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CRIMINOLOGIA 03

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DELEGADO POLICIA CIVIL 
Criminologia 
Rogerio Sanches 
1 
 Criminologia: Conceito 
 
 Ciência empírica e interdisciplinar, que 
se ocupa do estudo do crime, da pessoa do 
infrator, da vítima e do controle social do 
comportamento delitivo, e que trata de 
subministrar uma informação válida, 
contrastada, sobre a gênese, dinâmica e 
variáveis principais do crime – contemplado 
este como problema individual e como 
problema social – , assim como sobre os 
programas de prevenção eficaz do mesmo e 
técnicas de intervenção positiva no homem 
delinquente e nos diversos modelos ou 
sistemas de resposta ao delito. 
Criminologia: Objeto 
 Na atualidade, o estudo da criminologia 
apoia-se em quatro elementos essenciais: 
 CONTROLE SOCIAL 
 Nesta aula vamos trabalhar as 
vertentes sociológicas da criminologia. 
 Chamamos de controle social o 
conjunto de mecanismos e sanções sociais 
que pretendem submeter o indivíduo aos 
modelos e normas comunitários. 
 Controle social formal: mecanismos de 
controle oficiais, atuação do aparelho político 
do Estado (polícia, a Justiça, a Administração 
Penitenciária, o Ministério Público, o Exército 
entre outros). 
 Controle social informal: mecanismos 
de controle casuais. Tem como agentes a 
família, escola, profissão, a religião, opinião 
pública, entre outros. 
 CUIDADO: 
 Dentro desta moldura sociológica, dois 
subgrupos aparecem: as teorias do consenso 
e as teorias do conflito. 
 Para as teorias do consenso, a 
finalidade da sociedade é atingida quando 
suas instituições obtêm perfeito 
funcionamento, os cidadãos aceitam as regras 
vigentes e compartilham as regras sociais 
dominantes. 
 Já para a teoria do conflito, a ordem na 
sociedade é fundada na força e na coerção, ou 
seja, na dominação por alguns e obediência de 
outros. 
1) Escola de Chicago 
 
 Teoria pertencente ao grupo das 
teorias do consenso, surgiu no início do século 
XX por meio de membros do Departamento de 
Sociologia da Universidade de Chicago. 
 RESUMO: 
 Naquela época os Estados Unidos da 
América experimentavam um enorme 
desenvolvimento econômico e industrial que 
chegou às grandes cidades, como Chicago. 
 Milhares de pessoas vindas de todas 
as partes do país, como descendentes de 
escravos, irlandeses, eslavos, italianos, e 
minorias étnicas habitavam as periferias em 
condições precárias de higiene, segurança, 
iluminação pública, etc. 
 
 Neste meio cercado por miséria e 
desigualdades sociais, uma parcela da 
população passa a ter dificuldades de se 
adaptar aos valores do corpo social dominante 
gerando violência, e sensível aumento da 
criminalidade. 
 Dentro da perspectiva da Escola de 
Chicago, a compreensão do crime sistematiza-
se a partir da observação de que a gênese 
delitiva relacionava-se diretamente com o 
conglomerado urbano. 
 Dentre os precursores da Escola de 
Chicago, convém destacar Robert. E. Park que 
apontou a influência do entorno urbano sobre 
a conduta humana. Concebeu o meio urbano 
como um organismo dividido em zonas de 
trabalho, de moradia, lazer, público e privado, 
dentre os vários existentes com distinção 
ainda dos níveis de criminalidade. 
 Percebe-se que a Escola de Chicago 
constitui uma sociologia da cidade ou ecologia 
social da cidade. 
 ATENÇÃO: 
 Uma reflexão crítica que se tem em 
relação aos estudos apresentados por esta 
Escola é a limitação da própria investigação. 
Fica evidente que seu estudo se preocupou em 
analisar as áreas da residência dos 
delinquentes e não as áreas onde os crimes 
ocorriam. E isto, inequivocamente, 
compromete a “pureza” dos seus dados 
estatísticos. 
 2) Teoria da Associação Diferencial 
 
 Baseia-se no pensamento de Edwin 
Sutherland, segundo o qual o delito não 
consiste apenas em uma inadaptação de 
pessoas pertencentes as classes menos 
 
 
 
 
 
 
 
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favorecidas, pois não é praticado com 
exclusividade por seus integrantes. 
 Em resumo: 
 Shecaira enumera os fatores do 
processo pelo qual o indivíduo seria conduzido 
a cometer um delito conforme preconizado 
pela teoria da associação diferencial: 
 1) o comportamento criminoso é um 
comportamento aprendido, quer dizer, 
aprende-se a praticar um crime como se 
aprende a praticar uma boa ação. 
 2) o comportamento criminoso é 
aprendido mediante a comunicação com 
outras pessoas. 
 3) o grau de aprendizado do 
comportamento criminoso varia conforme a 
proximidade existente entre as pessoas. 
4) o aprendizado do comportamento criminoso 
contém o aprendizado das técnicas de 
cometimento do crime, sendo em alguns casos 
simples, e em outros complexas; 
5) a motivação e impulsos para o cometimento 
de crimes se aprende com as definições 
favoráveis ou desfavoráveis da lei; 
 6) a conversão do indivíduo em 
criminoso ocorre quando as definições 
favoráveis a violação da norma superam as 
definições desfavoráveis. 
 7) as associações diferenciais podem 
variar em frequência, duração, prioridade e 
intensidade. 
 8) a prevalência das definições 
favoráveis ou desfavoráveis a norma denotam 
um conflito cultural responsável pela 
associação diferencial; 
 9) A desorganização social causada 
pela perda da origem e raízes pessoais, e a 
inexistência de controle social informal 
fomentam a prática de crimes. 
 3) Teoria da Anomia 
 Anomia significa uma incapacidade de 
atingir os fins culturais. Ocorre quando o 
insucesso em atingir metas culturais, devido à 
insuficiência dos meios institucionalizados 
(sistema de normas), gera conduta desviante. 
 As desigualdades sociais, a escassez 
de oportunidades, e os contrastes de uma 
sociedade heterogênea e de consumo, 
incentivam o surgimento de uma mentalidade 
de anomia. 
 O crime pode ser considerado um 
fenômeno natural dentro da sociedade, no 
entanto, deve permanecer dentro de limites de 
tolerância sob pena de instalação do caos, do 
estado de desorganização generalizada a 
ponto de subverter valores e desacreditar o 
sistema normativo de condutas, e é justamente 
neste ponto que surge a anomia. 
 No Brasil, a ideia do crescimento da 
criminalidade e da corrupção no aparelho 
Estatal está associada ao discurso da 
impunidade. 
 4) Teoria da Subcultura Delinquente 
 
 Cultura pode ser definida como sendo 
um conjunto de valores, crenças, tradições, 
gostos, e hábitos de um determinado grupo 
social que são compartilhados, transmitidos e 
aprendidos por seus integrantes de geração 
em geração. 
 Além da questão envolvendo a 
pluralidade de culturas dentro de uma mesma 
sociedade, convém apontar duas espécies sui 
generis de cultura, a subcultura e a 
contracultura. 
 A sociedade tradicional dita os valores 
predominantes, mas que não raras vezes 
colidem com os valores de determinados 
grupos. 
 SUBCULTURA 
 CONTRACULTURA: 
 A subcultura delinquente tem sua 
origem nos EUA, pois logo após a segunda 
guerra mundial a sociedade norte-americana, 
em franca ascensão, experimentava todo o 
otimismo do crescimento econômico, dos 
avanços da ciência e tecnologia, de uma 
democracia representativa com limites 
delineados pela Constituição, enfim, de uma 
sociedade constituída por famílias de base 
patriarcal com valores culturais fundados no 
protestantismo, de ética puritana e empenho 
no trabalho, que vinha estabelecer um padrão 
de valores do sonho americano, o American 
Dream. 
 American Dream: 
 Então, a subcultura delinquente ganha 
contornos coletivos na medida em que os 
indivíduos com as mesmas dificuldades se 
associam, desenvolvendo, a semelhança do 
que se verifica nas culturas, um padrão de 
valores. Dentre os exemplos de subcultura 
delinquente nos Estados Unidos, pode-se 
mencionar as gangues de bairros localizados 
nas periferias nasgrandes cidades. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 CRÍTICA: 
 5) Teoria Crítica 
 A teoria crítica ou radical tem suas 
bases alicerçadas no marxismo, enxergando o 
delito como um fenômeno proveniente do 
sistema de produção capitalista. Sustenta que 
o delito produz um sistema de controle social 
contendo juízes, promotores, delegados, 
advogados, métodos e procedimentos. 
 Critica, portanto, o funcionalismo do 
pensamento criminal onde a lei penal seria 
uma estrutura dependente do sistema de 
produção (infraestrutura) 
 
 Para os adeptos da teoria crítica um 
fato é considerado criminoso não porque 
ofende a moral de um povo, mas porque é do 
interesse da classe social dominante dar-lhe 
essa definição. 
 ATENÇÃO: 
 CONCLUSÃO: A teoria crítica ou 
radical, como pode ser percebido, parte da 
ideia de que a divisão de classes no sistema 
capitalista gera desigualdades e violência a ser 
contida por meio da legislação penal. 
 Partindo-se desta ideia, propõe o 
deslocamento do paradigma da 
criminalização, e busca reduzir as 
desigualdades sociais penalizando a 
criminalidade das classes dominantes, como 
dos crimes do colarinho- branco, abuso de 
poder, crime organizado, crimes contra a 
ordem tributária e sistema financeiro, etc. 
 6) Teoria do Etiquetamento 
 Também conhecida por outros nomes, 
como teoria da rotulação social ou 
etiquetagem, ou ainda, teoria interacionista ou 
da reação social, nasceu nos EUA, na década 
de 60, e encontra-se fundada na ideia de que 
a intervenção da justiça na esfera criminal 
pode acentuar a criminalidade. 
RESUMO: 
 Segundo Alessandro Barata (2002), o 
etiquetamento consiste na sustentação de um 
processo de interpretação, definição e 
tratamento, em que alguns indivíduos 
pertencentes à determinada 
classe interpretam uma conduta como 
desviante, definem as pessoas praticantes 
dessa mesma conduta como desviantes e 
empregam um tratamento que entendem 
apropriados em face dessas pessoas, onde 
acaba dessocializando, embrutecendo e 
estigmatizando determinadas pessoas. 
 Seus adeptos constatam: 
 1ª.) Há muito mais condutas praticadas 
contra a lei penal do que o sistema penal tem 
condições de investigar e processar. 
 2ª.) Há, mesmo proporcionalmente, 
muito mais pobres nas cadeias do que 
membros de outras classes. 
 Aqui parece importante discutir 
criminalidade legal, criminalidade oculta, cifra 
negra e cifra dourada. 
 A criminalidade legal: 
 A criminalidade oculta: relaciona-se 
com duas modalidades de criminalidade: a 
criminalidade tradicional e a criminalidade 
econômica; na primeira hipótese, temos as 
cifras negras; na segunda as cifras douradas. 
 A cifra negra: 
 As cifras douradas da criminalidade: 
 7) Teoria do Delito como Eleição 
 Originária da Escola Clássica do século 
XVIII, tem como premissa basilar o livre-
arbítrio. 
 Não procura estudar as causas do 
comportamento criminoso ignorando os 
possíveis fatores que influenciaram seu autor 
nesta escolha. Trata-se, como visto, de uma 
decisão livre e soberana de infringir uma 
determinação da lei, cuja pena revela-se em 
instrumento de dissuasão afim de incutir na 
mente de cada membro do corpo social que o 
benefício alcançado com o delito é 
substancialmente inferior ao mal advindo de 
sua prática. 
 8) Teoria das Predisposições 
Agressivas 
 Tem como ponto de partida a Escola 
Biológica da criminologia, cujo principal 
expoente, Cesare Lombroso, Professor de 
Medicina Legal da Universidade de Turim, 
acreditava que o atavismo, isto é, caracteres 
físicos e morais que existiam em um 
antepassado e podiam reaparecer em seus 
descendentes, seria a causa da existência de 
um criminoso nato caracterizado por sinais 
físicos e psíquicos como a forma da calota 
craniana e da face, maxilar, das fartas 
sobrancelhas, dessimetria corporal, etc. 
 RESUMO: 
 9) Teoria Behaviorista 
 O behaviorismo é um movimento da 
psicologia que surgiu no início do século XX 
 
 
 
 
 
 
 
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nos Estados Unidos, e tem como objeto o 
estudo do comportamento em termos de 
estímulo e resposta. 
 Transpõe os métodos da psicologia 
animal aplicáveis tanto aos homens como aos 
animais para esta ciência, revelando sua 
natureza objetiva e empírica, em franca 
contraposição ao estudo introspectivo da 
consciência. Parte-se da ideia de que os 
organismos humanos e animais se adaptam 
ao meio ambiente por meio de fatores 
hereditários e hábito, e alguns estímulos 
conduzem os organismos a apresentar 
respostas. 
 Diversos instrumentos são utilizados 
para influenciar e alterar o comportamento 
criminoso, e vão desde o castigo passando 
pelo diálogo até chegar a sistemas mais 
complexos, como a educação, distribuição de 
renda, etc.

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