem necessidade. 
Nessa mesma noite, Netto recebe a visita de um antigo 
camarada, o sargento Caldeira, ex-escravizado.
multimídia: vídeo
Maldita Guerra – Francisco Doratioto
Escrito em linguagem clara e objetiva, este livro é fruto 
de quinze anos de pesquisas em arquivos e bibliotecas 
do Brasil, do Rio da Prata e da Europa. Francisco Dora-
tioto, graduado em história pela USP e doutor em his-
tória das relações internacionais pela Universidade de 
Brasília, viveu durante três anos no Paraguai, o que lhe 
permitiu visitar locais e conhecer a memória oral ainda 
existente sobre a guerra. 
multimídia: livro
2. Economia e sociedade
2.1. As transformações na estrutura 
socioeconômica brasileira
A partir dos anos 1850, o Brasil passou por um conjunto de 
transformações econômicas e sociais em virtude da expan-
são cafeeira. Assim, assumiu-se definitivamente a liderança 
das exportações conjugada às transformações do capitalis-
mo internacional.
O café, embora um gênero agrário, exigiu um conjunto 
de ações que resultaram em uma modernização do con-
junto da população e em melhorias na infraestrutura e 
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no desenvolvimento do mercado interno (bancos, portos, 
ferrovias, urbanização, iluminação, comércio). Os avanços 
só não foram maiores porque esbarraram na mentali-
dade conservadora das elites agrárias que detinham o 
poder. Não obstante, é possível destacar algumas inicia-
tivas, como as de Irineu Evangelista de Sousa, o Barão 
de Mauá, que teve papel fundamental no relativo surto 
industrial vivido naquele momento.
A propósito da mão de obra, a pressão dos ingleses pela 
abolição da escravidão se intensificou, pois a Inglaterra 
necessitava que os capitais investidos no tráfico fossem 
liberados para aplicação na infraestrutura a fim de que 
seexpandissem os mercados consumidores dos produtos 
industrializados. Havia, ainda, a necessidade de que o tra-
balho assalariado se tornasse a forma dominante da explo-
ração da força de trabalho. 
Com a proibição do tráfico negreiro por meio da Lei Eusébio 
de Queirós, em 1850, os senhores de escravizados precisa-
ram criar alternativas para a substituição do trabalho escra-
vo. Nesse sentido, a alternativa imigrantista surgiu como a 
solução ideal dos problemas da transição do trabalho escra-
vo para o trabalho livre e assalariado.
Fonte: Youtube
Brasil Império – O ciclo do café 
brasileiro no século XIX
multimídia: vídeo
2.2. A economia cafeeira
Depois da independência política, o Brasil manteve sua 
economia estruturada em bases coloniais, com predomi-
nância do latifúndio agrário-exportador e escravista, o que 
agravava a sua dependência externa. Ao longo do Primeiro 
Reinado e do Período Regencial, a grande lavoura exporta-
dora entrou em crise, provocando sérias dificuldades finan-
ceiras. Além disso, a pequena arrecadação devido às baixas 
taxas alfandegárias praticadas em virtude dos acordos re-
alizados com várias nações, especialmente a Inglaterra, em 
troca do reconhecimento da Independência brasileira.
Com a transformação da lavoura cafeeira na principal base 
da economia nacional, o cenário da crise econômica come-
çou a mudar no final da Regência, alterando-se significati-
vamente durante o Segundo Reinado.
o ramo de caFé, que passou a Fazer parte da bandeira do brasil imperial, 
atesta a importância do produto na economia nacional à época.
2.2.1. Café: das origens à expansão
Originário da Etiópia, o café ganhou significativa aceitação 
entre os povos árabes, que conheceram o produto por volta 
do século XV. Da Arábia, o produto foi introduzido na Euro-
pa em meados do século XVI, onde fez muito sucesso gra-
ças ao sabor e às propriedades estimulantes e medicinais. O 
café chegou à América por volta do século XVII e passou a 
ser produzido em larga escala na América Central, tendo o 
Haiti como seu principal produtor.
No Brasil, o café chegou no início do século XVIII, contraban-
deado da Guiana Francesa pelas mãos do oficial português 
Francisco de Melo Palheta, que trouxe as primeiras mudas 
e instalou as primeiras grandes lavouras no Rio de Janeiro, 
onde a cultura cafeeira alcançou grande desenvolvimento.
Os instrumentos básicos de trabalho eram baratos. Em com-
pensação, o cafeeiro, além de ser uma planta frágil, sensível 
às geadas, não produz imediatamente após o plantio, exi-
gindo grandes e constantes investimentos de capitais. Dado 
o modelo agroexportador baseado na grande propriedade 
escravista, os pequenos proprietários ficaram de fora da 
possibilidade de cultivá-lo.
O capital investido no início da expansão cafeeira foi re-
colhido internamente, uma vez que os estrangeiros não se 
expunham ao risco de investir em um país que se debatia 
em profunda crise econômica. A situação não foi a mesma 
da época açucareira, quando os capitais flamengos foram 
responsáveis pelo financiamento.
As somas iniciais investidas no plantio eram significativas. 
Em geral, os pioneiros na implantação das culturas cafe-
eiras foram os comerciantes da capital, enriquecidos pela 
intermediação de compra e venda de produtos agrícolas. 
Comercializavam a própria produção e retinham a maior 
parte da renda gerada.
As condições gerais da economia favoreciam a lavoura ca-
feeira. Havia mão de obra escrava ociosa graças à decadên-
cia das minas. As terras continuavam à disposição em larga 
escala e a baixo preço. A facilidade de obtenção dos fatores 
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de produção encorajou os investidores a tentarem o café. Além disso, não havia grandes opções para inversões dos capitais 
obtidos no comércio. Ao mesmo tempo, difundia-se o hábito de beber café. O produto brasileiro ganhava os mercados da 
Europa e dos Estados Unidos.
transporte de caFé por escraVos. graVura. jean-baptiste debret.
Na primeira metade do século XIX, a lavoura cafeeira se expandiu no Vale do Rio Paraíba do Sul, em territórios do Rio de 
Janeiro, Espírito Santo, São Paulo e Minas Gerais, embora as principais culturas tenham se estabelecido nas terras do extenso 
Vale do Paraíba, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Nelas, a produção de café estruturou-se nos moldes da plantation, 
caracterizada pelo latifúndio agrário-exportador escravista. Por volta da década de 1830, o produto já se destacava em 
primeiro lugar nas exportações brasileiras, representando aproximadamente 25% delas. Nas décadas seguintes, essa por-
centagem só aumentou.
Brasil – Exportação de mercadorias (% do valor dos oito produtos principais sobre o valor total da exportação)
Decênio Total Café Açúcar Cacau Erva-mate Fumo Algodão Borracha Couro e Peles
1821-1830 85,8 18,4 30,1 0,5 – 2,5 20,6 0,1 13,6
1831-1840 89,8 43,8 24,0 0,6 0,5 1,9 10,8 0,3 7,9
1841-1850 88,2 41,4 26,7 1,0 0,9 1,8 7,5 0,4 8,5
1851-1860 90,9 48,8 21,2 1,0 1,6 2,6 6,2 2,3 7,2
1861-1870 90,3 45,5 12,3 0,9 1,2 3,0 18,3 3,1 6,0
1871-1880 95,1 56,6 11,8 1,2 1,5 3,4 9,5 5,5 5,6
1881-1890 92,3 61,5 9,9 1,6 1,2 2,7 4,2 8,0 3,2
1891-1900 95,6 64,5 6,6 1,5 1,3 2,2 2,7 15,0 2,4
Explica-se o crescimento das exportações brasileiras graças à queda da produção haitiana, à difusão do hábito de tomar 
café na Europa e nos EUA e à boa adaptação do produto ao solo e ao clima brasileiros, destacadamente na Região Sudeste.
A produção de café se expandiu do Vale do Paraíba para o chamado Oeste Paulista, nas regiões das cidades de Campinas, 
Rio Claro, Limeira, Itu, Ribeirão Preto, Catanduva e Franca. Nessas regiões, observava-se, entre os produtores de café, uma men-
talidade mais adequada às exigências do capitalismo de meados do século XIX, pois os senhores procuravam se adequar cada 
vez mais às exigências do mercado externo e modernizar a produção.
Nas três últimas décadas do século XIX, a região do Oeste paulista se tornou a principal área produtora e exportadora de 
café do país, e os fazendeiros da região passaram a amealhar mais poder econômico e prestígio político, o que lhes favore-
ceria o predomínio político nacional.
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Apesar de a produção do Oeste Paulista seguir as características gerais da agricultura do Vale do Paraíba, como o uso de grandes 
propriedade e diversas técnicas de produção, os solos de terra roxa eram mais propícios e mais bem aproveitados racionalmente 
para a lavoura cafeeira. Além disso, no Oeste Paulista foram introduzidas importantes modernizações na produção, como o 
arado, as máquinas e a mão de obra livre dos imigrante, compostos principalmente por italianos, espanhóis e alemães.
a marcha do caFé
2.3. A imigração europeia para o Brasil
A necessidade de extinção do trabalho escravo impôs à 
classe dominante brasileira, particularmente aos fazendei-
ros de café, o desafio de pensar como promover a passa-
gem do trabalho escravo para o livre.
A aprovação da Lei Eusébio de Queirós, em 1850, trouxe 
como consequência imediata o tráfico interprovincial de es-
cravizados da região Nordeste para o Sudeste, especialmen-
te para os cafezais do Vale do Paraíba e do Oeste paulista. 
Também ocorreram tentativas da criação de fazendas de 
procriação de escravizados. Nessas fazendas, buscava-se a 
aquisição de novos escravos por meio de relações sexuais 
não consentidas pelas mulheres, com abortos e suicídios 
sendo o resultado comum dessa prática, que levou o Brasil 
a criar a Lei do Ventre Livre (1871), extinguindo o processo. 
Ao perceberem a proximidade do fim da escravidão no 
Brasil, mesmo porque o tráfico interprovincial não conse-
guira atender à demanda de escravizados para os cafezais, 
os prósperos fazendeiros do Oeste Paulista começaram a 
pensar na possibilidade de importar trabalhadores brancos 
europeus para substituírem os escravizados.
trabalho de imigrantes nas laVouras de caFé. 
acerVo do museu da imigração.Paralelamente aos projetos de promoção da imigração, 
o governo fazia aprovar, em 1850, a Lei de Terras, que 
determinava que as terras devolutas (desocupadas) passa-
riam para o controle do Estado, que poderia vendê-las. A 
Lei de Terras subiu o custo para a aquisição e regularização 
da terra de acordo com seu objetivo: criar obstáculos para 
o acesso às terras pelas populações pobres nacionais, prin-
cipalmente os imigrantes.
A ideia de estimular a imigração europeia para o Brasil não 
era nova, pois já tinham sido realizadas algumas experiên-
cias no período joanino e no Primeiro Reinado. Naquela 
época, os imigrantes europeus eram vistos como solução 
para duas questões: escassez de mão de obra e desejo, 
disseminado entre a classe dominante da época, de bran-
queamento da população brasileira. Produziram-se vários 
documentos com projeções de quantos anos seriam neces-
sários para os brasileiros tornarem-se brancos. A crença de 
que os trabalhadores assalariados eram mais produtivos 
do que os escravizados era um argumento ideológico a fim 
de fundamentar os projetos imigrantistas. 
Vale destacar que as teorias raciais do século XIX consi-
deravam o branco europeu uma raça superior, mais evo-
luída e desenvolvida. Essas teorias davam força para a 
defesa do branqueamento da população brasileira como 
base para o desenvolvimento do pais.
Antes da publicação da Lei Eusébio de Queirós, o senador 
Nicolau Pereira de Campos Vergueiro criou, em 1847, um 
sistema de parceria com o intuito de trazer imigrantes eu-
ropeus para trabalhar nos seus cafezais na fazenda Ibica-
ba, no interior de São Paulo. O funcionamento do sistema 
era aparentemente simples: mediante uma firma fundada 
pelo senador, a Vergueiro e Cia., os imigrantes seriam trazi-
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alguns períodos, os europeus se recusaram a vir para o 
Brasil. Em 1859, o governo prussiano chegou a proibir o 
embarque de imigrantes para o Brasil.
Fonte: Youtube
Hospedaria do Imigrante – São Paulo
multimídia: vídeo
O fracasso do sistema de parceria e a péssima imagem 
brasileira no exterior levaram o governo a interferir na 
imigração europeia, financiando a viagem dos imigran-
tes e interferindo na contratação deles pelos fazendeiros. 
O custeio da viagem dos imigrantes foi uma vitória dos 
imigrantistas paulistas, que conseguiram transferir para 
o conjunto da sociedade os custos com o financiamento 
da importação da mão de obra européia. Por meio de 
um decreto assinado por D. Pedro II, o Estado custeava 
as passagens e permitia que os fazendeiros se creden-
ciassem para contratar os imigrantes, que só poderiam 
ser levados para as suas fazendas depois de acertado, 
diante de representantes do Império, os salários e as 
condições de trabalho. O número de imigrantes cresceu 
consideravelmente, com destaque para alemães, italia-
nos, suíços e poloneses.
O projeto imigrante paulista foi vitorioso, e os fazendeiros 
puderam contar com uma relativa abundância de mão de 
obra para substituir os escravizados, mantendo as taxas de 
lucro e sem elevar os custos do trabalho.
Imigração no Brasil (1820-1975) 
Fonte: www.ibge.goV.br
Parceria (fracasso) Colonato (sucesso)
Primeiro sistema 
introduzido (1847)
Oeste Paulista (c, 1870), 
subvencionada pelo governo
Trabalho familiar camponês Trabalho familiar camponês
Colono dividia lucros e 
prejuízos e ficava com 
metade do produzido
Camponês recebia dois 
salários: um fixo anual e 
outro por produtividade
dos da Europa, receberiam um adiantamento em dinheiro 
a juros de 6% para os custos de viagem de sua família e se 
instalariam na terra que receberiam para cultivar. 
Os imigrantes receberiam também determinado número 
de pés de café para cultivar e dividiriam os lucros da venda 
com o dono da fazenda. Por volta de 80 famílias de imi-
grantes oriundos da Alemanha e da Suíça foram trazidas 
por Vergueiro para trabalhar em suas terras.
O Café e a Imigração – Sônia Maria de Freitas
Este livro conta a história das mudanças na sociedade e 
na economia brasileiras a partir da segunda metade do 
século XIX, depois da transformação do café no principal 
produto de exportação brasileiro. Aborda o processo de 
desenvolvimento econômico e social em virtude da ex-
pansão da lavoura cafeeira e as transformações ocorridas 
no campo e na cidade: a substituição da mão-de-obra 
escrava pelo trabalho dos imigrantes, a expansão das fer-
rovias, da indústria e da fronteira agrícola, a urbanização, 
os novos setores sociais, o avanço tecnológico e a indus-
trialização e intensificação da vida artística e cultural.
multimídia: livro
Na teoria, as condições do sistema pareciam benéficas 
para os dois lados, mas a prática se revelou diferente. Os 
juros de 6% eram acumulativos e a dívida crescia muito, 
pois os pés de café só começam a produzir depois de 
quatro anos de plantio. Durante esse tempo, os imigran-
tes eram obrigados a consumir produtos no armazém da 
fazenda a preços mais altos do que os regulares, geran-
do uma dívida crescente. Na hora do acerto de contas, 
praticamente tudo que caberia ao imigrante era utilizado 
para pagamento de suas dívidas. Como o contrato deter-
minava que eles só poderiam sair da fazenda depois de 
quitar todas as dívidas, os imigrantes eram obrigados a 
trabalhar anos e anos sem renda. 
Além disso, muitos fazendeiros, acostumados ao trato com 
os escravizados, tinham dificuldades de entender que o tra-
balhador livre tinha uma série de direitos. Dessa forma, os 
fazendeiros maltratavam os imigrantes como faziam com 
os escravizados, não reconhecendo seus direitos, impondo-
-lhes castigos físicos e privando-os da sua liberdade.
Muitos imigrantes mandavam cartas do Brasil para a Eu-
ropa denunciando a situação; por esse motivo, durante 
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Parceria (fracasso) Colonato (sucesso)
Colonos endividavam-se 
(passagens, mantimentos, 
juros elevados)
Governo paulista pagava 
as passagens
Permitida uma pequena 
roça ao imigrante
Garantido um pedaço de roça 
para subsistência ou comércio
Fonte: prado junior, caio. 
história econômica do brasil. p. 190-191.
Fonte: Youtube
A Imigração em São Paulo
multimídia: vídeo
2.4. A questão da escravidão no século XIX
Por volta de 1880, ficava cada vez mais evidente que a abo-
lição da escravidão estava iminente. O movimento abolicio-
nista tornou-se irresistível nas áreas cafeeiras, onde estavam 
concentrados quase dois terços da população escravizada. 
Cada vez mais conscientes de si mesmo e encontrando apoio 
em segmentos da população que simpatizavam com a causa 
abolicionista, muitos escravizados fugiam das fazendas ou se 
tornavam mais rebeldes. A escravidão se tornou uma institui-
ção difícil de se manter. Quase ninguém se opunha à ideia da 
abolição, embora houvesse quem reivindicasse indenização 
para os fazendeiros pela perda de seus escravizados.
No Parlamento, o único grupo que resistiu até o último minuto 
à abolição da escravidão foi o dos representantes dos fazen-
deiros das antigas áreas cafeeiras, para quem os escravizados 
representavam um terço do valor de suas hipotecas. Em maio 
de 1888, votaram contra a lei que aboliu a escravidão no Brasil.
As questões relativas à urgência de se extinguir o traba-
lho escravo estavam no campo da economia, da política 
e da sociedade.
Os fazendeiros reagiram diferentemente nas diferentes áre-
as. Entretanto, por volta de 1880, a maioria deles estava con-
vencida de que a escravidão era uma causa perdida. Além 
disso, outro tipo de investimentos tinha se aberto a eles: 
estradas de ferro. Com o preço dos escravizados aumentan-
do vertiginosamente, o custo de manutenção da escravidão 
parecia, em algumas áreas, igualar-se ou mesmo exceder o 
nível salarial local.
O desenvolvimento da sociedade brasileira durante a se-
gunda metade do século XIX e o processo de modificação 
das relações de produção proporcionaram mais diversifi-
cação social,Cruzada, 1189-1192
Quarta Cruzada, 1202-1204
Domínios
Fonte: .
Em 1099, avistaram Jerusalém. A cidade estava tomada por 
um número muito maior de defensores. No entanto, depois 
de sangrentas batalhas, os cristãos tomaram a cidade. 
As terras conquistadas dos muçulmanos foram or-
ganizadas em Estados cristãos: o reino de Jerusa-
lém, o principado de Antioquia e os condados de 
Edessa e Trípoli. Nesses Estados, doados a nobres 
europeus, foi implantada uma estrutura essencial-
mente feudal, comparável à da Europa medieval. 
Foram fundadas novas ordens religiosas, integradas por 
soldados religiosos, entre os quais os mais importantes 
eram os hospitalários, os cavaleiros da Ordem Teutônica e 
os templários, que se alojaram no local do antigo templo 
de Jerusalém. Em 1140, os muçulmanos passaram à con-
traofensiva e reconquistaram o condado de Edessa. Pres-
sionados, os Estados cristãos recorreram aos europeus. 
 § Segunda Cruzada (1147-1149): Em 1147, Luis VII, 
rei da França, Conrado III, imperador do Sacro Império, 
e um grupo formado por europeus do norte – ingleses, 
flamengos e frísios – organizaram a Segunda Cruzada. 
Esse terceiro grupo atravessou a península Ibérica aju-
dando os cristãos a expulsarem os muçulmanos de Lis-
boa. Entretanto, os integrantes dessa Segunda Cruzada 
foram derrotados pelos turcos na Ásia Menor em 1148. 
Algumas décadas mais tarde, em 1187, Saladino, um 
sultão muçulmano, reconquistou Jerusalém, causando 
grande comoção na Europa. 
 § Primeira Cruzada (1095-1099): As peregrinações 
de cristãos ao Santo Sepulcro não eram raras. Os ca-
lifas árabes não se opunham às visitas, que acabavam 
sendo lucrativas paras os muçulmanos. Contudo, na 
segunda metade do século XI, os turcos dominaram 
grande parte da Ásia ocidental, expulsaram os cristãos 
e proibiram suas peregrinações no local.
O papa Urbano II incentivou a Primeira Cruzada sob o 
pretexto de libertar a Terra Santa e impedir o avanço mu-
çulmano na Europa oriental. Ele fez um apelo no Concílio 
de Clermont (1095). Organizada pelo monge Pedro, o 
Eremita, e dirigida por um nobre sem terras, Gautier Sans-
-Avoir (Sem Vintém), a Primeira Cruzada desdobrou-se na 
Cruzada dos Mendigos e na Cruzada dos Senhores.
Na Cruzada dos Mendigos, depois de vários saques, pi-
lhagens, fome e pestes, os cruzados conseguiram chegar 
a Constantinopla, para horror do imperador bizantino. 
Diante daquela multidão de pobres e famintos e temen-
do pela segurança da capital, o imperador os enviou para 
a Ásia, onde foram massacrados pelos muçulmanos. 
Enquanto isso, os cavaleiros preparavam-se lentamente 
sob a supervisão do papado. Com efeito, tratava-se de 
vários exércitos feudais autônomos. Em 1096, a Cruza-
da dos Senhores partiu para Constantinopla, onde re-
ceberam o apoio do imperador em troca da promessa 
de receber dos cruzados os territórios que tomassem 
dos turcos na Ásia Menor e no norte da Síria. 
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 § Terceira Cruzada (1189-1192): Com a notícia da 
perda da Terra Santa, o papa passou a preparar a 
Terceira Cruzada. A Igreja espalhou a informação de 
que as indulgências seriam estendidas àqueles que, 
impossibilitados de participarem pessoalmente, contri-
buíssem com bens materiais para financiar a participa-
ção de terceiros. Os três mais importantes soberanos 
da Europa atenderam ao chamado do papa. Em 1190, 
Frederico Barba Ruiva, do Sacro Império, Felipe Augus-
to, da França, e Ricardo Coração de Leão, da Inglater-
ra, lideraram a Cruzada dos Reis. Barba Ruiva avançou 
por terra, venceu os turcos na Ásia Menor, mas morreu 
acidentalmente ao banhar-se em um rio. Ricardo e 
Felipe Augusto seguiram por mar. Obtiveram algumas 
vitorias na Síria, mas Felipe decidiu retornar à França. 
Ricardo Coração de Leão, apesar de sua coragem e 
bravura demonstrada nos combates, não conseguiu 
retomar Jerusalém. No entanto, obteve do sultão Sa-
ladino a autorização para que os cristãos pudessem 
peregrinar até Jerusalém. 
 § Quarta Cruzada (1202-1204): Com o ardor religio-
so já bastante arrefecido, os comerciantes de Gênova 
e Pisa, enriquecidos pelo comércio com o Oriente, pre-
tendiam conquistar os portos de suas cidades rivais. 
Em 1200, durante o pontificado de Inocêncio III, foi 
organizada a Quarta Cruzada, financiada por esses 
mercadores e viciada em suas origens pelos interesses 
mercantis. Desvirtuada de seus objetivos, tornou-se 
a primeira cruzada contra cristãos. Como condição 
para seu financiamento, Veneza exigiu a destruição de 
Zara, cidade cristã e sua rival mercantil no comércio 
no Mar Adriático.
Fonte: Youtube
Monty Python em busca do cálice sagrado (1975)
O rei Artur (Graham Chapman) está à procura de cava-
leiros que possam acompanhá-lo em uma importante 
jornada: a busca do Santo Graal. Sir Lancelot, o Bravo 
(John Cleese); Sir Robin, o Não-tão-bravo-quanto-Sir 
Lancelot (Eric Idle); Sir Galahad, o Puro (Terry Jones); 
e outros cavaleiros se dispõem a participar da busca 
real. O longa satiriza diversos eventos histórios ocorri-
dos na Idade Média.
multimídia: vídeo
as cruzadas eram representadas em diVersas obras de arte.
Depois da destruição de Zara, os cruzados marcharam 
sobre Constantinopla, cidade cristã ortodoxa – não obe-
diente ao papa –, capital do Império Bizantino e ponte 
para as rotas comerciais do Oriente. A Quarta Cruzada 
assinalou o declínio mercantil de Constantinopla, região 
que passou a ser conhecida por Império Latino, e a as-
censão das cidades italianas, que passaram a monopoli-
zar o comércio de especiarias no Mediterrâneo.
 § Quinta Cruzada (1217-1221): Tornou-se conhecida 
como a Cruzada das Crianças. Para justificar as derrotas 
anteriores, foi difundida a lenda de que o Santo Sepulcro 
só poderia ser conquistado por crianças, uma vez que 
suas almas eram puras e livres de pecados. Em 1212, 
foram reunidas 20 mil crianças alemãs e 30 mil france-
sas em uma cruzada que seria enviada para Jerusalém. 
As que não foram exterminadas foram aprisionadas ou 
vendidas como escravas nos mercados do Oriente. 
 § Sexta Cruzada (1228-1229): Organizada por André 
II, rei da Hungria, e comandada por Frederico II, do Sa-
cro Império, a Sexta Cruzada resultou em um acordo 
com o sultão, que determinava a posse de Jerusalém 
pelos cristãos durante dez anos. Mais tarde, os muçul-
manos dominaram a região e o acordo foi rompido. Je-
rusalém voltou a ser controlada pelos turcos até 1917. 
 § Sétima (1248-1250) e Oitava Cruzadas (1270): 
A Sétima e a Oitava Cruzadas foram organizadas entre 
1248 e 1270, sob o comando de Luís IX, rei da Fran-
ça. Ambas foram um fracasso. Luis IX morreu vítima da 
peste, em Tunis, e foi canonizado pela Igreja. 
2.4. Consequências das Cruzadas
O caráter superficial da conquista, a falta de enraizamento 
dos conquistadores no seio da população local, as disputas 
entre cruzados, as rivalidades nacionais e a incapacidade 
da Igreja em superá-las foram fatores que ocasionaram o 
fracasso das Cruzadas.
A Europa ocidental continuou superpovoada e sem con-
dições de absorver essa mão de obra; os salários que não 
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baixaram ficaram estagnados, enquanto subiram os preços 
dos cereais. Do ponto de vista econômico, a maior conquis-
ta das Cruzadas foi a reabertura do Mediterrâneo à 
navegação e ao comércio da Europa, fator que permitiu 
o reatamento das relações entre Ocidente e Oriente, in-
terrompidas pela expansão muçulmana, e contribuiu para 
acelerar o renascimento comercial no ocidente da Europa. 
O malogro das Cruzadas acelerou indiretamente a deca-
dência do sistema feudal. A conjugação de fatores polí-
ticos, econômicos e sociais agravou significativamente essa 
situação. De um lado, houve enfraquecimento da aristocracia 
feudal e da servidão como forma de trabalho; de outro lado, 
ocorreu o fortalecimento da burguesia comercial, bem como 
o reaparecimentoque resultou no surgimento de segmentos 
sociais não vinculados diretamente aos interesses dos pro-
prietários agrícolas. Comerciantes, médicos, funcionários, 
advogados, artesãos, engenheiros, jornalistas compunham 
setores sociais urbanos cujos interesses levaram-nos a 
questionar a escravidão e a propor a abolição como condi-
ção para sua própria liberdade.
Os fazendeiros das áreas em expansão haviam encontrado 
na imigração a resposta para seus problemas de extinção 
da escravidão e formação do mercado de trabalho basea-
do na força de trabalho livre. Numa sociedade em que os 
homens precisam confrontar-se como juridicamente livres 
– condição do exercício da cidadania, ainda que exista de-
sigualdade por determinação do processo de produção –, 
a escravidão desnuda a desigualdade e entranha o ato do 
trabalho de negatividade: o ato do trabalhador pertencer a 
outrem e a dor do ato do trabalho como castigo.
Para que o Brasil pudesse se transformar em uma Monar-
quia constitucional ou em uma República democrática, fa-
zia-se necessário enfrentar a abolição da escravidão como 
pressuposto da sociedade democrática, ambição de parce-
las significativas da classe dominante e da “classe media” 
em formação. A abolição foi resultado de um processo lon-
go que serviu às conveniências da elite proprietária.
2.5. Surto industrial e processo 
de modernização
Em meados do século XIX, o Brasil foi marcado por intenso 
desenvolvimento, caracterizado pelo surto industrial e pela 
modernização, responsáveis pela montagem das primei-
ras fábricas brasileiras, com destaque para os setores de 
tecelagem, fiação, alimentos e calçados. Construíram-se 
estradas de ferro na região Sudeste; barcos a vapor pas-
saram a ser utilizados em larga escala no transporte de 
mercadorias e passageiros; importaram-se máquinas para 
beneficiamento do café; fundaram-se bancos, companhias 
de transportes urbanos, crédito e seguro; introduziu-se 
também o trabalho livre assalariado dos imigrantes euro-
peus. O mercado interno crescia e se diversificava.
2.5.1. Lucros provenientes das exportações de café
A exportação de café gerou vultosos lucros para os ca-
feicultores e foi a principal responsável pelos constantes 
superavit comerciais brasileiros a partir da segunda me-
tade do século XIX.
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Expansão das ferrovias brasileiras no século XIX
adaptado de: CAMPOS, FláVio de; DOLHNIKOFF, miriam. atlas história do brasil. são paulo: scipione, 1998. p. 25.
Os recursos gerados foram investidos pelo governo e 
pelos próprios cafeicultores. Algumas ações de respon-
sabilidade do Estado foram: a modernização dos trans-
portes com a construção de estradas de ferro ligando 
áreas produtoras de café aos portos, a modernização 
e a construção de portos para atender ao crescimento 
das exportações, a modernização das cidades com ilu-
minação a gás nas ruas e praças, o favorecimento do 
comércio e de outras atividades urbanas e o estímulo à 
imigração europeia. 
Os cafeicultores, por sua vez, particularmente os do Oeste 
Paulista, foram responsáveis pelo investimento na produ-
ção e na mecanização da agricultura, por oferecer novas 
condições de trabalho aos imigrantes e pelas primeiras 
experiências do assalariamento.
Fonte: Youtube
“ENTRE RIOS” - a urbanização de São Paulo
multimídia: vídeo
2.6. Tarifa Alves Branco (1844)
Desde a independência, o Brasil adotava taxas alfandegárias 
baixas para os produtos importados, reflexo dos tratados de 
1810, assinados entre Portugal e Inglaterra, em virtude da 
necessidade de o Brasil obter o reconhecimento externo da 
sua autonomia, além da sua dependência frente ao capital 
estrangeiro. Em 1828, D. Pedro I assinou um decreto que 
estabelecia taxas alfandegárias de 15% ad valorem para to-
dos os produtos importados pelo Brasil, o que contrariava os 
privilégios ingleses e rendia baixa arrecadação para o Estado, 
obrigando-o a elevar os impostos para a população.
Esse “liberalismo alfandegário” foi extinto em 1844 com 
a entrada em vigor da Tarifa Alves Branco, que elevava as 
taxas alfandegárias brasileiras a dois patamares: 20% a 
30% sobre o valor dos produtos importados não produzi-
dos no Brasil, com variação para alguns produtos especi-
ficados; 60% sobre o valor dos produtos importados que 
eram produzidos no Brasil.
As novas taxas alfandegárias tinham por objetivo garantir o 
protecionismo alfandegário e o aumento da arrecadação do 
Estado brasileiro. A maior parte da captação de recursos foi 
utilizada pelo Império em políticas públicas e no desenvolvi-
mento de mais fábricas no Brasil (destaque para o empreen-
dedorismo do Barão de Mauá), além da concorrência com 
produtos estrangeiros. Apesar de algumas modificações, a 
tarifa Alves Branco vigorou até o final do Segundo Reinado.
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Em virtude da falta de ação eficaz do Brasil para reprimir o 
tráfico e em represália à Tarifa Alves Branco, o parlamento 
inglês aprovou, em 1845, o Bill Aberdeen, que dava à 
marinha inglesa a permissão para aprisionar navios ne-
greiros, prender os traficantes, libertar os negros e afundar 
o navio utilizado no tráfico. Essa medida foi considerada 
arbitrária pelos brasileiros, pois afetava a soberania do país 
em suas águas territoriais. Diante da situação, o governo 
brasileiro resolveu aprovar, em 1850, a Lei Eusébio de 
Queirós, que determinava a extinção definitiva do tráfico 
internacional de escravizados.
Quadro do tráfico negreiro no Brasil
Ano N.o de escravizados
1849 54.000
1850 23.000
1851 3.000
1852 700
Fonte: prado junior, caio. história econômica do brasil, p. 152.
As consequências mais diretas dessa medida foram a eleva-
ção dos preços dos escravizados, o intenso tráfico interpro-
vincial de escravizados da região Nordeste para os cafezais 
do Vale do Paraíba e do Oeste Paulista, e o favorecimento 
dos processos de modernização e do surto industrial do 
período, na medida em que os recursos utilizados na com-
pra de escravizados puderam ser investidos na compra de 
máquinas, na infraestrutura e na modernização.
2.8. A importância do Barão de Mauá
O processo de modernização e o surto industrial ocorridos 
no Segundo Reinado foram marcados pela atuação desta-
cada de um empresário empreendedor e visionário: Irineu 
Evangelista de Sousa, o Barão e Visconde de Mauá.
Nascido no Rio Grande do Sul, em 1813, aos nove anos 
foi levado para o Rio de Janeiro por um tio. Aos vinte anos 
passou a trabalhar na firma britânica Casa Carruthers, que 
atuava no ramo de importação e exportação. Chegou a se 
tornar sócio da empresa. Em 1839, foi à Inglaterra, onde 
conheceu o sistema de fábricas e passou a alimentar o de-
sejo de trazê-lo para o Brasil.
Mauá fundou vários empreendimentos, com destaque para 
o Estabelecimento de Fundição e Companhia Estaleiro Pon-
ta da Areia, que fabricava navios, guindastes, peças, caldei-
ras para máquinas a vapor e engenhos de cana-de-açúcar. 
Criou ainda a Companhia Fluminense de Transportes, a 
Companhia de Navegação a Vapor do Rio Amazonas, a 
Companhia de Bondes do Jardim Botânico e a Companhia 
de Iluminação a Gás do Rio de Janeiro. No final da década 
Fonte: Youtube
Caminhos de Pedra – Tempo e 
Memória na Linha Palmeiro
multimídia: vídeo
2.7. Lei Eusébio de Queirós (1850)
Desde os tratados assinados em 1810 entre Inglaterra e 
Portugal, o Brasil era pressionado pela Inglaterra para ex-
tinguir o tráfico negreiro. Para reconhecer a independência 
brasileira, em 1825, os ingleses exigiram a manutenção das 
tarifas alfandegárias em 15% e o compromisso do Brasil 
de extinguir o tráfico negreiro em cinco anos. O resultado 
desse acordo foi a Lei Feijó ou Lei Antitráfico de 1831, pro-
mulgada pela Regência Trina Permanente, mais conhecida 
como lei para “inglês ver”, ou seja, o Brasil fazia de conta 
que proibia o tráfico, mas na prática ele continuava a existir.
como ministro da justiça (1848-1852), eusébio de queirósFoi o autor de uma das mais importantes leis do império.
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de 1850, fundou o Banco Mauá, que chegou a ter agências 
em Londres, Paris, Nova Iorque, Montevidéu e Buenos Ai-
res. Construiu a Estrada de Ferro Barão de Mauá e instalou 
um cabo telegráfico submarino ligando o Brasil à Europa.
barão de mauá Fundou o banco mauá, macgregor & 
cia, com Filiais em Várias capitais brasileiras, bem como em 
londres, noVa iorque, buenos aires e monteVidéu.
O empreendedorismo de Mauá contrastava com a 
estrutura agrária da economia brasileira, dependente dos 
interesses externos contrários à industrialização do Brasil. 
Além disso, algumas iniciativas governamentais prejudica-
vam seus negócios, como a Tarifa Silva Ferraz, de 1860, que 
reduzia as taxas alfandegárias de produtos como navios, 
ferramentas e armas.
Entretanto, os principais fatores que frustraram as inicia-
tivas de Mauá e impediram a efetiva industrialização do 
período foram a falta de uma indústria de base, a concor-
rência britânica e o reduzido mercado consumidor interno. 
Em 1875, Mauá decretou moratória após a falência de seu 
banco. Depois de vender quase todas as suas indústrias 
e bens pessoais, terminou a vida fazendo corretagem de 
café. Morreu em 1889, aos 76 anos.
Mauá – empresário do Império, Jorge Caldeira
multimídia: livro
2.9. O desenvolvimento das cidades
Durante a segunda metade do século XIX, ocorreu o de-
senvolvimento dos centros urbanos no Brasil. O processo 
de concentração urbana já havia sofrido um impulso signi-
ficativo no início do século. Novas atividades urbanas, de-
senvolvimento comercial, imigração estrangeira e reforma 
dos núcleos administrativos impulsionaram as cidades.
Com o advento do café, os centros urbanos tomaram seu 
maior impulso. Nos núcleos urbanos, localizavam-se as ca-
sas de exportações e as bolsas que estabeleciam o preço 
das sacas de café, além de agenciadores, corretores, inter-
mediários e armazéns de estoque.
Os fazendeiros não permaneciam todo o tempo em suas 
fazendas. Gerentes e administradores cuidavam das con-
tas e da produção. Os proprietários passavam boa parte 
do ano em confortáveis casas nas cidades, desfrutando as 
comodidades dos serviços, o burburinho social e a proje-
ção política. Nas fazendas mantinham a velha residência 
senhorial, símbolo de seu status. 
 
Vista da praça d. pedro ii, a partir do morro do castelo. 
rio de janeiro. Foto: marc Ferrez, c.1870.
O poder aquisitivo dessa camada social privilegiada refletia 
nas importações do Brasil. Entre 1839 e 1875, a média 
de importações de calçados e vestuários atingiu 51,1% do 
total importado pelo país, enquanto os alimentos ocupa-
ram 20,3% do total importado; máquinas e carvão, apenas 
3,8%. Tratava-se de uma queima de preciosas divisas com 
produtos de consumo, divisas que poderiam ter custeado o 
desenvolvimento do país, que, no entanto, não fazia parte 
das perspectivas das camadas dominantes.
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As cidades tiveram os melhoramentos da época. As comuni-
cações diminuíram as distâncias graças ao telégrafo. Portos 
desenvolveram-se graças às estradas de ferro e à melhoria 
das instalações portuárias. A alta concentração econômica 
e a diversificação das atividades e serviços proporcionaram 
trabalho para os bacharéis, funcionários burocratas, liberais 
e artesãos. A renda per capita nacional elevou-se no século 
XIX. Em consequência desse crescimento geral, as classes 
sociais aumentavam e assumiam contornos mais nítidos.
Tijolo Sobre Tijolo: Os Alemães Que Construíram 
São Paulo – Adriane Acosta Baldin
As grandes cidades são resultantes de complexos pro-
cessos históricos, econômicos, sociais e têm uma sóli-
da base na geografia natural e humana. Uma enorme 
quantidade de pessoas teve participação ativa em sua 
formação, deixando sua marca no que foi edificado e na 
cultura que as caracteriza.
multimídia: livro
2.10. Sociedade: o fim do domínio 
da aristocracia do açúcar
A independência do Brasil não havia trazido profundas trans-
formações estruturais à sociedade. De modo geral, tudo es-
tava como antes. Apenas o país havia alcançado a indepen-
dência política. Os padrões de comportamento e organização 
social e familiar moldavam-se pela velha sociedade colonial.
O café conseguiu fazer o que a separação de Portugal não 
conseguiu: alterou alguma coisa na sociedade brasileira.
Durante a Colônia, os proprietários rurais ligados ao açú-
car e ao tabaco, sediados no Nordeste, detinham as ré-
deas do poder. Sua preocupação consistia em criar uma 
estrutura administrativa voltada para a facilitação de suas 
exportações para o mercado mundial e a importação de 
escravizados a baixo preço. Esses fatores compunham as 
seções dinâmicas do processo agroeconômico, uma vez 
que os latifundiários já eram donos das melhores terras.
A participação política dos aristocratas escravistas, sem vi-
são alguma do conjunto político nacional, girava em torno 
do controle das câmaras municipais. Contudo, aliados aos 
interesses ingleses, realizaram a independência política do 
país no início do século XIX.
O império nasceu para preservar a estrutura de privilégios, 
na qual os aristocratas estavam instalados. O Estado brasi-
leiro foi articulado por uma burocracia política que lançou as 
premissas da constituição do Império. Os desentendimentos 
posteriores não assumiram caráter contestatório das estrutu-
ras sociais pelos menos por parte da aristocracia rural.
Fonte: Youtube
Globo Repórter – A Imigração Italiana
multimídia: vídeo
2.11. As origens da coffee society
Durante o Segundo Reinado, o desenvolvimento das cultu-
ras cafeeiras transferiu a hegemonia política do Nordeste 
para o Centro-Sul. O eixo econômico do país já havia se 
deslocado no Período Colonial. Todavia, desde o renasci-
mento agrícola, no final do século XVIII e início do XIX, 
o Nordeste revela sua preponderância. Apenas a presença 
física da capital estava no Centro-Sul.
A partir da terceira década do século XIX essa situação se 
inverteu. A capital do Império foi engolida pelas plantações 
de café. A Corte imperial passou a ser formada pelos fazen-
deiros de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
O centro agrário-exportador estava assentado definitiva-
mente na região Centro-Sul da nação. Novas necessidades 
faziam-se presentes. A aristocracia cafeeira apossou-se do 
aparelho burocrático do Estado, transformando a máquina 
administrativa em um instrumento de seu interesse.
Fonte: adoro cinema
Andiamo In’merica – Os Italianos no Brasil
multimídia: vídeo
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Havia necessidade de adequar as arcaicas estruturas eco-
nômicas do país à nova realidade do capitalismo mundial 
livre cambista. A concorrência econômica entre as potên-
cias despontou em todo século. No final do século XIX, o 
agravamento das disputas internacionais fez reviverem as 
velhas práticas do protecionismo. Era a gênese do capita-
lismo monopolista.
Os cafeicultores cariocas, mineiros e paulistas davam à 
sociedade imperial uma conotação mais burguesa, euro-
peia e moderna.
henrique dumont (1832-1892), Filho de imigrantes 
Franceses, Foi considerado um dos três reis do caFé da 
sua época. era pai de alberto santos dumont.
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CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
História, geografia e sociologia
A entrada do Brasil na Guerra do Paraguai (1864-70) e o massacre da população guarani demonstram que 
a política imperialista não ocorreu somente sobre populações africanas e asiáticas. Os números de mortos no 
Paraguai depois da guerra são assombrosos, levantando um questionamento sobre crimes contra a humanidade. 
batalha do riachuelo, importante Vitória sobre os guaranis durante a guerra do paraguai
Também cabe a análise da campanha governamental à vinda de imigrantes europeus para o Brasil, os quais 
fugiamde instabilidades em suas terras natais em busca de melhor condição de vida. O Brasil apresentava 
novamente seu lado preconceituoso, pois buscava somente europeus para minimizar os efeitos da miscige-
nação racial com os negros. 
É importante lembrar que ocorreu a ocupação de boa parte das terras do sul do Brasil, que o governo tinha 
interesse em ocupar para garantir suas fronteiras, o que explica o grande número de descendentes de alemães 
e italianos na região.
No mesmo período, o Brasil passava por um surto industrial, impulsionado pelo fim do tráfico negreiro (1850), 
e vivia a “era Mauá”, na qual o senhor Irineu Evangelista de Souza investiu toda a sua fortuna na tentativa 
de modernizar o país, investindo principalmente no setor de transportes (ferrovia) e comunicação (telégrafos).
primeiras locomotiVas instaladas no brasil, sonho Frustrado de mauá e implantado por companhias estrangeiras
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ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
HABILIDADE 14
Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos 
de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.
O uso de fontes históricas das mais distintas é recorrente dentro da Habilidade 14. Em História do Brasil, 
são utilizados muitos fragmentos de grandes obras brasileiras, como, nesse caso, de O abolicionismo, do 
político e intelectual Joaquim Nabuco. Ele, como tantos outros pensadores abordados pelo vestibular, 
procura narrar e expressar seu ponto de vista acerca da questão da escravidão no Brasil. O aluno deve 
compreender o contexto histórico vivido pelo autor, bem como seu posicionamento diante do fato. Trata-se 
de uma análise da história brasileira por meio dos intelectuais que a viveram ou a estudam. Para responder 
às questões desse gênero, o aluno deve ser perspicaz ao interpretar a mensagem passada pelos fragmen-
tos dados no enunciado.
MODELO 1
(Enem) 
TEXTO I
Já existe, em nosso país, uma consciência nacional que vai introduzindo o elemento da dignidade humana 
em nossa legislação, e para qual a escravidão é uma verdadeira mancha. Essa consciência resulta da mistura 
de duas correntes diversas: o arrependimento dos descendentes de senhores e a afinidade de sofrimento dos 
herdeiros de escravos. 
adaptado de: nabuco, j. o abolicionismo. disponíVel em: www.dominiopublico.goV.br. acesso em: 12 out 2011.
TEXTO II
Joaquim Nabuco era bom de marketing. Como verdadeiro estrategista, soube trabalhar nos bastidores para 
impulsionar a campanha abolicionista, utilizando com maestria a imprensa de sua época. Criou repercussão 
internacional para a causa abolicionista, publicando em jornais estrangeiros lidos e respeitados pelas elites 
brasileiras. Com isso, a campanha ganhou vulto e a escravidão se tornou um constrangimento, uma vergonha 
nacional, caminhando assim para o seu fim. 
adaptado de: costa e silVa, p. um abolicionista bom de marketing. 
 disponíVel em: www.reVistadehistoria.com.br. acesso em: 27 jan. 2012. 
Segundo Joaquim Nabuco, a solução do problema escravista no Brasil ocorreria como resultado da: 
a) evolução moral da sociedade; 
b) vontade política do imperador; 
c) atuação isenta da Igreja católica; 
d) ineficácia econômica do trabalho escravo; 
e) implantação nacional do movimento republicano.
ANÁLISE EXPOSITIVA
Como ambos os textos deixam claro, Nabuco associou o “ter escravos” ao “constrangimento”, deixando 
claro que, para a sociedade do Segundo Reinado, a escravidão era uma herança moral vergonhosa. 
RESPOSTA Alternativa E
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DIAGRAMA DE IDEIAS
SEGUNDO REINADO
1840 (GOLPE DA MAIORIDADE) / 1889 (PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA)
TRÊS FASES
ESTRUTURAÇÃO
(1840-1850)
APOGEU
(1850-1870)
DECLÍNIO
(1870-1889)
POÍTICA EXTERNA
QUESTÕES PLATINAS
GUERRA DO PARAGUAI
(1864-1870)
INGLATERRA
QUESTÃO CHRISTIE
(1861-1865)
URUGUAI - INTERVENÇÃO
CONTRA ORIBE E AGUIRRE
(1851-1854)
MOTIVO - EXPANSÃO PARAGUAIA
TRÍPLICE ALIANÇA × PARAGUAI
(BRASIL, ARGENTINA E URUGUAI)
• DESTRUIÇÃO DO PARAGUAI
• FORTALECIMENTO DA INFLUÊNCIA BRASILEIRA
• AUMENTO DA DÍVIDA EXTERNA COM INGLATERRA
• FORTALECIMENTO DO EXÉRCITO
• EXÉRCITO COM IDEIAS ABOLICIONISTAS 
E REPUBLICANAS
ARGENTINA - INTERVENÇÃO
CONTRA ROSAS (1857)
CONSEQUÊNCIAS
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ECONOMIA E SOCIEDADE
• EXPANSÃO - VALE DO PARAÍBA E OESTE PAULISTA
• BAIXO CUSTO PRODUTIVO
• OFERTA DE TERRAS
• EXPANSÃO DO MERCADO CONSUMIDOR INTERNACIONAL
• AUMENTO DA MÃO DE OBRA ASSALARIADA IMIGRANTE
• MODERNIZAÇÃO
• TERRAS PASSAM A SER VENDIDAS
• MANUTENÇÃO DA GRANDE PROPRIEDADE
• POUCOS PROPRIETÁRIOS
• CRISE DE EXPORTAÇÃO NO 
1º REINADO E REGÊNCIA
• CAFÉ ENQUANTO 
ALTERNATIVA
• LEI DE TERRAS (1850)
ECONOMIA CAFEEIRA
ESTRUTURA FUNDIÁRIA
MÃO DE OBRA
ESCRAVA
IMIGRANTE
• PRESSÃO INGLESA PARA ABOLIÇÃO
 LEI BILL ABERDEEN (1845)
 LEI EUSÉBIO DE QUEIROZ (1850)
• COMÉRCIO INTERNO DE ESCRAVIZADOS
 NORDESTE PARA SUDESTE
• FORÇA DO MOVIMENTO ABOLICIONISTA
 EXÉRCITO E PROFISSIONAIS LIBERAIS
• ESTÍMULO À IMIGRAÇÃO (GOVERNO)
• EXPANSÃO DA MÃO DE OBRA LIVRE NAS 
FAZENDAS DE CAFÉ (OESTE PAULISTA)
 SISTEMA DE PARCERIA (FRACASSO)
 SISTEMA DE COLONATO (SUCESSO)
• TENTATIVA DE EMBRANQUECIMENTO DA POPULAÇÃO
• TARIFA ALVES BRANCO (1844)
• SURTOS INDUSTRIAIS
• CRESCIMENTO URBANO
• CONSTRUÇÃO DE PORTOS E FERROVIAS
• ACUMULAÇÃO DE CAPITAL
• FORMAÇÃO DE BANCOS
• NOVAS ELITES
MODERNIZAÇÃO
CONSEQUÊNCIAS DA
ECONOMIA CAFEEIRA
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1. Introdução
A partir da década de 1870, o Império brasileiro passou a 
enfrentar uma propaganda republicana organizada e efe-
tiva, particularmente nas províncias do Rio de Janeiro e de 
São Paulo, perdendo importantes apoios da suas bases de 
sustentação. A crise política que afetava o Império foi pro-
vocada por frações da classe dominante que conseguiram 
se organizar e ansiavam por ter o poder para executar o 
seu projeto político. 
Essa situação tem relação direta com a modernização pela 
qual o país passava e com as transformações econômicas 
resultantes, principalmente a expansão da lavoura cafeeira 
e o desenvolvimento de uma nova mentalidade econômi-
ca, especialmente no Oeste Paulista. A vitória militar na 
Guerra do Paraguai fortaleceu o Exército, que exigia cada 
vez mais espaço e não era atendido plenamente, o que 
colocava alguns militares contra o Império.
O isolamento político do Império cresceu com a questão 
religiosa, que opôs setores da Igreja ao governo, e a aboli-
ção da escravidão, que afastou grandes proprietários rurais 
escravistas e políticos conservadores do Império. Segundo 
alguns historiadores, a perda das bases religiosa, militar e 
sociopolítica foi antes o resultado do enfraquecimento da 
monarquia do que propriamente o efeito da força do mo-
vimento republicano.
Embora tenha sido um movimento comandado por uma 
fração da classe dominante, o movimento republicano con-
seguiu envolver setores da classe média nascente, a quem 
interessava o estabelecimento de um novo estatuto políti-
co e jurídico que garantisse o exercício da cidadania.
“o rei, nosso senhor e amo, dorme o sono da... indiFerença. os jornais, 
que diariamente trazem os desmandos desta situação, parecem produzir 
em sua majestade o eFeito de um narcótico. bem aVenturado, senhor! 
para Vós, o reino do céu, e para o nosso poVo... o do inFerno!”
(angelo agostini. reVista illustrada, 5 FeV.1887. adaptado).
As Barbas do Imperador – Lilia Moritz Schwarcz
Misto de ensaio interpretativo e biografia de d. Pedro 
II, As barbas do imperador, de Lilia Moritz Schwarcz, foi 
um marco na historiografia brasileira, apresentando uma 
visão nova e reveladora de nosso passado. O livro mate-
rializava o mito monárquico ao descrever, por exemplo, a 
construção dos palácios, a mistura de ritos franceses com 
costumes brasileiros, amaneira como a boa sociedade 
praticava a arte de bem civilizar-se, a criação de medalhas, 
emblemas, dísticos e brasões, a participação do monarca 
e o uso de sua imagem em festas populares.
multimídia: livro
2. A questão religiosa
A Constituição de 1824 estabelecia o padroado (indicação 
de pessoas a cargos na igreja) e o beneplácito (direito de 
analisar qualquer decreto antes de entrar em vigor no Bra-
sil, autorizando-o ou não), subordinando a religião católica 
ao Estado, cujos governos passariam a pagar os membros 
da Igreja como se fossem funcionários públicos. Esses dis-
positivos constitucionais distanciavam o clero brasileiro de 
Roma. Uma parcela dos padres passou a adotar posturas 
pouco condizentes com sua função: desrespeito ao voto de 
castidade, constituição de família, acúmulo de riquezas, e 
participação ativa da política imperial.
CRISE DO 
IMPÉRIO
COMPETÊNCIA(s)
1, 2, 3, 4 e 5
HABILIDADE(s)
1, 7, 8, 10, 11, 13, 14, 15, 20, 
21, 22, 23 e 25
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AULAS 
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Os conflitos entre o Estado imperial brasileiro e a Igreja tive-
ram inicio em 1848, com as novas diretrizes estabelecidas 
pelo papa Pio IX, condenando as “liberdades modernas” e 
defendendo o monopólio espiritual da Igreja. Em 1864, a 
Bula Syllabus papal proibiu católicos e membros do clero 
de participarem de sociedades secretas. No Brasil, a ordem 
papal atingiu diretamente a maçonaria, uma sociedade se-
creta que tinha padres, membros de irmandades católicas e 
principalmente políticos e pessoas da elite brasileira como 
membros. Pelo dispositivo constitucional do beneplácito, o 
imperador proibiu a aplicação da bula papal no Brasil. 
Nos anos de 1869 e 1870, realizou-se o Concilio Vaticano 
I, que proclamou a “infalibilidade” do papa e reafirmou 
seu poder. Apesar da atitude do imperador e da resistência 
do Estado brasileiro ao poder papal, a Igreja passou a exer-
citar mais disciplina e vigilância religiosas, reivindicando 
autonomia perante o Estado.
Desse modo, embora parte do clero brasileiro insistisse 
em apoiar a decisão do governo, alguns bispos resolve-
ram seguir a orientação papal. Em 1872, o bispo do Rio 
Janeiro suspendeu o padre Almeida Martins, que era ma-
çom, por ter participado de uma cerimônia maçônica que 
homenageava o Visconde do Rio Branco pela assinatura 
da Lei do Ventre-Livre.
Ainda em 1872, os bispos de Olinda e de Belém, respecti-
vamente D. Vital de Oliveira e D. Antonio de Macedo, orde-
naram que os padres que participassem da maçonaria em 
suas dioceses deveriam abandonar a sociedade ou seriam 
suspensos de suas ordens. Diversos padres se recusaram a 
abandonar a maçonaria e foram suspensos ou suas irman-
dades foram fechadas.
Em virtude da pressão do Visconde do Rio Branco, que era 
maçom, o governo interveio e ordenou a prisão dos bispos, 
condenando-os a quatro anos de prisão com trabalhos for-
çados. A prisão dos bispos foi considerada arbitrária pelos 
católicos, obrigando o imperador a transformar a pena em 
prisão simples.
charge com a legenda, “aFinal... deu a mão à palmatória”. 
bordallo pinheiro. 1875.
Em 1875, os bispos foram anistiados, não sem a insatis-
fação da Igreja com o beneplácito. Desde então, clérigos 
e fiéis católicos deixaram de prestar apoio ao governo de 
D. Pedro II, que via mais uma das bases de sustentação 
política do Império fragmentar-se.
3. A questão militar
O Exército brasileiro havia crescido e se fortalecido com a 
Guerra do Paraguai, superando a posição secundária que 
passara a ocupar desde a criação da Guarda Nacional pelo 
Ministro da regência, Padre Diogo Feijó. A vitória brasileira 
na Guerra do Paraguai levou os militares a exigirem a valo-
rização da instituição, que crescera e organizara-se.
Os oficiais do Exército eram geralmente originários das cama-
das médias urbanas e não tinham recursos suficientes para 
arcar com a educação superior, razão pela qual seguiam a 
carreira militar, que lhes oferecia estudos. A visão política dos 
oficiais era geralmente progressista, contrária aos políticos re-
acionários do Império. Com a Guerra do Paraguai, a base das 
tropas passou a ser constituída por brancos pobres, mestiços, 
escravizados e ex-escravizados, que, ao final da guerra, com o 
apoio de oficiais, passaram a lutar contra a escravidão.
Além disso, muitos militares haviam entrado em contato 
com regimes republicanos durante a guerra e passaram a 
defender a implantação desse regime no Brasil. Nas esco-
las militares, difundia-se e ganhava cada vez mais adeptos 
o positivismo, teoria com a qual os militares se identificam, 
considerando-se os únicos capazes de, graças à ordem e 
à disciplina, “salvar” o Brasil do atraso e da estagnação 
econômica e social.
A filosofia positivista é uma corrente ideológica cujos princí-
pios foram elaborados pelo pensador francês Auguste Com-
te. Tendo como referências a tradição romana e a experiência 
jacobina na Revolução Francesa de 1789, Comte conside-
rava ser a ditadura republicana a melhor forma de governo 
para as condições de seu tempo. Era contrário à República 
liberal, que se baseia na ideia de soberania popular, cujo po-
der é exercido em nome do povo por meio de um mandato. 
A ditadura republicana concebida por Comte implicava a 
ideia de um governo de salvação no interesse do povo.
oFiciais brasileiros ao lado de um canhão (1886). marc Ferrez.
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Nos meios militares brasileiros, a ditadura republicana preco-
nizada por Comte adquiriu a forma da defesa de um Executi-
vo forte e intervencionista, capaz de modernizar o país. Além 
disso, a atração dos militares brasileiros por essa ideologia 
pode ser explicada pelo fato de os positivistas defenderem 
a separação entre Igreja e Estado, a formação técnica e a 
ciência como meios de se promover o desenvolvimento da 
nação. Assim, o positivismo apresentava uma fórmula de 
modernização conservadora que era muito atraente para os 
militares do país. Contudo, a ideia republicana vencedora na 
propaganda e no movimento republicano foi uma mistura 
das ideias de Comte e do liberalismo.
“amor como princípio, ordem como base e progresso como 
Fim”, auguste comte. essas ideias inspiraram os militares 
que proclamaram a república do brasil em 1889.
Os militares brasileiros não aceitavam mais a subordinação 
a políticos civis. Por isso, entraram em atrito diversas vezes 
nas chamadas questões militares. A primeira delas ocorreu 
em 1883, quando o tenente-coronel Sena Madureira, criti-
cou pela imprensa as reformas propostas pelo governo ao 
montepio militar, uma espécie de aposentadoria dos oficiais. 
Insatisfeito, o Ministro da Guerra Carlos Afonso de Assis Fi-
gueiredo proibiu militares de se manifestarem pela imprensa.
Em 1884, Sena Madureira prestou uma homenagem na uni-
dade que comandava, a Escola de Tiro de Campo Grande, 
no Rio de Janeiro, ao jangadeiro cearense Francisco José do 
Nascimento, o Dragão do Mar, abolicionista que havia lide-
rado um grupo de jangadeiros que se recusaram a embarcar 
escravizados para os navios. O Ministro da Guerra demitiu o 
tenente-coronel e enviou-o para o Rio Grande do Sul.
Em 1886, o coronel Cunha Matos percebeu irregularidades 
na compra de fardamentos ao inspecionar um quartel no 
Piauí. Pediu o afastamento do comandante da unidade, ca-
pitão Pedro José de Lima, e o caso foi parar na imprensa. O 
coronel Cunha Matos foi acusado de perseguição política. 
Ao se defender pela imprensa sem a autorização do Minis-
tro da Guerra, Cunha Matos foi advertido e condenado a 
48 horas de prisão.
O caso repercutiu em todo o Brasil. No Rio Grande do Sul, 
o tenente-coronel Sena Madureira atacou novamente o 
Ministro da Guerra pela imprensa, o que provocou uma 
reunião de oficiais gaúchos exigindo do Marechal Deodoro 
da Fonseca, que ocupava os cargos de comandante das 
armas e vice-presidente da província, mais autonomia para 
os militares. Deodoro foi convocadopelo Ministro da Guer-
ra a prestar esclarecimentos no Rio de Janeiro.
Na capital do Império, Deodoro foi festejado pelos milita-
res, que exigiam, pela imprensa, a revogação das punições 
e da proibição das manifestações dos oficiais. D. Pedro 
II não atendeu às exigências, mas demitiu o Ministro da 
Guerra. Ainda assim, a oposição dos militares a seu gover-
no não deixou de crescer.
4. A questão social: abolicionismo
No final da década de 1870, o movimento em prol da abo-
lição da escravidão cresceu significativamente no Brasil. Fo-
ram fundados clubes e sociedades abolicionistas que denun-
ciavam as arbitrariedades da escravidão e colhiam apoio da 
sociedade civil a favor da libertação dos escravizados.
O movimento abolicionista atuava de diversas formas. Era co-
mum a realização de rifas e leilões, além do reconhecimento 
de doações para a compra de escravizados e concessão de 
alforria. Na imprensa e na literatura, intelectuais criticavam 
a escravidão, lembrando a vergonha que era para o Brasil 
ser o único país americano livre a possuir escravizados e o 
atraso que isso representava. Caifazes atacavam fazendas 
para libertar os negros das senzalas e jangadeiros cearenses 
e ferroviários se recusavam a transportar escravizados.
Homens como André Rebouças, Luis Gama, José do Patro-
cínio e Joaquim Nabuco foram grandes expoentes sociais 
na luta pela abolição da escravatura.
O Abolicionismo – Joaquim Nabuco
Redigido em 1883, O Abolicionismo é um clássico do 
pensamento político brasileiro. Nele não há apenas 
uma defesa apaixonada e engenhosa da libertação 
dos escravizados, mas um amplo programa de reforma 
da sociedade imperial e uma corrosiva crítica de suas 
estruturas e instituições.
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É importante lembrar que muitos soldados que haviam 
atuado na Guerra do Paraguai eram negros, e grande parte 
do Exército passou a defender abertamente a abolição, in-
clusive prestando homenagens a integrantes do movimen-
to abolicionista. De modo geral, militares se recusavam a 
caçar escravizados fugitivos, não aceitando o humilhante 
papel de capitão do mato.
Os grandes proprietários rurais estavam divididos: enquanto 
uma parcela dos fazendeiros nordestinos e paulistas perce-
bia a necessidade de adotar o trabalho livre em apoio à abo-
lição, representantes das lavouras mais tradicionais, como 
os donos de velhos engenhos nordestinos e os cafeicultores 
do Vale do Paraíba, eram contrários à abolição. Eles temiam 
os prejuízos que teriam com a abolição da escravidão, pois 
perderiam o dinheiro que haviam aplicado na compra dos 
escravizados e não tinham capital para investir em projetos 
imigrantistas. Alguns fazendeiros até eram capazes de acei-
tar a libertação dos escravizados, desde que fosse gradativa 
e o Estado se encarregasse de indenizá-los.
emancipação: uma nuVem que não para de crescer. 
ilustração de ângelo agostini. 
capa da reVista ilustrada, jan. 1880.
4.1. As leis abolicionistas
As pressões internas e externas levaram o governo imperial 
a assinar leis de caráter abolicionista, respondendo à de-
manda dos abolicionistas e aos interesses dos proprietários 
escravistas.
Em 1871, foi assinada a Lei Visconde do Rio Branco, co-
nhecida como Lei do Ventre-Livre, que declarava livres 
os escravizados nascidos a partir de setembro daquele ano. 
Os negros recém-nascidos poderiam ficar com seus pais até 
completarem oito anos, estando, portanto, sob a autoridade 
do senhor. Quando a criança atingisse tal idade, o senhor 
poderia decidir se a libertaria a troco de uma indenização do 
Estado ou se usaria o trabalho do jovem até que completas-
se 21 anos, quando então seria libertado sem custos.
Apesar da repercussão inicial, a lei suscitou muitas críticas; 
não alterava a estrutura da escravidão, beneficiando ape-
nas os senhores de escravizados. Em resposta às críticas, o 
governo decretou em 1885 a Lei Saraiva-Cotegipe, que li-
bertava os escravizados com mais de sessenta e cinco anos 
de idade, por isso chamada Lei dos Sexagenários. De-
pois de muitas críticas, a idade foi reduzida para 60 anos.
reVista illustrada. ilustração de ângelo agostini. crítica 
às medidas abolicionistas, lei dos seXagenários, que adiaVam 
a solução deFinitiVa. Fundação biblioteca nacional.
disponíVel em: .
A lei foi considerada desnecessária e alvo de severas e varia-
das críticas. Dificilmente um escravizado chegava a essa ida-
de e, se chegasse, provavelmente não teria mais condições 
de trabalhar. Além disso, os escravizados sexagenários teriam 
de trabalhar de três a cinco anos para indenizar seu senhor.
A Abolição – Emília Viotti da Costa
Esta 8ª edição, revista e ampliada, do livro A Abolição, 
da professora Emilia Viotti da Costa, aborda o pro-
cesso de luta pela abolição da escravidão no Brasil e 
desmistifica a imagem da abolição como doação da 
Princesa Isabel em 1888 e não como exigência de um 
sistema de produção. A autora relata os diversos mo-
mentos, personagens e aspectos do processo abolicio-
nista que libertou os brancos do fardo da escravidão e 
abandonou os negros à sua própria sorte.
multimídia: livro
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Sem condições de manter a escravidão por mais tempo, 
o governo imperial acabou extinguindo totalmente a es-
cravidão no Brasil no dia 13 de maio de 1888, quando a 
princesa regente Isabel sancionou a Lei Áurea.
Lei Áurea
Declara extinta a escravidão no Brasil
A princesa Imperial Regente, em nome de Sua majesta-
de, o Imperial, o Senhor D. Pedro II, faz saber a todos os 
súditos do Império que a Assembleia Geral decretou e 
ela sancionou a lei seguinte:
Art. 1o. É declarada extinta desde a data desta lei a es-
cravidão no Brasil.
Art. 2o. Revogam-se as disposições em contrário.
Manda, portanto, a todas as autoridades, a quem o co-
nhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a 
cumpram, e façam cumprir e guardar tão inteiramente 
como nela se contém. O secretário de Estado dos Negó-
cios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas e interino 
dos Negócios Estrangeiros, Bacharel Rodrigo Augusto da 
Silva, do Conselho de Sua Majestade o Imperador, o faça 
imprimir, publicar e correr. Dada no Palácio do Rio de 
Janeiro, em 13 de maio de 1888, 67 o da Independência 
e do Império. Princesa Imperial Regente. Rodrigo Augus-
to da Silva Carta de lei, pela qual Vossa Alteza Imperial 
manda executar o Decreto da Assembleia geral, que 
houve por bem sancionar, declarando extinta a escravi-
dão no Brasil, como nela se declara. Para vossa Alteza 
Imperial ver. Chancelaria-mor do Império – Antônio Fer-
reira Viana. Transitou em 13 de maio de 1888. José Júlio 
de Albuquerque.
4.2. Consequências da abolição
A libertação dos escravizados não foi acompanhada de po-
líticas públicas que garantissem a integração dos negros na 
sociedade e no mercado de trabalho; não foi elaborado um 
programa de inserção dos negros que contemplasse edu-
cação, saúde, terras ou empregos. Como foram deixados à 
sua própria sorte, os ex-escravizados tiveram dificuldade em 
se integrar ao mercado de trabalho, sendo em sua maioria 
marginalizados, o que ajudou na manutenção da ideia de 
inferioridade da qual os negros eram alvo no Brasil. 
No Sudeste, particularmente no Oeste Paulista, o trabalho 
nas fazendas foi ocupado pelos imigrantes europeus, bem 
como nas cidades, de acordo com a crença de que eles 
eram trabalhadores mais preparados para o trabalho in-
dustrial, o que não era verdade, uma vez que a maioria 
dos imigrantes era proveniente de regiões rurais na Europa.
A abolição da escravidão não foi um golpe na economia 
do país. No entanto, os decadentes cafeicultores do Vale do 
Paraíba e alguns grandes proprietários rurais que depen-
diam do trabalho escravo não perdoaram o governo. Recla-
mavam especialmente da indenização que nunca existiu. 
Em represália, passaram a engrossar as fileiras do movi-
mento republicano,retirando seu apoio político ao Império 
e sendo conhecidos depois disso como “Republicanos do 
13 de maio”, em alusão a data da lei Áurea. 
Da Senzala à Colônia - 5ª Ed. 2012 
– Emília Viotti da Costa
Neste livro fundamental, a autora demonstra que a 
abolição dos escravizados no Brasil representou apenas 
uma etapa na liquidação da estrutura colonial, mas gol-
peou duramente a velha classe senhorial e coroou um 
processo de transformações que se estendeu por toda a 
primeira metade do século XIX.
multimídia: livro
Fonte: Youtube
100 Anos de Liberdade, Realidade 
ou Ilusão – Beth Carvalho
multimídia: música
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Vasques, edgar. a lei do cão e mais alguma coisa. porto alegre l&pm, 1988. p.38
armada de caráter popular para derrubar o Império. As ideias 
de Silva Jardim eram tidas como radicais e incomodavam a 
direção do Partido Republicano, interessada na mudança pa-
cífica sem pôr em risco o poder e os desejos da classe domi-
nante. Assim, no congresso realizado em São Paulo, em maio 
de 1889, venceu a proposta de Bocaiuva.
O grupo militar, distanciado da agitação partidária, tinha 
entre seus líderes o tenente-coronel Benjamin Constant, pro-
fessor da Escola Militar que, assim como inúmeros militares, 
havia sido fortemente influenciados pelas ideias positivistas.
Os Bestializados – José Murilo de Carvalho
1888: Abolição do trabalho escravo. 1889: Proclamação 
da República. Neste livro, José Murilo de Carvalho con-
vida-nos a revisitar o Rio de Janeiro em suas primeiras 
encenações como Capital Federal. Cidade Maravilhosa, 
se acrescentarmos ao belo, o terrível; ao cômico, o trági-
co; à lógica, a loucura.
multimídia: livro
retrato de benjamin constant. 
óleo sobre tela. 1890. décio Villares.
5. O movimento republicano 
(1870-1889)
O crescimento do movimento abolicionista estava vincula-
do aos avanços das ideias e da organização do movimento 
republicano. Vale lembrar que a classe mais prejudicada 
pela abolição, os barões do café na província do Rio de 
Janeiro e no Vale do Paraíba, constituiu, junto à decadente 
aristocracia açucareira, a oligarquia dominante na política 
do Segundo Reinado.
Os ideais republicanos não eram suficientemente represen-
tativos para se impor como um movimento político na épo-
ca da independência e do período regencial, ao contrário 
do que ocorreu a partir da dissidência no interior do Partido 
Liberal, em 1868, quando surgiu um movimento capaz de 
ganhar força política.
Em dezembro de 1870, foi publicado no Rio de Janeiro o 
Manifesto Republicano, que defendia o federalismo 
em oposição ao unitarismo que caracterizava o Império. 
Além disso, os republicanos defendiam o fim do senado 
vitalício e da união Estado-Igreja. As ideias republicanas 
logo ganhariam força nas províncias de São Paulo e do 
Rio Grande do Sul.
Depois da publicação do manifesto, foram fundados par-
tidos republicanos com expressão mais regional ou pro-
vincial, ao contrário dos partidos do Império, fortemente 
unidos em âmbito nacional.
Em 1873, numa convenção na cidade de Itu, foi fundado o 
Partido Republicano Paulista (PRP), que capitaneou a 
propaganda republicana e veio a ser o mais forte da cha-
mada Primeira República, dominada pelos grandes cafei-
cultores do Oeste Paulista.
À medida que aumentavam em número, os republicanos di-
vidiam-se em dois grupos: históricos (evolucionistas) e revolu-
cionários. Os históricos, liderados por Quintino Bocaiuva, esta-
vam ligados aos cafeicultores paulistas e eram chamados de 
evolucionistas por pretenderem chegar à República por meio 
de reformas graduais. Os revolucionários, ligados às camadas 
médias urbanas, liderados por Silva Jardim, advogavam a luta 
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6. A Proclamação da 
República (1889)
proclamação da república. henrique bernardelli. 
acerVo do museu da república.
Sob o comando de D. Pedro II, o mais longo governo bra-
sileiro enfrentava sérias dificuldades para manter a esta-
bilidade, especialmente depois da Guerra do Paraguai, da 
qual os militares saíram fortalecidos e com maior consci-
ência política. Além disso, a participação dos escravizados 
naquele conflito contribuiu para mudar a visão de alguns 
militares, que passaram a simpatizar com a causa abolicio-
nista. O avanço dessas ideias comprometia muito a relação 
do imperador com os proprietários de escravizados, que 
cobravam uma atuação mais enérgica do Estado a fim de 
que não tivessem seus interesses econômicos contrariados.
1889 – Como Um Imperador Cansado, 
Um Marechal Vaidoso e Um Professor 
Injustiçado... - Laurentino Gomes
Nas últimas semanas de 1889, a tripulação de um na-
vio de guerra brasileiro ancorado no porto de Colombo, 
capital do Ceilão (atual Sri Lanka), foi pega de surpresa 
pelas notícias alarmantes que chegavam do outro lado 
do mundo. O Brasil havia se tornado uma república.
multimídia: livro
A relação do trono com a Igreja também estava desgas-
tada depois dos episódios envolvendo a Igreja, o Estado 
e a maçonaria.
A condição de continuidade da monarquia parecia cada vez 
mais remota em razão da saúde do Imperador e da questão 
de gênero da sucessora, a Princesa Isabel, a tal ponto que 
o fim do Império foi, no dizer de alguns historiadores, uma 
simples parada militar sem tentativas de reação.
O ano de 1889 foi marcado por grandes agitações políticas 
nos meios civis e militares brasileiros. O movimento republi-
cano crescia e ganhava mais adeptos a cada dia, enquanto 
o Império fraquejava e D. Pedro II perdia bases políticas. 
O desgaste da monarquia demandava reformas urgentes. 
Para efetuá-las, foi nomeado um novo presidente para o 
Conselho de Ministros, o Visconde de Ouro Preto.
Fonte: Youtube
Hino da Proclamação da República – Medeiros 
e Albuquerque & Leopoldo Augusto Miguez 
multimídia: música
Fonte: Youtube
Proclamação da República | Nerdologia 190
multimídia: vídeo
Afiliado ao Partido Liberal, ele era consciente da difícil situa-
ção enfrentada pela monarquia e da necessidade de refor-
mas políticas urgentes para evitar seu fim. Apresentou à Câ-
mara um projeto de reforma política cujas principais medidas 
eram o fim do senado vitalício, a elaboração de um código 
civil e a concessão de mais autonomia para as províncias.
Composto majoritariamente por membros do partido 
conservador, o Legislativo não aprovou as medidas. No 
dia 17 de julho de 1889, a Câmara foi dissolvida e no-
vas eleições legislativas foram convocadas. O impasse 
aumentou a turbulência política no país e levou os repu-
blicanos, militares e civis a tramarem um golpe de Estado 
para derrubar D. Pedro II.
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D. Pedro II, tentando reverter sua perda de apoio nos mais va-
riados setores, apostou suas fichas em um tradicional evento, 
o Baile da Ilha Fiscal. Nesse baile, eram convidados apenas as 
pessoas de maior proeminência na sociedade, e o imperador 
tentava assim, reverter sua crescente impopularidade. 
Conta a história que, no momento do início da valsa, D. Pedro 
II teria escorregado, caindo sentado no chão. Nesse momen-
to, ainda caído, o imperador teria quebrado o mal-estar da 
queda com uma piada: “caio eu, mas não cai o Império”. Tal 
frase teria arrancado risos e devolvido um clima leve à festa, 
ocorrida no dia 09 de novembro de 1889. Seis dias depois, D. 
Pedro II perderia seu trono.
o baile da ilha Fiscal, aurélio de Figueiredo.
A Proclamação da Republica - 
Descobrindo o Brasil – Celso Castro
15 de novembro de 1889: um grupo de militares der-
ruba a Monarquia e “proclama” a República no Brasil. 
Nesse livro, o autor acompanha passo a passo o golpe 
republicano e retrata seus protagonistas, desvendando 
os motivos que os levaram à conspiração e narrando 
como se forjou um dos momentos mais importantes 
da história brasileira.
multimídia: livro
No dia 14 de novembro, o major Sólon Ribeiro plantou nos 
meios militareso boato de que o Visconde de Ouro Preto 
tinha ordenado a prisão do marechal Deodoro da Fonseca e 
do tenente-coronel Benjamim Constant. Em resposta, vários 
militares aquartelaram-se, enquanto Deodoro preparava 
uma reação. Liderando uma marcha iniciada na madru-
gada do dia 15 de novembro, o marechal conduziu seus 
homens ao Ministério da Guerra, onde se encontrava o 
Visconde de Ouro Preto, para exigir sua renúncia e não 
para derrubar a monarquia.
A marcha pela cidade do Rio de janeiro fez a população 
pensar que se tratava de uma parada militar, reflexo da 
falta de participação popular no movimento, como resume 
muito bem a famosa frase atribuída a Aristides Lobo: “E o 
povo assistiu bestializado...”.
Diante dos acontecimentos, o Visconde de Ouro Preto foi 
deposto e a República proclamada em meio a gritos repe-
tidos dos militares que acompanhavam Deodoro: “Viva a 
República!”. Ainda no dia 15 de novembro de 1889, a 
Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro se reuniu sob a 
liderança de José do Patrocínio e lavrou a ata de Procla-
mação da República. 
D. Pedro II estava em Petrópolis e voltou imediatamente 
para o Rio de Janeiro, mas não conseguiu reverter a situ-
ação. A república já era um fato consumado e o Segundo 
Reinado chegava ao fim. 
Essa Tal Proclamação da República – Edison Veiga
A República foi proclamada em 15 de novembro de 1889. 
Porém, você sabe o que aconteceu meses antes do fim 
do Império? Com linguagem irreverente, o autor revela 
os fatos que antecederam a expulsão de dom Pedro II e 
da família imperial – como a ascensão da cafeicultura, a 
promulgação da Lei Áurea, a Guerra do Paraguai, o baile 
da Ilha Fiscal, a briga entre a maçonaria e a Igreja Católica, 
a revolta dos militares –, apresenta os personagens que 
participaram da queda da Monarquia, faz um panorama 
da sociedade brasileira do século XIX e conta a história dos 
hinos e da bandeira nacional.
multimídia: livro
O golpe republicano em 1889 foi resultado da conjugação 
de interesses convergentes entre cafeicultores, camadas mé-
dias urbanas e militares, sendo mais uma vez, um momento 
político-social brasileiro no qual a maioria da população es-
teve alijada do processo.
proclamação da república. 1893. óleo sobre tela. benedito caliXto 
(1853-1927). acerVo da pinacoteca municipal de são paulo.
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Fonte: Youtube
La Cecilia, une commune anarchiste au Brèsil
Este filme de Jean-Louis Comolli, lançado em 1975, já 
está disponível em DVD. “O Cecilia, no final do século 
19, os anarquistas italianos, dez homens, uma mulher, 
libertário, coletivista, emigrou para o Brasil para iniciar 
uma comunidade sem liderança, sem hierarquia, sem 
patrões, sem polícia, mas não sem conflitos, ou paixão. 
Esta utopia ontem convocou alguns dos temas canden-
tes da atualidade: o de uma organização não-repressi-
vo, o da libertação das mulheres ea luta contra a unida-
de familiar ... “Jean-Louis Comolli.
multimídia: vídeo
www.colegioweb.com.br/segundo-reinado-governo-de-
-d-pedro-1840-1889/a-queda-do-imperio.html
alunosonline.uol.com.br/historia-do-brasil/leis-abolicio-
nistas-no-imperio.html
educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/questao-
-religiosa-igreja-e-estado-entram-em-conflito.htm
multimídia: site
Fonte: Youtube
Os Cinco Bailes da História do Rio – d. Ivone Lara
multimídia: música
Fonte: Youtube
Proclamação da República #1
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Hino à Bandeira – Olavo Bilac & Francisco Braga
multimídia: música
Fonte: Youtube
Liberdade, Liberdade, Abre as Asas Sobre Nós – 
Imperatriz Leopoldinense (samba-enredo 1989)
multimídia: música
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CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
História e Sociologia
O fortalecimento das ideias republicanas e do positivismo de Augusto Comte foram determinantes para a der-
rocada do Segundo Reinado e para a Proclamação da República. Essas ideologias ganharam espaço na jovem 
oficialidade do exército brasileiro e, somadas às ideias abolicionistas adquiridas pelos militares depois da Guerra 
do Paraguai, pressionaram o monarca D. Pedro II até sua queda, em 1889.
 
(caricatura de d. pedro ii ilustrada na reVista ilustrada, representando um líder Velho, cansado e desatento ao momento político nacional)
É importante destacar que a abolição, apesar de extinguir oficialmente a escravidão (1888), não acabou com 
o sofrimento dos negros no Brasil, pois não houve nenhuma ação do governo para integrar os negros como 
cidadãos. Essa camada da sociedade vive até os dias atuais as consequências dessa marginalização sofrida no 
início da República.
Também é possível analisar a produção literária da época, em autores como: Castro Alves atacando a instituição 
escravista; Machado de Assis relatando suas observações de uma sociedade racista; José de Alencar defendendo 
a manutenção do escravismo.
 
(rara FotograFia do momento após a assinatura da lei áurea (13 de maio de 1888), na qual é possíVel obserVar a princesa isabel ao centro)
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ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
HABILIDADE 11
Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
Fundamentais à historiografia, as fontes históricas assumem diversas formas, como relatos históricos ou obras 
literárias – que, por muitas vezes, podem se confundir. O Enem, ciente disso, exige dos estudantes algo além 
de uma simples memorização dos eventos históricos, como a capacidade de interpretar registros escritos em 
tempos pretéritos. A Habilidade 11 requer a capacidade de interpretação de texto e a sua devida associação 
ao período histórico. 
MODELO 1
(Enem) O texto abaixo foi extraído de uma crônica de Machado de Assis e refere-se ao trabalho de um escravo.
“Um dia começou a Guerra do Paraguai e durou cinco anos, João repicava e dobrava, dobrava e repicava pelos 
mortos e pelas vitórias. Quando se decretou o ventre livre dos escravos, João é que repicou. Quando se fez a 
abolição completa, quem repicou foi João. Um dia proclamou-se a república. João repicou por ela, repicaria pelo 
Império, se o Império retornasse.”
(assis, machado de. “crônica sobre a morte do escraVo joão”, 1897.)
A leitura do texto permite afirmar que o sineiro João: 
a) por ser escravo tocava os sinos, às escondidas, quando ocorriam fatos ligados à Abolição; 
b) não poderia tocar os sinos pelo retorno do Império, visto que era escravo; 
c) tocou os sinos pela República, proclamada pelos abolicionistas que vieram libertá-lo; 
d) tocava os sinos quando ocorriam fatos marcantes, porque era costume fazê-lo; 
e) tocou os sinos pelo retorno do Império, comemorando a volta da princesa Isabel.
ANÁLISE EXPOSITIVA
A narrativa enfatiza a atividade rotineira do escravizado João, encarregado de tocar o sino sempre que 
algum acontecimento importante ocorria no país. Ao apresentá-lo como personagem apático e desinte-
ressado quanto à relevância política que este ou aquele acontecimento poderia apresentar para alterar a 
sua condição de escravo, Machado de Assis expõe, ironicamente, a falta de participação do povo brasileiro 
nos eventos históricos que o afetam diretamente. Ou seja, o sineiro João tocava os sinos quando ocorriam 
fatos marcantes apenas porque era costume fazê-lo.
RESPOSTA Alternativa D
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DIAGRAMA DE IDEIAS
• PADROADO E BENEPLÁCITO (1824)
• BULLA SYLLABUS (1864)
• FORTALECIMENTO DO EXÉRCITO
• IDEOLOGIA PROGRESSISTA (POSITIVISMO)
• PENSAMENTO REPUBLICANO
• PENSAMENTO ABOLICIONISTA (EX-ESCRAVIZADOS NO EXÉRCITO)
• FORÇA DO MOVIMENTO ABOLICIONISTA 
(EXÉRCITO E CAMADAS URBANAS)
• FUGA DE ESCRAVIZADOS DAS FAZENDAS
• OESTE PAULISTA - MÃO DE OBRA LIVRE
• VALE DO PARAÍBA - BARÕES DO CAFÉ QUEREM INDENIZAÇÃO
* NÃO HÁ POLÍTICA DE AUXÍLIO AOS LIBERTOS
• 1870 - MANIFESTO REPUBLICANO
• FORÇA EM SP, RJ E RS
• MUDANÇA POLÍTICA SEM AFETAR ELITE
• 1873 - CRIAÇÃODO PARTIDO REPUBLICANO PAULISTA (PRP
• ALIANÇA ENTRE CAFEICULTORES, CLASSE MÉDIA E MILITARES
• SEM PARTICIPAÇÃO POPULAR
• SEM MUDANÇAS ESTRUTURAIS
• PROCLAMADA PELO MARECHAL DEODORO DA FONSECA
D. PEDRO II APOIA PADRE 
MAÇOM E PERDE APOIO DA IGREJA
TENSÕES ENTRE
MILITARES E O GOVERNO
LEIS:
1845 - BILL ABERDEEN
1850 - EUSÉBIO DE QUEIROZ
1871 - LEI DO VENTRE LIVRE
1885 - LEI DOS SEXAGENÁRIOS
1888 - LEI ÁUREA
QUESTÃO RELIGIOSA
QUESTÃO MILITAR
ABOLIÇÃO
MOVIMENTO 
REPUBLICANO
(1870-1889)
PROCLAMAÇÃO 
DA REPÚBLICA 
(1889)
CRISE DO IMPÉRIO
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1. Introdução
Nas próximas aulas será estudada a Primeira República no 
Brasil, tradicionalmente conhecida como República Ve-
lha (1889–1930).
A história da República brasileira é marcada por golpes, 
rupturas e permanências sem nenhuma ou com pouquís-
sima participação popular direta. Os primeiros anos da 
República, que chegaram carregados de expectativas por 
parte dos segmentos menos favorecidos da população, 
foram marcados por decepções, especialmente pelo proje-
to da Constituição de 1891, que excluía a grande maioria 
da população do direito ao voto, ou seja, do exercício da 
cidadania. O próprio equilíbrio entre os poderes proposto 
naquele projeto durou pouco, uma vez que Deodoro da 
Fonseca, cujos interesses centralizadores encontravam re-
sistência no Congresso, de maioria civil e de ideais federa-
listas, optou pelo fechamento do poder Legislativo, numa 
clara atitude golpista.
Embora a atuação popular pelo voto fosse limitada, a Re-
pública Velha presenciou diversos movimentos sociais que, 
de alguma forma, representavam uma reação ao latifún-
dio, à miséria e à repressão política das oligarquias domi-
nantes, como nos movimentos messiânicos de Canudos e 
do Contestado.
Como os dois primeiros presidentes brasileiros eram milita-
res, convencionou-se chamar o período de República da 
Espada (1889–1894).
Apesar da grande instabilidade política e da ocorrência de 
alguns motins, inclusive militares, o período foi marcado 
pela consolidação do regime republicano, do qual foram 
afastados os últimos resquícios monarquistas e seus dese-
jos de reação.
Fonte: Youtube
PANORAMA DA REPÚBLICA DA ESPADA
multimídia: vídeo
2. Governo provisório 
(1889–1891)
primeira bandeira republicana, criada por rui barbosa. 
Vigorou entre 15 e 19 de noVembro de 1889.
Proclamada a República em 1889, iniciou-se um governo 
provisório, com um ministério formado por republicanos 
históricos, positivistas e militares, mas não por revolucio-
nários. Compunham o ministério: Rui Barbosa (Fazenda), 
almirante Eduardo Wandenkolk (Marinha), tenente-coro-
nel Benjamin Constant (Guerra), Demétrio Nunes Ribeiro 
(Agricultura), Campos Sales (Justiça), Quintino Bocaiuva 
(Relações Exteriores) e Aristides Lobo (Interior).
As primeiras medidas do Governo Provisório foram os decre-
tos de implantação do regime republicano e o banimento da 
família imperial, publicados no Diário Oficial no dia seguinte 
à Proclamação. Ao receber a notícia de que teria de deixar o 
Brasil em 24 horas, D. Pedro II não resistiu e embarcou com 
sua família para a Europa. O embarque sem resistência frus-
trou os monarquistas que imaginavam poder reverter a situ-
ação, especialmente na Bahia, onde a proposta de resistên-
cia previa até mesmo a separação da província. Essa partida 
também frustou a chamada “guarda negra”, formada por 
negros libertos pela Lei Áurea, e que tinham jurado lutar para 
defender o futuro trono da princesa Isabel se necessário.
REPÚBLICA 
DA ESPADA
COMPETÊNCIA(s)
1, 2, 3, 4 e 5
HABILIDADE(s)
1, 9, 11, 13, 14, 15, 18, 22 e 
24
CH
AULAS 
25 E 26
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As câmaras municipais e assembleias legislativas provinciais 
foram dissolvidas e seus presidentes destituídos. As provín-
cias foram transformadas em estados. Foram nomeados 
interventores para governá-los. Adotaram-se também as 
seguintes medidas.
 § A naturalização em massa de estrangeiros residentes no 
Brasil, que residiam no Brasil no dia 15 de novembro de 
1889 e que não declarassem, no período de seis meses 
depois de entrar em vigor a Constituição, o desejo de 
conservar a nacionalidade de origem.
 § A separação entre Estado e Igreja (Estado laico).
 § A administração de cemitérios pelas prefeituras e não 
mais pela Igreja.
 § O catolicismo deixou de ser a religião oficial no Brasil, 
que oficializou o livre culto de crenças religiosas.
 § A criação do registro civil para nascimento e falecimen-
to das pessoas.
 § A instituição do casamento civil.
 § A criação da bandeira da República, mantendo-se as 
cores da bandeira do Império.
 § A mudança do nome do país para República dos Estados 
Unidos do Brasil, francamente federalista. 
 § A reforma financeira de Rui Barbosa (Encilhamento).
 § A promulgação da Constituição de 1891.
Quando foi criada a bandeira nacional 
e o que significam suas cores?
Ainda não se parecia com a atual, a primeira bandeira 
brasileira foi criada em 19 de setembro de 1822 por de-
creto de D. Pedro I (1798–1834). Mas foi em 1889, com a 
Proclamação da República, que as armas do Império fo-
ram substituídas pela esfera azul, emblema republicano. 
O losango amarelo, considerado único entre as bandeiras 
nacionais, foi concebido pelo pintor francês Jean-Baptis-
te Debret (1768–1848), fundador da Academia de Belas 
Artes do Rio de Janeiro. Muito além da associação com o 
verde das matas e o amarelo do ouro, as cores da bandei-
ra têm profundo significado histórico
 § Verde – escolhido por dom Pedro I como a cor do 
Império. Foi o tom da bandeira de várias batalhas 
portuguesas na Europa, uma forte associação com as 
lutas libertárias.
 § Amarelo – a partir de 1250, após a conquista da re-
gião do Algarve, o amarelo passou a figurar no brasão 
de armas de Portugal. Essa cor também representava 
os castelos conquistados dos mouros.
 § Azul e branco – muitos donatários de capitanias 
hereditárias usavam a combinação para representar 
seu território.
 § Estrelas – presentes na bandeira, nas armas e nos 
selos nacionais. As constelações representam os Es-
tados brasileiros e o Distrito Federal e retratam o céu 
carioca no dia da Proclamação da República.
 § Ordem e Progresso – trata-se da redução de um 
lema positivista do filósofo francês Auguste Comte 
(1798–1857), que proclama: “O amor por princípio e 
a ordem por base, o progresso por fim”. 
disponíVel em: . 
 acesso em: 7 mar. 2015.
É interessante observar que a própria bandeira da Repú-
blica está simbolicamente marcada por continuidades e 
descontinuidades históricas, trazendo até o presente uma 
série de superposições conflitantes.
2.1. A Constituição de 1891
constituição de 1891.
Em 3 de dezembro de 1889, o Governo Provisório nomeou 
uma comissão para elaborar o projeto da Constituição repu-
blicana, a ser submetido ao futuro Congresso Constituinte. 
Foram elaborados três projetos, finalmente fundidos em um, 
que foi entregue ao governo em maio de 1890. Rui Barbosa 
foi o responsável pela redação final do projeto.
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Em setembro de 1890, foi eleito o Congresso Constituinte, 
que discutiu, emendou, votou e aprovou a primeira Cons-
tituição Republicana, em 24 de fevereiro de 1891, cujo 
modelo foi a Constituição norte-americana. Propunha para 
o Brasil uma república federativa, presidencialista e libe-
ral. O princípio federativo, defendido desde o Império por 
grupos exaltados e republicanos e incorporado ao primeiro 
decreto do Governo Provisório, foi finalmente consagrado 
na Constituição, garantindo ampla autonomia aos estados, 
que passariam a:
 § ter sua própria Constituição;
 § eleger seus governadores;
 § criar orçamentos e impostos votados pelas assembleias 
estaduais;
 § contrair empréstimos no exterior; e
 § organizar forças militares próprias.
À União caberia cobrar osimpostos de importação, criar 
bancos emissores de moeda, organizar as forças armadas 
nacionais e intervir nos estados para restabelecer a ordem 
a fim de que se mantivesse a forma republicana federativa. 
A Constituição estabeleceu os três poderes – Execu-
tivo, Legislativo e Judiciário – “harmônicos e inde-
pendentes entre si”. O Poder Executivo seria exercido por 
um presidente da República, eleito por um período de 
quatro anos. Como no Império, o Legislativo foi dividido 
em Câmara dos Deputados e Senado, mas os senadores 
deixaram de ser vitalícios. Os deputados seriam eleitos 
nos estados em número proporcional ao de seus habi-
tantes, por um período de três anos. Os senadores teriam 
um mandato de nove anos, com três representantes por 
estado e três do Distrito Federal, capital da República.
Para as eleições, fixou-se o sistema de voto direto e universal 
masculino e suprimiu-se o censo econômico (voto censitá-
rio). Foram considerados eleitores todos os cidadãos brasilei-
ros maiores de 21 anos, com exceção dos analfabetos, men-
digos, praças militares e religiosos de ordens monásticas.
Essa nova Constituição apresentava um caráter liberal que 
não foi posto em prática pelas oligarquias rurais, que con-
tinuavam cometendo uma série de práticas fraudulentas e 
opressivas contra a população. A Constituição de 1891 era 
a expressão de uma República que, proclamada em 1889, 
não havia alterado a estrutura socioeconômica do Brasil, 
mas preservara o poder das oligarquias. Assim, apesar da 
adoção do sufrágio universal masculino, a maioria da po-
pulação permaneceu à margem da vida política e do pleno 
exercício da cidadania.
2.2. A crise do Encilhamento
Ocupado por Rui Barbosa, o Ministério da Fazenda do 
Governo Provisório tentou realizar uma reforma financeira 
com o objetivo de desenvolver a industrialização do Brasil, 
reduzir a dependência em relação ao capital estrangeiro e 
aumentar o meio circulante – quantidade de moeda em 
circulação no país. À época, ela era incompatível com as 
novas realidades do trabalho assalariado e do ingresso em 
massa de imigrantes no mercado de trabalho.
rui barbosa
Para conseguir realizar seus objetivos, o governo adotou 
uma política de emissão monetária para garantir a circu-
lação monetária e o pagamento dos operários, bem como 
para facilitar a concessão de créditos para a criação de em-
presas. As tarifas alfandegárias foram elevadas e a entrada 
de matérias-primas no país foi facilitada.
O crédito e a emissão de dinheiro, que também foram re-
alizados por bancos privados, levaram a uma especulação 
financeira desmedida. Empresas fantasmas vendiam de-
senfreadamente ações na bolsa de valores. Da noite para o 
dia, especuladores acumularam grandes fortunas exploran-
do o dinheiro de pessoas ludibriadas.
charge de pereira neto, publicada na reVista ilustrada em dezembro de 
1890, satiriza a especulação Financeira causada pelo encilhamento.
A vultosa emissão monetária que desvalorizava constante-
mente mil-réis, provocou uma crise inflacionária que refletia 
diretamente no aumento do custo de vida da população e 
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na alta constante dos preços, ao mesmo tempo em que pre-
judicava as empresas que importavam produtos e matérias-
-primas, levando-as à falência e aumentando o desemprego.
Na tentativa de socorrer empresas falidas e compensar a 
especulação financeira na bolsa de valores, o governo au-
mentou ainda mais a emissão monetária, aprofundando a 
espiral inflacionária. A especulação e a inflação descontro-
ladas deixaram clara a falência da política econômica de 
Rui Barbosa, que ficou conhecida como Encilhamento.
Essa desvalorização monetária favoreceu inicialmente os ca-
feicultores, que produziam gastando em mil-réis e vendiam 
em moeda estrangeira valorizada. Entretanto, a instabilidade 
econômica prejudicava seus negócios internos e a proteção 
dada à indústria desagradava-lhes, posicionando-os contra 
a política financeira do Governo Provisório. Os importadores 
também exigiam estabilidade cambial, uma vez que, com as 
constantes desvalorizações da moeda nacional, as importa-
ções ficavam cada vez mais caras e o mercado consumidor 
de produtos importados decrescia aceleradamente.
Fonte: Youtube
Policarpo Quaresma - Herói do Brasil
Policarpo Quaresma, herói do Brasil é um filme brasileiro 
de 1998 dirigido por Paulo Thiago, baseado na obra Tris-
te Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, adapta-
do por Alcione Araújo.
multimídia: vídeo
2.3. As eleições indiretas e a 
escolha do primeiro presidente
Como determinava a Constituição de 1891, a Assembleia 
Constituinte transformou-se em Congresso Nacional, que 
teve de escolher o primeiro presidente e o vice. Duas cha-
pas foram inscritas para a eleição: uma encabeçada pelo 
Marechal Deodoro da Fonseca e o Almirante Eduardo Wa-
ndenkolk (vice); a outra, pelo cafeicultor Prudente de Mo-
raes e o Marechal Floriano Peixoto (vice).
Havia uma clara tendência no Congresso para a escolha de 
Prudente de Moraes. Contudo, a forte pressão dos militares 
sobre os parlamentares poderia levar a não aceitação de 
um presidente civil.
Devido à pressão, Marechal Deodoro foi eleito com pequena 
diferença de votos. No entanto, o vice escolhido foi o ma-
rechal Floriano Peixoto, da chapa oposicionista, com mais 
votos do que o próprio Deodoro da Fonseca. Isso foi possível 
devido ao fato de a eleição ser realizada com chapa aberta, 
ou seja, os eleitores podiam votar no presidente e no vice de 
chapas diferentes.
3. Governo de Deodoro 
da Fonseca (1891)
O primeiro presidente brasileiro, ex-chefe do Governo Pro-
visório, foi eleito indiretamente, a contragosto de um Con-
gresso pressionado pelo Exército, que evitou o uso da força 
e as divergências entre o Executivo e o Legislativo.
Alvo de muitas críticas, especialmente pelo autoritarismo, 
centralismo e pelas acusações de corrupção que envolviam 
membros do governo, Deodoro também era apontado 
como responsável direto pela crise econômica e pela infla-
ção herdadas do Encilhamento.
deodoro da Fonseca
Sem o apoio da maioria do Legislativo, indispensável para a 
administração pública, Deodoro dissolveu o Congresso no 
início de novembro de 1891 e decretou estado de sítio para 
fortalecer o poder Executivo, medida apoiada por todos os 
presidentes de províncias, exceto por Lauro Sodré, do Pará.
3.1. A Primeira Revolta da Armada (1891)
Contestado por membros da Marinha, o estado de sítio 
levou-os a organizarem uma revolta – Primeira Revolta 
da Armada –, liderada pelo contra-almirante Custódio 
de Melo, que obteve apoio de Eduardo Wandenkolk e do 
vice-presidente Floriano Peixoto. Navios de guerra foram 
posicionados na Baía da Guanabara, com seus canhões 
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apontados para a cidade, e foi enviada uma mensagem ao 
presidente Deodoro: se não renunciasse à presidência, o 
Rio de Janeiro seria bombardeado pela Armada.
A situação tornou-se insustentável para o presidente, que 
preferiu renunciar ao cargo em 23 de novembro de 1891. 
A presidência da República foi assumida pelo vice-presi-
dente, o Marechal Floriano Peixoto.
Fonte: Youtube
Sessenta e um Anos de República – 
Império Serrano (samba-enredo 1951)
multimídia: música
4. Governo Floriano 
Peixoto (1891–1894)
Assim que assumiu a presidência da República, Floriano 
Peixoto determinou a reabertura do Congresso Nacional, 
suspendeu o estado de sítio e destituiu todos os presidentes 
dos estados que apoiaram o golpe de Deodoro da Fonseca.
Floriano peiXoto
Para aliviar os efeitos da crise econômica que o país atra-
vessava, o novo presidente adotou medidas de incentivo à 
indústria, como a isenção de impostos para a importação 
de máquinas, a concessão de empréstimos e financiamen-
tos e a adoção de tarifas alfandegárias protecionistas, que 
elevariam os preços dos produtos importados e incentiva-
riam o consumo dos produtos nacionais.
FlorianoPeixoto adotou também medidas de grande al-
cance popular, como o tabelamento de preços de aluguéis 
e alimentos. O presidente contava com o apoio de setores 
militares e das oligarquias agrárias.
Não obstante, o mandato de Floriano sofria contestações 
em virtude do artigo 42 da Constituição de 1891, que esta-
belecia mandato presidencial de quatro anos e a assunção 
do vice-presidente caso o presidente não pudesse concluir 
seu mandato e caso já tivesse decorrido mais da metade 
de seu mandato; se faltassem mais de dois anos para que 
se completasse o mandato, o vice-presidente deveria con-
vocar novas eleições.
A primeira contestação à permanência de Floriano Peixoto 
na presidência foi um manifesto assinado por 13 generais, 
tornado público em abril de 1892, que exigia o cumpri-
mento da Constituição de 1891 e a convocação de elei-
ções presidenciais, uma vez que Deodoro renunciara com 
menos de um ano de mandato.
A resposta do “Marechal de Ferro”, apelido de Floriano, 
foi a exoneração, o afastamento e até a determinação da 
prisão de alguns desses generais. Floriano alegava que 
o artigo em questão deveria valer somente para o pró-
ximo presidente a ser eleito pelo voto direto, uma vez 
que sua escolha e a de Deodoro haviam sido feitas pelo 
Congresso, de acordo com as disposições transitórias da 
Constituição de 1891.
4.1. A Segunda Revolta da 
Armada (1893–1894)
Outra contestação à continuidade de Floriano Peixoto na 
presidência da República constituiu a Segunda Revolta da 
Armada (1893–1895), liderada pelo contra-almirante Cus-
tódio de Melo, que exigia a convocação de eleições presi-
denciais, para as quais ele desejava se candidatar.
Assim como haviam feito com Deodoro, o contra-almiran-
te Custódio de Melo estacionou navios de guerra na Baía 
de Guanabara e ameaçou bombardear o Rio de Janeiro 
caso Floriano não renunciasse. A resposta do “Marechal 
de Ferro” foi diferente da de seu antecessor: decretou 
estado de sítio e ordenou o deslocamento de tropas do 
Exército para o litoral para combater os rebeldes e defen-
der a cidade. Os combates foram intensos, e os revoltosos 
decidiram se retirar da Baía de Guanabara, rumando em 
direção ao Sul do país, onde se encontraram na ilha do 
Desterro (atual Florianópolis, SC), com membros da Revo-
lução Federalista que vinham marchando do Rio Grande 
do Sul rumo ao Rio de Janeiro.
Com uma esquadra formada de velhos navios adquiri-
dos nos Estados Unidos e Inglaterra e adaptados para o 
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combate, Floriano iniciou em março de 1894 a ofensiva 
final. Centenas de rebeldes, muitos deles vitimados pelo 
beribéri, abandonaram as armas e pediram asilo político 
em navios portugueses ancorados no Rio de Janeiro.
marechal Floriano peiXoto e a reVolta da armada. bico de 
pena. angelo agostini. reVista d. quiXote, 29 jun. 1895.
4.2. Revolução Federalista 
(Rio Grande do Sul, 1893–1895)
O poder político no Rio Grande do Sul era controlado 
pelo Partido Republicano Rio-Grandense (PRR), liderado 
por Júlio de Castilhos, o presidente do estado. Os mem-
bros do partido eram chamados “castilhistas” ou “pica-
-paus”, em virtude das fardas azuis e quepes vermelhos 
de suas tropas. Como a Constituição gaúcha permitia 
reeleições ilimitadas para presidente do estado, Júlio de 
Castilhos usava a máquina pública estadual para se re-
eleger indefinidamente.
A oposição aos castilhistas era liderada pelo Partido Fede-
ralista, que exigia alterações na Constituição gaúcha que 
impedissem a reeleição para presidente do estado.
Fonte: Youtube
Guerra da Degola – resistência no Sul 
à Proclamação da República
multimídia: vídeo
No início de 1893, os federalistas, liderados por Gumercin-
do Saraiva, pegaram em armas para tentar derrubar Júlio 
de Castilhos. Partiram da fronteira com o Uruguai e con-
tavam com grande número de uruguaios em suas tropas, 
razão pela qual passaram a ser chamados de “maragatos”, 
um termo local para estrangeiros.
júlio de castilhos, Fundador e líder do partido 
republicano rio-grandense.
Os combates foram intensos e violentos, com relatos de atro-
cidades praticadas pelos dois lados. Com o apoio do governo 
federal, as tropas castilhistas derrotaram os federalistas, ape-
sar de ainda restarem alguns focos de resistência. Ainda sob 
a liderança de Gumercindo Saraiva, os federalistas atribuíram 
sua derrota ao apoio dado por Floriano Peixoto aos castilhis-
tas e resolveram marchar em direção ao Rio de Janeiro com 
o intuito de derrubar o presidente da República.
www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui-
cao91.htm
educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/encilha-
mento-politica-economica-tentou-impulsionar-a-indus-
trializacao.htm
www.historiadobrasil.net/resumos/revolta_armada.htm
www.todamateria.com.br/revolucao-federalista/
multimídia: site
Quando os rebeldes gaúchos encontraram-se com os re-
voltosos da Armada em Santa Catarina, resolveram se unir 
na luta contra Floriano Peixoto. Dominaram a cidade de 
Desterro (atual Florianópolis), a capital de Santa Catarina, 
e se dirigiram para o Paraná, onde Custodio de Melo e 
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CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
Gumercindo Saraiva planejaram a tomada da cidade de 
Lapa, que conseguiu resistir.
O almirante Saldanha da Gama aderiu à revolta e com ele 
grande parte de marinheiros, que colocaram mais navios 
à disposição dos rebeldes. Para combatê-los, Floriano ad-
quiriu navios de guerra junto aos EUA e à Inglaterra, muito 
caros e em péssimo estado de conservação, o que lhes ren-
deu apelido de “Esquadra de Papelão”.
As tropas federais e a nova (velha) esquadra conseguiram 
derrotar os rebeldes, que tentaram fugir ou pediram asilo po-
lítico à Portugal, o qual foi concedido. Em represália, Floriano 
Peixoto rompeu relações diplomáticas com os portugueses.
Contrariando temores de que continuaria por meio da for-
ça na presidência da República, Floriano Peixoto convocou 
eleições para o seu sucessor no prazo legal e passou regu-
larmente a faixa presidencial para Prudente de Morais, que 
venceu as eleições, garantindo a ascensão dos cafeiculto-
res ao comando do poder federal.
Essas revoltas ocorridas no início do período republicano dei-
xaram claro que a chamada “Proclamação da República” foi 
um golpe comandado por alguns setores militares e civis que 
excluiu do processo significativos segmentos da sociedade.
Triste fim de Policarpo Quaresma - Lima de Barreto
Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922), filho 
de um tipógrafo da Imprensa Nacional e de uma pro-
fessora pública, era mestiço e foi iniciado nos estudos 
pela própria mãe. Ainda estudante, começou a publicar 
seus textos em pequenos jornais e revistas estudantis, 
incrementando mais tarde sua militância na imprensa, 
lutando contra as injustiças sociais e os preconceitos de 
raça, de que ele próprio era vítima.
Publicado inicialmente em folhetins no ano de 1911, 
Triste fim de Policarpo Quaresma é um romance do pe-
ríodo do pré-modernismo brasileiro.
multimídia: livro
História e Sociologia
Em 1891, foi promulgada a primeira Constituição da República, que era mais includente do que a Constituição 
de 1824, pois acabava com o critério censitário do voto. Entretanto, não significava que a Carta de 1891 amplia-
ria muito o conceito de cidadania, pois o voto continuava restrito somente aos homens com mais de 21 anos e 
alfabetizados. Isso excluía as mulheres e boa parte dos homens, pois os alfabetizados no Brasil compunham um 
número pouco significante.
(capa da primeira edição da constituição de 1891, a primeira do período republicano e que eXtinguiu o Voto censitário e o poder moderador)
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ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
HABILIDADE 2
Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
A produção da memória pelas sociedades humanas, principalmente no Ocidente, é em boa parte constituída 
pelado comércio, que se intensificou com a re-
abertura do Mediterrâneo, propiciando o renascimento das 
cidades e o crescimento da burguesia mercantil. Em síntese, 
o renascimento comercial e urbano da Europa ocidental, a 
decadência do feudalismo, o declínio do poder da nobreza e 
o fortalecimento da burguesia foram, direta ou indiretamen-
te, consequências das Cruzadas.
A partir do século XI, duas rotas comerciais se estabeleceram 
como as principais da Europa: ao norte, pelos mares Báltico 
e do Norte; e ao sul, pelo mar Mediterrâneo. As feiras de 
Champagne eram o grande ponto de encontro dos comer-
ciantes, assim como as feiras periódicas na Inglaterra, França, 
Bélgica, Alemanha e Itália foram um grande passo no desen-
volvimento de um comércio estável e permanente. Os mer-
cados semanais dos primeiros tempos de feudalismo eram 
pequenos e negociavam produtos locais. As grandes feiras 
do século XII ao XV comercializavam mercadorias por ataca-
do, originárias de variadas e longínquas regiões, ocupando 
papel central na revitalização dos mercados. 
A Igreja talvez tenha sido a maior perdedora com as Cru-
zadas. Seus objetivos não foram alcançados, pelo contrário: 
a tolerância entre cristãos e muçulmanos se intensificou. A 
partir do século XIII, as ordens mendicantes – franciscanos 
e dominicanos – substituíram os ideais cruzadistas pelos 
dos missionários.
3. Renascimento comercial
O ressugimento da atividade mercantil na Europa ocidental 
a partir do século XI ficou conhecido como renascimento 
comercial. Esse processo não foi linear, sofreu avanços e 
recuos, mas sua tendência foi a expansão mercantil até a 
crise geral da sociedade feudal nos séculos XIV e XV. 
Ao possibilitarem as condições para o desenvolvimento in-
cipiente da atividade mercantil, as Cruzadas, conjugadas às 
condições intrínsecas ao modo de produção feudal, impul-
sionaram o que se transformou no renascimento comercial. 
A abertura do mar Mediterrâneo aos mercados da Europa 
ocidental restabeleceu as relações entre Ocidente e Oriente 
e dinamizou as atividades comerciais. 
Outros fatores, como a expansão da produção agrícola com 
o desenvolvimento de novas técnicas – como a charrua, que 
é uma espécie de arado puxado manualmente ou por animal 
– e a ampliação da área destinada à plantação – derruba-
da de florestas e drenagem de pântanos, além do fim dos 
ataques dos invasores bárbaros (vikings), permitiram que a 
Europa vivesse um período de relativa paz, experimentando 
mais segurança e assistindo ao crescimento da população. 
O comércio se desenvolveu principalmente por rotas flu-
viais e marítimas, devido às péssimas condições das estra-
das. Os mares Mediterrâneo, ao sul, e do Norte e Báltico, 
ao norte, foram os eixos econômicos da Europa entre os 
séculos XI e XIV. 
O Mediterrâneo voltou a ser a via principal das atividades 
mercantis. As cidades italianas de Veneza, Gênova e Pisa 
redistribuíam pela Europa os produtos vindos do Oriente. 
A grande rival de Veneza foi Genova, revendendo produ-
tos orientais, particularmente tecidos. Após o século XII, 
exportava para o Oriente tecidos de lã confeccionados 
em Flandres e Florença. 
Ao norte da Europa florescia outro eixo comercial impor-
tante. Os produtos vindos do mar Báltico e do Norte – 
madeira, peliças, couros, peixe – encontravam na região 
de Flandres (parte das atuais Holanda e Bélgica) um dinâ-
mico polo comercial nas suas principais cidades, Bruges e 
Antuérpia. Mais tarde, essas cidades se tornariam gran-
des produtoras de tecidos, especialmente de lã.
A intensificação do comércio na Europa setentrional e na 
Europa meridional resultou no estabelecimento de ligações 
entre as duas regiões. A região de Champagne, no les-
te da França, passou a ser um ponto de confluência entre 
Flandres, ao norte, e a Itália, ao sul. Mercadores de todo o 
continente se dirigiam para Champagne, o que dinamizava 
um comércio intenso e diversificado. As feiras da Europa 
realizadas em Champagne ganharam fama. Como a maior 
parte das cidades não possuía condições de ter um comércio 
permanente, as feiras periódicas desempenhavam um papel 
fundamental graças ao volume de negócios que realizavam, 
ao mesmo tempo em que preparavam as condições para a 
consolidação de mercados estáveis e permanentes. 
Os últimos dias das feiras eram dedicados às transações 
financeiras. Desde o início da Idade Média até o século XII, 
a moeda foi se tornando cada vez mais rara. Com o 
renascimento comercial, ela passou a reaparecer com 
o esterlino, peça de prata inglesa. Em ouro eram cunha-
dos o escudo, da França, o ducado, de Veneza, e o florim, 
de Florença. No centro da feira, os banqueiros, na época 
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chamados de cambistas, pesavam, avaliavam e trocavam os mais variados tipos de moedas. Faziam-se empréstimos, liquida-
vam-se velhas dívidas, movimentavam-se letras de câmbio. A terra deixava de ser a única riqueza na Europa Ocidental. Essa 
verdadeira revolução econômica enfraquecia a nobreza, ligada à terra, e fortalecia a burguesia, ligada ao comércio e às finanças. 
Principais rotas comerciais da Europa durante o renascimento comercial
Fonte: .
3.1. As associações de 
artesãos e comerciantes
O progresso das cidades, a ampliação do mercado con-
sumidor e o reaparecimento do dinheiro propiciavam um 
novo mercado para os artesãos mais hábeis, possibilitan-
do-lhes abandonar a agricultura e viver da atividade ar-
tesanal. Os artesãos organizaram-se em associações para 
defender seus interesses. Todos que trabalhavam em uma 
mesma atividade, numa determinada cidade, juntavam-
-se e formavam uma associação denominada corpora-
ção de ofício.
A indústria artesanal era composta por três níveis hierár-
quicos: o aprendiz, o jornaleiro e o mestre. O aprendiz era 
iniciado pelo mestre nos segredos do ofício. Depois de um 
longo período de aprendizagem, viria a ser um mestre. O 
jornaleiro recebia por jornadas trabalhadas, mas raramente 
passava a mestre. Por fim, o mestre de artes e ofícios era o 
proprietário da oficina artesanal. 
As corporações tinham o objetivo de regulamentar a 
profissão evitando excesso de pessoas no mesmo ofício, 
controlar a qualidade e o preço do produto dificultando a 
concorrência, dirigir o aprendizado da profissão e amparar 
os artesãos necessitados.
Os mercadores também associaram-se para defender 
seus interesses. No século XII, as hansas ou guildas 
aglutinavam mercadores de diversas cidades. A mais po-
derosa de todas foi a Hansa Teutônica ou Liga Hanseá-
tica, que reuniu cerca de noventa cidades do norte da 
Europa. Elas exerciam monopólio sobre o comércio por 
atacado nas cidades incorporadas por elas. 
Fonte: Youtube
O exército de Brancaleone (1966)
No ano 1000 d.C., um bravo cavaleiro parte da França para 
tomar posse de suas terras. No caminho, ele é assaltado e 
assassinado por um bando de foras da lei que, de posse da 
escritura, decidem pegar para si o terreno. Para isso, eles 
precisam de alguém que finja ser o cavaleiro e acabam en-
contrando a pessoa perfeita no atrapalhado Brancaleone.
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4. Renascimento urbano e 
formação da burguesia
O processo de reurbanização da Europa, caracterizado pelo 
ressurgimento das cidades, está estreitamente ligado ao re-
nascimento comercial, que, embora não tenha sido o único fa-
tor do renascimento urbano, foi, sem dúvida, o fator principal. 
Prova disso é o fato de as cidades ressurgirem com mais inten-
sidade onde primeiro renasceu o comércio: Itália e Flandres.
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Veüe de la Ville de Feurs. graVura de louis boudan. loire, 1460. Fora 
das muralhas da cidade, estendiam-se o campo e os pomares. no entanto, 
o crescimento constante das cidades leVou à ampliação do raio urbano, 
de modo que se construíram noVas muralhas para acolher a população.
À medida que o comércio se ampliava,construção de uma narrativa histórica. Em geral, trata-se da escrita de uma história nacional que nem 
sempre busca a objetividade e a atenção aos documentos históricos. Isso ocorre devido ao fato de a construção 
de uma memória nacional ser fruto de disputas entre diversos grupos políticos, que tendem a valorizar-se e a 
atacar os respectivos adversários.
A Habilidade 2 exige essa percepção dos candidatos. Eles devem ser capazes de compreender as motivações 
e os resultados da produção das narrativas históricas. O aluno normalmente vai se deparar com um texto ou 
imagem de base para analisar, refletir e assinalar a alternativa correta.
MODELO 1
(Enem) O instituto popular, de acordo com o exame da razão, fez da figura do alferes Xavier o principal dos 
Inconfidentes, e colocou os seus parceiros a meia ração de glória. Merecem, decerto, a nossa estima aqueles 
outros; eram patriotas. Mas o que se ofereceu a carregar com os pecadores de Israel, o que chorou de alegria 
quando viu comutada a pena de morte dos seus companheiros, pena que só ia ser executada nele, o enforcado, 
o esquartejado, o decapitado, esse tem de receber o prêmio na proporção do martírio, e ganhar por todos, visto 
que pagou por todos.
assis, m. gazeta de notícias, n. 114, 24 abr. 1892.
No processo de transição para a República, a narrativa machadiana sobre a Inconfidência Mineira associa: 
a) redenção cristã e cultura cívica; 
b) veneração aos santos e radicalismo militar; 
c) apologia aos protestantes e culto ufanista; 
d) tradição messiânica e tendência regionalista; 
e) representação eclesiástica e dogmatismo ideológico.
ANÁLISE EXPOSITIVA
Os agentes proclamadores da República buscaram forjar novos heróis nacionais para legitimar o novo 
regime. Dentre os heróis escolhidos estava Tiradentes, cuja figura, para ser exaltada, foi aproximada da 
imagem crística e colocada como defensora da soberania nacional.
RESPOSTA Alternativa A
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DIAGRAMA DE IDEIAS
REPÚBLICA DA ESPADA
1889 (PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA) / 1894 (ELEIÇÕES DIRETAS)
• NÃO TEM APOIO NO CONGRESSO
• DECLARA ESTADO DE SÍTIO
• 1ª REVOLTA DA ARMADA
• RENÚNCIA
• COMBATE À INFLAÇÃO
• SETORES MILITARES QUEREM NOVAS ELEIÇÕES
• 2ª REVOLTA DA ARMADA (1893-1894)
• REVOLUÇÃO FEDERALISTA (RS: 1893-1895)
• EMISSÃO DE PAPEL MOEDA
• EXPANSÃO DO CRÉDITO
• MARECHAL DEODORO DA FONSECA (PRESIDENTE)
• MARECHAL FLORIANO PEIXOTO (VICE)
PRESSÃO DO EXÉRCITO
• INFLAÇÃO
• ESPECULAÇÃO FINANCEIRA
GOVERNO DEODORO (1891)
GOVERNO FLORIANO 
PEIXOTO (1891-1894)
(MARECHAL DE FERRO)
REFORMA FINANCEIRA
A CRISE DO
“ENCILHAMENTO”
ELEIÇÕES DE 1891
(CHAPA ABERTA)
CRISE
• CONSOLIDAÇÃO DO REGIME REPUBLICANO
• MILITARES NO PODER
• INTERVENÇÃO NOS ESTADOS
• EXPULSÃO DA FAMÍLIA REAL DO BRASIL
• REFORMA FINANCEIRA (ENCILHAMENTO)
• MUDA O NOME DO PAÍS 
(ESTADOS UNIDOS DO BRASIL)
• ELEIÇÃO DE ASSEMBLEIA CONSTITUINTE
• LIBERAL
• PRINCÍPIO FEDERATIVO
• 3 PODERES 
(EXECUTIVO, LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO)
• PRESIDENCIALISTA
• ESTADO LAICO
• VOTO DIRETO, ABERTO E PARA HOMENS 
BRASILEIROS, ALFABETIZADOS, 
MAIORES DE 21 ANOS
• ELEIÇÕES INDIRETAS PARA O 
PRÓXIMO PRESIDENTE
CARACTERÍSTICAS
CONSTITUIÇÃO
DE 1891
GOVERNO PROVISÓRIO
(1889-1891)surgiam cidades na 
confluência de estradas, na desembocadura de rios ou em 
regiões de declive elevado. Esses eram os pontos geográficos 
preferidos pelos mercadores. Ali havia sempre uma igreja ou 
uma fortificação, denominada burgo, que, ao mesmo tempo 
que protegia, facilitava a defesa dos comerciantes. Nas ci-
dades medievais, conhecidas genericamente como burgos, 
foi-se formando uma nova classe social ligada ao comércio, 
que passou a ser conhecida como burguesia.
As cidades situadas dentro dos feudos estavam submetidas 
à tutela e à autoridade dos senhores feudais. Não tinham au-
tonomia e deviam à nobreza impostos e obediência. Com o 
crescimento do comércio, o enriquecimento dos comerciantes 
e as cidades fortalecidas, a burguesia procurou obter sua auto-
nomia administrativa e judiciária, liberdade essa que era fun-
damental para a continuidade e expansão de seus negócios. 
Inseridos em uma sociedade ainda feudal, o comércio e as 
feiras ocorriam no interior dos feudos, o que beneficiava a 
arrecadação de tributos para a aristocracia feudal. De um 
lado, essa aristocracia favorecia o comércio, franqueando 
os feudos para a realização das transações; de outro, trava-
va sua expansão com excessivos pedágios e tributos. Outro 
obstáculo ao desenvolvimento mercantil era a diversidade 
de moedas, leis, pesos e medidas, que variavam de feudo 
para feudo. Sem esquecer as próprias relações servis de 
produção, que constituíam um obstáculo ao desenvolvi-
mento pleno da economia de mercado. 
Para criar condições básicas para a expansão da nova eco-
nomia mercantil e monetária, era preciso abolir as relações 
de vassalagem e o direito consuetudinário, bem como 
unificar o mercado, diminuir os impostos, padronizar a le-
gislação, a moeda, os pesos e as medidas. Para isso, seria 
necessário subordinar a nobreza e fortalecer o poder cen-
tralizador do rei, que poderia impor essas reformas. 
Tal processo mencionado durou séculos e é conhecido como 
a “formação dos Estados modernos”. No plano político, o 
monopólio do poder e da força acabou sendo a resposta 
para os problemas que impediam a expansão do comércio e 
das cidades. Todo esse conjunto de transformações, porém, 
serão melhor detalhadas em um capítulo posterior. 
5. Crise do século XIV e 
decadência do feudalismo
A partir do início do século XIV, uma profunda crise se disse-
minou pela Europa. Fome, pestes, guerras e rebeliões cam-
ponesas atingiram a essência do sistema feudal já bastante 
desgastado. Ao fim do século XV, as monarquias nacionais es-
tavam consolidadas, a nobreza enfraquecida e as obrigações 
feudais contestadas pelas frequentes revoltas camponesas.
5.1. Grande Fome (1315-1317)
Antes do ano 1000, a subalimentação na Europa era crô-
nica. Do século XI ao XIII, a farta produção agrícola reduziu 
consideravelmente a fome. Nesse período, a população au-
mentou. A exploração predatória das novas terras contribuiu 
para o desgaste da fertilidade do solo, e o desmatamento 
intenso provocou alterações ecológicas e climáticas. Períodos 
excessivamente chuvosos alternavam-se com outros extre-
mamente secos, o que, já no início do século XIV, fez diminuir 
a produção agrícola e encarecer os produtos. Três anos de 
péssimas colheitas (1315-1317) produziram uma terrível 
fome coletiva que provocou a morte de milhões de pessoas.
5.2. Peste Negra (1347-1350)
A Peste Negra, como ficou conhecida na época, foi uma 
manifestação epidêmica de peste bubônica transmitida 
pela pulga do rato. Acredita-se que tenha sido trazida do 
Oriente por um navio veneziano e dali tenha se propagado 
por toda a Europa.
A subnutrição causada pelas crises de fome e as precárias 
condições de higiene das cidades medievais contribuíram 
decisivamente para a disseminação da doença. O auge da 
epidemia ocorreu entre os anos de 1347 e 1350. Estima-se 
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que mais de 30% da população europeia foram vítimas da 
peste. Para se ter uma ideia do que isso significou, a Europa 
precisou esperar quase 300 anos para voltar a ter a mesma 
população de antes da crise.
ilustração da peste bubônica, em edição da 
bíblia de toggenburg, de 1411
Fonte: .
5.3. Guerra dos Cem Anos (1337-1453)
Por mais que não tenham sido cem anos de guerra con-
tínua, a guerra entre a Inglaterra e a França foi uma das 
transformações políticas mais significativas que ocorreram 
no interior dos dois reinos. Foi uma guerra que ocorreu de 
maneira intermitente, durante um século, em que as duas 
monarquias mantiveram-se em estado beligerante.
A região de Flandres, no norte da França, rica em manufa-
turas e pródiga em impostos, era desejada pela França que 
pretendia anexá-la aos seus domínios. Os grandes merca-
dores e artesãos de Flandres não queriam submeter-se ao 
domínio francês e mantinham fortes ligações com a Ingla-
terra, um dos principais fornecedores de lã para os teares 
desses mercadores e artesãos.
Outro fator importante dessa guerra foi a disputa por territó-
rios na França. Os reis da Inglaterra eram senhores de grandes 
feudos na França, o que os tornava vassalos do rei francês. No 
século XIV, o rei francês não deveria ter em seu território um 
vassalo tão poderoso, bem como o monarca inglês não podia 
suportar a humilhação de ser vassalo de outro rei.
Ao mesmo tempo, havia uma acirrada luta pela sucessão 
do trono francês. Em 1328, morrera o último descendente 
de Felipe IV, o Belo, sem deixar sucessor. Os grandes nobres 
franceses tinham dois candidatos para o cargo: um nobre da 
família Valois, de nome Filipe, e Eduardo III, rei da Inglaterra, 
neto de Filipe IV, por parte de mãe. Os nobres franceses es-
colheram o membro da família Valois, que recebeu o nome 
de Filipe VI, escapando, portanto, do domínio inglês.2 O rei 
inglês não acatou a decisão e partiu para a guerra com a 
2. Uma assembleia de nobres franceses escolheu Filipe de Valois para o trono 
com base na Lei Sálica, segundo a qual, desde o início da Idade Média, mu-
lheres não podiam ocupar ou transmitir o trono francês. 
França, em 1337. O palco do conflito foi o território francês. 
Numa primeira fase, as vitórias foram inglesas. Arqueiros e 
soldados da infantaria impuseram uma dura derrota à pesa-
da e lenta cavalaria francesa na Batalha de Crécy, em 1346. 
A segunda fase foi marcada pela reação francesa graças ao 
nacionalismo despertado por uma camponesa que conse-
guiu organizar um exército e derrotar em várias ocasiões os 
ingleses: Joana D’Arc. Ao cair prisioneira dos ingleses e bor-
guinhões, foi acusada de feitiçaria e executada na fogueira. 
Morta, Joana D’Arc transformou-se em heroína, símbolo do 
patriotismo popular francês. Imbuídos de novo espírito, os 
franceses continuaram a conquistar vitórias. Em 1453, os in-
gleses foram definitivamente expulsos da França.
As brumas de Avalon – Marion 
Zimmer Bradley (1979)
Uma obra de 1979, da escritora estadunidense Marion 
Zimmer Bradley, feita em quatro volumes. É ambientada 
durante a vida do lendário rei Artur e seus cavaleiros e 
tem por escopo narrar a já conhecida lenda arturiana a 
partir de uma outra perspectiva. 
multimídia: livro
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CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
A Peste Negra (Biologia)
Entre os anos de 1346 e 1352, nos porões dos navios de comércio que vinham do Oriente, chegavam milhares 
de ratos. Esses roedores encontraram nas precárias condições de higiene das cidades europeias um ambiente 
favorável. O esgoto corria a céu aberto e o lixo acumulava-se nas ruas. Assim, a população de ratos aumentou 
significativamente. 
Esses ratos estavam contaminados com a bactéria Pasteurella pestis. As pulgas desses roedores transmitiam 
a bactéria aos homens através da picada. Os ratos também morriam da doença e, quando isso acontecia, as 
pulgas passavam rapidamente para os humanos para obterem seu alimento,o sangue.
Depois de adquirir a doença, a pessoa apresentava vários sintomas. Primeiro, apareciam nas axilas, nas virilhas 
e no pescoço diversas bolhas de pus e sangue. Em seguida, vinham os vômitos e a febre alta. Era questão de 
dias para os doentes morrerem, pois não havia cura para a doença e a medicina era pouco desenvolvida. Vale 
lembrar que, para piorar a situação, a Igreja católica opunha-se ao desenvolvimento científico e farmacológico. 
Os poucos que tentavam desenvolver remédios eram perseguidos e condenados à morte, acusados de bruxaria. 
A doença só foi identificada e estudada séculos depois da grande epidemia.
quadro de pierre bruegel (1562) intitulado “o triunFo da morte”, inspirado na peste negra do século XiV. museu do prado
Acreditava-se que apenas os pecadores ou devedores da Igreja seriam infectados pela doença. A peste dizimou 
um terço da população europeia. Com o surgimento dos problemas econômicos em decorrência das epidemias, 
foram discutidas diversas questões sobre a higiene e o ambiente trabalho, tornando as condições de trabalho 
mais favoráveis. As epidemias se perpetuaram até 1889, e o único tratamento disponível era a utilização do 
vinagre como repelente de insetos, devido ao seu odor forte. Somente com a descoberta dos antibióticos que a 
peste negra se tornou um problema menor de saúde.
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ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
HABILIDADE 18
Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações socioespaciais.
Nas ciências humanas, existe o reconhecimento de que a economia, ou seja, a relação entre os homens e 
a natureza mediada por tecnologia, é fundamental para se explicar as transformações socioespaciais. Isso 
quer dizer que a maneira como o homem se organiza economicamente determina, em última instância, 
todos os outros aspectos da sociedade. 
A habilidade 18 exige a compreensão de como novos ou antigos processos de produção e circulação de 
bens econômicos determinam sociologicamente e geograficamente as civilizações humanas. Quando uma 
nova forma de produzir algo é descoberta, há habitualmente um impulso produtivo que redimensiona as 
relações sociais. Vale ressaltar, por exemplo, o caso da máquina à vapor durante a Revolução Industrial 
– sua implementação transformou profundamente a vida urbana, as relações de trabalho e as trocas co-
merciais entre as nações. Trata-se, assim, de um caso que a habilidade 18 pode abordar. 
MODELO 1
(Enem) Mas era sobretudo a lã que os compradores, vindos da Flandres ou da Itália, procuravam por toda 
a parte. Para satisfazê-los, as raças foram melhoradas através do aumento progressivo das suas dimensões. 
Esse crescimento prosseguiu durante todo o século XIII, as abadias da Ordem de Cister, onde eram utilizados 
os métodos mais racionais de criação de gado, desempenharam certamente um papel determinante nesse 
aperfeiçoamento.
dubY. g. economia rural e Vida no campo no ocidente medieVal. lisboa: estampa, 1987 (adaptado).
O texto aponta para a relação entre aperfeiçoamento da atividade pastoril e avanço técnico na Europa ociden-
tal feudal, que resultou do(a)
a) crescimento do trabalho escravo;
b) desenvolvimento da vida urbana;
c) padronização dos impostos locais;
d) uniformização do processo produtivo;
e) desconcentração da estrutura fundiária.
ANÁLISE EXPOSITIVA
A alternativa B é a correta, pois o crescimento das cidades na Europa feudal, em paralelo ao crescimento 
demográfico, aumentou o consumo dos produtos, impelindo o aperfeiçoamento das raças bovinas com 
métodos mais racionais de criação. Isso está inserido no contexto do final da chamada Baixa Idade Média, 
momento de surgimento da cultura renascentista, quando algumas modificações importantes marcaram 
a vida europeia. Dentre tais modificações, o ressurgimento das cidades e do comércio merece destaque. 
Esses ressurgimentos contribuíram para um novo desenvolvimento da vida urbana.
RESPOSTA Alternativa B
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DIAGRAMA DE IDEIAS
BAIXA IDADE MÉDIA
CRISE E DECADÊNCIA DO FEUDALISMO CAUSADAS POR:
RENASCIMENTO COMERCIAL RENASCIMENTO URBANO
• ABERTURA DO COMÉRCIO NO 
MAR MEDITERRÂNEO
• MELHORA TÉCNICA E AU-
MENTO PRODUTIVO
• RETOMADA DO COMÉRCIO EUROPEU
• MONETARIZAÇÃO DA ECONOMIA
• FORTALECIMENTO DA BURGUESIA
• NOVAS CIDADES SURGEM NAS ROTAS DE 
COMÉRCIO (BURGOS)
• ENFRAQUECIMENTO DA NOBREZA
• FORTALECIMENTO DOS ARTESÃOS 
• (CRIAÇÃO DAS CORPORAÇÕES DE OFÍCIO)
• FIM DAS INVASÕES 
BÁRBARAS
• CRESCIMENTO PO-
PULACIONAL
• TURCOS PROÍBEM 
CRISTÃOS DE PEREGRI-
NAR A JERUSALÉM
• FERVOR RELIGIOSO 
CRISTÃO
• MOVIMENTO MILITAR
• CONTENÇÃO DE CON-
FLITOS DEMOGRÁFICOS
• CONQUISTA DE ANTIGOS 
TERRITÓRIOS ROMANOS
• GUERRA CONTRA 
ISLÂMICOS
• REABERTURA DO COMÉR-
CIO DO MEDITERRÂNEO
• ENFRAQUECIMENTO 
DA IGREJA CATÓLICA
CONSEQUÊNCIAS
EXPULSÃO DOS MUÇULMA-
NOS DA PENÍNSULA IBÉRICA
GUERRA DE RECON-
QUISTA (722-1492)
CRUZADAS (1095-1270)
CONTEXTO ESTOPIMCARACTERÍSTICAS
CRISE GERAL DO SÉC. XIV
• FOME
• PESTE
• GUERRA DOS CEM ANOS (1337-1453)
• REVOLTA DOS CAMPONESES
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a criação de adão. aFresco. michelangelo 
(c. 1511). teto da capela sistina, Vaticano
1. Renascimento cultural e 
transição para a Idade Moderna
Entre os séculos XI e XIV, a Europa experimentou importan-
tes transformações econômicas, sociais, políticas, intelectu-
ais, artísticas e culturais que promoveram uma gradativa 
reorganização estrutural e o redimensionamento do seu 
entendimento do mundo, no qual a valorização do conhe-
cimento, o desenvolvimento material e o incremento do 
comércio se reforçaram mutuamente.
Essas mudanças, ocorridas desde o final da Baixa Idade 
Média, proporcionaram o renascimento urbano, cujo ele-
mento propulsor foi o comércio, que trouxe consigo o sur-
gimento e o crescimento de uma nova classe social: a bur-
guesia mercantil. Coube à burguesia o papel fundamental 
de consolidar os territórios e as monarquias nacionais mo-
dernas e financiar a técnica, a ciência e a arte. Esse longo 
processo histórico marca a passagem da Idade Média para 
Idade Moderna. Essas transformações estruturais estimu-
laram mudanças no comportamento e na forma de pen-
sar dos europeus, que passaram a ter uma nova visão de 
mundo caracterizada pelo humanismo. Desde o século XIV, 
vivia-se o esforço de trazer o homem para a posição central 
do mundo e torná-lo objeto de estudos e das artes. 
Os homens do Renascimento não nutriam desprezo pelas 
ideias ou pelo período medieval nem eram desligados da 
religiosidade, apenas separaram o mundo da religião do 
centro das suas preocupações a ponto de abraçarem o hu-
manismo sem abandonar a crença em Deus.
1.1. Renascimento cultural: 
definição e fatores
O Renascimento foi uma verdadeira revolução cultural que 
marcou e definiu o final da Idade Média e os primeiros sé-
culos da Idade Moderna. Nesse período, ganham força os 
ideais e a visão de mundo da nova sociedade emergente 
com o desenvolvimento da economia mercantil e do capita-
lismo. Contudo, em vários aspectos esse movimento cultural 
representou mais uma continuidade do que uma ruptura em 
relação ao mundo da Baixa Idade Média. Sua origem data 
do século XIV, e sua máxima plenitude, dos séculos XV e XVI.
O desenvolvimento das atividades comerciais permitiu a 
abertura e a consolidação de rotas comerciais e feiras. Com 
elas, a distribuição de produtos na Europa foi dinamizada, 
estimulando a fundação e a evolução de centros comer-
ciais que se tornaram grandes e importantes cidades. As 
atividades bancárias e financeiras foram incentivadas, e 
a burguesia enriqueceu, ocupando posição de prestígio e 
destaque na sociedade europeia.
o cambista e a sua mulher. detalhe. 1514. quintino de metsYs
Como forma de consolidar seu poder em uma sociedade 
dominada por nobres e clérigos, a burguesia, apoiada em 
seu poder econômico, passou a financiaratividades cultu-
rais e artísticas que traduziam e representavam sua visão 
de mundo. Esses incentivos às artes tornaram-se comuns 
no período renascentista e receberam a denominação de 
mecenato. É importante observar que clérigos e nobres 
chegaram a atuar como mecenas, mas em escala reduzida 
em relação aos burgueses.
RENASCIMENTOS 
CULTURAL E 
CIENTÍFICO
COMPETÊNCIA(s)
1, 2, 3, 4, 5 e 6
HABILIDADE(s)
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 
12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 
20, 22, 23, 24, 25, 26, 27 e 28
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AULAS 
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No plano intelectual, a retomada dos estudos das obras 
clássicas greco-romanas foi fundamental e se tornou pos-
sível graças aos mosteiros medievais, que preservaram 
muitas dessas obras, protegendo-as da destruição pelos 
bárbaros no período das invasões.
O desenvolvimento da imprensa também foi determinan-
te no Renascimento cultural, uma vez que a impressão e 
a publicação das obras favoreceram a difusão e a divul-
gação dos novos padrões culturais que se desenvolviam.
Esses financiadores de uma nova cultura – burgue-
sia, príncipes e monarcas – eram chamados mece-
nas, isto é, protetores das artes. Seu objetivo não era 
somente a autopromoção, mas também a propagan-
da e difusão de novos hábitos, valores e comporta-
mentos. Mais do que sua imagem, que podia ou não 
aparecer nas obras, o que elas deveriam veicular era 
uma visão racional, dinâmica e opulenta do mundo 
e da sociedade. Uma visão na qual o modo de vida e 
os valores da burguesia e do poder centralizado apa-
recessem como única forma de vida e o conjunto de 
crenças mais satisfatório para todas as pessoas. […] 
Ser eternizado numa tela, com ar altivo, cercado de 
símbolos de poder e de uma clientela subserviente 
era uma tentação a que os ricos e poderosos não po-
deriam mais resistir. Esses atributos simbólicos, gló-
ria e eternidade, deixaram de ser um privilégio divino 
e se tornaram um valor de mercado, à disposição de 
quem pudesse adquiri-los.
seVcenko, nicolau. o renascimento. 
são paulo: atual, 1994, p. 26 e 62. 
1.2. Características
A cultura renascentista se opõe aos valores clericais teo-
cêntricos e dogmáticos preponderantes na Idade Média, 
com destaque para estas características: 
 § Humanismo – valorização do homem, de sua inte-
ligência e capacidade criadora. Os humanistas defen-
diam um novo comportamento do homem europeu a 
partir da reinterpretação dos modelos estéticos artísti-
cos e literários da Antiguidade. O objetivo era a cons-
trução de uma mentalidade na qual o homem tivesse 
condições de se superar por meio de seus feitos.
 § Antropocentrismo – valorização de temas do cotidia-
no humano, do comportamento e da realidade vivencia-
da nas cidades europeias. Na visão antropocêntrica do 
Renascimento, o homem é a obra-prima entre as ma-
ravilhas da natureza criadas por Deus. Sem esquecer a 
importância de Deus, as necessidades sociais, políticas, 
religiosas e as angústias existenciais do homem deve-
riam se tornar o centro das preocupações.
 § Racionalismo – valorização do conhecimento baseado 
na razão, nos sentidos e no que possa ser explicado à 
luz dos estudos da natureza e da explicação científica 
dos fenômenos; o racionalismo passou a ser privilegiado 
em lugar da compreensão sobrenatural dos fenômenos. 
São exemplos disso a observação científica, os métodos 
experimentais e a organização racional do Estado.
 § Negação dos valores medievais – a cavalaria, 
uma das mais importantes instituições da Idade Média, 
entrou em declínio com o advento da pólvora e das 
armas de fogo. No âmbito filosófico, a Escolástica, que 
buscava a conciliação da fé com a razão, passou a ser 
desdenhada no Renascimento.
 § Valorização da cultura clássica – artistas e intelec-
tuais renascentistas tomaram o humanismo e o racio-
nalismo greco-romanos como referência e inspiração.
 § Individualismo – o Renascimento refletiu a realidade do 
capitalismo nascente, que estimulava o individualismo, a 
concorrência, o acúmulo de riquezas e a criatividade.
 § Naturalismo – ao individualizar e decompor as partes 
por meio do racionalismo, chegou-se à aguda análise e 
percepção da natureza. 
 § Hedonismo – valorização do prazer e da felicidade 
terrenas sem medo do pecado ou do inferno.
VISÃO DE MUNDO 
MEDIEVAL
 VISÃO DE MUNDO 
RENASCENTISTA 
Teocentrismo Antropocentrismo
A verdade está na Bíblia, na 
tradição e na autoridade da Igreja.
A verdade é resultado da 
observação, da experimentação 
e principalmente da razão. 
A vida material não importa. A 
vida dedicada à religião é tudo. 
Afinal, a realidade é explicada 
somente pela vontade de Deus.
A vida terrena e material 
também é importante. A 
realidade terrestre é explicável 
pelo que acontece na Terra.
Conformismo: todas as mudanças 
são contrárias à vontade de Deus. 
O homem pode e deve progredir 
material e culturalmente. 
Conhecer para contemplar 
a realidade.
 Conhecer para transformar 
a natureza: saber = poder. 
A natureza é fonte do pecado. 
O caminho é ficar afastado 
de suas “tentações”.
A natureza é maravilhosa e 
o homem faz parte dela. 
Ascetismo: vida simples e 
afastada dos prazeres e desejos. 
Hedonismo: valorização 
do corpo e dos prazeres 
materiais e intelectuais. 
Filosofia escolástica Filosofia humanista 
Adaptação de São Tomás de 
Aquino ao pensamento do 
grego Aristóteles – filosofia 
aristotélico-tomista. 
A contestação da Escolástica. 
Busca de novas verdades 
e questionamento dos 
dogmas tradicionais. 
Dogmatismo: aceitação de certas 
“verdades” sem questionamento.
Separação entre fé e razão: a fé 
cuida do céu; a razão, da Terra. 
A razão é serva da fé. 
Revalorização dos estudos 
clássicos greco-romanos. 
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2. Península Itálica: o 
berço do Renascimento
Não foi por acaso que o Renascimento teve origem na Itá-
lia. A península Itálica era o centro do dinâmico comércio 
mediterrâneo, que interligava os entrepostos orientais à 
rota de Champagne e do mar do Norte. Os centros urbanos 
se tornaram ativos e surgiam grandes companhias comer-
ciais e grupos financeiros. 
As condições fundamentais para o Renascimento foram 
criadas a partir de uma economia dinâmica, mercantil, ge-
radora de excedentes que podiam ser investidos na pro-
dução cultural. Com o desenvolvimento mercantil, nasceu 
uma nova classe social: a burguesia italiana, que buscava 
projeção social e legitimação de seus valores. 
o nascimento de Vênus. 1485-1486. sandro botticelli. a arte e a 
literatura renascentistas recorrem aos mitos e diVindades clássicos.
Na época do Império Romano, numerosos templos e mo-
numentos foram levados para a Itália, que se tornou um 
centro de Antiguidade Clássica. Além disso, o afluxo de 
intelectuais bizantinos chegados à Itália depois da tomada 
de Constantinopla pelos turcos otomanos, em 1453, con-
tribuiu para o novo clima cultural.
3. Renascimento italiano
É comum a divisão do Renascimento Italiano em três fases: 
Trecento (século XIV), Quattrocento (século XV) e Cinque-
cento (século XVI). O Trecento se caracterizou pelo empre-
go do dialeto toscano e pela forte influência medieval. No 
Quattrocento houve grande empolgação com a cultura 
clássica, retorno ao grego e ao latim e ênfase na filosofia 
clássica. No Cinquecento, a língua italiana foi sistematiza-
da e consolidada. 
3.1. Literatura
 § Na literatura se destaca Dante Alighieri. A Divina 
comédia, sua principal obra, prenuncia o Renascimen-
to em alguns aspectos, como a substituição do latim 
pelo dialeto toscano – que viria a se tornar o padrão 
da língua nacional italiana – e a citação de autores da 
Antiguidade Clássica. 
 § Francesco Petrarca, considerado o “pai do Humanis-
mo” e autor de De África e Odes a Laura, levou mais longe 
a recuperação dos clássicos ao fazer uma tentativa siste-
mática de descobrir as raízes da retórica italiana medieval.
 § Giovanni Boccaccio escreveu suaobra mais notá-
vel por volta de 1348, o Decameron, uma coletânea 
de contos. Nela é representada a crise de valores da 
época. Diferencia-se da literatura medieval por suas ca-
racterísticas anticlericais e pela utilização do elemento 
erótico e picaresco.
 § Nicolau Maquiavel é considerado o precursor do pen-
samento político moderno. Sua obra O Príncipe é uma 
espécie de manual de política destinado a ensinar aos 
príncipes como conquistar o poder e mantê-lo, mesmo 
contra todas as normas da moral cristã. Maquiavel não 
pretendeu retratar um ideal que levasse em considera-
ção as ideias de justiça e perfeição; apenas determinou 
os meios pelos quais os homens de Estado de sua época 
alcançariam os fins a que se propunham. Ao promover 
a radical separação entre religião e política, Maquiavel 
abriu caminho para a criação de uma teoria política.
nicolau maquiaVel
3.2. Artes plásticas
 § Giotto foi a principal figura do Trecento, considerado 
o precursor da pintura renascentista. Com ele a pintura 
alcançou a posição de arte independente da arquite-
tura e assumiu um caráter naturalista. A humanização 
das figuras representadas e o cuidado nas proporções 
são traços que distinguem sua arte da medieval. 
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 § Sandro Botticelli foi um pintor que procurou conci-
liar o paganismo clássico com os valores cristãos. Seus 
melhores trabalhos se baseiam em temas da mitologia 
clássica. Entre eles, destacam-se a Alegoria da prima-
vera e o Nascimento de Vênus.
 § Michelangelo Buonaroti foi, sem dúvida, um gênio 
da escultura, além de grande pintor e arquiteto. A har-
monia artística criada por ele derivava de seu domínio 
da anatomia e do desenho. Entre suas principais es-
culturas se destacam Davi, Pietá e Moisés. Patrocinado 
pelo papa Júlio II, Michelangelo projetou a abóbada 
da nova basílica de São Pedro em Roma. Mas sua obra 
mais admirável talvez seja o teto da capela Sistina, no 
Vaticano, encomendada pelo papa Júlio II.
pietá, de michelangelo
 § Rafael Sanzio realizou uma síntese entre os grandes 
mestres de seu tempo. Produziu trabalhos marcados pelo 
equilíbrio e suavidade e notabilizou-se pela glorificação 
da forma e da cor em si mesmas. Entre suas obras mais 
importantes estão Escola de Atenas e Madona Sistina. 
detalhe da pintura escola de atenas, de raFael. no centro, 
platão segura o timeu e aponta para o alto, representando 
o mundo das ideias. aristóteles segura a ética e tem a mão 
Voltada para o chão, indicando o mundo material.
disponíVel em: . 
 § Leonardo da Vinci, cientista, engenheiro, excelente ar-
tista, especialista em fortificações e em artilharia, inventor, 
anatomista e naturalista, transferiu para suas pinturas a 
cuidadosa observação da natureza, combinada com uma 
poderosa percepção psicológica. Produziu obras de reco-
nhecida e insuperável genialidade, entre as quais se des-
tacam A última ceia e La Gioconda ou Mona Lisa.
La gioconda ou mona lisa, de leonardo da Vinci
manuscrito de leonardo da Vinci que reVela 
a anatomia de um Feto no útero.
Fonte: Youtube
Leonardo da Vinci – Sônia Rocha 
multimídia: música
22  CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias
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Fonte: Youtube
O código Da Vinci (2006)
Baseado no livro homônimo do escritor estaduniden-
se Dan Brown, desenrola-se a partir do assassinato de 
Jacques Saunière, curador do museu do Louvre. Robert 
Langdon, Sophie Neveu e Leigh Teabing vivem várias 
aventuras ao tentar desvendar os códigos que levam à 
resposta para os enigmas que Jacques Saunière deixou 
em seu leito de morte.
multimídia: vídeo
4. Expansão do Renascimento 
cultural pela Europa
No início do século XVI, as grandes navegações e o desen-
volvimento comercial e urbano estimularam transforma-
ções culturais em diversos países europeus. Essa expansão 
coincidiu com a consolidação de grande parte dos Estados 
modernos, que adaptaram a cultura renascentista às suas 
condições específicas.
4.1. Península Ibérica
O espanhol Miguel de Cervantes foi um dos maiores 
nomes da literatura renascentista europeia. Em sua obra-
-prima, Dom Quixote de La Mancha, o protagonista, D. 
Quixote, acredita ser um cavaleiro romântico medieval 
que, com seu escudeiro Sancho Pança, viaja pela Espanha 
em busca de aventuras. Trata-se de um louco e santo ao 
mesmo tempo, cujo humor era desconhecido até então. O 
estilo é bastante inovador graças à introdução do diálogo 
entre os personagens. Tem-se a clara impressão de que 
esse personagem adormeceu na história durante a Idade 
Média e acordou numa época em que a cavalaria medieval 
já estava completamente derrotada e ultrapassada. 
O comportamento de D. Quixote é o de um espanhol que 
vive a decadência de seu país, mas guarda na lembrança a 
época de opulência da exploração que a Espanha exerceu 
sobre as minas e os índios da América. Desse modo, a obra 
satiriza a nobreza espanhola, que insistia em se considerar 
a grande dominadora do mundo, o que não podia estar 
mais longe da verdade. Nações mais dinâmicas, como In-
glaterra e Holanda, derrotavam econômica e militarmente 
a outrora gloriosa Espanha.
Don Quijote de la Mancha – Miguel 
de Cervantes (1605)
O livro surgiu em um período de inovação e diversidade 
por parte dos ficcionistas espanhóis. A obra-prima de 
Cervantes parodiou os romances de cavalaria, que ha-
viam gozado de imensa popularidade e se encontravam 
em declínio. Trata-se de um dos livros mais conhecidos 
do mundo, e sua influência na história da literatura e em 
outras artes é incontestável. 
multimídia: livro
Nas artes plásticas, a Espanha forneceu pelo menos um 
grande pintor: El Greco (Domenikus Theotokopoulos). Entre 
suas obras, O enterro do conde de Orgaz é um desta-
que. Nela prenunciam-se elementos que seriam dominantes 
no Barroco, fase posterior ao Renascimento.
o enterro do conde de orgaz, el greco
Gil Vicente e Luís Vaz de Camões foram as figuras mais 
importantes do Renascimento em Portugal. Gil Vicente, te-
atrólogo, produziu uma vasta obra com destaque para o 
Auto da barca do inferno e Farsa de Inês Pereira; Camões 
escreveu a epopeia Os Lusíadas, cujo assunto é a viagem 
de Vasco da Gama às Índias. 
CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias  23
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4.2. Inglaterra
No século XVI, a Inglaterra se encontrava em condições 
econômicas desenvolvidas e começava a superar as potên-
cias europeias. Os principais autores britânicos da época 
são Thomas Morus e William Shakespeare. 
laurence oliVier, no Filme hamlet (1948)
O intelectual humanista Thomas Morus deixou uma obra 
clássica, Utopia (do grego “em nenhuma parte”), que des-
creve as condições de vida da população de uma ilha ima-
ginária sem propriedade privada, ou seja, sem pobres nem 
ricos. A sociedade é ideal e igualitária. Morus viveu em plena 
Reforma Protestante, quando Henrique VIII rompeu com a 
Igreja católica e fundou a Igreja anglicana. Por não reconhe-
cer o monarca como chefe religioso, Morus foi executado.
william shakespeare
William Shakespeare é considerado o maior drama-
turgo de todos os tempos. O auge de sua produção tea-
tral coincide com o reinado da rainha Elizabeth I, que fez 
crescer os grandes negócios e enriqueceu uma burguesia 
nascente e uma nova nobreza ligada aos negócios. Essa 
nova camada social desejava desfrutar de uma sociedade 
estável, ordenada e sem agitações ou revoltas coletivas 
para desenvolver plenamente seus negócios. A obra de 
Shakespeare reflete esse contexto sociopolítico, que teme 
a anarquia e apela constantemente para a ordem. As 
tragédias ”Hamlet”, ”Ricardo III”, ”Macbeth” e ”Otelo” 
destacam-se pela forte crítica ao ideal de cavalaria, carac-
terístico do pensamento medieval.
Fonte: Youtube
Agonia e Êxtase (1965)
Agonia e êxtase é um filme biográfico estadunidense 
de 1965, produzido e dirigido por Carol Reed. O enredo 
busca retratar os conflitos entre o artista Miquelângelo 
e o papa Júlio II, durante a realização das

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